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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Obama não cumpre e Guantánamo continua aberta

22/01/2013 - extraído do site Vermelho, com Telesur

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, iniciou oficialmente seu segundo mandato sob a crítica de várias promessas que não foram cumpridas durante sua primeira gestão, entre elas o fechamento da prisão ilegal na base de Guantánamo.

O analista político Néstor García Iturbe afirmou que o presidente estadunidense não só descumpriu sua promessa de fechamento da prisão, como assinou a Lei da Autorização de Defesa Nacional onde aprovou uma proibição permanente sobre a transferência dos detidos nesta prisão para os Estados Unidos e a proibição de detenção militar dos cidadãos estadunidenses. 

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“Há uma cláusula que diz que não poderá ser tomado financiamento deste orçamento para transladar presos de Guantânamo para outro país nem para os  Estados Unidos. Portanto já temos que levar em consideração que durante 2013 a prisão vai estar ai, os presos vão ficar ai e não vai haver possibilidade de que a fechem”, assegurou, García Iturbe.

O analista militar David Urra assegurou que se Obama cumprir a promessa de fechar a prisão de Guantánamo, a direita estadunidense o considerará como uma concessão ao governo de Cuba.

Contra os Direitos Humanos
O analista político e escritor Adrian Salbuchi assegurou que “Os Estados Unidos se opõem a fechar Guantánamo, porque quer mandar para o mundo a mensagem de que é capaz de fazer tudo o que quer: inclusive violar as leis internacionais”.

Salbuchi disse que “o que estamos vendo é a vontade deste país [EUA] de manter um sistema absolutamente ilegal e genocida, vulnerando os direitos humanos”.

A prisão de Guantánamo está em território da base militar que foi instalada pelos Estados Unidos em Cuba, há mais de um século.

Enquanto Washington justifica sua presença na ilha caribenha com um acordo firmado entre os dois países naquele momento, Cuba insiste que este documento foi feito sob pressão e denuncia a ilegalidade do centro.

Durante seu primeiro mandato, Obama deixou várias promessas não cumpridas, entre elas destaca-se uma Reforma Migratória que resolveria a situação dos 11 milhões de indocumentados.

Obama abriu seu mandato com uma viajem para o Egito para dizer que ele era diferente, mas a invasão da Líbia e os ataques com drones, que provocam centenas de efeitos colaterais no Afeganistão e Paquistão, mostram o contrário.

Fonte:
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=204210&id_secao=7

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

domingo, 8 de julho de 2012

Brasil supera meta e terá 259 atletas nas Olimpíadas de Londres

8 de Julho de 2012 - original extraído do site Vermelho

Com o encerramento do Troféu Brasil de Atletismo no (1º), o Time Brasil alcançou seus números finais de vagas para os Jogos Olímpicos Londres 2012.

O Brasil será representado por 259 atletas, sendo 136 homens e 123 mulheres, em 32 modalidades, mesmo número que participou de Pequim 2008.

O número supera a meta do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), de levar 250 atletas.

Até o momento, 99 beneficiados pelo programa Bolsa-Atleta, do Ministério do Esporte, têm o passaporte carimbado para os Jogos.

Isso porque das vagas alcançadas, apenas 183 nomes estão definidos, já que algumas seleções ainda divulgarão os atletas que representarão o país nas Olimpíadas.

"Estamos muito satisfeitos por termos atingido a nossa primeira meta para os Jogos Olímpicos que se aproximam. Em Londres teremos uma delegação com ainda mais qualidade, com atletas que passaram por seletivas difíceis, algumas mais duras até que as estipuladas por algumas Federações Internacionais, como foi o caso do atletismo e da natação. Estamos confiantes de que o Brasil terá um bom desempenho em Londres", afirmou Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB.

As seleções de basquete feminino e masculino (24 atletas), futebol masculino (18 atletas), ginástica artística (1 atleta no masculino e 5 no feminino), hipismo saltos (4 atletas) e a equipe masculina e feminina de vôlei (24 atletas) ainda definirão os atletas que representarão o país em Londres.

"A certeza é de que tivemos a melhor preparação da história, a partir de um planejamento estratégico conjunto com as confederações, que focou na qualidade desta delegação que estamos levando para Londres", analisou Marcus Vinicius Freire, superintendente executivo de esportes do COB.

"Durante o ciclo olímpico, o COB ofereceu todo o suporte para que os atletas brasileiros pudessem competir com as mesmas condições que as grandes potências do esporte. Estamos aprimorando nosso nível de serviço para dar um salto de qualidade no Rio 2016. Para Londres, nossa expectativa é de um desempenho próximo ao de Pequim em termos de medalhas, quando conquistamos 15, e uma participação maior em finais olímpicas, já que em Pequim foram 41", analisou Marcus Vinicius Freire.

