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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Gaza é em todo o mundo

20/11/2012 - Laerte Braga - Diário Liberdade, da Galiza


O nome da barbárie é capitalismo.
Gaza e seus horrores vividos na insânia do terrorismo de Estado está em cada rua do Haiti onde tropas da ONU a pretexto de "libertar", escravizam e matam.

Ou nos despejos como o de Pinheirinhos, no Brasil. Onde a "justiça" se transforma em instrumento de violência e coloca seis mil famílias sem moradia.

Nas favelas incendiadas de São Paulo.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel
Na violência disfarçada de pacificação das Unidades de Polícia Pacificadora no Rio. Montadas em Israel, cultivadas no Haiti e na Colômbia, na subserviência de um gigante que permanece adormecido.

Nas ruas da Grécia, da Espanha, de Portugal, da Itália, do Egito, da Jordânia, onde milhões de pessoas protestam contra a estupidez das políticas de austeridade que beneficiam os bancos, os grandes conglomerados empresariais.



Nos 30 milhões de norte-americanos que vivem na linha da pobreza na nação mais rica do mundo.

Deus é apenas o artifício, o pretexto para essa loucura pensada, planejada e executada com requintes de crueldade que traumatizam o mais insensível dos seres humanos, nessa insensibilidade criada diariamente pela mídia capitalista. A tarefa de transformar o ser em objeto, em mercadoria exposta na vitrine de horror das bombas bíblicas despejadas cheias de fósforo branco e em nome da "auto defesa".

É um paradoxo, mas Gaza, a faixa, cerca de 360 mil quilômetros quadrados, um milhão e meio de seres humanos, os palestinos, sobrevivia da produção de tomates, de flores, de frutas. A água lhes foi tomada pela ganância de nazi/sionistas e transformada em empresa.

É a área de maior densidade populacional do mundo.


A repetição de imagens chocantes vai anestesiando os seres e fazendo com que se acostumem a uma rotina que é típica do capitalismo. Seja o corpo esfacelado de uma criança em Gaza, seja o idoso buscando um pedaço de pão numa lixeira em Portugal.

"Na União Soviética tínhamos o pão e a liberdade" dizia uma das faixas do protesto contra o governo ditatorial de Vladimir Putin.

Ângela Merkel constrói o IV Reich em sua faixa, a imensa faixa da União Européia sobre os escombros da classe trabalhadora explorada ao limite pelo sistema desumano e impiedoso, o capitalismo.


"É capitalismo estúpido". É o que Clinton deveria ter dito a Bush.


Gaza são os índios Guarani-Kaiowás cercados por pistoleiros e policiais às margens de um rio, terra que lhes pertence, por conta do latifúndio, uma espécie de predador multiplicado nos transgênicos que nos envenenam todos os dias e compramos em clima de alegria nas gôndolas dos supermercados. Um templo do capitalismo onde os funcionários são aconselhados a usar fraldões para não perder tempo (time is money) indo ao banheiro satisfazer necessidades fisiológicas.

Satisfazem o apetite pantagruélico dos exploradores.


A mãe segura a cabeça do filho. O pai segura o corpo. Segundo Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro do Estado terrorista de Israel, é "auto defesa".

As provas começam a aparecer, o ataque israelense/terrorista foi uma decisão do gabinete genocida para reforçar as pesquisas eleitorais a favor do governo em época de proximidade de eleições e reação ao não de Obama a um ataque insensato ao Irã.

Ahmadinejad, o diabo pintado pela mídia ocidental, recebe e conversa com rabinos contrários ao massacre de palestinos. Um jovem de 19 anos, judeu, é preso e pode ser condenado por traição. O crime de se opor ao terrorismo de seu governo. Existem hiatos de bom senso.

Os protestos se multiplicam pelo mundo.


O PCC – Primeiro Comando da Capital – contrata policiais para matar policiais, exibe a falência do Estado instituição, recebe suas dívidas em corpos de pseudos agentes da lei, na violência que é, em si, o chamado mundo institucional. Isso em São Paulo, uma das grandes metrópoles do mundo.

