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terça-feira, 21 de agosto de 2012

A imprensa seletiva

02/08/2012 - Por Washington Araujo (*), no Observatório da Imprensa

A imprensa brasileira pode ser acusada de tudo, menos de não ser seletiva.

O cardápio de notícias apresentado diariamente à sociedade brasileira também pode ser recriminado por tudo, menos pela repetição do prato principal.

Refiro-me à Ação Penal 470, no linguajar jurídico, e ao mensalão, no linguajar dos jornalões.

A depender da grande imprensa, o dia 2 de agosto de 2012 passa a ter mais importância que o 7 de setembro de 1822 e, por isso, merece ser eternizado em nosso calendário cívico como a verdadeira data da independência do Brasil.

É aqui que começa a seletividade monocórdia, a opção desabrida pelo que merece ser visto como o início de uma nova era para os brasileiros: a imprensa julgou o assunto antes do Supremo Tribunal Federal e espera deste nada menos que a sua validação.

Exarada a sentença nos noticiários das emissoras de rádio do Sistema Globo de Comunicação, proferida repetidas vezes do alto da audiência de que desfruta em todo o país o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, impressa em alto relevo em capas, páginas coloridas e colunas de fofocas que pretendem tratar de política da revista Veja, o carro-chefe – um tanto avariado, é verdade – da Editora Abril, em tudo o foco é um só: a Ação Penal 470 só desembocará em julgamento justo se dispensar o arcabouço jurídico a ser brandido pelas diversas teses de defesa, e se desconsiderar os aspectos técnicos mais comezinhos e indispensáveis a uma ação jurídica dessa envergadura.

Dois golpes
Desde os últimos dias de julho parecemos estar vivendo aquela última semana de dezembro de todos os anos: retrospectivas para um só gosto. Explico: a título de informar as pessoas sobre o julgamento do mensalão, são pinçadas não mais que as cenas que demonizem os réus, marquem suas frontes com ferro em brasa a insculpir a palavra “culpado”, imputem-lhes todas as iniquidades não republicanas e expiem o Himalaia de atos condenáveis que tão somente nossa legislação eleitoral poderia conter.

As retrospectivas do Jornal Nacional e da rádio CBN, ambos veículos de grande audiência, pertencem à família Marinho. A mais chamativa retrospectiva dos veículos impressos tem a chancela da Folha de S.Paulo, pertencente à família Frias. E os mais variados “renascimentos” do mensalão têm como sala de obstetrícia as redações da Editora Abril, de propriedade dos Civita. É impressionante como o monopólio dos meios de comunicação do Brasil é capaz de competir na batalha por corações e mentes em condições de paridade com o Poder Judiciário e sua mais elevada instância, o Supremo Tribunal Federal.

Chama a atenção como a parcialidade no noticiário pode ser nociva à própria ideia de democracia. E como o pensamento único pode ser danoso, além de cruel, à realização do ideal de justiça. E a AP-470 deve merecer, em futuro não muito distante, alentadas teses acadêmicas sobre a natureza e amplitude da influência que os meios de comunicação podem ter em um país que se diz moderno e, no entanto, se comporta de maneira partidarizada e sempre contundente graças ao elevado estado de concentração e aos efeitos pernósticos de um monopólio cada vez mais insustentável.

Enquanto isso, agentes do Direito, em especial do Ministério Público, sentem-se insuflados pelos meios de comunicação a subverter o real significado de eventos históricos de nossa tumultuada vida política. Para ilustrar à perfeição, encontramos ampla repercussão na imprensa dessa injuriosa frase à história do Brasil, proferida pelo procurador-geral da República Roberto Gurgel: “O mensalão é o maior escândalo da história do Brasil”. Será mesmo? Ou por trás de tão absurda declaração não existe a vaidade escancarada de se sentir partícipe de evento de tão grande magnitude?

Ainda bem que o ilustre procurador não é autor de livros didáticos de história usados por estudantes do ensino fundamental; do contrário, milhões de crianças e jovens aprenderiam que o processo em vias de julgamento no STF eclipsou em importância nada menos que o escândalo de 1954, urdido por Carlos Lacerda (provavelmente o melhor aprendiz de Nicolau Maquiavel da política brasileira recente) para derrubar Getúlio Vargas e que, ao final, custou-lhe a vida, a eternização da expressão “mar de lama” e a beleza poética da carta-testamento do presidente suicida, certamente um dos mais importantes documentos políticos da história do Brasil.

Considerar o mensalão “o maior escândalo da história” é transformar os dois golpes de Estado ocorridos em 1955, ainda na esteira do suicídio de Vargas, em não mais que tempestades em copo d’água.

