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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Da ABI e Joaquim Barbosa, um fora-da-lei

Nota:
Assinado por Fichel Davit Chagel, presidente interino e Mário Augusto Jakobskindpresidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) publicou, nesta quinta-feira, 21/11, em seu site, um manifesto de repúdio "à atitude do Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima da Justiça brasileira, pela ilegalidade cometida por ocasião da prisão de condenados da Ação Penal 470". Ei-lo na íntegra:

21/11/2013 - ABI repudia ilegalidades da Justiça
- site da Associação Brasileira de Imprensa

“A diretoria da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da entidade manifestam repúdio à atitude do Supremo Tribunal Federal(STF),  instância máxima da Justiça brasileira, pela ilegalidade cometida por ocasião da prisão de condenados da Ação Penal 470. Eles deveriam cumprir a pena, logo que se apresentaram à Polícia Federal, em regime prisional semiaberto, mas foram mantidos em regime fechado por pelo menos dois dias.

O plenário do STF, ao decidir pelos Embargos Infringentes quanto ao crime de formação de quadrilha, cujo julgamento se dará apenas em 2014, a prisão em regime fechado, mesmo por um curto lapso temporal, daqueles que aguardam um novo julgamento, como ocorreu, representa uma ilegalidade inaceitável, mormente praticada pela mais alta Corte do País.

A transferência de presos, todos primários com residência fixa, que se apresentaram espontaneamente, para o presídio da Papuda, em Brasília, e ali foram encarcerados em regime fechado, denota uma ação de caráter subjetivo que tangencia as garantias constitucionais e põe em risco o Estado Democrático de Direito.

O entendimento dominante dos Tribunais brasileiros é que tratando-se de réus primários, mesmo persistindo algumas circunstâncias judiciais desfavoráveis, revela-se razoável estabelecer o regime semiaberto para o início do cumprimento da pena.

A ilegalidade, prejudicial ao processo democrático, não se limitou aos tópicos mencionados. Outra ilegalidade cometida pela Justiça foi colocar os réus condenados em regime semiaberto na penitenciária da Papuda, em Brasília, quando a Lei de Execuções Penais dispõe que o condenado, tão logo passe a cumprir a pena imposta, deve ser colocado em sistema prisional na área de sua residência permanente. E com o direito de voltar à prisão, em horário determinado pelo Juiz que ordena a execução da pena.

A transferência imediata dos réus para Brasília, sem qualquer justificativa fundamentada, assustou membros da própria Corte como o Ministro Marco Aurélio Mello que criticou a decisão do Ministro Joaquim Barbosa, que descumpriu norma contida no artigo 103 da Lei 7.210 de 11 de julho de 1984, lei de Execução Penal, que prevê a permanência do preso em local próximo ao seu meio social e familiar.

A ABI considera extremamente grave a postura da instância máxima da Justiça brasileira, que deveria servir de exemplo para demais fóruns judiciais. Tais fatos, vale sempre repetir, depõem contra o processo democrático.

Silenciar diante de tamanhas irregularidades é de alguma forma compactuar com a subversão jurídica.

Fichel Davit Chagel – Preidente da ABI (interino)

Mário Augusto Jakobskind – presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI.

Fonte:
http://www.abi.org.br/abi-repudia-ilegalidades-da-justica/

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18/11/2013 - Joaquim Barbosa é um fora-da-lei
- Por Breno Altman (*), especial para o Portal Brasil 247
- "Falta alguém na Papuda"

O ministro Joaquim Barbosa tem oferecido fartas provas que seu comportamento, no curso da Ação Penal 470, destoa dos preceitos legais que jurou cumprir e defender.

Mas foi às raias do absurdo nos últimos dias, ao ordenar a prisão de determinados réus através de medidas que confrontam abertamente as próprias resoluções do STF.

A decisão sobre os petistas José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares [foto], entre outros apenados, foi cristalina: deveriam começar a cumprir imediatamente sentenças sobre as quais não há embargos infringentes em discussão.

Como nenhuma dessas condenações excede oito anos, as punições deveriam ser aplicadas, desde o primeiro minuto, em regime semiaberto.

Mas os presos estão sendo vítimas de uma aberrante ilegalidade, submetidos ao sistema mais drástico de execução da pena, em regime fechado.

