sábado, 16 de abril de 2011

* Um sonoro não*





Laerte Braga

Paulo Henrique Ganso precisa tomar cuidados especiais. O “bom caráter” do
futebol brasileiro – engenheiro de obras prontas – Muricy Ramalho chamou-o
de artista. Ano passado fez isso com Conca e desde então o argentino não
consegue mais reeditar as atuações que o consagraram no Fluminense. Quem
sabe Ganso não se benze, faz uma pajelança, ou coisa assim, prevenir é
melhor que remediar.

Catherine Ashton não joga futebol, mas é a chefe da diplomacia da União
Européia (grupo de colônias norte-americanas no velho mundo e todas em
estado pré-falimentar) e vem ao Brasil conversar com Dilma Roussef em maio.

Traz na bolsa uma proposta simples. Quer o Brasil participando de “missões
de paz” na África, no Leste Europeu e no Oriente Médio. As tais “missões de
paz” são executadas por militares.

As colônias européias dos EUA tomam conta de “missões” semelhantes em nove
países, principalmente aqueles onde sejam fartas as reservas de petróleo,
minerais estratégicos, aquele mesmo esquema do século XVII quando levavam
tudo e mais alguma coisa de suas antigas colônias.

Um primeiro contato com o governo brasileiro foi feito em julho do ano
passado e rejeitado pelo chanceler Celso Amorim. Pelo presidente Lula.

O acordo proposto prevê diversos “combos” (essa gente adora essa expressão)
de participação. Envio de tropas, utilização de policiais e profissionais da
área jurídica e a cereja da oferta das colônias chamadas União Européia são
as ambições brasileiras de participar em maior escala de ações
internacionais.

Vestir a camisa de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

O foco principal das “missões” é construir a “paz” – mais ou menos saquear o
que pode e não pode – através do Estado de Direito (deles) e treinar
militares e policiais dos países auxiliados. A velha história que conhecemos
em 1964. Pegam parte das forças armadas brasileiras e dão um golpe. Foi
assim que fizeram contra o governo Goulart. Dirigem o trânsito no Haiti há
anos.

É assim que estão fazendo no Egito. Sai Mubarak, continua Hosni. As forças
armadas baseadas naquele país não têm nada a ver com o Egito, mas com o
soldo no fim do mês e esse vem de Washington.

O detalhe significativo dessa vocação das colônias européias de EUA/ISRAEL
TERRORISMO S/A é que tais missões correm à margem da ONU – organização
falida e sem prestabilidade alguma, pelo menos na forma e desenho atual.

Correm à revelia da Organização das Nações Unidas. Esvaziam o movimento pela
reforma da estrutura da mesma ONU, caminho que o Brasil defendeu durante o
governo Lula e foi empenho direto de Celso Amorim.

Como o chanceler atual é Patriota fica sempre a dúvida. “O patriotismo é o
último refúgio dos canalhas”, a eterna frase de Samuel Johnson.

Uma decisão desse nível, se tomada pelo governo brasileiro – é uma incógnita
até agora, estão explicando a Moreira Franco o que quer dizer “assuntos
estratégicos” e é uma dificuldade entender que não tem nada a ver com vinte
por cento –, tem que passar pelo Congresso.

Esse tipo de ação, via de regra, começa pelo deputado Eduardo Azeredo
(funcionário do terceiro ou quarto escalão do esquema, faz o chamado serviço
sujo) e termina nos braços de José Sarney, aquele que o ditador Figueiredo
expulsou a pontapés do Planalto quando ele lá foi pedir desculpas por
algumas lambanças (era do time da ditadura).

Agentes dos serviços de inteligência do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO
S/A agem à luz do dia no Brasil, estão infiltrados em setores importantes de
instituições vitais para a nossa soberania (o pretexto é sempre o
treinamento, o mesmo que fazia o professor de tortura, estupro, assassinato,
etc, Dan Mitrione à época da Operação Condor) e neste momento retomam com
força total o discurso de terrorismo na região de Foz de Iguaçu. O Itamaraty
está entrando nessa dança, isso é lamentável.

