Mostrando postagens com marcador Copa de 2014. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Copa de 2014. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Aldeia Maracanã: é preciso resistir

14/01/2013 - extraído do site RedeDemocrática
- escrito por Antonio Elias Sobrinho (*)

Nas imediações do famoso estádio do Maracanã, atualmente em obras para os jogos da Copa do Mundo de 2014, encontra-se o antigo Museu do Índio, hoje habitado por mais de vinte famílias indígenas, originárias de várias etnias, que viviam dispersas pelo Rio de Janeiro.

Atualmente, encontram-se seriamente ameaçadas de despejo pelos poderes estaduais e grandes empresas envolvidas nas obras que querem desalojá-las para a melhor exploração do espaço, segundo os interesses mercantis mais adequados que possam atender melhor à especulação e a acumulação de capitais.

Aquele prédio em ruínas, que tem 147 anos de existência, abrigou o Museu do Índio até a década de 1970, quando foi transferido para Botafogo.

A partir de então, até aproximadamente 2005, ele ficou abandonado, quando começou a ser ocupado. Porém, como os índios não contaram com qualquer tipo de ajuda dos poderes públicos, não puderam evitar sua lenta degradação, mas pelo menos contribuíram para uma conservação mínima.

Além disso, incrementaram uma série de atividades culturais em seu interior, além de servir de espaço para a realização de congressos para variados movimentos sociais e para agregação de índios de várias procedências, importante para estimular e desenvolver traços significativos da cultura indígena em nosso estado.

Assim, qual a razão ou as razões que podem explicar a investida de forma tão impetuosa do Estado contra aquelas famílias e contra aquele prédio que, pela sua própria idade deveria ser um ponto de atração, inclusive para os turistas?

Além disso, sabe-se que existem vários estudos técnicos ligados à prefeitura que recomendam não só sua recuperação como o seu tombamento como patrimônio histórico. Sem dúvida, fica claro que o ponto central dessa questão encontra-se no grande projeto que os poderes públicos, nos seus mais variados níveis, articulados com as grandes empresas de especulação imobiliária, reservam para esta cidade.

Aliás, como é de conhecimento de todos, não é de hoje que esses agentes vem fazendo uma imensa propaganda pela mídia de que a cidade do Rio de Janeiro, uma das mais valorizadas e mais bonitas do mundo, encontra-se degradada, necessitando, portanto, de uma ampla reformulação; isto é, para eles é necessário adequar as estruturas da cidade para que ela possa atender as demandas de um processo de acumulação de capitais, que se encontra numa crise que se arrasta desde a década de 1970.

Assim, esse projeto, que abrange grande parte do centro da cidade, da zona portuária, das principais favelas, bem como o Maracanã e suas imediações onde se encontra a chamada Aldeia Maracanã, é importante que se faça uma modernização, não só para que a cidade corresponda as expectativas das novas formas de investimentos, incrementados pelo capital financeiro internacional, como também seja transformada num centro importante do turismo, sobretudo a partir dos grandes eventos que se avizinham, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Nesse caso, segundo as informações, toda aquela área deverá ser transformada e explorada por um imenso complexo que envolve estacionamento, e lojas de vários tipos, em suma, num imenso centro empresarial.


É importante, nesse aspecto, ser mencionado o fato de que, como a taxa de lucro dos investimentos produtivos, deixaram de ser atrativos, devido a grande crise internacional, a maior parte dos investimentos passaram a ser direcionados para as várias formas de especulação.

A isso, deve-se o fato de que grande parte dos países que sempre ocuparam o eixo central do sistema, entraram em declínio acelerado, com índices de crescimento econômico ridículos. Esse processo foi agravado por um movimento de desregulamentação financeira, que provocou uma onda devastadora de especulações para aplicação de grande parte dos capitais fictícios, que não estavam encontrando espaços atrativos na produção.

Então, passaram a farejar, em todas as partes do mundo, oportunidades para a realização desses capitais em mercados rentáveis.

Essa estratégia não tem dado bons resultados, porém, tem servido para adiar as manifestações mais selvagens do sistema que esgotou praticamente todos os seus instrumentos estratégicos para encontrar uma saída.

Por isso, eles têm jogado um peso enorme em todas as oportunidades, inclusive usando a violência, para afastar todos os grandes sinais de resistência.

Ontem mesmo [13/01], um batalhão de choque da polícia militar cercou a aldeia e só não concretizou mais uma das suas ações porque encontrou reação de militantes e movimentos sociais. Além disso, não encontraram respaldo legal; mas não nos iludamos. Sem dúvida nenhuma voltarão e desta vez com forças muito mais consistentes, dispostos a passar por cima de tudo e de todos.

Disso, sabemos tranquilamente, assim como também sabemos que agressões mais arrojadas virão.

A compreensão dessa realidade deve servir para que todas as forças sociais que se opõem a esses métodos de dominação, típicos de um sistema em desespero, que é necessário a união e a ação do maior número de pessoas possíveis não só para se opor a esta ordem como também para tentar construir um projeto que seja alternativo.

Sabemos das dificuldades, sobretudo pela dispersão dos movimentos sociais e das propostas políticas, mas também sabemos das dificuldades do campo dominante, que tem utilizado, sistematicamente, instrumentos ilegítimos para continuar esse processo que só tem provocado devastação.

Assim, o exemplo da Aldeia Maracanã é um ponto simbólico bastante significativo nesse processo, o qual não podemos entregar os pontos facilmente.

A Rede Democrática, constituída em sua maioria por ex-combatentes de organizações armadas ao antigo regime militar, esteve, através de vários membros dando apoio na defesa da continuação do projeto da Aldeia, o qual continuaremos.

(*) Antonio Elias Sobrinho é professor de História pela UFF e Mestre em Serviço Social pela UFRJ

Fonte:
http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=3640:a-aldeia-maracan%C3%A3-%C3%A9-preciso-resistir

Veja também:
Povos indígenas e o desenvolvimentismo do governo Dilma Rousseff - Roberto Antonio Liebgot 

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Rio tem ato unificado dia 1º contra privatização do Maracanã



De olho nos megaeventos, o governo do estado do Rio de Janeiro, em parceria com a prefeitura da capital, optou pela demolição de quatro importantes equipamentos públicos: a Aldeia Maracanã – que abriga o antigo Museu do Índio, o parque aquático Júlio Delamare, o ginásio de atletismo Célio de Barros e a escola municipal Friedenreich.

