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sexta-feira, 7 de março de 2014

Quem disse que não há unidade civil e militar na Venezuela?

01/03/2014 - A unidade cívico-militar na Venezuela
- Por Beto Almeida (*) - blogue do Miro

"A revolução bolivariana é pacífica, pero armada"
(Hugo Chávez)

Há 25 anos, num 27 de fevereiro de 1989, o então presidente da Venezuela, Carlos Andrés Perez [foto], lançou um pacote neoliberal explosivo aumentando drasticamente o preço da gasolina e dos alimentos.

O povo de Caracas se rebela, sai às ruas, saqueia supermercados, lojas de roupas, açougues.

Perez dá ordens para o exército reprimir com vigor.

Centenas de cidadãos são mortos [foto abaixo].

O número exato ainda está por ser calculado, pois muitos foram enterrados em valas comuns ou atirados nos lixões da cidade.

Quando tive a oportunidade entrevistar o presidente Chávez, no Palácio de Miraflores, ele contou que estava em serviço e soube quando a ordem de reprimir foi dada e as tropas lançaram-se pelos bairros pobres, esmagando sem dó nem piedade a rebelião, conhecida com o nome de Caracazzo.

Chávez dizia que o Caracazzo foi o estopim, a alavanca, o encorajamento fundamental para que o movimento militar bolivariano, cuja construção liderava dentro dos quartéis de toda a nação, se decidira a agir.

Aquela repressão havia provocado nas fileiras progressistas e nacionalistas militares muito mais do que uma indignação.

47 segundos versus 10 anos
Quase três anos depois, em 4 de fevereiro de 1992, Chávez comandava uma insurreição militar que pretendia colocar um fim no governo neoliberal e corrupto de Andrés Peres e, com o apoio popular, convocar uma Assembleia Nacional Constituinte.

Do ponto de vista militar, a insurreição não foi vitoriosa. Dialeticamente, foi vitoriosa do ponto de vista político.

Hugo Chávez comandou a rendição para poupar vidas, entregou -se, e foi preso. Na prisão, transforma-se no homem mais popular da Venezuela.

O povo venezuelano identificou naqueles poucos segundos em que Chávez usou a cadeia de rádio e TV - exigência para a rendição [foto] - que aquele homem, meio negro e meio índio, era um dos seus, que falava sua língua, representava seus anseios largamente reprimidos.

Tanto assim que longas filas, diariamente, se formaram para visitar a Chávez na prisão. Gente proletária, sofrida, humilde, que tinha tido a objetividade histórica de compreender que ali estava preso o seu líder, enquanto os intelectuais pedantes discutiam, interminavelmente, se Chávez era um populista, um golpista, um autoritário ou um militaresco fascista.

Certa vez, em debate com um dirigente do Partido Comunista Espanhol, em Madrid, escutei-o dizer que só depois do golpe de 2002, ele tivera certeza de que Chávez era de esquerda.

Contra argumentando, assinalei que enquanto ele tinha levado 10 anos para entender a função história de Chávez, o povo venezuelano levara apenas 47 segundos para compreendê-lo, tempo exato daquela declaração do líder da insurreição bolivariana por cadeia para render-se, “por ahora”.

O Caracazzo pariu a Insurreição de 4 de Fevereiro de 1992.

Mas, é chocante observar, ainda hoje, a infinita hipocrisia dos meios de comunicação internacionais e dos governos que os controlam ou manipulam, diante da crise atual da Venezuela.

Quando o governo venezuelano de 1989 mandou reprimir e matou a rodo populares nas ruas de Caracas - Chávez insistia sempre que eram milhares os mortos - esta mídia que faz o maior estardalhaço sobre uma inexistente guerra civil na Venezuela hoje, na época, não fez nenhum escândalo diante da matança aos olhos de todos, nas ruas caraquenhas.

Tampouco os governos, como o dos Estados Unidos, que lançam cínicos comunicados de “preocupação com os direitos humanos na Venezuela”, na época, foram os patrocinadores do pacote neoliberal de Carlos Andrés Perez [foto], fizeram o mais criminoso silêncio.

O silêncio da cumplicidade com aquela matança.

Maldito seja...
O Caracazzo foi uma rebelião popular que levou a uma lição fundamental para os militares revolucionários que se organizavam em torno de Chávez, entre eles o Embaixador da Venezuela no Brasil, Almirante Diego Molero.

E a lição era a aplicação de uma das frases de Bolívar mais repetidas pelo próprio Chávez, linha de princípio do movimento que, depois de anos de preparação política doutrinária, preparava-se para agir: “Maldito seja o soldado que aponta seu fuzil contra seu próprio povo!

Porém, a linha doutrinária, programática, ia muito mais além.

Recuperava e atualizava o Simon Bolívar integracionista, reformador social, criando outra concepção para o papel dos militares: a integração latino-americana, a unidade cívico-militar e a sustentação pela via democrática, porém de armas nas mãos, do processo de mudanças em busca de justiça social.

Afinal, a Venezuela, um país tão rico, possuía 85 por cento de pobres e miseráveis, uma maioria de analfabetos, favelas desumanas por todos os lados, enquanto sua burguesia era conhecida por ser uma das maiores consumidoras de caviar e champanhe do mundo, perdendo apenas para burguesia francesa.

