sexta-feira, 20 de maio de 2011

"AREIA NOS OLHOS"



Laerte Braga


O discurso do “bush” (moita) que ocupa a Casa Branca, Barack Hussein Obama, é “areia nos olhos” como definiu um porta-voz do Hamas. O presidente do complexo empresarial (bancos e petróleo) e militar EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A fala em Estado Palestino com as fronteiras anteriores a 1967 (na prática nunca houve ação nenhuma dos EUA para que isso acontecesse, pelo contrário), mas exclui qualquer oportunidade do povo palestino decidir seu próprio destino, ao limitar a “paz” a um governo da Fatah.

Mais ou menos você pode votar e escolher quem quiser desde que seja a Maria, ou o José.

Na sua capacidade de prestidigitador do presidente da organização terrorista, logo em seguida, condenou as críticas a Israel, as tentativas de “isolar” Israel na ONU e jogou a bola para os árabes, como quem diz, depende de vocês, exclusivamente de vocês.

Todo esse exercício de espetáculo lembra uma espingarda de cano curvo. O sujeito mira para um lado e atira para outro. Dá a impressão de enxergar de uma determinada forma, mas enxerga de outra.

O importante nesse tipo de prática (comum a demagogos, líderes terroristas e outro tanto) é que a mentira seja a capa de todos os jornais, noticiários de rádios, manchete em telejornais.

Que o mundo pense uma coisa enquanto outra está rolando por baixo dos panos.

Obama sabe que as características de estado terrorista, fundamentalista, que norteiam Israel são fatores impeditivos para qualquer processo de paz exceto no caso de imposição manu militare.

O Estado nazi/sionista de Israel dispõe de um arsenal nuclear, controla a maioria das ações de grandes complexos empresariais, financeiros norte-americanos, tem generais dentro das forças armadas dos EUA (hoje privatizadas nos serviços essenciais – assassinatos, tortura, estupros, invasões a outros países, o repertório clássico da tal “vocação democrática” dos bárbaros do século XXI), em hipótese alguma cederá a qualquer plano de paz nessa direção, ou a qualquer plano de paz.

A paz não é cogitada pelo Estado terrorista de Israel. É por aí o problema. É só lembrar o acordo assinado no governo de Bil Clinton e o que aconteceu a Itizak Rabin, primeiro-ministro de Israel. Foi assassinado por um fundamentalista religioso (MOSSAD).

O que se seguiu ao crime? A tomada do poder naquele país pela extrema-direita e o aumento da barbárie contra palestinos.

O que Obama fez foi esticar os olhos para os árabes na tentativa de iludi-los, tentar mostrar ao mundo que quer um Estado Palestino – quando Israel continua a ocupar regiões palestinas –, temeroso que as revoltas árabes terminem em prejuízos para os negócios de seu país, o conglomerado terrorista do qual nominalmente é o presidente.
Ou se acertou antes com o eleitorado sionista – vai disputar a reeleição ano que vem – e garantiu que era só um discurso, ou preferiu correr riscos um ano e meio antes do pleito, para depois jogar o jogo real, o que tem sido jogado até agora.

O de apoio a ditaduras aliadas no mundo árabe, o de massacre do povo palestino, todo o conjunto de interesses nos “negócios”, no petróleo.

Como vai se sair dessa enrolada é difícil prever. Tem características de mágico e pretensão de divindade.

É só um bush a mais.

Centenas de milhares de jovens – a maioria dos manifestantes – estão saindo às ruas na Espanha para pedir o que? Sanduíche da rede McDonald’s?

Pedem democracia real. E não o simulacro que permeia os países da Comunidade Européia.

O que diz a ministra da Defesa do governo espanhol?

Carme Chacón afirma que “o movimento faz algumas reivindicações razoáveis e até possíveis de aplicar”.

Ou seja, quem define os rumos do país? A ministra ou o povo? Em última instância ela é que vai dizer o que pode ser razoável e possível? E se o povo quiser outro caminho?

O que os espanhóis começam a perceber, esse é um problema que Obama vai ter mais à frente, é que o país, como todos os países da Comunidade Européia e alguns do leste da Europa, foram transformados em grandes bases militares do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, submeteram-se às regras do neoliberalismo econômico, são cinco milhões de desempregados na Espanha e a conta de todas as ações terroristas do complexo com sede em Washington é repartida desproporcionalmente às colônias. Européias, sobretudo.

A dívida de um dos dois maiores acionistas do conglomerado é impagável e se fosse espanhola, ou grega, ou portuguesa, esses países já teriam sido dissolvidos sem bater, que nem leite em pó daquele empresa suíça que arrebenta com as estâncias hidro-minerais do Brasil com a complacência tucana.

Dessa forma é transferida a países como a Espanha.

A nova ordem econômica faliu, Obama – mesmo se for reeleito – é apenas um desejo de ser César, sendo bush. Ou como diria um torcedor do Fluminense sobre Muricy Ramalho – tremendo enganador. Engenheiro de obra pronta.

O discurso sobre o Oriente Médio foi uma espécie de caminhada sobre escombros. Uma sucessão de tropeços e mentiras recheado de show, aquele jeito Obama de “que Deus abençoe os EUA e a nós”.

O “deus” dele óbvio. Dele e seus parceiros no terrorismo político, econômico e militar, Israel.

m exclusividade de acesso a ele.

Obama sabe que o que falar vai ser respaldado por uma mídia podre lá (a mídia de extrema-direita vai bater no presidente, prefere a solução nuclear, resolve tudo) e acolá.

É só olhar o que a GLOBO vai dizer aqui. Os caras hoje estão com um extra, então, vão exceder. 


A DESORDEM/ORDEM GERAL



Laerte Braga


Uma das colunas do jornal O GLOBO revela que uma “madame” freqüentadora de requintados e refinados ambientes foi a uma exposição de lançamento de uma coleção numa joalheria no Rio. Coisas da Barra da Tijuca, aberração paulista/carioca que faz fronteira com o Rio de Janeiro.

A senhora em tela comprou uma pulseira e levou às escondidas um par de brincos avaliado em 20 mil reais. Câmeras de segurança revelaram o que o colunista chama de “larápia vip”. A joalheira Rose Leal foi à casa da socialité e resgatou as peças, isso porque a pulseira fora comprada e não fora paga. Com isso evitou o escândalo.

A prisão do diretor do FMI Strauss Kahn não tem nada a ver com a “larápia vip” do high society da Barra. Mas tem a ver com as eleições para a presidência da França ano que vem.

A imprensa norte-americana e a policia de New York condenaram Strauss antes de qualquer decisão do Judiciário. Strauss é – era – uma pedra nos interesses de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. Isso apesar de dirigir uma quadrilha de estupradores, o FMI – FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL –. Estupram nações.

EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A na condição de sucessores de SPETRE – aquela que infernizava a vida de James Bond – não foge à prática de seus princípios. Chantagem, extorsão, vingança, assassinato, tortura, etc.

Com a diferença que EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A não é ficção. Mais ou menos como o peixe espada atravessando o abdômen de Jerry Lewis. “Só dói quando eu tento rir”.

O Bush da Casa Branca, sede da organização, hoje chamado Obama, vai cantar sua música e recitar seus poemas em mensagem ao povo sobre o que pretende implementar no Oriente Médio.

Ou seja. Reforço do tacão nazista contra os ditadores inimigos e silêncio em relação aos ditadores amigos. O esporte preferido de sionistas, tiro a palestinos vai continuar impune e sem qualquer restrição.

Nero escapou pela porta dos fundos e lamentou que o mundo se visse privado de suas poesias e suas canções.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Anthony Patriot, chama a política externa do governo Dilma em relação aos EUA de “pragmatismo econômico”. Substitui o caráter ideológico que atribuiu à política do ministro anterior, Celso Amorim.

Os dois governos são do mesmo partido e Dilma é uma extensão eleitoral de Lula, uma escolha do ex-presidente. Ou mudou um, ou mudaram os dois.

