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sábado, 23 de junho de 2012

O GOLPE PARAGUAIO

23/06/2012 - Laerte Braga
original publicado no blog Juntos Somos Fortes

O golpe sumário dado pelo Parlamento do Paraguai contra o presidente Fernando Lugo tem a marca registrada da classe dominante naquele país.

Latifundiários associados a multinacionais, uma força armada corrompida e cooptada por interesses de grandes corporações, bancos e os donos da terra.

O Paraguai jamais se recuperou da guerra contra o Brasil, a Argentina e o Uruguai (1864/1870). O conflito foi estimulado pela Inglaterra, então maior potência do mundo, em defesa de seus interesses econômicos. O Paraguai não dependia de países da Europa, tinha uma indústria têxtil competitiva e era um dos grandes exportadores de mate, concorrendo com o império britânico.

O capital para a guerra foi dos ingleses e em meio ao conflito é que, praticamente, se construiu as forças armadas brasileiras, inteiramente despreparadas para um confronto de tal envergadura. Nos primeiros anos da guerra os soldados brasileiros passavam fome e os armamentos eram mínimos, insuficientes para o genocídio que viria mais à frente. Foi a conseqüência inicial da avidez do governo imperial de aceitar as libras inglesas. Os países que formaram a chamada Tríplice Aliança, numa selvageria sem tamanho, mataram 70% da população paraguaia e até hoje a maioria acentuada entre os que nascem naquele país é de homens.

De lá para cá o Paraguai tem sido governado por ditadores, numa sucessão de golpes de estados e o breve período “democrático” que se seguiu à deposição do último general, Alfredo Stroessner (morreu exilado no Brasil, era capacho da ditadura militar brasileira), encerra-se agora com a deposição branca de Fernando Lugo.

Um ex-bispo católico, conhecido como o “bispo dos pobres”. O mandato de Lugo terminaria no próximo ano. O vice-presidente é do Partido Liberal, aquele jogo político de amigos e inimigos cordiais, onde os donos se revezam no poder.

O pretexto para a deposição de Lugo foi um massacre de trabalhadores rurais sem terra, numa região próxima à fronteira com o Brasil. Morreram manifestantes e integrantes das forças de repressão. De lá para cá Lugo enfrenta um inferno.Latifundiários brasileiros, a classe dominante paraguaia – subordinada a interesses do Brasil e de corporações internacionais – se uniram contra Lugo e o apoio de empresas como a MONSANTO, a DOW CHEMICAL, o silêncio formal e proposital dos EUA, todos esses ingredientes foram misturados e transformados em golpe de estado.

Tal e qual aconteceu em Honduras contra Manoel Zelaya. A nova “fórmula” para golpes de estado na América Latina. A farsa democrática, o rito constitucional transformado em instrumento golpista na falta de pudor da classe dominante. No caso do Paraguai, como no de Honduras, miquinhos amestrados do capitalismo internacional.

A elite paraguaia jamais permitiu ao longo desses anos todos, desde 1870, que o país se colocasse de pé novamente. Tem sido um apêndice de interesses políticos e econômicos de corporações estrangeiras e do sub-imperialismo brasileiro. Carregam as malas dos donos enquanto submetem os trabalhadores a um regime desumano e cruel que não mudou e nem vai mudar enquanto não houver resistência efetiva e nas ruas contra esse tipo de procedimento, contra essa subserviência corrupta e golpista. E cumplicidade de governos vizinhos. Mesmo que por omissão, ou fingir que faz alguma coisa.

E necessária a consciência dos governos de países como o Brasil que situações de golpe são inaceitáveis. Que a integração latino americana é fundamental e se faz com democracia e participação popular. Não com alianças com Paulo Maluf.

Fernando Lugo cometeu erros. O maior deles o de acreditar que era possível governar o país com grupos da direita. As políticas de conciliação onde a elite é implacável e medieval, as forças armadas são agentes – em sua maioria esmagadora – de interesses estranhos aos nacionais e as forças populares sistematicamente encurraladas pela violência e barbárie.

Ou se percebe que o golpe contra Lugo é um golpe contra toda a América Latina, ou breve situações semelhantes em outros países. Por trás de tudo isso, em maior ou menor escala, mas de forma direta os EUA e o que significam no mundo de hoje.

