* Agência Notisa.
Austrália mostra como sistemas de alerta eficientes podem evitar mortes durante enchentes
Segundo especialista, revisões das áreas de risco também devem ser feitas.
AGÊNCIA NOTISA – Tragédias como a ocorrida na região serrana do Rio de Janeiro no começo deste ano, que deixou mais de 900 mortos, estão acontecendo com intensidade cada vez maior no mundo todo. Por exemplo, também em janeiro deste ano, o estado de Queensland, no nordeste da Austrália, vivenciou as piores enchentes dos últimos 50 anos – o que afetou cerca de 200 mil pessoas e trouxe prejuízos de mais de um bilhão de dólares australianos. Porém, uma das grandes diferenças dessas tragédias é que, enquanto aqui houve tantas mortes, na Austrália, foram pouquíssimas. Quem explica o porquê disso é Melanie Thomas, pesquisadora do Centro de Estudos de Desastres da Escola da Terra e Ciências Ambientais, da Universidade James Cook, na Austrália.
Durante o evento “A Vulnerabilidade das Cidades Frente às Mudanças Climáticas - Uma Experiência Australiana”, ocorrido hoje na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP), vinculada à Fundação Oswaldo Cruz, a especialista mostrou que não foi um nível de chuva menor que impediu as mortes – só na cidade de Mackay, localizada em Queensland, por exemplo, choveu em menos de 24 horas entre 600 e 900 milímetros , o esperado para o ano inteiro. O que naquele país teve e aqui não, foi precaução.
Segundo Melanie, quando a meteorologia prevê que existe o risco de enchentes, alertas por e-mail e celulares são disparados em até 24 horas antes para os municípios e membros das comunidades, previamente cadastrados, para que possam se preparar.
Além disso, ela contou que nas épocas das chuvas já é uma rotina as pessoas estarem constantemente em alerta. “As pessoas já devem estar prontas para evacuar suas casas a qualquer momento. É uma questão cultural”, disse.
Melanie também explicou que saber como os sobreviventes desses desastres reagem a tudo isso, é um importante passo para o estabelecimento de políticas públicas. Políticas, que também diferentemente do Brasil, são feitas a nível estadual na Austrália.
O estado de Queensland, por exemplo, adotou, segundo Melanie, como medidas de mitigação contra as enchentes as seguintes atitudes: construção de diques, construção de prédios antienchentes, melhora dos canais, elevação das casas e, entre outras tantas, investimento em informação para as comunidades.
“As redes sociais têm um papel muito importante. Elas dão coesão e apoio à prevenção de tragédias maiores. Mas para isso, os planos de emergências devem ser pensados para serem implantados por qualquer pessoa, caso as autoridades não estejam presentes”, disse a pesquisadora.
Melanie encerrou lembrando que, frente às mudanças climáticas, é muito importante fazer uma revisão das áreas de riscos. Em Nova Friburgo (uma das cidades serranas no RJ), por exemplo, algumas áreas que sofreram deslizamentos não eram consideradas de risco. Segundo a professora, na Austrália, essa revisão já está sendo feita.
Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)
na região serrana: http://www.folhadomeio.com.br/publix/fma/folha/2011/02/tragedia216.html