Hoje, 25 anos depois do Caracazzo, já podemos contabilizar os frutos da Revolução Bolivariana, mesmo assediada, atacada, sabotada, golpeada por mais de 15 anos.

O país de Bolívar não tem mais analfabetos, diz a Unesco. Diz a FAO que houve redução drástica da desnutrição e da fome no país.

Os trabalhadores já possuem uma lei trabalhista moderna e foram universalizados os direitos previdenciários.

Lá se paga um dos maiores salários mínimos da América Latina, comparativamente falando.

E, pela primeira vez na história do país, o petróleo, que enriqueceu por décadas uma camarilha insensível e corrupta, agora tem a sua receita aplicada na construção de moradias, de universidades bolivarianas, na sustentação do ensino público gratuito, na instalação de milhares de postos de saúde, com presença de mais 23 mil médicos cubanos, o que reduziu tremendamente a mortalidade infantil.

Claro que a Venezuela tem muitos outros desafios a superar, a começar pela economia rentista do petróleo, como disse hoje, em Brasília, o Chanceler Bolivariano, Elias Jaua [foto], bem como enfrentar a criminalidade, que, aliás, não é problema exclusivo venezuelano.

Ele informou sobre os focos de violência orquestrados por pequenos grupos de agentes provocadores, com apoio do exterior.

Enquanto a Venezuela possui 325 municípios, as ações violentas registraram-se em apenas 18 localidades de todo o país.

Reveladora é a informação de que os atos violentos ocorrem centralmente nos bairros mais ricos.

Mais reveladora ainda, da condição de classe desses jovens de famílias ricas que agem violentamente, é que optaram por queimar um caminhão do sistema Mercal, um sistema estatal de distribuição de alimentos a baixo custo.

Queimaram, mas não saquearam os alimentos.

Ou seja, o motivo não era a fome, mas apenas queimar, destruir.

Militares progressistas
As manifestações pacíficas são permitidas e a oposição, caso queira, pode recorrer ao instrumento da revogabilidade de mandatos, contido na Constituição Bolivariana, uma das mais avançadas do mundo, para tentar retirar Maduro pela vida legal.

Mas, se o objetivo é exigir, sem base nem fundamento, a renúncia do Presidente Nicolás Maduro [foto abaixo], e por meio de incêndios, instalação de linhas de nylon cortantes nas ruas dos bairros mais chiques, o que já provocou a degola de motociclistas, evidentemente, estes grupos vão se defrontar com aquilo que talvez seja uma das mais importantes obras de Chávez: a unidade cívico-militar. 

Os militares bolivarianos possuem outra consciência, enriquecida e temperada na experiência da Revolução dos Cravos, de Portugal, no governo antiimperailista de Velasco Alvarado, no Peru, no exemplo do governo socialista do capitão Thomas Sankara, o Che Guevara africano, de Burkina Fasso, experiências em que os militares atuaram sempre ao lado do povo, sustentando um processo revolucionário, transformador, como ferramenta estratégica.

Este é o eixo que dá suporte e mantém de pé a Revolução Bolivariana até hoje, enfrentando todas as ações de desestabilização emanadas pela Casa Branca, ecoadas pela mídia internacional.

Assim, é muito explicativo observar que a mídia brasileira, especialmente aquela que apoiou o golpe militar de 64 no Brasil, e, também, o golpe derrotado contra Chávez, em 2002, esteja agora tentando fazer crer que exista uma convulsão social na Venezuela.

E que ontem [27 fev], data dos 25 anos do Caracazzo que pariu a Revolução Bolivariana, nada tenha dito daquela rebelião, quando, apoiou não apenas o pacote de amargas medidas neoliberais, mas, também, a sangrenta matança que hoje está sendo apurada por uma espécie de comissão da verdade de lá.

(*) Beto Almeida é membro do diretório da Telesur

Fonte:
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/03/a-unidade-civico-militar-na-venezuela.html?spref=tw

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

quinta-feira, 6 de março de 2014

A Rússia já está na lista

28/02/2014 - O que a Ucrânia já mostrou: a Rússia, na lista de Washington para “mudança de regime
- Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Joe Biden (E) e Viktor Yanukovich (D) (Em 2009 a "cama" de Yanukovich já estava feita...)

Dias antes de o presidente ucraniano Viktor Yanukovitch ser expulso do governo, ele foi informado pelo vice-presidente dos EUA, Joe Biden, de que era “fim de jogo”.

Segundo o The Guardian britânico, que cita funcionários não identificados dos EUA, Biden recriminou o presidente ucraniano, durante telefonema que durou uma hora, pelo fracasso de seus esforços para encontrar solução negociada para a crise ucraniana, os quais teriam chegado com “um dia de atraso, e incompletos”.

Não se pode dizer que tenha sido comentário amigável de observador neutro.

Desde o fim de semana passado, Yanukovich desapareceu de circulação, com notícias de que estaria em algum ponto da Península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.

Um ex-chefe de gabinete, Andriy Kluyev, foi ferido em ataque a tiros, por “manifestantes” antigoverno. Outros membros do Partido das Regiões de Yanukovych também fugiram dos gabinetes no Parlamento, temendo ataques similares; o que deixou a Câmara legislativa entregue a bandos da oposição. 