No que o presidente do Irã, Mahamoud Ahmadinejad chama de colonizadores. No ano 2000 o economista César Benjamin, numa palestra na cidade mineira de Juiz de Fora espantou os ouvintes ao dizer que “o século XIX foi o dos grandes impérios colonizadores, o século XX o do fim do colonialismo, o século XXI vai assistir a um novo ciclo de colonização de países periféricos às grandes potências”.

A previsão está se confirmando.
O secretário geral da UNASUL, Ali Rodriguez disse em entrevista a vários jornalistas que “o Paraguai pode estar em meio a golpe de Estado devido à rapidez do julgamento político do presidente do país, Fernando Lugo” e mostrou-se preocupado com um possível “processo de violência. Tudo indica que uma decisão já foi tomada e que pela rapidez com a qual os eventos estão acontecendo, poderíamos estar perante um golpe de Estado”.

Basta que países como o Brasil e a Argentina, por exemplo, asfixiem econômica e politicamente o novo governo para que ele não se sustente. Depende da vontade política de um e outro de manter a democracia no Paraguai, mesmo frágil, de pé. A classe dominante paraguaia nunca deu muita importância a isso, pois sempre consegue espaço para se acomodar e continuar a transformação do país em uma espécie de vagão a reboque principalmente do Brasil. Desde o fim da guerra, em 1870 tem sido assim.

Fernando Lugo foi acusado, entre as farsas várias, de humilhar as forças armadas (existem, ou são esbirros do capitalismo?) e colocar-se ao lado dos trabalhadores sem terra. É o velho e boçal latifúndio que no Paraguai é a força econômica mais poderosa. Os protestos populares acontecem próximo ao Parlamento, mas já com forças policiais prontas para massacrar e impedir qualquer reação. É preciso ir às ruas em toda a América Latina e é fundamental asfixiar essa elite que cheira a esgoto.

Se o governo brasileiro quiser não tem golpe que sobreviva.

O problema é querer.

A preocupação hoje, no entanto, é de “consenso possível” (um fracasso na RIO+20) e as eleições de outubro.

A mídia de mercado – fétida também – no Brasil já desestimula qualquer atitude mais forte do governo. Afirma que Lugo declarou que aceitará o “julgamento político”. É mais uma das muitas e constantes mentiras padrão GLOBAL.

O golpe no Paraguai fere o arremedo de democracia que sub existe no Brasil e em outros países com o consentimento dos “poderes moderadores”.

As elites políticas e econômicas são as mesmas, arcaicas, podres e totalitárias. Quando querem colocam as garras de fora.

Foi o que fizeram com Lugo. O que querem fazer com Chávez. Com Evo Morales e outros tantos.

E no fim de tudo atribuir a culpa ao Irã.


Fonte:

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"QUE DEUS ABENÇOE A AMÉRICA E OS AMERICANOS"




Laerte Braga


A frase é de Barack “Banana”, reles imitação de Al Jolson, cantor branco engraxado de negro para o filme O CANTOR DE JAZZ. Foi dita ao terminar o comunicado feito aos norte-americanos que Osama bin Laden estava morto. THE JAZZ SINGER foi o primeiro filme de longa metragem falado e com canto sincronizado com um disco de acetato.

O problema é que Barack “Banana” desafina.

Os EUA estão diante de um dilema terrível. Se reelegem “Banana” a viagem ao centro da Terra continua. Precipício sem fim. Se elegem um republicano chegam mais depressa ao caos absoluto.

Susanne Eman tem 32 anos de idade e dois filhos. Gabriel de 16 e Brendin de 12. Susanne pesa, atualmente, 317 quilos e está se submetendo a um regime radical para atingir os 700 quilos e entrar no Guinnes como o ser humano mais gordo da história. 

Maureen Chao é uma diplomata dos Estados Unidos. Presta serviços na Índia. É vice cônsul. Foi a uma cidade do estado de Tamil Nadu fazer uma palestra para crianças numa escola. O típico marketing de norte-americanos no desespero de vender sanduíche da rede McDonald’s.

