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terça-feira, 4 de março de 2014

Governo Maduro neutraliza golpistas

28/02/2014 - Juan Manuel Karg (*)
- via comunicação por e-mail da Alba Movimentos
- Tradução: blog Escrevinhador

O governo da Venezuela parece ter retomado com força a iniciativa política, após a onda de protestos da oposição conservadora na última quinzena.

Convocou todas os setores sociais em uma conferência da paz nacional. Só faltou na reunião a oposição conservadora.

O governo recorreu também aos países do Mercosul, que reconheceu a democracia no país. Por sua vez, também anunciou a próxima reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para tentar construir uma posição comum contra as tentativas de desestabilização.

Qual é a estratégia da oposição conservadora para este novo cenário? Pesquisas mostram a rejeição da maioria dos venezuelanos aos protestos violentos, que nos últimos dias tem perdido peso.

A reunião convocada pelo Nicolás Maduro [foto], em Miraflores, última quarta-feira [26 fev], sob o nome de Conferência Nacional da Paz, era uma novidade política retumbante no cotidiano vertiginoso na Venezuela neste conturbado fevereiro. 

Representantes de movimentos sociais e políticos, religioso, empresarial e intelectual participaram da conferência. Apenas ficou ausente a Unidade Democrática.

O amplo consenso alcançado na reunião sobre a necessidade de ”pacificar” a situação política do país mostra um antagonismo claro para o ciclo de protestos de rua que têm sido desenvolvido contra o governo nas últimas duas semanas.

A oposição política, para evitar que fosse tirada uma foto com Maduro, acabou optando por não participar de uma conferência que fez uma análise verdadeiramente abrangente, mostrando sua mesquinhez e sectarismo.

Assim, não deixou que ouvissem a sua opinião,  que não a sua voz para o país. Foi o que fez, por exemplo, a Fedecamaras , que teve que admitir à nação que tinha cometido vários “erros” no passado.

Enquanto acontecia a conferência, em Caracas, o chanceler Elias Jaua [foto] começou, a partir de definição de políticas do governo Maduro, a fazer uma excursão ambiciosa nos países do Mercosul.

Em 24 horas, visitou a Bolívia , Paraguai , Argentina, Uruguai e Brasil. Jaua ofereceu aos países do continente ”informação em primeira mão” sobre os últimos acontecimentos.

Na conferência de imprensa realizada em Buenos Aires, ele detalhou o caráter pacífico de seu país, dizendo que “a Venezuela nunca fez uma guerra com outro país. Somos um país de pessoas de paz”.

A intenção do Jaua dar detalhes do que aconteceu, fazendo um contraponto às informações fornecidas pelos principais meios de comunicação internacionais, que, de acordo com a sua opinião, buscam ”demonizar” o governo venezuelano.

Assim, ele informou que das 14 mortes em eventos infelizes, apenas em três estavam envolvidos policiais. Esse funcionários agiram, segundo ele, fora as ordens dadas e foram afastados de seus postos e presos, sendo investigado pelo Ministério Público.

Depois de fazer esse esclarecimento, ele disse que “a nossa revolução é de uma natureza democrática e pacífica” e agradeceu o apoio do governo de Cristina Fernández Kirchner [foto].

No Uruguai, Jaua caracterizou a Unasul como “mais eficaz” e com um funcionamento mais democrático do que a OEA (Organização dos Estados Americanos).

Os dados dão razão ao ministro: em 2008 e 2010, houve duas tentativas de desestabilização na Bolívia e no Equador, que foram contidas pela Unasul. 

Assim, a Venezuela anunciou uma nova reunião da Unasul para discutir a questão.

Por sua vez, a oposição conservadora venezuelana parece aumentar sua divisão interna.

Após a prisão de Leopoldo López [foto], que é investigado pelas suas responsabilidades nos acontecimentos de 12 de fevereiro, Henrique Capriles [foto abaixo] tenta recuperar espaço, especialmente por meio de aparições na mídia.