Esse parlamento ilegítimo rapidamente aprovou acusações formais contra o ex-presidente e altos funcionários do governo, como responsáveis pelas dúzias de mortos durante os três meses de tumultos e protestos.

Kiev transformada em terra sem lei pelos nazi-fascistas

O clima de terra sem lei governado por gangues que já se implantou em Kiev espalhou-se para outras partes do país, com as comunidades pró-Rússia, sobretudo, já temendo guerra civil em toda essa ex-República Soviética. Esse clima de medo é reflexo do golpe de estado construído e lançado contra presidente eleito e seu governo.

A chegada essa semana do vice-secretário de Estado dos EUA Williams Burns à capital da Ucrânia, “para discutir com figuras políticas e empresariais” o futuro do país é mais uma evidência de que todo o golpe de estado foi evento patrocinado e promovido por Washington.

Por que mais o vice-presidente dos EUA, Joe Biden tanto se interessaria pelos assuntos internos da Ucrânia a ponto de telefonar várias vezes da Casa Branca ao infeliz Yanukovich, nas últimas semanas?

Essa interferência criminosa nada “encoberta” dos EUA, em estado soberano, já não surpreende ninguém.

Manifestantes nazi-fascistas portando bandeiras da União Europeia combatem em Kiev

O secretário de Estado dos EUA John Kerry e outros líderes ocidentais a repetirem que a Ucrânia não seria “batalha entre o Leste e o Oeste é, no mínimo absurdo risível, sempre devidamente regurgitado servilmente pela chamada imprensa de notícias ocidental, para consumo popular.

A Ucrânia já estava na lista de “mudança de regime” desde o início dos anos 1990s, quando o país foi atacado pela primeira vez por Zbigniew Brzezinski e outros “estrategistas” do império norte-americano, como área desprotegida, um baixo ventre vulnerável, para desestabilizar a Rússia.

A “revolução laranja” patrocinada pelo ocidente, de meados dos anos 2000s, e que abriu a Ucrânia para ser saqueada pelo capital ocidental, já se deixa ver hoje, bem claramente, como um ensaio geral para a operação de golpe para “mudança de regime” que hoje se vê em curso.

De fato, a Ucrânia já pode ser acrescentada ao conhecido inventário de países alvos de golpes para “mudança de regime” que foi revelado em 2007 por Wesley Clark, general norte-americano de quatro estrelas.

Há quase sete anos, Wesley Clark foi a público e contou como Washington tinha um plano em andamento, no mínimo desde o final de 2001, quando o país invadiu o Afeganistão, e que incluía a ambição de “mudar o regime” em outros seis países – Iraque, Síria, Líbano, Somália, Sudão e Irã.

Todos esses países sofreram, em maior ou menor grau, a agressão por operação militar clandestina liderada por Washington, a mais intensa das quais se vê hoje na Síria, onde EUA e aliados financiam e armam uma insurgência estrangeira infiltrada ali.

Além dos conhecidos já sete alvos (incluindo o Afeganistão), eventos recentemente orquestrados na Ucrânia e provas de evidente intervenção ocidental também fazem desse país mais um item na agenda de governos a derrubar, de Washington.

Além do mais, é cada dia mais visível que não só a Ucrânia é alvo dos intentos criminosos.

Grupos pagos pelos EUA provocam agitação e violência na Venezuela

A violência das manifestações de rua na Venezuela para desestabilizar o governo do presidente socialista Nicolás Maduro são, sem dúvida possível, também maquinações da interferência de Washington também na Venezuela. 

E a subversão de hoje faz lembrar a tentativa de golpe, também apoiada pelos EUA, contra o ex-presidente Hugo Chávez em 2002.

Em anos recentes, Washington também esteve ativa em golpes para “mudança de regime” ou tentativa de golpe em Honduras e no Uruguai, e foi cúmplice da intervenção militar ilegal da França em vários pontos da África, incluindo Costa do Marfim, Mali e atualmente na República Centro-Africana.

Golpes para “mudança de regime” são procedimento operacional padrão para Washington e seus procuradores. Não é alguma aberração irracional: é movimento estrutural.

Na longa perspectiva histórica que vai até o surgimento dos EUA como potência imperial entre meados e o final dos anos 1800s, Washington já esteve envolvida em mais golpes, contragolpes, guerras de subterfúgio e agressões por todo o planeta, que qualquer outro estado.

Apesar das aparentemente sinceras declarações de que não há intervenção do ocidente na Ucrânia, o único modo de compreender o torvelinho que tomou conta daquele país é analisá-lo no contexto das ambições imperialistas de Washington, em nome do capitalismo ocidental.

Essa agenda é, infelizmente, seguida por sucessivos governos europeus, que demonstram suas prioridades políticas subscrevendo o diktat do capitalismo liderado pelos EUA na direção de “austeridade” econômica contra seus próprios cidadãos, e garantindo carta branca a Washington para que viole o quanto queira a lei internacional.

A verdade sistêmica é que o capitalismo não pode ser sustentado sem a conquista imperialista.