Lá pelas tantas disse que passou 72 horas dentro de um trem quando deveria ter passado apenas 24 horas e não pode tomar banho.  Arrematou – “no entanto, após 72 horas, o trem ainda não havia chegado ao seu destino e minha pele ficou suja e escura como a de vocês”. A afirmação foi feita às gargalhadas, no melhor estilo de oradores norte-americanos, de encerrar seus discursos com uma piada.

Nos últimos meses da campanha eleitoral de 2008 o senador John McCain, caquético adversário de “Banana”, fazia piada com as pernas de Sarah Palin, a vice de sua chapa e considerada de extrema-direita. Numa dessas observações, no desespero registrado pelo que as pesquisas mostravam, McCain chegou a dizer que “os EUA precisam das pernas de Sarah para caminhar o seu grande destino”.

E Sarah mostrava as pernas em fotos com vestidos curtíssimos nos comícios e aparições na tevê.

É pré-candidata para as eleições de 2012.

ZARA é uma grife espanhola de alcance quase mundial. Usa trabalho escravo em São Paulo. Os principais acionistas são defensores intransigentes dos valores democráticos, cristãos e ocidentais. A Espanha é um dos países da grande base militar de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A, na quase extinta Europa Ocidental. Uma complexa mistura de pulo no escuro e abismo sem fim, ao som das caçadas do rei Juan Carlo. O herdeiro de Francisco Franco.

O produto espanhol de maior sucesso, atualmente, é Lionel Messi. Nasceu na Argentina e joga no time do Barcelona que é catalão.

A legislação norte-americana não permite que americanos naturalizados sejam presidentes. Isso afastou as chances de Henry Kissinger (alemão), do ator Arnold Alois Schwarzenegger (austríaco), ex-governador da Califórnia e agora de David Cameron, primeiro-ministro da Grã Bretanha (atual Micro-Bretanha). Cameron tem o perfil ideal para o “Deus abençoe a América e os americanos” e deve terminar sendo nomeado conde ou marquês por sua majestade. Seria a glória suprema.Os EUA governados por um marquês branco e nazista.

Está cogitando da idéia de toque de recolher em algumas áreas de seu país. Teme que a turba não se aquiete e incomode o sono de sua majestade a rainha Elizabeth II.

Como na política as coisas não funcionam como no futebol, não dá para comprar o passe de Cameron e colocá-lo em Washington.

Mas... O mas sempre. Existe ainda Jeb Bush, filho do ex-presidente George Bush, irmão do ex-presidente George Walker Bush e mentor da fraude que deu a vitória ao mano em Miami, onde exercia o ofício de governador.

No entender de George pai, a carreira de George filho era improvável – “é um estúpido” – e as apostas foram todas feitas em Jeb. Deu zebra, mas agora...

Barack “Banana” vai ter que rebolar para convencer os seus concidadãos que sua permanência na cervejaria Casa Branca (os EUA hoje são protetorado de Israel) garante melhor qualidade, na temperatura ideal.

E que “Deus abençoe a América e os americanos”. É o jeito de achar que são donos de tudo. Em Honduras a média de execução diária da ditadura de Pepe Lobo é de dez hondurenhos. A base militar dos EUA no país é em Tegucigalpa, capital do país, é chamada “escola de golpes”.

Os soldados lá, por sorte, conseguem tomar banho todos os dias. Não precisam ficar iguais aos indianos.

Quando alguém desembarca no aeroporto de New York, qualquer aeroporto norte-americano, o primeiro cheiro que sente é o odor fétido de um povo que tangencia a insânia por conta de governantes e uma elite política e econômica podre. A sede agora é em Tel Aviv.

Breve, no museu de cera de Londres, as pernas de Sarah Palin.

Quem sabe não é hora de “ajuda humanitária” para a Inglaterra? Ou Israel, onde os protestos são diários contra o governo nazi/sionista? Vai ver a culpa é do Mourinho, técnico do Real Madrid que não consegue segurar Lionel Messi.

sábado, 6 de agosto de 2011

"TERRITÓRIO DE GUERRA" - A REAÇÃO DOS MILITARES A AMORIM



Laerte Braga


A fúria de King Kong no topo de uma antena/pára-raios no Empire State até ser atingido por bombas num ataque devastador da força aérea norte-americana e em seguida à sua queda, o olhar terno e amoroso para a mocinha do filme mostra com boa dose de precisão o caráter da sociedade nos EUA. O escravo/objeto do espetáculo derrotado pela democracia cristã e ocidental.