No entanto, Capriles tem evitado convites para participar com Maduro de reuniões para a construção da paz. 

A sua ausência foi expressa tanto na Conferência Nacional para a Paz como no Conselho Federal de Governo, com a participação dos outros 22 governadores, incluindo Henri Falcón, outro líder da oposição e governador do estado de Lara.

Finalmente, temos conhecido nos últimos dias algumas pesquisas sobre os protestos.

Sem dúvida, se verifica um desgaste dos bloqueios violentos de setores da oposição conservadora.

A sondagem privada da Serviços da Consultoria Internacional quantifica 83% de rejeição da continuidade desses protestos.

É evidente que, à medida em que essas ações se tornaram método de protesto, houve uma rejeição por parte da oposição conservadora como um “atalho”.

Aparentemente, a decisão de retomar fortemente a iniciativa política, tanto nacional e internacionalmente, do governo venezuelano fez grande parte da ”classe política” perdida, vendo um refluxo das suas ações.

As articulações no âmbito da Conferência Nacional para a Paz e uma rápida reunião da Unasul são fundamentais para neutralizar os ânimos dos setores mais violentos e colocar por terra, definitivamente, mais essa tentativa de desestabilização da história da Revolução Bolivariana.

(*) Juan Manuel Karg é professor licenciado em Ciência Política da Universidade de Buenos Aires e pesquisador do Centro Cultural da Cooperação.

Fonte:
http://www.rodrigovianna.com.br/geral/governo-maduro-neutraliza-golpistas.html

terça-feira, 16 de abril de 2013

Porquês desse triunfo apertado

15/04/2013 - Explicando o triunfo apertado de Maduro: voto personalista e guinada à esquerda de Capriles
- Sturt Silva (*) para o Diário Liberdade da Galiza

Venezuela - Diário Liberdade - O resultado final do processo eleitoral deste domingo que deu a vitória a Nicolás Maduro na Venezuela foi uma surpresa, pelo menos pra mim.

Não esperava um resultado tão apertado. Segundo o anúncio oficial do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) Nicolás Maduro foi eleito presidente com 50,66% dos votos (7.505.338), contra 49,07% de Henrique Capriles (7.270.403).

As pesquisas, em sua maioria, antes da eleição, como a boca de urna no final do pleito davam vitória para Maduro de forma tranquila.

O resultado era parecido com o resultado oficial do pleito de outubro de 2012 quando Chávez derrotou o mesmo Capriles por uma diferença que girava em torno de 10%.

Esperávamos algo semelhante ontem [14/04], no entanto, o triunfo de Maduro foi decidido nos décimos.

Por quê?

É o que os analistas vão escrever durante a semana.

Sei que é muito cedo para afirmar alguma coisa. Porém ouso a especular algumas hipóteses que poderia ser a causa deste resultado apertado.

Antes de ir às hipóteses, confesso que esperava uma vitória mais tranquila, não devido às pesquisas - que em qualquer lugar tem como meta, entre outros objetivos, a manipulação da opinião dos eleitores de acordo com seus resultados -, mas sim devido à comoção nacional que o país estava vivendo devido à morte de Hugo Chávez.

O realista Gilberto Maringoni em uma entrevista que deu a este que vos escreve, antes da morte de Chávez, disse que não achava que o chavismo perderia o processo eleitoral, mesmo sem Chávez.

Depois da morte do líder venezuelano, embora cauteloso, defendeu que a vitória seria de Maduro. E mais: chegou a dizer que poderia até ser com uma diferença maior que a de outubro.

Atualmente, acho que dois fatores ajudaram nesta "perda de votos" em relação a outubro.

Pelos meus dados o número de participação foi quase igual a da eleição passada, talvez, dessa vez foi até menor.

Nesse sentido, a participação total de eleitores da eleição de 2012 e de agora foi próxima, o que automaticamente me dá condições de afirmar que em termos quantitativos temos o mesmo eleitorado a ser analisado.

Ou seja, aqueles que aparentemente votaram em Chávez em outubro e agora parece não terem votado em Maduro.

