17/12/2012 - Mauro Santayana em seu blog
Para formar exércitos de assassinos, é necessário adestrar seus possíveis integrantes para matar sem vacilações.
Para isso é preciso criar os mitos, como os do heroísmo, da coragem, da ousadia, da força física, da astúcia dos predadores, contra os povos indefesos do mundo inteiro.
É preciso reduzir o homem ao réptil que foi na origem dos tempos.
Ao mesmo tempo, essa sociedade tem dado ao mundo excepcionais pensadores, escritores e cineastas que, de certa forma, procuram compensar a brutalidade construída para a defesa dos poderosos titãs das finanças e das corporações industriais que, há mais de cem anos, vem conduzindo a economia e a política internacional, em seu proveito.
A ideia de matar é estimulada nos americanos desde a infância.
Na adolescência, a arma de fogo, para muitos, é símbolo da masculinidade.
E esse apego à violência e ao sangue tem sido exportado ao mundo inteiro pela sua fantástica indústria do entretenimento, na literatura, no cinema e, mais recentemente, nos jogos eletrônicos e nos enlatados da televisão.
A intimidade com o sentimento da morte gera também o medo, o pânico, e a vontade paranoica do suicídio.
Todos os massacres nos Estados Unidos, e os que se repetem, por emulação, quase sempre terminam com a morte ou o suicídio dos assassinos.
O massacre de sexta-feira foi o mais pavoroso dos últimos anos.
Como lembrou o presidente Obama, as crianças jamais conhecerão a adolescência, a alegria do amor da paternidade e da maternidade.
Morreram por nada e, por nada, morreu o assassino.
Não há mais, no mundo, espaço para a segurança e a paz. A pequena cidade onde houve a tragédia era um oásis de sossego em Connecticut, um pequeno estado da Nova Inglaterra preferido por intelectuais e artistas americanos.
Nos últimos dez anos, de acordo com as notícias, nela só houve um homicídio.
Preocupam-se muitos em salvar os animais em extinção, como os primatas, as serpentes, os tigres. É bom que sejam salvos: habitam o nosso mesmo mundo.
Mas o homem já se encontra em extinção há muito tempo, esvaziado que se encontra do humanismo que o distinguia da vida selvagem.
Estamos voltando à pré-história, mas dotados de fuzis, metralhadoras, mísseis e armas nucleares.
Ainda estamos chorando as crianças mortas, mas se o mundo continuar assim, de nossos olhos não descerão mais as lágrimas do sofrimento.
Fonte:
http://www.maurosantayana.com/2012/12/uma-sociedade-de-matadores.html
Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e, excetuando uma ou outra, não constam do texto original.