quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Paulo Freire e as Verdades Escondidas

*Por Venício A. de Lima, no Observatório da Imprensa:

Trinta anos após sua primeira edição, o que justificaria a republicação de Comunicação e Cultura: as idéias de Paulo Freire, um livro que explora o pensamento e a prática do educador brasileiro no período anterior à dissolução do chamado socialismo real; anterior às eleições que levaram ao poder vários governos populares na América Latina, na contramão da nossa tradição histórica; anterior à revolução digital que dá origem às imensas transformações tecnológicas nas comunicações? O que a prática e a reflexão posteriores de Freire – produtivo até sua morte em 1997 – acrescentaram sobre comunicação e cultura? O que pensam os pesquisadores, sobretudo os brasileiros, a respeito da contribuição de Freire para os estudos de comunicação?



Os escritos posteriores

Foram poucas as ocasiões, depois de Extensão ou Comunicação? [1969] e Pedagogia do Oprimido [1970], nas quais Freire tratou especificamente o tema da comunicação. Registro duas passagens emblemáticas em que ele faz referencia a formas tecnologicamente mediadas de comunicação, em particular à televisão. A primeira, quando publica, com Sérgio Guimarães, Sobre a Educação, volume 2 [1984]. Vale reproduzir (p. 40):


SÉRGIO: (...) A gente vê que, nos seus vários livros, você não chegou a discutir propriamente as questões [dos meios de comunicação]. Por quê?

FREIRE: Exatamente porque nunca me senti competente, a não ser do ponto de vista de uma apreciação global. Se me perguntas: ‘Paulo, o que é que você acha da televisão?’, eu te respondo: para mim, a televisão não pode ser compreendida em si. Ela não é um instrumento puramente técnico, o uso dela é político. E sou capaz também de fazer algumas propostas com relação ao uso da televisão. Mas, mesmo quando não venho tratando desses chamados meios de comunicação em trabalhos meus anteriores, mesmo quando não falo diretamente sobre eles, eu os considero, por exemplo, dentro do horizonte geral da teoria do conhecimento que venho desenvolvendo nos meus trabalhos sobre educação. Não os trato diretamente, no sentido de que eles não são objeto de um estudo técnico, cientificamente válido. (...) Não me sinto um especialista em torno desse tema. Eu o abordo em linhas gerais.



A segunda aparece em um de seus últimos escritos, Pedagogia da Autonomia [1997], quando trata da necessidade de “desocultar verdades escondidas” na mídia. Diz Freire (pp. 157-158):


Pensar em televisão ou na mídia em geral nos põe o problema da comunicação [de massa], processo impossível de ser neutro. Na verdade, toda comunicação [de massa] é comunicação de algo, feita de certa maneira em favor ou na defesa, sutil ou explícita, de algum ideal contra algo e contra alguém, nem sempre claramente referido. Daí também o papel apurado que joga a ideologia na comunicação [de massa], ocultando verdades, mas também a própria ideologização do processo comunicativo. Seria uma santa ingenuidade esperar de uma emissora de televisão do grupo do poder dominante que, noticiando uma greve de metalúrgicos, dissesse que seu comentário se funda nos interesses patronais. Pelo contrário, seu discurso se esforça para convencer que sua análise da greve leva em consideração os interesses da nação. Não podemos nos pôr diante de um aparelho de televisão “entregues” ou “disponíveis” ao que vier. (...) A postura crítica e desperta nos momentos necessários não pode faltar. (...) Para enfrentar o ardil ideológico de que se acha envolvida a mensagem [do poder dominante] na mídia (...) nossa mente ou nossa curiosidade teria que funcionar epistemologicamente todo o tempo. E isso não é fácil.

O que se observa nas duas citações acima é que, em ambas, Freire remete o leitor (a) para suas reflexões anteriores sobre a teoria do conhecimento e/ou a necessidade de se pensar “epistemologicamente”, vale dizer, considerar a matriz dialogal como referência normativa para o processo de comunicação, seja ela mediada tecnologicamente ou não.

Até o fim de seus dias, portanto, Freire manteve-se fiel à sua formulação original sobre a comunicação como co-participação de sujeitos que se relacionam dialogicamente em torno do objeto que querem conhecer e, ao mesmo tempo, transformam o mundo no contexto da ação cultural libertadora.

É exatamente a formulação original de Freire sobre comunicação e cultura que constitui o objeto de estudo deste livro.

O que pensam os estudiosos brasileiros

No ensaio “A Pesquisa em Comunicação na América Latina”, ao identificar o que chama de “pais fundadores”, Christa Berger menciona levantamento realizado entre 50 pesquisadores, em 1992, que aponta Paulo Freire como uma das cinco principais influências teóricas deste campo de estudo na região. Freire é lembrado por seu ensaio Extensão ou Comunicação?, escrito no Chile, no qual “está contida a crítica principal aos meios de comunicação de massa: de consistirem em meros instrumentos de transmissão, de tratarem os destinatários como receptores passivos e de impossibilitarem relações dialógicas”. Da mesma forma, autores amplamente reconhecidos e com vasta produção no campo, como o belga Armand Mattelart – com experiência histórica no Chile dos anos 60 e 70 do século passado – e o espanhol/colombiano Jesus Martin Barbero, reconhecem a contribuição de Freire na construção de suas perspectivas teóricas (Berger, 2001, pp. 241-277).

Denise Cogo (1999, pp. 29-36), por outro lado, descreve a presença ativa das idéias de Freire em três áreas: os estudos e a prática da comunicação rural; da comunicação alternativa e/ou popular e dos estudos culturais, nas vertentes de pesquisa sobre o receptor ativo e a leitura crítica da mídia.

Considerando que Comunicação e Cultura: as idéias de Paulo Freire constitui também um exercício de diálogo crítico, mais ou menos explícito, com as então nascentes tradições dos estudos culturais norte-americana e inglesa, personificadas em James W. Carey (1934-2006) e Raymond Williams (1921-1988), merecem registro especial as ponderações de Cogo sobre a importância fundadora de Freire para esta tradição na América Latina. Afirma ela:


(...) A obra de Paulo Freire ajuda a consolidar as bases para o entendimento das inter-relações entre comunicação, educação e cultura, cujos desdobramentos refletem-se, mais tarde, no desenvolvimento de uma vertente denominada de estudos culturais e comunicação. Herdeira dos estudos culturais ingleses, essa vertente encontra sua especificidade no contexto latino-americano a partir do final da década de 80 através de investigadores como o colombiano Jesus Martin-Barbero e os mexicanos (sic) Nestor Garcia Canclini e Guillermo Orozco Goméz, cujas reflexões apontam para a construção de uma trajetória comum: a compreensão da comunicação no marco do processo das culturas em que a compreensão do fenômeno comunicativo não se esgota em conceitos e critérios como canais, meios, códigos, mensagens, informação. O entendimento da comunicação é reorientado a uma revalorização do universo cultural e do cotidiano dos sujeitos como mediadores dos sentidos produzidos no campo da recepção das mensagens difundidas pelos meios massivos de comunicação.


Outro autor que destaca o potencial da obra de Freire para os estudos de comunicação é Eduardo Meditsch. Em instigante artigo publicado em 2008 ele chama a atenção para “o compromisso com a prática. O pensamento de Paulo Freire não era limitado por esta ou aquela escola teórica em que, eventualmente, se apoiava: seu compromisso primeiro era com a vida real, com a realidade humana que procurava compreender para transformar ou, numa palavra, com a prática”.

