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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

AGENDA DO SAMBA & CHORO NO TREM DO SAMBA

Do Blog do Flávio Loureiro
Tudo sobre o Trem do Samba sábado na Central do Brasil

A 15ª edição do Trem do Samba acontecerá em dois dias. Hoje, 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba, às 19h, Marquinhos de Oswaldo Cruz, compositor e idealizador do evento, recebe a Velha Guarda da Portela, Velha Guarda do Império Serrano, Jongo da Serrinha, Mauro Diniz, Serginho Procópio e Renatinho Partideiro, no palco montado na Estação Central do Brasil. No sábado dia 4 de dezembro, a partir das 11h, acontecerá novo show na Central. Marquinhos receberá Wilson Moreira, Nelson Sargento, além das ilustres Velhas Guardas da Portela, Império Serrano, Mangueira, Salgueiro e Vila Isabel e a Bateria do Mestre Faísca. Lembre-se que é tudo grátis.

Três trens sairão da Central em direção a Oswaldo Cruz, um às 13h30, outro às 14h e por fim o de 14h30. Este último é o que terá um vagão da Agenda do Samba & Choro. Para embarcar, ou troque 1Kg de alimento não perecível pela passagem, ou compre-a pelo valor normal de R$2,50.

Em Oswaldo Cruz, três palcos estarão montados para a festa continuar. No palco ao lado da via férrea estão confirmadas as apresentações de Noca da Portela, Delcio Carvalho e o Pagode da Tia Doca. Outro palco da Rua Átila da Silveira será feita uma homenagem ao Cacique de Ramos com Partideiros do Cacique e Sombrinha, além das apresentações de Toninho Gerais, Tia Surica e Zé Luiz do Império. No palco da Praça Paulo da Portela, se apresentarão o grupo Descendo a Serra, Ari do Cavaco, as Velhas Guardas do Império Serrano, Salgueiro, Mangueira e Vila Isabel. Neste palco, Marquinhos de Oswaldo Cruz e a Velha Guarda da Portela darão o grande fecho ao evento.

Mas calma, não vai ter só show em palco. Durante todo o dia acontecerão rodas de samba pelo bairro. Eis a lista oficial das rodas:

Rua Frei Bento com Rua Pinto de Campos - Bloco dos Cachaças


Travessa Blandina / Rua Vicenza Grupo da Analimar


Rua Átila da Silveira - Grupo Autonomia


Adelaide Badajós


Varandão -Rua Carolina Machado – Clube do Samba


Portelinha – Grupo Galeria da Velha Guarda da Portela


Rua Carolina Machado com Rua Professor Josias Mazoti


Rua João Vicente com Rua Pereira de Figueiredo


Carvoaria- Praça Adelaide Bandeira


Associação dos Conjuntos ao lado da Estação de Oswaldo Cruz


Vera Caju – Rua Engenheiro José Carvalho – Parados na Ponte


Rua Fernandes Marinho


Rua Pirapora


Rua Beto Portela – Pagode do Gil

Mas não se esquente muito com a programação. O legal é ficar batendo perna, passeando, encontrando os amigos e parando para cantar samba onde estiver mais animado.

E tem mais! Às 15h acontece o Bloco do Partido Alto. Marquinhos de Oswaldo Cruz, Gabrielzinho do Irajá, Renatinho Partideiro e o Bloco Cacique de Ramos desfilarão da Rua Carolina Machado (esquina com Rua Fernandes Marinho) até a Praça Paulo da Portela.

Não se esqueça que no primeiro sábado do mês acontece a Feijoada da Portela. A feijoada acontece no Portelão a partir das 13h com vários shows. Às 17h sai a bateria da Portela com as Velhas Guardas da Portela, Mangueira, Salgueiro, Vila Isabel, Império Serrano rumo a Praça Paulo da Portela

Agora anotem a programação dos vagões do trem:

1º Trem – Saída: 13h30 (Plataforma 2B)
Carro 1 – Bloco dos Cachaças
Carro 2 – Pagode do Renascença
Carro 3 – Pagode do Nelsinho e da Wilma
Carro 4 – Clube do Samba
Carro 5 – Bloco Manga Preta
Carro 6 – Embaixadores da Folia
Carro 7 – Cacique de Ramos
Carro 8 – Democráticos de Guadalupe

2º Trem – Saída: 14h (Plataforma 2A)
Carro 1 – Grupo Autonomia
Carro 2 – Bateria do Mestre Faísca
Carro 3 – Pagode do Sambola
Carro 4 – Parados na Ponte
Carro 5 – Bip Bip
Carro 6 – Pago do João