O mandado de prisão assinado pelo chefe do Poder Judiciário simplesmente não especifica a modalidade carcerária.

Como é de supor que o ministro Barbosa seja mais capacitado que um estudante de Direito, somente se pode concluir que o país assiste a uma solerte manobra, cujo objetivo é humilhar os réus e açular a alcateia de lobos famintos que serve de fã-clube ao douto juiz.

Essa não foi, porém, a única arbitrariedade recentemente cometida por Joaquim Barbosa.

Ao obrigar o traslado dos presos para Brasília, atropelou norma da Lei de Execuções Penais, que concede a qualquer réu o direito de cumprir pena em local próximo a sua moradia, ao seu trabalho e a sua família.

O ministro não esconde, também nesse ato, sua vontade de criar obstáculos e constrangimentos contra cidadãos pelos quais nutre o ódio dos déspotas.

Não há crime maior, na democracia, que a violação da Constituição e de direitos dos cidadãos por autoridades que têm obrigação de zelar e proteger o bem público.

Cabe ao presidente da Corte Suprema o papel de guardião máximo dessas garantias constitucionais.

Caracteriza-se crime de Estado quando, no desempenho de suas funções, autoridade desse naipe abusa do poder, rompe a legalidade, comanda perseguições e estabelece conduta de exceção.

Os advogados dos réus já ingressaram com petições contra estes ultrajes, que esperam ver revogados nas próximas horas. O que está em jogo, no entanto, são mais que prerrogativas das vítimas de um tirano togado.

A democracia brasileira não pode aceitar atos dessa natureza e deve punir duramente os responsáveis por atentados contra o Estado de Direito.

O ministro Joaquim Barbosa passou dos limites.

Associado ao que há de pior na imprensa e na sociedade brasileiras, produziu um processo farsesco, a revelia de provas e testemunhos, forjando uma narrativa que servia aos interesses da casa grande.

Havia, contudo, alguma preocupação em manter as aparências e em respeitar ao menos as formalidades legais. Dessa vez mandou às favas qualquer cuidado com a lei, a Constituição e o decoro.

A gravidade da situação vai além das obrigações técnicas de defensores profissionais. Diante da tirania, só cabe a repulsa e a indignação. Se necessário, a rebeldia.

Oxalá os pares de Barbosa não subscrevam suas atitudes torpes. Se a coragem fosse um atributo da vida política brasileira, esse homem deveria estar respondendo por seus malfeitos.

Quanto mais passa o tempo, maior a sensação de que falta alguém lá na Papuda.

O país não pode conviver com um fora-da-lei na presidência da Corte Suprema.

(*) Breno Altman é jornalista, diretor editorial do site Opera Mundi e da revista Samuel.

Fonte:
http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/121066/Falta-algu%C3%A9m-na-Papuda.htm

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Europeus reagem ao neoliberalismo

24/02/2013 - Europeus reagem ao neoliberalismo que empobrece o povo
- por  Mário Augusto Jakobskind para a Rede Democrática

A política neoliberal atacou forte a Espanha.

Desta vez, os políticos e a mídia estão admitindo que a água será mesmo privatizada. Já reconhecem e denunciam, segundo revela a imprensa, que o recibo do pagamento da água está em várias partes financiando um sistema municipal em quebra.

E assim vai, as empresas interessadas então se oferecem para cuidar do serviço com os clientes durante 25 anos.

Espanha, Portugal, Itália, Grécia e outros países europeus estão sentindo os efeitos nefastos da política de austeridade econômica defendida pela primeira-ministra alemã Angela Merkiel (foto).

O povo nas ruas reage e tem enfrentado uma onda de violência policial que há muito não se via.

Mas o povo não se atemoriza. No Parlamento português falava o conservador primeiro ministro Passos Coelho sobre o Conselho Europeu quando da galeria irrompeu um coro de umas 30 pessoas.

Cantavam Grândola Vila Morena, a histórica composição do saudoso Zeca Afonso que serviu de senha para a deflagração da Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974 (ao lado).

Os opositores do neoliberalismo deram o recado segundo o qual o povo precisa ser protagonista da história.

E para que isso aconteça é necessário que Portugal sepulte em definitivo a atual política econômica que está empobrecendo a maioria dos portugueses.