Mas para falar isso é preciso ter cuidado e se expor a chuvas e trovoadas. As críticas geralmente levam o senhor absoluto do partido de Dilma a suspender as grades e soltar na arena feras ipanemianas, com grandes garras e presas, ávidas de devorar críticos em nome do centro do palco e muito ar para encher os bonecos chapas brancas.

O que não quer dizer que esteja tudo em desordem. A ministra da Cultura é atingida por fogo amigo por não aceitar as regras do jogo a moda Barra da Tijuca. Reage aos donos da verdade absoluta e cai no centro da tal arena. É típico dessa conformação. Os domadores e seus cãezinhos amestrados rosnando a um simples olhar em função de interesses que não têm nada a ver com cultura.

É difícil julgar o caso Strauss Kahn a partir da “vítima”. Não se pode afirmar que necessariamente seja uma agente infiltrada para derrubar o diretor do FMI que, em abril, no jornal LA LIBERACIÓN havia escrito um artigo prevendo esse tipo de ataque. Esse tipo de chantagem. Mas é possível detectar mais uma operação do conglomerado terrorista para afastar e matar politicamente um adversário.

A idéia de reciclagem de excedentes de países desenvolvidos não deficitários para países desenvolvidos ou não deficitários – proposta de Kahn – não agradou aos acionistas do conglomerado. Querem todos os excedentes e ainda o direito de cobrar a conta.

A “vítima” é uma imigrante e a oportunidade é de ouro para regularizar situações pendentes e garantir um futuro tranqüilo a toda a família no território em volta dos castelos do conglomerado.

Já tem até porta-voz, um dos irmãos. Falou a jornalistas na linguagem cinematográfica das séries tipo LAW AND ORDER. O trauma sofrido pela irmã, as conseqüências dele a luta da família para sobreviver dentro da lei, trabalhar, o duro que deram desde que chegaram ao entorno do conglomerado, coisas do gênero.

A indignação francesa procede e talvez possa ajudar a França a acordar de um pesadelo. Países da Comunidade Européia são colônias – propriedades – do conglomerado. Imensas bases militares. Bélgica e Holanda, por exemplo, tidas como nações e independentes, abrigam e guardam armas nucleares de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

A chegada do comboio que levou o ex-diretor geral do FMI a audiência sobre seu “caso”, tinha até soldados da SWAT e de metralhadora. Presumo que tenham descoberto a identidade de Jack o Estripador.

Nem tudo no Brasil, no entanto, se resume a uma socialité da Barra da Tijuca que, naturalmente traumatizada por não ter sido convidada, por exemplo, para o almoço com Obama, se viu presa de forte compulsão e afanou os brincos.

Agentes da CIA e da MOSSAD, serviços secretos – boa parte da CIA privatizada – trabalham livremente em Foz do Iguaçu, Brasil, onde vigiam a colônia árabe – trabalhadores do comércio, da indústria, serviços –. Já chegaram a sugerir em tempos recentes, que bin Laden passou por lá.

O governo do Brasil sabe disso desde os tempos de FHC e fica por isso mesmo. Casa da mãe Joana. Como sabe que a colônia árabe na região trabalha, trabalha e o dinheiro enviado a seus países de origem se destina às suas famílias diante da brutal realidade imposta pelo conglomerado àqueles povos. É para o pão, o leite, o mínimo indispensável à sobrevivência.

Para o governo de Israel, entre um assassinato e outro de palestino, um estupro e outro de palestina, uma tortura e outra de palestinos, são “terroristas”. Para o governo brasileiro... Bem, está olhando para o lado fazendo de conta que não é com ele.

Por maiores que tenham sido os eventuais avanços sociais o Brasil vai tomando feições de entreposto dos grandes bancos, do complexo empresarial que controla o mundo (a indústria de armas brasileira é na verdade controlada por Israel), da praga do latifúndio e seu agronegócio.

Em pauta os leilões do petróleo, privatização de aeroportos, um código florestal – com ou sem os ajustes de Aldo Rebelo – que assegure às subsidiárias nacionais do terror a impunidade e os privilégios que dispõem.

Não adianta nem chorar, o aqüífero Guarani, onde os caras estão de olho, já está contaminado por agrotóxicos na delirante viagem capitalista do agronegócio. Abastece algumas cidades do País.

Nessas ordens e desordens, ou desordens e ordens, a GLOBO tem várias opções. Quando for hora de colocar o povo de castigo tasca Miriam Leitão, versão televisiva e radiofônica do monstro que rouba balas e pirulitos de crianças e assombra adultos ávidos de passeios em shoppings. O sanduíche da rede McDonald’s pode ficar mais caro diante da perspectiva de pique da inflação em agosto segundo especialistas do governo.

Haja vaga em consultórios de psiquiatras, psicanalistas e que tais. Síndrome de privação de catchup e mostarda nos sanduíches McDonald’s.

Se, por outro lado, for a hora de destacar o papel cultural da rede – principal braço midiático do terror internacional no Brasil – basta colocar Xuxa em entrevista à tevê argentina falando que dorme com travesseiro de “pênis de ganso”.

A oração vem em várias etapas durante o dia. As duas principais com os dois reverendos Willians. O Bonner e o Waack.

Que nem o padre que mandou os fiéis enfrentarem um eventual ataque de pitt bull com um olhar determinado e preces, que a fera daria meia volta. Em experiência própria, ao se deparar com cães em situação assim, baixou hospital para atendimento de emergência, cheio de mordidas.

Mas tudo cash.

In casu é resistência pura e simples. Ou se achar que vale a pena seguir a manada.

Tem a “vantagem” de poder optar entre o Gugu e o Faustão. 

Ou assistir às entrevistas do técnico Muricy Ramalho falando em trabalho “sério” e em “lealdade”.

Estão tentando ressuscitar José Neves e Aécio Serra para assombrar incautos e platéia de um modo geral. Pretendem abolir qualquer limitação a vampiros e o bafômetro.   




quinta-feira, 19 de maio de 2011

Primavera árabe: À frente de todo homem há uma mulher



por Simba Russeau, da IPS
1287 Primavera Árabe: À frente de todo homem há uma mulherMohammed Omer/IPS
Protestos na Praça Tahrir.
Cairo, Egito, 19/5/2011 – As mulheres árabes assumiram claros papéis de liderança nos levantes populares do Bahrein, Egito, Líbia, Marrocos, Tunísia e Iêmen, contrariamente ao velho mito ocidental de que se encontram indefesas e escravizadas. “É realmente injusto ignorar a história e tentar interpretar mal a realidade”, disse à IPS, Fatima Outaleb, fundadora da União para a Ação das Mulheres no Marrocos. “Quem pode negar a essa mulher que entoe palavras de protesto e leve os homens atrás de si? É uma mulher com um véu, mas também é uma líder”, afirmou. Segundo Outaleb, as mulheres – sejam mães ou donas de casa, usem ou não o véu, simpatizantes de partidos islâmicos ou sem filiação política – sempre tiveram um papel importante no mundo árabe. “A mídia ocidental se guia por certas agendas e prioridades que tem em mente. Ignora a realidade de que as mulheres árabes foram o coração das revoluções na região, seja liderando, elaborando estratégias, criando consciência ou mobilizando por meio de blogs ou do Facebook”, disse Outaleb.
As mulheres egípcias representaram quase 20% dos milhões de ativistas que lotaram a Praça Tahrir no Cairo e na cidade de Alexandria, ao Norte. “Não gosto do fato de, durante nossa revolta de 18 dias, a cobertura da mídia internacional se concentrar nas mulheres assediadas sexualmente. Havia mulheres entre os mártires, enfrentando as forças de segurança e dormindo na Praça Tahrir”, disse à IPS Doaa Abdelaal, da organização Mulheres que Vivem sob Leis Muçulmanas. “As mulheres trabalharam muito tempo em nível de base e nos movimentos de trabalhadores para criar este momento”, afirmou.
Desde 2004, trabalhadores egípcios realizaram quase três mil greves contra a privatização e as políticas do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. As mulheres desempenharam importantes papéis nessas ações, exigindo melhores condições econômicas e opondo-se ao regime do ex-presidente Hosni Mubarak. Em um país onde 95% dos 27 incidentes de violação que ocorrem diariamente não são registrados, onde 33% das mulheres sofrem violência física e onde há desigualdades profissionais e crescente violação sexual, os grupos feministas se destacam por dedicar tempo e energia nos últimos 20 anos a quebrar muitos tabus.
Fundadora e chefe-executiva da coalizão árabe contra a violência de gênero Karama, a somaliana Hibaaq Osman, disse que os meios de comunicação ocidentais estavam assombrados por verem mulheres nas ruas protestando lado a lado com os homens. “É preciso entender a psicologia da mídia ocidental. Querem ver uma mulher frágil, submissa e burra”, disse à IPS.
Osman afirmou que a Europa, que segundo ela inclina-se cada vez mais para a direita política, deveria compreender que suas comunidades muçulmanas, na realidade, não refletem o mundo árabe, já que os imigrantes estão desligados socialmente de suas terras de origem e não foram plenamente acolhidos nos países onde vivem. “Na França, demorou apenas um dia para ser aprovada uma lei contra o véu, mas quanto vai demorar para ser apresentada uma lei para apoiar, capacitar, dar emprego e fortalecer economicamente os imigrantes que vivem no país?”, perguntou.
“Creio que é hora de o Ocidente olhar bem para si mesmo, pois é fácil apontar com o dedo para o mundo muçulmano, e ver como as mulheres são tratadas quando a Igreja Católica ainda tem grandes problemas com os anticoncepcionais e não pode decidir se uma mulher tem direito de usar seu próprio corpo”, disse Osman. “Não nos preocupa o que a mídia ocidental pense sobre nós, pois sabemos que é tendenciosa. Como podem ignorar o papel das mulheres! Elas nunca estiveram ausentes, fazem parte da sociedade”, ressaltou.