É especialmente verdade em tempos de crise do capitalismo, e a atual conjuntura é, provavelmente, a mais profunda crise histórica surgida ante a viabilidade do capitalismo liderado pelos EUA.

O imperialismo, com sua proclividade para a intervenção em países estrangeiros, a subversão e a indução a sempre mais guerras está, portanto, hoje no seu ponto mais agudo de necessidade de manifestar-se, para aliviar a estagnada ordem econômica liderada pelos EUA.

E é isso que torna a atual situação global tão perturbadoramente perigosa. 

Essa conexão estrutural entre o capitalismo e o imperialismo foi exposta, em toda a sua cogência, em 1916, por um líder russo bolchevique, Vladimir Lênin [foto, em 1918], em seu estudo O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo.[1]

As intuições de Lênin relacionadas às causas econômicas e sistêmicas da Iª Guerra Mundial resistiram ao teste do tempo, por mais que tenham sido censuradas e excluídas da consciência ocidental “oficial”.

Aquelas intuições de como as crises do capitalismo alimentam a predação imperialista aplicam-se, igualmente precisas e cogentes também para explicar as origens da IIª Guerra Mundial e de muitos outros conflitos internacionais subsequentes, inclusive o surto atual de golpes para “mudança de regime” patrocinado pelos EUA em diferentes continentes.

A análise de Lênin dá conta do motivo pelo qual Washington escalou no seu vício de provocar golpes de “mudança de regime” por todo o planeta ao longo da última década, a partir do momento em que a ordem capitalista comandada pelos EUA viu-se encurralada numa depressão que já parece insuperável.

Como em outras vezes, a guerra e o assalto imperialista são o único modo que o sistema conhece para aliviar sua própria tendência destrutiva, gerando impasses.

Não surpreende, portanto, ironicamente, que um dos primeiros atos dos manifestantes fascistas patrocinados pelo ocidente em Kiev, ainda no final do ano passado, tenha sido destruir monumentos que homenageavam Lênin.

O que se passa hoje na Ucrânia está afinado com a dinâmica histórica maior que os EUA e seus fantoches ocidentais aprofundaram, em seu ímpeto imperialista – por todo o planeta.

Em última instância, os alvos dos capitalistas ocidentais são os dois principais rivais geopolíticos, como os capitalistas ocidentais os veem: Rússia e China. Esses países são obstáculos no caminho do expansionismo doentio dos capitais ocidentais na Eurásia e no Pacífico.

Nesse sentido, desgraçadamente, a Ucrânia deve ser vista como mera cabeça-de-ponte para os planos de golpe e “mudança de regime”, dos EUA, contra a própria Rússia.

Com a ascensão do presidente Vladimir Putin [foto] da Rússia como líder global, que se tem oposto à agressão nua e crua pelo ocidente a outros países (hoje, declaradamente, no caso da Síria), aquela “obstrução” elevou a Rússia à posição de objetivo prioritário, para Washington.

É o que se vê nas repetidas ameaças de escalada militarista dos EUA contra a Rússia (e a China), sob a forma de implantação de mísseis balísticos junto às fronteiras, expansão do armamento nuclear (eufemisticamente chamado “upgrade”) e a velada doutrina da capacidade para “o primeiro ataque”.

A Ucrânia ilustra um desdobramento aterrorizante de uma tendência que se vem desenvolvendo no imperialismo norte-americano ao longo da última década. A cada dia que passa, mais se vê claramente qual o trunfo a que visam as várias operações clandestinas conduzidas pelos EUA, para mudança de regime no mundo: Moscou.

Paramilitares neonazistas agridem forças antitumulto em Kiev

Mas, na verdade, não é simples caso de os EUA retomarem a velha Guerra Fria pós-1945 contra a Rússia. A guerra capitalista global comandada pelos EUA contra a Rússia tem passado mais longo: vai até à Revolução de Outubro de 1917. O massacre da Rússia Soviética pela Alemanha Nazista foi plano ocidental para subjugar um vasto território que se posicionara fora do controle do capitalismo ocidental. (O que é assunto para outra coluna).

Os paramilitares neonazistas que o ocidente mobilizou para desestabilizar a Ucrânia (e a Rússia) hoje trazem ecos de uma agenda velha, sistemática, de golpes para “mudança de regime”, do ocidente imperialista contra o oriente, e por toda a parte.

Nada há de anômalo na associação entre a classe capitalista dominante e a bandidagem fascista, hoje. Essa é uma associação histórica.

Nota dos tradutores
[1] LÊNIN, Vladimir Ilitch [jan.-jun. de 1916], O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, in LÊNIN, Obras Escolhidas, tomo 2, Lisboa-Moscou: Editorial Avante!/Edições Progresso, 1984.
___________________________

[*] Finian Cunningham nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, em 1963. Especialista em política internacional. Autor de artigos para várias publicações e comentarista de mídia. Recentemente foi expulso do Bahrain (em 6/2011) por seu jornalismo crítico no qual destacou as violações dos direitos humanos por parte do regime barahini apoiado pelo Ocidente.
É pós-graduado com mestrado em Química Agrícola e trabalhou como editor científico da Royal Society of Chemistry, Cambridge, Inglaterra, antes de seguir carreira no jornalismo. Também é músico e compositor. Por muitos anos, trabalhou como editor e articulista nos meios de comunicação tradicionais, incluindo os jornais Irish Times e The Independent. Atualmente está baseado na África Oriental, onde escreve um livro sobre o Bahrain e a Primavera Árabe.