É fundamental se informar aqui no Brasil sobre o que se passa no mundo, especialmente agora na Europa que enfrenta uma onda conservadora e de
tentativas de salvação do capital financeiro, o principal responsável pela crise que sacode o velho continente.

É fundamental saber o que está acontecendo no mundo, sobretudo quando os meios de comunicação do mercado pressionam o governo Dilma Rousseff no sentido de seguir privatizando setores vitais e determinantes para a nossa soberania.

Dilma, até agora, tem cedido em tudo e muito mais.

Na área de comunicação, o Ministério encabeçado por Paulo Bernardo tem se dobrado subservientemente aos apelos e pressões do patronato midiático no sentido da manutenção do status quo midiático atual, que só favorece as grandes empresas do setor.

Como o governo Dilma Rousseff já passou da metade do mandato de quatro anos e a campanha eleitoral praticamente foi deflagrada agora com antecipação de pelo menos um ano, é preciso estar atento para o que vem acontecendo.

Cobrar promessas e exigir posicionamentos, se possível assinados em cartório.

Fonte:
http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=3931:europeus-reagem-ao-neoliberalismo-que-empobrece-o-povo

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Por detrás dos saques e da mídia argentina

23/12/2012 - Por detrás dos saques a supermercados na Argentina
- Por  Mário Augusto Jakobskind para a Rede Democrática

A informação foi divulgada pelo jornal argentino Página/12 e faz lembrar fatos ocorridos aqui no Rio de Janeiro com os arrastões no governo Leonel Brizola.

Pois bem, na Argentina ficou claro que os saques aos supermercados não foram espontâneos tendo havido organização. O governo acusa setores da oposição.

Segundo denúncias, uma “central de informações” começou a divulgar notícia segundo a qual haveria distribuição gratuita de gêneros alimentícios em determinado horário. Podem imaginar isso em véspera de Natal? Podem imaginar a frustração quando muita gente humilde chegava ao supermercado mencionado e recebia a informação de que a notícia era mentirosa?

Em várias cidades ocorreu o mesmo esquema. Chamou muito atenção, ainda segundo o jornal Página 12, ocorrido em Campana, um município com menor quantidade de desempregados e de trabalhadores com maior poder aquisitivo na Argentina. A prefeita StelaMaris Giroldi é aliada de Cristina Kirchner. A receita dos saques foi exatamente a mesma que em supermercados de outras cidades. Lá, por acaso, ocorreram os fatos mais graves inclusive com vítimas fatais a lamentar.

E qual a semelhança destes fatos com o que aconteceu no Rio de Janeiro em um dos governos Leonel Brizola? Exatamente no momento em que a Rede Globo diariamente fazia uma campanha insidiosa contra o governador, nas praias de Ipanema e Leblon, no momento em que as câmaras de TV “passeavam” pela orla, bandos realizavam arrastões que apavoravam os frequentadores das praias mencionadas.

Houve até denúncias segundo as quais muitos dos “arrastadores” chegavam a orla em vans fretadas, sabe-se lá por quem .

Por estas e muitas outras, todo o cuidado é pouco na hora de se analisar fatos como os atuais saques ocorridos na Argentina, exatamente no momento em que governo e o grupo midiático Clarin travam uma batalha em função da chamada Lei dos Médios (de comunicação), aprovada pelo Congresso depois de pelo menos três anos de discussão pelos argentinos.

Fonte:
http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=3496:por-detr%C3%A1s-dos-saques-a-supermercados-na-argentina


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Hugo Moyano (foto), ex-caminhoneiro, presidente da CGT-Argentina, ex-aliado e agora em franca oposição ao governo Kirchner, por conta de um reajuste na tabela de imposto de renda pretendido por ele e não aceito pelas Finanças argentinas, é o suspeito, pelo governo, de estar por detrás da organização desses saques. O líder sindical tenta sua reeleição para um novo mandato na Confederação Geral dos Trabalhadores argentinos. (Equipe Educom)


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É de um leitor, via email, que vem a seguinte nota em 23/12/2012

"Caro editor, um adendo ao texto do Jakobskind. Há mais de 30 anos caminho diariamente na orla que vai do Arpoador ao Leblon, no horário matinal de 6:30 às 7:30h, de segunda à sábado. Houve um tempo, na época do Brizola, invariavelmente aos sábados, tão logo chegava ao Arpoador e via a Globo montando o aparato de filmagens (no mínimo 2 pontos de câmeras, um logo no início da praia junto aos coqueiros e outro nas proximidades do Posto 7) comentava com minha mulher:
- Hoje a gente não vem pra praia porque vai haver arrastão. Taí a Globo já se posicionando pra "documentar"; e não dava outra.