O estádio Mário Filho, famoso Maracanã, foi o primeiro equipamento a entrar em obras para adaptar-se às exigências da FIFA e sediar a Copa do Mundo de futebol de 2014. O concessionário será decidido em dezembro e terá validade de 35 anos, a partir da assinatura do contrato, previsto para o início de 2013.

Novo Mário Filho: sem escola, estádio de atletismo nem parque aquático 


Projeto propõe tombamento do Museu do Índio

Convicto de que esses equipamentos não podem ser demolidos, ainda mais sem justificativas plausíveis, lideranças políticas reagem. O vereador Reimont Otoni (PT) é co-autor de um projeto em tramitação na Câmara que tomba o Museu do Índio, garantindo não só a permanência de um prédio com valor histórico indiscutível como a preservação de moradia de inúmeros cidadãos indígenas, que ficarão sem lar, caso a demolição seja concretizada.

– O prefeito normalmente não acata a legislação e veta o tombamento, mas a gente tem conseguido, por mobilização social, derrubar o veto do prefeito e promulgar a lei pela Câmara – conta Reimont.

A sociedade não tem se calado. Um dos exemplos de mobilização popular foi a plenária organizada pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas quinta, dia 22.

Todo o complexo desportivo, tombado desde 2002, foi destombado pelo prefeito Eduardo Paes através de um decreto publicado em Diário Oficial, dia 22 de outubro de 2012, sob a justificativa de abrir espaço para construir estacionamento, bares e lojas. Os novos centros de treinamento de atletismo e esportes aquáticos serão construídos, até 2014, em um terreno do Exército, ao lado da Quinta da Boa Vista.  As medidas, que afetam diretamente a vida cotidiana dos moradores do Rio, geraram indignação, principalmente pelo pouco diálogo entre sociedade e poder público.

- A primeira maquete continha o Célio de Barros e o Júlio Delamare. Agora, sumiram.  Como se destomba um patrimônio histórico-cultural? Não houve diálogo com a sociedade. É um absurdo o espaço público ser demolido para fazer estacionamento, quando nós sabemos que o Comitê Olímpico Internacional e a Fifa recomendam que não haja aglomeração de veículos no entorno do estádio. – afirma Nelson Rocha dos Santos, treinador de atletismo no Célio de Barros.

Nelson, que foi finalista dos 100m rasos nas Olimpíadas de Moscou, em 1980, atua no ginásio Célio de Barros desde 1969. Hoje, é um dos treinadores de atletismo em um projeto social que atende cerca de 250 jovens de comunidades carentes. Para ele, a demolição não só prejudica quem usufrui hoje do espaço, como destrói a memória cultural da cidade.

- Quando você faz a demolição de um patrimônio desses, apaga a história desportiva daquela cidade, do estado e até mesmo do país, porque ali passaram atletas de várias gerações. Em contrapartida, cerceia o sonho dos meninos e meninas atendidos pelo projeto – diz.

Pais defendem permanência da escola Friedenreich 

Referência na rede municipal, a escola Friedenreich atende a mais de 300 crianças e será removida para o bairro de São Cristóvão. Apesar da contrariedade dos pais e professores, o colégio está em contagem regressiva.  Segundo Carlos Sandes, da Comissão de Pais, os alunos dividem espaço com tratores, material de obra e caminhões.

- A gente fica impotente diante de tamanho absurdo. Psicologicamente os pais já estão apavorados. Pode acontecer um acidente com alguma criança. Eles (o governo estadual) estão passando por cima de todos os direitos – alerta Carlos.

Na contramão do poder público, várias frentes se reúnem, agindo de forma solidária, para que a cidade e a democracia vençam. No parlamento, o vereador Reimont aguarda o melhor momento para colocar o projeto de tombamento na pauta de votação e ressalta a importância da participação popular durante o processo.

- A proposta é desconstruir os centros esportivos, com toda sua história, para construir estádios com os mesmos objetivos do outro lado da pista. Não faz sentido. É preciso que a sociedade preencha aquelas galerias, se faça presente na Câmara para mostrar aos outros vereadores que ela deseja outro caminho, que votem a favor do interesse da sociedade e não do poder econômico, comercial.
Com informações dos portais do Mandato Reimont e do Comitê Popular Rio

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ditadura transitória da Fifa" - Vem aí o “AI-5 da Copa”

27.02.12 - PL quer punir “terroristas” e grevistas na Copa
Andrea Dip, da Agência Pública

“É a ditadura transitória da FIFA” diz presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, sobre projeto que corre no Senado em paralelo a Lei Geral da Copa


Foto: Daniel Kfouri

Enquanto as atenções estão voltadas para o projeto de Lei Geral da Copa (2.330/11) que está sendo votado na Câmara nesta terça-feira (28), os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), Ana Amélia (PP-RS) e Walter Pinheiro (PTB-BA) correm com outro Projeto de Lei no Senado, conhecido pelos movimentos sociais como “AI-5 da Copa” por, dentre outras coisas, proibir greves durante o período dos jogos e incluir o “terrorismo” no rol de crimes com punições duras e penas altas para quem “provocar terror ou pânico generalizado”.

Sen. Marcelo Crivella

O PL 728/2011, apresentado no Senado em dezembro de 2011, ainda aguarda voto do relator Álvaro Dias (PSDB-PR) na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Se for aprovado, vai criar oito novos tipos penais que não constam do nosso Código Penal como “terrorismo”, “violação de sistema de informática” e “revenda ilegal de ingressos”, determinando penas específicas para eles. Essa lei – transitória – valeria apenas durante os jogos da FIFA.

Na justificativa da proposta, os senadores alegam que a Lei Geral da Copa deixa de fora a tipificação de uma série de delitos, necessária para “garantir a segurança durante os jogos”.

O projeto prevê ainda que quem “cometer crimes contra a integridade da delegação, árbitros, voluntários ou autoridades públicas esportivas com o fim de intimidar ou influenciar o resultado da partida de futebol poderá pegar entre dois e cinco anos de prisão”.

