sábado, 23 de abril de 2011

O quê há por trás da invasão da Líbia

Por Emerson Leal *

Em recente reunião do Conselho Parlamentar da Europa (CPE), Svetlana Goriatcheva, da delegação russa, não conseguiu segurar sua indignação e soltou o verbo. Em tradução livre, disse: "Senhoras e senhores parlamentares, há três dias estamos aqui falando do sexo dos anjos. Enquanto isto, bombas caem às dezenas nas cabeças dos líbios, misturando sangue e areia. Sinceramente, não entendo a reação passiva e indiferente dos senhores".
Goriatcheva afirmou que as potências centrais protegem os ditadores amigos dos EUA e da União Européia que estão massacrando, com a ajuda da Arábia Saudita, manifestantes que nas ruas exigem mais democracia e melhores condições de vida. 'Não vejo aqui ninguém exigindo a cabeça desses ditadores'.
Disse mais: 1. Querem a cabeça de Kadafi porque "ele se negou a prorrogar os contratos de fornecimento de petróleo" nas mesmas condições de antes, como exigiam a França, Inglaterra, Itália e Espanha. 2. A Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, que estabeleceu a zona de exclusão aérea na Líbia, 'além de não prever a participação da OTAN nas operações, está sendo interpretada com uma amplitude absolutamente fora de propósito'.
Os senhores membros do CPE engoliram em seco. Mas, há outra causa, além do petróleo, sobre a qual a jornalista Ellen Brown chama a atenção no Asia Times Online. Em síntese, como diria Hamlet, há muito mais coisas entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia.
Alertas da jornalista: 1. Contradição – enquanto o Conselho de Segurança da ONU trabalhava "febrilmente" para condenar os ataques de Kadafi contra 'manifestantes', o Conselho de Direitos Humanos elaborava "um relatório carregado de elogios à Líbia, no quesito de direitos humanos". 2. O general (da reserva) Wesley Clark disse que "10 dias após o 11 de setembro de 2001, os EUA tinham planos de invadir 7 países em 5 anos: Iraque, [Afeganistão], Síria, Líbia, Somália, Sudão e Irã".
Pois é, "os líbios têm tratamento médico gratuito; a educação é universal e gratuita; ao casar, cada casal líbio recebe um empréstimo sem juros de US$ 50 mil; agricultores são isentos de impostos; gasolina e pão são subsidiados; etc, etc."
Já afirmei que a revolta na Líbia não é do povo, mas sim de um grupo de oposição organizada e armada principalmente pelos EUA para derrubar Kadafi e tomar o poder. A importante revelação sintetizada por Ellen Brown: "Robert Wenzel, do Economic Policy Journal, afirmou que nunca antes ouvira falar de rebeldes que, com alguns dias de rebelião, já criaram um banco central!".
Qual o mistério do banco central 'dos rebeldes'? É que Kadafi, como Saddan, se negou a aceitar o dólar como moeda internacional e passou a exigir euros. Pior, conclamou os países africanos a criar uma nova moeda: o dinar-ouro. EUA e UE quase enfartaram. Sarkozy declarou que "a Líbia se transformou numa ameaça à segurança financeira internacional".
O xis da questão, é que nestas condições as potências centrais perderiam os meios de manipular os preços internacionais. Cortar o pescoço de Kadafi (como o de Saddan) e fundar um banco central subalterno na Líbia é a forma de 'cortar o mal pela raiz'. E tome tomahawk na cabeça do povo líbio.
Emerson Leal – Doutor em Física Atômica e Molecular e vice-prefeito de S. Carlos.
Email: depl@df.ufscar.br
Fonte: Rede Democrática
Leia tambëm: Uranio empobrecido uma estranha forma de proteger os civis líbios e O Novo Colonialismo

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O novo colonialismo

(Chico Villela)*

Reino Unido, França e Itália comandam a chacina na Líbia e a destruição das bases da vida civil: instalações militares, de comunicação, obras civis usadas por Gaddafi. Encerrada a fase de “limpeza”, passarão à fase da “ocupação”. Após o primeiro-ministro do Reino Unido anunciar o envio de “conselheiros militares” à Líbia, em clara violação do disposto na Resolução 1973 do CS da ONU, os primeiros-ministros de França e Itália também anunciaram o envio dos seus “conselheiros”. No Vietnã começou exatamente assim, com a deposição de “conselheiros” estadunidenses. A reviravolta francesa e italiana ocorreu apenas um dia após o primeiro-ministro francês e o comandante-em-chefe militar italiano terem declarado à mídia grande que seus países não iriam depor tropas na Líbia de forma alguma.

É uma das desmoralizações mais rápidas da história. Um dia antes, o primeiro-ministro francês Alan Juppé era enfático: “Eu permaneço absolutamente contrário à deposição de tropas em solo líbio”. Compreende-se: governo nenhum quer deixar os outros à vontade, já que se prevê a derrota final de Gaddafi e um “novo governo” sediado em Benghasi simpático às corporações que irão dividir os recursos do país. Não se pode chegar atrasado ao banquete; a distribuição dos pratos é rápida, palavra com a mesma raiz de rapina.

Para a Itália, é uma volta ao velho domínio. No início do século XX a Itália invadiu as regiões líbias de Cirenaica e Tripolitânia, então em mãos do império otomano, com alegações de “missão civilizatória”. Desta vez, a desculpa oficial geral é “missão humanitária”. De lá até o fim da Segunda Guerra, metade da população líbia foi morta em combate contra o invasor, em campos de concentração ou de fome, e boa parte exilou-se. A população líbia foi a primeira da história a ser bombardeada por aviões, que pouco distinguiam entre alvos inimigos e civis; até mesmo caravanas eram trucidadas e plantações eram arrasadas.

A França ocupou a Argélia, vizinha da Líbia, de 1830 até 1962. A ocupação da Argélia, cujas populações reagiram com vigor até a independência, foi particularmente assassina. O editor do jornal Alger Républicain, Henri Alleg, deixou aos pósteros um livro devastador, “A Tortura”, em que descreve sua vida nas masmorras francesas.
A ação militar francesa na colônia argelina é hoje classificada como “genocida”: são estimados 1.5 milhão de mortos argelinos durante as batalhas contra a ocupação. As técnicas de tortura desenvolvidas pelos franceses membros de extrema-direita da Organização do Exército Secreto (OAS) foram depois repassadas aos estadunidenses, que as aperfeiçoaram ao ponto de atingir a “exatidão científica” da qual são vítimas os presos de Guantánamo.

A França do saltitante Sarkozy aderiu de vez às políticas imperiais de conquista e rapina. A crise humanitária na Costa do Marfim foi largamente agravada com a interferências de tropas francesas que ajudaram Quattara a retirar do poder o ex-presidente Gbagbo. Quattara, que alega ter vencido as eleições, é ex-diretor do FMI e bastante próximo da França e do próprio Sarkozy. Vem promovendo campanha de limpeza dos inimigos: o ex-ministro do Interior Dsir Tagro foi surrado até a morte por tropas de Quattara
.
A França também volta a uma antiga colônia, como a Itália. As razões falsas alegadas são as mesmas, como sempre: “ajuda humanitária” e “manutenção da democracia”. Não há médicos disponíveis, centenas de milhares fugiram sem seus pertences, moradores da região sul do país, que em parte apoiou Gbagbo, são perseguidos e mortos pelas tropas de Quattara. A pretexto de “ajuda humanitária”, a França interveio numa questão interna do país e agravou enormemente a questão social.

O Alto Comissariado para Refugiados da ONU relata que na cidade de Duékoué 27 mil pessoas buscaram refúgio na missão católica. O diretor padre Vicente Grupelli esclarece: “Não há comida, o povo dorme no chão, não há para onde ir, não há banheiros ou torneiras e não temos água de beber”. Além disso, surgiram alguns casos de morte por malária. A Organização Internacional para Migração, ligada à igreja católica, estima 800 mil refugiados no país apenas no oeste do país. Há muitos casos de diarréia e cólera.
Um vasto campo para a ação humanitária das tropas de Sarkozy, desde que deixem a cidade e o porto de Abidjan, maior cidade e centro de negócios do país, e passem a realizar sua “missão humanitária”. Quattara ordenou a abertura do porto, controlado pelos franceses, e retomaram-se as exportações: cacau (maior produtor mundial), café, produtos agrícolas e minerais, etc. O perfil perfeito da colônia: exportação de matérias-primas e importação de tudo da matriz.