Em pelo menos duas ocasiões, ou seja, em dois sábados distintos, testemunhamos um terceiro ponto de câmeras sendo montado na varanda de um apartamento, na altura do 2º ou 3º andar, não lembro exatamente. Mas me ocorre lembrar que o autor de novelas da Globo, Gilberto Braga, mora (ou morava) exatamente nesse trecho de praia."


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Este vídeo mostra o que se esconde por detrás dos ataques sistemáticos da mídia brasileira contra a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner.

 

 Para entender o jogo da mídia contra o que chamam de "kirchnerismo" é importante contextualizar a situação. Antes, vamos usar uma analogia metafórica.

Você mora numa grande cidade em que três padarias controlam a qualidade, a variedade e o preço dos pães que você consome. E uma antiquada lei diz que só os políticos podem liberar concessões para novas padarias. E a maioria dos políticos (responsáveis pela tal lei) são donos das padarias; ou amigos destes; ou representantes dos mesmos.

Daí, um novo governante assume a responsabilidade para criar uma nova lei que visa quebrar o cartel, dificultar o monopólio e facilitar o surgimento de novas padarias. O que faz o sindicato dos donos das padarias? Começa a espalhar panfletos dizendo que o governante quer controlar a produção de pães na cidade e ameaça a sua liberdade de escolher o pão que você vai comer.

Agora, imagine se, em vez de mandar imprimir panfletos, os donos das padarias fossem donos de todos os meios de comunicação (jornal, rádio, tv etc) disponíveis. E tente imaginar se, em vez de pãezinhos, os produtos em questão fossem as notícias que influenciam a vida de todos na cidade.



Uma vez exposta esta metáfora, vamos conhecer um pouco a história da imprensa na Argentina para entender o que isto tem a ver com o Brasil. 

Na Argentina, a grande mídia privada era tradicionalmente "chapa-branca", principalmente a partir de 1978 - quando o ditador Rafael Videla praticou de forma criminosa a expropriação da empresa Papel Prensa, que detinha o monopólio da produção de papel no país
.
Videla cedeu a Papel Prensa para três grupos: Clarin, La Nacion e La Razion (Hoje com prevalência do Clarin e o La Nacion). A contrapartida para tal "caridade" era clara: os grupos teriam que ter um "objetivo comum", ou seja, dar vazão ao "projeto" de um governo ditatorial, corrupto, violento e entreguista.

Com tal golpe, os grupos empresariais passaram a controlar toda a imprensa escrita e adquiriu um poder extraordinário, cartelizando o setor e esmagando a concorrência. Inclusive, correm hoje na justiça da Argentina processos que cuidam de julgar graves acusações de crimes - sequestros  assassinatos etc - cometidos por conta do golpe na Papel Prensa. 


Ante o nebuloso passado, não é difícil entender o porquê de os grupos Clarin e La Nacion terem assumido, até o governo Duhalde (antecessor de Nestor Kirchner), uma postura "chapa-branca".


Pois qualquer governante que ousasse pôr a mão no vespeiro da sórdida história por trás dos poderosos barões da mídia, obviamente perderia a "simpatia" dos mesmos.

Foi o que fez Nestor Kirchner.
Sua sucessora, Cristina Kirchner, foi mais além: deu amplo apoio à reformulação das antiquadas leis das comunicações que davam suporte às injustiças; ao monopólio.



É a chamada Ley de Médios - uma revolução na democratização das comunicações -, reverenciada pela maioria dos jornalistas argentinos e que o relator da ONU para a liberdade de expressão, Frank La Rue (foto), definiu como "a mais avançada legislação em favor da liberdade de expressão da América Latina e um exemplo para o mundo".

Assim, é tremenda má-fé dizer que Cristina Kirchner estaria cerceando a liberdade de imprensa porque a grande mídia faz oposição ao governo dela.