3º Trem – Saída: 14h30 (Plataforma 2A)
Carro 1 – Grupo Nossa Arte
Carro 2 – Bip Bip
Carro 3 – Locomotivas do Samba
Carro 4 – Grupo Senzala
Carro 5 – Agenda Samba Choro (ó nós aí!)
Carro 6 – Criolice
Carro 7 – Galeria Velha Guarda da Portela
Carro 8 – Grupo Regente

E se você está preocupado sobre como voltar pra casa, minha sugestão é que você não se preocupe até ter bebido o bastante para não se preocupar com nada mais. De qualquer maneira, a SuperVia programou trens extras saindo da estação de Oswaldo Cruz, com destino à Central do Brasil, às 21h, 22h e 23h.
Fonte: www.samba-choro.com.br/noticias/pordata/24954

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Fragmentos de um discurso histórico

Prometemos... e entregamos. Momentos do discurso da candidata presidencial Dilma Rousseff aos artistas e intelectuais, na noite de ontem, no Rio de Janeiro.

É de arrepiar. Dilma tem dificuldade para começar a falar. A empolgação da militância não deixa.


Começa a falar. A candidata diz que os artistas e artesãos da palavra presentes ao Teatro Grande resgatam obras que marcaram sua vida. Em seguida, diz por que o governo Lula está transformando o país.


Dilma diz que o governo Lula começou a vencer um tabu: era impossível crescer e distribuir renda.


A candidata enaltece o Bolsa Família e outras políticas sociais, como o Luz Para Todos, "menina dos olhos" da ex-ministra de Minas e Energia de Lula. Dilma aproveita para atacar os governos do PSDB, "que fizeram o Estado brasileiro adotar critérios de mercado e vender serviços ao povo".


Dilma fala sobre suas propostas para a educação de crianças até 5 anos e dos benefícios que as receitas do pré-sal podem trazer ao país, como os fundos social, da educação e da saúde. A candidata da Frente Popular critica o projeto privatista do PSDB.


A mulher mais votada da história do Brasil encerra o discurso agradecendo aos eleitores, ao presidente Lula e aos signatários do Manifesto. Dilma diz aos mais de 1.000 presentes que "chegou sua vez".

Como foi a noite em que a inteligência brasileira declarou voto em Dilma Rousseff



Confira o que alguns dos grandes nomes da cultura brasileira disseram nos bastidores do ato público.





Agradecimentos ao site oficial da campanha Dilma 13.

Mais de 1.000 lotam teatro no Rio para lançamento do Manifesto dos Artistas e Intelectuais Pró-Dilma



Rodrigo Brandão, da Equipe EDUCOM
Foi um dos melhores atos públicos desse segundo turno no Rio de Janeiro, na noite de segunda, 18. Todos os 950 lugares de plateia do Teatro Casa Grande, no Leblon, estavam tomados. Ainda havia dezenas, talvez mais de uma centena de pé acompanhando o lançamento do Manifesto dos Artistas e Intelectuais em favor da candidata Dilma Rousseff (na foto, do site oficial Dilma 13, entre Leonardo Boff e Chico Buarque). Muitos nem conseguiram entrar e acompanharam o ato a partir de um telão.

A militância marcou forte presença, agitando bandeiras e aplaudindo cada intervenção. Encerrando a noite, Dilma agradeceu a manifestação de apoio, ressaltou o toque humanista de seu programa de governo e lembrou que muitos dos presentes lhe traziam lembranças das músicas que ouviu, dos livros que leu, dos filmes e peças teatrais que assistiu ao longo da vida.

Aberto em 1966, o Teatro Casa Grande não poderia ter sido escolha melhor para abrigar este encontro do Rio com o Brasil que resgatou sua dignidade e que não quer andar para trás. O Casa Grande foi um dos principais palcos da resistência da classe artística ao obscurantismo da ditadura militar de 1964. Ironicamente, foi destruído por um incêndio em 1997, quando o PSDB virava às costas ao Brasil real e vendia a preço de banana suas riquezas ao capitalismo internacional. Era um país que parecia não ter povo, mas um mercado, como bem lembrou a candidata Dilma Rousseff. Que oferecia serviços e não direitos, como mais uma vez pontuou a filósofa Marilena Chauí.

Nos próximos posts, traremos vídeos com alguns momentos marcantes da noite e depoimentos dos presentes. Ainda aguardamos a divulgação oficial do Manifesto, com os nomes de todos os brasileiros artesãos da palavra e das artes que o assinaram.