Dever divino
Poderia aproveitar o gancho e discorrer por alguns outros episódios que facilmente seriam impostos pelos fatos para ganhar a medalha de ouro, o lugar máximo do pódio de nossas crises e escândalos políticos: a chamada Intentona Comunista dos idos de 1935; o golpe militar que apeou do poder o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura cruel (nada de “ditabranda”, como preferem alguns) que ceifou 20 anos da vida brasileira, exilou intelectuais, podou a criação artística, instaurou julgamentos sumaríssimos nos famigerados DOI-CODIs; e as imagens ainda vívidas da esteira de escândalos que envolveram personagens carimbados de nossa história recentíssima, como Fernando Collor de Mello, Pedro Collor, PC Farias, os Jardins da Babilônia recriados na Casa da Dinda, o Fiat Elba amarelo, a Operação Uruguay – todos episódios que culminaram com o primeiro impeachment de um presidente do Brasil, legitimamente eleito e legitimamente destituído do cargo.

Quer dizer, então, que nenhum desses eventos nefastos e seus terríveis desdobramentos não passaram de meros exercícios mentais, meros esboços de escândalos e crises políticas ante a AP-470? Sim, mas na abalizada visão jurídica do procurador-geral da República Roberto Gurgel tudo isso foi, vamos dizer, fichinha. A tese do senhor procurador-geral é por demais impertinente e falseia a história como um todo – porque o que falseia a parte, falseia o todo.

Nada contra o procurador-geral se equivocar. Nada mais natural, nada mais humano. Mas não deixa de ser curioso observar que esse seu equívoco de julgamento é realmente fichinha se comparado aos longos três anos que Sua Excelência consumiu para se posicionar ante os robustos resultados apresentados pelas operações da Polícia Federal de nomes Vegas e Monte Carlo, e que culminaram na prisão do meliante-mor Carlinhos Cachoeira, na cassação do mandato do senador Demóstenes Torres, e que deve levar ao fio da navalha o mandato do governador goiano Marconi Perillo, além de manchar reputações de personagens de menor projeção política.

O problema é a forma entusiástica com que a grande imprensa encampou a declaração do procurador-geral: repercutiu em primeiras páginas, foi à escalada dos telejornais noturnos, recebeu o destaque que as frases grandiloquentes costumam ganhar por parte dos ditos colunistas de política.

Mas não ficou por aí.

Com essa frase sobre “o maior escândalo da história” se turbinou na mídia uma nova fase do game “Detonando o mensalão”: retrospectivas, operações Lázaro (aquela que ressuscita mortos-vivos políticos) e se colocou, do cabo à lâmina, a faca nos pescoços de nossos supremos julgadores, os integrantes do STF.

O poeta e filósofo romano Quinto Horácio Flaco (65 a.C.-8 d.C.) foi contundente quando afirmou: “Ousa saber! Começa!” (Sapere aude!)

E ousar saber e começar nada mais é que o irrecusável convite a que saiamos da estagnação mental e partamos para o conhecimento das leis, deixando ao largo todas as pressões – desde aquelas que gritam mais que mil comícios do III Reich nazista até as que, ao amparo da liberdade de imprensa, exercem seu divino dever de usar a liberdade de pressão para fazer valer suas teses, ideologias e mesmo anseios tardios por vingança, aquele velho prato que na literatura anglo-saxã sempre deveria ser servido frio.