Fonte:
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/02/o-que-ucrania-ja-mostrou-russia-na.html

terça-feira, 4 de março de 2014

Governo Maduro neutraliza golpistas

28/02/2014 - Juan Manuel Karg (*)
- via comunicação por e-mail da Alba Movimentos
- Tradução: blog Escrevinhador

O governo da Venezuela parece ter retomado com força a iniciativa política, após a onda de protestos da oposição conservadora na última quinzena.

Convocou todas os setores sociais em uma conferência da paz nacional. Só faltou na reunião a oposição conservadora.

O governo recorreu também aos países do Mercosul, que reconheceu a democracia no país. Por sua vez, também anunciou a próxima reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para tentar construir uma posição comum contra as tentativas de desestabilização.

Qual é a estratégia da oposição conservadora para este novo cenário? Pesquisas mostram a rejeição da maioria dos venezuelanos aos protestos violentos, que nos últimos dias tem perdido peso.

A reunião convocada pelo Nicolás Maduro [foto], em Miraflores, última quarta-feira [26 fev], sob o nome de Conferência Nacional da Paz, era uma novidade política retumbante no cotidiano vertiginoso na Venezuela neste conturbado fevereiro. 

Representantes de movimentos sociais e políticos, religioso, empresarial e intelectual participaram da conferência. Apenas ficou ausente a Unidade Democrática.

O amplo consenso alcançado na reunião sobre a necessidade de ”pacificar” a situação política do país mostra um antagonismo claro para o ciclo de protestos de rua que têm sido desenvolvido contra o governo nas últimas duas semanas.

A oposição política, para evitar que fosse tirada uma foto com Maduro, acabou optando por não participar de uma conferência que fez uma análise verdadeiramente abrangente, mostrando sua mesquinhez e sectarismo.

Assim, não deixou que ouvissem a sua opinião,  que não a sua voz para o país. Foi o que fez, por exemplo, a Fedecamaras , que teve que admitir à nação que tinha cometido vários “erros” no passado.

Enquanto acontecia a conferência, em Caracas, o chanceler Elias Jaua [foto] começou, a partir de definição de políticas do governo Maduro, a fazer uma excursão ambiciosa nos países do Mercosul.

Em 24 horas, visitou a Bolívia , Paraguai , Argentina, Uruguai e Brasil. Jaua ofereceu aos países do continente ”informação em primeira mão” sobre os últimos acontecimentos.

Na conferência de imprensa realizada em Buenos Aires, ele detalhou o caráter pacífico de seu país, dizendo que “a Venezuela nunca fez uma guerra com outro país. Somos um país de pessoas de paz”.

A intenção do Jaua dar detalhes do que aconteceu, fazendo um contraponto às informações fornecidas pelos principais meios de comunicação internacionais, que, de acordo com a sua opinião, buscam ”demonizar” o governo venezuelano.

Assim, ele informou que das 14 mortes em eventos infelizes, apenas em três estavam envolvidos policiais. Esse funcionários agiram, segundo ele, fora as ordens dadas e foram afastados de seus postos e presos, sendo investigado pelo Ministério Público.

Depois de fazer esse esclarecimento, ele disse que “a nossa revolução é de uma natureza democrática e pacífica” e agradeceu o apoio do governo de Cristina Fernández Kirchner [foto].

No Uruguai, Jaua caracterizou a Unasul como “mais eficaz” e com um funcionamento mais democrático do que a OEA (Organização dos Estados Americanos).

Os dados dão razão ao ministro: em 2008 e 2010, houve duas tentativas de desestabilização na Bolívia e no Equador, que foram contidas pela Unasul. 

Assim, a Venezuela anunciou uma nova reunião da Unasul para discutir a questão.

Por sua vez, a oposição conservadora venezuelana parece aumentar sua divisão interna.

Após a prisão de Leopoldo López [foto], que é investigado pelas suas responsabilidades nos acontecimentos de 12 de fevereiro, Henrique Capriles [foto abaixo] tenta recuperar espaço, especialmente por meio de aparições na mídia.

No entanto, Capriles tem evitado convites para participar com Maduro de reuniões para a construção da paz. 

A sua ausência foi expressa tanto na Conferência Nacional para a Paz como no Conselho Federal de Governo, com a participação dos outros 22 governadores, incluindo Henri Falcón, outro líder da oposição e governador do estado de Lara.

Finalmente, temos conhecido nos últimos dias algumas pesquisas sobre os protestos.

Sem dúvida, se verifica um desgaste dos bloqueios violentos de setores da oposição conservadora.

A sondagem privada da Serviços da Consultoria Internacional quantifica 83% de rejeição da continuidade desses protestos.

É evidente que, à medida em que essas ações se tornaram método de protesto, houve uma rejeição por parte da oposição conservadora como um “atalho”.

Aparentemente, a decisão de retomar fortemente a iniciativa política, tanto nacional e internacionalmente, do governo venezuelano fez grande parte da ”classe política” perdida, vendo um refluxo das suas ações.

