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sábado, 16 de março de 2013

Os repolhos e a geração eólica

11/03/2013 - Por Rogério Maestri - Luis Nassif on line

Em 1989 o Diretor de um laboratório de Hidráulica chinês, me contou uma história anedótica ocorrida no auge da Revolução Cultural da China, que serve muito para projeção de nosso futuro.

Num determinado ano houve nos arredores de Pequim uma superprodução de repolhos, como se estava no auge da revolução cultural e todos os chineses deveriam contribuir para o não desperdício de alimentos no país, eles receberam uma cota extra para a compra de repolhos.

Como bons revolucionários, não revisionistas, todos eles compraram a preços simbólicos três repolhos por família.

Mesmo com a grande população a produção de repolhos era mais intensa, com isto a cota aumentou.

Recebida a segunda cota ainda restavam repolhos e desta forma a cota aumentou ainda mais.

Como todos eram bons revolucionários, mas o organismo não aguentava tantos pratos com variações de repolho, diligentemente todos levaram para suas casa a super cota de repolhos.

Porém como as casas eram pequenas e já estavam cheias de repolhos, os nossos amigos depositaram seus repolhos nos corredores dos apartamentos, resultando que por algum tempo Pequim ficou cheirando a repolho e a maioria desses teve que ser colocados no lixo depois de apodrecerem.

Bem qual é a correlação dos repolhos com a geração eólica, muito simples, a energia elétrica gerada pelo vento é mais ou menos como a produção dos repolhos, pode ser alta ou pode ser baixa.

Quando escutamos uma notícia do tipo: As turbinas eólicas que estão sendo instaladas gerarão energia necessária para abastecer 20.000 residências estão nos vendendo a superprodução de repolhos, ou seja, no ano em que os ventos foram favoráveis, nos dias em que estes forem fortes e na hora em que os ventos foram mais vigorosos, os geradores abastecerão o suficiente para 20.000 residências.

Como não podemos esperar o ano, os dias e as horas em que esta energia for fornecida pelos aerogeradores, devemos ter um número suficiente para que quando estas condições não forem satisfeitas se tenha uma energia mínima que satisfaça o consumo.

Isto ocorre com hidrelétricas também, no momento em que não houver chuvas e as vazões dos rios estiverem baixas, devemos nos servir de alguma reserva, ou deveremos dimensionar as usinas para a pior situação possível (usinas a fio d’água).

Esta condição de ter um número suficiente de aerogeradores para sozinhos garantir o consumo de pique, poderia ser considerada satisfatória desde que a diferença entre a energia máxima gerada e a mínima não atingisse relações de 10 para 1.

Se considerarmos primeiro a variação diária da energia gerada, mais a variação semanal e incluirmos algo que é claramente escondido pelas empresas de geração eólica, a variabilidade decadal, podemos facilmente ter em anos “secos de ventos” uma variabilidade em relação à geração de anos “ventosos” mais de 20%.

Esta variabilidade decadal já é patente analisando os dados de geração de energia eólica entre os anos de 2007 e 2012 (dados de produção de energia do Operador Nacional do Sistema) para os mesmos aproveitamentos (atenção à série histórica ainda é pequena, caso for realizado algum trabalho estatístico com estes dados talvez esta diferença de ano a ano possa atingir, mais de 35%).

Caso não se queira utilizar a própria energia eólica como reserva dela mesmo, é necessário ter um sistema de “backup”.

Logo todo o discurso pela implementação da geração eólica deve ser relativizado, citam os defensores desta energia como solução para a falta no Brasil um valor de R$ 87,94 por megawatt/hora (MWh) obtido nos últimos leilões, porém se não houver outra geração de energia sobrando (que no Brasil não há) na realidade este valor se torna R$ 87,94 + CUSTO DO BACKUP.

Agora vamos ao absurdo que ocorre no nosso país com a DEMONIZAÇÃO das hidrelétricas.

Levantam-se tantas restrições ambientais, sociais e políticas a construção de novas hidrelétricas com grandes reservatórios que é mais fácil se conseguirem uma licença ambiental de uma usina a carvão ou a derivados do petróleo do que para uma hidrelétrica.

Desta forma o Governo Federal para não sofrer o desgaste de ONGs preservacionistas e de outros grupos parte para um sistema de BACKUP através de usinas termoelétricas.

