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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

MST e atingidos por barragens oferecem estágio de vivência a estudantes

Se você é estudante universitário e gostaria de conhecer melhor como é um acampamento ou um assentamento de movimentos sociais como o MST ou o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), além de adquirir formação política para as lutas sociais, eis uma ótima oportunidade

3º Estágio Internacional de Vivência em Áreas de Reforma Agrária e Atingidas por Barragens

10 janeiro a 3 de f
evereiro de 2010

Escola de Agroecologia Laudenor de Souza - Itapeva, SP

Inscrições abertas. Até 4 de dezembro de 2009


O EIV é uma ferramenta construída conjuntamente pelo movimento estudantil e movimentos sociais populares, em que estudantes de diversas localidades do estado de São Paulo, do Brasil e até de outros países da América Latina se propõem a um exercício de formação e vivência nas comunidades de movimentos sociais do campo.
O Estágio de 2010 acontecerá entre os dias 10 de janeiro e 3 de fevereiro de 2010, sendo estruturado em 3 etapas:

1. Preparação: Nessa primeira fase (seis ou sete dias) os estagiários ficam no mesmo local e participam de espaços de formação política através de oficinas, seminários e grupos de discussão sobre economia política, questão agrária no Brasil, histórico e o papel atual dos movimentos sociais, etc.
2. Vivência: Após a preparação, os estagiários se separam e vão para a convivência com as famílias organizadas nos movimentos camponeses (MST e MAB), em diversas localidades do estado de São Paulo, realizando junto a estas as atividades do dia-dia e conhecendo a realidade das pessoas e da organização dos movimentos sociais (cerca de 10 dias).
3. Avaliação: Os estagiários voltam a se encontrar para compartilhar as experiências das vivências e avaliar o estágio como um todo (cinco a sete dias). Também são realizados nesta etapa mais espaços de formação e apontamentos da continuidade do trabalho iniciado no EIV.
Para se inscrever, escreva para eivsaopaulo@gmail.com - até o dia 8 de dezembro será divulgada a primeira lista dos selecionados.

A preparação e a avaliação do Estágio acontecerão na Escola de Agroecologia Laudenor de Souza, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - Brasil, em Itapeva, São Paulo.

Outras informações sobre o Estágio

"Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem" (Rosa Luxemburgo)

Organização
ABEF (Associação Brasileira dos Estudantes de Filosofia)
ABEEF (Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal)
CES (Centro dos Estudantes de Santos)
Coletivo Universidade Popular – Campinas
ENEBio (Entidade Nacional dos Estudantes de Biologia)
ExNEEF (Executiva Nacional dos Estudantes de Educação Física)
ExNETO (Executiva Nacional dos Estudantes de Terapia Ocupacional)
FEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil)
MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens)
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)

domingo, 15 de novembro de 2009

Livro que debate mídia e América Latina será lançado nesta terça, 17, no Rio

De autoria do jornalista Mário Augusto Jakobskind, o livro A América que não está na mídia (Altadena, R$ 25) será lançado nesta terça, dia 17 de novembro, às 19 horas, no mais carioca dos bares do Rio de Janeiro, o Bip-Bip, em Copacabana.

Com prefácio do jornalista Flavio Tavares e apresentação do coordenador do MST, João Pedro Stédile, além de comentário de Eduardo Galeano, A América que não está na mídia aborda questões relativas a vários países da América Latina e discute a cobertura jornalística e um continente que está em processo de transformação. A orelha é do jornalista Fausto Wolff (in memorian) e a capa do cartunista Carlos Latuff. Jakobskind acaba de lançar ainda, em Montevidéu, A pesar del bloqueo, 50 años de Revolución (sobre a Revolução Cubana), da editora Tropicana.