E leviano, é boçal e hoje se reveste de uma natureza terrorista visível a olho nu. Uma nação que vai se fragmentando num processo que tangencia o autofágico e certamente vai chegar essa autofagia na busca desesperada da sobrevivência em meio ao caos. Tanto dos que disparam no Afeganistão em nome da liberdade e guiados por forças divinas – as deles – como nos que invadem escolas e afirmam que “fiz a mando de Deus para limpar o mundo”.

O diário do Congresso dos Estados Unidos – THE HILL – afirma que o Pentágono trouxe a público um plano de ciber/segurança, declarando a Internet “um domínio de guerra”.  O diário não explica, no entanto, como os militares usarão a WEB para ataques ofensivos.

A rede social FACEBOOK é um dos instrumentos. Não admitirá qualquer tipo de ataque frontal aos EUA. A censura já começa a ser uma realidade.

Ferido mortalmente King Kong esmagava aviões e helicópteros com as mãos e como o Superman não tivesse aparecido – ou ainda não tivesse chegado de Krypton – muitas bombas foram necessárias para eliminar a fonte de lucro de meia dúzia de empresários inescrupulosos. Banqueiros, executivos de grandes corporações somam hoje dúzias de inescrupulosos a gerirem o país sob a bandeira do nazi/sionismo.

Hoje ficaria até meio difícil contar com o Superam. O herói resolveu renunciar a cidadania norte-americana em discurso na ONU diante de tantas barbaridades atribuídas a ele em seu nome.

O máximo que podem fazer é vir a Minas Gerais e buscar o monstro de um rio numa cidade desse estado brasileiro. Existem monstros assim em vários rios. O Paraibuna por exemplo. Segundo descrições de quem já viu, pode ser denominado “A Louca do Paraibuna”. É produto de restos de urânio enriquecido com toneladas de senhores legisladores, uma espécie aterradora que faz pouso em câmaras municipais. A principal delas na cidade de Juiz de Fora cidade cortada pelo rio. Pesa algo em torno de duas ou três toneladas, pois variam as descrições. É conhecida também como o monstro do Bla Bla Bla e suas reações dependem da presença ou ausência de HALDOL na corrente sanguínea até chegar ao que imagina ser algo como o cérebro. A caixa de comando.

A reação de militares brasileiros a Celso Amorim no Ministério da Defesa é outra aspecto que define bem o que sejam forças armadas em quase todos os países do mundo. Como têm o poder da Borduna – e muitas vezes pouco poder cerebral – costumam baixar a dita Borduna para garantir a lei e a ordem no viés totalitário e boçal que vimos no período da ditadura militar em 1964.

É a velha história contada por Darcy Ribeiro sobre a origem do Estado. O mais inteligente da tribo chamou o mais esperto e resolveram que o primeiro seria o rei e o mais esperto encarregado de vender a idéia ao resto da turma, como sendo desígnio divino e implicando em pelo menos 10% da colheita a guisa de tributos. Esse mais esperto foi o primeiro sacerdote da história da humanidade. Por via das dúvidas escolheram o mais estúpido para ser o chefe militar encarregado de colocar ordem e nos conformes – “teje preso”- quem ousasse discordar.

O diálogo do rei era direto com “Deus”. Mas se demorasse muito em suas meditações os cá de baixo acabavam cultuando um bezerro de ouro e emprestando a juros.

Militares não mudaram muito em relação à sua gênese e os que mudaram pagam preços pesados pela coragem e pela ousadia. O negócio é marchar no passo certo, pensar para que?

Não se constrói uma nação sem uma força armada identificada com anseios, aspirações populares e consciência do dever de respeito a essa vontade – não importa qual seja – e muito menos forças armadas podem avocar a si o direito de definir os destinos de um país, principalmente, quando são comandadas por elites políticas e econômicas de fora. Ou seja, a continência real é para o Pentágono e seus brinquedinhos de eliminar King Kong, hoje, capazes de destruir o planeta por cem vezes se necessário for, mas incapazes de superar índices elevados de desemprego, de pessoas na linha da pobreza, de racismo explícito em relação a negros e outros povos considerados inferiores, ou de impedir que bancos se assenhorem das casas de gentes que sustentam toda essa estrutura.