Porque se você raciocinar bem, para o "kirchnerismo" seria muito mais cômodo deixar tudo como está: a grande imprensa elogiando o governo de um lado e a histórica injustiça assombrando de outro lado, com a prevalência do jornalismo chapa-branca monopolizando as verbas publicitárias e sufocando a maioria representada pelos milhares de outros periódicos "não-alinhados" à oligarquia; as rádios não-comerciais etc.

No Brasil, após sistemáticas críticas dos organismos internacionais contra as capengas leis das telecomunicações (permitindo, por exemplo, o clientelismo na distribuição das concessões de rádios e tevês), em 1998 o governo de FHC resolveu fazer uma reformulação meia-boca na legislação.

Mas cerca de 70% dos parlamentares que formularam e aprovaram tal legislação eram donos de rádios e tevês ou estavam a serviço destes, ou seja, criou-se uma lei que veio muito mais para restringir do que democratizar o setor.

Em suma: criaram uma nova lei que ainda traz graves reflexos dos tempos da ditadura.

A nova lei em estudo no Congresso Nacional visa acabar com as vergonhosas barreiras para a distribuição de concessões de rádios e TVs e coibir o monopólio nas comunicações. Mas o jogo é duríssimo.

Para barrar tal lei, a chamada "grande mídia" brasileira bolou um fantasma chamado "ameaça contra a liberdade de imprensa" na imagem da "ditatorial" presidenta da Argentina e quase todos os dias martela tal "ameaça" nos seus noticiosos.

Não deixe de ler:







Nota: a inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Imagens, é de nossa  responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Um cartola que o passado condena

11/12/2012 - Mário Augusto Jakobskind - Direto da Redação


Fez bem o deputado Romário [foto] ao propor a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a Confederação Brasileira de Futebol.

Romário é do ramo, ou seja, conhece muito bem os bastidores da entidade, agora presidida por José Maria Marin [foto], que sucedeu nada mais nada menos que Ricardo Teixeira.


Convenhamos, depois de Teixeira vir Marin é dose cavalar para o esporte mais popular do país. E Teixeira, queimado depois de mais de 20 anos de gestão, indicou Marin.



Teixeira [foto ao lado] é acusado de várias falcatruas. Numa CPI terá todo o direito de defesa. Já o seu substituto também não pode ser considerado exemplo para o esporte ou para o País, muito pelo contrário. Aliás, o Brasil é useiro e vezeiro de passar por cima de sua memória histórica, como se fatos do passado não interessassem.

Agora, graças ao jornalista Juca Kfouri foi lembrado em seu blog quem é Marin, como ingressou na política e o seu comportamento (sórdido) durante a ditadura civil militar que assolou o país durante 21 anos a partir de abril de 1964.

Pois bem, José Maria Marin ingressou na política antes de 64 elegendo-se vereador por São Paulo nas fileiras do integralismo, que tinha o nome de Partido de Representação Popular (PRP), capitaneado pelo fascista tupiniquim Plínio Salgado.

Depois do golpe de 64, Marin conseguiu se eleger deputado estadual paulista na legenda do partido da ditadura, a Arena, que por sinal está sendo revivida no século XXI , justamente contando com a falta de memória dos brasileiros.


O atual presidente da CBF bateu o recorde em matéria de meu passado me condena, como lembrou Kfouri.

No triste momento do assassinato do jornalista Vladimir Herzog [foto] nas dependências do DOI-CODI, Marin teve participação vestindo a camisa da linha dura. Está nos anais da Assembleia Legislativa de São Paulo o discurso que fez poucos dias antes do assassinato do jornalista.

Em tom extremista, fazendo eco com a linha dura do regime ditatorial,  Marin, em setembro de 1975, pedia maior rigor no combate aos “comunistas da TV Cultura”, e o “retorno da tranquilidade aos lares de São Paulo”.


Em seguida, Herzog foi intimado a comparecer na boca do lobo e teve o fim que sabemos.

Marin discursou no mesmo tom do então líder do governo Geisel, Dinarte Mariz [foto abaixo], pouco tempo depois, ao pedir maior rigor contra a imprensa brasileira, que, segundo o parlamentar, estava “infiltrada de subversivos”.