O império inglês orgulhava-se de o Sol jamais se pôr nos territórios do império. No norte da África, o Reino Unido ocupou, entre outros, o Egito, outro vizinho da Líbia, durante 70 anos, desde 1916. Em todos os casos, a mesma coorte de horrores, saques, assassinatos. Com a criação do Africom, comando militar do Pentágono dedicado à África, nunca foram tão claros os sinais do renascimento do colonialismo no continente.

O mundo, ainda de braços cruzados, e a Líbia assistem à volta dos velhos colonialistas e, a partir de agora, passam a contar os mortos.

Fonte:  Blog NovaE por Chico Villela

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Câmara dos Deputados deverá votar Código Florestal no começo de maio


por Iolando Lourenço*, da Agência Brasil
Brasília – A Câmara dos Deputados deverá votar o projeto de lei que altera o Código Florestal nocodigo florestal 300x224 Câmara dos Deputados deverá votar Código Florestal no começo de maio dia 3 ou 4 de maio. A previsão foi feita há pouco pelo presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), após reunir-se com os líderes partidários. Maia disse que incluirá o projeto na pauta de votações e que as divergências deverão ser resolvidas na votação
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Segundo Maia, até a votação do código, o relator da matéria, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), terá tempo para fazer os ajustes necessários. Ele admitiu que não haverá um acordo total sobre o parecer de Rebelo, mas acredita que esse consenso chegará próximo a 99% dos dispositivos do código.

Maia disse que na próxima semana os ministros da Agricultura, Wagner Rossi, do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e do Desenvolvimento Agrário, Afonso Forense, comparecerão à Câmara para apresentar a posição conjunta do governo em relação ao novo Código Florestal e, também, buscar de um entendimento para a aprovação da proposta.
*Publicado originalmente pela Agência Brasil.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Dia do Índio. Qual sociedade é composta por selvagens?



por Leonardo Sakamoto*
Criança branca pintada de índio em escola de classe média alta é hype. Criança índia desterrada esmolando no semáforo é kitsch. 1214 300x297 Dia do Índio. Qual sociedade é composta por selvagens?Índio só é fofo se vem embalado para consumo.
Hoje, 19 de abril, é Dia do Índio. Data boa para lembrar qual sociedade é, de fato, composta por selvagens. Vamos celebrar:
Dia do Índio se tornar escravo em fazenda de cana no Mato Grosso do Sul.
Dia do Índio ser convencido que precisa dar sua cota de sacrifício pelo PAC e não questionar quando chega a nota de despejo em nome de hidrelétricas com estudo de impacto ambiental meia-boca.
Dia do Índio armar um barraco de lona na beira da estrada porque foi expulso de sua terra por um grileiro.
Dia do Índio ver seus filhos desnutridos passarem fome porque a área em que seu povo produziria alimentos foi entregue a um fazendeiro amigo do rei.
Dia do Índio ser queimado em banco de ponto de ônibus porque foi confundido com um mendigo.
Dia do Índio ser chamado de indolente.
Dia do Índio ter ignorado o direito sobre seu território porque não produz para exportação.
Dia do Índio ter negado o corpo de filhos assassinados em conflitos pela terra porque o Estado não faz seu trabalho.
Dia do Índio se tornar exposição no Zoológico da maior cidade do país como se fosse bichinho.
Dia do Índio ser retratado como praga em outdoor no Sul da Bahia por atravancar o progresso
Dia do Índio tomar porrada na Bolívia, no Paraguai, na Colômbia, no Peru, no Equador, no Chile, na Argentina, na Venezuela porque é índio.
Dia do Índio ser motivo de medo de atriz de TV, que acha que um direito de propriedade fraudulento está acima de qualquer coisa.
Dia do Índio entender que a invasão de nossas fronteiras é iminente e, por isso, ele precisa deixar suas terras para dar lugar a fazendas.
Dia do Índio sofrer preconceito por seus olhos amendoados, sua pele morena, sua cultura, suas crenças e tradições.
Enfim, Dia do Índio se lembrar quem manda e quem obedece e parar com esses protestos idiotas que pipocam aqui e ali. Ou será que nós, os homens de bem, vamos precisar de outros 511 anos para catequisar e amansar esse povo?
* Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Já foi professor de jornalismo na USP e, hoje, ministra aulas na pós-graduação da PUC-SP. Trabalhou em diversos veículos de comunicação, cobrindo os problemas sociais brasileiros. É coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
**Publicado originalmente no Blog do Sakamoto.
(Blog do Sakamoto)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Blogueiros paulistas aprovam criação de cooperativa


O 1º Encontro de Blogueiros Progressistas promoveu neste final de semana (15 a 17), na Assembleia Legislativa de São Paulo, diversas mesas de debates, sobre temas da Blogosfera e dos Meios de Comunicações. Na plenária final, os blogueiros paulistas aprovaram a criação de uma cooperativa para organizar o movimento.

O sábado foi o principal dia do evento, que contou com a participação de parlamentares como Luiza Erundina (PSB-SP) e Paulo Teixeira (PT-SP), blogueiros da estatura de Paulo Henrique Amorim e Altamiro Borges, movimentos sociais e, principalmente, blogueiros, twitteriros e "disseminadores".

Os encontros de blogueiros progressistas, que vêm sendo organizados em diversos estados, reúnem, além de blogueiros, pessoas que disseminam os conteúdos publicados na blogosfera por meio das redes sociais, e-mails e outros instrumentos eletrônicos. O 2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas será realizado em Brasília, entre os dias 17 e 19 de junho.

Um dos pontos alto do encontro em São Paulo foi o debate sobre Democratização das Comunicações, com a presença do jornalista e blogueiro Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada, dos deputados federais por São Paulo, Luiza Erundina e Paulo Teixeira, membros da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e Democratização das Comunicações, e também o deputado estadual Antonio Mentor (SP), autor do projeto de lei que cria o Conselho Estadual de Comunicação.
Frente Parlamentar
A deputada Luiza Erundina anunciou que uma das tarefas da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão será ficar de olho na Comissão de Ciência, Tecnologia e Informática da Câmara, composta em boa parte de concessionários de empresas de rádio e televisão.

Na sequência, duas mesas despertaram o interesse dos participantes do encontro paulista de blogueiros progressistas: "A Militância Virtual e Redes Sociais" e "Proteção Jurídica na Blogosfera".

No domingo após as oficinas "Sustentação Financeira na Blogosfera", "Educação na Blogosfera", "Ferramentas Tecnológicas" e "Comunicação Comunitária", várias propostas foram encaminhadas à comissão organizadora do encontro, que serão inseridas na Carta dos Blogueiros Progressistas de São Paulo.
Internet no Brasil
O ambiente é promissor para os blogueiros. Segundo dados do Ibope, o número de pessoas com acesso à internet em qualquer ambiente (domicílios, trabalho, escolas, lan houses ou outros locais) atingiu 73,9 milhões no quarto trimestre de 2010. O número representou um crescimento de 9,6% em relação aos 67,5 milhões do quarto trimestre de 2009, segundo dados divulgados pelo instituto.

Os Blogs no Brasil, segundo pesquisa realizada pela empresa especializada em tráfego online, a comScore, 70% dos brasileiros acessaram blogs durante o ano de 2010, enquanto no resto do mundo a média foi 50%.

Para o relatório divulgado, a principal concentração de audiência dos blogs brasileiros foi na época das eleições (final do ano passado), quando, entre outubro e novembro quase 40 milhões de usuários acessaram os blogs à procura de comentários sobre os candidatos à eleição.

