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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Rio tem ato unificado dia 1º contra privatização do Maracanã



De olho nos megaeventos, o governo do estado do Rio de Janeiro, em parceria com a prefeitura da capital, optou pela demolição de quatro importantes equipamentos públicos: a Aldeia Maracanã – que abriga o antigo Museu do Índio, o parque aquático Júlio Delamare, o ginásio de atletismo Célio de Barros e a escola municipal Friedenreich.

O estádio Mário Filho, famoso Maracanã, foi o primeiro equipamento a entrar em obras para adaptar-se às exigências da FIFA e sediar a Copa do Mundo de futebol de 2014. O concessionário será decidido em dezembro e terá validade de 35 anos, a partir da assinatura do contrato, previsto para o início de 2013.

Novo Mário Filho: sem escola, estádio de atletismo nem parque aquático 


Projeto propõe tombamento do Museu do Índio

Convicto de que esses equipamentos não podem ser demolidos, ainda mais sem justificativas plausíveis, lideranças políticas reagem. O vereador Reimont Otoni (PT) é co-autor de um projeto em tramitação na Câmara que tomba o Museu do Índio, garantindo não só a permanência de um prédio com valor histórico indiscutível como a preservação de moradia de inúmeros cidadãos indígenas, que ficarão sem lar, caso a demolição seja concretizada.

– O prefeito normalmente não acata a legislação e veta o tombamento, mas a gente tem conseguido, por mobilização social, derrubar o veto do prefeito e promulgar a lei pela Câmara – conta Reimont.

A sociedade não tem se calado. Um dos exemplos de mobilização popular foi a plenária organizada pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas quinta, dia 22.

Todo o complexo desportivo, tombado desde 2002, foi destombado pelo prefeito Eduardo Paes através de um decreto publicado em Diário Oficial, dia 22 de outubro de 2012, sob a justificativa de abrir espaço para construir estacionamento, bares e lojas. Os novos centros de treinamento de atletismo e esportes aquáticos serão construídos, até 2014, em um terreno do Exército, ao lado da Quinta da Boa Vista.  As medidas, que afetam diretamente a vida cotidiana dos moradores do Rio, geraram indignação, principalmente pelo pouco diálogo entre sociedade e poder público.

- A primeira maquete continha o Célio de Barros e o Júlio Delamare. Agora, sumiram.  Como se destomba um patrimônio histórico-cultural? Não houve diálogo com a sociedade. É um absurdo o espaço público ser demolido para fazer estacionamento, quando nós sabemos que o Comitê Olímpico Internacional e a Fifa recomendam que não haja aglomeração de veículos no entorno do estádio. – afirma Nelson Rocha dos Santos, treinador de atletismo no Célio de Barros.

Nelson, que foi finalista dos 100m rasos nas Olimpíadas de Moscou, em 1980, atua no ginásio Célio de Barros desde 1969. Hoje, é um dos treinadores de atletismo em um projeto social que atende cerca de 250 jovens de comunidades carentes. Para ele, a demolição não só prejudica quem usufrui hoje do espaço, como destrói a memória cultural da cidade.

- Quando você faz a demolição de um patrimônio desses, apaga a história desportiva daquela cidade, do estado e até mesmo do país, porque ali passaram atletas de várias gerações. Em contrapartida, cerceia o sonho dos meninos e meninas atendidos pelo projeto – diz.

Pais defendem permanência da escola Friedenreich 

Referência na rede municipal, a escola Friedenreich atende a mais de 300 crianças e será removida para o bairro de São Cristóvão. Apesar da contrariedade dos pais e professores, o colégio está em contagem regressiva.  Segundo Carlos Sandes, da Comissão de Pais, os alunos dividem espaço com tratores, material de obra e caminhões.

- A gente fica impotente diante de tamanho absurdo. Psicologicamente os pais já estão apavorados. Pode acontecer um acidente com alguma criança. Eles (o governo estadual) estão passando por cima de todos os direitos – alerta Carlos.

Na contramão do poder público, várias frentes se reúnem, agindo de forma solidária, para que a cidade e a democracia vençam. No parlamento, o vereador Reimont aguarda o melhor momento para colocar o projeto de tombamento na pauta de votação e ressalta a importância da participação popular durante o processo.

- A proposta é desconstruir os centros esportivos, com toda sua história, para construir estádios com os mesmos objetivos do outro lado da pista. Não faz sentido. É preciso que a sociedade preencha aquelas galerias, se faça presente na Câmara para mostrar aos outros vereadores que ela deseja outro caminho, que votem a favor do interesse da sociedade e não do poder econômico, comercial.
Com informações dos portais do Mandato Reimont e do Comitê Popular Rio