Zilda Ferreira
Infelizmente a democracia representativa está com seus dias contados. Se os educadores e comunicadores não se conscientizarem do papel que podem exercer nesse processo, usando a Educomunicação, assistiremos a barbárie imposta pelos donos do direito à exploração da natureza e da força de trabalho, liderada pelo sistema financeiro e com a sustentação dos grandes grupos de mídia.
A privatização da vida não é novidade, mas o é nas atuais proporções. Hoje o Brasil dá aos banqueiros quase a metade de tudo que produzimos, ou seja, quase 50% do PIB é destinado ao pagamento de juros da dívida, que o povo não contraiu. A privatização da água é feita de maneira subliminar, através de concessões a grupos estrangeiros, como a "Águas de Manaus", na realidade uma empresa francesa - violação de resolução da ONU que garante água e saneamento básico como direitos humanos. Ali, quem não tem dinheiro, mesmo em cima do maior aquífero, não pode usufruir desse direito.
Mas a privatização da vida não se dá apenas de maneira subliminar, através da terra, da água e da força de trabalho. Também se dá através da doutrina de segurança, que decide quem vai morrer para que o novo colonialismo faça a reciclagem do capitalismo, usando os ativos ambientais - biodiversidade, água, minérios, petróleo e commodities - para legitimar o direito à riqueza fictícia do sistema financeiro, principalmente norte-americano e europeu.
Diante deste quadro a Educomunicação, que é a leitura crítica da mídia mais o entorno cultural e natural, para obter o conhecimento do meio ambiente como um todo e, paralelamente, reproduzir esse conhecimento usando as tecnologias de mídia pode influenciar a reversão desse processo. Pois a democratização da comunicação não acontecerá sem nos aliarmos ao processo de educação ambiental formal e principalmente informal, que por lei dever ser exercido pela mídia - Decreto 4.281/2002, que regulamenta a Lei 9.795/1999. Mas esse marco legal não é cumprido pela mídia, que faz apenas marketing ambiental. Nem mesmo concessões públicas (TV e Rádio) obedecem a Lei. Parece que não só os políticos desconhecem a legislação, mas o judiciário também.
A Educomunicação deve ter como meta não fragmentar a informação correta, para que esta possa gerar conhecimento, além de reivindicar a comunicação e a expressão como direitos. Assim, a análise da mídia e do entorno são fundamentais para evitar a manipulação do povo, a fim de que ele possa decidir o seu próprio destino, sem precisar da democracia representativa, que está morrendo por falta de credibilidade.