Envolverde/IPS

Advogado pede impeachment de Gilmar Mendes


A Presidência do Senado recebeu, na última quinta-feira (12), um
pedido de impeachment contra o ministro Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal (STF). Apresentada pelo advogado capixaba Alberto de
Oliveira Piovesan, que também remeteu o requerimento para a Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), a peça (confira a íntegra) se baseia no
item 5 do artigo 39 da Lei 1079 (de 10 de abril de 1950), que versa
sobre crime de responsabilidade (noticiou o Site O Congresso em Foco,
no dia 18 de maio, transcrevendo  o argumento do Advogado. Veja
a íntegra da matéria no site citado) ZF.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Terrorismo de Estado USA - Rumo ao IV Reich


O poder da gigantesca máquina de desinformação imperial impede os povos de compreenderem o perigo que os ameaça
Miguel Urbano Rodrigues

         Comentando o assassinato de Bin Laden, Michael Moore escreveu no Twiter: “Matamos mais de 919 000 no Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, etc., e gastamos 1 bilhão e 200 000 milhões de dólares em despesas militares e, finalmente, conseguimos assassinar mais uma pessoa”. A operação militar que eliminou o líder da mítica Al Qaeda confirmou uma realidade: o sistema de poder dos EUA, na sua ânsia de dominação planetária, pratica uma política internacional na qual o terrorismo de Estado se tornou componente fundamental. Os EUA comportam-se como candidatos a surgir na História como o IV Reich do século XXI.
         A “operação Gerônimo” - nome que insulta a memória do herói apache - foi o desfecho de um projeto concebido com minúcia científica pela Administração Obama. Anunciada a candidatura do Presidente à reeleição, faltava somente marcar uma data.
         A CIA sabia há muito onde ele se encontrava. Acompanhava-lhe os movimentos diários na residência de Abotabad através de sofisticados aparelhos electrônicos e os contatos dos seus mensageiros com o exterior, recorrendo inclusive  a satélites. O Pentágono e os serviços de inteligência conheciam os nomes de todas as pessoas que viviam com Bin Laden.
         O novelo de contradições que envolve o folhetim da morte do “inimigo número 1” dos EUA não resulta de desinformação. Foi concebido para semear confusão e transmitir a ideia de que Obama, agindo como democrata, transmitia ao povo norte-americano informações sobre a “operação militar” logo que as recebia.
         Mentia conscientemente, como demonstraram em importantes artigos intelectuais progressistas como Michel Chossudovsky, Noam Chomsky, James Petras, Domenico Losurdo, John Pielger, e outros.
         O presidente, aliás, apresentou diferentes versões dos fatos nas entrevistas às três grandes cadeias de TV, a ABC, a CBS e a CNN. Inicialmente, afirmou que, ao dar a ordem para o ataque à casa de Abotabad, as probabilidades de Bin Laden ali se encontrar eram de 99,9%; mas na última entrevista essas probabilidades caíram para 55%. A encenação foi muito estudada.
         O elogio do Presidente à CIA e ao seu chefe foi encomiástico. Foi ele quem tudo preparou e dirigiu. Leon Panetta, nas suas entrevistas, não escondeu, porém, que a CIA torturou prisioneiros para obter informações decisivas para a localização de Bin Laden. Interrogado sobre os métodos utilizados nos interrogatórios,  defendeu, quase com orgulho, o recurso à tortura e justificou o “afogamento simulado”. Falou com a frieza serena de um gauleiter nazi.
         Obama logo que viu as fotos do cadáver de Bin Laden decidiu que não seriam divulgadas. Sabia que elas provocariam uma onda de indignação no mundo islâmico. Mas afirmou então que hesitava e iria refletir. Depois, proibiu a entrega das fotos à comunicaçao social.
         Talvez não esperasse que as imagens de três corpos despedaçados  de homens abatidos durante o assalto fossem entregues aos jornalistas pelo Exército do Paquistão.
         A rapidez da retirada dos comandos da Marinha do edifício metralhado – levaram somente o cadáver de Bin Laden e o do neto – criou, porém, problemas imprevistos à Casa Branca. Porque os sobreviventes encontrados pelos militares paquistaneses – uma das esposas estava ferida – falaram muito,  e as suas declarações forçaram Obama e o Pentágono a apresentar nova versão da “brilhante operação Gerônimo”.
         Reconheceram que, afinal, Bin Laden estava desarmado. Teria sido abatido quando procurava uma pistola, ou, segundo outros, uma metralhadora. O folhetim dos “escudos humanos” também não resistiu a evidências resultantes do interrogatório das testemunhas do massacre. Uma das esposas de Bin Laden, a jovem iemenita Amal Abdulfatah, esclareceu que o marido vivia no Paquistão há sete anos, cinco dos quais na casa de Abotabad e não nas montanhas afegãs, como repetidamente garantia o governo de Washington.
         Na sua primeira comunicação ao país, Obama afirmou que a operação, por ele acompanhada da Casa Branca, durou 40 minutos e que o efetivo da “força elite” da Marinha não excedia 20 homens. Mas, posteriormente, altos funcionários civis e militares referiram totais diferentes. Não foi dada uma explicação crível para uma ação armada tão prolongada contra uma casa cujos poucos moradores não opuseram resistência.
         Assessores do Presidente e a Marinha repetiram exaustivamente que Bin Laden tinha sido sepultado no mar no respeito dos ritos islâmicos. É insólito o súbito respeito pela religião muçulmana; mas acontece que o Corão não permite sepultamentos marítimos. Os filhos do morto já informaram que pensam processar o Estado norte-americano por mais essa ofensa à sua fé.
         Outro tema que ridiculariza a versão oficial dos acontecimentos, e envolve a CIA e o Pentágono num labirinto de mentiras, criou já problemas no campo das relações dos EUA com o Paquistão.
         O governo Obama tem, na prática, tratado aquele país como um protetorado de novo tipo. Os bombardeamentos de aldeias do Waziristao por aviões sem piloto da USAF [United States Air Force] tornaram-se rotineiros. Islamabad limita-se a tímidos protestos quando os mísseis estadounidenses matam camponeses da região. Mas desta vez o desrespeito pela soberania paquistanesa atingiu tais proporções com a intervenção militar concebida para assassinar Bin Laden que a vaga de indignação no país foi maiúscula.
         A reação do presidente Asif Zardari foi, porém, suavissima.Por quê? Ficou transparente que o Exército do Paquistão e o seu serviço secreto estavam ao corrente da instalação do chefe da Al Qaeda em Abotabad. A sua casa dista apenas umas centenas de metros da sede da Academia Militar do país. Trata-se de uma cidade de guarnição, com vários quartéis. Alguns meios de comunicação estadounidenses afirmaram que as Forças Armadas do Paquistão não somente conheciam a presença de Bin Laden, como o protegiam.
         A rede de cumplicidades é, porem tão densa, que Tom Donilon, conselheiro de segurança nacional de Obama, levou a hipocrisia ao ponto de declarar aos jornalistas que não há “quaisquer provas” de que o Governo paquistanês tivesse conhecimento da presença no país de Bin Laden.
         O farisaísmo do presidente Obama não é menor. Derramou elogios sobre a CIA, enaltecendo como grande e histórico serviço à democracia e à liberdade o  massacre de Abotabad. Mais, deslocou-se à base militar para onde foram conduzidos os comandos da Marinha  e condecorou-os numa cerimônia secreta. Os seus nomes não foram revelados, com receio de represálias, mas na apologia que deles fez guindou-os a heróis tutelares da Pátria.
         Como recompensa, o diretor da CIA, Leon Panetta, foi nomeado secretário da Defesa. Simultaneamente, o general Petraeus, comandante supremo na área do Oriente Médio e do Afeganistão, foi transferido para a chefia da CIA…
         Ao ler o elogio do senhor da CIA pelo Prêmio Nobel da Paz recordei a atribuição das cruzes de ferro nazis a generais das SS.
         Obama, em exibição mediática permanente, anuncia ao mundo que os EUA utilizam o seu poder militar em defesa de valores e princípios eternos, cumprindo, afinal, a sua vocação de nação predestinada para salvar a humanidade.
         Inverte a realidade com despudor. O sistema de poder imperial dos EUA desenvolve uma estratégia orientada para a dominação perpétua e universal, um projeto que ameaça a própria sobrevivência da humanidade.
         A chacina de Abotabad inseriu-se nesse projecto monstruoso. Bin Laden – ex-aliado de Washington - foi um tresloucado que inspirava repulsa a centenas de milhões de pessoas. Mas as circunstâncias em que se consumou a sua eliminação são inseparáveis dessa estratégia de controle planetário.
         É significativo que os bombardeamentos das áreas tribais do Paquistão por aviões não tripulados sejam agora quase diários. Na Líbia, a Otan continua a bombardear residências de Khadafi,  afirmando que pretende “proteger as populações” no âmbito de uma “intervenção humanitária”.
         O poder da gigantesca máquina de desinformação imperial impede os povos de compreenderem o perigo que os ameaça. A mentira é diariamente imposta como verdade a nível planetário.
         É alarmante o que está acontecendo. Um dia a humanidade tomará consciência de que o sangrento episódio de Abotabad assinalou uma etapa no avanço de uma engrenagem cujo funcionamento traz à memória os crimes do III Reich alemão.
         Publicado originalmente em www.odiario.info.