Dilma Rousseff chega a Madri e critica a política de "austeridade" dos países da União Européia receitando desenvolvimento e aumentos salariais. O clássico faça o que eu falo e não o que eu faço.



É a típica neoliberal. Desmancha os serviços públicos no Brasil, sucateia os setores que na constituição são direitos básicos de cada um dos brasileiros, enquanto rega seu canteiro eleitoral com políticas assistencialistas.

Elege o automóvel como o deus da tribo neoliberal que governa o Brasil.

E engole a ditadura da chamada corte suprema, grupo de ministros, ou pelo menos assim chamados, especialistas em habeas corpus para banqueiros fraudadores, médicos estupradores e latifundiários, com as garantias dos jagunços do ministro Gilmar Mendes, outrora, desafeto do agora amigo Joaquim Barbosa.
O capitalismo é cínico, é frio, é impiedoso.
Gaza é a materialização de toda essa barbárie.

Não há saída possível dentro dessa ordem, dentro dos limites estabelecidos pela democracia que é farsa, que não existe. Em qualquer canto do mundo onde o capitalismo seja o altar principal.

Quando o cristianismo foi reconhecido pelo imperador, IV dC, o bispo de Poitiers, Hilário, avisou a seus colegas bispos. – "Ele, o imperador, não vos trouxe a liberdade lançando-vos à prisão, mas trata-os com respeito em seus palácios e, portanto, transforma-os em escravos"

A mercadoria deus, qualquer que seja o nome que tenha, ou a forma como seja entendido. O capitalismo sabe bem disso.

Discute-se toda a violência em Gaza a partir de "especialistas" e conjunturas sobre as negociações de paz.
Que paz? Quando a paz foi assinada mataram Itzak [Yitzhak] Rabin (foto acima) para que a paz não se materializasse.
Que diferença existe entre os sionistas e os nazistas? Uma única.

Num determinado momento os nazistas pareciam ter vencido, noutro determinado agora, perceberam que o nazi/sionismo tem tudo a ver.

É só judiar implacavelmente do povo palestino e mostrar ao mundo o poder da boçalidade.

As flores de Gaza são regadas com sangue da insânia fingida do terrorismo de Estado.

Gaza é o capitalismo em sua sanha mais desumana e bestial. Mas Gaza é todo o mundo.
Fonte:
http://www.diarioliberdade.org/opiniom/opiniom-propia/33214-gaza-%C3%A9-em-todo-o-mundo.html#.UKuD_d197OE.facebook

domingo, 18 de novembro de 2012

Noam Chomsky e colegas denunciam cobertura da mídia sobre Gaza

Para a grande mídia da Europa e América do Norte, e também para a do Brasil, é possível justificar a violência de Israel contra os palestinos. As imagens abaixo, de crianças atingidas pelos mísseis israelenses, e um manifesto de intelectuais liderados pelo linguista estadunidense Noam Chomsky contribuem para abrir os olhos do mundo. 

Do Vi o Mundo 
Em texto manifesto, linguistas denunciam a manipulação do noticiário pela grande imprensa para camuflar o massacre do povo palestino, apelam a jornalistas para que não sirvam de joguetes e para que as pessoas se informem pela mídia independente. Entre os signatários, Noam Chomsky. Confira a íntegra.


A cobertura da mídia sobre Gaza: nós sabemos!

Enquanto países na Europa e América do Norte relembravam as baixas militares das guerras presentes e passadas, em 11 de Novembro, Israel estava alvejando civis. Em 12 de novembro, leitores que acordavam para uma nova semana tiveram já no café da manhã o coração dilacerado pelos incontáveis relatos das baixas militares passadas e presentes.

Não havia, porém, nenhuma ou quase nenhuma menção ao fato de que a maioria das baixas das guerras modernas de hoje são civis. Era também difícil alguma menção, nessa manhã de 12 de novembro, aos ataques militares à Gaza, que continuaram pelo final de semana. Um exame superficial comprova isso na CBC do Canada, Globe and mail, na Gazette de Montreal e na Toronto Star. A mesma coisa no New York Times e na BBC.