Para quem “violar, bloquear ou dificultar o acesso a páginas da internet, sistema de informática ou banco de dados utilizado pela organização dos eventos” a pena seria de um a quatro anos de prisão, além de multa. E para deixar a aplicação das penas ainda mais eficaz, o projeto prevê a instauração de um “incidente de celeridade processual” (art. 15), um regime de urgência em que a comunicação do delito poderia se dar por mensagem eletrônica ou ligação telefônica e funcionaria também nos finais de semana e feriados.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Paulo, Martim Sampaio, considera o projeto um “atentado contra o Estado Democrático de Direito”. “É um projeto de lei absurdo que quer sobrepor os interesses de mercado à soberania popular. Uma lei para proteger a FIFA e não os cidadãos e que, além de tudo, abre precedentes para injustiças por suas definições vagas”, diz o advogado.

Para Thiago Hoshino, assessor jurídico da organização de direitos humanos Terra de Direitos e integrante do Comitê Popular da Copa de Curitiba, a questão é ainda mais complicada. Ele acredita que a junção de tantos assuntos em um mesmo projeto é uma tentativa de aprovar leis antigas que endurecem principalmente a legislação penal: “É um bloco perigoso que viola garantias básicas da Constituição. E há sempre o risco de estas leis transitórias se tornarem permanentes. A legislação da Copa é, na verdade, um grande laboratório de inovações jurídicas. Depois o que for proveitoso pode permanecer. É mais fácil tornar uma lei transitória permanente do que criar e aprovar uma nova” explica.

Terrorismo
O que chama a atenção logo de cara no projeto de lei é a tipificação de “terrorismo”, que até hoje não existe no nosso código penal. No PL, ele é definido como “o ato de provocar terror ou pânico generalizado mediante ofensa à integridade física ou privação da liberdade de pessoa, por motivo ideológico, religioso, político ou de preconceito racial, étnico ou xenófobo” com pena de no mínimo 15 e no máximo 30 anos de reclusão. Martim Sampaio diz que este é o artigo mais perigoso por não dar definições exatas sobre o termo: “Da maneira como está na lei, qualquer manifestação, passeata, protesto, ato individual ou coletivo pode ser entendido como terrorismo. Isso é um cheque em branco na mão da FIFA e do Estado”.

Documentos revelados pelo WikiLeaks revelaram a pressão americana para que o Brasil criasse uma lei para o “terrorismo”, principalmente para assegurar os megaeventos. No relatório de Lisa Kubiske, conselheira da Embaixada americana em Brasília, enviado para os EUA em 24 de dezembro de 2010, a diplomata mostra-se preocupada com as declarações de Vera Alvarez, chefe da Coordenação-Geral de Intercâmbio e Cooperação Esportiva do Itamaraty porque a brasileira “admite que terroristas podem atacar o Brasil por conta das Olimpíadas, uma declaração pouco comum de um governo que acredita que não haja terrorismo no País”.

Os banqueiros também pressionam o Estado a criar uma lei antiterrorismo há algum tempo. Também em 2010, a falta de uma legislação específica sobre terrorismo foi o principal foco em um congresso sobre lavagem de dinheiro e financiamento de grupos extremistas organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo. A questão poderia custar ao Brasil a exclusão do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), órgão multinacional que atua na prevenção desses crimes.

Greves
O projeto de lei também mira reduzir o direito à greve, prevendo a ampliação dos serviços essenciais à população durante a Copa – como a manutenção de portos e aeroportos, serviços de hotelaria e vigilância – e restringe a legalidade da greve de trabalhadores destes setores, incluindo os que trabalham nas obras da Copa, de três meses antes dos eventos até o fim dos jogos. Se aprovado, os sindicatos que decidirem fazer uma paralisação terão de avisar com 15 dias de antecedência e manter ao menos 70% dos trabalhadores em atividade. O governo ainda estará autorizado a contratar trabalhadores substitutos para manter o atendimento, o que é proibido pela lei 7.283/1989 em vigor no país, que estabelece 72 horas de antecedência para o aviso de greve e não determina um percentual mínimo de empregados em atividade durante as paralisações.

Eli Alves, presidente da Comissão de Direito Trabalhista da OAB-SP, lembra que o direito à greve também é garantido na Constituição Federal e diz que a sensação que fica é a de que “o Brasil está sendo alugado para a FIFA, flexibilizando suas próprias regras para fazer a Copa no país”. Martim Sampaio lembra que as greves foram proibidas durante a ditadura militar: “A gente conquistou este direito com o fim da ditadura, muitas vidas foram perdidas neste processo. Não é possível que agora criemos uma ditadura transitória da FIFA”. E convoca: “O único jeito de não deixar esta lei ser aprovada é por pressão popular. A gente tem bons exemplos de que isso funciona como a da lei da ficha limpa. É preciso conquistar a democracia todos os dias”.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

"MEGAEVENTOS, DOUTRINA DO CHOQUE E A SUBMISÃO DO RIO"

Em 30 de outubro de 2007, a FIFA ratificou o Brasil como país-sede da Copa do Mundo de 2014. Em maio de 2009, a cidade do Rio de Janeiro foi confirmada para receber a partida final do evento, que acontecerá no estádio do Maracanã. Em 2 de outubro do mesmo ano, o Rio também foi selecionado, desta vez pelo COI, como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O entusiasmo e o ufanismo tomaram conta do noticiário, reforçando o discurso dominante que o Brasil vive o melhor momento de sua história. A Cidade Maravilhosa, "cidade global" segundo os urbanistas, tornou-se o balão de ensaio desse novo Brasil-potência, síntese mitificada da nova brasilidade, assumindo lugar semelhante à da Brasília dos anos 1960.

Em 1º de janeiro de 2009, Eduardo Paes, do PMDB, tomou posse como prefeito da cidade do Rio de Janeiro. A aliança ao redor dele reúne o governo do estado chefiado por Sérgio Cabral, do mesmo partido, e a administração federal encabeçada pelo PT, num portentoso consenso tri-governamental. No primeiro ano de seu mandato, Paes iniciou um conjunto de ações denominado "Choque de Ordem". Em coordenação de órgãos e governos, o "choque de ordem" reprime o trabalho informal, remove moradores de ruas, ajuda a despejar ocupações de sem tetos e ocupa permanentemente posições estratégicas, contra a "indisciplina urbana".

Desde 2010, invocando os megaeventos, o "choque de ordem" está focado na implantação de grandes complexos viários por toda a cidade, mediante iniciativas como a TransOeste, TransCarioca e TransOlímpica.

Não custa lembrar que a "doutrina do choque" começou como tortura psiquiátrica, passou à esfera militar, foi usada como arma política contra inimigos ideológicos e, agora, chegou ao Rio de Janeiro no melhor espírito olímpico.