Segundo Celso Jardim, um dos organizadores do encontro paulista, "a Blogosfera é produto dos esforços de pessoas independentes das corporações de mídia, os blogueiros progressistas, definido e alinhado com comunicadores que além de seus ideais e pensamentos políticos, ousam produzir o que já é considerado o primeiro meio de comunicação de massas autônomo e independente".
Cooperativa de blogueiros
A plenária final do econtro aprovou, entre as propostas, a criação de uma cooperativa paulista de blogueiros, como forma de dar organicidade ao movimento. Ficou definido, ainda que os blogueiros paulistas participarão do lançamento da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e pelo Direito à Comunicação e dos atos em defesa do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Da redação, Luana Bonone, com informações do Blog do Celso Jardim

A CIA por trás da rebelião: O ataque euro-americano à Líbia nada tem a ver com proteção de civis

por John Pilger

         O ataque euro-americano à Líbia não tem nada a ver com a proteção de ninguém; só os irremediavelmente ingênuos acreditam nesse disparate. É a reação do Ocidente aos motins populares em regiões estratégicas, ricas em recursos e o início de atividades hostis contra o novo rival imperialista, a China.
         O presidente Barack Obama já assegurou o seu lugar na História. É o primeiro presidente negro da América a invadir a África. O ataque à Líbia é chefiado pelo Comando África dos EUA (US África Command), instituído em 2007 para assegurar os lucrativos recursos naturais do continente, roubando-os às populações empobrecidas e à influência comercial da China, em crescimento rápido. A Líbia, juntamente com Angola e a Nigéria, é a principal fonte de petróleo da China. Enquanto os aviões americanos, britânicos e franceses vão incinerando líbios 'maus' e 'bons', assiste-se à evacuação de 30 mil trabalhadores chineses, provavelmente de forma permanente. As afirmações de entidades ocidentais e dos meios de comunicação de que 'um coronel Kadafi criminoso e enlouquecido' está a planear o 'genocídio' contra o seu próprio povo, continuam a carecer de provas. Isto faz recordar as afirmações fraudulentas que exigiram a 'intervenção humanitária' no Kosovo, o desmembramento final da Jugoslávia e a instalação da maior base militar americana na Europa.
         Os pormenores também são conhecidos. Segundo se diz, os 'rebeldes pró-democracia' líbios são comandados pelo coronel Khalifa Haftar que, segundo um estudo da Fundação Jamestown americana, montou o Exército Nacional Líbio em 1988 "com forte apoio da CIA". Nos últimos 20 anos, o coronel Haftar tem vivido não muito longe de Langley, Virginia, o lar da CIA, que também lhe fornece um campo de treino. Os mujihadeen, que deram origem à al-Qaida, e o Congresso Nacional Iraquiano, que forjaram as mentiras de Bush/Blair sobre o Iraque, foram patrocinados por Langley, da mesma forma aceite por toda a gente.
         Os outros líderes 'rebeldes' incluem Mustafa Abdul Jalil, ministro da Justiça de Kadafi até Fevereiro, e o general Abdel-Fattah Younes, que chefiou o ministério do Interior de Kadafi: ambos com estrondosas reputações de repressão brutal de dissidentes. Há uma guerra civil e tribal na Líbia, que inclui a rejeição popular contra a atuação de Kadafi em relação aos direitos humanos. Mas o que é intolerável para o ocidente não é a natureza do seu regime, é a independência da Líbia, numa região de vassalos; e esta hostilidade pouco mudou em 42 anos, desde que Kadafi derrubou o rei feudal Idris, um dos tiranos mais odiosos apoiados pelo ocidente. Kadafi, com os seus modos beduínos, hiperbólicos e bizarros, há muito que personaliza o 'lobo feroz' ideal (Daily Mirror), exigindo agora que os heróicos pilotos americanos, franceses e britânicos bombardeiem áreas urbanas em Trípoli, incluindo uma maternidade e um centro de cardiologia. O último bombardeamento americano em 1986 conseguiu matar a sua filha aditiva.
         O que os americanos, os britânicos e os franceses têm esperança de conseguir é o oposto da libertação de um povo. Ao sabotar os esforços dos genuínos democratas e nacionalistas da Líbia para libertarem o seu país de um ditador e dos corrompidos pelas exigências estrangeiras, o som e a fúria de Washington, de Londres e de Paris conseguiram turvar a memória dos dias de esperança de Janeiro em Tunis e no Cairo e desviar muitos dos que tinham criado esperanças da tarefa de assegurar que as suas conquistas não fossem roubadas furtivamente. A 23 de Março, as forças militares egípcias, apoiadas pelos EUA, emitiram um decreto proibindo todas as greves e manifestações. Isto praticamente não foi notícia no ocidente. E agora, com Kadafi identificado com o demônio, Israel, o verdadeiro cancro, pode continuar a sua espoliação de terras e expulsões. O Facebook, sob pressão sionista, removeu uma página apelando a um levantamento em grande escala na Palestina – uma 'Terceira Intifada' – a 15 de Maio.
         Nada disto nos deve surpreender. A história exibe o tipo de maquinação revelado por dois diplomatas seniores nas Nações Unidas, que falaram ao Asia Times. Quando pretenderam saber por que é que as Nações Unidas nunca ordenaram uma missão de avaliação dos fatos à Líbia, em vez de um ataque, disseram-lhes que já muita coisa tinha sido feita entre a Casa Branca e a Arábia Saudita. Uma 'coligação' dos EUA iria 'eliminar' o recalcitrante Kadafi se os sauditas abafassem o levantamento popular no Bahrein. Este último já foi concretizado e o sangrento rei do Bahrein vai ser um dos convidados às bodas reais em Londres.
         A personificação desta reação é David Cameron [NT], cuja única verdadeira tarefa tem sido como homem de relações públicas de Michael Green, o oportunista da indústria da televisão. Cameron esteve no Golfo a vender armas aos tiranos inventados pelos britânicos quando a população se levantou contra Abdullah Saleh do Iêmen; a 18 de Março, o regime de Saleh assassinou 52 manifestantes. Cameron não disse nada de jeito. O Iêmen é 'um dos nossos', conforme o Foreign Office britânico gosta de dizer. Em Fevereiro, Cameron desmascarou-se num ataque ao que ele chamou de 'estado de multiculturalismo' – um código para muçulmanos. Disse, "Precisamos de muito menos tolerância do que nos últimos anos!" Foi aplaudido por Marine Le Pen, líder da Frente Nacional fascista de França. "É exatamente este tipo de declarações que nos isolou da vida pública durante 30 anos", disse ela ao Financial Times. "Só posso felicitá-lo".
         Num dos seus momentos mais exploradores, o império britânico produziu Davids Camerons aos montes. Contrariamente a muitos dos 'civilizadores' vitorianos, os atuais guerreiros sedentários de Westminster – através de William Hague [NT], Liam Fox [NT] e do traidor Nick Clegg [NT] – nunca foram atingidos pelo sofrimento e banho de sangue que, à custa das diferenças culturais, são as conseqüências dos seus discursos e ações. Com o seu ar mais ou menos informal, sempre altivos, são uns cobardes no estrangeiro, visto que ficam sempre em casa. As suas prendas são a guerra e o racismo e a destruição da democracia social duramente conquistada da Grã-Bretanha. Lembrem-se disso quando forem para a rua às centenas de milhares, conforme é vosso dever.
         NT
         David Cameron: primeiro-ministro do Reino Unido, líder do Partido Conservador
         William Hague: político britânico conservador; secretário dos Estrangeiros e primeiro secretário de David Cameron.
         Liam Fox: político do Partido Conservador britânico; secretário da Defesa do Reino Unido
         Nick Clegg: Líder do Partido Liberal Democrata; vice-primeiro-ministro do Reino Unido, na coligação com o Partido Conservador e presidente do Conselho.
         O original encontra-se em www.johnpilger.com  
         Tradução de Margarida Ferreira. 

Leia tambem: 

PETRÓLEO? QUE NADA! O IMPERIALISMO QUER O BANCO CENTRAL DA LÍBIA 

http://democraciapolitica.blogspot.com/2011/04/petroleo-que-nada-o-imperialismo-quer-o.html

sábado, 16 de abril de 2011

240 jornalistas demitidos das redaçoes brasileiras, este ano

Desde o começo do ano, as redações brasileiras vêm demitindo jornalistas. Nos últimos quatro meses, foram 240 demissões, em São Paulo, Brasília e Sergipe. No entanto, a capital paulista registrou um número maior de dispensas, 218, em veículos como UOL, Estadão, TV Cultura, Abril, Meia Hora SP, Agora SP e Folha de S.Paulo.

Em muitos casos, os profissionais não serão substituídos, já que as demissões ocorreram por cortes orçamentários, como é o caso da TV Cultura (150), Estadão (22) Meia Hora SP (10) e TV Sergipe (6).