Jovens vítimas dos mísseis de Israel. Vergonha mundial. (Reuters)
De acordo com o relato do Centro Palestino para os Direitos Humanos (PCHR, pela sigla em inglês) de domingo, 11 de Novembro, cinco palestinos, entre eles três crianças, foram assassinados na Faixa de Gaza, nas 72 horas anteriores, além de dois seguranças. Quatro das mortes resultaram das granadas de artilharia disparadas pelos militares israelenses contra jovens que jogavam futebol. Além disso, 52 civis foram feridos, seis dos quais eram mulheres e 12 crianças. (Desde que este texto começou a ser escrito, o número de mortos palestinos subiu, e continua a aumentar.)

Artigos que relatam os assassinatos destacam esmagadoramente a morte de seguranças palestinos. Por exemplo, um artigo da Associated Press publicado no CBC em 13 de novembro, intitulado “Israel estuda retomada dos assassinatos de militantes de Gaza”, não menciona absolutamente nada de civis mortos e feridos. Ele retrata as mortes como alvos “assassinados”. O fato de que as mortes têm sido, na imensa maioria, de civis, mostra que Israel não está tão engajado em “alvos” quanto em assassinatos “coletivos”. Assim, mais uma vez, comete o crime de punição coletiva.

Outra notícia de AP na CBC de 12 de novembro diz que os foguetes de Gaza aumentam a pressão sobre o governo de Israel. Traz a foto de uma mulher israelense olhando um buraco no teto de sua sala. Novamente, não há imagens, nem menção às numerosas vítimas sangrando ou cadáveres em Gaza. Na mesma linha, a manchete da BBC diz que Israel é atingido por rajadas de foguetes vindos de Gaza. A mesma tendência pode ser vista nos grandes jornais da Europa.

A maioria esmagadora das notícias enfatizam que os foguetes foram lançados de Gaza, nenhum dos quais causaram vítimas humanas. O que não está em foco são os bombardeios sobre Gaza, que resultaram em numerosas vítimas graves e fatais. Não é preciso ser um especialista em ciências da mídia para entender que estamos, na melhor das hipóteses, diante de relatos distorcidos e de má qualidade e, na pior, de manipulação propositadamente desonesta.

Além disso, os artigos que se referem à vítimas palestinas em Gaza relatam consistentemente que as operações israelenses se dão em resposta ao lançamento de foguetes a partir de Gaza e à lesão de soldados israelenses. No entanto, a cronologia dos eventos do recente surto começou em 5 de novembro, quando um inocente, aparentemente mentalmente incapaz, homem de 20 anos, Ahmad al-Nabaheen, foi baleado quando passeava perto da fronteira. Os médicos tiveram que esperar seis horas até serem autorizados a buscá-lo. Eles suspeitam que o homem pode ter morrido por causa desse atraso. Depois, em 08 de novembro, um menino de 13 anos que jogava futebol em frente de sua casa foi morto por fogo do IOF, que chegou ao território de Gaza em tanques e helicópteros. O ferimento de quatro soldados israelenses na fronteira em 10 de novembro, portanto, já era parte de uma cadeia de eventos que começou quando os civis de Gaza foram mortos.

Nós, os signatários, voltamos recentemente de uma visita à Faixa de Gaza. Alguns de nós estamos agora conectados aos palestinos que vivem em Gaza através de mídias sociais. Por duas noites seguidas, palestinos em Gaza foram impedidos de dormir pela movimentação contínua de drones, F16, e bombardeios indiscriminados sobre vários alvos na densamente povoada Faixa de Gaza . A intenção clara é de aterrorizar a população, e com sucesso, como podemos verificar a partir de relatos dos nossos amigos. Se não fosse pelas postagens no Facebook, não estaríamos conscientes do grau de terror sentido pelos simples civis palestinos em Gaza. Isto contrasta totalmente com a consciência mundial sobre cidadãos israelenses chocados e aterrorizados.

O trecho de um relato enviado por um médico canadense que esteva em Gaza, servindo no hospital Shifa ER no final de semana, diz: ” os feridos eram todos civis, com várias perfurações por estilhaços: lesões cerebrais, lesões no pescoço, tamponamento cardíaco, ruptura do baço, perfurações intestinais, membros estraçalhados, amputações traumáticas. Tudo isso sem monitores, poucos estetoscópios, uma máquina de ultra-som. …. Muitas pessoas com ferimentos graves, mas sem a vida ameaçada foram mandadas para casa para ser reavaliadas na parte da manhã, devido ao grande volume de baixas. Os ferimentos por estilhaços penetrantes eram assustadores. Pequenas feridas com grandes ferimentos internos. Havia muito pouca morfina para analgesia.”