(*) Jornalista e escritor; mantém o blog http://www.cidadaodomundo.org

Fonte:
http://tudosobreomensalao.com.br/?p=503

terça-feira, 31 de julho de 2012

Nasce a grande heroína feminista chilena

por Marianela Jarroud, da IPS*
Jornal Nasce a grande heroína feminista chilenaSantiago, Chile, 31/7/2012 – “A voz política das histéricas, santas, bruxas, loucas, putas e todas as mulheres”. Assim definem suas criadoras o jornal digitalLa MansaGuman, primeiro meio de comunicação feminista do Chile. “Sempre sonhamos em ter uma heroína que denunciasse a violência contra a mulher, mas também que nos representasse em outros âmbitos”, disse à IPS a diretora do jornal, Kena Lorenzini.
O jornal La MansaGuman foi criado integralmente por mulheres e busca mostrar a desigualdade e a discriminação que sofre a imensa maioria das chilenas, em um país marcado pelo duopólio jornalístico que domina a mídia escrita e digital. A empresa El Mercurio e o Consórcio Jornalístico do Chile S.A. (Copesa), propriedade das famílias mais ricas e influentes do Chile, são donos de 90% do que se publica no país, por isso lançar um meio de comunicação progressista e independente não é tarefa fácil.
A concentração da mídia se traduz também em um monopólio ideológico de direita, que tem consequência direta nas linhas editoriais, e mais especificamente nas fontes e nas formas de abordar a notícia. Nessa linha, a economista Gloria Maira destacou à IPS que o La MansaGuman “veio preencher um espaço importante no que se refere aos meios de comunicação e à informação à qual as pessoas podem ter acesso”.
“Em geral, as mulheres estão ausentes da mídia, aparecemos como o dado diferente, ou como nota associada, mas as fontes, em geral, são homens, e a voz das mulheres não está presente. Decidimos que essa era uma grande necessidade que deveria ser atendida”, explicou Maira, subdiretora do novo jornal digital. Maira acrescentou que, no geral, os temas das mulheres são manejados como uma aproximação de minoria, “e falam de nós como se fôssemos um pequeno grupo cujos problemas não passam a ser temas nacionais”.
“Queremos colocar os grandes temas das mulheres, como a brecha salarial. A segregação do mercado de trabalho, a despenalização do aborto em todas suas circunstâncias, bem como problemas da democracia que afetam metade da população do país e, portanto, têm de ser vistos com essa importância política, econômica e cultural”, ressaltou Maira. Lorenzini afirmou que “99% da mídia tem editores homens, proprietários homens e, portanto, os que escrevem e falam em 85% são homens”.
A diretora destacou que o mais radical do La MansaGuman é que não há fontes masculinas, “mas não é um jornal digital para mulheres, mas para todos, porque está imerso no debate nacional”. O nome La MansaGuman se refere a uma grande mulher. Mansa, no Chile significa “muito grande” e Guman é uma deformação em espanhol da palavra inglesa “woman” (mulher).
No jornal trabalha um grupo multidisciplinar de fotógrafas, economistas, advogadas e orientadoras familiares. Seu comitê editorial é formado por destacadas escritoras: Diamela Eltit, defensora dos direitos humanos, Ana González, familiar de quatro presos desaparecidos durante a ditadura (1973-1990), e pela dirigente dos estudantes secundários Danae Díaz, entre outras. Também participam a antropóloga mexicana Marta Lamas, a escritora equatoriana Tatiana Cordero e a secretária-geral da União de Mulheres Saharauis, Fatma Mehdi, que também integra a direção da Frente Popular de Libertação de Saguia al Hamra e Rio de Ouro, mais conhecida como Frente Polisário de Libertação.
O financiamento é 100% voluntário. A abertura do site e até o projeto do jornal foram possíveis graças às doações. O La MansaGuman é “uma aposta jornalística crítica e desbocada”, criada para ser um espaço de destaque para as mulheres, até agora excluídas da agenda dos meios de comunicação tradicionais, afirmam suas criadoras. A ideia é que a pauta informativa mostre espaços onde as mulheres estejam presentes, a agenda que as define, as coisas que as afetam e importam para elas.
“Não há censura, mas existem dois requisitos para integrar o projeto: ser feminista e de esquerda”, ressaltam. “Ser feminista é um orgulho para as mulheres. Há algumas que ainda não o assumiram, mas, se olharmos nossa história, o fato de podermos hoje estar falando das grandes dívidas da democracia se deve ao movimento feminista, tanto no país como no resto do mundo, em termos de lutar e pressionar pelo reconhecimento de nossos direitos”, enfatizou Maira.
A economista acrescentou que, apesar de muitos dizerem que o feminismo segue um discurso manuseado, “já que as mulheres continuam sendo um grupo subordinado, em termos simbólicos, políticos e econômicos, continua mais vigente do que nunca”. Assim, “se queremos um discurso transformador, para uma sociedade inclusiva, solidária, que lide com esses valores e princípios, evidentemente o feminismo é uma corrente de pensamento, de proposta que alimenta toda essa transformação”, opinou Maira. Sobre ser de esquerda, Lorenzini explicou que significa justiça de gênero, social e econômica.
Maira enfatizou: “Nós levantamos o punho esquerdo, companheira, somos das que pensam que em nosso país existe um capitalismo selvagem que afeta a população em seu conjunto”. Segundo ela, “os princípios de solidariedade que inspiraram em outro momento a sociedade chilena foram perdidos, passamos de cidadãos a clientes e são as regras do mercado que determinam, não apenas a economia, mas também a política, o conjunto de valores. Por isso, também assumimos isso como um posicionamento político para efeito do discurso que queremos transmitir e motivar e colocar no debate público”, acrescentou.
É nessa linha que o La MansaGuman pretende ser “a voz política” das mulheres para acabar com a “invisibilidade” histórica a que estão submetidas. “Temos direito a voto, há algum tipo de política pública para atender certas manifestações da violência contra a mulher, mas, convenhamos, as mulheres continuam sendo um coletivo subordinado da sociedade, e todo os indicadores assim demonstram”, destacou a economista.
Maira acrescentou que “em representação política, presença trabalhista, níveis salariais, nos espaços de tomada de decisões das empresas, nos circuitos culturais como produtoras de cultura, etc., as mulheres estão em lugares claramente relegados. Cremos que esta é a grande dívida da democracia com as mulheres e que é preciso abordá-la, também por meio dos meios de comunicação”, ressaltou Maira.
No La MansaGuman podem escrever desde intelectuais até sindicalistas, da mulher comum até empresárias. Isto é, todas as mulheres terão um espaço. Os critérios editoriais “não são rigorosos, mas também não são frouxos”, detalhou Lorenzini. E Maira destacou que daqui em diante as mulheres poderão ficar tranquilas, porque “as histéricas, as santas, as bruxas, as putas, todas, estarão na primeira linha sempre. A heroína fará todo o possível para que assim seja”, concluiu. Envolverde/IPS
Fonte: extraído do site Envolverde por Marianela Jarroud da IPS