No começo de fevereiro foram 150 dispensas na TV Cultura, seguidas por 22 no jornal O Estado de S.Paulo, duas no UOL, 32 no Grupo Abril e dez no Meia Hora. Recentemente o Correio Braziliense demitiu sete jornalistas e foi seguido pelo conterrâneo Jornal de Brasília, com oito cortes. A TV Sergipe dispensou seis profissionais e o jornal A Tarde cortou um de seus jornalistas. O episódio mais recente foi o do Grupo Folha, que demitiu uma repórter do Agora SP e um editor da Folha, ambos por comentários no Twitter.

Estes são apenas os casos conhecidos, divulgados no Comunique-se, em blogs e nas redes sociais. Além desses, é provável que outros cortes tenham ocorrido em redações espalhadas pelo País.

Fonte:  Comunique-se

* Um sonoro não*


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Direito autoral é obstáculo para o desenvolvimento científico do país


 

Durante evento na ENSP/Fiocruz, especialistas falam que é difícil pensar em desenvolvimento sem pensar em compartilhar conhecimento.

AGÊNCIA NOTISA – Na manhã de ontem (12), último dia do “Seminário Internacional Acesso Livre ao Conhecimento”, promovido pela ENSP/Fiocruz, pesquisadores discutiram vários exemplos de experiências onde o conhecimento científico é posto como um bem público, mas mostraram também os problemas que ainda rondam o acesso livre.
Segundo José Jardines, coordenador executivo de umas dessas experiências, o Campus Virtual em Saúde Pública (rede de compartilhamento de informações vinculada à Organização Pan-Americana da Saúde), o acesso livre ao conhecimento envolve questões políticas (propriedade intelectual), econômicas (custos), tecnológicas (meio), gerenciais (organização) e ético-morais.
Todas essas questões foram lembradas, mas a que levantou mais discussão foi a política, que está ligada aos direitos autorias. Nas palavras do advogado e professor da Pós-Graduação em Propriedade Intelectual da PUC-RJ e da Uerj, Allan Rocha de Souza, “embora não devesse ser, os direitos autorais são um problema para a livre circulação de informação – seja científica, artística etc.”.
De acordo com Allan, o conceito jurídico de direitos autorais é muito simples: trata-se de buscar controlar o uso e a circulação da obra, com o propósito de remuneração econômica (justificada para recompensar os gastos com o investimento que foi realizado, por exemplo).
O professor explicou, no entanto, que ideias e expressões estão fora da lei de direitos autorais. Por exemplo, uma readaptação de Romeu e Julieta (seja no cinema, teatro e outros) não se enquadra nos direitos autorais, porque é uma versão, uma expressão de alguém sobre a história real.
“O mesmo vale para a reescrita de um artigo, onde o novo escritor coloca no texto suas ideias e não faz uma cópia do original”, acrescentou.
Para Allan, é importante que a sociedade entenda e discuta mais esse assunto, que está fechado a um pequeno círculo de pessoas – até muitos advogados, segundo ele, não entendem de direitos autorais.
O professor criticou veementemente a propriedade absoluta de qualquer obra. Para ele, isso não traz benefício nenhum para a sociedade.
“Um dos argumentos para os direitos autorais é que eles levam ao desenvolvimento. Isso é uma mentira. A propriedade absoluta só leva ao controle dos direitos por algumas empresas – verdadeiros latifúndios do conhecimento”, criticou.

Jardines e Allan citaram a experiência do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT na sigla em inglês), nos EUA, um dos líderes mundiais em diversas áreas da ciência, como um exemplo bem sucedido de livre acesso ao conhecimento produzido por seus pesquisadores. Segundo eles, o MIT não passou a produzir menos e com menor qualidade porque suas obras estão abertas. E enfatizaram que esse é o caminho para o desenvolvimento científico e tecnológico de um país.

O professor Allan acrescentou que, seguindo o modelo do MIT, cabe as instituições de ensino brasileiras tomarem a frente contra a concentração do conhecimento.  Segundo ele, a UFRJ e a USP são dois exemplos de que as coisas estão começando a mudar. Dentro dessas universidades, a reprodução de qualquer obra é liberada.

Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

domingo, 10 de abril de 2011

Agrotóxicos, veneno do agronegócio, contaminam alimentos e meio ambiente

O casamento do capital financeiro com o latifúndio gerou o que chamam de "moderno" agronegócio. A lógica de exploração da terra - grandes extensões, monocultura, produção basicamente de grãos para exportação, mecanização e pagamento de baixos salários - necessita ainda de um ingrediente venenoso: mais de um bilhão de litros de agrotóxicos despejados na lavoura  no Brasil, só em 2009. Isso significa que cada brasileiro consome cerca de 5,2 litros de venenos por ano, dissolvidos nos alimentos e na água contaminados. O impacto desses produtos sobre a saúde humana, tanto de quem os maneja diretamente (trabalhadores rurais), como das comunidades e dos consumidores, é grande, inclusive com registros de inúmeros casos de problemas neurológicos, má formação fetal, câncer e até mortes.

Em 2009, o Brasil se tornou o maior consumidor do produto no mundo. O uso exagerado de agrotóxicos é o retrato do agronegócio: apesar de todo seu dito "avanço tecnólogico", não conseguiu criar um modelo de produção e técnicas agrícolas que garantam a produção de alimentos saudáveis para a população. Porque esse não é o interesse do agronegócio.

O agronegócio expulsa os camponeses do campo, destrói a terra, enche suas grandes extensões de máquinas e venenos, paga mal seus poucos trabalhadores e para quê? Para vender soja e cana para outros países. Correm para aprovar transgênicos - mesmo que seus potenciais danos à saúde ainda não tenham sido comprovados - querem de qualquer jeito flexibilzar o Código Florestal, para poderem desmatar mais sem ter que prestar contas por isso. Enfim, querem fazer do Brasil uma grande colônia de exploração, um quintal das transnacionais.

Por isso estamos nos somando a mais de 20 de entidades da sociedade civil brasileira, movimentos sociais, entidades ambientalistas e grupos de pesquisadores na "Campanha Permanente contra o Uso dos Agrotóxicos e pela Vida".

A campanha pretende abrir um debate com a população sobre os impactos dos venenos na saúde dos trabalhadores, das comunidades rurais e dos consumidores nas cidades, a contaminação dos solos e das águas e denunciar a falta de fiscalização do uso, consumo e venda de agrotóxicos,

A campanha prevê a realização de atividades em todo o país. Em Brasília, mais de 3 mil pessoas fizeram um ato no dia 7 para denunciar a responsabilidade do agronegócio pelo uso abusivo de agrotóxicos no país.

Participe dessa campanha para acabar com os agrotóxicos!


Saiba mais sobre a campanha em: http://www.mst.org.br/Campanha-contra-o-uso-de-agrotoxicos