Se a urbanização das favelas e a regularização fundiária tomaram 30 anos de lutas pelo direito à moradia e à cidade, tais conquistas estão sendo desprezadas e destruídas em questão de meses. Pobres têm sido removidos sem compensação minimamente equivalente, de modo truculento, amiúde na calada da noite, para áreas distantes das comunidades onde viviam há décadas. Projetos de revitalização fabricam ainda mais sem tetos. Camelódromos históricos são desmontados, as mercadorias ilegalmente confiscadas, os ambulantes expulsos na ponta do cassetete. Empreendimentos culturais "criativos" mascaram a privatização da cultura metropolitana, em favor de grandes conglomerados da mídia e entretenimento. Na base da canetada, os projetos de engenharia e urbanismo aceitam tudo, a título de modernização, disciplinamento e pacificação.

Está em curso a submissão da cidade aos imperativos da especulação imobiliária. Pretendem convertê-la em "cidade global", enquadrada às demandas e fluxos do capitalismo globalizado, sem espaço para os negros, os quilombolas, os jovens sem trabalho, os camelôs, os sem tetos, os precários. Se a exclusão sistemática e a violência contra os pobres vêm da história escravocrata da cidade, só agora galgou o status de "consenso". Essa política de fascismo à carioca não respeita sequer servidores do próprio estado, como os bombeiros tachados de “vândalos” pelo governador Sérgio Cabral.

Neste contexto, surpreende, da parte de setores que se identificam como esquerda, um discurso de interesse público e até mesmo socialista (!), manobrado para “limpar” as ruas e comunidades, e empurrar os pobres cada vez mais para fora da metrópole que construíram. Em meio a bandeiras vermelhas misturadas nesse consenso, Marx ressente-se, pois segue a desvalorização do homem na sua submissão à expansão de riqueza como capital. O redesenvolvimento urbano do Rio, desigual e expropriatório, somente tem sido criticado por setores minoritários da esquerda, virtualmente isolados em meio ao monolítico bloco de governos e aliados empresariais, com seus gigantescos recursos políticos e econômicos.

Nesse contexto, é lamentável a desmontagem do Núcleo de Terras e Habitação (NUTH) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro. Muito próximo dos movimentos sociais, vinha defendendo direitos coletivos e difusos das populações afetadas pelo trator “progressista”. Sob a gestão do novo defensor público geral, Nilson Bruno, se tornou inviável a continuidade do trabalho de defensores combativos, dissolvendo a parceria direta entre o órgão e os movimentos sociais. Como consequência, levantaram-se ainda mais barreiras para a efetiva prestação da tutela jurídica aos prejudicados pelo desenvolvimento.

Não adianta prolongar em demasiado discussões teóricas, quando o presente range de conflito e urge por ações concretas. Bertold Brecht certa vez disse que chega uma hora nas lutas que se deve aceitar uma formulação rude, mesmo grosseira. Diante da anemia crítica na imprensa e dentro do bloco de poder, é preciso continuar insurgindo-se com os resistentes, continuar produzindo redes e mídias contra o consenso dominante. E contestar alianças ditas "estratégicas", sob a desculpa universal da "correlação de forças", que negam e desacreditam toda a cultura de esquerda por alguns professada.

NÚCLEO BIOLUTAS DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO."

domingo, 19 de dezembro de 2010

'RIO DE PAES': Na Restinga, Prefeitura vara a madrugada com seu projeto macabro

Jorge Borges, via CMI Brasil
Em nome dos Jogos Olímpicos 2016 e da Copa do Mundo 2014, nesta sexta-feira, 17/12/2010, a comunidade da Restinga foi, de novo, alvo da Prefeitura do Rio. Ao longo de todo o dia e da noite repetiram-se cenas que se tornaram comuns nas últimas semanas: prepostos da subprefeitura da Barra, irresponsáveis e truculentos como sempre, continuaram a demolir casas sem o menor respeito à dignidade humana.

Logo de manhã, deram ordens para uma retroescavadeira da Odebrecht atacar uma loja cujo andar superior servia de residência a uma família inteira. Desesperados, pais, filhos e avós trancaram-se em casa e gritavam por socorro. Moradores da própria comunidade e de áreas vizinhas vieram prestar solidariedade.

A Guarda Municipal garantiu a força da covardia e arrombou portas, quebrou portões, distribuiu ofensas e agressões a moradores e apoiadores. Ao chegar ao local, uma Defensora Pública foi impedida de adentrar à casa e avaliar as condições da família. Agentes da 42ª DP, num primeiro momento, ameaçava-os com prisão e faziam todo tipo de intimidação. Ao longo da tarde, a pressão da Comissão da Alerj e da Secretaria Estadual de Direitos Humanos diminuiu o ímpeto dos inspetores. Policiais do 31º BPM assistiam tudo ao longe, sem esboçar qualquer reação a tanta ilegalidade e abuso de autoridade.

O impasse adentrou a noite. Às 23h, os vândalos da Prefeitura bradavam para quem quisesse ouvir que não arredariam pé da comunidade enquanto não executassem sua missão maldita. É preciso saber o que este senhor Leandro Marques anda consumindo para conseguir permanecer por tantas horas desperto e com tanta gana de destruir famílias e lares.

Uma segunda equipe de Defensores Públicos correu para o Fórum do Rio, no Centro da Cidade, visando restabelecer a legalidade na região. Só conseguiram uma decisão favorável próximo da meia-noite de sexta para sábado, enquanto a primeira Defensora Pública ficava sitiada na comunidade em apoio às famílias vítimas dos pitboys oficiais.

Já no meio da madrugada, ao longo da Avenida das Américas, se via o saldo de mais uma batalha. Móveis, pacotes de roupas e esperanças espalhadas pelo chão, próximo ao corredor viário, com carros, ônibus e carretas passando a poucos centímetros de distância. Para algumas famílias, a subprefeitura disponibilizou caminhões de mudança particulares (com que recursos? Com que procedimentos de contratação?). Para outras, restou dormir ao relento e na poeira da estrada e do desalento, ao lado de suas casas completamente destruídas e de seu futuro incerto e sombrio.