domingo, 2 de outubro de 2011

Venha Todos ocupar Wall Street, pede Michael Moore

Após visitar os acampados em Wall Street e declarar seu apoio ao movimento de ocupação, o cineasta e ativista Michael Moore publicou uma nota em seu blog chamando pessoas de todo o país para se reunirem aos manifestantes em Nova York. Ele considera o fato histórico: “É a primeira vez que uma multidão de milhares toma as ruas de Wall Street”. A manifestação segue sendo ignorada pela "grande imprensa". 



A manifestação “Ocupar Wall Street” chega ao décimo dia ignorada pela grande imprensa e cada vez mais “gritante” na mídia alternativa e blogs. As milhares de pessoas permanecem acampadas no local, enfrentando policiais cada vez mais violentos.

Lawrence O´Donnel, apresentador de uma emissora de TV alternativa, mostra em seu programa “The last World” a cena de um jovem sendo agredido. Ele questiona: “Por que os policiais estão batendo neste rapaz?”

Em seguida, Lawrence reapresenta a mesma cena em câmera lenta e explica: “Os policiais estão batendo no jovem porque ele está armado com uma câmera de vídeo”. Outra cena do programa mostra duas mulheres gritando muito após terem sido atingidas por spray de pimenta. Lawrence condena a brutalidade: “As pessoas são inocentes, pacíficas, não podem ser agredidas nem presas”.

O que causa espanto ainda maior, acrescenta o jornalista, é a falta de reação de quem assiste ao espetáculo de horror de braços cruzados. “Ninguém faz nada a favor dessas pessoas”, denuncia, afirmando que a violência policial contraria a lei, é crime. Diz ainda que a ação policial tem uma explicação: o governo sabe que a manifestação não terminará enquanto a população nas ruas não for ouvida.

Um internauta posta o programa de Lawrence no Youtube e pede: “Por favor, transformem isto num viral”, explicando que tem poucas linhas para expressar o horror que está ocorrendo nas ruas. Ele assina “moodyblueCDN” na postagem.

Abaixo do vídeo, segue o comentário: “E aqui vamos nós aos bastidores de Matrix”, comparando a bem engendrada política imperialista ao enredo do filme de ficção científica, no qual os personagens têm os destinos traçados por máquinas e só podem romper esse circuito de manipulação quando surgir o salvador.

Outro vídeo da internet mostra os jovens e sua demanda: “quem for honesto nos dará apoio, quem for heróico se juntará a nós”.

Lucas Vazquez está entre os jovens de Wall Street, é um dos organizadores do protesto, segundo um vídeo. Ele dá uma declaração tranqüila, mostrando-se surpreso com a reação dos policiais.

Os dez dias de protestos já deram origem a um documentário, O verão da Mudança (Summer of Change), de Velcrow Ripper. Ripper navega na praia hippie dos anos 1960 ao propor: “Como esta crise global pode se transformar em uma história de amor?”. O documentário foi produzido pela Evolve Love.