terça-feira, 17 de maio de 2011

"A Importância da Orquestra Sinfônica Brasileira para Cidade do Rio de Janeiro" Audiência Pública


O Vereador Reimont Luiz Otoni Santa Bárbara, presidente da Frente Parlamentar em Prol da Democratização  da Comunicacação e da Cultura, defendeu  hoje, (l7 de maio), durante a Audiência Pública, na Câmera Municipal do Rio de Janeiro, a suspensão dos repasses  das verbas da prefeitura  à Fundação OSB, enquanto durar a crise da OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira). O Deputado Estadual Robson Leite(PT/RJ) pediu uma CPI para investigar o destino das verbas públicas e também dos recursos de renuncia fiscal recebidos pela Fundação.

 Transcrevemos na íntegra o pronunciamento do senhor Juiz João Batista Damasceno, porque além de sintetizar várias outras falas, há uma defesa legal dos músicos da OSB demitidos. (Zilda Ferreira)

Exmo. Sr. Vereador Reimont Luiz Otoni Santa Bárbara, Presidente da Frente Parlamentar em prol da Democratização da Comunicação e da Cultura e Membro da Comissão de Educação e Cultura da Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Exma. Sra. Deborah Cheyne, presidente dos sindicatos dos músicos,

Demais componentes da mesa e presentes no Plenário,

A convocação da presente audiência pública intitulada “A IMPORTÂNCIA DA ORQUESTRA SINFÔNICA BRASILEIRA PARA A CIDADE DO RIO DE JANEIRO: atuais desafios”, pelo Vereador Reimont, não poderia ser mais oportuna se pretendemos a democratização da cultura e da comunicação neste país e construção de uma sociedade cidadã, fundada em respeito aos direitos dos seus componentes.

Em primeiro lugar quero registrar que, juridicamente, uma fundação, tal como a Fundação OSB é um ente impessoal. Não se trata de uma sociedade de pessoas. Mas, pela natureza fundacional, trata-se de um patrimônio destinado ao atingimento do fim para o qual tenha sido instituída. No caso da Fundação OSB sua finalidade é cultural. Assim, estamos tratando de uma entidade instituída para fins culturais na qual se empregam recursos públicos ou captados na iniciativa privada e dedutíveis dos débitos com o poder público. Portanto, a Fundação OSB, ainda que seja um ente privado, tem custeamento público e pública deve ser a sua gestão, nela envolvendo necessariamente a participação dos músicos que fazem os espetáculos. Por ser o Município do Rio de Janeiro um dos custeadores da OSB cabe a esta Casa de Leis a função de fiscalizar o emprego de tais recursos públicos municipais na finalidade disposta pelo instituidor.

Mas, não somente o patrimônio público material entregue à direção da OSB deve ser velado. Tão importante quanto este, é o patrimônio público imaterial, traduzido nos valores culturais representados pela atuação do conjunto dos músicos, que está sendo vilipendiado no presente momento. Não falta legitimidade a esta Casa de Leis para velar pelo patrimônio material empregado na OSB, nem ao patrimônio cultural, de natureza imaterial, titularizado por todos os cidadãos da cidade do Rio de Janeiro.

A demissão de 36 dos 82 músicos, por justa causa, tão somente pelo quantitativo, é sintoma de imotivação em tais rescisões contratuais. Não se pode avaliar tal conflito á luz dos descumprimentos individuais de obrigações trabalhistas capazes de ensejar motivação para uma rescisão de contrato de trabalho. O número de demitidos é por si só capaz de evidenciar a natureza coletiva do conflito que transcende a simples infração contratual. A natureza coletiva do conflito, propiciada pela conduta do maestro da OSB, evidencia-se também pela solidariedade dos músicos que se mantêm na orquestra e pelo apoio dos estudantes da OSB Jovem. Por outro lado, as demissões de dirigentes sindicais no exercício de seus mandatos ou de profissionais licenciados para tratamento de saúde, expressam desatendimento aos mais elementares preceitos que regem as relações de trabalho.
A forma de tratamento dispensada aos músicos da OSB, que afronta as mais elementares normas regentes das relações trabalhistas conforme já assinalado, demonstra, também, desrespeito ao princípio fundamental da República Brasileira, qual seja, o da dignidade da pessoa humana e inegavelmente se traduz em assédio moral, tal como revelado em outras condutas desrespeitosas com os profissionais demitidos. A entrevista concedida pelo Maestro Roberto Minczuk nas páginas amarelas da Revista Veja número 2215, do dia 04 do mês em curso, dá a dimensão do abuso e desrespeito a que os músicos estão submetidos, notadamente pelo uso de expressões pejorativas em referência aos mesmos e aos seus trabalhos.