Tanto Cogo quanto Meditsch, no entanto, lembram não só as leituras reducionistas e o aprisionamento “no jogo dos conceitos praticado no meio acadêmico”, como “a débil apropriação” que se faz da obra freireana nos estudos de comunicação. Meditsch, em diagnóstico impiedoso sobre esse campo de estudos no nosso país, afirma que foi exatamente o primado fundamental da prática que afastou Freire. Afirma ele:


(...) Os “práticos” nunca se deram conta do potencial da teoria freireana para aperfeiçoar as suas práticas, e a grande maioria nem tomou conhecimento de suas idéias, a não ser por orelhas de livro. Por sua vez, os “teóricos” que leram além das orelhas jamais se sentiram compromissados a aplicar as idéias de Freire nas práticas midiáticas, não apenas por ignorarem solenemente estas práticas, mas também por sentirem um profundo desprezo por elas. Para estes, a prática de que falavam Marx e Freire era apenas mais um conceito a enriquecer sua bagagem teórica, ou era uma prática tão idealizada que se recusava a admitir como legítima a realidade com que “os práticos” se relacionavam. Desta forma, as idéias de Freire, quando levadas em conta em nossa área, foram confinadas ao “balé de conceitos” da comunicologia e “domesticadas” pela lógica acadêmica que seu autor sempre condenou. A sua aplicação no desenvolvimento das práticas da comunicação foi abortada em nosso campo (p. 8).


Diante do rigor dessas observações resta destacar qual, de fato, a contribuição das idéias de Freire para os estudos da comunicação e da cultura nos nossos dias.

Qual a contribuição de Freire hoje?

Além dos aspectos já mencionados na “Introdução”, no capítulo IV – “A Importância de Freire para os Estudos de Comunicação” – e outros ao longo de Comunicação e Cultura: as idéias de Paulo Freire [por exemplo, os pontos de contato com Habermas], a releitura de Freire se justifica hoje pelas seguintes razões:

1. Freire é o principal representante contemporâneo da tradição teórica da comunicação como diálogo. Esta é também a posição de Clifford Christians, um dos mais importantes pesquisadores dessa tradição nos Estados Unidos (cf. Christians, 1988 e 1991).

Ainda em 2001 escrevi:

“...se até recentemente esse modelo parecia inadequado para qualquer tipo de aplicação no contexto da chamada “comunicação de massa”, unidirecional e centralizada, hoje a nova mídia reabre as possibilidades de um processo dialógico mediado pela tecnologia. (...) O modelo normativo construído por Freire ganha atualidade e passa a servir de ideal para a realização plena da comunicação humana em todos os seus níveis” (cf. de Lima, 2001; p. 51).

A tradição da comunicação como diálogo ganha renovada importância e potencializa a possibilidade da interação permanente e on line no ato mesmo da comunicação. Freire teorizou a comunicação interativa antes da revolução digital, vale dizer, antes da internet e de suas redes sociais. Como fez o próprio Freire, devemos nos remeter às suas reflexões sobre a teoria do conhecimento, base do conceito de comunicação como diálogo. Lá encontramos uma referencia normativa revitalizada, criativa e desafiadora que será de imensa valia para pensar as novas tecnologias de comunicação e também pensar a sua regulação.

2. Existe um enorme potencial analítico embutido em alguns conceitos introduzidos por Freire que ainda não foram plenamente explorados. Um exemplo eloqüente é certamente o conceito de “cultura do silêncio”, discutido no capítulo III de Comunicação e Cultura: as idéias de Paulo Freire.

Freire fala da nossa herança colonial de “mutismo” e mais tarde da “cultura do silêncio” dos oprimidos, impedidos de ter voz, mergulhados na submissão pelo silêncio. Ele recorre a trecho conhecido do Padre Antonio Vieira (1959) em famoso sermão pronunciado na Bahia, ainda na primeira metade do século XVII (1640), que vale reproduzir novamente aqui:

“Bem sabem os que sabem a língua latina, que esta palavra – infans, infante – quer dizer o que não fala. Neste estado estava o menino Batista, quando a Senhora o visitou, e neste permaneceu o Brasil muitos anos, que foi, a meu ver, a maior ocasião de seus males. Como o doente não pode falar, toda a outra conjectura dificulta muito a medicina. (...) O pior acidente que teve o Brasil em sua enfermidade foi o tolher-se-lhe a fala: muitas vezes se quis queixar justamente, muitas vezes quis pedir o remédio de seus males, mas sempre lhe afogou as palavras na garganta, ou o respeito, ou a violência; e se alguma vez chegou algum gemido aos ouvidos de quem o devera remediar, chegaram também as vozes do poder, e venceram os clamores da razão”.

Não seria essa uma forma histórica de censura na medida em que a “cultura do silêncio” nega a boa parte da população sua liberdade fundamental de palavra, de se expressar? E quem seria, neste caso, o censor?

No Brasil colônia, certamente o Estado português e os muitos aliados que se beneficiavam da opressão aos povos nativos e aos escravos africanos. A própria sociedade era também “censora”, na medida em que convivia culturalmente com a exclusão de vários segmentos de qualquer participação civil. Por exemplo, as mulheres.

Nada disso é novidade, mas certamente ajudará, sobretudo aos jovens de uma sociedade onde nascem novas formas interativas de comunicação a compreender a verdadeira dimensão de conceitos como censura e liberdade de expressão. Nessa nova sociedade-rede, uma forma disfarçada de censura é o silencio da grande mídia em relação a determinados temas. Considerando que a grande mídia ainda é a principal mediadora e construtora dos espaços públicos, um tema que for deliberadamente omitido estará sendo sonegado e excluído desse espaço, vale dizer, da possibilidade de fazer parte do conhecimento e do debate público.

A cultura do silêncio freireana equivale, de certa forma, ao conceito de “efeito silenciador do discurso” introduzido pelo jurista norte americano Owen Fiss quando argumenta que, ao contrário do que apregoam os liberais clássicos, o Estado não é um inimigo natural da liberdade (2005, esp. capítulo 1). O Estado pode ser uma fonte de liberdade, por exemplo, quando promove “a robustez do debate público em circunstâncias nas quais poderes fora do Estado estão inibindo o discurso. Ele pode ter que alocar recursos públicos – distribuir megafones – para aqueles cujas vozes não seriam escutadas na praça pública de outra maneira. Ele pode até mesmo ter que silenciar as vozes de alguns para ouvir as vozes dos outros. Algumas vezes não há outra forma” (p. 30).

Fiss usa como exemplo os discursos de incitação ao ódio, à pornografia e os gastos ilimitados nas campanhas eleitorais. As vítimas do ódio têm sua auto-estima destroçada; as mulheres se transformam em objetos sexuais e os “menos prósperos” ficam em desvantagem na arena política. Em todos esses casos, “o efeito silenciador vem do próprio discurso”, isto é, “a agência que ameaça o discurso não é Estado”. Cabe, portanto, ao Estado promover e garantir o debate aberto e integral e assegurar “que o público ouça a todos que deveria”, ou ainda, garanta a democracia exigindo “que o discurso dos poderosos não soterre ou comprometa o discurso dos menos poderosos”.

Especificamente no caso da liberdade de expressão, existem situações em que o “remédio” liberal clássico de mais discurso, em oposição à regulação do Estado, simplesmente não funciona. Aqueles que supostamente poderiam responder ao discurso dominante não têm acesso às formas de fazê-lo (pp. 47-48). O exemplo emblemático dessa última situação é o acesso ao debate público nas sociedades onde ele (ainda) é controlado pelos grandes grupos de mídia.

A liberdade de expressão individual tem como fim assegurar um debate público democrático onde, como diz Fiss, todas as vozes sejam ouvidas. Ao usar como estratégia de oposição política o bordão da ameaça constante de volta à censura e de que a liberdade de expressão corre risco, os grandes grupos de mídia transformam a liberdade de expressão num fim em si mesmo. Ademais, escamoteiam a realidade de que, no Brasil, o debate público não só [ainda] é pautado pela grande mídia como uma imensa maioria da população a ele não tem acesso e é dele historicamente excluída.

Nossa imprensa tardia se desenvolveu nos marcos do de um “liberalismo antidemocrático” no qual as normas e procedimentos relativos a outorgas e renovações de concessões de radiodifusão são responsáveis pela concentração da propriedade nas mãos de tradicionais oligarquias políticas regionais e locais (nunca tivemos qualquer restrição efetiva à propriedade cruzada), e impedem a pluralidade e diversidade nos meios de comunicação.

A interdição do debate verdadeiramente público de questões relativas à democratização das comunicações pelos grupos dominantes de mídia, na prática, funciona como uma censura disfarçada. Este é o “efeito silenciador” que o discurso da grande mídia provoca exatamente em relação à liberdade de expressão que ela simula defender.