Ato contínuo à participação desejada do Brasil em “missões de paz”,
chegaremos à etapa “bases militares” para facilitar ações conjuntas. O
ministro Aluísio Mercadante, ex-esquerda, vestindo atualmente as chamadas
“camisas coloridas de Miami”, já cogita de trazer a público a discussão
sobre a Base de Alcântara. Quer ir introduzindo o assunto aos poucos, até
convencer que é melhor deixá-la com os norte-americanos.

É o tal rio subterrâneo que corre no Brasil e não tem nada a ver com os
brasileiros, mas é a sombra viva de 1964.

Continua em destaque a opção “capitalismo a brasileira” (conceito definitivo
de Ivan Pinheiro), só que agora com o viés de economistas, a começar pela
presidente, naquele negócio de custo/benefício.

Se der lucro manda ver, até injeção na veia.

Acreditam que assim viramos potência. Belo Monte é um exemplo disso. Torcem
todo o processo e entregam boa parte do território brasileiro a grupos
econômicos ditos nacionais (são minoritários se formos às raízes e se
compreendermos raízes como parte de um grande jardim, o conglomerado
EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A) e dane para além da soberania, o meio-ambiente e
tudo o mais.

A MONSANTO, por exemplo, que aparentemente não tem nada a ver com o trem
agradece penhoradamente.

Quando acordarmos estaremos pagando imposto a Eike Batista e não mais aos
cofres públicos. Ou a Daniel Dantas (nesse caso não é imposto, é proteção).

Inseridos no contexto da União Européia, velhos e bolorentos modelos ornados
de lojas da rede McDonald’s, com bases formosas e repletas de tecnologia de
ponta capazes de nos alçar à condição de potência de coisa nenhuma. A
bandeira dos EUA tremulando impávida em cada canto.

A questão maior é de fundo, modelo. Isso implica em participação popular e
não em lista fechada imposta pelo cacique José Dirceu. “Mim querer mandato
de volta a qualquer custo, mesmo sem voto”.

Desde os tempos de Gutenberg, por um bom período, jornais especificamente e
no curso dos tempos toda a mídia, têm servido, serviram, aos interesses
populares. Mídia foi igual a intermediária entre aspirações populares e
governos. Mídia HOJE é parte do processo das elites, aquelas que FHC quer
recuperar, ela e seus seguidores (a classe média, a que come arroz e feijão
e arrota maionese).

Estamos lascados e achando que vamos ganhar o jogo.

Sabe a cidade de Anchieta no Espírito Santo? Onde o jesuíta escreveu nas
areias da praia um poema dedicado à Maria? Tem um Ubu por lá, distrito,
bairro, a nomenclatura pouco importa. Vão para o espaço, tanto Ubu como a
praia, Anchieta. A VALE vai investir progresso predador na região.

Esse conjunto todo de coisas aparentemente sem nexo, ou ligação, mas
suplementando a renda de chapas brancas espalhados pelo mundão de Deus, vai
terminar quando um cara bater à sua porta, hoje. De seu filho, amanhã. De
seu neto, depois de amanhã e cobrar o imposto que todo brasileiro deve pagar
para ser brasileiro e morar no Brasil.

E ai de você se não souber inglês para entender direitinho como calcular o
dólar do dia.

Ou se dá um sonoro não a esse conjunto todo, ou o brejo é ali mesmo.

O que, por exemplo, ficou óbvio no Encontro de Blogueiros do Estado do Mato
Grosso, é que se não tirarmos a cabeça do buraco, que nem avestruz,
enxergando coisas que não existem exceto na GLOBO e adjacências, nos chapas
brancas (muito bem pagos), se o movimento social não for parte do processo,
a tal sociedade civil organizada e a desorganizada também, a dança vai ser
dolorosa.

Só falta dona Catherine querer que os ministros sejam revistados em nome do
Brasil potência.

O que se espera (pode ser outra coisa?) é um não, um simples não.

O compromisso do Brasil é com a América Latina e não queremos ser a Israel
latino-americana. Não temos essa vocação genocida, criminosa.

E nisso tudo a culpa é do Irã. Massacrar pode a vontade, mas no Barhein. Na
Líbia não. Não são aliados.

A entrevista que Julian Assange concedeu ao jornal THE HINDU é perfeita e
mostra como essa turma age, qual o perfil do conglomerado.

Pode ser lida em

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/04/julian-assange-entrevista-ao-hindu-12_5772.html

Será que nossa presidenta vai  participar da tercerização da guerra?