Lembrando que na Venezuela os mais pobres, a classe trabalhadora mais consciente, os setores progressistas da intelectualidade e uma parte do empresariado votam fielmente com o chavismo, sendo que a classe média, a burguesia tradicional e, talvez, um proletariado mais atrasado vota com oposição.

Mas tem aqueles que estão à margem desse corte e eles que podem ter feito a diferença nesta última eleição.

Voto em Chávez não significa voto em Maduro
Dentre os dois fatores que pesaram para que este eleitorado não continuasse a votar no chavismo, um deles está relacionado ao desaparecimento físico, não político, de Hugo Chávez.

Por mais que Maduro fosse o escolhido do líder que venceu um número recorde de eleições, ele não era Chávez.

Logo também não teria (e não tem) o carisma, a habilidade, enfim todas as características individuais que fazia Chávez ser tão popular e eficiente nas urnas.

Aqui parto da ideia que o eleitorado venezuelano "independente", ou seja, aquele que dificilmente fecha com um dos lados, escolhe seu representante tendo como base o indivíduo.

Ou seja, não importa muito o projeto, conjuntura ou outros fatores mais amplos do representante. Se o indivíduo não passar confiança, não ganha o seu voto.

É isso que pode ter determinado os "votos chavistas" em Capriles [foto] e não em Maduro.

Por mais que a figura de Capriles seja contraditória, ele é o político da atualidade venezuelana mais conhecido depois de Chávez.

Nas eleições para os estados, derrotou o ex-vice-presidente e atual ministro de relações exteriores da Venezuela, Elías Jaua, com apoio de Chávez.

E se jogarmos na balança Capriles contra Maduro - embora este seja o mais conhecido do chavismo, ainda é muito desconhecido do processo revolucionário, já que a revolução bolivariana era concentrada em Chávez -, a oposição vence a disputa, neste quesito, de forma fácil.

Chavismo força guinada à esquerda da direita

O segundo fator que destaco como decisivo nesse aumento de votos do candidato Capriles sobre os chavistas é justamente o seu próprio mérito.

Desde 2002 as táticas políticas da direita e da oposição a Chávez foram variadas.

Elas se radicalizaram ao extremo em 2002 no golpe de estado.

Em 2005, normalizaram quando a oposição voltou ao jogo democrático burguês.

No entanto, ao longo do tempo não havia uma proposta de unidade única para derrotar o inimigo principal, Hugo Chávez.

Nos últimos anos, até pelas circunstâncias do processo, ora pela dificuldade que o processo bolivariano enfrentava, ora pelos passos à frente que a revolução dava, a oposição pareceu que se uniu para o processo eleitoral.

Soma isso a acumulação de força que ela conseguiu desde 2005. Mas ainda assim esbarrava na figura de Chávez.

Com a morte do presidente, novos cenários "pós-Chávez" se abriram.

Por mais que o fator de comoção nacional seria (e foi) um elemento que ajudaria o adversário, Capriles não teria o "grande líder" pela frente nas urnas.

Nesse sentido que sua campanha trabalhou bem.

O que houve é que o candidato da direita, que participou do golpe de estado em 2002, deu uma guinada à esquerda - não às propostas socialistas -, ou pelos menos tentou passar a imagem que também era de esquerda.

Seja pelo programa, como colocou Maringoni um dia antes da eleição, seja por sua atuação na campanha atual.

Caprilles foi abandonando aos poucos o discurso de direita, por exemplo, a oposição às "missões", e foi aproximando um pouco das propostas históricas de Chávez e do chavismo.

Até mesmo o símbolo máximo que Chávez resgatou para unir o país em um projeto anti-imperialista e anticolonialista Capriles usou.

Falo do libertador Simon Bolívar, que deu nome a campanha do candidato oposicionista.

Nesse sentido, vendo que o Chávez de carne e osso não existia mais, esse eleitorado meio pragmático acabou optando por Capriles.