Dilma agradece emocionada os apoios e diz: "A primeira mulher presidente não poderá errar"

Após dicursos muito festejados da filósofa e historiadora Marilena Chauí e do teólogo e socioambientalista Leonardo Boff, Dilma começou a falar, sendo várias vezes interrompida por aplausos. A candidata petista disse que representa o sonho de um Brasil com democracia, emancipado e sem desigualdades, um sonho que começou a sonhar nos anos 1970, mas que muitos ali presentes, como Boff, Chauí, Oscar Niemeyer, Chico Buarque, Emir Sader e outros começaram a sonhar em décadas passadas.

"Me orgulho de ter ajudado o presidente Lula nos últimos oito anos a realizar parte importante desse sonho, com a sensível transformação vivida pelo país desde 2003. Pelo menos um tabu foi quebrado: era impossível crescer e distribuir renda", destacou a ex-ministra de Lula. "Mudamos a trajetória deste país. Não foram mudanças pontuais."

Dilma lembrou que em 2003 o governo do presidente Lula recebeu o país numa situação econômica muito difícil, mas que assim mesmo decidiu investir pesado na área social, atacando a fome e a pobreza. "Hoje, o Estado dá subsídio direto para a população. Faz isso na casa própria e na luz elétrica", ressaltou.

Para Dilma, as mudanças nos gastos sociais combinadas com a geração de emprego resgataram 35 milhões de brasileiros da miséria e 28 milhões da pobreza, mas, para além de começar a resgatar nossa enorme dívida social, ajudaram a permitir que o Brasil passasse a ser respeitado no exterior. "Exatamente por isso meu primeiro e principal compromisso de governo para os próximos quatro anos é erradicar a pobreza no Brasil. Ninguém respeita quem deixa uma parte de seu povo na miséria."

Ao falar das excelentes perspectivas para a economia brasileira, face à descoberta do pré-sal, somente possível, lembrou a candidata, porque a Petrobras agora sim está integrada a um projeto de país, Dilma reafirmou o compromisso de "dar a riqueza do pré-sal aos brasileiros e não entregá-la 'de mão beijada' para as empresas estrangeiras". Dilma apelou à memória dos brasileiros. "Nós temos de ter memória. Também está em questão neste segundo turno o que nossos adversários farão com o pré-sal", alertou Dilma.

Dilma Rousseff comparou sua ascensão à Presidência com a vitória do presidente Lula em 2002. "Assim como Lula tinha uma responsabilidade redobrada por ser o primeiro operário presidente, eu sei que não poderei desperdiçar esta oportunidade para mostrar que mulher sabe, sim, governar."

Na sequência, o texto do Manifesto e os nomes de alguns signatários.

MANIFESTO DE ARTISTAS E INTELECTUAIS PRÓ-DILMA ROUSSEFF

Nós, que no primeiro turno votamos em distintos candidatos e em diferentes partidos, nos unimos para apoiar Dilma Rousseff.


Fazemos isso por sentir que é nosso dever somar forças para garantir os avanços alcançados. Para prosseguirmos juntos na construção de um país capaz de um crescimento econômico que signifique desenvolvimento para todos, que preserve os bens e serviços da natureza, um país socialmente justo, que continue acelerando a inclusão social, que consolide, soberano, sua nova posição no cenário internacional.


Um país que priorize a educação, a cultura, a sustentabilidade, a erradicação da miséria e da desigualdade social. Um país que preserve sua dignidade reconquistada.

Entendemos que essas são condições essenciais para que seja possível atender às necessidades básicas do povo, fortalecer a cidadania, assegurar a cada brasileiro seus direitos fundamentais.


Entendemos que é essencial seguir reconstruindo o Estado, para garantir o desenvolvimento sustentável, com justiça social e projeção de uma política externa soberana e solidária. 


Entendemos que, muito mais que uma candidatura, o que está em jogo é o que foi conquistado.

Por tudo isso, declaramos, em conjunto, o apoio a Dilma Rousseff. É hora de unir nossas forças no segundo turno para garantir as conquistas e continuarmos na direção de uma sociedade justa, solidária e soberana.