Além do desrespeito aos músicos da OSB, sejam os demitidos ou os ainda nela mantidos, assim como aos estudantes da OSB Jovem, a declaração do maestro Minczuk, naquela revista, de que “instituições como a Filarmônica de Berlim ou a de Nova York são as melhores do mundo porque têm tradição, história e integram culturas em que a música clássica ocupa um lugar nobre” (pag. 26) e de que “infelizmente este tipo de lógica não rege nossa cultura” (pag. 26) é a concepção de alguns membros do conselho dirigente da OSB que apoiam o maestro Minczuk contra os músicos, trabalhadores que fazem o espetáculo e que merecem respeito e dignidade.

A expressão do maestro relativa a outras culturas, que segundo ele são admiráveis porque pautadas por princípios diversos da lógica regente das nossas relações, denota a concepção da superioridade anglo-saxônica em desrespeito à cultura nacional da qual a Orquestra Sinfônica Brasileira integra nos seus 70 anos de existência. Por outro lado, é capaz dos macaqueamentos de comportamentos por ele tidos como superiores, esquecendo-se de que concerto inaugural da OSB em 11 de julho de 1940, não foi escolhido em referência a qualquer compositor ou regente estrangeiro, ainda que haja muitos que merecessem a homenagem, mas em homenagem ao compositor brasileiro Carlos Gomes. Da mesma forma, despreza que a roda não está  sendo inventada neste momento, nem o fogo descoberto, pois a OSB, em seus 70 anos de existência, foi regida por diversos outros maestros, dentre os quais, por Isaac Karabtchevsky durante 26 anos, que com os musicos se solidariza.

As expressões utilizadas pelo maestro em sua entrevista não só desrespeitam o público pagante dos ingressos, no qual me incluo, mas toda a sociedade brasileira e a cultura nacional da qual a OSB é parte importante.

O que está acontecendo na OSB não encontra precedente em nenhuma orquestra do mundo, igualmente caracterizadas pela excelência. Para tanto, basta aferir o número de orquestras que se solidarizam com os músicos da OSB, que dignamente recusaram submissão a capricho não exigido de nenhum musico em nenhuma outra orquestra no mundo, e tampouco exigível em face do contrato de trabalho.

A modernidade e a meritocracia que se pretende instituir na OSB expressa fenômeno diverso do que estes vocábulos evocam e já é conhecida dos brasileiros. Para saber do que se trata, basta saber quem são os membros do Conselho da Fundação OSB que se agrupam em tais desrespeitos. Dentre eles se encontrará a fina flor da privataria, da arrogância, da truculência e da prepotência que governou o Brasil durante os anos 90, que destruiu direitos dos trabalhadores e permitiu a apropriação privada das riquezas públicas.

As ocorrências no âmbito da OSB são incompatíveis com o universo artístico. Se a arte é a transcendência maior da humanidade e expressão da cultura que nos afasta dos valores primários vigentes no estado de natureza, no qual já estivemos integralmente imersos, e decorrentes de nossa característica animal, a truculência com a qual se tratam os músicos da OSB é retorno àquele estado e prevalência da prepotência e da lei do mais forte.

Por tais comportamentos lesivos à cultura nacional, estão sendo atingidos os músicos da OSB, trabalhadores regidos por contrato de trabalho e por leis a eles aplicáveis, os espectadores contratantes dos espetáculos em seus direitos de consumidor, mas também sendo prejudicada a sociedade carioca, e todos os brasileiros, pois a OSB é antes de tudo, pela sua história e excelência de seus componentes, um patrimônio imaterial do país.


João Batista Damasceno
Membro da Associação Juízes para a Democracia

Há juízes no Brasil: Os 20 anos da Associação Juízes para a Democracia

 
Marcio Sotelo Felippe
 
 
“A questão social é caso de polícia”. A frase de Washington Luis é adequado exemplo da clássica contribuição de Marx à análise da História: o Estado como aparato repressivo a serviço da dominação de classe. O que é caso de polícia é caso de juízes. Uma estrutura de poder tem uma face tangível e um impulso intangível. O impulso de um cassetete cortando o ar é dado antes e legitimado depois por um “saber”. Este “saber” aparece como uma técnica fria e neutra: aos juízes, como juízes, compete aplicar leis, e não ter consciência social ou cogitar da justiça da norma.
 
Em uma sociedade estruturalmente desigual o juiz neutro é uma falácia risível. Um juiz que se pretende neutro diante do desigual equivale a matéria inerte, peça de uma engrenagem de dominação. O Judiciário era parte ontem da estrutura do Império escravocrata. Era parte ontem da estrutura da República Velha que fazia da questão social caso de polícia. É parte hoje da estrutura de dominação fundiária para quem o movimento dos sem terra é o tipo penal “bando ou quadrilha”. É parte hoje de uma mentalidade que pensa que estaremos mais seguros se o Estado responder à violência com mais violência e desrespeitando direitos básicos, sem se dar conta de que isto gera um círculo vicioso infernal que conduz à barbárie.
 
Há juízes no Brasil, no entanto. Há juízes cujas consciências lhes permitem agir como espíritos livres mesmo no interior da matéria inerte das engrenagens de dominação. Entendem que a função do Judiciário é garantir direitos; sabem que garantir direitos em uma sociedade desigual é o modo evidente de fazer justiça; compreendem que para isso há a exigência de olhar para a realidade social; e que princípios e valores devem subordinar normas positivas para que essa realidade se transforme e o Direito cumpra uma função social.
 
Na construção do processo democrático brasileiro juízes que escapavam do padrão conservador do Judiciário existiam, mas eram praticamente invisíveis. Nas décadas mais recentes começaram a se fazer notar. Há 20 anos alguns organizaram-se em uma associação que passou a ser o símbolo da idéia de um Judiciário aberto e moderno. Em 13 de maio de 1991 foi fundada a Associação Juízes para a Democracia, completando agora 20 anos. Tiveram a coragem de escolher o desassossego dos rebeldes em um meio em que o peso da tradição é tremendo.
 
Quem escreve a sério sobre a escravidão não pode omitir a função desempenhada pelo Judiciário no Império. Quem escreve a sério sobre a República Velha não pode omitir a função do Judiciário na “questão social como caso de polícia”. Quem escrever a sério sobre nosso tempo não poderá omitir o papel do Judiciário na criminalização dos movimentos sociais. Mas quem escrever a sério sobre o Judiciário no nosso tempo na perspectiva da construção do processo democrático brasileiro não poderá omitir a Associação Juízes para a Democracia.
 
Há juízes em Berlim. Há juízes no Brasil.
 
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Por que nenhum clamor contra esses tiranos torturadores?


O que significa o silêncio dos EUA, da Inglaterra e aliados sobre o Bahrein? Que absurdo é esse? Bem, eu vou lhes dizer. Não tem nada a ver com o Bahrein ou com a família al-Khalifa. Tem tudo a ver com o nosso medo da Arábia Saudita. O que significa que também tem a ver com petróleo. Esse absurdo também está ligado a nossa recusa absoluta de lembrar que 11/09 foi cometido em grande parte por sauditas. É sobre a nossa recusa em lembrar que a Arábia Saudita apoiou os talibãs, que Bin Laden era um saudita, que a versão mais cruel do Islã vem da Arábia Saudita, a terra dos cortadores de cabeças e de mãos. O artigo é de Robert Fisk.
Robert Fisk - The Independent*