Carioca e apaixonado pela música popular brasileira, Jakobskind tem intensa atividade como jornalista e militante. É secretário geral do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (SJPERJ), conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), integrante do Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato, correspondente do jornal uruguaio Brecha e nos últimos 25 anos tem se dedicado ao estudo da AL - Jakobskind publicou, entre outras obras sobre a região, América Latina, Histórias de Dominação e Libertação.
A América que não está na mídia. Lançamento. Terça, 17 de novembro, 19h. Bip-Bip (Rua Almirante Gonçalves, 50 - Copacabana, Rio de Janeiro). Chorinho com o grupo "Caçula e seus amigos"


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Caetano e os analfabetos

Por Miguel do Rosário

A história ensina a não confiar nos artistas. A quantidade de artistas que aderiram às teses de Mussolini, alguns mesmos tornando-se verdadeiros heróis do Il Duce, como o poeta D'Annunzio, já mostra que um artista entende tanto de política quanto de matemática. Por acaso, há artistas que entendem de política, como há artistas que talvez entendam de matemática; mas trata-se, por assim dizer, de coincidências.

Nosso alegre boêmio, Augusto Frederico Schmidt, por exemplo, apoiou o golpe de Estado de 1964, ou pelo menos foi isso que os jornais deram a entender, quando publicaram manchete com uma frase sua favorável ao regime. Céline teve que esperar alguns anos antes de poder retornar a França, pois havia sido condenado à morte por causa de sua posição dúbia - em alguns momentos até favorável - quanto ao nazismo; e o incomparável Knut Hansum, que escrevera o romance mais doloroso do século XX, A Fome (que traz a descrição mais humana, mais viva e mais autêntica da fome, segundo Josué de Castro), filiou-se entusiasticamente ao partido nazista, recebendo, inclusive, condecorações!

Portanto, não estranhem quando um grande artista como Caetano Veloso dá voz a preconceitos tão mesquinhos, como fez na entrevista ao Estadão, na qual declarou que "votava em Marina porque ela não era analfabeta como Lula".

Dias depois, o "cafona", o "grosseiro", era, pela enésima vez, recebido pela rainha da Inglaterra, que tinha um sorriso sincero e admirativo no rosto. O Primeiro Mundo nem sempre foi o mar de rosas pacífico, limpo e desenvolvido que gostamos de imaginar. Inglaterra, França e EUA já viveram fome, guerra, miséria, revoluções, e aprenderam que somente superaram suas dificuldades em virtude da sabedoria, criatividade e força dos homens simples, dos homens do povo.

Afinal, o que é ser "analfabeto" para Caetano? Sua crítica, aliás, está na boca de muita gente. Há uma consciência de classe muito específica aqui. Sim, porque, a questão não é saber ler ou não, pois Lula sabe ler muito bem. A questão é possuir uma determinada cultura, mas qual é, exatamente, essa cultura? São os clássicos? Lula deveria ter lido a Ilíada, de Homero? Aí entramos numa situação curiosa. É que Homero era, ele sim, um analfabeto, e no caso dele, porque, segundo a maioria dos pesquisadores, o alfabeto grego ainda não fora inventado. Andei lendo bastante sobre isso, e descobri que uma das teorias mais respeitadas entre os estudiosos é que a pessoa que inventou o alfabeto grego (que é uma cópia do fenício, adaptada ao vocabulário grego) o fez justamente para anotar os versos de Homero. A seguinte cena deve ser imaginada: Homero recitando os versos para que esse astuto e pioneiro escrivão anote-os, e daí nasce a literatura ocidental!

Não precisamos ir tão longe. Antropólogos e historiadores vem estudando com muito afinco, desde os anos 60, o poder das culturas populares, baseadas sobretudo na tradição oral. Pode-se transmitir conhecimentos oralmente? É claro que sim, pois de outra maneira qual o sentido de pagarmos 120 mil dólares para ouvir um professor "falar" sobre Platão, numa sala em Harvard? Não poderíamos, simplesmente, ler Platão no conforto de nossa casa - e sem gastar os 120 mil dólares?

A íntegra do texto pode ser lida no site Oleo do Diabo

Atualização: Caetano tenta minimizar o que disse, mas quanto mais peleja para se explicar... leia