Mariz, que pelo nome não se perca,  praticamente deu o sinal verde para outro episódio lamentável na história do país, o atentado a bomba contra a sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), em agosto de 1976, episódio que está sendo investigado pela Comissão da Verdade.

Mas quem pensa que o apoiador da ditadura José Maria Marin ficou só nisso em matéria de extremismo, engana-se. É de autoria do atual presidente da CBF discurso elogiando a atuação de Sérgio Paranhos Fleury, o hediondo delegado do DEOPS paulista, responsável pela tortura e morte de centenas de opositores da ditadura.

Sempre vinculado ao que havia de pior no mundo político brasileira. Marin foi vice de Paulo Maluf e acabou governando São Paulo por um tempo, sendo posteriormente substituído por governadores eleitos.


Na verdade, uma figura como Marin jamais poderia ter sido galgado à presidência da CBF, porque tal fato depõe contra a imagem do Brasil.

Esporte é vida e confraternização. Marin não é nada disso, muito pelo contrário.

Juca Kfouri, com todo o seu prestígio jornalístico e que prestou um serviço de utilidade pública lembrando quem é Marin, poderia liderar campanha no sentido de destituir do cargo o atual presidente da CBF.

Um presidente da CBF ganha prestígio, ocupa grandes espaços midiáticos, tem poder até para destituir ou convocar técnicos sem consultar quem quer que seja.


Como estamos numa democracia, o poder de pressão da sociedade tem peso. Por tudo que foi revelado por Juca Kfouri, José Maria Marin [foto] jamais poderia estar ocupando o cargo que ocupa.


É o caso de perguntar ao competente deputado Romário, do Partido Socialista, como ele se posiciona nesta matéria de tanto interesse dos brasileiros que vão se ligar na Copa das Confederações neste junho de 2013 e na Copa do Mundo de 2014.


Já em Brasília, por iniciativa de Deputada Luiza Erundina [foto ao lado], a Câmara dos Deputados prestou importante homenagem devolvendo simbolicamente o mandato de 173 parlamentares cassados pelos governos de fato que ocuparam o país depois de abril de 64. Destes, apenas 29 estão vivos.

A Justiça foi feita. Espera-se que o Parlamento siga adiante em suas iniciativas que ajudam a passar o país a limpo. Por que não a Deputada Erundina ou algum outro parlamentar apresentar projeto impedindo que nome de ditadores de plantão continuem servindo para denominar ruas ou avenidas deste país.

E que seja recomendado ao Ministério da Educação que nos livros didáticos os ditadores do período sejam tratados não como presidentes da história do Brasil, mas como ditadores que foram. Fica a sugestão.


Ah, sim, depois da Câmara dos Deputados, seria importante o Senado fazer o mesmo. Com a palavra José Sarney.


Fonte:
http://www.diretodaredacao.com/noticia/um-cartola-que-o-passado-condena

Imagens: Google Images

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Oriente Médio: Aumenta o Clima de Tensão

28/06/2012 - Por Mário Augusto Jakobskind (*)
original publicado no site Rede Democrática

Governo de Israel usa holocausto para justificar ataque ao Irã, mas silencia sobre a existência de uma comunidade judaica no país persa.

O governo israelense de Benyamin Netanyahu pode estar mais próximo de realizar uma aventura bélica contra o Irã.

A guerra verbal que já dura algum tempo tem como pretexto uma suposta construção de artefato nuclear por Teerã.

Os sucessivos desmentidos do governo iraniano, que alega inclusive a proibição pelo Corão de o país ter uma bomba atômica, e o programa nuclear é para fins pacíficos, não tem sido levado em conta por Netanayhu ou pelo presidente estadunidense Barack Obama.

A diferença entre um e outro governo é que Washington ainda prefere aguardar os resultados das pressões econômicas para dissuadir o Irã a suspender o seu programa nuclear, enquanto Israel prefere agir militarmente.

O recente acordo político entre o direitista Likud, o partido do primeiro ministro israelense, e o centro-direitista Kadima, sob o comando de Shaul Mofaz, nomeado vice primeiro-ministro, resultou na formação de um governo de união nacional, cancelando até mesmo a antecipação das eleições gerais marcadas um dia antes para setembro. Mofaz nasceu no Irã e no governo anterior do Kadima defendeu um ataque às instalações nucleares do Irã.