Num momento como esse, é preciso se questionar por onde andam os valorosos companheiros de luta pela Reforma Urbana. Boas intenções que se renderam ao inferno da política de "consenso" do Partido dos Trabalhadores? Vão mesmo se deixar transformar, o PT, no paladino da destruição de nossas culturas populares, dos territórios dos pobres e das perspectivas de um desenvolvimento justo, alternativo e includente? Transferindo uma parte dessa porção mais iludida de nossa população para uma condição de "classe média" ignorante, anti-cidadã, sem perspectiva de futuro, o eixo do mal PT-PMDB, na condução política da Cidade do Rio de Janeiro, mais parece uma nova República de Weimar nos trópicos e periferias do Século XXI.

Há grande preocupação também, com a postura da mídia porcorativa, particularmente com as organizações Globo, que insistem em sustentar a dimensão retórica e ideológica dessa prática funesta, espalhando mentiras para toda a Sociedade, sustentando um senso comum de ódio e de desprezo às famílias mais pobres das comunidades atingidas e, agora, também, contra o Núcleo de Terras da Defensoria Pública.

As notícias d'O Globo, publicadas nesta sexta-feira são um verdadeiro atentado contra a liberdade de expressão e colocam em cheque-mate a idoneidade e a responsabilidade dos meios de comunicação de massa dominados por meia dúzia de famílias da classe dominante. É público e notório o interesse das organizações Globo não apenas no "sucesso" de empreendimentos como as Olimpíadas e a Copa do Mundo, mas também em inúmeros projetos de incorporação imobiliária em curso na região da Área de Planejamento 4 (Barra da Tijuca, Recreio, Vargens, Jacarepaguá etc.).

Por isso, é preciso registrar e fazer circular o repúdio de todos os defensores do Estado Democrático de Direito contra a postura desses órgãos de comunicação ao atacar o Núcleo de Terras e rotulá-los como "fábrica de liminares" nos plantões noturnos. Se estes editores se negam a reconhecer a realidade, e os contornos nazi-fascistas dessa política, é porque são cúmplices diretos do projeto de destruição do senhor Eduardo de Souza Paes e de toda sua caterva.

Há espaço, há recursos, há instrumentos jurídicos e financeiros; sobretudo, há força política suficiente para desenvolver um amplo processo de regularização fundiária e de construção de novas habitações populares para todas as famílias atingidas pelo corredor Transoeste. Entretanto, é sabido que a quadrilha instalada na Prefeitura do Rio é refém dos interesses mais globalizados do novo mercado imobiliário que se instala dia a dia na nossa Cidade. Por isso, a única coisa que falta é o principal ingrediente para que tudo isso se transformasse em realidade: vontade política e vergonha na cara dos atuais dirigentes do eixo PT-PMDB. Essa vergonhosa postura ainda vai custar muito caro a alguns deles, num futuro muito próximo.

Todos à luta! Contra o Estado de Exceção da Prefeitura do Rio! Contra a cumplicidade e a cobertura falaciosa dos jornalões! Contra a omissão dos ditos militantes da Reforma Urbana encastelados na estrutura dos Governos e que se tem feito cegos, surdos e mudos diante de tanta infâmia e desgraça oficializada!

Veja o vídeo onde o delinquente Alex, da subprefeitura da Barra, ataca um adolescente que simplesmente filmava mais uma ação covarde na Vila Recreio II. A 42ª DP se recusou a registrar a ocorrência. Reparem na data da gravação. Essa é a homenagem da Prefeitura do Sr Eduardo Paes e da SMH do PT ao Dia Internacional de Defesa dos Direitos Humanos!

Monstruosidade sem limites da Prefeitura do Rio: atacam à noite e passam a máquina com mobília e gente dentro e começam as ameaças de morte

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

É dia 13. Movimentos sociais convocam para ato no Rio de Janeiro contra despejos

Quando o assunto é direito à moradia o cenário no Rio de Janeiro não é promissor. As remoções tem aumentado. E mega-eventos como a Copa de 2014 prometem fazer o número de pessoas expulsas de suas casas aumentar proporcionalmente à especulação imobiliária. Por isso, militantes de diversas ocupações convocam para o Ato Contra os Despejos, Remoções e Latifundiários Urbanos na próxima segunda, dia 13.

Todas as organizações políticas, coletivos, instituições, sindicatos e indivíduos que tem críticas ao modelo de cidade da exclusão que está sendo implantado no Rio de Janeiro estão convidados a participar do ato. A concentração será às 8 horas da manhã, em frente ao Prédio Abandonado do INSS localizado na Rua Riachuelo, 48, Lapa.


Fontes: Movimento Pela Moradia e Agência Petroleira de Notícias

sábado, 4 de dezembro de 2010

O Blog EDUCOM pergunta: será mais uma de Nelson Jobim?

Deu na coluna do Ancelmo Gois, em O Globo...
"TECNOLOGIA DE SEGURANÇA
Armas de Israel
Deu ontem no jornal 'Maariv', de Jerusalém: 'Israel deve assinar com o Brasil, em breve, vários contratos para fornecer tecnologia de segurança e produtos militares com vistas aos Jogos de 2016 e a Copa de 2014.'

Segundo o diário israelense, o acordo, que seria assinado pelo ministro da Defesa deles, Ehud Barak, incluiria 'aviões e aeronaves de vigilância não tripulados, cercas eletrônicas e muito mais'.

O 'Maariv', um dos maiores jornais de Israel, diz ainda que 'o Brasil enfrenta criminosos no Rio e quer evitar qualquer ameaça à realização dos Jogos de 2016 e da Copa.'

O jornalão, parecendo irônico, afirma que Israel só 'não pode intervir nas relações do Brasil com países como o Irã de Ahmadinejad e a Venezuela de Chávez'."


... mas veja o que diz sobre o tema Jacob Blinder, judeu e companheiro do campo da mídia alternativa, em debate no fórum de internet 3setor:
"Violência atrai violência, pois os truculentos serviços secretos de Israel com essa 'ajuda' (sic) farão com que o Brasil se insira de fato no mundo do terrorismo. Quem tiver dúvida que avalie o que fizeram os israelenses na Colômbia, 'ajudando' (sic) o governo desse país combater a FARC e ELN e em Honduras 'ajudando' (sic) a ditadura militar lá instalada a derrotar o Presidente Constitucional do país. Se o Brasil aceitar de fato essa ajuda, estará dando um tiro no pé. Fora com os terroristas de Israel! (...) o Mossad ou o Instituto para Inteligência e Operações Especiais de Israel irá ajudar o Brasil nos processos de segurança em relação a Copa do Mundo de Futebol e Olimpíadas. Eu insisto dizer que se fizer isso o Brasil estará criando desnecessariamente graves problemas para sí e para outros, pois o Mossad, como organização terrorista de Estado, causa sempre confusão, prejuízos e conflitos onde atua, entre os quais cito o passado golpe de Estado na Venezuela e em Honduras onde essa organização se ligou respectivamente ao ditador Pedro Carmona e ao usurpador Goriletti (Roberto Micheletti) e também ao Governo da Colômbia do carrasco e fora da lei internacional Álvaro Uribe. (observe que todos eles são 'tutti buena gente')."

FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS – BRASILEIRAS? SERÁ?
(OS DOCUMENTOS DO WIKILEAKS)

por Laerte Braga, jornalista e analista político
É possível que existam oficiais comprometidos com os princípios que devem nortear as forças armadas de uma Nação. Mas Forças Armadas Brasileiras? Onde? Desde o expurgo de militares comprometidos com o Brasil promovido pelo golpe de 1964 a imensa maioria dos comandantes militares brasileiros bate continência para Washington e presta contas ao embaixador dos EUA das atividades contra supostos terroristas.

Chefes mafiosos quando presos costumam mandar matar as testemunhas. Com isso evitam suas condenações. O furioso ataque do governo dos EUA contra o site WIKILEAKS e a tentativa de prender seu fundador é exatamente isso, matar a testemunha das barbáries cometidas pelos norte-americanos mundo afora (reveladas nos documentos secretos trazidos a público pelo site) e buscar formas de continuar vendendo a mentira da democracia e da liberdade e toneladas de bombas que vão despejando pelo mundo em ações terroristas contra governos e líderes que se opõem ao império.

O general brasileiro (brasileiro?) Jorge Armando Felix, ministro da Segurança Institucional tem o dever de explicar porque foi prestar contas ao embaixador dos EUA sobre ações do governo contra o suposto “terrorismo” na região de Foz do Iguaçu. Tivesse a maioria de nosso Congresso compromissos com o País e o general seria convocado a explicar se é general do Exército brasileiro, ou agente norte-americano? E receber um voto de censura.

Há um claro preconceito norte-americano e europeu (que procuram difundir pelo mundo) contra o povo árabe, contra muçulmanos e isso esconde interesses econômicos e políticos, no caso do Brasil o controle de uma das regiões mais ricas de nosso País e onde se localiza um aqüífero, o quinto maior do mundo, o Guarani. Água hoje vale tanto quanto petróleo.

O futuro governo de Dilma Roussef começa andando para trás, como caranguejo, ao confirmar um trêfego Nelson Jobim, agente estrangeiro, no Ministério da Defesa e ao substituir um dos chanceleres de maior importância na História do Brasil e no mundo contemporâneo, Celso Amorim, por exigência e imposição dos EUA.

O nível de intervenção do embaixador dos EUA no Brasil é inaceitável e Amorim sempre foi um obstáculo a isso (Jobim não está acostumado a cair de quatro).

Ou somos uma Nação soberana, independente, ou somos um protetorado ao sabor de interesses de elites fétidas que tentam controlar o mundo pelo terrorismo sem aspas dos EUA e de Israel, revelados na totalidade de sua estupidez pelo site WIKILEAKS.

A ofensiva sionista no Brasil é outra realidade que preocupa. Vereadores comprometidos ou comprados por grupos nazi/sionistas querem o Holocausto ensinado nas escolas públicas (Rio e Porto Alegre).

E o massacre de Palestinos? Os estupros de mulheres palestinas? A violência sionista contra um povo altivo e que luta diuturnamente por suas terras e riquezas tomadas e saqueadas por Israel?

Ou a “contribuição” policial no caso do Morro do Alemão aos criminosos, os traficantes?

Querem criminalizar o MST para favorecer grupos como a MONSANTO no chamado agronegócio (a agricultura da morte pelo envenenamento lento das multinacionais), beneficiar latifundiários que até hoje se valem de trabalho escravo.

Querem impedir a integração latino americana para que possam controlar o que em tempos passados chamavam de AMÉRICA LATRINA.

Precisamos refundar as nossas Forças Armadas, ensinar-lhes brasilidade, compromissos reais e efetivos com a nação brasileira ao invés da baboseira de um patriotismo que disfarça submissão e isso é canalhice.

Buscar inspiração em figuras do porte do marechal TEIXEIRA LOTT e outros tantos, deixarmos de lado torturadores e assassinos que se escondem atrás de uma anistia que nada mais é que a garantia da covardia impune. Revelá-la, trazê-la a público como aconteceu na Argentina, no Chile, mostrar o verdadeiro caráter desses “patriotas”.

Os da submissão e boçalidade.

Se Dilma Roussef começa não entendendo isso e quer apagar os documentos do WIKI LEAKS que mostram o apetite norte-americano sobre o Brasil, seus cúmplices, no duro mesmo, o retrocesso vai ser sem tamanho e o equívoco terá sido imenso.

Se o PT vai mergulhar em brigas por cargos e vaidades pessoais em detrimento da competência, do brilho, da brasilidade (Celso Amorim, Samuel Pinheiro Guimarães), está mais uma vez jogando por terra todo e qualquer compromisso com o Brasil e os brasileiros e ao invés de avanços, caímos sim num conto do vigário.

A simples menção de Nelson Jobim e suas ações nos documentos revelados pelo site, documentos oficiais do governo dos EUA, é o suficiente para que o ministro da Defesa seja afastado e na forma da lei enquadrado como agente de potência estrangeira.

Quanto ao general Félix, lembra outro general, o comandante da VALE, diziam que da Amazônia, general Heleno.

Vestem a farda errada.

Quando os muçulmanos deixaram a Espanha onde permaneceram por mais de dois séculos, nenhuma igreja católica havia sido destruída, nenhuma obra de arte havia sido queimada, nenhum livro jogado no lixo da censura.

Quando os cristãos deixaram os países árabes ocupados os saques e a destruição foram de tal ordem que fica difícil descrever tanto fanatismo e boçalidade. Talvez por isso Gandhi tenha dito que “aceito o Cristo de vocês, mas não aceito o cristianismo de vocês”.

Vivemos um momento de suma importância neste início de século. Um site, o WIKILEAKS revela toda a podridão, todo o caráter perverso e criminoso da maior potência do mundo.

Seus propósitos, seus objetivos, o preconceito em cada ação terrorista (seqüestro, tortura, estupro, assassinato).

E o que fazem?