sábado, 9 de abril de 2011

Terrorismo de Columbine

 por Mauro Santayana*

É difícil separar a emoção da razão, quando escrevemos sobre tragédias como a de ontem (7 de abril). A morte de crianças nos toca fundo:  pensamos em nossos próprios filhos, em nossos próprios netos.  Por mais que deles cuidemos, são indefesos em um mundo a cada dia mais inóspito.
Crianças e professores são agredidos pelos próprios colegas nas escolas. Traficantes de drogas e aliciadores esperam às suas portas a fim de perverter os adolescentes.  Em 1955, baseado em livro de Evan Hunter, Richard Brooks dirigiu um filme forte sobre a brutalidade nas escolas norte-americanas, Blackboard Jungle,  exibido no Brasil com o título de Sementes da Violência.
É difícil entender como um rapaz de 24 anos se arma e volta à escola onde estudara, a fim de atirar contra adolescentes. No calor dos fatos, com a irresponsabilidade comum a alguns meios de comunicação, associaram o crime ao bode expiatório de nosso tempo, o “terrorismo muçulmano”. No interesse dessa ilação, chegaram  a anunciar que isso estava explícito na carta que ele deixou. Ela, no entanto,  revela loucura associada não ao islamismo, mas, sim, às seitas pentecostais, de origem norte-americana, com sua visão obscurantista da fé. São seitas que alimentaram atos de loucura como o de Jim Jones, ao levar 900 de seus seguidores, a Peoples Temple, ao suicídio, na Guiana, em 18 de novembro de 1978. É o que hoje fazem pastores da Flórida, ao queimar um exemplar do livro sagrado dos muçulmanos – e provocar a reação irada de fiéis no Iraque e no Afeganistão. Segundo revelou sua irmã, a mãe adotiva de Wellington, cuja morte o
transtornou, pertencia à seita das Testemunhas de Jeová, preocupada com a pureza do corpo, que o assassino menciona em sua carta. A referência à volta de Jesus e ao dogma da Ressurreição dos justos, não deixa  dúvida. Ele nada tinha a ver com o Islã, apesar de suas recomendações lembrarem ritos mortuários comuns às religiões monoteistas.
A carta revela um jovem perturbado pela idéia de pureza. Aos 24 anos, o assassino diz que seu corpo “virgem” não pode ser tocado pelos impuros. Ao mesmo tempo, presumindo-se herdeiro da casa que ocupava em Sepetiba, deixa-a, em legado, para instituições que cuidem de animais abandonados. Os cães, que são a maioria dos bichos de rua no Brasil, são, para os muçulmanos, animais amaldiçoados.
É preciso rechaçar, de imediato, qualquer insinuação de fundamentalismo islamita ao ato de insanidade do rapaz. O pior é que homens públicos eminentes endossaram essa insensatez. O terrorismo de Wellington é o dos atos, já rotineiros, de assassinatos em massa nas escolas norte-americanas, a partir do episódio de Columbine em 20 de abril de 1999. Desde que os meios de comunicação e do entretenimento transformaram o homem nesse ser unidimensional, conforme Marcuse, o modelo  de vida, que o cinema, as histórias em quadrinhos, a televisão e, agora, a internet, nos  trazem, é o da pujante, bem armada e soberba civilização norte-americana. Ela nos prometia a realização do sonho da prosperidade, da saúde, da segurança, do conforto e da alegria, da virilidade e da beleza. Mas essa civilização é apenas pesadelo, contrato faustiano com o diabo, sócio emboscado da morte. O diabo começou a cobrar seu preço, ao levar essa civilização à
loucura, no Vietnã; nas muitas intervenções armadas em terra alheia; em Oklahoma, em Columbine, em Waco, e nos demais assassinatos coletivos dos últimos anos.
Limpemos as nossas lágrimas, e reflitamos se vale a pena insistir nessa forma de vida. Se vale a pena continuar sepultando crianças, e com elas, os sentimentos de solidariedade, de humanismo, de civilidade e de justiça. As crianças que morreram ontem, ao proteger as mais fracas com seus corpos,  nos disseram  o que temos a fazer, para que a vida volte a ter sentido.

Mauro Santayana é colunista no JB online.
Texto de 8 de abril.

Líbia: Obama e a defesa da "rebelião"

.

 
por James Petras *

Nas últimas duas semanas a Líbia sofreu o mais brutal ataque imperialista, por ar, por mar e por terra, da sua história moderna. Milhares de bombas e de mísseis, lançados de submarinos, vasos de guerra e aviões de guerra, americanos e europeus, estão a destruir as bases militares líbias, os seus aeroportos, estradas, portos, depósitos petrolíferos, posições de artilharia, tanques, porta-aviões blindados, aviões e concentrações de tropas. Dezenas de forças especiais da CIA e do SAS têm andado a treinar, a aconselhar e a apontar alvos para os chamados "rebeldes" líbios empenhados numa guerra civil contra o governo de Kadafi, as suas forças armadas, as milícias populares e os apoiadores civis ( NY Times 30/03/11).

Apesar deste enorme apoio militar e do total controlo dos céus e da linha costeira da Líbia pelos seus 'aliados' imperialistas, os 'rebeldes' ainda não foram capazes de mobilizar o apoio de aldeias e cidades e encontram-se em retirada depois de enfrentarem as tropas governamentais da Líbia e as milícias urbanas, fortemente motivadas ( Al Jazeera 30/03/11).

Uma das desculpas mais idiotas para esta inglória retirada dos rebeldes, apresentada pela "coligação" Cameron-Obama-Sarkozy, e repetida pelos meios de comunicação, é que os seus "clientes" líbios estão "menos bem armados" ( Financial Times, 29/3/11). Obviamente, Obama e companhia não contabilizam o grande número de jatos, as dezenas de vasos de guerra e de submarinos, as centenas de ataques diários e os milhares de bombas lançadas sobre o governo líbio desde o início da intervenção imperialista ocidental. A intervenção militar direta de 20 potências militares estrangeiras, grandes e pequenas, flagelando o estado soberano da Líbia, assim como o grande número de cúmplices nas Nações Unidas não contribui com nenhuma vantagem militar para os clientes imperialistas - segundo a propaganda diária a favor dos rebeldes.

Mas o Los Angeles Times (31/Março/2011) descreveu como ". muitos rebeldes em caminhões com metralhadoras deram meia-volta e fugiram. apesar de as suas metralhadoras pesadas e espingardas antiaéreas serem parecidas com qualquer veículo governamental semelhante". De fato, nenhuma força "rebelde" na história moderna recebeu um apoio militar tão forte de tantas potências imperialistas na sua confrontação com um regime instituído. Apesar disso, as forças "rebeldes" nas linhas da frente estão em plena retirada, fugindo desordenadamente e profundamente descontentes com os seus generais e ministros "rebeldes" lá atrás em Bengazi. Entretanto, os líderes "rebeldes", de fatos elegantes e de uniformes feitos por medida, respondem à "chamada para a batalha" assistindo a "cimeiras" em Londres onde a "estratégia de libertação" consiste no apelo, perante os meios de comunicação, de tropas terrestres imperialistas ( The Independent, Londres) (31/03/11).

É baixo o moral dos "rebeldes" na linha da frente: Segundo relatos críveis da frente da batalha em Ajdabiya, "Os rebeldes. queixaram-se de que os seus comandantes iniciais desapareceram. Acusam camaradas de fugirem para a relativa segurança de Bengazi. (queixam-se de que) as forças em Bengazi monopolizaram 400 rádios de campo oferecidos e mais 400. telemóveis destinados ao campo de batalha. (sobretudo) os rebeldes dizem que os comandantes raramente visitam o campo de batalha e exercem pouca autoridade porque muitos combatentes não confiam neles" ( Los Angeles Times, 31/03/2011). Segundo parece, os "twitters" não funcionam no campo de batalha.

As questões decisivas numa guerra civil não são as armas, o treino ou a chefia, embora evidentemente esses fatores sejam importantes: A principal diferença entre a capacidade militar das forças líbias pró-governo e os 'rebeldes' líbios apoiados por imperialistas ocidentais e por "progressistas", reside na sua motivação, nos seus valores e nas suas compensações materiais. A intervenção imperialista ocidental exaltou a consciência nacional do povo líbio, que encara agora a sua confrontação com os "rebeldes" anti-Kadafi como uma luta para defender a sua pátria do poderio estrangeiro aéreo e marítimo e das tropas terrestres fantoches - um poderoso incentivo para qualquer povo ou exército. O oposto também é verdadeiro para os "rebeldes", cujos líderes abdicaram da sua identidade nacional e dependem inteiramente da intervenção militar imperialista para levá-los ao poder. Que soldados rasos "rebeldes" vão arriscar a vida, a lutar contra os seus compatriotas, só para colocar o seu país sob o domínio imperialista ou neocolonialista?

Finalmente, as notícias dos jornalistas ocidentais começam a falar das milícias pro-governo das aldeias e cidades que repelem esses "rebeldes" e até relatam como "um ônibus cheio de mulheres (líbias) surgiu repentinamente (de uma aldeia) . e elas começaram a fingir que aplaudiam e apoiavam os rebeldes." atraindo os rebeldes apoiados pelo ocidente para uma emboscada mortal montada pelos seus maridos e vizinhos pró-governo ( Globe and Mail, 28/03/11 e McClatchy News Service, 29/03/11).

Os "rebeldes", que entram nas aldeias, são considerados invasores, que arrombam portas, fazem explodir casas e prendem e acusam os líderes locais de serem "comunistas da quinta coluna" a favor de Kadafi. A ameaça da ocupação militar "rebelde", a detenção e a violência sobre as autoridades locais e a destruição das relações de família, de clã e da comunidade local, profundamente valorizadas, levaram as milícias líbias e os combatentes locais a atacar os 'rebeldes' apoiados pelo ocidente. Os "rebeldes" são considerados "estranhos" em termos de integração regional e de clã; menosprezando os costumes locais, os "rebeldes" encontram-se pois em território 'hostil'. Que combatente "rebelde" estará disposto a morrer em defesa de um território hostil? Esses "rebeldes" só podem pedir à força aérea estrangeira que lhes "liberte" a aldeia pró-governo.