Gostaria que todos aqueles preocupados com a falta de energia se dessem conta que a DEMONIZAÇÃO das HIDRELÉTRICAS, que EM TODO O MUNDO É CONSIDERADA A ENERGIA MAIS LIMPA, está nos levando ao maior dos absurdos, a utilização de combustíveis fósseis, poluidores e recursos esgotáveis, no lugar de hidrelétricas, não poluidoras e não esgotáveis.

Agora vamos ao fechamento final, se investirmos somente em energia eólica, num sistema que já está com capacidade limitada de geração, teremos ou construir usinas de BACKUP que ficarão paradas em boa parte do tempo, ou devemos dimensionar os aerogeradores para a situação mais crítica, e para os anos mais ventosos, fazer como os chineses, deixar os repolhos apodrecerem nos corredores.

O comentário de 2 leitores e o de um doutor em engenharia nuclear:

seg, 11/03/2013 - 13:41 - Bruno Cabral
A solução é energia geotérmica, cada casa cavando seu poço e instalando seu próprio gerador.

Precisa de mais energia, faz outro poço e instala outro gerador. A geração será constante e conhecida.

Epa, "cada casa" é incompatível com empresas geradoras e distribuidoras!

seg, 11/03/2013 - 14:23 - Olhar de urbanista - Oscar Müller
No final da estória, energia é energia, mas a geração limpa, por hidroelétricas, eólicas, ou solares precisa ser privilegiada, e não há motivo para descartar nenhuma destas modalidades.

O texto chama atenção para o óbvio: uma coisa é gerar, outra estocar, e só estocando que se obtém segurança. Até aí tudo certo, só faltou lembrar que basta usar a energia excedente para bombear a água já usada pela hidroelétrica de volta para a represa, para estocá-la, e assim o repolho não apodrece.

Bruno, lembrou bem, a energia geotérmica é outra fonte limpa, e a micro geração uma opção ainda demasiadamente subestimada. E também não podemos esquecer que a nova legislação já atende às necessidades da micro geração, ao permitir que o consumidor devolva à rede seu excedente.

Energia é riqueza, e não é difícil constatar que o bicho homem não costuma medir esforços (e muitíssimo menos consequências) para obtê-la, o consumismo desvairado da atualidade é óbvio fator, mas certamente não é o único, e não sei dizer se seria o cerne da questão, entretanto é justamente neste contexto, que a micro geração (lembrada aqui pelo Bruno) se mostra super esperta.

Além do evidente, também intuo que as soluções adotadas de baixo para cima sejam mais eficientes e longevas. Mera intuição...

ILDO SAUER - doutor em engenharia nuclear pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology, nos EUA), é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Energia da USP e diretor de energia da Fiesp. Foi gerente do projeto do Circuito Primário do Reator Nuclear da Marinha (1986-1989).

Energia nuclear no Brasil pós-Fukushima
É natural que países sem recursos energéticos lancem mão da opção nuclear, mas a dotação de recursos do Brasil permite outra estratégia.

Após duas décadas de hibernação dos planos nucleares, no final do governo anterior foram anunciadas a conclusão de Angra 3 e mais quatro usinas, possivelmente às margens do rio São Francisco.

A previsão de investimento é da ordem de R$ 8 bilhões por unidade, atingindo R$ 40 bilhões para a instalação de 6.800 MW.

O país dispõe de capacidade tecnológica, de recursos humanos e de conjunto de recursos naturais para expandir a oferta de energia elétrica, em dados aproximados: 150 mil MW de potencial hidráulico remanescente, em adição aos 100 mil MW já desenvolvidos e em desenvolvimento; 143 mil MW eólicos; 15 mil MW de biomassa, mormente bagaço de cana; 17 mil MW em pequenas centrais hidrelétricas; 10 mil MW em cogeração e geração descentralizada por gás natural.

Isso tudo sem as possibilidades decorrentes da repotenciação e da modernização de usinas antigas e dos programas de racionalização do uso de energia. A energia eólica vem apresentando uma curva de aprendizado tecnológico notável, no mundo e no Brasil, conforme demonstrado pelas contratações recentes, com custos declinantes, já competitivos com a opção nuclear.