Fonte: Carta Maior

terça-feira, 19 de julho de 2011

Escândalo Murdoch: outra renúncia uma morte suspeita

Sean Hore, o primeiro jornalista do News of the World a denunciar pressões para realizar escutas, foi encontrado morto em sua casa. Hore havia apontado o ex-editor do jornal agora fechado e ex-assessor do primeiro ministro britânico, Andy Coulson, como a pessoa que pedia que ele realizasse escutas. Escândalo derrubou sub-chefe da Polícia, John Yates, que admitiu ter demorado oito horas para decidir que "não valia a pena seguir investigando o caso".
Página/12

         Logo depois da prisão de Rebekah Brooks, braço direito de Rupert Murdoch, e da renúncia do chefe máximo da Polícia Metropolitana londrina, Paul Stephenson, por causa das escutas ilegais do império midiático Murdoch, ocorreu a demissão do sub-chefe da Polícia, John Yates, que, na semana passada, admitiu ao parlamento que demorou oito horas para decidir que “não valia a pena seguir investigando o caso”. Além disso, Sean Hore, o primeiro jornalista do News of the World a denunciar pressões para realizar escutas, foi encontrado morto em sua casa. Hore havia apontado o ex-editor do jornal agora fechado e ex-assessor do primeiro ministro britânico, Andy Coulson, como a pessoa que pedia que ele realizasse escutas.
         Yates resistia a renunciar a seu cargo, mas as possibilidades dele permanecer se reduziram após a renúncia de Stepehenson, que foi pressionado por seus vínculos com Neil Wallis, ex-subeditor do tablóide que era propriedade de Murdoch, e que foi detido na semana passada. A notícia da demissão de Yates surgiu pouco antes da ministra do Interior, Theresa May, comparecer ao Parlamento para explicar a crise da Scotland Yard e seus vínculos com o jornal que, após 168 anos, fechou por causa do escândalo.
         May, em sintonia com a posição oficial, assegurou que Stephenson tomou uma decisão “honrada” ao se demitir de seu posto, e acrescentou que “ainda há sérios aspectos que devem ser esclarecidos” sobre o escândalo das escutas. Ela também expressou sua “preocupação” pelos vínculos entre Scotland Yard e Wallis.
         No domingo, o caso havia assumido novos contornos com a prisão de Rebekah Brooks, que foi liberada 12 horas após ser detida para interrogatório. Nesta terça, juntamente com Rupert e James Murdcoh, a editora se apresentará ante a Câmara dos Comuns.
         Em meio a crescentes críticas oposicionistas, o primeiro ministro David Cameron propôs a realização de uma sessão extraordinária, quarta-feira, no Parlamento, “para que possa fazer uma declaração e informar a Câmara sobre a parte final desta investigação judicial e responder a qualquer pergunta que surja nestes últimos dias”, assinalou. Essa sessão modifica os planos dos parlamentares, que pretendiam desfrutar de seis semanas de férias a partir de terça. O próprio Cameron foi obrigado a abreviar seu giro pela África de cinco para dois dias, pressionado pelas queixas da oposição.
         O líder trabalhista Ed Miliband acusou o premier de estar “paralisado” por suas antigas decisões. Cameron, exigiu, tem que responder a “perguntas difíceis”. Entre elas, dizer se em suas reuniões com Rebekah Brooks, falou-se da compra da cadeia BskyB, uma aquisição que foi congelada por Murdoch em razão do escândalo.
         Como se tudo isso não bastasse, Hore, que havia incriminado o ex-porta voz do governo, foi encontrado morto em sua casa, ainda que a polícia tenha dito que, por enquanto, não suspeita de um caso de violência. Hore havia assegurado ao jornal New York Times que foi pressionado por Coulson, então redator chefe do jornal envolvido no escândalo, a realizar escutas. A morte do jornalista ainda não foi esclarecida, disse a policía no condado de Hertfordshire, onde Hoare morava.
         Tradução: Katarina Peixoto

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A escola Murdoch de jornalismo patife

Poder em pane


No último domingo, um dos jornais de maior tiragem no Reino Unido deixou de circular. Criado há 168 anos, o tabloide "News of the World" fechou as portas depois de descoberta a maneira peculiar com que conseguia seus furos de reportagem.


Especializado em escândalos políticos ou de alcova, destruição de reputações, furos sensacionalistas, o jornal contratava, desde há muito, um detetive particular para grampear e ter acesso a telefones de políticos, celebridades e mesmo gente comum.


Por trás do jornal estão as marcas de seu dono, Rupert Murdoch . Proprietário do maior conglomerado de mídia do mundo, a News Corporation, Murdoch representa o jornalismo em seu processo de degradação.


Seus canais de comunicação, como a rede de TV Fox News, conseguiram impor o modelo de um jornalismo a serviço das opiniões mais conservadoras, repetidas com a sutileza de quem está em guerra contra qualquer sombra de divergência.