Analistas políticos entendem que como acordos dessa natureza ocorrem em momentos considerados graves para Israel, é possível que o susposto “perigo iraniano” tenha pesado no entendimento, considerado praticamente impossível pouco tempo atrás, por se tratar de dois partidos rivais.

POTÊNCIA NUCLEAR
Os pretextos para o ataque são dos mais variados, mas não resistem a uma análise isenta e mais rigorosa. Enquanto Netanyahu coloca no tabuleiro o “perigo” que representa um Irã nuclear, organismos que acompanham o desenvolvimento nuclear pelo mundo, como o Instituto de Estudos Estratégicos com sede em Londres avalia que Israel possui 200 ogivas nucleares. Jane, uma empresa de defesa e informação, estima em 300 o número de ogivas nucleares, portanto equiparado à capacidade nuclear dos britânicos e franceses. As ogivas nucleares, segundo especialistas, podem atingir os continentes asiáticos e europeus.

Alguns analistas acreditam que mais do que um ataque iraniano, o governo de Israel receia que se um outro país naquela área consiga desenvolver eventualmente a bomba atômica ou mesmo um programa nuclear para fins pacíficos, Israel não reinará mais absoluto em termos militares no Oriente Médio.

Para o cientista político e linguista Noam Chomsky, Israel nuclear representa perigo para o Irã e não ao contrário. Chomsky acredita que as lideranças iranianas, do presidente Mahmoud Ahmadinejad ao aiatolá Khameney, mesmo utilizando retórica agressiva para consumo interno contra o regime sionista, não se atreveriam a atacar Israel, pois a retaliação ocidental seria avassaladora. Mas um ataque de Israel está se tornando uma possibilidade concreta.

PRETEXTO
Além do suposto “perigo nuclear” iraniano, o governo israelense utiliza também outro tipo de ameaça, chantageando a opinião pública não só de Israel como de países que ainda não superaram os traumas da II Guerra Mundial, entre os quais a própria Alemanha.

Netanyahu volta e meia se vale do que considera “possibilidade de um novo holocausto”, que seria provocado pelo Irã, para unir os israelenses e tentar convencer outras nações a apoiar uma ação militar contra as instalações nucleares.

Este argumento também não resiste a uma análise mais apurada. Ao contrário do que quer fazer crer Netanyahu, o Irã não tem intenção de “acabar com os judeus”, até porque no país persa existe uma comunidade judaica vivendo harmonicamente com os iranianos, inclusive com representação parlamentar.

TRÊS MIL ANOS
Esta comunidade, estimada em mais de 25 mil pessoas, que tem história no país persa de cerca de 3 mil anos, é oficialmente reconhecida como minoria religiosa e elegeu para o Parlamento em 2008 o doutor Ciama Moresadegh, diretor do Sapir Hospital e Charity Center.

Funcionam normalmente, em Teerã e outras cidades como Estahan, uma dezena de sinagogas, bem como muitas escolas e restaurantes judaicos, um asilo para anciãos da comunidade e um cemitério.

A comunidade judaica do Irã desfruta ainda de uma livraria com 20 mil títulos e ainda edita o jornal diário Ofogh-e-Bina, da mesma forma que um centro de pesquisa, com scholars judeus, a Central Library of Jewish Association.
 
Soldado israelense na fronteira com Gaza

Tais fatos raramente são noticiados e pouco conhecidos em Israel. O governo sionista prefere o silêncio sobre isso ou mesmo criticar os judeus que preferiram permanecer no Irã a emigrar para Israel.

Há casos inclusive de judeus iranianos que depois de passar um tempo em Israel retornaram ao país de origem porque optaram por “viver na paz e não na guerra e voltar a falar o seu idioma”, segundo revelou em recente palestra na Associação Brasileira de Imprensa o embaixador iraniano no Brasil, Mohammad Ali Ghanezadeg Ezabadi.

Uma das poucas referências sobre a comunidade judaica do Irã foi publicada na edição de 23 de fevereiro de 2009 no The New York Times, em matéria assinada por Roger Cohen sob o título “What Iran’s Jews Say” (O que dizem os judeus do Irã?). Cohen comenta inclusive que, ele mesmo, um judeu, nunca tinha sido recebido tão calorosamente, como em Teerã, onde havia uma comunidade judaica, que lá trabalhava e praticava o seu culto com relativa tranquilidade.