As articulações no âmbito da Conferência Nacional para a Paz e uma rápida reunião da Unasul são fundamentais para neutralizar os ânimos dos setores mais violentos e colocar por terra, definitivamente, mais essa tentativa de desestabilização da história da Revolução Bolivariana.

(*) Juan Manuel Karg é professor licenciado em Ciência Política da Universidade de Buenos Aires e pesquisador do Centro Cultural da Cooperação.

Fonte:
http://www.rodrigovianna.com.br/geral/governo-maduro-neutraliza-golpistas.html

segunda-feira, 3 de março de 2014

A luta é com palavras..., como sempre foi

21/02/2014 - Ucrânia e Venezuela: lutar com palavras
- por Rodrigo Vianna - Escrevinhador

Lutar com palavras é a luta mais vã. No entanto lutamos, mal rompe a manhã.” (Drummond)

Não se trata de poesia. Mas de política.

A edição da “Folha” desta sexta-feira [21 fev] é mais uma demonstração de que a batalha nas ruas de Kiev ou Caracas não é feita só de coquetéis molotov, bombas e fuzis.

A batalha se dá na mídia, na TV, na internet, nas páginas envelhecidas dos jornais. São Paulo, Caracas, Kiev, Moscou e Washington. A batalha é uma só.

Reparemos bem.

Ao lado, temos a primeira página do jornal conservador paulistano – o mesmo que apoiou o golpe de 64 e emprestou seus carros para transporte de presos durante a ditadura militar.

Na capa da “Folha”, ucranianos escalam uma montanha de entulho no centro de Kiev, e a legenda avisa:

Manifestantes antigoverno usam pneus e entulho para montar barricadas…”

Logo abaixo, uma chamada sobre reintegração de posse em São Paulo:

Em SP, invasores destroem imóveis do Minha Casa”. Numa página interna, o jornal informa que esse “invasores resistiram e, até a noite, praticavam atos de vandalismo”. (página C-1)

Ucranianos não praticam “vandalismo”. São tratados de forma heroica.

Ainda que se saiba que parte dos manifestantes em Kiev tem um discurso racista, próximo do nazismo [foto].

Brasileiros são “vândalos”. Ucranianos são “manifestantes”.

Mas sigamos adiante.

Nas páginas internas, a “Folha” traz vários textos do enviado especial a Kiev. 

Num deles, o repórter mostra uma pequena fábrica para produção de coquetéis Molotov, dentro do Metrô de Kiev.

O cidadão que produz as bombas é descrito assim: 

Sem afiliação a partidos ou uma proposta ideológica clara, o cidadão diz ter sido atraído pela praça e pelas manifestações a partir da ideia de que é necessário mudar o sistema político na Ucrânia.” 

Mudar o sistema político. Hum. Não fica claro se o cidadão quer uma ditadura.

A Ucrânia não é uma democracia? O governo não foi eleito pela maioria? 

Hum… “Sem afiliação a partidos” – essa parece ser a chave para legitimar tudo nos dias que correm. A CIA, os EUA, a CNN, a Folha não tem filiação a partidos. Não. Nem o nobre manifestante de Kiev.

Ao lado da reportagem sobre os molotov, um texto opinativo assinado por Igor Gielow (sobrenome “eslavo”, muito bom! Isso dá credibilidade ao comentário). [foto]

Basicamente, Gielow diz que a crise na Ucrânia é “reflexo da estratégia de Putin para a região”.

Ele não está errado. Pena que esqueça de contar uma parte da história.

O importante não é o que eu publico, mas o que deixo de publicar”, dizia Roberto Marinho.

Gielow e a “Folha” ensinam: Putin [foto abaixo] é um líder malvado, que pretende manter na Ucrânia “a esfera de poder dos tempos imperiais e soviéticos”.

Aprendam: só a Rússia tem interesses imperiais na Ucrânia.

Do outro lado, há cidadãos sem afiliação partidária, lutando contra um insano governo pró-Moscou.

Os EUA e a Europa não têm interesses na Ucrânia. Só Putin. A culpa é dos russos.

Na “Folha” luta-se com as palavras muito antes da manhã começar. Luta-se com as palavras em Kiev, em São Paulo, Moscou. Washington fica invisível. E toda a estratégia passa por aí.

O poder imperial só existe por parte da Rússia. Washington não tem qualquer projeto imperial: nem na Ucrânia, nem na Síria, nem tampouco na América Latina…

Falando nisso, a cobertura sobre a Venezuela é também grandiosa no diário da família Frias.

Declarações de Maduro aparecem entre aspas. Velho truque jornalistico para desqualificar, colocar no gueto da suspeição, qualquer fala dos chavistas.

Segundo a Folha, o governo de Maduro afirma que o movimento (golpista? Isso a Folha não diz) é uma armação de “forças de ultradireita da Venezuela e de Miami”.

No texto original a expressão está assim, entre aspas. Por que? Para dar a impressão de que Maduro é um lunático, e que não há forças de ultradireita lutando nas ruas. Não. Há só “estudantes” e “manifestantes” (e agora sou eu que coloco entre aspas).