Sua figura representa, ao mesmo tempo, a oligopolização do mercado de mídia e a imposição de uma agenda caricata de debate. Basta lembrarmos do nível dos argumentos dos ditos "âncoras" da Fox News. Basta lembrarmos também de como um dos editores do "News of the World" acabou parando na campanha do atual primeiro-ministro britânico David Cameron.


Que um de seus jornais seja pego aplicando táticas fora de qualquer padrão mínimo de respeito à privacidade, eis algo que não deve nos estranhar. Murdoch tornou a produção de notícias setor de uma luta política onde reina a seletividade do escândalo.


Todos, em algum momento, fizeram algo que não gostariam de mostrar na esfera pública. Mas cabe ao jornal decidir quem vai ser exposto e quem será conservado, quem vai para a primeira página e quem vai para a nota do canto.


A lei "dois pesos, duas medidas" transforma-se em uma regra, adequando-se às exigências de uma sociedade do espetáculo.


Nesse sentido, o fechamento do "News of the World" deveria servir para uma autorreflexão da imprensa mundial. Muito já se disse a respeito da imprensa como quarto poder, mas o que acontece quando esse poder entra em pane?


Pode-se dizer que quem empenha sua credibilidade a serviço da luta política acaba por pagar um preço alto, como nesse caso. Mas quanto tempo é necessário esperar para que a conta seja paga?


Durante anos, o jornal de Murdoch usou da invasão criminosa da privacidade para influenciar a pauta dos escândalos. Mesmo descoberto, o estrago já foi feito.


A população tem o direito de perguntar se não existiria outros veículos que agem como o tabloide de Murdoch.


Artigo de Vladimir Pinheiro Safatle, professor livre docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), especialista em epistemologia (teoria do conhecimento) e filosofia da música. Publicado na Folha, edição de l2/07/2011


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Aqui no RS, a escola Murdoch de jornalismo patife tem seguidores. Vocês não lembram que no governo Yeda (2007-2010) havia profissionais de imprensa que tinham acesso privilegiado ao sistema Guardião administrado pela Secretaria da Segurança para escutas autorizadas pela Justiça? O caso foi abafado, por motivos óbvios, mas o método by Rupert Murdoch de "jornalismo investigativo" também está plenamente consagrado na pequena pátria de bombachas. 

-Fonte: texto retirado do Blog Diário Gauche-

sábado, 9 de julho de 2011

A CRÍTICA E A CRÍTICA



Laerte Braga


Há uma diferença abissal entre a crítica de setores e partidos de esquerda ao governo Dilma e a crítica feita, por exemplo, pela GLOBO, ou por VEJA. No jornal que apresenta às 18 horas de segunda a sexta a GLOBONEWS – tevê por assinatura – edição de quarta-feira, a apresentadora fez questão de ressaltar a importância da denúncia de irregularidades no governo, onde quer que seja como papel do jornalista de estar sempre indignado – uma espécie de reflexo da indignação pública – com a corrupção que resultou na demissão do ministro dos Transportes.

O PSDB divulgou, quinta-feira, nota oficial onde afirma que esse Ministério “é a herança maldita da ética”. Nota oficial do PSDB falando em ética é complicado. Não é um partido, é uma quadrilha. E a indignação da jornalista deveria se estender a toda a série de irregularidades acontecidas no governo FHC, nos governos de Serra e Alckimin no estado de São Paulo e em qualquer governo tucano em qualquer lugar do País, todos bandidos.

Circula na internet, no youtube, um vídeo mostrando as relações do ex-governador de Minas Aécio Neves com a rede GLOBO e o jornal ESTADO DE MINAS, o terror implantado em seu governo no sentido de silenciar a mídia crítica, as muitas demissões de jornalistas por ousarem enfrentar o hoje senador.

Ano passado, em plena campanha eleitoral, o ex-governador e pilantra José Serra denunciou a existência de um complô via dossiê contra sua candidatura armado pelo partido do governo, o PT (são tantos). Uma ligeira investigação e Serra deixou de lado a denúncia. É que o dossiê fora encomendado e pago por Aécio Neves, quando ele e o tucano paulista disputavam a indicação do partido como pré-candidatos presidenciais e Aécio se vingava de Serra que havia antes encomendado um outro dossiê sobre ele Aécio. Aquele insinuado pelo jornalista capacho de Serra, Juca Kfoury, sobre os boatos que o mineiro era usuário de drogas.

Lula e Dilma pagam o preço da opção por alianças com partidos como o PR – Partido da República. É um partido de ladrões, quadrilha, ligado a uma igreja neopentecostal, seus principais acionistas são pastores e essa gente não faz outra coisa que não ludibriar a boa fé das pessoas, aquele negócio de vender tijolinho para ir fazendo casa no céu, ou dependendo do dízimo, mansão nas paragens cuja portaria é controlada por São Pedro.

