06/03/2013 - Arnóbio Rocha em seu blog Política, Economia e Cultura
A morte é apenas uma parte do rito do homem ou do herói, seus atos são em vida, seu reconhecimento se dará em vida, não em morte.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2BReixC4UE0qlcUHSY1_KQQph_T8zQta-63FKfunWSC6-ml80mBC24h9ebS2ep-VmY9ch8xciE6OYmxM5kcSEuD4HAPPShF3n2RiXEaiKp0xPI1LZAaP9tUgoGbaOIBG52FUjqxOCioyL/s320/H%C3%A9rcules.jpg)
Apenas para localizar, a questão particular da morte, no contexto do herói, é seu último ato, não que ele saia da vida para se tornar mito, ele já é mito, aliás, suas exéquias, são doloridas, como o descrevi no referido artigo:
“Se o herói tem um nascimento difícil e complicado; se toda a sua existência terrena é um desfile de viagens, de arrojo, de lutas, de sofrimentos, de desajustes, de incontinência e de descomedimentos, o último ato de seu drama, a morte, se constitui no ápice de seu páthos, de sua “prova” final: a morte do herói ou é traumática e violenta ou o surpreende em absoluta solidão.
A imensa maioria dos heróis morre de forma trágica, como a completar um ciclo, que desde o nascimento até seu fechamento seu feitos são dolorosos e marcantes.
Uns se matam, como Ájax Telamônio, Hêmon, Antígona, Jocasta, Fedra, Egeu.
A guerra, as justas e as vinganças são as grandes ceifadoras.
Basta abrir a Ilíada e o final da Odisséia, que se passa a nadar num mar de sangue.
Da morte de Reso, Pátroclo e Heitor até o massacre dos pretendentes, no XXII canto da Odisséia, a cruenta seara do deus Ares produziu frutos em abundância”!
Hugo Chávez é um herói de seu povo, um homem que ousou enfrentar as adversidades de seu tempo.
Do meu ponto de vista, ele foi um líder nacionalista e patriota, preocupado com seu povo, em particular os mais simples e pobres.
Desconfio que não tivesse clareza ideológica ou formação maior marxista, tinha um sentido prático e concreto do que precisava ser feito e fez, na medida de suas forças e de seus enfrentamentos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig-wCL7ZU-2E09zzDn9ptcmiRiGUc_gtr7McN0ZNaZqTPNFxSTJTGQTeq629LIO_XW96qz2KBuz7zWfkque_Cp9f3paQvEM3gFT-P7QwAWzBKuyhQSwM49E7zjNz3Nq-UaOsk7GJ7Iy8yO/s400/Mision_robinson_wayuu-FReyes-venezuela.png)
Interessante ler as críticas que lhe fazem, de que usou o preço do petróleo e a estatal PDVSA para ser “populista”, de usar o dinheiro para reduzir a miséria e o analfabetismo, ora, nada se diz, de quando esta mesma estatal favorecia uma rica casta de burocratas da empresa e do estado, sem jamais usar a riqueza para melhorar a situação do país.
Os milionários venezuelanos, os burocratas da PDVSA e do aparelho estatal viviam parcialmente no país, eram encontrados mais comumente em Miami ou nas ilhas paradisíacas do Caribe.
Esta inversão de prioridades é o maior e mais ousado legado de Chávez.
Os índices sociais da Venezuela mudaram radicalmente durante o seu mandato, se o dinheiro saiu da PDVSA e do petróleo, muito que bem, o terceiro país mais rico em petróleo no mundo não poderia viver uma situação tão contraditório, com imensas favelas em Caracas e condomínios exclusivos às custas desta mesma riqueza.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMvn8M8MBYFp59AuXwfF9VZlCMowshefOiOiCJLqKyDkFJ4UEtwNKcdkX9dtTV-WVattgdkkVtWESvcQN7C5iRDEDLQUgc_6GUP3Gp8irNv7Jz61pStPky-dBELgbfwl0vl5vued3fABLx/s400/image.jpeg)
Reconhecido os seus feitos, ainda sob minha ótica, penso que Chávez ou qualquer líder tem que se preocupar com a transição, de incentivar outros líderes, os homens passam, precisam entender o seu papel, não cair na tentação de ficar no governo, mesmo que sejam eleitos e reeleitos, continuo a não concordar com governo em cima de um homem e de um nome.
Neste momento, de sua morte, fica-se na dúvida da continuidade do seu legado, muitos acreditam que era obra pessoal, o que é desastroso, com risco de retrocesso.
Minha visão sobre Chávez é de respeito ao que se propôs, mas ao mesmo tempo de crítica de não ter preparado sua saída, da busca incessante em se manter, o que, naturalmente dá argumentos aos raivosos, de que não há democracia no país.
Neste aspecto, Lula, aqui no Brasil, é referência, soube o seu limite, poderia intentar mudar a Constituição e se reeleger mais vezes, preferiu abrir a agenda para os novos nomes, para o amadurecimento de um processo coletivo, não individual.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdfB3A_Pb5jTWI8KB5asSAvOk5IhDvRoMnXDRpFXQn8uNDuD3R8CEmYkuCmpvI4DRoRR6sS5qcc1RxVeNWh0-5qcpW5QisvCDL31ZRi27Uu5QLu8urb1NfKrUTUv8p9T1WeAUdLtn9jTsH/s320/arnaldo+jabor.bmp)
Passo os olhos nos diversos jornais, uma falsa ideia de equilíbrio, quando lhe devotaram o mesmo ódio daquela “revistinha” canalha, mas a morte parece ter o dom de suavizar, ou um certo remorso de falar o que se pensa.
Assim como do outro lado, um oco endeusamento, que não contribui para um balanço justo e franco com aquele que partiu.
Fonte:
http://arnobiorocha.com.br/2013/03/06/a-morte-e-as-mortes-de-hugo-chavez/
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWXVgY1Y7wdA-FcG-dNj2Vq2MoCtx7yF5cp1smVNJ8vIxWwhjGkAuqWTcBbc1qiz41a6oA_ZBvsyn8auRLBzXmlMxb_aAzKA1HmA0XECWht-FPt8JX6Tk2-n-jcvuL4-TLxYlcXqegM6bo/s320/Hugo+Ch%C3%A1vez.jpg)
- A árvore das três raízes - Rafael Betencourt
- Uma grande perda para a América Latina - Mário Augusto Jakobskind
- Hugo Chávez - Laerte Braga
- Nasce Hugo Chávez, o mito - Eduardo Guimarães
Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.