A legenda da foto ao lado (também publicada pelo jornal conservador paulistano) diz:

Estudantes queimam lixo em atos contra Nicolás Maduro”. 

Primeiro, como se sabe que o sujeito é um “estudante”

Depois, reparem que queimar lixo na Venezuela é “ato contra Maduro“. 

Queimar prédios em desapropriação, em São Paulo, vira “vandalismo”.

Em Caracas não há “vândalos”.

Ao lado da foto, um texto assinado por repórter (que está em São Paulo!!!) narra roubo de equipamento da CNN em Caracas: “o ataque à CNN se assemelha a inúmeros relatos de motociclistas intimidando manifestantes, com tolerância e até respaldo das forças de segurança do governo”.

O roubo ocorreu em manifestação da oposição. Mas o roubo certamente é coisa dos chavistas. Claro.

Nem é preciso ir até Caracas pra saber (registro a bem da verdade factual que o repórter - a quem conheço, ótima pessoa – foi correspondente em Caracas).

No mesmo texto (assinado, de São Paulo) os grupos que defendem o governo são chamados de “milícias”. Ok.

Já estive em Caracas cinco ou seis vezes. E há grupos chavistas que se assemelham mesmo a milícias. Mas do lado da oposição há o que? Não há milícias? A turma de Leopoldo, que deu golpe em 2002, é formada por cidadãos inocentes. E só.

Quem lê a “Folha” aprende que, em Caracas, há de um lado “milícias chavistas”. De outro, só “estudantes” e “manifestantes”. 

 Não há neutralidade no uso das palavras. Nunca houve. Nunca haverá.

E quanto mais agudas as crises, mais isso fica claro. Há escolhas. A “Folha” faz as suas. A CNN, a Telesur, a VTV – ou esse blogueiro. A diferença é que uns assumem que têm lado. Outros fingem que estão “a serviço do Brasil”.  

Lutemos, com as palavras. Não há saída. O outro lado luta todos os dias, todas horas.

“Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate” (Drummond)

Fonte:
http://www.rodrigovianna.com.br/vasto-mundo/ucrania-e-venezuela-lutar-com-palavras.html

Nota:
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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

USAID: os passos da gestação de um golpe

21/02/2014 - Passo a passo, o plano da USAID para acabar com o governo Chávez
- Natália Viana e Luiza Bodenmuller, da Agência Pública
- extraído da Agência Carta Maior

Documento secreto do WikiLeaks detalha como William Brownfield [foto], hoje secretário-assistente do Departamento de Estado, planejava acabar com o chavismo.

Após o fracasso do golpe contra Hugo Chávez em 2002, a embaixada americana em Caracas resolveu tomar para si a tarefa de reorganizar a oposição venezuelana, apostando em uma estratégia de longo prazo que minaria o poder do governo.

Em agosto de 2004, mesmo mês do referendo revocatório promovido pela oposição com amplo apoio da missão americana, o texano William Brownfield [foto] chegou a Caracas, nomeado por George W. Bush, para assumir o posto de embaixador no país.

Pragmático e sucinto, William Brownfield elaborou um plano de 5 pontos para acabar com o chavismo em médio prazo, como revela um documento do WikiLeaks analisado pela Agência Pública.

O documento secreto, enviado por Brownfield a Washington em 9 de novembro de 2006, relembra as diretrizes traçadas dois anos antes.

“O foco da estratégia é:

1) Fortalecer instituições democráticas,
2) Infiltrar-se na base política de Chávez,
3) Dividir o Chavismo,
4) Proteger negócios vitais para os EUA, e
5) Isolar Chávez internacionalmente”,

escreveu Brownfield, hoje secretário anti-narcóticos do Departamento de Estado – órgão que cuida do treinamento de forças policiais estrangeiras pelos EUA, incluindo em dezenas de países latinoamericanos.

Entre 2004 e 2006, a Usaid realizou diversas ações para levar adiante a estratégia divisada por Brownfield, doando nada menos de US$ 15 milhões a mais de 300 organizações da sociedade civil. 

A Usaid, através do seu Escritório de Iniciativas de Transição (OTI) – criado dois meses depois do fracassado golpe – deu assistência técnica e capacitação às organizações e colocou-as em contato com movimentos internacionais.

Além disso, explica o documento, “desde a chegada da OTI foram formadas 39 organizações com foco em advocacy (convencimento); muitas dessas organizações são resultado direto dos programas e financiamentos da OTI”.

Um dos principais objetivos da Usaid era levar casos de violações de direitos humanos para a corte interamericana de Direitos Humanos com o objetivo de obter condenações e minar a credibilidade internacional do governo venezuelano.

Foi o que fez, segundo o relato do ex-embaixador, o Observatório das Prisões Venezuelanas, que conseguiu que a Corte emitisse uma decisão requerendo medidas especiais para resolver as violações de direitos humanos na prisão La Pica’, no leste do país.

Outra organização, a “Human Rights Lawyers Network in Bolivar State” (rede de advogados de direitos humanos no estado de Bolívar), apresentou à Corte Internacional um caso de massacre de 12 mineiros pelo exército Venezuelano no estado de Bolívar.

O grupo foi criado, segundo Brownfield, “a partir do programa da Freedom House, e um financiamento da DAI que distribui pequenas bolsas no programa”.