Não existe esse negócio de um simples telegrama para comunicar que “seu filho morreu honrando os Estados Unidos na defesa da democracia”.

Onde? No campo de concentração de Guantánamo? Nas prisões de tortura livre no Iraque? Nos bombardeios contra alvos civis na Líbia? No massacre genocida do povo Palestino?

A percepção que a internet é um campo de batalha e de fácil entendimento. O Pentágono, uma das empresas das corporações que controlam os EUA, percebeu que a guerra da comunicação começa a ser perdida. As mentiras em redes espalhadas por todo o mundo – televisão – através de agentes e comentaristas terroristas (FOX, CNN, GLOBO, BAND, RECORDE, na Europa, etc) se perdem diante do volume elevado de verdades postadas na rede mundial de computadores.

O nascer da consciência pela informação correta, pelo contraditório, o debate.

Quando um agente de quinta categoria como o deputado Eduardo Azeredo apresenta um projeto que na prática é censura, a turma de cima já tinha consciência da necessidade de apertar o garrote sobre a realidade.

A reação dos militares brasileiros a indicação de Celso Amorim é o temor que esse estamento – que fica à parte, corre paralelo – de nossa sociedade tem de ver a história das barbáries e atrocidades da ditadura militar mostradas ao povo.

Ou o de se verem forçados a sair do Haiti onde exercem um comando nominal, depois do carimbo do general norte-americano, o de “aprovado”, ou “autorizado”.

Há um confronto em aberto no Brasil e que precisa ser fechado. Uma página não escrita da história. Em 1964 triunfaram no golpismo e na violência militares sob o comando de Washington. Excluíram militares dignos e honrados que serviam ao País. Prenderam, torturam, mataram, estupraram, exilaram centenas, milhares de pessoas. Forjaram uma história que não aconteceu.

Escondem-se atrás das cortinas das elites econômicas e dos interesses da grande potência ocidental, ou na bainha da saia da lei da anistia que os torna impunes por crimes contra a humanidade.

Sabem que Celso Amorim é o oposto de tudo isso. E acima de tudo um brasileiro maior que qualquer um dos que vociferam hoje montados em divisas, estrelas ou dragonas. Já não existem mais figuras como Lott, Moreira Lima, Ladário Pereira Telles, Luís Carlos Prestes, Gregório Bezerra, major Cerveira, Lamarca, Milton Temer. Existem generais comandantes de campos de arrozeiros – latifundiários – interessados em ver o Brasil atrelado e submetido a uma nação terrorista, parte de um conglomerado de terror – ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A –.

Celso Amorim é o oposto.

E vem aí a censura na WEB, a tal guerra do Pentágono Incorporation. O terror virtual. É bem maior que o monstro que emerge espargindo fogo e ensandecido das águas do Paraibuna. O monstro conhecido como “A Louca do Paraibuna” psiquiatra resolve, o outro não. É guerra mesmo.

domingo, 3 de julho de 2011

ITAMAR FRANCO




Laerte Braga


A primeira eleição disputada pelo ex-presidente Itamar Franco foi em 1958. Candidato a vereador pelo extinto PTB de João Goulart. Vinha de lutas estudantis no Diretório Acadêmico da Faculdade de Engenharia, antes mesmo de JK criar a Universidade Federal de Juiz de Fora, em 1960.

Perdeu a eleição.

O diretório municipal do PTB de Juiz de Fora começava a despontar como um dos mais importantes do País. Nascia ali a liderança de Clodesmith Riani, líder sindical e presidente do primeiro embrião de uma central de trabalhadores. Presidente da CNTI – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA INDÚSTRIA –, a mais poderosa organização sindical do Brasil, criou com outros lideres o CGT – COMANDO GERAL DOS TRABALHADORES –, logo desdobrado em comandos estaduais e comandos municipais.

