de violência no Brasil. A conclusão consta do estudo Mapa da Violência 2010
– "Anatomia dos Homicídios no Brasil" divulgado em São Paulo, pelo Instituto Sangari, que analisa dados coletados entre os anos de 1997 e 2007. Segundo o estudo, em mais de 92% dos casos de homicídio no Brasil as vítimas são homens. Em 2007, por exemplo, para cada mulher vítima de homicídio no país, morreram 12 homens. Neste mesmo ano, faleceram 3.772 mulheres e 43.886 homens.
A reportagem é de Elaine Patricia Cruz e publicada pela Agência Brasil, em 30 de março de 2010.
Os maiores índices de mortes violentas também estão concentrados na
população jovem, entre 15 e 24 anos. Só no ano de 2007 mais de 17,4 mil
jovens foram assassinados no Brasil, o que representou 36,6% do total
ocorrido no país. O estado que apresentou o maior crescimento na taxa de
assassinatos de jovens entre 1997 e 2007 foi Alagoas, que passou de 170
mortes em 1997 para 763 mortes dez anos depois (crescimento de 348,8%). Por
outro lado, São Paulo foi o estado que apresentou a maior queda (- 60,6%),
passando de 4.682 mortes em 1997 para 1.846 óbitos em 2007.
As maiores vítimas de violência no país também são os negros. Morrem
proporcionalmente duas vezes mais negros do que brancos no Brasil. Enquanto
o número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.308 entre os anos de 2002 e 2007, o de negros cresceu de 26.915 para 30.193.
“Temos um personagem das vítimas que coincide no Brasil com quem os vitima.
Vítimas e algozes compartilham da mesma estrutura. Quem é esse nosso personagem? É um jovem entre 15 e 24 anos, provavelmente na faixa de 20 a 23[anos], morador de periferia urbana, pobre, de baixo índice educacional,
homem, e que, por motivos culturais, fúteis e banais, mata o outro”, explicou o pesquisador e sociólogo Julio Jacobo (Waiselfisz
Segundo ele, a história de violência no Brasil é demonstrada pela matança de sua juventude e pode ser explicada por um aspecto cultural. “[A matança de jovens] não é natural porque em metade dos países do mundo a taxa é de menos de um homicídio para cada 100 mil jovens. E nós temos 50. Ou seja, é
cultural. Se fosse natural teria que estar em todos os países do mundo”,
afirmou.
De acordo com Waiselfisz, enquanto não houver uma solução para os
problemas do jovem no Brasil, não haverá solução para o problema da
violência. E uma dessas soluções, segundo ele, passaria pela educação. “Pela dimensão continental, penso que a nossa estratégia é notadamente educacional. A escola tem um papel muito grande, primeiro porque a própria escola é um foco de violência. E essa violência está, nesse momento, desestimulando os estudos”, disse ele.