A própria opção fotovoltaica, conectada à rede de distribuição, tende a repetir o sucesso da eólica. Várias combinações entre esses recursos são possíveis para suprir a energia disponibilizada pela alternativa nuclear proposta, todas elas com custos de cerca da metade da opção nuclear, economizando mais de R$ 20 bilhões em investimentos para o mesmo benefício energético.

O desenvolvimento de 70% da capacidade hidráulica e de 50% do potencial eólico permitiria gerar anualmente cerca de 1,4 bilhão de MWh de fontes inteiramente renováveis, produção superior ao 1,1 bilhão de MWh requerido para atender a demanda brasileira prevista para a década de 2040, considerando uma duplicação do consumo per capita anual, para 5 MWh (semelhante ao padrão atual de Itália e Espanha), quando, segundo o IBGE, a população se estabilizará em torno de 220 milhões.

Há uma tendência natural de complementaridade das disponibilidades energéticas entre os ciclos hídrico e eólico. Além disso, eventual complementação com usinas térmicas, com suprimento flexível de combustível para operação em períodos hidroeólicos críticos, permitiria aumentar a confiabilidade e reduzir os custos.


É natural que países destituídos de recursos energéticos, como Japão, Coreia, França, ou mesmo Índia e China, lancem mão da opção nuclear como principal alternativa.

Mas a dotação de recursos do Brasil permite outra estratégia.

A construção de usinas nucleares, por si só, não garante avanços significativos no domínio da tecnologia nuclear. A consolidação de nossa capacidade nuclear, inclusive para geração elétrica, depende de planejamento, projeto, desenvolvimento e construção de reatores, especialmente de pesquisa, no país. Há dois projetos para tanto.

O primeiro é o reator experimental de 50 MW, de iniciativa da Marinha, projetado e cujos equipamentos foram construídos e estão estocados há 20 anos. Ele deveria, finalmente, ser montado e operado, podendo testar tecnologia de convecção natural, base da segurança passiva, capaz de garantir o resfriamento do núcleo mesmo na ausência de energia elétrica.

Outro é o reator de alto fluxo de nêutrons, para teste de materiais, apoio a pesquisa em agricultura, biologia e medicina e produção de radioisótopos, caros e em falta.

O investimento estimado para os dois projetos é de cerca de R$ 1 bilhão, 5% dos custos economizados com o cancelamento do plano atual de geração nuclear e sua substituição por outras fontes, renováveis, sustentáveis e sem deixar como herança carga radioativa a exigir cuidados das gerações futuras.

Fonte:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/os-repolhos-e-geracao-eolica

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.

domingo, 13 de janeiro de 2013

O Brasil que dá certo x mídia

09/01/2013 - O Brasil que vence vai passar longe das manchetes até 2014
- Claudio Ribeiro - Palavras Diversas

O primeiro texto do blog em 2013 aborda algo que já foi comentado e analisado tantas outras vezes e combate aquilo que a velha imprensa tem veiculado por esses dias: a fabricação de crises.

Durante o governo FHC, A Globo recebeu vultosos financiamentos e ex-presidente contou com
a ajuda da maior emissora do país para abafar 
abissais crises econômicas e políticas.
Uma mão lava a outra... Hoje FHC é regiamente pago pelo O Globo para escrever
no panfleto neoliberal 
carioca.
A campanha midiática contra o Brasil e a estabilidade de nossas economia e democracia é visível, ouvida e demonstrada em todas os tipos de meios de comunicação.

Atualmente os jornalões brasileiros, com O Globo, Folha de São Paulo e Estadão como expoentes, tentam combater a agenda positiva estabelecida pelo governo Dilma, especificamente para abafar ou reduzir a magnitude da decisão de reduzir as tarifas de energia elétrica para os brasileiros já neste mês.

A partir do momento em que começaram a circular as peças publicitárias sobre a redução da conta de luz, seja pelo governo ou pelos empresários, a velha imprensa tem produzido, com bastante criatividade e fantasias, uma avalanche de matérias negativas sobre o setor elétrico, justamente, para soterrar o real ganho para a sociedade em algo insignificante frente a enxurrada dos males que ora propagam.

O Fantástico dedicou 15 minutos para condenar as políticas energéticas do país, desqualificando empresas como a CHESF e a Petrobrás, alvo costumeiro da Globo.