Clodesmith Riani, vivo e ativo até hoje, atraiu para o PTB boa parte das lideranças estudantis da época (as que não estavam no PCB) e muitos intelectuais. Peralva de Miranda Delgado, anos depois de cassado pela ditadura militar alcançou expressivas funções na Universidade Gama Filho, no Rio. Nilo Álvaro Soares, juiz do trabalho, jornalista, Sebastião Marsicano Ribeiro, mais tarde reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora e nessa tentativa de construir um partido à esquerda juntando movimento sindical – do qual era líder inconteste em sua cidade e no País – acabou levando Itamar para o PTB.

Em 1962, dois anos antes do golpe militar de 1964, Itamar disputou a vice-prefeitura. As eleições de prefeito e vice prefeito eram distintas. Tornou a ser derrotado, mas começou a construir ali e a partir dali o conceito de administrador sério e competente.

Ademar Resende Andrade, um engenheiro eleito pela segunda vez para a Prefeitura de Juiz de Fora levou Itamar para um setor que cuidava da água da cidade e o ex-presidente criou o DEPARTAMENTO DE AGUA E ESGOSTO, hoje CESAMA – COMPANHIA DE SANEAMENTO E MEIO AMBIENTE – proporcionando um processo de modernização e planejamento para o futuro.

E foi como prefeito, eleito em 1966, que construiu a segunda adutora e dali para a frente outras quatro cinco por outros prefeitos, a um ponto tal que a totalidade de Juiz de Fora tem água potável (apesar das tentativas de privatização do setor pelo bandido que atualmente ocupa a Prefeitura, um tucano).

A morte do ex-presidente pode facilitar o caminho. Pois o que havia de honestidade pessoal em Itamar não existe em algumas figuras do seu grupo, inclusive o prefeito atual e o ex-presidente da COPASA (companhia estadual de águas) e ex-presidente Itaipu, pai do possível candidato do grupo a prefeito, o deputado estadual Bruno Siqueira.

A eleição de Itamar para a Prefeitura de Juiz de Fora foi uma espécie de marco. Sepultou-se um ciclo em que se revezavam no governo o engenheiro Ademar Andrade e o empresário Olavo Costa.

E a candidatura de Itamar só foi possível, em 1966, numa sublegenda – artifício criado pela ditadura – por conta do apoio de Tancredo Neves junto ao diretório estadual então sob a presidência do senador Camilo Nogueira da Gama, oriundo do antigo PTB.

Foi Tancredo quem viabilizou a sublegenda. A esquerda do MDB não aceitava a outra candidatura e enxergou em Itamar a perspectiva de vitória. Lideranças sindicais como Laís Veloso, Onofre Corrêa Lima, figuras do porte de Murílio Avelar Hingel, acabaram por sensibilizar Tancredo e mostrar-lhe a necessidade de uma sublegenda para assegurar a vitória nas eleições municipais.

O governo de Itamar significou o início da história do planejamento na administração municipal em Juiz de Fora. E de tal ordem alcançou êxito, que Mário Andreazza (então ministro dos Transportes do governo militar) fez de tudo para levá-lo para a ARENA.

À época a lei que extinguiu o antigo IMPOSTO SOBRE VENDAS E CONSIGNAÇÕES e criou o IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS – ICM, o s veio depois) acabou beneficiando prefeituras em todo o País, os recursos eram mais abundantes e isso possibilitou a Itamar a realização de obras de infra estrutura e avanços na educação até então desconhecidos de grande parte da população juizforana.

O êxito foi tanto que acabou elegendo o seu sucessor com mais votos que todos os demais candidatos juntos, tanto da ARENA, como do MDB. O engenheiro Agostinho Pestana, já falecido e pai do atual deputado tucano Marcus Pestana.

O mandato era de dois anos, a ditadura queria acabar com a coincidência entre eleições municipais e eleições estaduais e federais e arbitrariamente mudou a lei. José Sarney, a lamentável figura que preside o Senado e é proprietário do Maranhão, quer coincidir tudo para ter vereadores como cabos eleitorais gratuitos, na reforma de brincadeira que estão chamando de reforma política..