3. As idéias de Freire constituem a base teórica para a positivação da comunicação como direito humano fundamental.

A necessidade do desenvolvimento e da positivação de um direito à comunicação foi identificada há mais de 40 anos pelo francês Jean D’Arcy, quando diretor de serviços audiovisuais e de rádio do Departamento de Informações Públicas das Nações Unidas, em 1969. Naquela época ele afirmava:

Virá o tempo em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos terá de abarcar um direito mais amplo que o direito humano à informação, estabelecido pela primeira vez vinte e um anos atrás no Artigo 19. Trata-se do direito do homem de se comunicar (em Fisher, 1984, p. 26).

Onze anos depois, o famoso Relatório MacBride, publicado pela UNESCO (original 1980; 1983, pp. 287-291), reconhecia pioneiramente o direito à comunicação. Diz o Relatório:

Hoje em dia se considera que a comunicação é um aspecto dos direitos humanos. Mas esse direito é cada vez mais concebido como o direito de comunicar, passando-se por cima do direito de receber comunicação ou de ser informado. Acredita-se que a comunicação seja um processo bidirecional, cujos participantes – individuais ou coletivos – mantêm um diálogo democrático e equilibrado. Essa idéia de diálogo, contraposta à de monólogo, é a própria base de muitas das idéias atuais que levam ao reconhecimento de novos direitos humanos. O direito à comunicação constitui um prolongamento lógico do progresso constante em direção à liberdade e à democracia.

Tanto a proposta de D’Arcy como o Relatório MacBride, na verdade, assumiam e consagravam a perspectiva “dialógica” da comunicação que já havia sido elaborada, do ponto de vista conceitual, por Freire no ensaio Extensão ou comunicação?

Freire se diferencia da tradição dialógica dominante ao recorrer à raiz semântica da palavra comunicação e nela incluir a dimensão política da igualdade, da ausência de dominação. A comunicação implica um diálogo entre sujeitos mediados pelo objeto de conhecimento que por sua vez decorre da experiência e do trabalho cotidiano. Ao restringir a comunicação a uma relação entre sujeitos, necessariamente iguais, toda “relação de poder” fica excluída. A comunicação passa a ser, portanto, por definição, dialógica, vale dizer, de “mão dupla”, contemplando, ao mesmo tempo, o direito de informar e ser informado e o direito de acesso aos meios necessários à plena liberdade de expressão. O próprio conhecimento gerado pelo diálogo comunicativo só será verdadeiro e autêntico quando comprometido com a justiça e a transformação social. Essa é a base do direito à comunicação.

Pode-se afirmar também que Freire se filia à corrente do humanismo cívico do neo-republicanismo. A concepção implícita de liberdade na sua definição dialógica de comunicação é constitutiva de uma cidadania ativa que equaciona autogoverno com participação política, contrariamente à liberdade negativa do liberalismo clássico, ainda hoje indissociável da retórica histórica de nossas elites dominantes. Para Freire, inequivocamente, o cidadão constitui o eixo principal da vida pública através da participação ativa e do direito à voz. A liberdade não antecede à política, mas se constrói a partir dela.

Essas são algumas das razões que justificam a republicação de Comunicação e Cultura: as idéias de Paulo Freire, 30 anos depois, em homenagem aos 90 anos de nascimento de Paulo Freire. [Brasília, Outono de 2011]

* Introdução do livro Comunicação e Cultura: as ideias de Paulo Freire, de Venício A. de Lima, 2ª edição revista, prefácio de Ana Maria Freire, Editora da Universidade de Brasília/Editora Fundação Perseu Abramo, Brasília/São Paulo, 2011; título do OI

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O inferno astral do neoliberalismo

O que está ruim ainda tem a chance de ficar pior. A crise profunda do neoliberalismo tem tido como efeito político a ressurreição do conservadorismo. Se os novos liberais perderam força, os conservadores tomaram muito de seu espaço. A última vez em que isso aconteceu foi após a I Guerra Mundial, com o nazismo e do fascismo.
Antonio Lassance*

         O velho liberalismo romântico
         O neoliberalismo é uma ideologia, uma visão de mundo. Mais precisamente, é uma visão de mundo adepta do individualismo, da competição, do Estado mínimo e da primazia do mercado, o que justifica sua filiação ao velho liberalismo. O que havia de novo nesse liberalismo?
         O velho liberalismo de Adam Smith reservava funções claras ao Estado, mesmo que sumárias, como a defesa do território, a proteção (que hoje preferimos chamar de segurança pública), o recolhimento de impostos e a política monetária. Mas nenhum liberal clássico, ao defender o indivíduo, deixava de olhar a sociedade como um todo. A liberdade individual supostamente promoveria o bem estar da sociedade. Smith externava preocupação com o fato de que seus concidadãos, que vestiam o mundo, estavam em farrapos.
         Para o neoliberalismo, porém, não existe sociedade; o que existe são indivíduos (frase de Margareth Thatcher, ex-primeira ministra do Reino Unido). Não existe serviço público que não possa e não deva ser prestado por empresas privadas (frase de David Cameron, atual primeiro ministro britânico).
         Para o liberalismo clássico, as corporações eram um problema a ser atacado. “A riqueza das nações”, de Adam Smith, criticava a proteção estatal às companhias comerciais, que exerciam atividades mercantis de forma monopolística, financiadas e escoltadas com recursos públicos. Para o novo liberalismo, as corporações são “a firma” e são equiparadas aos indivíduos. São pessoas jurídicas e têm por trás de si acionistas (indivíduos). Ao contrário da versão original, para o neoliberalismo a riqueza dos indivíduos é apátrida, e não uma riqueza “das nações”.
         Outro fator de novidade do neoliberalismo era a globalização, uma marcha tida como inexorável para o domínio absoluto do globo por essas grandes corporações (comerciais, industriais, mas sobretudo financeiras). Bem diferente da ideia de divisão internacional do trabalho, que tinha como base as nações e o trabalho, e não as empresas e os fluxos financeiros. Romanticamente, Smith apontava um caminho para cada país encontrar seu lugar ao sol, produzindo de acordo com sua vocação. Deve-se dar um desconto ao romantismo de Adam Smith, pois ele era contemporâneo da poesia de Lord Byron, da música de Beethoven, da pintura de Delacroix. O mundo respirava romantismo por todos os lados e parecia que o progresso salvaria a todos.
         A visão do neoliberalismo não é nada romântica. Os neoliberais são realistas até o último fio de cabelo. Eles são herdeiros da mutação genética introduzida no velho liberalismo pelo darwinismo social de Herbert Spencer, na segunda metade do século XIX. Sua vinculação a Friedrich Hayek tem traços claros que os colocam mais como apóstolos da lei do mais forte do que da lei do livre mercado.
         Ascensão e queda do neoliberalismo
         A construção do neoliberalismo desenrolou-se aos soluços, com inúmeros sobressaltos. Ele sobreviveu em estado vegetativo por décadas, até ganhar uma dimensão política avassaladora com o tridente formado por Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, nos anos 1980, personificado nas lideranças de Ronald Reagan, Margareth Thatcher e Helmut Kohl.
         Sua força política empunhava um ideário econômico agressivo, cuja síntese mais propalada tornou-se conhecida como o “Consenso de Washington”.
         O ciclo do neoliberalismo, quase como um ciclo biológico tradicional, durou cerca de vinte e cinco anos. É difícil encontrar hoje em dia algo que não traga sinais dessa herança. Mesmo com seus abalos, ao final dos anos 1990, ele ainda ganhou uma sobrevida por meio de governos da autointitulada “terceira via”. Sob este guarda-chuvas está uma legião composta pelos democratas nos EUA (Bill Clinton), socialdemocratas da Europa (Tony Blair, no Reino Unido; Gerhard Schröder, na Alemanha; Lionel Jospin, na França; Massimo D’Alema, na Itália) e parte da América Latina (como Fernando Henrique Cardoso, no Brasil; Carlos Andrés Perez, na Venezuela; Carlos Menem, na Argentina; e todos os governos da Concertación chilena).
         O inferno astral
         O neoliberalismo sofreria um profundo abalo e entraria definitivamente em seu inferno astral a partir de 2008, quando se ouviu um dobre de finados não na periferia do sistema, mas na catedral do capitalismo, em Nova York. Era o enterro da Lehman Brothers Holdings Incorporated.
         Mas uma das características do neoliberalismo, além da ousadia e do cinismo, é a teimosia. Ele insistia em disputar projetos políticos e em ganhar eleições com seus arautos. Neles residiam as últimas esperanças de dar a volta por cima, recobrar as energias e reinventar formas de acumulação que evitassem que o capitalismo carregasse a pecha de ser um grande prejuízo para a vida da maioria dos mortais.
         Para a surpresa dos incautos, o neoliberalismo conseguiu eleger novos garotos-propaganda. Na pátria-mãe, o Reino Unido, David Cameron; no Chile, Sebastián Piñera; na Alemanha, Angela Merkel.
         O Reino Unido é o exemplo mais retumbante do fracasso estrutural do neoliberalismo. Sua política econômica tem como eixo a redução de serviços públicos e a tentativa de desmonte de estruturas de Estado, uma retórica persistente, mas pouco efetiva. O inglês mantém um alto grau de prestação de serviços públicos estatais. Conjunturalmente, a inflação está em alta, com as projeções beirando os 5% - pois é, eles não vão cumprir a meta de inflação, que por lá está fixada em 2%. O desemprego não só está em alta, como é o maior dos últimos dois anos.
         A Escócia de Adam Smith, em má homenagem ao credo neoliberal, ostenta um grande número de serviços públicos gratuitos à população. Seu Estado de bem-estar social faz inveja ao dos ingleses. Os escoceses já haviam conseguido um parlamento próprio e agora têm ganhado mais adeptos em favor de sua independência. A política de desmonte, do governo Cameron, tem ajudado em muito a aumentar a adesão à proposta de secessão. As receitas da Escócia são suficientes para mostrar que, se alguém pode sair perdendo com a separação, é a Inglaterra.
         No País de Gales, a seção local do partido conservador cogita até trocar de nome e reclama de sua associação ao legado de Margareth Thatcher. A má fama do thatcherismo, segundo pesquisas, os prejudica eleitoralmente.
         No Chile, Piñera enfrenta as maiores manifestações desde Pinochet. Além dos estudantes nas ruas, grande parte dos moradores das cidades do sul do país, dependentes do gás subsidiado para se proteger do frio, protesta contra o reajuste do produto e o encarecimento do custo de vida.
         Na Alemanha, Merkel tem feito pouca coisa que pode ser considerada verdadeiramente neoliberal. Tanto que até seu companheiro de partido, Helmut Kohl, lhe faz críticas sistemáticas. Os socialdemocratas alemães parecem bem mais apegados ao neoliberalismo e dizem que a Alemanha vai pagar caro pelas “vacilações” de Merkel, que deveria ser mais dura em cobrar ajustes rigorosos em toda a zona do Euro.
         O conservadorismo e seu contraponto
         Mas a hora não é dada a comemorações. O que está ruim ainda tem a chance de ficar pior. A crise profunda do neoliberalismo tem tido como efeito político a ressurreição do conservadorismo. Se os novos liberais perderam força, os conservadores tomaram muito de seu espaço. A última vez em que isso aconteceu foi após a I Guerra Mundial, com o nazismo e o fascismo.
         O conservadorismo tem como bandeiras o combate aos imigrantes, o protecionismo, o militarismo e o gasto social seletivo. Quer reduzir a prestação de serviços públicos e trocá-los por cheques, “vouchers” e descontos de imposto de renda, mas não exatamente por razões privatistas. Há um duplo propósito. Torna possível financiar empresas privadas nacionais para prestar serviços públicos essenciais e fecha a porta aos imigrantes, que vivem na ilegalidade e não podem receber esses benefícios focalizados.
         O conservadorismo que tem no “Tea Party”, dos EUA, seu movimento mais proeminente, é protecionista, nacionalista, militarista, xenófobo, intolerante Os neoliberais não são a fonte desses cacoetes. Seus vícios originais são outros, embora aceitem compartilhá-los, principalmente o militarismo, se isso justificar vantagens competitivas.
         Neoliberais apoiam a imigração como forma de atrair talentos de qualquer parte do mundo e reduzir o custo da mão-de-obra, assim como para manter uma ampla parcela de trabalhadores apartada de direitos sociais. São a favor do direito de mulheres muçulmanas escolherem se querem ou não usar a burka, pois sua proibição desrespeita a liberdade individual. São cautelosos quanto ao militarismo, pois seus gastos são elevados. Henry Kissinger e James Baker escreveram, meses atrás, um artigo condenando a intervenção na guerra da Líbia, com base em um cálculo da relação custo-benefício para os Estados Unidos.
         Na crise financeira de 2008, os neoliberais foram, em grande medida, “liquidacionistas”, como o velho Hayek pregava. Disseram que os bancos em dificuldades deveriam ser deixados à sua própria sorte e quebrarem, se preciso fosse.
         Se há um contraponto político ao conservadorismo, ele ronda a América do Sul. Está pelo Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Venezuela, Equador e Peru. Com defeitos, limitações, tibiezas e inúmeros problemas. Na Europa e nos Estados Unidos, os movimentos de esquerda são de uma espontaneidade sem luxemburguismo (o da Rosa, não o do Vanderley). Dependem de associações civis pouco conectadas à luta política nacional e têm um profundo descrédito pelos partidos, inclusive os de ultraesquerda, afogados em sua própria retórica e empacados em sua falta de projeto.
       
*Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política. As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.
        

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

"ANIMAIS ESTÚPIDOS"

Laerte Braga

Lauren Moret* é uma geocientista que trabalhou por todo o mundo em questões de radiação. Fez palestras a grupos de cidadãos, a jornalistas, membros de parlamentos e outros.
Num artigo intitulado “UMA SENTENÇA DE MORTE AQUI E LÁ FORA”, a cientista cita o ex-secretário de Estado do governo Nixon, Henry Kissinger, sobre declaração do mesmo em “KISS THE BOYS GOODBYE: HOW THE UNITED STATES BETRAYED IST OWN POW’s IN VIETNAN”.
“Os militares são apenas animais estúpidos a serem utilizados como peões na política externa”
Laureen Moret denunciou faz tempo o uso de armas químicas e biológicas pelos EUA e os riscos que isso traz para a humanidade. Hoje, a prática é disseminada e como previu a cientista, atinge os próprios norte-americanos, na insânia de uma sociedade doentia.
O original pode ser lido em
e foi publicado em 2004.
Diz a autora que o Vietnã foi uma guerra química “contaminando de modo permanente grandes regiões e países a jusante com o AGENTE LARANJA (é usado em agrotóxicos por nossos latifundiários no tal agronegócio) e ambientalmente é a mais devastadora guerra da História mundial”.
E prossegue – “mas, desde 1991 os EUA dirigiram quatro guerras nucleares utilizando armamentos com urânio empobrecido (depleted uranium DU) o qual, tal como o AGENTE LARANJA, cumpre a definição do governo americano de Armas de Destruição Maciça. Vastas regiões no Médio Oriente e na Ásia Central foram contaminadas permanentemente com radiação.”
“E o que se passa com nossos soldados? Terry Jamison do DEPARTAMENT OF VETERANS AFFAIRS relatou esta semana à AMERICAN FREE PRESS que os veteranos da era do Golfo com incapacidades médicas desde 1991 chegam a 518 739, com apenas 7 035 feridos no Iraque no mesmo período de 14 anos”.
“A AMERICAN FREE PRESS lançou uma bomba suja sobre o Pentágono ao revelar que oito em cada 20 homens que serivram numa unidade ofensiva militar americana de 2003 agora tem tumores (malignancies). Isto significa que 40 por cento dos soldados naquela unidade desenvolveram tumores num período de apenas 16 meses.”
“Cientistas que estudaram o urânio revelam que ele afeta o DNA”.
Faltou Henry Kissinger dizer que “militares são apenas animais estúpidos, a serem utilizados como peões na política externa” e seres humanos cobaias do terrorismo nazi/sionista do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
O primeiro-ministro David Cameron, o tal que decretou o fim do multiculturalismo, em visita à Turquia disse que “Gaza é um campo de concentração aberto e isso precisa mudar”. Cameron é parte do nazi/sionismo que aterroriza e amedronta o mundo com armas nucleares capazes de destruir o planeta cem vezes se necessário for. Por aí se imagina a situação de Gaza.
Lauren Moret em seu artigo afirma também que “os efeitos a longo prazo revelam que o DU é uma sentença de morte e algo asqueroso”.
Estudos realizados por outros cientistas, Marion Fulk, físico químico nuclear aposentado do LIVERMORE NUCLEAR WEAPONS LAB e que esteve envolvido no projeto MANHATTAN PROJECT “interpreta os novos e rápidos tumores nos soldados da guerra de 2003 como espetaculares... e uma matéria de preocupação”.
“Esta evidência mostra que dos três efeitos que o DU – urânio empobrecido – tem sobre os sistemas biológicos – radiação, químico e em forma de partículas – o efeito das nano-partículas é o mais dominante imediatamente após a exposição e atinge o CÓDIGO MESTRE DO DNA. Isto é uma má notícia, mas explica porque o DU provoca uma miríade de doenças que são difíceis de definir”.
“EM PALAVRAS SIMPLES, O DU APODRECE O CORPO” E ao ser perguntado se o principal propósito do seu uso é destruir coisas e matar pessoas, Fulk foi mais específico – “eu diria que isto é a arma perfeita para assassinar montes de pessoas”.
A alegação dos executivos (Obama, por exemplo) de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A é que o urânio empobrecido tem baixa radiação. Os estudos feitos por cientistas em quase todos os cantos do mundo mostram que o material usado pelos EUA e Israel contém um teor de plutônio, altamente radioativo e capaz de provocar doenças fatais em larga escala.
São os libertadores, os democratas, os cristãos, segundo Obama após o assassinato de Osama bin Laden – “que Deus proteja a América e os americanos”.
Hitler também achava que tinha mandato divino. 
Uma outra descoberta feita por cientistas está revelado no artigo de Lauren Moret. Ao retornar dos campos de batalha contaminaram suas mulheres com seu sêmen. Mulheres de 20 a 30 anos que foram parceiras sexuais de soldados norte-americanos desenvolveram endometriose e foram forçadas a sofrer histerectomias devido a problemas de saúde.
“Num conjunto de 251 soldados de um grupo de estudo no Mississipi que haviam tido bebês normais antes da guerra do Golfo, 67 por cento dos bebês do pós guerra nasceram com defeitos severos. Vieram à luz sem pernas, braços, órgãos ou olhos ou tiveram doenças do sistema imunitário e do sangue. O DEPARTAMENT OF VETERANS AFFAIRS, do governo, diz que não mantém registros sobre bebês defeituosos. Como eles fizeram para esconder isso?”     
Em estudos e providências sobre o uso do DU contra “inimigos” os terroristas nazi/sionistas de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A recomendaram o uso de DU “como contaminante permanente de terrenos, o qual poderia ser utilizado para destruir populações atráves da contaminação de abastecimentos e terras agrícolas com pó radioativo”.
O cineasta brasileiro Sílvio Tendler, em O VENENO ESTÁ NA NOSSA MESA mostra a extensão dos males causados por agrotóxicos no negócio do transgênico´. Lá está o AGENTE LARANJA. Breve, imensos desertos em áreas férteis do Brasil e a culpa vai ser do MST. Pelo menos é o que mostra a mídia podre e esta semana ISTO É – “A PROSTITUTA DAS REVISTAS BRASILEIRAS”, definição do presidente da editora da dita cuja – investitu em mentiras para os brasileiros.
Farte-se de soja, feijão, milho e derivados, de todos os transgênicos e sinta-se um líbio da vida. Os soldados da OTAN despejam toneladas de bombas com urânio empobrecido para “libertar” a Líbia e os rebeldes armados pelo terrorismo nazi/sionista recebem balas de DU.
Vinte e nove países no mundo compraram armas do sistema Phalank, que utiliza DU, fabricadas e testadas nos estaleiros navais Hunter Point, em 1977.
O exército americano usou munições de urânio empobrecido durante da GUERRA DO GOLFO (1991), atualmente na ocupação do Iraque. A OTAN utilizou-as na GUERRA DA BÓSNIA, as forças de defesa do Estado terrorista de Israel utilizaram e utilizam contra os cidadãos de Gaza. A Agência Internacional de Energia Atômica acolheu denúncia de governos árabes sobre o uso de munição de urânio empobrecido contra povos no Oriente Médio. 
Norte-americanos afirmam que as armas com urânio empobrecido não causam danos  nem ao ambiente e nem as pessoas. É o contrário. Ao explodir formam nuvens de de partículas ligeramente radioativas capazes de contaminar extensas áreas, ou seja, a verdade é diferente. Em 2001 as Nações Unidas descobriram que a munição de urânio empobrecido dos EUA e de Israel provém de usinas de reprocessamento, não de enriquecimento, portanto, contêm plutônio, com uma radioatividade mais alta do que se imagina, ou cinicamente se declara na política nazi/sionista de destruição de povos no mundo inteiro.
Os líbios são as vitimas neste momento.
É a democracia cristã, ocidental misturada ao nazi/sionismo de Israel, a fúria dos insanos. Abençoados por Bento XVI e Silas Malafaia no seu spray “mata capeta”.
Nada disso vai sair na GLOBO, nem nas páginas de VEJA, ou FOLHA DE SÃO PAULO. São podres e departamentos do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
Palestina já! A estrela de David virou suástica.

* a tradução do artigo de Lauren Moret e vários outros artigos e dados sobre as armas químicas e biológicas usadas pelo complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A podem ser encontradas em http://resistir.info/



Leia também:  Urânio empobrecido, uma estranha forma de proteger os civis líbios   

domingo, 18 de setembro de 2011

"A AJUDA HUMANITÁRIA CRISTÃ, DEMOCRÁTICA E OCIDENTAL"



Laerte Braga


Em 26 de dezembro de 2004 um tsunami de grandes proporções varreu o litoral e boa parte do interior da Somália. Milhares de pessoas morreram, perderam suas casas, plantações foram devastadas, a fome, que já era uma realidade brutal no país, assumiu caráter tétrico.

Uma das conseqüências do tsunami não estava prevista. Ao revolver o fundo do oceano milhares de tambores de lixo atômico, hospitar e tóxico de várias naturezas vieram a tona. Foram depositados ali por britânicos, norte-americanos, franceses, entre outros.

A democracia cristã e ocidental havia escolhido o litoral próximo à Somália para despejar seus dejetos industriais, nucleares, etc.

Nasceram no tsunami os chamados piratas somalis. Passaram a ser constantes os seqüestros de petroleiros, iates de luxo, cargueiros, em troca de resgate.

O jornal norte-americano THE NEW YORK TIMES, na semana passada, em matéria do repórter Jeffrey Gettleman, faz um breve histórico das condições atuais da Somália e afirma que nos próximos meses podem morrer 750 mil pessoas de fome. Mesmo a chegada da estação das chuvas e possibilidade de plantar não vai permitir a essas pessoas sobreviver. Não há tempo.

As forças da OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE – braço do complexo terrorista ISRAEL/EUA/TERRORISMO S/A, destruíram um aqueduto de três quilômetros e meio e cinco metros de diâmetro, que levava água a toda a população líbia. Foi construído pelo governo do coronel Muamar Gadaffi. A falta d’água atinge Trípoli, capital do país devastado por bombardeios aéreos no afã de conquistar o petróleo líbio. A UNICEF está advertindo o mundo por conta dessa catástrofe e tentando comprar água para suprir a deficiência – não existia antes da “ajuda humanitária” – evitando doenças, mortes, todas essas conseqüências das “libertações” promovidas por norte-americanos, suas colônias européias sob a batuta sionista que controla o complexo.

Não há a menor disposição de ajuda humanitária – sem aspas – à Somália.

O país vive um caos político, econômico e social e não tem a qualquer perspectiva de sair da crise a curto e médio prazos.

O ex-presidente George Bush (o pai), assim que terminou a primeira guerra do Iraque anunciou que o Kwait precisava criar estruturas democráticas para evitar situações como a que viveu com a invasão iraquiana, apoiada por boa parte de sua população. Bush do alto de sua criminosa política de destruição reclamou da falta de democracia nos países árabes e “exigiu” que medidas fossem tomadas nessa direção. Hipocrisia pura.

À época o general Hosny Mubarack era o presidente/ditador do Egito e aliado norte-americano. O rei da Jordânia governava e governa o país com mãos de ferro e é aliado dos norte-americanos e submisso a Israel. Como Mubarack também. A Arábia Saudita é a principal base do complexo terrorista no Oriente Médio e é governada com mão de ferro por uma família real que se sustenta no luxo e no esplendor proporcionados pelo petróleo entregue a companhias estrangeiras.

Os egípcios derrubaram a ditadura de Mubarak, mas permanecem os militares no governo sem nenhuma direção democrática. Continuam batendo continência para Washington e Tel Aviv e temem que uma eleição livre possa levar ao poder um governo que vá romper os acordos com Israel (que humilham o país) e resistir ao avanço nazi/sionista.

As ditaduras leais aos EUA e submissas a Israel permanecem intocadas. A Líbia foi arrasada pela OTAN. Líderes tribais foram armados para simular uma reação e forças estrangeiras transformaram a infra estrutura do país em pó. O petróleo é o alvo e os caminhos de Gadaffi não interessavam ao Ocidente cristão e democrático, sob o tacão nazi/sionista.

Há uma característica na ação do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A. Como controlam boa parte – a imensa maioria – da mídia privada em todo o mundo, revestem a boçalidade e a crueldade que é parte de sua genética imperialista do cinismo e da hipocrisia de “mundo livre”.

Você pode comprar um tênis ADIDAS a preço de banana. É produzido por trabalhadores escravos na China.

Os 750 mil somalis que vão morrer de fome nos próximos meses não têm idéia disso. São assolados por milícias, por grupos mercenários (alguns ligados a BLACK WATER, empresa terceirizada da força armada dos EUA) e por políticos corruptos.

Os palestinos de Gaza, mantidos sob um cerco estúpido por Israel e submetidos a crime de genocídio pelo “povo eleito”, não podem também receber ajuda humanitária. Os sionistas seqüestram, saqueiam, colocam no setor de secos e molhados e transformam em lucro. 

Cólera, febre tifóide e sarampo são algumas das doenças que vão matar milhares de somalis. Repete, como mostra a reportagem do THE NEW YORK TIMES a tragédia acontecida nos anos 90.

O mundo cristão, ocidental e democrático, sob a tutela do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A está, literalmente, se lixando para os somalis. Os norte-americanos alegam que tentaram ajudar e não conseguiram. Claro. Um exército de mercenários foi formado à época para saquear o país, estuprar mulheres somalis e tentar implantar um governo fiel a Washington. Como não era compensador do ponto de vista econômico largaram para lá.

É a face democrática, cristã e sionista (uma estranha mistura, mas negócios são negócios) do capitalismo.

Pensando bem, o que são 750 mil somalis comparados com os barris de petróleo da Líbia? Para o complexo terrorista que dispõe de armas capazes de destruir o planeta cem vezes, não representam nada. Ou por outra, custos.

É a lógica perversa do capitalismo.

Jeffrey Gettleman, o jornalista que revelou a situação atual da Somália afirma em seu trabalho a não preocupação do mundo livre, cristão, ocidental e democrático com o problema. As tentativas da ONU esbarram tanto nas dificuldades dentro da própria Somália, como no desinteresse dos países ocidentais.  Afirma categoricamente que “a situação não deve mudar”.

A visão do complexo terrorista é que somalis são piratas e a Somália é uma espécie – como outros países – de depósito do lixo do terror capitalista.

Na terça-feira a presidente do Brasil Dilma Roussef vai abrir mais uma Assembléia Geral das Nações Unidas. Será a primeira mulher a fazê-lo, já que cabe ao Brasil o primeiro pronunciamento de chefe de Governo e Estado. Em seguida fala o terrorista Barack Obama – às voltas com demagogia eleitoral –.

Será a grande oportunidade da presidente do Brasil afirmar seu repúdio a “ações humanitárias”, defender sem meias palavras o Estado Palestino e mostrar que o Brasil não está disposto a ser, no futuro (há todo um processo em curso para isso desde a entrega de parte do País no governo FHC), outro depósito do lixo capitalista.

Romper as amarras com esse mundo hipócrita e perverso e dizer um sonoro não à Comunidade Européia no que diz respeito a empréstimos.

Não se cogita de emprestar dinheiro para salvar empregos, para dar aos europeus melhores condições de saúde (gregos, portugueses, espanhóis, etc). Mas apenas de salvar bancos.

E bancos devem ser enterrados e não salvos.

Metade do dinheiro gasto pela OTAN para destruir a Líbia resolveria o problema da fome dos somalis. E dizem que Obama é negro. Sarah Palin, uma de suas prováveis adversárias, ex-governadora do Alasca, acredita inclusive que o presidente seja um muçulmano disfarçado com a tarefa de destruir a sociedade norte-americana.

Nos EUA, esse negócio de matar os pais e ir ao cinema, ou dar uma festa, é corriqueiro. Faz parte da cultura terrorista implantada pelo medo em cada cidadão do país.

Tem todo dia. Como todo dia tem a declaração oficial da Casa Branca. “Foi um ato covarde e que nos faz pensar sobre se nossa sociedade não está doente”.

É questão de tempo de verbo. É doente. E ainda mais agora sob controle nazi/sionista.  


sábado, 17 de setembro de 2011

A RECONSTRUÇÃO DA DESTRUIÇÃO - PALESTINA LIVRE

 

Laerte Braga


Terminada a operação “Choque e Pavor” que derrubou o regime de Saddam Hussein a pretexto de evitar a destruição do mundo (Tony Blair disse que Saddam era ameaça às democracias e a humanidade, pois tinha armas de destruição em massa), destruída a infraestrutura do Iraque (exceto a do petróleo), bancos e empreiteiras norte-americanas e de seus aliados/colônias começaram a discutir o processo de reconstrução do país.

Um aqueduto de três mil e quinhentos metros de comprimento, cinco metros de diâmetro e que levava água aos líbios transformando o deserto em terra produtiva foi destruído pelos bombardeios humanitários da OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte, braço de ISRAEL/EUA/TERRORISMO S/A). Falta água em Trípoli, capital da Líbia. A UNICEF está providenciando compra e remessa do líquido para tentar evitar mortes, doenças, coisas do gênero provocadas pelas missões libertárias dos terroristas detentores de pelo menos cinco mil armas de destruição em massa e extermínio da humanidade.

Israel é um estado inventado pelas grandes potências ao término da 2ª Grande Guerra. Uma forma de compensação ao povo judeu vítima da barbárie nazista. É a versão oficial vendida ao mundo e aos incautos que acreditam na mídia privada.

O que desejavam na verdade e continuam a desejar é o controle do petróleo na região e para isso é fundamental evitar governos que não sejam corruptos, lógico, aliados da democracia cristã, ocidental e sionista (uma esdrúxula mistura de banqueiros, empresários e latifundiários num grande complexo terrorista com sede em Washington).

“Ajuda humanitária” para derrubar o governo Líbio, acordo para evitar problemas para substituir o presidente do Iêmen, aliado do terrorismo capitalista.

Os militares egípcios batem continência para Washington e para Tel Aviv. A derrubada do presidente/ditador Hosni Mubarak não significou mudança alguma nas políticas do governo de Cairo. Há dias manifestantes invadiram a embaixada do simulacro de nação Israel, em protesto contra as boçalidades e saques diários contra a Palestina e palestinos.

O fato se repetiu na Jordânia, onde o rei se curva diante de Israel. Na Arábia Saudita um aparato de repressão sem tamanho mantém uma família real podre e corrupta no poder. Riad é a a principal base do complexo terrorista ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A no Oriente Médio. Israel não é base mais, tornou-se acionista principal do complexo, proprietária dos EUA e por extensão do resto.

Líderes da Comunidade Européia reuniram-se para discutir a realidade da falência dos países que formam a mais importante base do complexo terrorista em todo o mundo. A preocupação é com os bancos. As medidas discutidas e que devem ser adotadas têm um norte – salvar os bancos.

No caso especifico o dinheiro prometido à Grécia, uma das mais fracas dentre as vítimas do complexo, só sai depois de reformas. A rendição absoluta vem primeiro e as reações do povo grego ao processo imposto ao país não agradam aos donos.

Em nenhum momento líderes como o nazi/sionista David Cameron, ou o pedófilo Sílvio Berlusconi (agora chamou a chanceler alemã de “gorda), ou o galã Sarkozy discutiram a situação de trabalhadores, ou cidadãos de seus países. Bancos são a grande preocupação dos líderes da Europa Ocidental. Uma parte do mundo em franco processo de decomposição. O velho incesto desde que Cameron decretou o fim do multiculturalismo.

As deformidades morais e físicas da podridão.

Em


É  possível assistir ao horror de um cidadão grego em desespero ateando fogo ao próprio corpo. Para os banqueiros um tresloucado, para os governantes um terrorista, ou um doente mental. Para a nação grega alguém que percebeu que é apenas um número, infinitesimal, na barbárie do regime capitalista.

Salvem os bancos.

Empreiteiras de todo o mundo aliado do terror devem ser convocadas para “reconstruir” a Líbia. Bilhões de dólares em negócios, milhões de pessoas jogadas à própria sorte e condenadas à fome, ao desemprego, ao total abandono.

O presidente da Palestina, Mahmoud Abbas vai discursar na Assembléia Geral das Nações Unidas, na próxima semana. Vai pedir o reconhecimento da Palestina como Estado. As indicações e levantamentos feitos mostram que o pedido de Abbas deve ser aprovado pela maioria necessária e vetado pelos Estados Unidos.

De que vale a ONU nesse caso? Se isso vier a ocorrer?

Bush ignorou e desrespeitou a decisão do Conselho de Segurança para aguardar uma prova definitiva sobre armas químicas e biológicas (que não haviam) no Iraque e invadiu o país, invadiu e ocupou a revelia da ONU.

O principal funcionário do terrorismo internacional – ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A – Barack Obama já disse que veta uma decisão que possa criar o Estado Palestino.

A mídia brasileira dá sinais que a presidente Dilma Roussef pretende discursar anunciando apoio do Brasil ao Estado Palestino. É uma decisão que vem do governo Lula do qual Dilma era ministra. O Brasil, por tradição, é o país que abre a Assembléia Geral da ONU.

Os palestinos tiveram suas terras e riquezas roubadas por maquinações das grandes potências após a 2ª Grande Guerra e hoje Israel mantém as políticas de extermínio, saque, todas as formas de barbárie imagináveis num Estado imposto em moldes sionistas/nazistas. O fundador de Israel, ou assim considerado, Ben Gurion, foi colaborador do regime de Hitler. 

O que o mundo assiste hoje e o ato do cidadão grego é um reflexo do desespero que cedo ou tarde vai permear inclusive as múmias que se postam diante das “verdades” mentirosas da mídia, é o terror de bancos, grandes complexos empresariais e latifundiários.

Aqui, por exemplo, o Tribunal de Justiça de Minas determinou que os professores voltem ao trabalho. O governador Antônio Anastasia lidera uma quadrilha, extermina o estado de Minas, é um ser repulsivo. O Tribunal de Justiça há pouco tempo afastou a ex-mulher de um desembargador que negociou sua pensão em troca de um cargo no TJ e quase ao mesmo tempo, outro desembargador, esse vendia sentenças.

É um modelo falido em todos os cantos e a presidente Dilma imagina poder ajudar a Comunidade Européia. É um escárnio sequer pensar nisso. Estará ajudando a banqueiros e grandes empresários, lesando o povo brasileiro e dando as costas ao grego e todos os povos vítimas da crise dos bancos – especulação, extorsão, chantagem, etc.

Mais vale o cidadão grego que se imolou em protesto contra a destruição de seu país que qualquer majestade inglesa, refestelada em palácios suntuosos – a riqueza veio das antigas colônias do extinto império britânico.

O que fazem, sempre fizeram, é reconstruir a destruição que eles próprios promovem.

Viva o Estado Palestino!  Simboliza todos os oprimidos em todo o mundo capitalista/terrorista.    


 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Internet assusta os poderosos


A medida em que um número maior de pessoas vai tendo acesso à internet, fica cada vez mais difícil para os meios tradicionais de comunicação realizar desvios na produção de notícias. Estão sendo levantados os véus de interesses que recobrem o noticiário divulgado por grandes meios de comunicação, não só no Brasil mas em várias outras partes do mundo.
Laurindo Lalo Leal Filho

(*) Artigo publicado originalmente na Revista do Brasil, edição de setembro de 2011.
         Numa noite de sábado o Jornal Nacional surpreendeu os telespectadores. Depois de um intervalo comercial, os apresentadores titulares do programa (que geralmente não trabalham aos sábados) passaram a ler o princípios editoriais das Organizações Globo. Muita gente ficou intrigada. Porque aquilo naquela hora? Não havia mais nenhuma notícia importante no mundo a ser dada? E porque só agora, depois de 86 anos de existência, a empresa resolveu divulgar na TV suas normas de trabalho?
         Milhões de telespectadores em todo o Brasil ficaram sem respostas. Só quem tem acesso à internet soube do que se tratava. A explicação para o inusitado texto lido no Jornal Nacional estava no blogue “O Escrevinhador”, de Rodrigo Vianna. Nele eram reproduzidas informações de um jornalista da Globo sobre como a emissora pretendia cobrir a indicação do embaixador Celso Amorim para o Ministério da Defesa.
         Durante os oito anos do governo Lula em que esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores, Amorim sempre foi visto com desagrado pelas Organizações Globo. A empresa não engolia as posições do ministro em defesa da soberania nacional, principalmente quando elas não coincidiam com os interesses dos Estados Unidos.
         A volta de Amorim ao primeiro escalão do governo foi uma afronta para a Globo. Segundo o jornalista mencionado no blogue a orientação da empresa era clara: “os pauteiros devem buscar entrevistados para o Jornal Nacional, Jornal da Globo e Bom dia Brasil que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar ‘turbulência’ no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha”.
         Pena que só internautas atentos ficaram sabendo disso. Jornais e revistas não repercutiram o assunto e muita gente acabou achando que, finalmente, a Globo havia tomado a iniciativa magnânima de expor à sociedade seus princípios editoriais partindo de vontade própria.
         Mas mesmo atingindo um público relativamente muito menor do que o da televisão, a internet prestou um bom serviço à sociedade. Inibiu um pouco a ação nefasta armada contra o novo ministro e mostrou que a poderosa organização não consegue mais fingir que denúncias e criticas não a atingem. A Globo sentiu o golpe e tentou responder recorrendo a princípios por ela violados várias vezes ao longo de sua história.
         Esperava-se uma mudança de conduta a partir daquele momento. Não foi o que ocorreu. Na mesma edição a apresentadora do Jornal Nacional disse o seguinte: “está foragida a merendeira que pôs veneno de rato na comida de crianças e professores numa escola pública de Porto Alegre”, mostrando uma foto da moça de 23 anos.
         Poderia até ser verdade, mas o Jornal Nacional baseava-se apenas numa versão da policia, negada pela acusada. Seu advogado havia divulgado a palavra dela, através da Rádio Guaíba, oito horas antes do JN ir ao ar. Mas para não perder uma notícia espetacular – envenenamento de crianças – nada disso foi levado em conta. Nem os tais princípios editoriais.
         Se não fosse outra vez a internet, fatos como esse não estariam sendo contados aqui em detalhes. Foi o blogue do Mello que registrou a violação dos princípios editorais da Globo, na mesma edição em que eles foram divulgados, acompanhados da gravação do desmentido da merendeira feito através do rádio.
         Dessa forma vão sendo levantados os véus de interesses que recobrem o noticiário divulgado por grandes meios de comunicação, não só no Brasil mas em várias outras partes do mundo. Parece ser um caminho sem volta.
         A medida em que um número maior de pessoas vai tendo acesso à internet, fica cada vez mais difícil para os meios tradicionais de comunicação realizar desvios desse tipo.

        * Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A CALÇA E SEUS REMENDOS



Laerte Braga


O problema é que num determinado momento que não há mais o que remendar. Nem colocar remendos sobre remendos. Vai ser um tal de arrebenta aqui, arrebenta ali e o rei vai ficar nu. O rei ficar nu nada demais. O pior disso é que para se vestir sua majestade desanda a maquinar remendos/arranjos que serão pagos pelos trabalhadores, os costureiros/as.

Ai é o diabo. Nem o tal “mata capeta”, spray inventado por um pilantra travestido de pastor (vende nuvens no céu para moradia futura dos fiéis) resolve.

Os índices de pobreza nos Estados Unidos são os mais altos da história do país. Os índices de riqueza das elites norte-americanas são também os mais altos de todos os tempos.

O terror neoliberal se impõe com ogivas nucleares espalhadas pelo mundo – principalmente as colônias agregadas sob o nome de Comunidade Européia.

Países da Comunidade Européia querem ajuda dos países que formam o BRICS. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Já não bastam os tesouros acumulados e desperdiçados ao longo dos séculos, desde os tempos em que a América, a África e a Ásia eram colônias em sua grande maioria.

A dívida dos EUA é impagável.

Barack Obama, em plena campanha pela reeleição, enviou carta a cada uma das famílias de vítimas da ação de guerra que derrubou as torres gêmeas do World Trade Center falando em vigilância, segurança, contribuição patriótica, o de sempre.

Brad Manning, o militar que é acusado de liberar documentos secretos norte-americanos para o site WIKILEAKS continua preso em condições subumanas e o campo de concentração de Guantánamo funcionando a pleno vapor.

Israel prossegue sua sanha sanguinária de buscar o extermínio do povo palestino. A ONU vota neste mês o reconhecimento do Estado Palestino. Os EUA são contra. Israel detém o controle acionário do país.

A Turquia assesta sua defesa antiaérea para poder atingir Israel diante das barbáries do governo de Tel Aviv, inclusive contra turcos (cinco foram assassinados numa das flotilhas humanitárias que levavam ajuda a Gaza e a ajuda, lógico, confiscada, entra na coluna do lucro).

Neste momento e até segunda ordem o Irã deixou de ser o grande vilão do mundo cristão, democrático e coisa e tal. Os remendos da calça do capitalismo não se sustentam mais, a cada dia o rei tenta tampar um buraco, mas aparece outro.

O modelo está falido.

Num desses atos da boçalidade que marca a tal democracia cristã e ocidental aviões da OTAN – braço terrorista europeu de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A – bombardearam e destruíram o maior aqueduto do planeta. Um rio subterrâneo construído na Líbia, com três mil e quinhentos quilômetros de extensão, cinco metros de diâmetros que levou água a todos os líbios.

Permitiu o desenvolvimento da agricultura, geração de energia e condições de saneamento mínimas, além de muitos outros benefícios. A UNICEF, órgão das Nações Unidas está comprando água para distribuir aos cidadãos de Trípoli, capital da Líbia, agora “libertada” pelas tais forças cristãs, democráticas, etc.

Falta água na Líbia, mas o petróleo está garantido para as grandes empresas que controlam o setor e são acionistas privilegiados do complexo capitalista/terrorista que controla o mundo.

O aqueduto construído pelo governo do coronel Gadaffi permitiu transformar o deserto em região fértil. Os aviões da OTAN levaram de volta a infertilidade na barbárie definida pelo governador geral da Micro Bretanha – antiga Grã Bretanha – como o “fim do multiculturalismo”.

Mas querem ajuda de países como o Brasil, a Índia e a África do Sul, além de Rússia e China. Ora como? Não somos um povo miscigenado?

As calças estão rotas, não há chances de remendo, os países da Comunidade Européia vivem um processo de extinção que se segue à colonização imposta por ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.

Quem sabe não importam o pastor Malafaia e seu novo “mata capeta”. Às vezes, nunca se sabe, o spray abre uma linha direta com o divino e conseguem que a rainha Elizabeth tenha mais cem anos de reinado. Compra uma nuvem, reina dos céus.

É só não levar o príncipe Charles. Esse não tem jeito. Lionel Messi joga muito mais e é latino, argentino. E não sei se nas nuvens de Malafaia existem farmácias que vendam “tampax”.

Não há como remendar essa calça. Está pronta para ser jogada no lixo. O capitalismo vive seus estertores na inconseqüência que traz consigo em cada um dos seus momentos. Na barbárie que lhe é implícita. O principal gene do modelo.

E nem devem os países do BRICS colocar seu rico dinheirinho para socorrer falidos, já que não socorrem seres humanos. Mas banqueiros, grandes empresários e controladores dos nossos latifundiários.

No caso do Brasil. Paga 12% para tomar dinheiro emprestado e empresta pela metade a essa súcia européia. Por que?

No final das contas quem paga somos os brasileiros.

É a típica armadilha que no nosso caso se desenha nas contradições do governo. Uma no cravo e outra na ferradura e o peso de alianças que forjam ministros como esse do Turismo que saiu enquanto o que entra vai aguardar sua vez.

Aí deita e rola a mídia inconseqüente e venal, ressuscitam vozes dos porões da ditadura militar preocupadas com a Comissão da Verdade e no final sobra sempre o risco de um tresloucado como Aécio Neves ser eleito presidente.

Dá para imaginar Aécio desembarcando num aeroporto de um país qualquer da Comunidade Européia, vestido de conde mineiro (pobre Minas Gerais governada por um ornitorrinco) e jogando dinheiro para o alto?

Não vai nem querer passar perto do bafômetro.

O governo Dilma não pode imaginar que a calça remendada dos países da Comunidade Européia tenha que ser cerzida pelo dinheiro brasileiro. Não tem como.

Professores, profissionais de saúde no Brasil, servidores públicos (serviços públicos são direitos fundamentais do cidadão, dever do Estado) vivem jogado ao relento nas políticas voltadas para os interesses das elites.

Ou o governo toma um rumo ou continua à deriva e a mercê dos bandidos que infestam tanto essa arca da aliança – espúria – como a oposição, montada no viés tucano de vestir o País e o povo com calças irremendáveis.

Esse modelo já foi para as calendas. É hora de realidade, logo é hora de luta nas ruas. Do contrário vamos pagar os custos da Maison Dior, enquanto os professores são espancados pelas polícias militares que matam juízes/as e fazem acordo com traficantes.

Não dá nem para fazer uma colcha de retalhos. Isso se faz com perfeição aqui em Minas Gerais (longe de Aécio), nos estados do Nordeste e do Norte (longe de coronéis como Sarney), na luta dos trabalhadores, nunca nos vestidos de madame Alckimin e quatro milhões de devo no dinheiro público da Prefeitura de São Paulo.

Não dá capa de VEJA. A revista, O GLOBO, ÉPOCA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, ISTO É foram comprados por nove milhões de reais traduzidos em assinaturas para distribuição na rede de escolas públicas e em troca do silêncio.

A ajuda a Comunidade Européia (isso é disfarce, na verdade bases do completo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A) é armadilha. Mais ou menos como as caçadas do rei da Espanha. Cinco mil dólares por búfalo abatido. No caso, querem abater o Brasil.

É que nem aquela história né, só porque John Wayne usava calças de brim, calças jeans significam liberdade.

Usava botas também e esporas. Continuam usando. Pesados coturnos com que sufocam trabalhadores no mundo inteiro, enquanto mantêm a glória dos banqueiros. Das grandes corporações e latifundiários que nos servem veneno no agrotóxico de cada dia.

Manda o Sérgio Cabral para Paris, contrata o escritório da mulher dele, quem sabe essa combinação “mata capeta” com Cabral e Aécio (são aliados agora) não consegue resolver o problema das rotas calças européias, legalizando tudo assim que nem a casa ilegal do Luciano Huck?

É tudo questão de por cento.    

Ah! De quebra podem contratar também o Ricardo Teixeira e os juízes e bandeirinhas do campeonato brasileiro. No mínimo dá empate. Os dois lados falam.