Leonardo Boff
Chico Buarque
Fernando Morais
Emir Sader
Eric Nepumuceno
Marilena Chauí
Oscar Niemeyer
Paulo Betti

Osmar Prado 
Luís Carlos Barreto
Alcione
Margareth Menezes
Wagner Tiso
Marcelo Serrado
Silvia Buarque
Marieta Severo
Dira Paes
Zeca Pagodinho
Neguinho da Beija-Flor
Beth Carvalho
José Celso Martinez Corrêa
Alceu Valença
Geraldo Azevedo
Cristina Pereira

Marcos Frota 
Antonio Grassi
Sergio Mamberti
Elba Ramalho
Rosemary

Maria da Conceição Tavares
Maria Rita Kehl
Frei Betto
Marcio Thomaz Bastos

Chico César
José de Abreu
Tom Zé
Nelson Sargento
Monarco
Tereza Cristina
Antônio Pitanga
Guty Fraga
Pedro Cardoso
Chico Diaz
Ziraldo
Hugo Carvana
Otto
Lucélia Santos
Luís Lobo
Bemvindo Siqueira

sábado, 16 de outubro de 2010

Culturata tomou as ruas do centro do Rio por Dilma

O post será curto. Na sequência você verá alguns vídeos que gravamos mostrando a caminhada e mais depoimentos gravados para a campanha Corrente do Bem, sugerida pelo jornalista Renato Rovai, com eleitores declarando voto em Dilma Rousseff.

A caminhada da Candelária até a Cinelândia - com uma esticadinha até a Lapa para a tradicional panfletagem e o chopinho sagrado após a semana de trabalho, porque ninguém é de ferro! - reuniu na noite desta sexta, 15, artistas das mais diversas manifestações culturais, militantes pela cultura, ativistas sociais e apoiadores da campanha Dilma Presidente. Já na Cinelândia, oradores lembraram os bons resultados das políticas do Governo Lula para a Cultura e reafirmaram a importância de eleger Dilma dia 31, para consolidar e aprofundar conquistas como os Pontos de Cultura e Mídia Livre, o Vale Cultura, universalização da banda larga, inclusão digital, além dos avanços em áreas tranversas, como educação e meio ambiente.

Todos manifestaram confiança na vitória da Dilma e pediram aos militantes que intensifiquem a busca por mais votos, sem interromper o corpo a corpo e a campanha na internet até o dia da votação, 31 de outubro.

Veja imagens da caminhada e discursos de lideranças.



Fala o deputado estadual reeleito pelo PT fluminense Carlos Minc.



O deputado federal eleito Alessandro Molon (PT-RJ) também discursou no final da caminhada.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Cultura reafirma apoio a Dilma

Nesta sexta, dia 15, a Cultura vai colocar o bloco na rua por Dilma presidente!

Participe do movimento. Vamos descer a avenida Rio Branco da Candelária à Lapa, apresentando as conquistas da Cultura no Governo Lula, dialogando com os cariocas e fluminenses e contando ao povo do Rio e do Brasil como é importante que continuem os programas do governo. Isso, só Dilma pode garantir!


Local: Candelária, sexta, (15/10), concentração às 17h.

“Para o Brasil seguir mudando”.


CULTURA ESTÁ COM DILMA 13! PARTICIPE DA CULTURATA E DIVULGUE!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O primogênito dos sem-terra

Primeiro nascido em um acampamento, Marcos Tiaraju está prestes a se formar em medicina

Por Mauro Graeff Júnior

Seu nome é carregado de simbolismo. Foi escolhido por um grupo de colonos sem-terra em uma reunião realizada sob lonas pretas. Marcos faz referência à palavra marco, início. Tiaraju é uma homenagem a Sepé Tiaraju, o líder dos índios guaranis morto em 1756 na defesa das terras do Rio Grande do Sul contra portugueses e espanhóis.

Marcos Tiaraju Correa da Silva, de 24 anos, foi a primeira criança nascida em um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O jovem perdeu a mãe em um conflito com ruralistas, cresceu em manifestações e hoje estuda medicina em Cuba. Quer voltar ao Brasil em um ano e meio, formado, para continuar a luta iniciada pelos pais.

A história de Marcos entrelaça-se com a trajetória do MST. Ele nasceu em 1º de novembro de 1985 na Fazenda Annoni, no norte do Rio Grande do Sul, na primeira área ocupada pelo recém-criado grupo. O local, para onde migraram 1,5 mil famílias de agricultores pobres, é o berço do movimento e tornou-se símbolo da batalha pela terra.

José Correa da Silva e Roseli Celeste Nunes da Silva, os pais, entraram no MST após ficarem cansados da vida miserável. Chegaram à fazenda de 9 mil hectares com algumas sacolas de roupa, os dois filhos – de 3 e 6 anos – e o sonho de virar donos de um pedaço de chão. Roseli, aos 31 anos, estava grávida de nove meses. “Não tínhamos alternativa”, afirma o pai de Marcos.