Dois anos depois tarde Itamar Franco volta à Prefeitura de Juiz de Fora numa das mais dramáticas eleições da história da cidade. O favoritismo absoluto vai caindo com o curso da campanha e vence a eleição por pouco mais de 300 votos num universo total de mais de cem mil eleitores (à época, hoje 340 mil) e derrota um então desconhecido Mello Reis, vereador da ARENA.

Em 1974 Tancredo Neves, decisivo também na vitória de 1972 – onde surge a liderança do então deputado estadual Tarcísio Delgado que carrega a campanha nas costas junto com Murílio Hingel, mais tarde ministro da Educação, seduz Itamar com a candidatura ao Senado contra José Augusto da ARENA e que havia assumido a vaga na morte de Milton Campos.

Itamar vacila até o último minuto sobre se aceita ou não e ficou célebre o episódio do relógio atrasado (o presidente da Câmara Municipal, vereador Valdecir de Oliveira manda atrasar o relógio por dez minutos antes da meia noite, para dar mais tempo a Itamar para decidir se renunciava ou não para disputar o Senado).

Itamar renuncia e começa sua escalada nacional. É eleito em meio à enxurrada de vitórias do MDB em todo o País (dezessete ao todo).

Começa a afastar-se de Tancredo de olho numa eventual eleição direta para o governo do Estado em 1978. A ditadura afasta essa hipótese, transfere as diretas para 1982 e com o fim do bipartidarismo Itamar permanece no PMDB, vira candidato a governador enquanto Tancredo funda o PPP – PARTIDO POPULAR PROGRESSISTA – e com apoio de seu arqui adversário Magalhães Pinto torna-se candidato ao governo. Elizeu Resende era o candidato da ARENA, então transformada em PDS.

Ao perceber que divisão do antigo MDB favorecia a ditadura Ulisses e Tancredo vão ao STF – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – e fundem os dois partidos, MDB e PPP. A decisão fora tomada depois do governo federal vincular o voto de cabo a rabo, manobra do ministro Leitão de Abreu.

Itamar a duras penas é convencido a tentar a reeleição para o Senado. Faz exigências que são aceitas e gera um episódio que entra para o folclore da política mineira e brasileira. Não queria outro candidato em sublegenda, acabou aceitando e impôs ser o mais votado na convenção do PMDB. Simão da Cunha, um ex-deputado da UDN é o mais votado e Renato Azeredo (íntegro, o contrário do pústula Eduardo Azeredo, seu filho), pergunta a Tancredo “como vamos fazer?” Tancredo responde – “coloque os votos do Simão para o Itamar na ata e os do Itamar para o Simão que eu converso e resolvo tudo” –. Dito e feito.

Ao perceber que suas chances para o governo estadual eram mínimas em 1990, havia sido derrotado por Newton Cardoso (quadrilheiro que fez plantão na política mineira), que a reeleição para o Senado seria duvidosa, num gesto surpreendente aceita ser vice de Collor de Mello nas eleições presidenciais de 1989.

Pela primeira vez é derrotado em Juiz de Fora. Lula vence as eleições no segundo turno na cidade de Itamar.

Vira vice-presidente e em meio à crise deflagrada com as acusações ao louco que ocupava a presidência, Collor de Mello, acaba também uma grande incógnita que José Sarney, seu ex-inimigo resolve. Pega Itamar pelo braço, leva-o à casa de Roberto Marinho (criador de Collor e proprietário do tresloucado) no Cosme Velho no Rio, oferece garantias que nada será mudado nas comunicações e no dia seguinte a GLOBO joga Collor no lixo, em poucos dias Itamar vira presidente.

Sendo um homem honesto, nunca meteu a mão no bolso de ninguém e nem em dinheiro público, não tinha base política sólida, mas um grupo complicado de figuras leais e íntegras e outras nem tanto assim, pelo contrário, na verdade um grupo de amigos, muitos deles de infância e juventude, acaba seduzido pelo maior cínico da política brasileira Fernando Henrique Cardoso, uma espécie de câncer que continua corroendo o País e hoje é objeto de adoração do simulacro de presidente, Dilma Roussef.

Itamar foi íntegro, mas não conseguiu mais que ser um projeto pessoal. Orientava-se a partir de sua própria bússola, seus instintos políticos apurados e foi responsável também por um episódio que deixou ACM com as calças às mãos.