Matam a testemunha para evitar danos maiores no julgamento, querem a prisão do fundador do site, não respondem a uma única afirmação contida nos documentos oficiais, pois terroristas são eles. EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

E com profunda ramificações no Brasil, inclusive o ministro da tal Segurança Institucional, o ministro da Defesa e sabe-se lá mais quem.

Os documentos secretos no que diz respeito ao Brasil podem ser vistos em

cablegate.wikileaks.org/cable/2009/01/09BRASILIA34.html

E antes que façam o que fizeram com o WIKILEAKS, matem a testemunha para evitar que deponha no julgamento.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A “OPERAÇÃO ALEMÃO” – A “LEI” GARFOU 31 MIL DE UM TRABALHADOR

Por Laerte Braga, jornalista e analista político
A preocupação da REDE GLOBO com a violência no Rio vai terminar assim que o juiz apitar o fim da decisão da copa do mundo de 2014. Todo esse aparato de especialistas, de vítimas inocentes vai ser deixado de lado seja o Brasil o vitorioso ou não. O problema depois passa a ser da RECORDE, detentora dos direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de 2016.

GLOBO e RECORDE são personagens dessa caquética elite brasileira que imagina ser possível desenterrar a princesa Isabel e colocá-la no trono até que se decida que ramo dos Braganças tem direito a corroa.

Pobre conde D’Eu. Corre o risco de ver filhos bastardos disputando os direitos de enfiteuse em Petrópolis e com a cara da princesa. Hoje o DNA resolve.

Já imaginou se um deles for Tiririca?

Sua Alteza Real, o príncipe Tiririca?

Numa hipótese assim é preciso urgência numa ambulância com todos os recursos de socorro imediato a infartados e à porta do prédio onde mora FHC. Vai ser insuportável para o ex-presidente que acredita ter criado o mundo em seis dias, com um de vantagem sobre o Outro.

De quebra uma vantagem adicional, a de ser substantivo concreto e o Outro abstrato.

Pode aparecer no programa do Faustão, ou do Gugu, dar entrevistas, falar de seus “milagres” e então recolher-se à sua pirâmide paulista onde nordestino não entra. Um retrato que não pode faltar no cômodo que vai abrigá-lo é o de Bil Clinton.

Imagine o drama de policiais corruptos na hora de invadir o Morro do Alemão. A PM do Rio expulsa a média de um por dia de seus quadros. Lá se vai o pão nosso de cada dia.

Mas, enfim, tudo em nome da lei, da ordem e da legalidade e direito de aparecer na telinha explicando que as famílias podem dormir tranqüilas que lá estão para velar pela paz e pelos direitos.

Com novas e aperfeiçoadas versões do Caveirão.

Versões contemporâneas de Mariel Mariscot.

Não se vai a lugar algum sem uma profunda mexida na estrutura do aparelho de segurança pública e essa começa por pensar a Polícia como instituição civil. Polícia Militar com aquele negócio de coronel, tenente coronel, major e sargento servindo cafezinho não tem sentido e nem razão de ser.

A bolsa de valores do Alemão não abriu hoje e isso significa uma baixa terrível nas ações das empresas laranjas que operam na Bolsa de São Paulo, como na dos bancos que lavam o sacrossanto dinheiro da turma que distribui o produto da grife Uribe, com direito a chancela dos EUA.

Se dois marcianos chegarem à Terra e alguém for contar ou tentar explicar o casal Anthony e Rosinha Garotinho vai ser difícil se fazer entendido. Mas como? O casal representa ao Todo Poderoso por aqui e comanda milícias que cobram proteção?

Deve ser uma nova arca de Noé, cada bicho paga um tanto para entrar e esse tanto varia. Desde acomodações de primeira classe, as de segunda, terceira e as de alto luxo, com garantia de contas polpudas em paraísos fiscais.

Garanto que a piscina é maior que a da casa do traficante sei lá das quantas no Alemão.

Vai ver que está na Bíblia e ninguém ainda conseguiu enxergar, corrupção, extorsão, e proteção.

Interessante é essa história repetida milhares de vezes sobre os moradores do Alemão. Mais de 99% por cento constituído de famílias ordeiras, pacatas e trabalhadoras, aterrorizadas pelos tráficos, o 1% que resta, mas nem por isso, tendo as portas arrombadas por agentes da lei.

E dizem que Brizola tinha culpa nesse cartório. Não contam os propósitos dos CIEPS e nem imaginam avaliar os resultados desse extraordinário instrumento de educação e cidadania hoje, não tivesse sido interrompido pelo sacripanta Moreira Franco.

É porque na PM não dá para promover a marechal, privativo do Exército e mesmo assim em condições excepcionais desde um decreto de Castello Branco que acabou com a conversa de todo mundo terminar marechal até o Costa e Silva.

Uai! Castelo percebeu que o negócio estava virando junte cinco tampinhas de Brahma e seja marechal. Tem inflação deles nos carabinieri italianos. Vitorio de Sicca interpretou a um em Pão, Amor e Fantasia, belíssimo, com Gina Lolobrígida.

Hastearam bandeiras do Brasil, do Rio, de cada unidade presente no combate ao crime e como não poderia deixar de ser logo surgiu uma do Flamengo.

Não é preconceito não, é esculhambação mesmo, ainda mais que o governador é torcedor vascaíno.

Com a proximidade do Natal é possível que Adriano venha passar o fim de ano no Brasil. Vai visitar o goleiro Bruno e levar sua solidariedade.

Já a população ordeira, trabalhadora, vai ter que estar bem documentada nas barreiras montadas pelos homens da lei.

Em pouco tempo volta tudo ao normal, é só não assustar.

Ninguém vai agüentar o Maracanã fechado tanto tempo assim.

Prenderam bandidos – nem todos –, transformaram tudo num pânico só e garfaram um trabalhador em 31 mil reais em ação de “limpeza”. Dinheiro de rescisão de contrato do seu trabalho, tudo com documento, certinho etc.

www.correiobraziliense.com.br/outros/capa_videos/#video_103942

A notícia veio pelo CORREIO BRAZILIENSE. Só ir lá e olhar.

Deve ser a contribuição de natalina para a paz.

A bem da verdade registre-se que se o governo federal não tivesse autorizado a presença das forças armadas estaríamos vendo hoje uma carnificina semelhante à que os bandidos começaram a provocar.