A empresa DAI – Development Alternatives Inc – foi de 2004 a 2009 a principal gerente da verba da Usaid no país, tendo distribuído milhões de dólares a diversas organizações a partir da estratégia do governo norte-americano. (Clique aqui para ler mais sobre a DAI)

Ela desembolsou, por exemplo, US$ 726 mil em 22 bolsas para organizações de direitos humanos, segundo o documento do WikiLeaks.

Também ajudou a criar o Centro de Direitos Humanos da Universidade Central da Venezuela. 

Eles têm tido sucesso em chamar a atenção para o Direito de Cooperação Internacional e à situação dos direitos humanos na Venezuela, como uma voz nacional e internacional”, explica o texano Brownfield no despacho diplomático.

Outras áreas nas quais financiamento para ONGs ajudaria a concretizar a estratégia americana incluíam tentativas de neutralizar o “mecanismo de controle Chavista”, que utiliza “vocabulário democrático” para apoiar a ideologia revolucionária bolivariana, nas palavras do diplomata.

OTI tem lutado contra isso através de um programa de educação cívica chamado ‘Democracia entre nós’, cujo princípio era ensinar ao povo venezuelano o que, de fato, significava democracia. 

Programas educacionais dirigidos, como tolerância política, participação e direitos humanos já atingiram mais de 600 mil pessoas”, diz o documento.
  
DIVIDINDO O CHAVISMO

Em seguida, o documento detalha as estratégias para “dividir o chavismo”, baseadas na concepção de que Chávez tentava “polarizar a sociedade venezuelana usando uma retórica de ódio e violência”.

O remédio, na cabeça de Brownfield, seria dar auxílio a ONGs locais que trabalham em “fortalezas Chavistas” e com os “líderes Chavistas” para “contra-atacar a retórica” e promover alianças”.

Os esforços da Usaid neste sentido custaram US$ 1,1 milhão para atingir 238 mil pessoas em mais de 3 mil fóruns, workshops e sessões de treinamento, “transmitindo valores alternativos e dando oportunidade a ativistas de oposição de interagirem com Chavistas, obtendo o desejado efeito de tirá-los lentamente do Chavismo”.

Exemplos são o grupo “Visor Participativo” composto por 34 ONGs formadas e supervisionadas pela OTI, para trabalhar no fortalecimento das municipalidades.

Enquanto Chávez tenta recentralizar o país, a OTI, através do Visor, está apoiando a descentralização”, escreve Brownfield.

Outra iniciativa, a custo superior a US$ 1,2 milhões, promoveu a criação de 54 projetos sociais em toda a Venezuela “permitindo visitas do Embaixador a áreas pobres do país e demonstrando a preocupação do governo dos EUA com o povo venezuelano”, detalha Brownfield.

Esse programa confunde os bolivarianos e atrasa a tentativa de Chávez usar os EUA como um ‘inimigo unificador’”.

Com o objetivo de “isolar Chávez internacionalmente”, o embaixador gaba-se de que a USAID, através das ONG americana Freedom House, financiou viagens de membros de organizações de direitos humanos da Venezuela ao México, Guatemala, Peru, Chile, Argentina, Costa Rica e Washington.

Além disso, o DAI trouxe dezenas de líderes internacionais à Venezuela e também professores universitários, membros de ONGs e líderes políticos para participarem de workshops e seminários, para que eles voltassem aos seus países de origem entendendo melhor a realidade da Venezuela, tornando-se fortes aliados da oposição venezuelana”.

Brownfield termina o documento, escrito em 2006, com um alerta: “Chávez deve vencer a eleição presidencial de 3 de dezembro e a OTI espera que a atmosfera para o trabalho na Venezuela se torne mais complicada”.

De fato, o embaixador saiu do país no ano seguinte, assumindo o mesmo posto na Colômbia antes de ser designado pelo governo Obama para cuidar de cooperação policial com outros países.

Antes de Brownfield assumir a política dos EUA para a Venezuela o escritório de Iniciativas de Transição (OTI) focava sua atuação no fortalecimento dos partidos políticos de oposição – como mostra outro documento do WikiLeaks, de 13 de julho de 2004 – incluindo um projeto de US$ 550 mil destinado a promover consultorias de especialistas latinoamericanos em liderança política e estratégia aos partidos, e um projeto de US$ 450 mil com o International Republican Institute (IRI) – do Partido Republicano - para treinar os partidos de oposição a “delinear, planejar e executar campanhas eleitorais” em escolas de treinamento de campanha”.

Em 2010, sob crescente pressão do governo venezuelano, o escritório da OTI no país foi fechado, e suas funções foram transferidas para o escritório para América Latina e Caribe da Usaid.

Cables Caracas



ESTOS SON LOS 5 PASOS DEL GOLPE SUAVE QUE EJECUTAN EN ESTE MOMENTO EN VENEZUELA

(Original da LaIguana.TV – Venezuela 19/02/2014)

http://www.youtube.com/watch?v=wROZiWk1tNQ

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Passo-a-passo-o-plano-da-USAID-para-acabar-com-o-governo-Chavez/6/30315

Nota:
A inserção de imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.