         Christopher Hill, ex-secretário de Estado dos EUA para a Ásia Oriental e ex-embaixador no Iraque - geralmente, um diplomata estadunidense muito obediente e não-eloqüente - escreveu outro dia que "a noção de que um ditador pode reivindicar o direito soberano de abusar de seu povo tornou-se inaceitável".
         A menos, claro – e o Sr. Hill não mencionou isso – que você viva no Bahrein. Nesta pequena ilha, uma monarquia sunita, os al-Khalifa, governa uma população de maioria xiita e têm respondido aos protestos democráticos com sentenças de morte, detenções em massa, prisão de médicos para deixar os pacientes morrerem depois de protestos e um "convite" às forças sauditas para entrar no país. Eles também destruíram dezenas de mesquitas xiitas com toda a meticulosidade de um piloto de 11/09. E vamos lembrar que a maioria dos assassinos do 11 de setembro era, na verdade, saudita.
         E o que nós fazemos diante disso? Silêncio. Silêncio na mídia dos EUA, em grande parte silêncio da imprensa européia, silêncio do nossa próprio CamerClegg (coalizão entre o conservador David Cameron e o liberal-democrata Nick Clegg que governa atualmente a Inglaterra) e silêncio, é claro, da Casa Branca. E - vergonha das vergonhas - o silêncio dos árabes que sabem de onde vem o seu sustento. Isso significa, naturalmente, também o silêncio da Al-Jazeera. Eu apareci várias vezes em suas excelentes edições em árabe e inglês, mas a sua omissão em relação ao que está acontecendo no Bahrein é uma vergonha, um monte de merda lançada na dignidade que eles trouxeram para a cobertura jornalística sobre o Oriente Médio. O Emir do Qatar - eu o conheço e gosto muito dele - não precisa diminuir o seu império de televisão desta forma.
         CamerClegg é silencioso, claro, porque o Bahrein é um dos nossos "amigos" no Golfo, um ávido comprador de armas, lar de milhares de britânicos expatriados que - durante a mini-revolução de xiitas no país - gastaram seu tempo escrevendo cartas violentas para a imprensa pró-Khalifa local denunciando os jornalistas ocidentais. E, quanto aos manifestantes, eu me lembro de uma mulher jovem xiita me dizendo que, se o príncipe apenas fosse à Praça Pearl e converssasse com os manifestantes, eles iriam carregá-lo em seus ombros ao redor da praça. Eu acreditei nela. Mas ele não foi. Em vez disso, destruiu suas mesquitas e afirmou que os protestos foram uma trama urdida pelos iranianos – o que nunca foi o caso - e destruiu a estátua da praça, deformando assim a própria história do seu país.
         Obama, é desnecessário dizer, tem suas próprias razões para o silêncio. Bahrein hospeda a Quinta Frota e os EUA não querem ser empurrados para fora de seu porto pequeno e feliz (apesar de eles poderem abandonar tudo e ir para os Emirados Árabes Unidos ou Qatar a hora que quiserem) e querem defender o Bahrein de uma mítica agressão iraniana. Então você não vai encontrar a senhora Clinton, tão forte nas críticas aos abusos da família Assad, dizendo qualquer coisa de ruim sobre a família al-Khalifa. Por que diabos não? Será que estamos todos em débito com os árabes do Golfo? Eles são pessoas honradas e entendem quando a crítica é feita com boa fé. Mas não, estamos em silêncio. Mesmo quando os alunos do Bahrein na Grã-Bretanha são privados de suas bolsas porque protestaram em frente a sua embaixada em Londres, ficamos em silêncio. CamerClegg, que vergonha!
         Bahrein nunca teve uma reputação de "amigo" do Ocidente, se bem que é assim que goste de ser retratado. Há mais de 20 anos, ninguém protestou contra o domínio da família real sob o risco de ser torturado na sede da polícia de segurança. O cabeça dessa força era um ex-oficial da Special Branch (divisão especial da polícia britânica), cujo superior era um pernicioso major torturador do exército jordaniano. Quando publiquei os seus nomes, eu fui recompensado com uma caricatura no jornal governista Al-Khaleej que me pintou como um cão raivoso. Cães raivosos, é claro, têm que ser exterminados. Não era uma piada. Foi uma ameaça.
         A família al-Khalifa, não tem, contudo, problemas com o jornal da oposição, Al-Wasat. Eles prenderam um dos seus fundadores, Karim Fakhrawi, no dia 5 de abril. Ele morreu uma semana depois, sob custódia da polícia. Dez dias depois, prenderam o colunista do jornal, Haidar Mohamed al-Naimi. Ele não foi visto desde então. Novamente, o silêncio de CamerClegg, Obama, Clinton e o resto. A prisão e acusação de médicos muçulmanos xiitas para deixar seus pacientes morrerem - os pacientes foram baleados por "forças de segurança", é claro - é ainda mais vil. Eu estava no hospital quando estes pacientes foram trazidos, A reação dos médicos era de terror misturado com o medo - eles simplesmente nunca tinham visto ferimentos de tiros à queima à roupa antes. Os médicos foram presos e os doentes retirados suas camas de hospital. Se isso tivesse aconteci em Damasco, Homs ou Hama e Aleppo, as vozes de CamerClegg, Obama e Hillary estariam zunindo em nossos ouvidos. Mas não. Silêncio. Quatro homens foram condenados à morte pelo assassinato de dois policiais do Bahrein. Foram julgados por um tribunal militar fechado. Suas "confissões" foram ao ar no estilo da antiga televisão, soviética. Nenhuma palavra de CamerClegg, ou Obama, ou Clinton.
         Que absurdo é esse? Bem, eu vou lhes dizer. Não tem nada a ver com o Bahrein ou com a família al-Khalifa. Tem tudo a ver com o nosso medo da Arábia Saudita. O que significa que também tem a ver com petróleo. Esse absurdo também está ligado a nossa recusa absoluta de lembrar que 11/09 foi cometido em grande parte por sauditas. É sobre a nossa recusa em lembrar que a Arábia Saudita apoiou os talibãs, que Bin Laden era um saudita, que a versão mais cruel do Islã vem da Arábia Saudita, a terra dos cortadores de cabeças e de mãos. È e sobre uma conversa que tive com um funcionário do Bahrein - um homem bom e decente e honesto - em que lhe perguntei por que o primeiro ministro do Bahrein não poderia ser eleito por uma população de maioria xiita. "Os sauditas nunca permitiria isso", disse ele. Sim, nossos outros amigos. Os sauditas.
         Tradução: Marco Aurélio Weissheimer/Carta Maior
         Publicado originalmente no The Independent

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Mais de 700 mortos na Síria, após repressão, apontam grupos de direitos humanos



por Yara Costa, da Rádio ONU em Nova York
ONU preocupada com resposta violenta de governos aos protestos de civis; ONGs apontam para milhares de detenções no Oriente Médio.
1238 Mais de 700 mortos após repressão na Síria, apontam grupos de direitos humanos
Rupert Colville.
Repressão e uso de força armada têm sido a reação do governo da Síria a manifestações de civis, causando entre 700 a 850 mortes e milhares de presos desde o início dos protestos em 15 de março.
“Não podemos verificar estes números, mas acreditamos que não estejam longe da realidade”, disse nesta sexta-feira o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville.
Iêmen e Barein
De acordo com a ONU, os relatórios enviados por organizações de direitos humanos revelam a “grave situação e bombardeios na cidade de Homs.”
Milhares de civis, incluindo líderes da oposição, ativistas de direitos humanos, médicos e políticos foram detidos, e outros foram mortos no Iêmen e no Barein, apontam os relatos.
Direitos Humanos
A ONU apela aos governos para um cessar-fogo imediato e que “acabem com as prisões massivas para silenciar os seus oponentes”.
A organização pretende enviar uma missão de alto nível para averiguar as denúncias de violação de direitos humanos na região, que será chefiada pela alta comissária adjunta para Direitos Humanos, Kyung-wha Kang.
Entretanto, o Secretário-Geral da ONU, Ban Kin-moon, telefonou para o presidente sírio Bashal al- Assad esta semana, pedindo que ele coopere com a missão do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
* Publicado originalmente no site Rádio ONU.
(Rádio ONU)

sábado, 14 de maio de 2011

Encontro de Blogueiros e mídias sociais do Espírito Santo





Gilney Viana, Coordenador do Projeto de Direito e Memória e à Verdade, do Gabinete da Presidência da República, Secretaria Nacional de Direitos Humanos, estará presente à abertura do ENCONTRO DE BLOGUEIROS E MIDIAS SOCIAIS DO ESPÍRITO SANTO, no dia 3 (três) de junho próximo.