Aparentemente, tais cenas não são interessantes para o New York Times, a CBC, ou a BBC.

Preconceito e desonestidade com relação à opressão dos palestinos não é nada novo na mídia ocidental e tem sido amplamente documentado. No entanto, Israel continua seus crimes contra a humanidade com a anuência plena e apoio financeiro, militar e moral de nossos governos, os EUA, o Canadá e a União Europeia. Netanyahu está ganhando apoio diplomático ocidental para operações adicionais em Gaza, que nos fazem temer que outra operação Cast Lead esteja no horizonte. Na verdade, os novos acontecimentos são a confirmação de que tal escalada já começou, como a contabilização das mortes de hoje que aumenta.

A falta generalizada de indignação pública a estes crimes é uma conseqüência direta do modo sistemático em que os fatos são retidos ou da maneira distorcida que esses crimes são retratados.

Queremos expressar nossa indignação com a cobertura repreensível desses atos pela mainstream mídia (grande imprensa corporativa). Apelamos aos jornalistas de todo o mundo que trabalham nessas mídias que se recusem a servir de instrumentos dessa política sistemática de camuflagem. Apelamos aos cidadãos para que se informem através de meios de comunicação independentes, e exprimam a sua consciência por qualquer meio que lhes seja acessível.

Hagit Borer, linguista, Queen Mary University of London (UK)

Antoine Bustros, compositor e escritor, Montreal (Canadá)

Noam Chomsky, linguista, Massachussetts Institute of Technology, USA

David Heap, linguista, University of Western Ontario (Canadá)

Stephanie Kelly, linguista, University of Western Ontario (Canadá)

Máire Noonan, linguista, McGill University (Canadá)

Philippe Prévost, linguista, University of Tours (França)

Verena Stresing, bioquímico, University of Nantes (França)

Laurie Tuller, linguista, University of Tours (França)

Leia ainda:
Ódio e negócios

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Oriente Médio: Aumenta o Clima de Tensão

28/06/2012 - Por Mário Augusto Jakobskind (*)
original publicado no site Rede Democrática

Governo de Israel usa holocausto para justificar ataque ao Irã, mas silencia sobre a existência de uma comunidade judaica no país persa.

O governo israelense de Benyamin Netanyahu pode estar mais próximo de realizar uma aventura bélica contra o Irã.

A guerra verbal que já dura algum tempo tem como pretexto uma suposta construção de artefato nuclear por Teerã.

Os sucessivos desmentidos do governo iraniano, que alega inclusive a proibição pelo Corão de o país ter uma bomba atômica, e o programa nuclear é para fins pacíficos, não tem sido levado em conta por Netanayhu ou pelo presidente estadunidense Barack Obama.

A diferença entre um e outro governo é que Washington ainda prefere aguardar os resultados das pressões econômicas para dissuadir o Irã a suspender o seu programa nuclear, enquanto Israel prefere agir militarmente.

O recente acordo político entre o direitista Likud, o partido do primeiro ministro israelense, e o centro-direitista Kadima, sob o comando de Shaul Mofaz, nomeado vice primeiro-ministro, resultou na formação de um governo de união nacional, cancelando até mesmo a antecipação das eleições gerais marcadas um dia antes para setembro. Mofaz nasceu no Irã e no governo anterior do Kadima defendeu um ataque às instalações nucleares do Irã.

Analistas políticos entendem que como acordos dessa natureza ocorrem em momentos considerados graves para Israel, é possível que o susposto “perigo iraniano” tenha pesado no entendimento, considerado praticamente impossível pouco tempo atrás, por se tratar de dois partidos rivais.