Além do fator personalista do líder em si, aqui destaco o mérito da oposição de aproximar o seu programa e o discurso de Capriles da eficiência do projeto chavista, "vendendo-os" como alternativa positiva, que conserva o velho e traz o novo.

Não poderia também deixar de citar que o comportamento de Maduro, durante a campanha, focada em homenagens a Chávez - que por sua vez tinha como objetivo a busca de votos e manutenção da unidade -, em vez de priorizar propostas próprias relacionadas ao líder, como fez Capriles, pode ter contribuído para o sucesso dessa "perda de votos".

O resultado está ai: um Maduro vitorioso, um Capriles derrotado e um chavismo "enfraquecido", mas muito mais forte que a oposição.

(*) Sturt Silva é blogueiro e historiador. Escreve direto do Brasil para o Diário Liberdade da Galiza.

Fonte:
http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/414-batalha-de-ideias/37537-explicando-o-triunfo-apertado-de-maduro-voto-personalista-e-guinada-%C3%A0-esquerda-de-capriles.html

Nota:
A inserção de imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O novo idioma da direita na América Latina

01/10/2012 - Saul Leblon
- Portal Carta Maior

Henrique Capriles lotou ruas de Caracas neste domingo [30/09], num gigantesco comício de encerramento da campanha de oposição a Chávez.

Como diz Lula, as elites não brincam em serviço.

Na média, os prognósticos dão a Chávez a dianteira no pleito do dia 7, mas um fato é inegável: a reação não fala mais apenas aos trogloditas.

Capriles construiu um discurso para atrair descontentamentos explícitos e difusos; ademais dos endinheirados, ecoa aspirações de setores populares catapultados pelo próprio chavismo. A direita agora adotou o idioma dos que querem mais.

Não é exagero enxergar no 'burguesito', como o denomina Chavez, um drone político sobrevoando os céus da América Latina. Se bem sucedido - e para isso não necessariamente precisa atingir em cheio o alvo do próximo domingo - servirá de referência a outros da mesma cepa que cruzarão os ares; inclusive os do Brasil, em 2014, onde o fenômeno Russomano, em São Paulo, confirmou a receptividade a artefatos do gênero.

Drones, como se sabe, são aqueles aviões teleguiados que permitem cometer atentados e fulminar adversários sem precisar desembarcar tropas ostensivas. 

O golpismo cool concentra recursos em ações pontuais de sabotagens e outras façanhas seletivas, ancorando-se em intensa guerra psicológica & midiática e, claro, fluxos de caixa a lideranças com potencial 'caprílico'.

É o salto no processo de seleção. Não se pode enfrentar um Chávez, Lula, Cristina, Evo etc. com a mão pesada aplicada contra Kadafi ou Assad. 

Além de consagrados pelo voto, os líderes latino-americanos promoveram mudanças efetivas em curvas de distribuição de renda secularmente congeladas como o eletrocardiograma de um morto. 

Chávez tirou uns 3 milhões de miséria e permitiu a outros tantos ascenderem na escala da renda. Num país com 29 milhões de habitantes, fez da Venezuela a sociedade menos desigual da América Latina. Quem diz é a ONU.

No Brasil, sob Lula, a renda dos mais pobres cresceu 90%; a dos mais ricos, 17% (Ipea). O Brasil é hoje o país menos desigual de toda a sua história. Néstor e Cristina Kirchner fizeram o mesmo na Argentina onde o triturador neoliberal havia empurrado mais de 40% da população para a pobreza.

Sem ter como negar tais feitos, o gigantesco aparato intelectual e logístico que guia os drones ensaia uma vacina para enfraquecer essas conquistas.

"É insustentável', dizem os conservadores sobre a ênfase nas ações de transferência de rendas, adotada pelos governos progressistas.

O perigo desse raciocínio é que ele envolve pedaços de verdade apontados por uma parte da própria esquerda. Desses pedaços os Capriles extraem sua credibilidade para desidratar a dos adversários.


A simples transferência de renda não gera dinâmicas autônomas que possibilitem aos excluídos ocupar um espaço de inserção emancipadora para superar padrões estreitos de consumo e bem-estar.