Será lançada a CAMPANHA DIREITO À MEMÓRIA E A VERDADE no Espírito Santo. O Subsecretário de Direitos Humanos do governo do estado, Perly Cipriano e o deputado estadual Genivaldo Lievori, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa são outras presenças asseguradas.

Nesse mesmo dia 3 (três) dentro do programa de abertura do encontro será exibido o filme UTOPIA E BARBÁRIE do diretor Sílvio Tendler. O próprio Tendler debaterá com os presentes, após a exibição do filme, todos os aspectos do seu documentário, uma notável coletânea que traz a História desde o fim da IIª Grande Guerra Mundial até os dias atuais.

O ENCONTRO DE BLOGUEIROS E MIDIAS SOCIAIS DO ESPÍRITO SANTO acontecerá na Assembléia Legislativa do Estado nos dias 3, 4 e 5 de junho e debaterá temas como A REFORMA POLÍTICA, A INTEGRAÇÃO LATINO AMERICANA, AS REVOLTAS ÁRABES, A INFORMAÇÃO COMO DIREITO FUNDAMENTAL e A BANDA LARGA COMUNITÁRIA e OS MOVIMENTOS SOCIAIS,

Dentre os convidados e além dos citados, o secretário geral do PCB – Partido Comunista Brasileiro – Ivan Pinheiro, Milton Temer (jornalista e dirigente nacional do PSOL), o jornalista Mário Augusto Jakobskind (que lançará seu último livro escrito sobre Cuba), Marcelo Saldanha (consultor), José Milbs, jornalista e editor do jornal O REBATE – www.jornalorebate.com.br –, Hilda Setineri (guerrilheira virtual), Laerte Braga, jornalista, Ronan Witte (sociólogo), Carlos Cobacho (advogado), Otniel Barcelos de Aquino (economia solidária, quilombolas, indígenas e reforma agrária), Júnior Fialho (presidente da ASSINPOL – ASSOCIAÇÃO DOS INVESTIGADORES DA POLÍCIA CIVIL DO ESPÍRITO SANTO), Tadeu Nicoletti (sindicalista), Davidson Santa Cruz (cientista político) e representantes da Universidade Norte Fluminense (Universidade Darcy Ribeiro – Pró-reitoria de Pesquisas e Ensino à Distância), Adriana Tasca, a jornalista Aliana Camargo do HIPERNOTÍCIAS do estado do Mato Grosso e Luís Setineri (Rio Grande do Sul, movimento popular).

O ENCONTRO DE BLOGUEIROS E MÍDIAS SOCIAIS DO ESPÍRITO SANTO está sendo viabilizado com o apoio dos mandatos do deputado estadual Genivaldo Liebori (PT), Roberto Carlos Teles Braga (PT), vereador de Vitória Elieser Tavares (PT) e vereador Paulinho Brandão, do município de Viana (PSB) e vereador Gílson Daniel Batista, de Viana (PV).

No sábado e domingo serão realizadas as palestras sobre os temas definidos pela Comissão Organizadora, o trabalho dos grupos em cima desses temas e os eventos paralelos, como exposição de artes, resgate do papel da imprensa alternativa no combate à ditadura militar, apresentação de grupos culturais e outros.

Ao final a plenária do ENCONTRO DE BLOGUEIROS E MÍDIAS SOCIAIS DO ESPÍRITO SANTO definirá todo o conteúdo dos trabalhos em uma Carta de Princípios a ser levada ao IIº Encontro Nacional de Blogueiros, em Brasília, em junho e a eventos estaduais e regionais, constituindo-se num documento base de orientação da luta considerada fundamental pelos organizadores. O debate político plural, a presença dos movimentos populares no processo de organização e formação nesse debate dentro e fora da INTERNET, todos objetivos voltados para a construção de uma rede livre, sem qualquer espécie de censura ou donos, levando em conta as características de nosso País, de uma mídia privada a serviço de interesses e grupos de elites econômicas nacionais e do exterior, sem respeito aos direitos básicos e fundamentais do cidadão, dentre eles o da informação.

Nessa medida os temas definidos para as mesas e o filme do cineasta Sílvio Tendler, o lançamento da campanha DIREITO À MEMÓRIA E A VERDADE cumprem o papel de trazer para o encontro assuntos pertinentes e fundamentais à nossa realidade atual e aos desafios futuros, todos voltados para INFORMAÇÃO, DIREITO BÁSICO DO CIDADÃO.

O debate sobre a banda larga comunitária é considerado pelos organizadores de suma importância, já que foge dos projetos de entregar a exploração à iniciativa privada (as grandes companhias operadoras do setor de teles), buscando exatamente evitar esse tipo de controle.

O encontro será todo transmitido através de canais adequados na rede mundial de computadores. Toda a infra-estrutura do evento está definida e stands de partidos, movimento popular e grupos artísticos e culturais estarão sendo montados e apresentados durante os três dias do evento. 

  

Cuidado: a internet é o melhor ambiente para criar e alimentar uma crise

Nota da editora do Blog.
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Todo cidadão tem direito a informação e a comunicação.
A democracia na internet não permite que a mentira dure
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O efeito de jogar no ventilador. É assim que as redes sociais agem nas crises. Para o especialista em comunicação e crise, João Carlos Forni, não há ambiente melhor para que uma crise se propague. “A internet é a plataforma perfeita para criar, alimentar e sustentar uma crise”, alertou Forni nesta quinta-feira (12/5) no 2º Congresso Sul-Brasileiro de Comunicação no Serviço Público, em Florianópolis.

O jornalista falou dos cuidados que as empresas devem tomar nas redes sociais e o monitoramento frequente para que, o que parece uma simples reclamação, não se transforme em uma crise. Além de citar os casos da BP (vazamento de petróleo), governo do DF, e STF, em que uma servidora usou o Twitter do órgão para questionar quando Sarney iria se aposentar, Forni falou do caso da Crhysler, em que um funcionário da montadora de automóveis usou o Twitter oficial da empresa para xingar motoristas de Detroit e dizer que eles não sabiam dirigir.

Para o jornalista, o mais importante antes de entrar nas redes é definir quem será responsável por cuidar das mídias sociais da empresa. “Não se pode entrar nas redes sem determinar quem vai cuidar, o que pode e o que não pode escrever, se não fica na mão de qualquer um, e pela web não há negócios privados”.

Vencido esse primeiro passo, o segundo é um monitoramento sério. “Administrar mídia social é uma coisa complicada, porque você tem que estar lá noite e dia. Se não a pessoa pergunta, não tem resposta, e não volta mais”. E completou: “As más notícias se espalham instaneamente. Antes as empresas tinham uma coisa que nós não temos: tempo”, explicou.
Veja algumas dicas dadas pelo especialista para agir no momento da crise:




Fonte: Portal Comunique-se

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Obstrução da base aliada adia votação do Código Florestal