Antônio Carlos Magalhães (outro pústula da política brasileira) governava a Bahia e fez denúncias de corrupção no governo Itamar. O então presidente o desafiou a apresentar as provas num encontro do Planalto. ACM foi e quando chegou às portas do gabinete presidencial estavam abertas, os ministros lá estavam jornalistas e possesso ACM não conseguiu mais que apresentar recortes de jornais, acabou desmontada uma das muitas farsas que protagonizou na política.

FHC foi um episódio dramático para Itamar. O ex-presidente tinha consciência do caráter de transição de seu governo e tentou reunir figuras consideradas de grande porte na política nacional em seu Ministério, além de outras de seu grupo pessoal. Chamou FHC para o Itamaraty, levou-o ao Ministério da Fazenda e o tucano, que sequer seria candidato à reeleição ao Senado (míngua de votos), mas deputado federal, no seu veneno insidioso, seu caráter deformado, sua absoluta falta de dignidade, apropriou-se do Plano Real, virou candidato a presidente num acordo que previa a candidatura de Itamar em 1998 e meteu-lhe a faca pelas costas, coisa que faz rotineiramente com quem se oponha a seus poderes divinos.

No final de sua carreira, a volta ao Senado, fica uma sensação inexplicável do apoio a José Serra no segundo turno e a virulência das críticas a Lula e ao governo de Dilma nesses seis primeiros meses (embora o governo seja uma lástima). Ligado a Aécio, foi eleito arrastado pelo ex-governador de Minas, havia feito criticas duras a FHC e Serra, capitulando no segundo turno.

Acredita-se que um dos bandidos que integraram o esquema de seu governo na Câmara, Roberto Freire, ex-pernambucano e agora paulista, tenha sido o responsável por isso. Freire foi seu líder de governo.

Em 1998, por pouco não complica o golpe de FHC, a reeleição comprada a peso de ouro, ao tentar ser o candidato do PMDB. FHC pagou um preço absurdo – dinheiro mesmo, cargos, etc – a bandidos notórios como Iris Resende, Michel Temer, etc.

E em janeiro de 1999, eleito governador de Minas decreta a moratória das dívidas do Estado e coloca em risco, mais uma vez, todo o processo neoliberal de FHC.

Como disse um jornalista o ex-presidente leva mágoas em sua morte, mas paga o preço do caráter solitário, do temperamento difícil. O exemplo que deixa é o da honestidade pessoal.

A frase “este rapaz é um bom moço, mas tem o hábito de guardar o ódio no congelador”, foi pronunciada por Tancredo Neves, logo após ser eleito governador em 1982 e ao receber as indicações para alguns cargos no governo do então senador reeleito Itamar Franco. Tancredo olha os nomes, vê apenas amigos de Itamar, o restrito círculo de Juiz de Fora, pede-lhe nomes de expressão e Itamar furioso diz aos jornalistas que Tancredo faltara com a verdade nos acordos firmados antes das eleições.

Não foi bem assim.

Em 1984 Itamar mostra sua mágoa com Tancredo e anuncia que não pretende votar no mineiro para presidente, mantém-se fiel à decisão de não aceitar eleições indiretas. A disputa entre Tancredo e Maluf estava ainda indecisa e a certa altura, quando Tancredo arremata a eleição, mostra que vai vencer, Itamar pede a Hélio Garcia que marque um encontro onde possa declarar seu voto a Tancredo.

O encontro foi marcado no aeroporto da Pampulha em Belo Horizonte e Tancredo chega cinco minutos antes do seu vôo. Cumprimenta Itamar, agradece o apoio e diz que tem que sair correndo para embarcar. Dá o troco à sua maneira.

Numa certa medida Itamar foi um solitário na política brasileira. E benfazeja lhe foi a sorte, mas muito também seus instintos.

Os escândalos de cumprimentar uma atriz sem calcinha num desfile carnavalesco no Rio, namoros, etc, foram superdimensionados pela mídia sempre à cata de besteiras para distrair a manada do principal. O governo de FHC foi tranquilamente uma espécie de Sodoma e Gomorra e a imprensa se calou, devidamente comprada.

Itamar era isso, nada além disso.