A equipe brasileira chega a Londres com algumas conquistas importantes como: o retorno do basquete masculino. A última participação olímpica aconteceu em Atlanta 1996; a classificação recorde de dez pugilistas, sendo três atletas femininas nas três categorias em disputa; classificação em todas as 14 categorias do judô (inédito); classificação inédita do ciclismo BMX, com o ciclista Renato Rezende sendo o primeiro brasileiro a competir na modalidade.

Outras classificações são inéditas como: as duas equipes completas no tênis de mesa, sendo o país representado por três homens e três mulheres; três atletas da ginástica artística masculina, dois a mais que na última competição mundial - embarcam para Londres Diego Hypolito, Sergio Sassaki e mais um nome a ser definido defenderão as cores do país.

O tiro esportivo feminino também foi classificado, após 20 anos de ausência dos Jogos. Ana Luiza Ferrão vai encerrar um período de 20 anos sem uma atiradora brasileira disputando uma edição dos Jogos Olímpicos. A última a participar foi Tânia Giansante, que disputou os Jogos de Barcelona 1992.

O Brasil também se classificou em todas as armas na esgrima. Renzo Agresta, no sabre, Athos Schwantes, na espada, e Guilherme Toldo, no florete, serão os esgrimistas do Brasil em Londres.

No levantamento de peso, desde Sidney 2000, a delegação do Brasil não contava com a participação de uma atleta feminina no levantamento de peso. Em Londres, Jaqueline Ferreira representará o país.

Ginástica artística feminina
Após dez dias de preparação no Centro de Treinamento de Ginástica, o Velódromo, no Rio de Janeiro, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) está mais próxima de definir as atletas que representarão o país em Londres. Das nove ginastas que participaram da última fase de treinos, sete foram convocadas para participar do período de aclimatação em Ipswich, na Inglaterra.

As ginastas Adrian Gomes, Bruna Leal, Daiane dos Santos, Daniele Hypolito, Ethiene Franco, Harumi de Freitas e Laís Souza foram as sete convocadas e seguem para a Inglaterra na terça-feira (10) para a aclimatação a 122 km de Londres. Adrian, Daniele e Bruna já estão confirmadas nas Olimpíadas. Quatro atletas disputam ainda as duas vagas remanescentes, já que apenas cinco integrarão a seleção olímpica. Foram cortadas Gabriela Soares e Letícia da Costa.

A equipe definitiva será anunciada no dia 25 de julho, dois dias antes da abertura oficial dos Jogos Olímpicos 2012. As disputas da equipe de ginástica artística feminina começam no dia 29 de julho, no North Greenwich Arena, em Londres.

Com informações do Ministério do Esporte
Fonte:
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=187740

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Murar o medo

22/06/2012 - por Mia Couto
extraído do site Vermelho (*)


Mia Couto: a quem serve o medo?

Esta conferência foi pronunciada pelo romancista moçambicano em novembro de 2011, nas Conferências do Estoril, da Fundação Cascais, que ocorrem anualmente na cidade portuguesa de Cascais para debater os desafios da globalização, sendo dirigida a um público formado por políticos, empresários, acadêmicos, intelectuais, estudantes, jornalistas e formadores de opinião.
Por Mia Couto

O medo foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demônios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardarem, os anjos atuavam como uma espécie de agentes de segurança privada das almas.

Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinavam a recear os desconhecidos. Na realidade, a maior parte da violência contra as crianças sempre foi praticada não por estranhos, mas por parentes e conhecidos.

Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambientes que reconhecemos. Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura, do meu território. O medo foi, afinal, o mestre que mais me fez desaprender.

Quando deixei a minha casa natal, uma invisível mão roubava-me a coragem de viver e a audácia de ser eu mesmo.

No horizonte vislumbravam-se mais muros do que estradas. Nessa altura, algo me sugeria o seguinte: que há neste mundo mais medo de coisas más do que coisas más propriamente ditas.

No Moçambique colonial em que nasci e cresci, a narrativa do medo tinha um invejável casting internacional: os chineses que comiam crianças, os chamados terroristas que lutavam pela independência do país, e um ateu barbudo com um nome alemão. Esses fantasmas tiveram o fim de todos os fantasmas: morreram quando morreu o medo. Os chineses abriram restaurantes junto à nossa porta, os ditos terroristas são governantes respeitáveis e Karl Marx, o ateu barbudo, é um simpático avô que não deixou descendência. O preço dessa narrativa de terror foi, no entanto, trágico para o continente africano. Em nome da luta contra o comunismo cometeram-se as mais indizíveis barbaridades.