Depois de confirmarem acordo sobre o texto do relator negociado durante o dia, líderes do governo, do PT e do PMDB argumentaram que houve mudanças no parecer e defenderam o adiamento da votação.
J Batista
O relator do novo Código Florestal (PL 1876/99), deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), apresenta em plenário seu relatório com os pontos negociados com o governo, as lideranças partidárias e os ministros envolvidos no tema.
Relator da proposta, Aldo Rebelo afirmou que não mudou o parecer elaborado em acordo com o governo.
A votação do projeto de Código Florestal (PL 1876/99) ficou para a próxima terça-feira (17), depois de os partidos da base aliada entrarem em obstrução e forçarem o encerramento da sessão a pedido do líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Apesar de elogiar o trabalho do relator, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Vaccarezza disse que a matéria “não poderia ser votada no escuro” e apoiou um requerimento de retirada da proposta, apresentado pelo Psol. “Sabemos da vontade individual de cada um nesse plenário, mas não quero fazer uma votação para derrotar ruralistas ou o governo. Chegamos a um impasse, mas essa votação o governo não quer fazer no escuro”, afirmou.
Emenda
Para o líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), o governo temeu que o Plenário aprovasse uma emenda apresentada por seu partido e apoiada pela bancada ruralista.
Brizza Cavalcante
Dep. ACM Neto, Líder do DEM
Para Antonio Carlos Magalhães Neto, o governo temeu aprovação de emenda do seu partido.
A emenda assegura a manutenção das atividades agrícolas e pastoris desenvolvidas nas áreas de preservação permanente (APPs) desmatadas até 22 de julho de 2008.
A diferença em relação ao texto de Rebelo, fruto do acordo com o governo, é que um regulamento definirá quais atividades poderão permanecer nas APPs às margens dos rios, desde que sejam enquadradas como de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto.
Última hora
Ao justificar a orientação do PT pela obstrução, o líder do partido, deputado Paulo Teixeira (SP), argumentou que o texto distribuído no plenário trouxe mudanças que não eram de seu conhecimento, embora tivessem sido informadas a outros líderes.
Ele citou como exemplo de alteração significativa aquela que permite a redução da reserva legal para fins de regularização, em vez da recomposição da floresta, como constava da primeira versão do texto negociado nesta quarta-feira.
Leonardo Prado
Dep. Paulo Teixeira (PT-SP)
Paulo Teixeira disse ser contra redução da reserva legal para fins de regularização.
Aldo Rebelo garantiu que o texto apresentado ao Plenário é exatamente o mesmo apresentado aos líderes partidários durante a tarde. “O texto que apresentei é do conhecimento dos líderes e foi redigido e corrigido pelo assessor da liderança do governo, na presença do líder do PMDB”, assegurou.
Após a afirmação do relator, Paulo Teixeira reiterou que o texto havia sofrido modificações que ele ainda não conhecia. “Depois que recebemos esse texto, o próprio deputado Aldo Rebelo disse que foi modificado, e dessas mudanças eu não tive conhecimento.”
Governo e Câmara
O líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), orientou sua bancada pela obstrução, mas alertou que o governo deverá “aprender com a Casa” para valorizar o trabalho do relator. “Em respeito ao relator e ao presidente Marco Maia, eu mudo a orientação da minha bancada, mas, se o governo não mudar, eu não mudo mais. O PMDB não vota nada mais nesta Casa enquanto o código não for votado”, disse.
O líder da Minoria, deputado Paulo Abi-ackel (PSDB-MG), classificou de “falta de razoabilidade” o pedido da liderança do governo para adiar a votação do novo Código Florestal. “Depois de uma discussão que dura mais de dois meses nesta legislatura, num ato de absoluta covardia, vem o governo querendo levar com ele todos os parlamentares que não têm nada a ver com os desencontros de uma base que não consegue se entender”, sustentou.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Reportagem de: Eduardo Piovesan e Maria Neves.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mensagem de apoio de Leonardo Boff ao Seminário Nacional de debate sobre o Código Florestal, em São Paulo

 Leonardo Boff*

         Companheiros e companheiras,

Por razões de saúde que me prendem em casa, não pude e estar ai com
vocês. Que valha essa pequena mensgem.

Lamento profundamente que a discussão do Código Florestal foi colocada
preferentemente num contexto econômico, de produção de commodities e
de mero crescimento econômico.

Isso mostra a cegueira que tomou conta  da maioria dos parlamentare e
também de setores importantes do Governo. Não tomam em devida conta as
mudanças ocorridas no sistema-Terra e no sistema-Vida que levaram ao
aquecimento global.

Este é apenas um nome que encobre práticas de devastação de florestas
no mundo inteiro e no Brasil, envenenamento dos solos, poluição
crescente da admosfera, diminuição drástica da biodiversidade, aumento
acelerado da desertificação e, o que é mais dramático, a escassez
progresiva de água potável que  atualmente já tem produzido 60 milhões
de exilados.

 Aquecimento global significa ainda a ocorrência cada vez mais
frequente de eventos extremos, que estamos assistindo no mundo inteiro
e mesmo em nosso pais, com enchentes devastadoras de um lado,
estiagens prolongadas de outro e vendavais nunca havidos no Sul do
Brasil  que produzem grandes prejuizos em casas e plantações
destruidas.

Só cegos e estupidificados pela ganância do lucro não vêem as conexões
causais entre todos estes fenômenos.

A Terra está doente. A  humanidade sofredora de 860 milhões passou,
por causa da crise econômico-financeiro dos paises opulentos, onde
grassam ladrões, salteadores de beira de estrada das economias
populares, a um bilhão e cem milhões de pessoas.

Consequência: a questão não é salvar o sistema econômico-financeiro,
não é produzir mais grãos, carnes e commodities em geral para exportar
mais e aumentar o lucro.

A questão central é salvar a vida, garantir as condições
fisico-químicas e ecológicas que garantem a vitalidade e integridade
da Terra e permitir a continuidade de nossa civilização e do projeto
planetário humano.  A Terra pode viver sem nós e até melhor. Nós não
podemos viver sem a Terra. Ela é  nossa única Casa Comum e não temos
outra. Ela é a Pacha Mama dos andinos, a grande mãe, testemunhada por
todos os agricultores e a  Gaia, da ciência moderna que a vê  como um
superorganismo vivo que se autoregula de tal forma que sempre se faz
apto para produzir e reproduzir vida.

Então, é nossa obrigação manter a floresta em pé. É uma exigência da
humanidade, porque ela pertence a todos, embora gerenciada por nós . O
equilíbrio climático da Terra e a suficiência de água para a
humanidade passa pela floresta amazônica. É ela que sequestra carbono,
nos devolve em oxigênio, em flores, frutos e biomassa. Por isso temos
que manter nossas matas ciliares para garantir a perpetuidade dos rios
e a preservação da pegada hidrológica (o quanto de água temos a nossa
disposição). É imperioso não envenenar os solos pois os agrotóxicos
alcançam o nivel freático das águas, caem nos rios,  penetram nos
animais pelos alimentos quimicalizamos e acabam se depositando dentro
de nossas células, nos entoxicando lentamente.

A luta é pea vida, pelo futuro da humanidade e pela preservação da Mãe
Terra.  Vamos sim produzir, mas respeitando o alcance e o limite de
cada ecossistema, os ciclos da natureza e cuidando dos bens e serviços
que  Mãe Terra gratuita e permanentemente nos dá.

Que devolvemos à Terra como forma de gratidão e de compensação? Nada.
Só agressão, exaustão de seus bens. Estamos conduzindo, todos juntos,
uma guerra total contra a Terra. E não temos nenhuma chance de
ganharmos essa guerra. Temo que a Mãe Terra se canse de nós e não nos
queira mais hospedar aqui. Ela poderá nos elimiar como eliminamos uma
célula cancerígena. Devemos devolver seus beneficios, com cuidado,
respeito, veneração para que ela se sinta mãe amada e protegida e nos
continue a querer como filhos e filhas queridos.

Mas não foi a devastação que fomos criados e estamos sobre esse
ridente Planeta. Somos chamados a ser os cuidadores, os guardiães
desta herança sagrada que o Universo e Deus nos entregaram. E vamos
sim  salvar a vida, proteger a Terra e garantir um futuro comum, bom
para todos os humanos e para a toda a comunidade de vida, para as
plantas, para os animais, para os demais seres da criação.

A vida é chamada para a vida e não para a doença e para morte. Não
permitiremos que um Codigo Florestal mal intencionado ponha em risco
nosso futuro e o futuro de nossos filhos, filhas e netos. Queremos que
eles nos abençoem por aquilo que tivermos feito de bom para a vida e
para a Mãe Terra e não tenham motivos para nos amaldiçoar por aquilo
que deixamos de fazer e podíamos ter feito e não fizemos.

O momento é de resistência, de denúncia e de exigências de
transformações  nesse Código que  modificado honrará  a vida e
alegrará a grande, boa e generosa Mãe Terra.

                                               Leonardo Boff

                               Companheiro de lutas e de esperança

Petropolis, RJ, 7 de maio de 2011.

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