POTÊNCIA NUCLEAR
Os pretextos para o ataque são dos mais variados, mas não resistem a uma análise isenta e mais rigorosa. Enquanto Netanyahu coloca no tabuleiro o “perigo” que representa um Irã nuclear, organismos que acompanham o desenvolvimento nuclear pelo mundo, como o Instituto de Estudos Estratégicos com sede em Londres avalia que Israel possui 200 ogivas nucleares. Jane, uma empresa de defesa e informação, estima em 300 o número de ogivas nucleares, portanto equiparado à capacidade nuclear dos britânicos e franceses. As ogivas nucleares, segundo especialistas, podem atingir os continentes asiáticos e europeus.

Alguns analistas acreditam que mais do que um ataque iraniano, o governo de Israel receia que se um outro país naquela área consiga desenvolver eventualmente a bomba atômica ou mesmo um programa nuclear para fins pacíficos, Israel não reinará mais absoluto em termos militares no Oriente Médio.

Para o cientista político e linguista Noam Chomsky, Israel nuclear representa perigo para o Irã e não ao contrário. Chomsky acredita que as lideranças iranianas, do presidente Mahmoud Ahmadinejad ao aiatolá Khameney, mesmo utilizando retórica agressiva para consumo interno contra o regime sionista, não se atreveriam a atacar Israel, pois a retaliação ocidental seria avassaladora. Mas um ataque de Israel está se tornando uma possibilidade concreta.

PRETEXTO
Além do suposto “perigo nuclear” iraniano, o governo israelense utiliza também outro tipo de ameaça, chantageando a opinião pública não só de Israel como de países que ainda não superaram os traumas da II Guerra Mundial, entre os quais a própria Alemanha.

Netanyahu volta e meia se vale do que considera “possibilidade de um novo holocausto”, que seria provocado pelo Irã, para unir os israelenses e tentar convencer outras nações a apoiar uma ação militar contra as instalações nucleares.

Este argumento também não resiste a uma análise mais apurada. Ao contrário do que quer fazer crer Netanyahu, o Irã não tem intenção de “acabar com os judeus”, até porque no país persa existe uma comunidade judaica vivendo harmonicamente com os iranianos, inclusive com representação parlamentar.

TRÊS MIL ANOS
Esta comunidade, estimada em mais de 25 mil pessoas, que tem história no país persa de cerca de 3 mil anos, é oficialmente reconhecida como minoria religiosa e elegeu para o Parlamento em 2008 o doutor Ciama Moresadegh, diretor do Sapir Hospital e Charity Center.

Funcionam normalmente, em Teerã e outras cidades como Estahan, uma dezena de sinagogas, bem como muitas escolas e restaurantes judaicos, um asilo para anciãos da comunidade e um cemitério.

A comunidade judaica do Irã desfruta ainda de uma livraria com 20 mil títulos e ainda edita o jornal diário Ofogh-e-Bina, da mesma forma que um centro de pesquisa, com scholars judeus, a Central Library of Jewish Association.
 
Soldado israelense na fronteira com Gaza

Tais fatos raramente são noticiados e pouco conhecidos em Israel. O governo sionista prefere o silêncio sobre isso ou mesmo criticar os judeus que preferiram permanecer no Irã a emigrar para Israel.

Há casos inclusive de judeus iranianos que depois de passar um tempo em Israel retornaram ao país de origem porque optaram por “viver na paz e não na guerra e voltar a falar o seu idioma”, segundo revelou em recente palestra na Associação Brasileira de Imprensa o embaixador iraniano no Brasil, Mohammad Ali Ghanezadeg Ezabadi.

Uma das poucas referências sobre a comunidade judaica do Irã foi publicada na edição de 23 de fevereiro de 2009 no The New York Times, em matéria assinada por Roger Cohen sob o título “What Iran’s Jews Say” (O que dizem os judeus do Irã?). Cohen comenta inclusive que, ele mesmo, um judeu, nunca tinha sido recebido tão calorosamente, como em Teerã, onde havia uma comunidade judaica, que lá trabalhava e praticava o seu culto com relativa tranquilidade.

O mesmo articulista assinalou que em Estahan, outra grande cidade iraniana, na Praça Palestina, em frente a mesquita Al-Aqsa, viu uma sinagoga, com um cartaz na entrada com os dizeres “Congratulações da Comunidade judaica de Estaphan pelo 30° aniversario da Revolução Islâmica”.