O mesmo articulista assinalou que em Estahan, outra grande cidade iraniana, na Praça Palestina, em frente a mesquita Al-Aqsa, viu uma sinagoga, com um cartaz na entrada com os dizeres “Congratulações da Comunidade judaica de Estaphan pelo 30° aniversario da Revolução Islâmica”.

Morris Motamed, em 2009 deputado judeu no Parlamento iraniano, confirmou a Cohen que, de fato, sentia no Irã “uma profunda tolerância com relação aos judeus”.

Argumentos como os de Cohen no The New York Times são pouco divulgados pela mídia de mercado brasileira e integralmente ignorados pelas lideranças sionistas.

VOZES DISCORDANTES
Mas mesmo em Israel há vozes discordantes em relação a uma possível ação militar contra o Irã. É o caso de Yuval Diskin, ex-chefe do Shin Bet, o serviço de segurança interno israelense, entre 2005 e 2011.

Além de enfatizar que não confia em Netanyahu ou no Ministro da Defesa, Ehud Barak, possíveis formuladores do plano de ação militar, Diskin alertou que um ataque israelense ao Irã pode “acelerar dramaticamente” o projeto nuclear iraniano.

No entender o ex-chefe do serviço de segurança interno de Israel, os líderes do país apresentam ao público um “quadro incorreto sobre a questão iraniana, tentando criar a impressão de que se Israel não agir, o Irã terá uma bomba atômica”.

Para Diskin trata-se de uma visão totalmente equivocada, pois “o que os iranianos fazem hoje devagar e silenciosamente, [depois de um ataque] terão legitimidade para fazer muito mais rápido”. Na mesma linha de pensamento crítico, o ex-chefe do Mossad, o serviço secreto israelense, Meir Dagan, considerou o plano “estúpido”.

Também o chefe do Estado-Maior do Exército israelense, general Benny Gantz, discordou de uma possível operação militar contra o Irã ao afirmar não acreditar que o Irã vá produzir armas nucleares. Entende o militar que o governo iraniano é “racional e sabe que seria um erro enorme produzir armas nucleares”. E ainda por cima, segundo ele, as sanções econômicas contra o Irã “começam a dar resultados”.

As próximas semanas podem ser decisivas. O Presidente Barack Obama já se manifestou em várias ocasiões que, no momento, é contra um ataque ao Irã, pois isso esvaziaria todos os esforços diplomáticos já feitos em prol de uma solução pacífica para o conflito.

Além disso, em plena campanha eleitoral para a sua reeleição, Obama teme também que um conflito agora poderá ter reflexos nefastos e que poderão por em risco a sua empreitada eleitoral, em função da provável subida astronômica do barril do petróleo que aconteceria com o fechamento pelos iranianos do Estreito de Ormuz, onde passam os petroleiros com o combustível para o Ocidente.

Já o governo Netanyahu, parte do lóbi sionista nos Estados Unidos vinculada à linha-dura republicana apoia uma ação militar já. Outros possibilidades que afetariam sobremaneira a Israel não se descartam. Uma delas, e que provoca maior temor, é uma reação do grupo Hezbollah, que, segundo o analista internacional e cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, possui 20 mil mísseis escondidos em residências particulares em Beirute e outras cidades libanesas, e se acionados atingiriam o território israelense.

Resta saber como se comportaria a França pós Nicolas Sarkozy, agora sob o comando do socialista François Hollande, em caso de uma ação militar israelense ou mesmo numa etapa posterior se as pressões contra o Irã não produzirem resultados que levem a suspensão do programa nuclear.

A Alemanha, que ainda guarda complexo de culpa pelas atrocidades cometidas contra judeus, ciganos, homossexuais e populações da Europa Oriental que resistiram aos nazistas, de um modo geral, seja sob o comando da conservadora Angela Merckel ou mesmo o SPD, o partido social-democrata, se alinha quase que integralmente à política dos sucessivos governos israelenses.

(*) Jornalista, teve parte dos familiares assassinados na 2ª Guerra Mundial pelos nazistas na Polônia.

Fonte:
http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=2210:oriente-médio-aumenta-o-clima-de-tensão