Diariamente O Globo e o Estadão destinam fartos espaços jornalísticos para afirmar que o racionamento, segundo fontes que não identificam, é inevitável.

Apesar de recusas cabais de especialistas, tanto do mercado quanto do governo, vale mais a manchete do terror e da campanha midiática contra o Brasil.

A verdade é que as fontes não precisam ser identificadas, porque já se sabe de quem se tratam...


Miriam Leitão, (foto) ano após ano, em janeiro se presta a desenhar um quadro negativo para o país para os 12 meses seguintes. Suas previsões são catastróficas e, também, falíveis.

Todo ano se desfazem facilmente e mostram a falta de seriedade e comprometimento com a audiência que continham em seus alertas irresponsáveis.





O que estes órgãos de comunicação e seus "formadores de opinião" fazem é jogo político rasteiro com informações importantes para conspirar contra a estabilidade econômica e a democracia brasileiras.

O que estes agentes do atraso defendem, não pode ser repetido em todas as letras por seus capachos da oposição, as peças que se criam na imprensa se bastam para serem repetidas em seus espaços por seus aliados, àquilo que se tornaram os remanescentes do tucanato e do ex-PFL, que se assanham com o discurso do "quanto pior, melhor".

A oposição foi reduzida à garoto de recados dos poderosos da imprensa, que, desta maneira, interditam o debate político entre governo e velha oposição.

Qualquer outra vertente política só é permitida aparecer se aceitar pagar o pedágio de atacar o governo e poupar a oposição, caso contrário não é deixada fluir e passar sua mensagem a sociedade.

O debate político empobrece, mas dentro do contexto atual de interdição, só há uma opção viável de construção nacional e que está em curso.

A oposição não tem idéias, não apresenta novidades e se ancora em teses derrotadas, tanto aqui quanto em toda América Latina e emergentes e na "propaganda gratuita" de que dispõe na mídia.

Mas o que defendem, imprensa e partidos políticos oposicionistas, enfim?

A cantilena da gestão do Estado eficiente e da defesa das leis do mercado.
O que nada mais é que defender, de maneira dissimulada, a extinção de empregos e direitos trabalhistas para garantir maiores ganhos às corporações e desregulação que propicie agirem sem a intervenção do Estado na mediação de interesses.

Ou seja, a modernidade para estes é a realização de lucros ainda maiores para pouquíssimos e prejuízos sociais, econômicos e ambientais para muitos.

Acreditam que o Estado brasileiro precisa ser urgentemente incapacitado de desempenhar papéis importantes na economia, para abrir espaços generosos para a iniciativa privada, livre de amarras regulamentais, desenvolver-se mais, mas sem precisar repartir seus proveitos de maneira justa.

Defendem o privilégio à livre inciativa e cortes severos nos gastos sociais, como o Bolsa Família, por exemplo.

Em artigo publicado em Carta Maior, o professor de Economia Internacional da UEPB J. Carlos de Assis é incisivo na contradição aos gurus midiáticos e da oposição:

"Não haverá superação da crise a não ser pela ampliação do espaço público em detrimento do individualismo ilimitado. Em economia, em matéria ambiental, e em geopolítica. Cedo ou tarde as forças políticas compreenderão isso."

Pois bem, a Europa sofre com um desemprego absurdo, que se mostra robusto e ultrapassa os 26% na Espanha e na Grécia e atinge quase 40% dos jovens portugueses, o Estado do bem estar social foi combatido ferozmente por lá, pelos mesmos agentes conservadores que atacam a nossa estabilidade por aqui.

O resultado lá já é conhecido e não é agradável.

Aqui a disputa coloca-se de forma mais dura para a mídia conservadora e seus aliados para alcançarem êxito eleitoral, pois precisam convencer as dezenas de milhões de beneficiários de um modelo econômico que trouxe para agenda o combate a desigualdade e o respeito a soberania nacional e que tem dado resultados significativos no combate a pobreza.

Mas, incansavelmente, jogam contra o Brasil para tentar tirar proveito político em 2014, a próxima batalha a vista e que já se molda mais radical que as últimas.

2013 será o ensaio daquilo que deverá predominar no noticiário no próximo ano.

O Brasil que acerta e avança, vai passar longe das manchetes.

Fonte:
http://www.palavrasdiversas.com/2013/01/o-brasil-que-vence-vai-passar-longe-das.html

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.