Morris Motamed, em 2009 deputado judeu no Parlamento iraniano, confirmou a Cohen que, de fato, sentia no Irã “uma profunda tolerância com relação aos judeus”.

Argumentos como os de Cohen no The New York Times são pouco divulgados pela mídia de mercado brasileira e integralmente ignorados pelas lideranças sionistas.

VOZES DISCORDANTES
Mas mesmo em Israel há vozes discordantes em relação a uma possível ação militar contra o Irã. É o caso de Yuval Diskin, ex-chefe do Shin Bet, o serviço de segurança interno israelense, entre 2005 e 2011.

Além de enfatizar que não confia em Netanyahu ou no Ministro da Defesa, Ehud Barak, possíveis formuladores do plano de ação militar, Diskin alertou que um ataque israelense ao Irã pode “acelerar dramaticamente” o projeto nuclear iraniano.

No entender o ex-chefe do serviço de segurança interno de Israel, os líderes do país apresentam ao público um “quadro incorreto sobre a questão iraniana, tentando criar a impressão de que se Israel não agir, o Irã terá uma bomba atômica”.

Para Diskin trata-se de uma visão totalmente equivocada, pois “o que os iranianos fazem hoje devagar e silenciosamente, [depois de um ataque] terão legitimidade para fazer muito mais rápido”. Na mesma linha de pensamento crítico, o ex-chefe do Mossad, o serviço secreto israelense, Meir Dagan, considerou o plano “estúpido”.

Também o chefe do Estado-Maior do Exército israelense, general Benny Gantz, discordou de uma possível operação militar contra o Irã ao afirmar não acreditar que o Irã vá produzir armas nucleares. Entende o militar que o governo iraniano é “racional e sabe que seria um erro enorme produzir armas nucleares”. E ainda por cima, segundo ele, as sanções econômicas contra o Irã “começam a dar resultados”.

As próximas semanas podem ser decisivas. O Presidente Barack Obama já se manifestou em várias ocasiões que, no momento, é contra um ataque ao Irã, pois isso esvaziaria todos os esforços diplomáticos já feitos em prol de uma solução pacífica para o conflito.

Além disso, em plena campanha eleitoral para a sua reeleição, Obama teme também que um conflito agora poderá ter reflexos nefastos e que poderão por em risco a sua empreitada eleitoral, em função da provável subida astronômica do barril do petróleo que aconteceria com o fechamento pelos iranianos do Estreito de Ormuz, onde passam os petroleiros com o combustível para o Ocidente.

Já o governo Netanyahu, parte do lóbi sionista nos Estados Unidos vinculada à linha-dura republicana apoia uma ação militar já. Outros possibilidades que afetariam sobremaneira a Israel não se descartam. Uma delas, e que provoca maior temor, é uma reação do grupo Hezbollah, que, segundo o analista internacional e cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, possui 20 mil mísseis escondidos em residências particulares em Beirute e outras cidades libanesas, e se acionados atingiriam o território israelense.

Resta saber como se comportaria a França pós Nicolas Sarkozy, agora sob o comando do socialista François Hollande, em caso de uma ação militar israelense ou mesmo numa etapa posterior se as pressões contra o Irã não produzirem resultados que levem a suspensão do programa nuclear.

A Alemanha, que ainda guarda complexo de culpa pelas atrocidades cometidas contra judeus, ciganos, homossexuais e populações da Europa Oriental que resistiram aos nazistas, de um modo geral, seja sob o comando da conservadora Angela Merckel ou mesmo o SPD, o partido social-democrata, se alinha quase que integralmente à política dos sucessivos governos israelenses.

(*) Jornalista, teve parte dos familiares assassinados na 2ª Guerra Mundial pelos nazistas na Polônia.

Fonte:
http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=2210:oriente-médio-aumenta-o-clima-de-tensão 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O poema que desmascarou Israel

07/04/2012 - Baby Siqueira Abrão - Correspondente no Oriente Médio
- redecastorphoto

O escritor alemão Günter Grass, prêmio Nobel de Literatura de 1999, provoca polêmica internacional ao publicar um poema afirmando que Israel é um risco à paz mundial e criticando o país pelo arsenal nuclear e pelas ameaças ao Irã.