Os chefes mesmo preferem morar em Miami.

Lula segurou e continua sendo segura, a decisão de expropriação automática de terras onde seja descoberto trabalho escravo para fins de reforma agrária. Quase todo dia a Polícia Federal ou o Ministério do Trabalho descobrem latifundiários e empresas do agronegócio se valendo de trabalho escravo, inclusive um deles, o tal rei do feijão, prefeito de uma cidade mineira e tucano, óbvio.

Dilma está prestes – se já não transformou – um dos maiores bandidos da política brasileira, Blairo Maggi, ministro dos Transportes. Responsável por desmatamentos ilegais no Centro-Oeste, envolvido em corrupção generalizada em seu governo no Mato Grosso, ligado a contrabandistas e empresas estrangeiras interessadas no nióbio brasileiro (sem ele não existiria arsenal nuclear norte-americano, ou qualquer outro) e Lula e o ex-ministro José Dirceu estão envolvidos nisso até a alma. Maggi é useiro e vezeiro em trabalho escravo.

Os baús da ditadura, outro exemplo. Não se sabe por que razão permanecem sigilosos os documentos que mostram os crimes cometidos pelos militares durante a ditadura e nem se entende o receio do governo em exibi-los. Entender a covardia dos torturadores atrás da lei da anistia – feita para eles, para inocentá-los das felonias cometidas – é fácil. A tortura é da natureza de todo covarde como Brilhante Ulstra, hoje colunista do jornal FOLHA DE SÃO PAULO (que nunca é demais lembrar, emprestava os caminhões para a desova de presos políticos assassinados no DOI/CODI paulista, ou no OBAN – OPERAÇÃO BANDEIRANTES -, financiada por empresas como a Mercedes).

Quando o secretário geral do PCB – PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO – definiu o governo Lula como “capitalismo a brasileira”, estava indo muito além de uma frase de efeito, ou de uma constatação.

O que Ivan, com certeza, quis denunciar, caracterizar, era exatamente a opção que Lula fez e Dilma mantém por determinado setor do empresariado dentro do modelo. Ou seja, o ex-presidente e a atual presidente, agregaram parte do empresariado, do latifúndio e todos os banqueiros que atuam no Brasil para implementar suas políticas, algo como uma negociação em troca de ar que lhes permitisse respirar, avançar em alguns setores, sem mudar coisa alguma, mantendo intactos os cartórios.

Só isso. Nas alianças feitas pelos governos Lula e Dilma o que existe é isso. Aceita-se a participação de quadrilhas, PR, setores do PMDB (que ainda tem muita gente digna), fecha-se os olhos a determinadas irregularidades, enquanto se toca o que consideram principal dentro dos parâmetros ditados pelo modelo. Como? A política econômica. A política de juros altos. As privatizações agora dos aeroportos e outras

Abílio Diniz envolvido em várias irregularidades fiscais, trapaças, etc, num dado momento do governo Lula chamou o presidente de “grande estadista”. Ele não acha nada disso, apenas estava no grupo de empresários absorvidos por Lula.

Eike Batista sustenta o governo Sérgio Cabral – cada vez mais Collor de Mello e já carecendo de impeachement faz tempo – em troca de grandes contratos, de concessões, etc, etc.

Não é só a casinha de Luciano Huck (regularizada pela ex-mulher de Cabral, através de seu escritório de advocacia) multado agora por cercá-la de bóias afetando o ambiente. O cinismo desses pilantras globais é impressionante. Não é o caso da jornalista que apresenta o jornal da seis da GLOBONEWS, pelo contrário, é da organização GLOBO mesmo, quadrilha. São grandes trapaças, grandes negociatas e tudo bem. Cabral pede desculpas de público, continuam morrendo assassinadas pela PM crianças na “polícia pacificadora” (caso do menino Juan), nada acontece.

Dia desses, num consultório médico, enquanto aguardava, nessas revistas velhas que povoam consultórios médicos e odontológicos (os tais da colgate que resolve tudo), li uma declaração da apresentadora do JORNAL NACIONAL (um câncer na informação, nas comunicações), falo da jornalista Fátima Bernardes, que “o meu cabelo é patrimônio nacional”. Ora, a moça perdeu completamente a noção de ser humano, incorporou o espírito robô e se acha acima do bem e do mal.

Quando VEJA e a GLOBO se “indignam” com a corrupção é porque os empresários ligados a eles estão sendo “prejudicados” em alguma negociata. No caso do ministro (bandido) Alfredo Nascimento, a concorrência com a RECORDE. O PR é um braço do esquema neopentecostal, o melhor “negócio divino” existente no País hoje e em boa parte do mundo.