Os meios de comunicação ocidentais, incapazes de entender essas compensações materiais por parte das forças pró-governo, atribuem o apoio popular a Kadafi à "coerção" ou "cooptação", agarrando-se à afirmação dos "rebeldes" que "todo o povo se opõe secretamente ao regime". Há uma outra realidade material, que muito convenientemente é ignorada: A verdade é que o regime de Kadafi tem utilizado a riqueza petrolífera do país para construir uma ampla rede de escolas, hospitais e clínicas públicas .

Os líbios têm o rendimento per capita mais alto de África com 14 900 dólares por ano ( Financial Times, 02/04/11).

Dezenas de milhares de estudantes líbios de baixos rendimentos receberam bolsas para estudar no seu país e no estrangeiro. As infraestruturas urbanas foram modernizadas, a agricultura é subsidiada e os pequenos produtores e fabricantes recebem crédito do governo. Kadafi promoveu esses programas eficazes, para além de enriquecer a sua própria família/clã. Por outro lado, os rebeldes líbios e os seus mentores imperialistas prejudicaram toda a economia civil, bombardearam cidades líbias, destruíram redes comerciais, bloquearam a entrega de alimentos subsidiados e assistência aos pobres, provocaram o encerramento das escolas e forçaram centenas de milhares de profissionais, professores, médicos e trabalhadores especializados estrangeiros a fugir.

Os líbios, mesmo que não gostem da prolongada estadia autocrática de Kadafi no cargo, encontram-se agora perante a escolha entre apoiar um estado de bem-estar, evoluído e que funciona ou uma conquista militar manobrada por estrangeiros. Muito compreensivelmente, muitos deles escolheram ficar do lado do regime.

O fracasso das forças "rebeldes" apoiadas pelos imperialistas, apesar da sua enorme vantagem técnico-militar, deve-se a uma liderança traidora, ao seu papel de "colonialistas internos" que invadem as comunidades locais e, acima de tudo, à destruição insensata de um sistema de bem-estar social que tem beneficiado milhões de líbios vulgares desde há duas gerações. A incapacidade de os 'rebeldes' avançarem, apesar do apoio maciço do poder imperialista aéreo e marítimo, significa que a "coligação" EUA-França-Inglaterra terá que reforçar a sua intervenção, para além de enviar forças especiais, conselheiros e equipes assassinas da CIA. Perante o objetivo declarado de Obama-Clinton quanto à "mudança de regime", não haverá outra hipótese senão introduzir tropas imperialistas, enviar carregamentos em grande escala de caminhões e tanques blindados e aumentar a utilização de munições de urânio empobrecido, profundamente destrutivas.

Sem dúvida que Obama, o rosto mais visível da "intervenção armada humanitária" na África, vai recitar mentiras cada vez maiores e mais grotescas, enquanto os aldeões e os citadinos líbios caem vítimas da sua força destruidora imperialista. O "primeiro presidente negro" de Washington ganhará a infâmia da história como o presidente americano responsável pelo massacre de centenas de líbios negros e da expulsão em massa de milhões de trabalhadores africanos subsaarianos que trabalham para o atual regime ( Globe and Mail, 28/03/11).

Sem dúvida, os progressistas e esquerdistas anglo-americanos vão continuar a discutir (em tom "civilizado") os prós e os contras desta "intervenção", seguindo as pisadas dos seus antecessores, os socialistas franceses e os "new dealers" americanos dos anos 30, que debateram nessa época os prós e os contras do apoio à Espanha republicana. Enquanto Hitler e Mussolini bombardeavam a república por conta das forças fascistas "rebeldes" do general Franco que empunhava o estandarte falangista da "Família, Igreja e Civilização" - um protótipo para a "intervenção humanitária" de Obama por conta dos seus "rebeldes".

04/Abril/2011

James
Petras
*James Petras é Professor Emérito de Sociologia na Universidade de Binghamton, Nova Iorque. É autor de 64 livros publicados em 29 línguas, e mais de 560 artigos em jornais da especialidade, incluindo o American Sociological Review, British Journal of Sociology, Social Research, Journal of Contemporary Asia, e o Journal of Peasant Studies. Já publicou mais de 2000 artigos. O seu último livro é War Crimes in Gaza and the Zionist Fifth Column in America.

O original encontra-se em: Libya And Obama's Defense Of The "Rebel Uprasing".

Traduzido por Margarida Ferreira

Leiam também: Uranio empobrecido uma estranha forma de proteger os civis líbios.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

" O poder da comunicação: a mídia contra o povo"

Dias 16 e 17 de abril, sábado e domingo, no Rio de Janeiro, os meios de comunicação serão a pauta do encontro O poder da comunicação: a mídia contra o povo. A proposta é estimular o debate sobre crítica à mídia e analisar impactos e formas de manipulação no jornalismo, na arte e na publicidade. O público-alvo são as vítimas dos meios de comunicação e o evento pretende ser um estímulo à reflexão sobre o papel opressivo da mídia. Será no auditório do Sindipetro-RJ, na av. passos, 34.  Será distribuído certificado aos participantes que se inscreverem com antecedência pelo endereço midiacontraopovo@gmail.com.

Programação

Dia 16, sábado:

9h – 12h - Linguagem e construção da informação:  Paula Máiran, Lívia Duarte  e Rodrigo Gueron  13h30 - 16h30 – Arte e publicidade: Eudemar de Souza e Claudia de Abreu

Dia 17, Domingo:

9h - 12h -Casos de Discriminação: Negros e Mulheres; Gas-Pa e Denise Viola

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Brasil -Israel -Forças Armadas (conclusão)



Laerte Braga


Se numa laranjeira você enxergar apenas a laranja e não perceber a árvore, corre o risco de um dia vir a não ter mais a laranja. Não há todo sem parte, mas há parte sem todo.

O governo Lula viveu seus oito anos como um barco navegando na superfície do mar, mas consciente que havia um outro oceano, esse subterrâneo. Sombrio, sem luz e desejo de despejar seus tsunamis devastadores sobre países como o Brasil.

É claro e evidente que isso implicou em mudanças de curso, em concessões, em guinadas arriscadas no leme, mas não impediu que, ao final, um resultado positivo pudesse ser alcançado.

O ex-presidente terminou seus oito anos legando um Brasil vivo e presente no cenário internacional, abriu as perspectivas para transformações estruturais significativas e necessárias, que devem ser feitas agora, numa conjuntura que, objetivamente é favorável.

Tentar entender todo o processo de globalização, o neoliberalismo, a nova ordem econômica apenas pelo lado do econômico é aceitar que o oceano aparentemente tranqüilo – mas convulsionado – pelo conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, é a única realidade.

É preciso perceber que há uma terceira guerra mundial. Que a África é um continente devastado por lutas fratricidas incensadas pelos donos dessa ordem todos sabemos. Que a Ásia está sendo engolida pela China e o conglomerado tenta sobreviver desesperadamente em um e outro país é outra realidade visível a olho nu. Que a Europa Ocidental é uma colônia transformada em bases militares da OTAN é inegável. Que a Rússia e as repúblicas do Leste Europeu são uma grande incógnita disputada a ferro e fogo é outra parte do todo.

O Oriente Médio convulsionado e os povos muçulmanos sendo deliberadamente perseguidos e implacavelmente assassinados (caso dos palestinos principalmente).

Onde entra a laranja América Latina nessa história toda? O Brasil é a maior delas. A mais importante.

As condições objetivas criadas por Lula, malgradas as concessões, sinalizam na necessidade de um grande salto que implica num resgate de nossa história em sua totalidade (o baú da ditadura por exemplo) e em transformações capazes de ampliar e fazer virar realidade a participação popular.

Ao deixarmos que às margens de um oceano subterrâneo, em cumplicidade com setores das elites, com as elites militares, com o latifúndio, sejam plantadas laranjeiras israelenses, estamos nos permitindo ser a Israel de amanhã, o terror transformado em Estado no que alguns chamam de sub-imperialismo brasileiro, submetido ao imperialismo norte-americano/israelense (entender porque “imperialismo norte-americano/israelense” é simples. As grandes forças políticas dos EUA não têm forças e não sabem como enfrentar o poder sionista).