A polêmica começou em 4 de abril, quando o Süddeutsche Zeitung (literalmente, Jornal do Sul da Alemanha) publicou o mais novo poema de Günther Grass, “Was gesagt werden muss” ("O que deve ser dito"). Nele, Grass critica Israel por seu poderio nuclear e pelas ameaças de ataque ao Irã. E vai além, chamando Netanyhau, primeiro-ministro israelense, de “fanfarrão” que quer exterminar o povo iraniano. O escritor também critica a Alemanha, que há pouco tempo vendeu outro submarino nuclear ao governo de Israel.


Importantíssimas são as sugestões de Grass para que Israel e Irã permitam que autoridades internacionais inspecionem suas instalações nucleares; para que os sionistas renunciem à força; e o desafio à hipocrisia do Ocidente, que silencia diante dos crimes israelenses por temer a acusação de “antissemitismo” – segundo o poeta, uma “gravosa mentira”, uma coação. É preciso lembrar que os sionistas acusam seus críticos de “antissemitas”, procurando identificar esse termo com “antissionismo”.

Na verdade, ambas as palavras referem-se a conceitos muito diferentes.

Antissemitas”, vocábulo cunhado no final do século 19 no contexto europeu de perseguição aos judeus, refere-se – com muita impropriedade, destaque-se, uma vez que grande parte da população árabe é semita e os judeus da Europa não o são – às pessoas que se opõem aos que professam o judaísmo. Já “antissionismo” diz respeito ao crescente movimento mundial daqueles que repudiam a ideologia sionista, considerada racista, militarista, apoiada em mitos que falseiam a história, na violência e na violação de direitos humanos, em função da opressão a que submete o povo palestino há mais de 100 anos.

O sionismo conta com profissionais para criar argumentos que, distorcendo e negando a realidade, fazem a defesa de suas políticas e de suas práticas. Esses argumentos têm como objetivo desviar, do foco das críticas, a situação criada pelos sionistas na Palestina.

Enviados a sionistas e judeus do mundo todo, são repetidos por eles à exaustão. Podem convencer ao interlocutor desacostumado a esse debate, mas são facilmente desmontados por aqueles que têm um mínimo de conhecimento sobre a história do sionismo, as pressões internacionais que seus adeptos fizeram para tomar a Palestina e a violência a que os sionistas submetem os palestinos desde fins do século 19.

Günter Grass não chega ao ponto de desmascarar a falsa relação que os sionistas fazem entre antissemitismo e antissionismo ou as falácias que sustentam essa relação. Mas, numa Europa em que a população vive acuada, temendo ser acusada de antissemita, é um grande passo denunciar o uso da palavra como instrumento político de coação, destinado a calar os opositores dos sionistas (instrumento, por sinal, também utilizado no Brasil).

Esses pontos, fundamentais no debate sobre o perigo que Israel representa para a ordem mundial, ao, entre outras ilegalidades, violar a legislação internacional, fabricar e armazenar secretamente armas de destruição em massa, praticar genocídio (*) contra o povo palestino, foram colocados na pauta mundial por Grass.

Diante desse fato, as qualidades literárias do poema, consideradas abaixo da média pela crítica especializada, e o fato de o poeta ter participado de uma organização nazista aos 15 anos de idade (o que pode ser explicado por sua imaturidade, aliada à confiança que o povo alemão, Grass incluído, depositava no nazismo quando o levou ao poder), não têm a mínima importância.

Trata-se de um poema militante, de um homem que conheceu a barbárie da guerra e teme que a humanidade, indefesa, seja submetida a barbárie muito pior em consequência dos caprichos de governantes desvairados.

Conheça o poema de Günter Grass, traduzido da versão espanhola.

O que deve ser dito

Porque guardo silêncio há demasiado tempo
sobre o que é manifesto
e se utilizava em jogos de guerra
em que no fim, nós sobreviventes,
acabamos como meras notas de rodapé.