Ao se afirmar que Lula cometeu erros em concessões várias e Dilma está sem rumo, perdida (Jobim chamou figuras do governo que não nominou de “idiotas” diante de FHC e Serra e continua ministro), ao mesmo tempo que se propõe uma revisão de políticas públicas em vários setores, aí sim, para que o País possa avançar, não se está fazendo o jogo da direita. Esse jogo é feito pelas debilidades do governo Dilma. Ou o caso do ministro Alfredo Nascimento, quadrilheiro de carteirinha, foi inventado e deveria ser objeto de silêncio para não prejudicar “a governabilidade e os avanços”. Que avanços?

O custo do trem bala Rio/São Paulo está orçado em 80 milhões o quilômetro, o custo da ponte – a maior do mundo – construída agora e mostrada ao mundo pelos chineses foi de dois milhões de dólares o quilômetro. Quando o PSDB e VEJA, ou GLOBO denunciam uma irregularidade é briga de quadrilhas empresariais. É diferente da crítica, muito diferente, que se faz ao modelo e às práticas do governo, mesmo porque embora pense que tenha inventado a esquerda, o socialismo, não é bem assim. Arqueólogos já comprovaram que a esquerda, o socialismo é anterior ao PT. As lutas populares são anteriores ao PT.

A discussão da reforma política que senadores e deputados deitam sapiência no curso da semana com propostas assim e assado. O que tem sido feito é apenas uma busca meticulosa de uma “reforma” que não mude coisa alguma e permita a um corrupto sem entranhas como José Sarney, repulsivo, permanecer senador e pior, presidente do Senado e um dos grandes avalistas do governo.

A crítica feita pela mídia privada reflete o que a mídia privada o é. Um braço do capitalismo, de potência estrangeira, de uma forma de terrorismo que entre outras coisas busca alienar e aterrorizar o telespectador, ouvinte, leitor, o cidadão, quando lê matéria como a da revista VEJA imputando a muçulmanos inverdades e atos inexistentes.

VEJA é podre da primeira a última página.

A crítica feita por partidos à esquerda do PT (é hoje um partido social democrata, de centro-esquerda) trabalha ao mesmo tempo – e muitas vezes é dos movimentos sociais também – a importância do debate público, da participação popular, da luta de frente com essas quadrilhas que lotam a política brasileira, caso do PR, de transformações políticas e econômicas para que se possa ter um caminho alternativo a esse “capitalismo a brasileira”.

E acima de tudo é responsável. Tem plena consciência do que significa a perspectiva de volta do tucanato ao poder. Foi por isso mesmo que esses partidos ficaram com Dilma no segundo turno (a maior parte deles) e outra vez o PCB refletiu essa responsabilidade, essa consciência, ao proclamar “com Dilma nas urnas, contra Dilma nas ruas”.

O tamanho do tsunami que se forma para atingir a América Latina nessa crise que vive o capitalismo é apavorante. E nesse diapasão, nessas alianças, nesse chove não molha, nessas discussões estéreis a cúpula do PT (pelega) e os governos petistas terão uma parcela imensa de culpa. O não perceber que o caminho não passa por alianças, mas por enfrentar o modelo.

A história que não tem como ser diferente é bobagem, desculpa esfarrapada. Falta é peito mesmo. E aí, tem que conviver com Alfredo Nascimento, com Nelson Jobim, Moreira Franco, essa corja que pulula no governo Dilma. Blairo Maggi? É o senhor do agronegócio no Brasil. Continuamos no brejo do capitalismo disfarçado de programas sociais que longe de serem transformadores, apenas adéquam parcela da população ao modelo perverso que vive seus dias finais em termos de história.

E um aspecto importante. O PT não inventou a esquerda. Tanto não inventou que hoje mal consegue se segurar na centro-esquerda.

A propósito da nota do PSDB falando em ética os caras não entendem do assunto e ficam dando palpite errado, falando besteira. Hitler tinha uma ética. Ben Gurion o primeiro chefe de governo de Israel e colaborador do nazismo tinha uma ética. Drácula tem a ética do sanguessuga. A do PSDB é a da amoralidade. Tem horror de bafômetro e adora pedágio (propinas maiores). A de Israel, desde Ben Gurion é de ressuscitar a suástica e fundi-la à cruz de David e está conseguindo fazer.

Com urgência é necessário contatar o espírito de Marx e explicar a ele que nada do que disse ou escreveu vale se não tiver o crivo do PT. Marx e todos os pensadores de esquerda desde os primórdios.