O pulo do gato dos drones está em omitir que as reformas requeridas para esse salto são, ao mesmo tempo, fuziladas no berço pelos seus atiradores de elite.

É o caso, por exemplo, da taxação adicional sobre a riqueza, seja ela de natureza financeira ou patrimonial, assentada em latifúndios rurais e urbanos.

Os Capriles desviam o foco quando se trata de discutir essas rupturas históricos.E iluminam vitrines de acesso rápido ao repertório consumista.

Garantem: basta trocar o governante (como se troca o cartão de crédito) e limpar a corrupção da 'financiadora'.

Pronto: isso feito, no idioma dos drones, a engrenagem modernizante começa a funcionar ampliando o circuito das gôndolas no acesso ao supermercado global.


A contrapartida dos cidadãos envolve frequentemente outra ardilosa meia verdade: a emancipação social à frio, através da educação.

A ideia é que é possível anistiar o estoque de iniquidade patrimonial e superpor a ele um outro relevo histórico; e que isso se faz sentado nos bancos escolares.

Escola é crucial em qualquer etapa da vida de uma sociedade, mas o truque oculta uma contradição em termos.

Um Estado privado de recursos tributários adicionais seria incapaz de atender às obrigações correntes e, ademais, promover um efetivo salto educacional de qualidade nas periferias conflagradas.

Isso, sem falar do caixa necessário para implantar políticas de desenvolvimento que assegurem a absorção dessa nova mão-de-obra tecnificada.

Nem Chávez e tampouco Lula afetaram o estoque ou o fluxo da riqueza dos 20% mais ricos de seus respectivos países. Mesmo assim são caçados implacavelmente. 

Chávez que venceu meia dúzia de eleições e plebiscitos é repugnado como um ditador grotesco; Lula é tratado como um meliante por Serra que o acusa de 'poderoso chefão' - da quadrilha do dito 'mensalão'.

Jesse Chacon, ex-ministro das Comunicações venezuelano, um quadro qualificado do país, em recente entrevista ao jornal Valor, admite que o modelo ancorado sobretudo em políticas de transferência de renda flerta com o esgotamento. 

O diagnóstico se assemelha ao dos conservadores, mas as conclusões se bifurcam. Chacon evoca o passo seguinte da história. Chama a atenção, por exemplo, para os efeitos políticos de programas de acesso ao consumo que não alteram a lógica do consumismo capitalista.

Dá a entender que drones como Capriles levitam nessa corrente de ar que sopra permanente insatisfação material e psicológica.

Chávez desfruta de uma válvula de escape não reproduzível: a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo pesado do mundo (230 bi de barris); o caixa da PDVSA dilata seu horizonte político apesar da ira da elite, que antes ficava com todo o resultado da empresa. Mesmo assim, há limites no bombeamento da estatal, cuja infraestrutura se ressente de investimentos pesados.

Nos demais países o poço é bem mais raso. A inércia da desigualdade não será vencida sem políticas de renda que alterem a posse do estoque da riqueza já existente. Alterar a carga fiscal é o primeiro passo; na América Latina ela não excede a média de 18% do PIB. No Brasil é quase o dobro; mas cai substancialmente se contabilizados incentivos e renúncias fiscais. Pior que isso: aqui, como na maior parte da AL, a receita disponível provém de uma base que acentua desigualdades em vez de corrigi-las. Na média regional, mais de 50% da receita do Estado é baseada em impostos indiretos, pagos de forma linear por toda população com efeito socialmente nulo ou regressivo.


O ciclo progressista da AL pode estar batendo no teto de suas ferramentas, mas está longe - muito longe - de ter esgotado a sua pertinência histórica.

Para ir além, todavia, talvez necessite renovar o instrumental com uma nova família de políticas e contrapesos.

Os drones estão chegando: independente dos resultados do dia 7, Capriles antecipa o esquadrão que aprendeu a jogar no campo do adversário.

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1104