As empresas citadas nos artigos anteriores e no relatório dirigido pelo STOP THE WALL COMPAIGN ao governo brasileiro mostram que o papel de todo esse oceano subterrâneo, transformam o Brasil em cúmplice de sistemáticas violações do direito internacional. Os artigos 48, 51 e 52 do Protocolo Adicional das Convenções de Genebra exigem que combatentes façam distinção entre alvos civis e militares e não ataque a população civil. Esses ataques são sistemáticos, deliberados.

Dos 1 417 palestinos mortos na recente guerra de Gaza 926 eram civis e entre crianças. A análise por especialistas em conduta militar em todo o mundo mostra que Israel teve a intenção de promover essas mortes. Houve intenção de causar danos aos civis palestinos e uso excessivo de força, por conta políticas expansionistas, que roubam terras e riquezas palestinas (sionistas milenarmente nunca fizeram outra coisa que não isso, são anteriores ao sionismo, inventaram os bancos).

Na guerra do Líbano, em 2006, foram utilizados foguetes teleguiados para atacar ambulâncias e vários comboios civis.

As armas, nesse momento e há algum tempo, são fabricadas aqui com a cumplicidade dos militares brasileiros, de boa parte da elite empresarial.  

O serviço secreto de Israel, a MOSSAD, assassina e seqüestra inimigos em qualquer parte do mundo, como fizeram agora em Abu Dab contra um integrante do Hamas. Que governa Gaza eleito – é um partido político – pelo voto popular.

Há uma conclusão de Al Hag sobre o assunto que, literalmente, afirma o seguinte.

Como uma potência ocupante, Israel é ainda legalmente obrigada a respeitar o Direito
Internacional Humanitário (DIH), que proíbe a matança deliberada de pessoas
protegidas. Homicídios intencionais são considerados uma violação grave da Quarta
Convenção de Genebra nos termos do artigo 147. Além disso, a política israelense de
assassinatos extrajudiciais falha, por alvejar civis, em respeitar o princípio fundamental
da distinção entre combatentes e civis. Além disso, Israel não respeita regularmente o
princípio da proporcionalidade, empregando meios letais excessivos levando à morte ou
lesão corporal dos transeuntes. Finalmente, assassinatos seletivos que são realizados em situações em que não há combate, não podem ser justificados por necessidades militares"

Todas as empresas israelenses que compraram ou se associaram a empresas brasileiras no setor bélico são partes da construção do Muro do ódio que sionistas buscam ampliar para separá-los (como povo ungido, Edir Macedo também acha isso do povo dele, tanto que já instalou templos em Israel, associação perfeita), como partes das ocupações ilegais de terras palestinas.

E aí formam o todo do terror de Estado, o conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

O que o relatório pede ao governo brasileiro e o rompimento do acordo militar com Israel e o resgate da dignidade de nosso País em relação ao direito internacional, aos direitos humanos, o fim desse mar subterrâneo por transitam os zumbis da ditadura militar. 

O muro desse novo Apartheid viola de forma brutal os direitos internacionais e humanos na Cisjordânia. As leis internacionais proíbem a anexação de território pela força, a destruição e o confisco de propriedade privada (adoram isso) e transferência forçada de população.

As leis internacionais asseguram o direito de circular livremente, o direito ao trabalho, a educação e a saúde.

Em 2004 o parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça confirmou a ilegalidade do muro e conclamou os países ditos democráticos a tomarem atitudes diante dessa realidade boçal. Estão errando o alvo, o povo líbio está sendo punido.

O que se pede ao Brasil é que seja rompido esse negócio lucrativo de terror, de ódio, de saque, de roubo, de barbárie, no qual estamos atolados por ignorar o mar subterrâneo e permitir que por ali naveguem a estupidez de militares que não têm nada a ver com o Brasil, de elites podres e políticos que silenciam diante de crimes contra a humanidade, permitindo assim, que essas empresas “continuem a lucrar com os crimes de guerra israelenses enquanto que põe em duvida o compromisso do Brasil com os direitos humanos. É inaceitável que o governo brasileiro entregue dinheiro de seu contribuinte para essas empresas e ao final, uma decisão deverá ser tomada entre negociar com Israel ou se colocar ao lado do povo palestino”.

Brasil -Israel -Forças Armadas - IV




Laerte Braga


Em tempos passados – não sei hoje – era comum entre estudantes o “ajeitar aquela menina para você”, ou “aquele menino”. Era um jogo simples. O menino ou menina tímidos não chegavam à menina ou menino desejados. Um terceiro funcionava como pombo correio e não raro esse pombo correio acabava ficando ou com a menina, ou com o menino.

Com um país é diferente.

A política externa do chanceler Celso Amorim, a presença de Samuel Pinheiro Guimarães no governo (primeiro no Itamaraty e em seguida na Secretaria Geral de Assuntos Estratégicos), aliada aos avais de Lula às suas atitudes desses ministros gerou um descontentamento sem tamanho nos EUA. De saída, nos primeiro momentos do governo Lula, em meio às muitas bombas de efeito retardado deixadas por Fernando Henrique Cardoso, o presidente, literalmente, segurou o governo do venezuelano Hugo Chávez, eleito e reeleito pelo voto – foi confirmado também num referendo popular.

Bush ainda era o presidente dos EUA e sua secretária de Estado Condoleezza Rice andou por aqui tentando algum espaço para as políticas imperiais e totalitárias do Calígula de plantão na Casa Branca (sede do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A).

Tirando o rapapé de ser recebida pelo ministro Amorim, pelo presidente a senhora em questão programou uma palestra em São Paulo (onde mais?) e à falta de público a segurança norte-americana pediu aos repórteres que cobriam o evento que se assentassem nos lugares vazios impedindo o fracasso total.

O Brasil foi “ajeitado” para Israel num momento que tanto nos EUA, como aqui – elites militares, grandes empresários, bancos e latifúndios – se percebeu que o País despontava como protagonista no processo político e econômico em todo o mundo e de uma forma tal que não agradava aos senhores da chamada nova ordem econômica.

A Marinha Brasileira dispõe de tecnologia nacional para a fabricação de submarinos movidos a energia nuclear desde os tempos do governo de FHC. As verbas para que esse objetivo fosse alcançado – quatro submarinos nucleares são suficientes para garantir a costa brasileira – sumiram, não foram liberadas.

A Força Aérea Brasileira desde o governo de FHC vem tendo protelado o processo de compra de caças indispensáveis à segurança nacional no sentido real da palavra (não aquele de câmaras de tortura), mas de garantia da integridade do nosso território e da soberania brasileira, por pressões de norte-americanos, sócios da EMBRAER – EMPRESA BRASILEIRA DE AERONÁUTICA – que, já àquele tempo, despontava como das mais promissoras em todo o mundo no setor de construção aeronáutica.

De cara descartaram, nas pressões, o melhor caça na opinião dos entendidos do assunto, o russo SUKHOI 22, num acordo que implicava em transferência de tecnologia. Há dias a presidente Dilma Roussef adiou a solução do problema (os norte-americanos não admitem que sejam comprados aviões que não os da BOEING, assim controlam a FAB).

Nesse processo todo, figuras execráveis como Nelson Jobim, comandantes militares, banqueiros (o sistema bancário brasileiro é todo ele controlado por bancos estrangeiros, exceto os estatais – CEF e Banco do Brasil e o BRADESCO, mesmo assim com participação de grupos estrangeiros no caso desse último) e empresas de armas do Brasil, empresas de armas do exterior (à época que a IMBEL e a ENGESA funcionavam, numa história que os senhores da ditadura ocultam, um navio brasileiro com armas brasileiras, foi abordado por uma frota pirata norte-americana e as armas confiscadas, tal a qualidade em relação às norte-americanas).

O curso de todo esse processo implicou numa coisa simples. Se o Brasil não se alinha aos EUA – governo Lula –, vamos ajeitar, as figuras acima citadas, comandantes militares que obedecem ao comando de Washington, para que Israel fique com o País.

A despeito da política externa de Lula, o Brasil hoje sofre um processo constante e acelerado de intervenção do estado terrorista de Israel tanto na indústria bélica, como em todos os setores, inclusive no Judiciário, depois do acordo assinado pelo presidente sionista do STJ com o Banco Mundial.

