11/09/2012 - por Assessoria de Imprensa - Fundação Grupo Boticário
extraído do site Envolverde
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Queimadas no Cerrado. Foto: protetoresdafloresta |
Ação de combate ao fogo é criada no Cerrado para conscientizar população e já apresenta reflexos positivos.
O ano de 2012 nem terminou e o número de queimadas registrado no País já ultrapassou os 32.064 focos de incêndio acumulados no ano passado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
A situação é ainda pior na região do bioma Cerrado, que compreende principalmente o Distrito Federal e os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Piauí.
Em 2011, foram registrados 22.537 focos de incêndio no Cerrado, sendo que até o dia 20 de agosto deste ano, já foram detectadas 39.892 queimadas, um aumento de 83%.
Com base nos dados do INPE, esses números alarmantes ficam ainda pior quando se faz uma previsão total para o ano de 2012 no Brasil, na qual se estima que serão registrados 79.677 focos de incêndio de janeiro a dezembro, o que representa um aumento de aproximadamente 140%, com relação a 2011.
De acordo com o coordenador de Emergências Ambientais do ICMBio, Christian Berlinck, os incêndios naturais ocorrem por causa de raios, que normalmente, precedem as chuvas. “Assim, a própria chuva ajuda a apagar os focos de fogo evitando que eles tomem grandes proporções”, afirma.
Segundo ele, a maioria dos incêndios na época das secas é causada pelas próprias pessoas da região. “Os incêndios podem ser colocados por muitos motivos, principalmente para limpeza de área para agricultura

Berlinck afirma que o fogo em uma unidade de conservação traz grandes prejuízos para a população e para a região. “Podemos destacar a perda de biodiversidade, redução qualitativa e quantitativa da água, emissão de gases com potencial para agravar o aquecimento global, perda de nutrientes do solo, erosão, morte de animais e alteração da vegetação”.Como forma de minimizar o problema, a Reserva Natural Serra do Tombador, uma das maiores Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) do Cerrado, localizada em Cavalcante (GO), criou neste ano uma brigada voluntária comunitária de combate a incêndios.
A Reserva, criada e administrada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, foi pioneira na ação na região de Cavalcante. De acordo com a administradora da Reserva, Daniele Gidsicki, a experiência tem sido bastante positiva. “Nós unimos esforços com aqueles que estavam interessados em fazer algo a mais pela região e o retorno foi ótimo. Tivemos uma boa aderência e estamos percebendo que a população local está mais conscientizada”, explica.
Daniele conta que, após sua criação em maio deste ano, a brigada já foi chamada duas vezes: na primeira não foi preciso ir até o local do incêndio, pois o fogo foi controlado. Na segunda, ocorrida no dia 23 de agosto, a brigada ag
iu o mais rápido possível, o que fez com que o fogo não chegasse até a Reserva. “A equipe está de parabéns. A mobilização foi eficiente impedindo que a Reserva sofresse a ação do fogo”.

Segundo a administradora da Reserva, esse cenário de conservação contrasta com o ano passado, quando foram registrados dois grandes incêndios, sendo que um deles, ocorrido em setembro, atingiu cerca de 80% da extensão da RPPN. “Acreditamos que, embora a época das secas ainda não tenha terminado, esse já é um reflexo positivo da conscientização da população local e do esforço conjunto para preservar a natureza”, conclui.
A capacitação dos voluntários da brigada foi realizada em parceria com a Coordenação Geral de Proteção Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CGPro/ICMBio).
Segundo Berlinck, esse tipo de ação de prevenção e combate a incêndios florestais dificilmente é realizadas de forma isolada. “O Governo Federal sozinho não consegue fazer frente a eventos difusos e com diversas causas, precisa do engajamento da sociedade civil. Felizmente o ICMBio e a Fundação Grupo Boticário estão construindo uma parceria sólida e integrada para apoio mútuo nas ações de prevenção e combate a incêndios”, completa.
Fogo “colocado”
De acordo com Christian Berlinck, é preciso solicitar autorização para qualquer queima de vegetação e fala das medidas
de controle. “Além disso, a pessoa deve aceirar a área, acompanhar a queimada, precisa ter água, abafadores, ferramentas de corte para controlar eventuais saídas de controle desse fogo. Existem diversas técnicas de queima controlada.”

Outra medida adotada é fazer aceiros, que são faixas em que o capim é cortado para evitar que o fogo se alastre além daquele ponto. “Os incêndios são risco não só para animais e vegetação nativa, mas para as próprias pessoas. O combate ao fogo exige treinamento e equipamentos adequados”, explica.
Proteção da biodiversidade


A Reserva Natural Serra do Tombador é a maior RPPN do estado de Goiás, com 8,7 mil hectares. Ela está localizada ao norte goiano, a cerca de 90 km do centro de Cavalcante, no sentido para Minaçu. Em linha reta, a Reserva se encontra a 24 km do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, mas engloba formações vegetais, relevo e componentes da fauna e flora diferentes das existentes no Parque. “A RPPN também tem amostras de quase todos os tipos de ambientes característicos do Cerrado, o que reforça sua importância na conservação do bioma", complementa Gidsicki.
(Fundação Grupo Boticário)
Fonte:
http://envolverde.com.br/noticias/queimadas-continuam-a-devastar-um-dos-biomas-mais-ameacados-do-pais/