Não há diferença entre a instituição (é o cúmulo, mas é né) policial e o tráfico, pelo menos no Rio e mais alguns lugares.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

GOVERNO FEDERAL EVITA CHACINA NO RIO DE JANEIRO

Por André Barros*
Os fatos que assistimos nos últimos dias no Rio de Janeiro estão diretamente ligados à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Esses eventos vão acontecer no Brasil em razão das políticas econômicas para os pobres do governo Lula e também pela potência da cidade mais bonita e carnavalesca do mundo.

Assim, a segurança precisava mudar e não seria admissível que nas localidades próximas desses eventos haja pessoas fortemente armadas, dominando territórios e trocando tiros com quem quisesse tomá-los. As UPPs vieram com o PRONASCI e o apoio do governo federal. Inicialmente, foram instaladas em certas áreas da cidade, chamadas, de maneira preconceituosa, de “nobres”, como se ainda vivessemos num sistema monarquista escravocrata. O tráfico armado saiu do local sem troca de tiros e foi se afastando para zona norte da cidade. Erroneamente, pensou que teria força para colocar a cidade em pânico ateando fogo em veículos, colocando em cheque os eventos internacionais. Mas diante de tais circunstâncias, o governo federal teve de entrar rápido para evitar uma chacina e um escândalo internacional.

Mas os neoescravocratas queriam uma guerra na cidade e ver a carnificina de jovens pobres, negros, macérrimos e moradores das favelas, em maior quantidade da que já acontece diariamente. O Rio de Janeiro é a cidade do mundo onde mais jovens de 14 a 25 anos morrem por atentado por arma de fogo, em quase sua totalidade, negros e pobres. A transmissão ao vivo das emissoras de televisão foi fundamental para evitar uma carnificina e para que se mostrasse a todas as autoridades do país o risco para a imagem internacional do Brasil. As imagens da correria de centenas de jovens fortemente armados, alvos desprotegidos naquele descampado, com uma pequena estratégia de guerra, demonstraram que uma matança seria fácil.

Mas a transmissão ao vivo, combinada com um linguajar que chama trabalhadores policiais de caveiras, mais os veículos queimados pela cidade, anunciava uma tragédia iminente. Felizmente, o governo federal, em parceria com o governo estadual, começou a compartilhar as decisões e participar com as Forças Armadas. O compromisso histórico dos membros do Governo Lula com os direitos humanos foi fundamental para a mudança de postura da polícia do Rio. Com a rápida entrada dos blindados da Marinha, helicópteros da Aeronáutica e o apoio do Exército, os esquálidos bandidos fugiram apavorados, pois viram que a parada era séria e que o armamento das Forças Armadas era bem mais poderoso. A mídia, que apresentava a linguagem da guerra carioca, também começou a enaltecer a estratégia de ocupação e rendição sem assassinatos. O discurso anterior de que `baixas eram inevitáveis numa guerra`, explanado pela direita e esquerda punitivas, começou a perder força. A mídia também divulgou o recado do governo federal ressaltando o respeito aos direitos humanos. A Rede Globo registrou que, quando foi preso o criminoso Zeu, condenado pelo assassinato de Tim Lopes, ele estava algemado, mas sem qualquer ferimento. Logo em seguida, um pai veio entregar seu filho. E aqueles dias de uma cidade sitiada terminaram, hoje, com a carnavalesca alegria carioca com um morto no hospital Getúlio Vargas, nenhum morador alvejado e o hasteamento das bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro.

O Governo Federal não entraria com a Marinha, a Aeronáutica, o Exército e as forças policiais federais para participar de uma chacina, como defendiam abertamente os neoescravocratas através de seus monopolizados meios de comunicação. O discurso que se via no início é que era o dia “D” para acabar com o tráfico e a guerra às drogas. Induziam o senso comum a apoiar o extermínio dos traficantes. Mesmo com o rápido e fundamental apoio das forças militares, continuam acusando constantemente o governo federal de ser culpado pela entrada de drogas e armas no Rio de Janeiro, culpando o governo Lula pelas fronteiras, discurso, inclusive, muito usado pelo candidato tucano. Agora, estamos vendo a apreensão de coletes, rádios granadas, armas de uso exclusivo das Forças Armadas e da polícia, mas nenhum arsenal foi até agora encontrado. E aí está a verdadeira questão, as armas.

O próprio comentarista de segurança da Globo disse que as armas apreendidas nas operåções sumiam e que nesta operação estavam sendo pintadas de branco, como uma demonstração de transparência. Trânsparência porque não seriam roubadas e vendidas por dinheiro vivo para os mesmo traficantes das armas apreendidas.

A impressionante quantidade de toneladas de substâncias ilícitas apreendidas é uma demonstração da força de um mercado consolidado e oligopolizado por financiadores e custeadores do tráfico, beneficiados pela criminalização da compra e venda de determinados produtos ilegais. Essa ilegalidade é que alimenta todo um mercado de circulação de milhões, em dinheiro vivo, que corrompe policiais, militares, políticos, que trabalham para empresários e banqueiros, que lavam muito bem bilhões, misturando e fazendo número no sistema bancário globalizado. Armas de uso exclusivo obviamente são vendidas por agentes das forças policiais e militares e outras armas pesadas por comerciantes do mercado lícito de armas. Todos sustentados por mercados de produtos tornado ilegais, que deita raízes na história da humanidade, de milhões de consumidores que buscam a alteração do psiquismo por meio de drogas lícitas ou tornadas ilícitas (ver `Proibições, Riscos, Danos e Enganos: as drogas tornadas ilícita`, de Maria Lúcia Karam).

Neste momento, o mais importante é assegurar a realização dos eventos internacionais. O tráfico vai continuar desarmado nas ditas áreas nobres e pacificadas. O que realmente esperamos é que as forças federais ajudem a desvendar as organizações de compra e venda de armas, principalmente na polícia e nas Forças Armadas, além do esquema privado desse valioso mercado.

Mas para debater com seriedade essa questão, é fundamental acabar com a sua criminalização e legalizar, pois é a ilegalidade que dá o monopólio da venda de drogas ilícitas aos traficantes, que devem ser banqueiros e empresários, que possuem ilhas registradas bem maiores que as banheiras de hidromassagem abandonadas e sem herdeiros no Complexo do Alemão. A descriminalização da plantação de dez pés de maconha, em casa para uso próprio, pode ser o início de todo esse processo de legalização para acabar com o monopólio da venda de substâncias proibidas pelos traficantes.
*é advogado e milita no Núcleo Largo do Machado do PT-RJ