23/01/2014 - “MST terá papel de defesa da comida saudável”, afirma especialista
- Rodrigo Vianna - Escrevinhador
O MST completa nesta semana [19/1] 30 anos.
Foram anos de enfrentamento com o latifúndio, organização de assentamentos de trabalhadores rurais e resistência ao controle da agricultura por empresas estrangeiras.
“O MST democratizou o acesso à terra, possibilitando que mais de 500 mil famílias fossem assentadas. E conseguiu isso através da luta pela terra. Nenhum governo fez o que o MST fez”, afirma o geógrafo Bernardo Mançano Fernandes [foto], professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Mançano avalia que a resistência do MST representa uma vitória da democracia no Brasil. Para ele, o movimento cumprirá daqui pra frente o papel de produzir comida saudável.
A seguir, leia a entrevista de Mançano, um dos maiores estudiosos em questão agrária e movimentos sociais do campo, ao Blog Escrevinhador.
Quais as contribuições do MST para o Brasil nesses 30 anos?
A construção da democracia é uma delas, quanto mais durar o MST mais democracia teremos.
Nestes 30 anos o MST democratizou o acesso à terra, possibilitando que mais de 500 mil famílias fossem assentadas.
E conseguiu isso através da luta pela terra. Nenhum governo fez o que o MST fez.
A ocupação da terra é a principal forma de acesso à terra. A diminuição das ocupações significa a diminuição dos assentamentos. É o que acontece hoje.
Mas para o MST aumentar o número de famílias nas ocupações, a renda da população assentada precisa melhorar.
O que representa na história do Brasil e da América Latina a resistência por três décadas de um movimento que organiza camponeses e trabalhadores rurais?
Representa a vitória da democracia.
Os períodos de ditadura foram períodos de destruição do campesinato. O avanço do campesinato é um indicador de qualidade da democracia.
A diminuição do número de ocupações de terra diminui a importância política do MST no atual estágio de desenvolvimento da agricultura no país?
De forma alguma. Mas, o tempo das grandes ocupações passou. A luta agora é por terra e para viver melhor na terra.
Os assentamentos precisam melhorar muito para que possa atrair mais família para a luta pela terra.
O MST tem uma grande responsabilidade em apresentar um projeto de desenvolvimento do campesinato para o Brasil.
Como fazer a luta pela reforma agrária em um quadro de expansão territorial, econômica, política e ideológica do agronegócio?
É preciso mostrar para a sociedade as diferenças entre agronegócio e campesinato.
O agronegócio procura evitar esta diferença, afirmando que a agricultura familiar é agronegócio.
É preciso manter a diferença para que a sociedade entenda que o campesinato produz comida saudável enquanto o agronegócio produz comida contaminada, produz lixo.
A reforma agrária tem que ser feita na perspectiva da agroecologia, com ordenamento territorial para proteção ambiental.
Os limites do agronegócio está no que ele mais defende: a produção em grande escala.
Na sua avaliação, que papel o MST cumprirá no próximo período?
Fonte:
http://www.rodrigovianna.com.br/geral/mst-tem-o-papel-de-defesa-da-comida-saudavel-afirma-especialista.html
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Nota:
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