Em nome da segurança mundial foram colocados e conservados no Poder alguns dos ditadores mais sanguinários de toda a história. A mais grave herança dessa longa intervenção externa é a facilidade com que as elites africanas continuam a culpar os outros pelos seus próprios fracassos. A Guerra-Fria esfriou mas o maniqueísmo que a sustinha não desarmou, inventando rapidamente outras geografias do medo, a Oriente e a Ocidente.

E porque se tratam de entidades demoníacas, não bastam os seculares meios de governação. Precisamos de investimento divino, precisamos de intervenção de poderes que estão para além da força humana. O que era ideologia passou a ser crença, o que era política tornou-se religião, o que era religião passou a ser estratégia de poder. Para fabricar armas é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos é imperioso sustentar fantasmas.

A manutenção desse alvoroço requer um dispendioso aparato e um batalhão de especialistas que, em segredo, tomam decisões em nosso nome. Eis o que nos dizem: para superarmos as ameaças domésticas precisamos de mais polícia, mais prisões, mais segurança privada e menos privacidade.

Para enfrentarmos as ameaças globais precisamos de mais exércitos, mais serviços secretos e a suspensão temporária da nossa cidadania. Todos sabemos que o caminho verdadeiro tem que ser outro. Todos sabemos que esse outro caminho poderia começar pelo e conhecermos melhor esses que, de um e do outro lado, aprendemos a chamar de “eles”.

Aos adversários políticos e militares, juntam-se agora o clima, a demografia e as epidemias. O sentimento que se criou é o seguinte: a realidade é perigosa, a natureza é traiçoeira e a humanidade é imprevisível. Vivemos – como cidadãos e como espécie – em permanente situação de emergência. Como em qualquer estado de sítio, as liberdades individuais devem ser contidas, a privacidade pode ser invadida e a racionalidade deve ser suspensa.

Todas estas restrições servem para que não sejam feitas perguntas como por exemplo estas: porque motivo a crise financeira não atingiu a indústria de armamento?

Porque motivo se gastou, apenas o ano passado, um trilhão e meio de dólares com armamento militar?

Porque razão os que hoje tentam proteger os civis na Líbia, são exatamente os que mais armas venderam ao regime do coronel Kadafi?

Porque motivo se realizam mais seminários sobre segurança do que sobre justiça?

Se queremos resolver (e não apenas discutir) a segurança mundial – teremos que enfrentar ameaças bem reais e urgentes.

Há uma arma de destruição massiva que está sendo usada todos os dias, em todo o mundo, sem que seja preciso o pretexto da guerra.

Essa arma chama-se fome.

Em pleno século 21, um em cada seis seres humanos passa fome. O custo para superar a fome mundial seria uma fração muito pequena do que se gasta em armamento. A fome será, sem dúvida, a maior causa de insegurança do nosso tempo.

Mencionarei ainda outra silenciada violência: em todo o mundo, uma em cada três mulheres foi ou será vítima de violência física ou sexual durante o seu tempo de vida. É verdade que sobre uma grande parte de nosso planeta pesa uma condenação antecipada pelo fato simples de serem mulheres. A nossa indignação, porém, é bem menor que o medo.

Sem darmos conta, fomos convertidos em soldados de um exército sem nome, e como militares sem farda deixamos de questionar. Deixamos de fazer perguntas e de discutir razões. As questões de ética são esquecidas porque está provada a barbaridade dos outros. E porque estamos em guerra, não temos que fazer prova de coerência, nem de ética e nem de legalidade. É sintomático que a única construção humana que pode ser vista do espaço seja uma muralha.

A chamada Grande Muralha foi erguida para proteger a China das guerras e das invasões. A Muralha não evitou conflitos nem parou os invasores. Possivelmente, morreram mais chineses construindo a Muralha do que vítimas das invasões que realmente aconteceram. Diz-se que alguns dos trabalhadores que morreram foram emparedados na sua própria construção. Esses corpos convertidos em muro e pedra são uma metáfora de quanto o medo nos pode aprisionar. Há muros que separam nações, há muros que dividem pobres e ricos. Mas não há hoje no mundo, muro que separe os que têm medo dos que não têm medo. Sob as mesmas nuvens cinzentas vivemos todos nós do sul e do norte, do ocidente e do oriente.

Citarei Eduardo Galeano acerca disto, que é o medo global: “Os que trabalham têm medo de perder o trabalho.

Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho.

Quando não têm medo da fome, têm medo da comida.

Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras."

E, se calhar, acrescento agora eu, há quem tenha medo que o medo acabe!


(*) Agradecimento especial a Selenia Granja que, de Salvador, garimpou esse texto e o deixou à mostra no Facebook de onde foi pinçado.

Original do site Vermelho em:
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=186637&id_secao=11#.T-xpdOa5c-E.facebook
Video: