quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Mundo pós-EUA nasceu em Phnom Penh

20/12/2012 - original de 27/11/2012, Spengler, Asia Times Online
- “Post-US world born in Phnom Penh- por David P. Goldman (Spengler)
- Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


É sintomático, da condição nacional em que estão os EUA, que a maior humilhação jamais sofrida pelo país como nação, e por um presidente dos EUA pessoalmente, tenha passado praticamente sem qualquer comentário, semana passada.

Refiro-me ao anúncio, dia 20 de novembro, em reunião que acontecia em Phnom Penh, de que 14  nações asiáticas, nas quais vive metade da população do planeta, estão formando uma Parceria Econômica Regional Ampla [orig. Regional Comprehensive Economic Partnership], que exclui os EUA.

O presidente Barack Obama participou da reunião para vender uma Parceria Trans-Pacífico com base nos EUA que excluiria a China. Não vendeu.

A parceria liderada pelos americanos virou festa para a qual nenhum convidado apareceu.

Regional Comprehensive Economic Partnership (mapa)
Diferente disso, a Associação de Nações do Sudeste Asiático [orig. Association of Southeast Asian Nations] “mais” China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia, formará um clube que deixa de fora os EUA.

Com 3 bilhões de asiáticos cada dia mais prósperos, desvanece-se o interesse pela contribuição possível de 300 milhões de norte-americanos – especialmente quando os americanos cada vez menos assumem os riscos de novas tecnologias.

Da grande força econômica dos EUA, a saber, de sua capacidade para inovar, existe principalmente a lembrança, com a crise econômica já entrando no quarto ano, desde 2008.

Regional Comprehensive Economic Partnership (países membros)
Questão deixada de lado na campanha eleitoral, a iniciativa da Parceria Trans-Pacífico foi objeto de muita agitação no circuito político. Salon.com exaltava, dia 23/10:

"Esse acordo é parte nuclear do movimento de “pivô” na direção da Ásia e ocupou inúmeros think tanks e políticos em Washington, mas permaneceu encoberto pelo alarido e alvoroço da eleição. Mas mais que qualquer outra política, as tendências que a Parceria Trans-Pacífico representa podem reestruturar as relações exteriores dos EUA e, potencialmente, a própria economia."

De fato, essa visão grandiosa, de mudança de jogo, só mobilizou aquela gente triste, estranha, que agita a política nos intestinos do governo Obama.

A importância relativa dos EUA está sumindo.

Para pôr esses temas em contexto: as exportações dos países asiáticos cresceram mais de 20% a partir do pico de antes da crise econômica de 2008; enquanto as exportações europeias caíram mais de 20%. As exportações norte-americanas cresceram só marginalmente (cerca de 4%) a partir do pico pré-2008.

Prova 1: Exportações da Ásia, Europa e EUA
As exportações da China para a Ásia, por sua vez, cresceram 50% a partir do pico pré-crise; as exportações para os EUA cresceram cerca de 15%. Em US$90 bilhões, as exportações da China para a Ásia são três vezes o que o país exporta para os EUA.

Depois de meses e ousadas (além de completamente erradas) previsões de que a economia chinesa teria pouso turbulento, é hoje evidente que a China não terá pouso algum, nem turbulento, nem não turbulento. O consumo doméstico, como as exportações para a Ásia estão ambos próximos de 20% acima dos níveis do ano passado, compensando a fragilidade de alguns mercados de exportação e do setor de construção. Estagnadas estão, isso sim, as exportações para a moribunda economia dos EUA.

Prova 2: Exportações da China para a Ásia vs EUA
Fonte: Bloomberg
Em 2002, a China importou cinco vezes mais da Ásia do que dos EUA. Hoje, importa 10 vezes mais da Ásia, que dos EUA.

Prova 3: Importações chinesas dos EUA e da Ásia
Fonte: Bloomberg
Seguindo padrões comerciais, as moedas asiáticas começaram a ser negociadas em termos mais próximos do renminbi chinês, que do dólar norte-americano.

Arvind Subramanian e Martin Kessler escreveram, em outubro de 2012, em estudo para o Peterson Institute:

"O crescimento de um país para a dominância econômica tende a ser acompanhado por sua moeda tornar-se um ponto de referência, com outras moedas acompanhando-a, implícita ou explicitamente. Para uma amostra de economias de mercado emergentes, mostramos que, nos últimos dois anos, o renminbi (RMB/yuan) tornou-se crescentemente moeda de referência, o que definimos como aquela que mostra alto grau de comovimento com outras moedas."

"No Leste da Ásia já há um bloco renminbi, porque o renminbi tornou-se moeda dominante de referência, eclipsando o dólar, o que é desenvolvimento histórico. Nessa região, sete moedas, dentre 10, comovimentam-se mais próximas do renminbi do que do dólar, com o valor médio do comovimento com o renminbi sendo 40% maior do que com o dólar. Descobrimos que comovimentos com uma moeda de referência, especialmente para o renmimbi, estão associados com integração comercial."


"Extraímos algumas lições das prospectivas para o bloco do renminbi de mover-se além da Ásia, baseadas numa comparação entre a situação de hoje do bloco renminbi e a do yen japonês no início dos anos 1990s."


"Se o comércio fosse a única força, um bloco renminbi mais global pode emergir em meados dos anos 2030s, mas reformas complementares do setor financeiro e externo podem acelerar consideravelmente o processo."

Tudo isso é bem conhecido e está exaustivamente discutido. A questão é o quê os EUA farão sobre isso, se é que farão alguma coisa.

Onde os EUA têm uma vantagem competitiva?
Além da aviação comercial, equipamento de geração de energia e da agricultura, há algumas poucas áreas de real destaque industrial. O gás natural barato ajuda algumas indústrias de baixo valor agregado, como a de fertilizantes, mas os EUA estão ficando para trás no espaço industrial.


Há quatro anos, quando Francesco Sisci e eu propusemos um acordo monetário sino-americano, como âncora para a integração comercial, os EUA ainda dominavam a indústria de usinas nucleares.

Com a venda do braço de energia nuclear da Westinghouse à Toshiba, e das joint-ventures da Toshiba com a China para construir usinas nucleares locais, aquela vantagem evaporou.

O problema é que os americanos pararam de investir em indústrias de alta tecnologia e alto valor agregado que produzem manufaturas de que a Ásia carece. Os pedidos de bens de capital de manufaturas estão 38% abaixo do pico de 1999, descontada a inflação. E as alocações de capital de risco em manufatura high tech secaram.

Prova 4: Colapso das alocações de capital de risco para indústrias relacionadas às exportações (Março 2003=100)
Fonte: National Venture Capital Association

Prova 5: Pedidos de bens de capital norte-americanos quase 40% abaixo do pico de 1999 em termos reais
Fonte: Bureau of Economic Analysis
Sem inovação e investimento, todos os acordos comerciais que o circuito político em Washington conceba pouco ou nada ajudarão. Nem ajudará, deve-se acrescentar, algum ajuste nas taxas de câmbio.

Difícil imaginar o que o presidente Obama teria em mente ao chegar à Ásia com proposta de uma Parceria Trans-Pacífico desenhada para manter a China ao largo.

O que os EUA têm a oferecer aos asiáticos?

Estão tomando emprestados $600 bilhões por ano, do resto do mundo, para financiar uma dívida estatal de $1,2 trilhões, principalmente do Japão (a China foi vendedora líquida de seguros do Tesouro durante o ano passado).

São tomadores de capital, não provedores de capital.

São grande mercado importador, mas o mercado está diminuindo rapidamente, em importância relativa, enquanto o comércio intra-asiático cresce mais rapidamente que o comércio com os EUA.

E a força dos EUA como inovadores e incubadores de empreendedores diminuiu drasticamente desde a crise de 2008, sem agradecimentos ao governo Obama, que impôs dura tarefa aos que pensem em iniciar um negócio, sob a forma de seu programa de assistência à Saúde.

Países participantes da reunião de Phnon Penh (note local da bandeira dos EUA) Washington pode querer muito “pivotar-se” na direção da Ásia.

Em Phnom Penh, contudo, líderes asiáticos, de fato, convidaram Obama a fazer um pivô de 360 graus e voltar para casa. 

Fonte:
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/12/mundo-pos-eua-nasceu-em-phnom-penh.html

Não deixe de ler:
Os BRICS no FMI e no G-20, de Paulo Nogueira Batista

Nota:
A inserção de algumas imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e inexistem no texto original.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Os BRICS no FMI e no G-20 [1]

18/12/2012 - Paulo Nogueira Batista [2] - Carta Maior

Há controvérsias sobre o real significado e a importância prática dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Os críticos e céticos sustentam que o agrupamento é artificial, mais emblema ou marca do que realidade política.

Apontam para as enormes diferenças – históricas, culturais, políticas e econômicas – entre os integrantes. Duvidam de que os cinco países possam, de fato, atuar de forma coordenada.

É inegável que as dificuldades de coordenação dos BRICS são consideráveis. Mas também é inegável que os BRICS vêm marcando presença no campo internacional.

Tenho vivenciado esse processo de coordenação com seus avanços e suas dificuldades, desde 2008, no âmbito da diretoria do FMI e das reuniões do G-20. Quando cheguei a Washington, em abril de 2007, os BRICS não existiam como aliança e realidade política. Na época, tratava-se realmente de uma mera sigla – inventada, como se sabe, por um economista do banco de investimentos Goldman Sachs, Jim O’Neill.



Na diretoria do FMI e no G-20, a atuação conjunta dos quatro países (a África do Sul só se juntou ao grupo em 2011) começou em 2008, por iniciativa da Rússia.

A primeira cúpula dos líderes dos BRICS realizou-se em Yekaterinburgo, na Rússia, em 2009.

Os BRICS têm altos e baixos, momentos de maior proximidade e de maior distância, mas uma coisa é certa: essa tem sido para o Brasil a principal aliança desde 2008, pelo menos no que se refere ao G-20 e FMI. Ressalto: os BRICS muito mais do que outros países latino-americanos, mesmo os de maior porte.


Por motivos que variam de país para país, os latino-americanos não têm tido papel tão relevante como aliados do Brasil no terreno financeiro internacional.



O diretor executivo da Rússia no FMI, Aleksei Mozhin (foto), que está na instituição há 20 anos, disse em seminário recente na Brookings Institution, em Washington, que o surgimento dos BRICS foi a maior mudança na governança do Fundo desde a sua chegada à diretoria do FMI.


Posso confirmar que, nos últimos cinco anos, a nossa atuação conjunta tem sido uma alavanca importante em vários temas estratégicos. A afinidade de pontos de vista é particularmente nítida entre as cadeiras brasileira, russa e indiana.

Os cinco diretores executivos dos BRICS no FMI se reúnem com muita freqüência para coordenar posições sobre temas na pauta da diretoria ou iniciativas nossas. Cada passo do grupo demanda muita preparação e articulação.

No caso de alguns países, notadamente a China, o processo de tomada de decisão é lento e complexo e inclui consultas a várias instâncias em Pequim. O esforço de articulação é trabalhoso, às vezes penoso, mas produz seus frutos.

Em matéria de reformas de quotas e da governança do FMI, por exemplo, os BRICS atuam freqüentemente de forma coordenada, inclusive preparando statements conjuntos para reuniões da Diretoria.

A principal dificuldade de coordenação interna dos BRICS é o peso desproporcional da China quando comparado ao dos demais países.
Os chineses têm porte e recursos para, em alguns casos, enxergarem vantagens em negociar separadamente com os EUA e os europeus.

Por esse motivo, entendimentos entre Brasil, Rússia e Índia funcionam às vezes como contrapeso à inclinação da China de atuar em faixa própria.

As dificuldades de coordenação entre os BRICS são naturais e inevitáveis. Refletem as diferenças de interesse, de dimensão econômica e de caráter político ou cultural. Apesar dessa diversidade, permanece o fato de que os cinco países têm demonstrado interesse consistente em atuar de maneira coordenada em muitos temas da agenda internacional.

Não se deve tampouco exagerar o significado dessas dificuldades de coordenação. Afinal, mesmo agrupamentos mais homogêneos e mais antigos, 
como o bloco europeu, se debatem com agudas divergências.

No FMI, a aliança entre os BRICS já é reconhecida como parte da paisagem.

Como mecanismo de articulação, os BRICS se tornaram muito mais relevantes do que o G-11, o tradicional agrupamento das 11 cadeiras da Diretoria Executiva comandadas por países em desenvolvimento [3]. Apenas as cadeiras europeias têm coordenação mais estreita. A administração da instituição e os diretores executivos dos países avançados fazem o que podem para detectar e explorar diferenças de posições entre os BRICS.


Entre as capitais, a coordenação é dificultada pela distância geográfica. Mesmo assim, os ministros de Finanças e presidentes de Banco Central dos BRICS se reúnem com certa periodicidade – duas ou três vezes por ano, em média, nos anos recentes. E se falam com freqüência, apesar das diferenças de fuso horário.

Os chefes de Estado e governo se encontram nas cúpulas anuais – foram quatro desde 2009, a última delas na Índia, em março de 2012. A próxima será na África do Sul, em março de 2013. A de 2014 será no Brasil.

Os líderes dos BRICS também se reúnem por ocasião das cúpulas do G-20. Por exemplo, em Cannes, em novembro de 2011 e em Los Cabos, em junho de 2012. No espaço de oito meses, os líderes dos BRICS se reuniram nada menos do que três vezes.

O que os BRICS têm em comum?
Para além de todas as diferenças, fundamentalmente o seguinte: são países de grande dimensão econômica, geográfica e populacional.


Brasil, Rússia, Índia e China fazem parte dos dez maiores países do mundo em termos de PIB, área e população. Por isso mesmo, todos eles têm capacidade de atuar com autonomia em relação às potências ocidentais – os Estados Unidos e a Europa. Isso vale, sobretudo, para os quatro integrantes originais do grupo mas, creio, que crescentemente também para a África do Sul.

Esse é o aspecto crucial: a capacidade de decidir de forma independente. A grande maioria dos demais países emergentes e em desenvolvimento – mesmo os que têm certo porte – não possui essa capacidade, pelo menos não na mesma medida. Em muitos casos, o que ainda se vê é uma relação de estreita dependência e alinhamento mais ou menos automático aos Estados Unidos ou aos principais países da Europa.
Essa atuação independente reflete, evidentemente, a posição econômico-financeira dos BRICS.

Nenhum deles depende de capitais externos europeus ou norte-americanos ou da assistência financeira do FMI ou de outros organismos ainda controladas pelas potências tradicionais.

Isso reflete inter alia a sua solidez fiscal, de balanço de pagamentos e de reservas internacionais.

Nos anos recentes, os BRICS tornaram-se inclusive credores líquidos do FMI, participando com grandes somas dos empréstimos levantados pela instituição para fazer face à crise iniciada nos países avançados em 2008.



Um dos acontecimentos mais significativos da cúpula do G20 em Los Cabos, no México, em junho, foi a reunião prévia dos líderes dos BRICS. A reunião foi antecedida de muita discussão entre os cinco países e tratou principalmente de dois temas – um deles totalmente novo.

O primeiro tema foi a decisão de confirmar o anúncio de novas contribuições ao financiamento do FMI. A China anunciou a intenção de contribuir com US$ 43 bilhões adicionais; o Brasil, a Rússia e a Índia anunciaram US$ 10 bilhões cada; África do Sul entrará com US$ 2 bilhões.

Na rodada anterior de levantamento de empréstimos para o FMI em 2009, os BRIC entraram com o equivalente a US$ 92 bilhões – a China com US$ 50 bilhões, Brasil, Rússia e Índia com US$ 14 bilhões cada.

O total de US$ 75 bilhões anunciado em Los Cabos ficou condicionado ao entendimento de que o FMI só lançará mão desses novos recursos depois que os fundos existentes na instituição tenham sido substancialmente utilizados. Esse ponto é importante para promover uma adequada distribuição do ônus entre os diferentes credores do FMI, como mencionou o comunicado emitido após a reunião dos BRICS.


O comunicado dos BRICS observou, também, que as contribuições foram anunciadas com base no entendimento de que as reformas do FMI serão plenamente implementadas, conforme acordo a que se chegou no G-20 em 2010. Isso inclui, como se sabe, uma revisão abrangente do poder de voto e das quotas.

Essa observação reflete a insatisfação dos BRICS com o ritmo de implementação das reformas do FMI, que expressaram em mais de uma ocasião.

Há muita inércia institucional e apego ao status quo no Fundo. Em razão disso, aumentou a disposição dos BRICS de considerar iniciativas na área monetária internacional fora do âmbito do FMI.

A grande novidade em Los Cabos foi exatamente o lançamento de um fundo ou pool de reservas dos BRICS. A iniciativa foi pacientemente costurada em entendimentos ao longo de maio e junho. Na cúpula dos BRICS, formalizou-se a decisão de iniciar a discussão de um fundo de reservas comum dos BRICS.

Os líderes dos BRICS pediram a seus ministros de Finanças e presidentes de Banco Central que trabalhem conjuntamente nesse tema e tragam os resultados para a próxima Cúpula dos Líderes dos BRICS, na África do Sul, em março de 2013. Posteriormente, foi criado um grupo de trabalho com representantes dos cinco países, sob coordenação brasileira.



Um fundo de reservas dos BRICS teria natureza preventiva e representaria a criação de um mecanismo de solidariedade financeira entre os cinco países, a ser acionado em momentos de dificuldade. As reservas somadas dos cinco países alcançam aproximadamente US$ 4,3 trilhões – uma base mais do que suficiente para respaldar a iniciativa.

O fundo comum de reservas poderia ser acionado por qualquer país que eventualmente precisasse de apoio, de acordo com regras e procedimentos que estão sendo negociados. O fundo pode ser “virtual”, isto é, as reservas continuariam nos bancos centrais de cada um dos BRICS só sendo desembolsadas se algum dos cinco países necessitar de acesso aos recursos do fundo.

Ainda que não venha a ser utilizado com freqüência, dado que a posição dos BRICS é sólida, a existência do fundo proporciona importante reforço adicional de confiança.

A disposição de formalizar o início de uma discussão conjunta revela o estreitamento dos laços entre os BRICS e a sua disposição de enfrentar em conjunto os desafios do quadro internacional.


**********


O ministro Antonio Patriota (foto) acertou, no meu entender, quando comparou a coordenação entre os BRICS à nossa aproximação com os EUA no início do século XX, época do Barão de Rio Branco [4] . Um grande legado do Barão, disse Patriota, é a capacidade de apreensão das mudanças.

Na época em que o dinamismo econômico e o eixo de poder mudavam da Europa para os Estados Unidos, ele teve a capacidade de estabelecer uma boa relação com os EUA.

Transferindo para hoje, o movimento equivalente é a coordenação com os BRICS.

NOTAS
[1] Versão ampliada e revista de texto que serviu de base a apresentação em mesa-redonda organizada pela Fundação Alexandre Gusmão e pelo Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, em 31 de julho de 2012.

[2] Paulo Nogueira Batista é diretor executivo no FMI pelo Brasil e mais dez países (Cabo Verde, Equador, Guiana, Haiti, Nicarágua, Panamá, República Dominicana, Suriname, Timor Leste e Trinidad e Tobago). As opiniões expressas neste texto não devem ser atribuídas ao FMI nem aos governos que o autor representa na diretoria da instituição.

[3] O G-11 inclui as cadeiras comandadas por Arábia Saudita, Argentina, Brasil, China, Egito, México/Venezuela, Índia, Irã, as duas cadeiras da África Sul-Saariana e a do Sudeste Asiático.

[4] Em entrevista à “Folha de S.Paulo”, publicada em 10 de fevereiro de 2012.

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21427

Não deixe de ler:
Mundo pós-EUA nasceu em Phnom Penh - por David P. Goldman

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A dimensão de um homem

15/12/12 - Eduardo Guimarães em seu blog Cidadania


Luiz Inácio Lula da Silva não é um santo. Tampouco é um demônio. É só um homem como eu ou você. Mortal. Falível. Imperfeito.


E assim, como qualquer ser humano, atravessa a vida lutando contra o lado obscuro da alma – infestado por ódio, cobiça, medo, rancor, ciúme e tantos outros sentimentos vis.


Todavia, um homem é o que faz de si. Escolhemos o que seremos e nos tornamos prisioneiros ou detentores dessa escolha. Lula decidiu ser detentor de suas escolhas de vida.


E quando nossas escolhas nos permitem realizar obras, colhemos os frutos. E quem os dá a nós são os outros, de uma forma ou de outra.

Um comerciante bem sucedido é conhecido por honrar dívidas, praticar preço justo e oferecer produto que valha o preço que cobra. Um bom médico atrai a confiança e o respeito de pacientes e da comunidade científica. Com um político não é diferente.

Lula entregou o que prometeu.
Quando chegou ao poder, o Brasil era muito pior do que é hoje. Poucos cometeriam o desatino de negá-lo. O máximo que conseguem é atribuir os êxitos da era Lula a outro que não ao próprio, ainda que os fracassos lhe sejam integralmente atribuídos.

Mas um homem que opta por trilhar o caminho do bom comerciante ou do bom médico, que é também o do bom político, vai deixando amigos, respeito e afeição pelo caminho. É o caso de Lula.


Há dois ou três dias, nas primeiras páginas de todos os jornais estava sendo tratado como criminoso condenado.
François Hollande, presidente da França e Lula - dez/2012
Reapareceu na França, sorridente, sendo homenageado por toda a Europa, discutindo questões globais de igual para igual com líderes das maiores potências.


Ao mesmo tempo, levantou-se, na sociedade, um clamor de protesto contra a forma como está sendo tratado um homem que, diante do mundo, conserva a dimensão de um estadista, sendo alvos dos ataques apenas de políticos fracassados e empresários de mídia amigos deles.

Até o carrasco de correligionários de Lula, o ministro Joaquim Barbosa, declarou seu respeito por ele. Entre o povo brasileiro, Lula ainda é o mesmo que deixou o Palácio do Planalto em seus braços em 1º de janeiro de 2011, aos oitenta por cento de aprovação.

Mas até isso seus inimigos negam.
Colunistas da grande mídia falam sobre a desmoralização que estaria sofrendo ao ser acusado por um criminoso condenado em um processo em que até tentaram envolvê-lo, mas que já termina sem que nada tenha sido apurado contra si.


Assim, inimigos assumidos e enrustidos querem outro processo contra Lula.


E, imprudentemente confiantes, reconhecem – em colunas, editoriais e até em reportagens – que a finalidade é impedir que ele chegue a 2014 em condições de disputar qualquer cargo ou de influir em favor de qualquer candidato.

Se pesquisas que a direita midiática fará mais adiante apontarem qualquer êxito do massacre acusatório – o que ela espera que aconteça assim que a marionete que comanda a Procuradoria Geral da República cumprir seu script e acusar Lula –, aí será a vez de Dilma.
Contudo, só o que se enxerga, até aqui, é que o conjunto de forças que está se erguendo em favor do ex-presidente comprova como é sábio a gente semear o bem, a verdade e a justiça.


Em algum momento da vida todos precisaremos de solidariedade. Ninguém consegue receber tanta solidariedade quanto Lula está recebendo se for um canalha.


E quando um canalha se enfraquece, todos lhe viram as costas. A dimensão de Lula foi ele quem construiu, e agora a estamos vendo.


aprendendo.

Fonte:
http://www.blogdacidadania.com.br/2012/12/a-dimensao-de-um-homem/

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.

Não deixe de ler:
Lula e um canto de um herói

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Dez conselhos para os militantes da esquerda

Por Frei Betto*



1. Mantenha viva a indignação.

Verifique periodicamente se você é mesmo de esquerda. Adote o critério de Norberto Bobbio: a direita considera a desigualdade social tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A esquerda encara-a como uma aberração a ser erradicada.

Cuidado: você pode estar contaminado pelo vírus social-democrata, cujos principais sintomas são usar métodos de direita para obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos para não ficar mal com os grandes.

2. A cabeça pensa onde os pés pisam.

Não dá para ser de esquerda sem "sujar" os sapatos lá onde o povo vive, luta, sofre, alegra-se e celebra suas crenças e vitórias. Teoria sem prática é fazer o jogo da direita.

3. Não se envergonhe de acreditar no socialismo.

O escândalo da Inquisição não faz os cristãos abandonarem os valores e as propostas do Evangelho. Do mesmo modo, o fracasso do socialismo no Leste europeu não deve induzi-lo a descartar o socialismo do horizonte da história humana.

O capitalismo, vigente há 200 anos, fracassou para a maioria da população mundial. Hoje, somos 6 bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, 2,8 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. E 1,2 bilhão, com menos de US$ 1 por dia. A globalização da miséria só não é maior graças ao socialismo chinês que, malgrado seus erros, assegura alimentação, saúde e educação a 1,2 bilhão de pessoas.

4. Seja crítico sem perder a autocrítica.

Muitos militantes de esquerda mudam de lado quando começam a catar piolho em cabeça de alfinete. Preteridos do poder, tornam-se amargos e acusam os seus companheiros (as) de erros e vacilações. Como diz Jesus, vêem o cisco do olho do outro, mas não o camelo no próprio olho. Nem se engajam para melhorar as coisas. Ficam como meros espectadores e juízes e, aos poucos, são cooptados pelo sistema.

Autocrítica não é só admitir os próprios erros. É admitir ser criticado pelos (as) companheiros (as).

5. Saiba a diferença entre militante e "militonto".

"Militonto" é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais.

O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica-se numa determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e os projetos comunitários.

6. Seja rigoroso na ética da militância.

A esquerda age por princípios. A direita, por interesses. Um militante de esquerda pode perder tudo - a liberdade, o emprego, a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, desmoraliza a causa que defende e encarna. Presta um inestimável serviço à direita.

Há pelegos disfarçados de militante de esquerda. É o sujeito que se engaja visando, em primeiro lugar, sua ascensão ao poder. Em nome de uma causa coletiva, busca primeiro seu interesse pessoal.

O verdadeiro militante - como Jesus, Gandhi, Che Guevara - é um servidor, disposto a dar a própria vida para que outros tenham vida. Não se sente humilhado por não estar no poder, ou orgulhoso ao estar. Ele não se confunde com a função que ocupa.

7. Alimente-se na tradição da esquerda.

É preciso oração para cultivar a fé, carinho para nutrir o amor do casal, "voltar às fontes" para manter acesa a mística da militância. Conheça a história da esquerda, leia (auto) biografias, como o "Diário do Che na Bolívia", e romances como "A Mãe", de Gorki, ou "As Vinhas da Ira", de Steinbeck.

8. Prefira o risco de errar com os pobres a ter a pretensão de acertar sem eles. 

Conviver com os pobres não é fácil. Primeiro, há a tendência de idealizá-los. Depois, descobre-se que entre eles há os mesmos vícios encontrados nas demais classes sociais. Eles não são melhores nem piores que os demais seres humanos. A diferença é que são pobres, ou seja, pessoas privadas injusta e involuntariamente dos bens essenciais à vida digna. Por isso, estamos ao lado deles. Por uma questão de justiça.

Um militante de esquerda jamais negocia os direitos dos pobres e sabe aprender com eles.

9. Defenda sempre o oprimido, ainda que aparentemente ele não tenha razão.

São tantos os sofrimentos dos pobres do mundo que não se pode esperar deles atitudes que nem sempre aparecem na vida daqueles que tiveram uma educação refinada.

Em todos os setores da sociedade há corruptos e bandidos. A diferença é que, na elite, a corrupção se faz com a proteção da lei e os bandidos são defendidos por mecanismos econômicos sofisticados, que permitem que um especulador leve uma nação inteira à penúria.

A vida é o dom maior de Deus. A existência da pobreza clama aos céus. Não espere jamais ser compreendido por quem favorece a opressão dos pobres.

10. Faça da oração um antídoto contra a alienação.

Orar é deixar-se questionar pelo Espírito de Deus. Muitas vezes deixamos de rezar para não ouvir o apelo divino que exige a nossa conversão, isto é, a mudança de rumo na vida. Falamos como militantes e vivemos como burgueses, acomodados ou na cômoda posição de juízes de quem luta. 
Orar é permitir que Deus subverta a nossa existência, ensinando-nos a amar assim como Jesus amava, libertadoramente.

*assessor de movimentos sociais e autor de "Um homem chamado Jesus" (Rocco), entre outros livros

Por detrás dos saques e da mídia argentina

23/12/2012 - Por detrás dos saques a supermercados na Argentina
- Por  Mário Augusto Jakobskind para a Rede Democrática

A informação foi divulgada pelo jornal argentino Página/12 e faz lembrar fatos ocorridos aqui no Rio de Janeiro com os arrastões no governo Leonel Brizola.

Pois bem, na Argentina ficou claro que os saques aos supermercados não foram espontâneos tendo havido organização. O governo acusa setores da oposição.

Segundo denúncias, uma “central de informações” começou a divulgar notícia segundo a qual haveria distribuição gratuita de gêneros alimentícios em determinado horário. Podem imaginar isso em véspera de Natal? Podem imaginar a frustração quando muita gente humilde chegava ao supermercado mencionado e recebia a informação de que a notícia era mentirosa?

Em várias cidades ocorreu o mesmo esquema. Chamou muito atenção, ainda segundo o jornal Página 12, ocorrido em Campana, um município com menor quantidade de desempregados e de trabalhadores com maior poder aquisitivo na Argentina. A prefeita StelaMaris Giroldi é aliada de Cristina Kirchner. A receita dos saques foi exatamente a mesma que em supermercados de outras cidades. Lá, por acaso, ocorreram os fatos mais graves inclusive com vítimas fatais a lamentar.

E qual a semelhança destes fatos com o que aconteceu no Rio de Janeiro em um dos governos Leonel Brizola? Exatamente no momento em que a Rede Globo diariamente fazia uma campanha insidiosa contra o governador, nas praias de Ipanema e Leblon, no momento em que as câmaras de TV “passeavam” pela orla, bandos realizavam arrastões que apavoravam os frequentadores das praias mencionadas.

Houve até denúncias segundo as quais muitos dos “arrastadores” chegavam a orla em vans fretadas, sabe-se lá por quem .

Por estas e muitas outras, todo o cuidado é pouco na hora de se analisar fatos como os atuais saques ocorridos na Argentina, exatamente no momento em que governo e o grupo midiático Clarin travam uma batalha em função da chamada Lei dos Médios (de comunicação), aprovada pelo Congresso depois de pelo menos três anos de discussão pelos argentinos.

Fonte:
http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=3496:por-detr%C3%A1s-dos-saques-a-supermercados-na-argentina


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Hugo Moyano (foto), ex-caminhoneiro, presidente da CGT-Argentina, ex-aliado e agora em franca oposição ao governo Kirchner, por conta de um reajuste na tabela de imposto de renda pretendido por ele e não aceito pelas Finanças argentinas, é o suspeito, pelo governo, de estar por detrás da organização desses saques. O líder sindical tenta sua reeleição para um novo mandato na Confederação Geral dos Trabalhadores argentinos. (Equipe Educom)


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É de um leitor, via email, que vem a seguinte nota em 23/12/2012

"Caro editor, um adendo ao texto do Jakobskind. Há mais de 30 anos caminho diariamente na orla que vai do Arpoador ao Leblon, no horário matinal de 6:30 às 7:30h, de segunda à sábado. Houve um tempo, na época do Brizola, invariavelmente aos sábados, tão logo chegava ao Arpoador e via a Globo montando o aparato de filmagens (no mínimo 2 pontos de câmeras, um logo no início da praia junto aos coqueiros e outro nas proximidades do Posto 7) comentava com minha mulher:
- Hoje a gente não vem pra praia porque vai haver arrastão. Taí a Globo já se posicionando pra "documentar"; e não dava outra.

Em pelo menos duas ocasiões, ou seja, em dois sábados distintos, testemunhamos um terceiro ponto de câmeras sendo montado na varanda de um apartamento, na altura do 2º ou 3º andar, não lembro exatamente. Mas me ocorre lembrar que o autor de novelas da Globo, Gilberto Braga, mora (ou morava) exatamente nesse trecho de praia."


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Este vídeo mostra o que se esconde por detrás dos ataques sistemáticos da mídia brasileira contra a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner.

 

 Para entender o jogo da mídia contra o que chamam de "kirchnerismo" é importante contextualizar a situação. Antes, vamos usar uma analogia metafórica.

Você mora numa grande cidade em que três padarias controlam a qualidade, a variedade e o preço dos pães que você consome. E uma antiquada lei diz que só os políticos podem liberar concessões para novas padarias. E a maioria dos políticos (responsáveis pela tal lei) são donos das padarias; ou amigos destes; ou representantes dos mesmos.

Daí, um novo governante assume a responsabilidade para criar uma nova lei que visa quebrar o cartel, dificultar o monopólio e facilitar o surgimento de novas padarias. O que faz o sindicato dos donos das padarias? Começa a espalhar panfletos dizendo que o governante quer controlar a produção de pães na cidade e ameaça a sua liberdade de escolher o pão que você vai comer.

Agora, imagine se, em vez de mandar imprimir panfletos, os donos das padarias fossem donos de todos os meios de comunicação (jornal, rádio, tv etc) disponíveis. E tente imaginar se, em vez de pãezinhos, os produtos em questão fossem as notícias que influenciam a vida de todos na cidade.



Uma vez exposta esta metáfora, vamos conhecer um pouco a história da imprensa na Argentina para entender o que isto tem a ver com o Brasil. 

Na Argentina, a grande mídia privada era tradicionalmente "chapa-branca", principalmente a partir de 1978 - quando o ditador Rafael Videla praticou de forma criminosa a expropriação da empresa Papel Prensa, que detinha o monopólio da produção de papel no país
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Videla cedeu a Papel Prensa para três grupos: Clarin, La Nacion e La Razion (Hoje com prevalência do Clarin e o La Nacion). A contrapartida para tal "caridade" era clara: os grupos teriam que ter um "objetivo comum", ou seja, dar vazão ao "projeto" de um governo ditatorial, corrupto, violento e entreguista.

Com tal golpe, os grupos empresariais passaram a controlar toda a imprensa escrita e adquiriu um poder extraordinário, cartelizando o setor e esmagando a concorrência. Inclusive, correm hoje na justiça da Argentina processos que cuidam de julgar graves acusações de crimes - sequestros  assassinatos etc - cometidos por conta do golpe na Papel Prensa. 


Ante o nebuloso passado, não é difícil entender o porquê de os grupos Clarin e La Nacion terem assumido, até o governo Duhalde (antecessor de Nestor Kirchner), uma postura "chapa-branca".


Pois qualquer governante que ousasse pôr a mão no vespeiro da sórdida história por trás dos poderosos barões da mídia, obviamente perderia a "simpatia" dos mesmos.

Foi o que fez Nestor Kirchner.
Sua sucessora, Cristina Kirchner, foi mais além: deu amplo apoio à reformulação das antiquadas leis das comunicações que davam suporte às injustiças; ao monopólio.



É a chamada Ley de Médios - uma revolução na democratização das comunicações -, reverenciada pela maioria dos jornalistas argentinos e que o relator da ONU para a liberdade de expressão, Frank La Rue (foto), definiu como "a mais avançada legislação em favor da liberdade de expressão da América Latina e um exemplo para o mundo".

Assim, é tremenda má-fé dizer que Cristina Kirchner estaria cerceando a liberdade de imprensa porque a grande mídia faz oposição ao governo dela.

Porque se você raciocinar bem, para o "kirchnerismo" seria muito mais cômodo deixar tudo como está: a grande imprensa elogiando o governo de um lado e a histórica injustiça assombrando de outro lado, com a prevalência do jornalismo chapa-branca monopolizando as verbas publicitárias e sufocando a maioria representada pelos milhares de outros periódicos "não-alinhados" à oligarquia; as rádios não-comerciais etc.

No Brasil, após sistemáticas críticas dos organismos internacionais contra as capengas leis das telecomunicações (permitindo, por exemplo, o clientelismo na distribuição das concessões de rádios e tevês), em 1998 o governo de FHC resolveu fazer uma reformulação meia-boca na legislação.

Mas cerca de 70% dos parlamentares que formularam e aprovaram tal legislação eram donos de rádios e tevês ou estavam a serviço destes, ou seja, criou-se uma lei que veio muito mais para restringir do que democratizar o setor.

Em suma: criaram uma nova lei que ainda traz graves reflexos dos tempos da ditadura.

A nova lei em estudo no Congresso Nacional visa acabar com as vergonhosas barreiras para a distribuição de concessões de rádios e TVs e coibir o monopólio nas comunicações. Mas o jogo é duríssimo.

Para barrar tal lei, a chamada "grande mídia" brasileira bolou um fantasma chamado "ameaça contra a liberdade de imprensa" na imagem da "ditatorial" presidenta da Argentina e quase todos os dias martela tal "ameaça" nos seus noticiosos.

Não deixe de ler:







Nota: a inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Imagens, é de nossa  responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.