A AEL, ARES AEROESPACIA E DEFESA S/A, PERISCÓPIO, OPTRÔNICOS EQUIPAMENTOS S/A, ELBIT (que adquiriu a AEROELETRÔNICA indústria de componentes aviônicos em negócio de dois bilhões e trezentos milhões de dólares), tudo no tal de “ajeitar” o Brasil para Israel e permitir uma política que implicasse, como implica, no controle da maioria das ações da Força Aérea Brasileira – NORTHROP F-5. Isso num outro “ajeite”, digamos assim, uma prática destinada a ganhar concessões e contratos do governo federal.

A AEL funciona em Porto Alegre e emprega 130 trabalhadores. Desenvolve e fabrica sistemas aviônicos vendidos no Brasil e na América Latina e fornece – o pulo do gato - a manutenção para estes sistemas (vale dizer que na eventualidade de um impasse entre o Brasil e Israel eles param a FAB. A dependência é quase que absoluta.

Em 2009 a ELIBIT adquiriu outras duas empresas brasileiras produtoras de armas, a ARES e a PERISCÓPIO.

É copiar, colar e ler.

1.4432

As duas empresas fornecem sistemas eletrônicos de defesa ao Exército brasileiro, como a outros países latino-americanos e operam no Rio de Janeiro, onde empregam cerca de setenta trabalhadores. Num impasse em que esses sistemas sejam necessários o Exército brasileiro só anda se Israel consentir.

m contratos com a FAB para o PROGRAMA BRASILEIRO DE MODERNIZAÇÃO DE AERONAVES F-5, valor de 230 milhões de dólares e em 2009 houve um adicional para a produção de “sistemas mais avançados”. O Brasil tem 46 aeronaves F-5. Só saem do chão se os interesses de Israel não estiverem contrariados, caso contrário é ferro velho.

Com a EMBRAER privatizada por FHC o Brasil e a empresa (os EUA têm o poder de vetar vendas como fizeram em relação ao desejo da Venezuela de comprar tucanos, a tecnologia é deles e não nossa) a ELBIT trabalha sistemas de produção e apoio logístico ao programa Aeronaves Super Tucano AL-X (começaram a ser desenvolvidas no País com a empresa estatal, foram ajeitadas para Israel no jogo da traição e prostituição de boa parte dos militares e das elites políticas e econômicas do Brasil. Por exemplo, um dos que recebe soldo é o deputado Eduardo Azeredo).

Essas empresas trabalham fornecer sistemas EW de guerra eletrônica para o programa de atualização do jato AMX para a FAB num contrato de 187 milhões de dólares. Todo esse espaço vem sendo ocupado à medida que o Brasil é “ajeitado” para Israel.

Uma subsidiária da ELBIT, a ELISRA executa contratos obtidos pela empresa principal e fornecerá o computador central da missão de batalha AMX, os sistemas de exibição e gerenciamento de munições e sistemas adicionais, tudo num emaranhado de empresas empreiteiras do setor e sub-empreteiras, todas de Israel

É copiar, colar e abrir.


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Em 2009, após assumir o comando da FAB a ELBIT consegue o seu primeiro contrato com o Exército brasileiro. Torres não tripuladas para serem instaladas em veículos blindados. A subsidiária da AEL ganhou um contrato de 260 milhões de dólares para torres de veículos armados não tripulados para o Projeto Guarani do Brasil (quer dizer de Israel). Em adicionais no curso do contrato as novas torres suportam canhões de montagem automática de 30 milímetros, mas só disparam se Israel deixar.

Essas torres serão integradas aos veículos VBTP-MR GUARANI blindados 6X6, desenvolvidos pela IVECO. Isso, de acordo com a DEFESA UPDATE, uma publicação israelense. Implica em torre blindada que inclui cabo coaxial para montar metralhadora de 7,62 milímetros num sistema de controle fogo avançado com acompanhamento automático do alvo. Computação balística, gestão de sensores e displays. A entrega das torres vai ser determinada dentro de um calendário e um perfil de financiamento plurianual que, em tese, será definido pelas partes.

Na prática, como ajeitaram o Brasil dum jeito tal que já está na cama, isso significa transformar o nosso País na Israel latino-americana que, por sua vez, significa eventuais e futuros conflitos militares (previstos num relatório da ONU da década de 70) com países vizinhos hostis aos EUA, caso da Venezuela, Bolívia e outros.

O Exército brasileiro disporá de três mil novos tanques em 2030, mas que só funcionarão em favor dos interesses de Israel e dos EUA. Caso contrário, ferro velho. Abrimos mão de dispor de nossas tecnologias para entregar o País. A subsidiária FIAT/IVECO ganhou o contrato para produzir os novos tanques com opção anfíbia e estão sendo produzidos em Sete Lagoas, Minas Gerais. 

Em 11 de dezembro de 2010 o Brasil comprou duas UAVs HERMES 450 e uma estação terrestre da Aeroeletrônica em Porto Alegre para uso militar.



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brazil/

company


Num show que percorreu o Brasil (enquanto a censura deixou) na década de 60, o cantor e humorista Ary Toledo, costumava cantar uma canção que falava sobre a descoberta do Brasil e num determinado momento tratava da nossa independência.

Ao final pronunciava assim a palavra independência – “ind’é pendente.”

Teve que explicar aos nossos gênios militares o que queria dizer com isso.

O Brasil foi e continua sendo ajeitado no seu todo para Israel.

O conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A constrói aqui o futuro da América Latina. Semelhante ao do Oriente Médio nos dias atuais.

Tem a cumplicidade de figuras do governo, chefes militares, políticos, banqueiros, grandes empresários que no efeito cascata se beneficiam dos “negócios” – empresários não têm pátria – e do latifúndio interessado e lutando pela volta do modelo antigo de escravidão (ainda não se adaptou ao atual).

(continua) 

terça-feira, 5 de abril de 2011

Editor da Folha e repórter do Agora SP são demitidos por comentários no twitter

O jornalista Alec Duarte, editor-assistente de política da Folha de S.Paulo, e a repórter Carol Rocha, do Agora SP, foram demitidos do Grupo Folha por postarem comentários no Twitter a respeito do jornal. Os dois comentavam a morte de José Alencar, ex-vice-presidente da República, que morreu no dia 29/3.

"Nunca um obituário esteve tão pronto. É só apertar o botão”, comentou o editor-assistente da Folha, sem citar nomes.

"Mas na Folha.com nada ainda... esqueceram de apertar o botão. rs", respondeu a repórter do Agora.

Alec então lembrou do erro do jornal, que noticiou erroneamente a morte do senador Romeu Tuma, em outubro de 2010. "Ah sim, a melhor orientação ever. O último a dar qualquer morte. É o preço por um erro gravíssimo."

Apesar dos comentários, os perfis dos jornalistas não informavam que eram empregados do Grupo Folha. O Comunique-se tentou contato com Alec, mas ele não foi localizado.

“É nosso perfil pessoal e foi um comentário normal, não teve repercussão, retuítes, mas fomos demitidos mesmo assim”, disse Carol, que questiona uma retaliação pelo comentário de algo que não é segredo: a antecipação de obituários nas redações.

A jornalista também enviou um e-mail para a ombudsman do jornal, Suzana Singer: “Você não acha hipocrisia o jornal negar - ou censurar comentário sobre o tema - que depois da notícia errada sobre a morte do Tuma, os cuidados foram redobrados? Nada mais natural. Mais hipocrisia ainda é um jornal que zela tanto pela liberdade de expressão, que diz não admitir qualquer tipo de censura, praticar a mesma censura contra seus funcionários. Me lembro que o manual de redação diz alguma coisa como "somos abertos a críticas". Sério? Não conheço ninguém que tenha criticado a Folha e não tenha sofrido represália”, escreveu. A repórter também fala do episódio em seu blog.

A ombudsman negou que tenha participação na demissão dos jornalistas e afirmou que o caso foi decidido pela chefia do grupo. Suzana também alegou que não se trata de censura. "Não acho que isso seja censura. A Folha tem meios de fazer e receber críticas (painel do leitor, ombusdsman, blog de crítica interna, seção erramos). Imagina se todo jornalista resolvesse colocar na rede os erros dos colegas ou desafetos, respondeu.

Fonte:Comunique-se