O bebê nasceu num hospital perto do acampamento. Viveu os primeiros meses de vida em barracas, amamentado em protestos e ocupações. Sua mãe o levou nos braços em uma marcha de 500 quilômetros que durou 28 dias, entre a Fazenda Annoni e Porto Alegre. Para os colonos, o menino virou um talismã desde o nascimento, lembra o padre Arlindo Fritzen, um dos fundadores do movimento. “Ele é o símbolo da vida, da esperança, para milhares de pessoas que se juntaram pelo sonho da reforma agrária. O sucesso dele é uma vitória, mostra que o sacrifício não foi à toa”, diz Fritzen, que batizou Marcos.

Em 31 de março de 1987, Roseli participava de uma manifestação em Sarandi, também no norte do estado, quando o caminhão de uma empresa agrícola avançou sobre uma barreira de colonos. Rose, como era chamada, morreu esmagada. Virou nome de acampamentos, assentamentos, escolas e brigadas do MST por todo o Brasil. A história dela foi contada nos documentários Terra para Rose e O Sonho de Rose, ambos da carioca Tetê Moraes.

Abalado com a morte da mulher e com três filhos pequenos para criar, o pai de Marcos não suportou a dura rotina nos acampamentos, onde faltava até água para beber. Foi tentar a vida na cidade como pintor de paredes, sem perder os vínculos com os amigos do movimento. A reaproximação com o MST ocorreu em 1996, quando a documentarista preparava o segundo filme sobre Roseli. “Decidimos que o sonho de Rose, o sonho de minha mãe, deveria virar realidade. Ela não poderia ter morrido em vão. Precisávamos ter nossa terra”, conta o estudante.

Convidado por um amigo, o futuro médico morou um ano em um assentamento na região metropolitana de Porto Alegre, longe da família. Lá, aos 14 anos, reencontrou- se com o passado.

Essa temporada reascendeu seus ideais adormecidos, os mesmos que moveram sua mãe. “Ganhei uma camiseta estampada com uma foto dela comigo nos braços e uma frase que ela sempre repetia: ‘Prefiro morrer lutando do que morrer de fome’. Nunca foi fácil aceitar a sua morte e acredito que nunca será. Mas sinto orgulho do que ela fez.”

Em 1999, o sonho foi realizado. A família Silva recebeu 14 hectares em Viamão, nos arredores de Porto Alegre. Não foi fácil para Marcos seguir com os estudos e morar no novo assentamento. Caminhava diariamente 7 quilômetros até o ponto de ônibus mais próximo. Meses depois, ganhou uma bicicleta e passou a pedalar 30 quilômetros por dia para ir e voltar da escola. Pensou várias vezes em trocar os livros pela enxada.

De volta ao convívio com o movimento, passou a envolver-se mais em protestos e ocupações. Morou em acampamentos, pegou em foices e reviveu a rotina dos primeiros meses de vida. O passaporte para mudar de país e de vida veio em 2005, quando engrossou uma marcha de 12 mil sem-terra a Brasília. Acabou convidado a estudar medicina em Cuba. “Senti o compromisso moral de aceitar a proposta, já que diariamente dentro do movimento- levantamos a bandeira da educação e da saúde como forma de melhorar a vida dos mais pobres.”

Sem nunca ter saído do Brasil e com espanhol precário, o gaúcho desembarcou em 2006 na ilha de Fidel Castro. Cursou os dois primeiros anos de faculdade em Havana e agora está em Camaguey, a oito horas da capital. Suas despesas com estudo, alimentação, higiene pessoal e moradia são custeadas pelo governo cubano. Também recebe auxílio financeiro do MST a cada três ou quatro meses. Se tudo der certo, se graduará em 2012. Ainda não escolheu qual especialização vai seguir, mas tem claro que voltará às fileiras do movimento. Quer usar a medicina para atender “os companheiros” . Diz querer ajudar a reconquistar a simpatia da população em relação aos sem-terra. “Temos de mostrar nossos objetivos e nossas raízes, a luta pacífica pela terra.”

O universitário sabe ser um símbolo da causa. Os filmes que contam a história de sua mãe são exibidos com sucesso nos acampamentos e assentamentos. Os documentários o fizeram conhecido entre os que lutam pela reforma agrária. “A história do Marcos dá uma energia positiva para jovens que passaram tantas dificuldades como ele. É uma mensagem de esperança”, afirma a documentarista Tetê Moraes, que acompanha os passos do estudante desde o nascimento e recentemente fez um curta-metragem sobre o filho de Rose.

Consciente de seu papel histórico para o MST, o futuro médico busca inspiração na própria história para honrar a peleja de Roseli. Com o filho nos braços, em um depoimento do filme Terra para Rose, ela dizia: “Espero que quando ele (Marcos) estiver grande, tudo isso não seja em vão. Que ele tenha um futuro melhor”.