É o suposto direito a um ataque preventivo,
que poderá exterminar o povo iraniano,
conduzido ao júbilo
Benjamin Netanyahu - Primeiro Ministro de Israel
e organizado por um fanfarrão,
porque na sua jurisdição se suspeita
do fabrico de uma bomba atômica.

Mas por que me proibiram de falar
sobre esse outro país [Israel], onde há anos
- ainda que mantido em segredo –
se dispõe de um crescente potencial nuclear,
que não está sujeito a nenhum controle,
pois é inacessível a inspeções?
Antisemiticroths - Charles Lucien Léandre


O silêncio geral sobre esse fato,
a que se sujeitou o meu próprio silêncio,
sinto-o como uma gravosa mentira
e coação que ameaça castigar
quando não é respeitada:
“antissemitismo” se chama a condenação.

Agora, contudo, porque o meu país,
acusado uma e outra vez, rotineiramente,
de crimes muito próprios,
sem quaisquer precedentes,
vai entregar a Israel outro submarino
cuja especialidade é dirigir ogivas aniquiladoras
para onde não ficou provada
a existência de uma única bomba,
se bem que se queira instituir o medo como prova… digo o que deve ser dito.

Por que me calei até agora?

Porque acreditava que a minha origem,
marcada por um estigma inapagável,
me impedia de atribuir esse fato, como evidente,
ao país de Israel, ao qual estou unido
e quero continuar a estar.

Por que motivo só agora digo,
já velho e com a minha última tinta,
que Israel, potência nuclear, coloca em perigo
uma paz mundial já de si frágil?

Porque deve ser dito
aquilo que amanhã poderá ser demasiado tarde [a dizer],
e porque – já suficientemente incriminados como alemães –
poderíamos ser cúmplices de um crime
que é previsível,
pelo que a nossa cota-parte de culpa
não poderia extinguir-se
com nenhuma das desculpas habituais.

Admito-o: não vou continuar a calar-me
porque estou farto
da hipocrisia do Ocidente;
é de esperar, além disso,
que muitos se libertem do silêncio,
exijam ao causador desse perigo visível
que renuncie ao uso da força
e insistam também para que os governos
de ambos os países permitam
o controle permanente e sem entraves,
por parte de uma instância internacional,
do potencial nuclear israelense
e das instalações nucleares iranianas.


Só assim poderemos ajudar todos,
israelenses e palestinos,
mas também todos os seres humanos
que nessa região ocupada pela demência
vivem em conflito lado a lado,
odiando-se mutuamente,
e decididamente ajudar-nos também.

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(*) Segundo o artigo 6 do Estatuto de Roma, que fundou o Tribunal Penal Internacional, entende-se por “genocídio” qualquer dos seguintes atos: “perpetrados com a intenção de destruir total ou parcialmente um grupo nacional, étnico,
a) Matança de membros do grupo;
b) Lesão grave à integridade física ou mental dos membros do grupo;
c) Sujeição intencional do grupo a condições de existência que acarretem sua destruição física, total ou parcial;
d) Medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo;
e) Transferência, por meio da força, de crianças do grupo a outro grupo”.

As práticas sionistas também se inscrevem em outros crimes estabelecidos pelo Estatuto de Roma: lesa-humanidade (capítulo 7) e crimes de guerra (artigo 8).
Esses crimes são imprescritíveis e o leitor pode comprovar pelos artigos abaixo, com seus próprios olhos, que esses crimes foram e continuam sendo cometidos contra o povo palestino.

Outros artigos sobre o mesmo assunto:
- As cobaias humanas de Israel (ver em: http://www.brasildefato.com.br/content/cobaias-humanas-de-israel )
- O genocídio do povo de Gaza (ver em: http://www.brasildefato.com.br/node/3426 )
- Massacre em Gaza (ver em: http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?home_id=94&alterarHomeAtual=1 )
- O inferno de Gaza agora Israel chega a um acordo com a verdade (ver em: http://www.libreidee.org/pt/2010/07/linferno-di-gaza-ora-israele-fa-i-conti-con-la-verita/ )

- Vídeo Visita a Gaza (imagens de Miguel Portas, deputado do Parlamento Europeu) (ver em: http://www.youtube.com/watch?v=t9QPfG9iu3E&feature=player_embedded )