domingo, 27 de fevereiro de 2011

Os Jovens Norte-americanos – Madison, Wisonsin

 Laerte Braga

O diretor Michael Moore decidiu abrir um JORNAL ESCOLAR com o intuito de publicar tudo o que os jovens norte-americanos escrevem para os jornais e blogs de suas escolas e a censura não permite que seja publicado. Michael Moore é uma versão norte-americana do brasileiro Sílvio Tendler, um dos nossos maiores diretores de cinema.

Há cerca de uma semana atrás, na série CRIMINAL MINDS, um dos agentes especiais do FBI referindo-se ao modus operandi de um criminoso disse o seguinte – “ele age como os iranianos agem” –.

Em setembro de 2010 os norte-americanos executaram com uma injeção letal Teresa Lewis, acusada de ser a mandante do assassinato de seu marido. A execução aconteceu em meio a protestos de organizações nacionais e internacionais de direitos humanos. De declarações de juristas e médicos em todo o mundo. Teresa Lewis era incapaz mentalmente. O fato estava documentado no processo.

Mas... Enfim, democracia cristã e ocidental é assim, a lei acima de tudo...


A mídia pródiga em acusar o Irã, enfiou a viola no saco (o dinheiro na conta de caixa dois) no caso de Teresa Lewis.

Milhares de estudantes, professores, servidores públicos e trabalhadores ocuparam o prédio do CAPITOL STATE, o parlamento estadual do estado de Wisconsin, para protestar contra as decisões do governador republicano Scott Walker que propôs cortes orçamentários na saúde, na educação, nos serviços públicos de um modo geral para cobrir um déficit de 137 milhões de dólares do período fiscal que se encerra em junho deste ano.

A revolta a princípio contra a proposta do governador está se estendendo a jovens dos estados de Ohio e Indiana e grandes manifestações são vistas – mas não noticiadas por organizações venais como a GLOBO por exemplo, ou a FOLHA, amiga de Dilma) em cidades dos EUA.


Explode o descontentamento geral contra um conjunto de forças que forma hoje o maior conglomerado terrorista do mundo, EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Jovens norte-americanos começam a perceber que nem tudo se resume a sanduíches da rede Mcdonald’s, ou tênis de marcas famosas, confeccionados por trabalhadores/escravos em países africanos, asiáticos, com o tradicional e cada vez mais intenso “made in China”.

E que a “verdade” revelada pela mídia norte-americana, pelo governo, nada mais é que o conjunto de interesses dessa tétrica organização terrorista. A mentira repetida a exaustão.

Mentiras que levaram o país a guerras contra o Iraque e o Afeganistão, bilhões de dólares para garantir interesses de grupos econômicos, serviços de inteligência e segurança nacional privatizados, todo um filme de horror que ameaça algo muito maior que os EUA. O mundo inteiro.

Muammar Gaddafi é um ditador. Líder de uma revolução nacionalista acabou encurralado pelos EUA e juntou-se ao círculo de ditadores que dançam segundo a música tocada em Washington. Nem sempre o que parecer ser é de fato, caso de Gaddafi.

Os terroristas norte-americanos sabem que é fácil e barato comprar generais em países do mundo inteiro. Adoram brinquedinhos de guerra (aquelas lanchas que crianças usam para brincar em banheiras, por exemplo). E nem todos se chamam Henrique Duffles Baptista Teixeira Lott, ou Moreira Lima e outros. Há os que se chamam Castello Branco, Garrastazu Médici, Pinochet, Vidella. Mubarak e vendem seus países a preço de banana, com garantia de manter o povo distante de qualquer decisão.

Quando tenta, o povo, se aproximar, existe sempre um Brilhante Ulstra para prender, torturar, estuprar e matar. Ou um governo nazi/sionista como o de Israel.

O que acontece na Líbia é uma intervenção descarada dos Estados Unidos e de Israel através da CIA – uma das empresas do conglomerado – na tentativa de derrubar a ditadura de Gaddafi, enrolar o povo líbio e garantir o petróleo de cada dia às empresas partícipes do conglomerado.

Líbios? Vão olhar com os olhos e lamber com a testa como está acontecendo com os egípcios.

Dispõe, o conglomerado terrorista, de arsenal suficiente para destruir todo o mundo e da mídia privada sempre pronta a mentir, distorcer e com isso alienar.


Controla a maior parte dos governos/colônias da chamada Comunidade Européia – uma das grandes empresas do conglomerado – onde o principal debate é o fato de Barack Obama não ter sido convidado para o casamento do príncipe filho de Charles, neto de Elizabeth II, bibelô que mantêm conservado em formol para situações de emergência. Aquela volta de carruagem do palácio ao parlamento, por exemplo, para fingir que o império existe, enquanto milhões de Homer Simpsons, embasbacados, assistem e se extasiam com a pompa de sua majestade (alguns afirmam que estão tentando contornar o problema Obama, nem que o branco disfarçado de negro entre pela porta dos fundos na condição de penetra. Afinal ele é só engraxado e detentor nominalmente, da maioria das ações do conglomerado).

Isso entre os intervalos do BBB, quando se trata do Brasil, pelo menos nessa época.

O futuro do povo líbio cabe ao povo líbio decidir sem qualquer tipo de pressão internacional. A revolta popular no Egito alertou os EUA e Israel para a necessidade de aumentar os recursos disponíveis a generais de países do Oriente Médio, no afã de garantir a democracia cristã e ocidental.


Um jabaculê a mais para policiais (do tipo desses padrão tropa de elite e que arrancam roupa de suspeitos/as) e políticos com placa de vende-se à porta de seus gabinetes. No caso do Rio por exemplo, o governador sacramentou uma irregularidade para beneficiar Luciano Hulk, mas o prefeito, seu aliado, não tem os remédios obrigatórios e gratuitos para doentes de sua cidade.

A verba que estava aqui, sumiu.

 Barack Hussein Obama foi eleito pelos jovens, depois de derrotar Hilary Clinton, sua adversária no partido Democrata com a força desses jovens. Presidente, rendeu-se à evidência que não existia mais a nação norte-americana, mas um conglomerado terrorista associado a Israel e aceitou representar parecer negro, assinando todos os papéis que lhe são postos à frente, inclusive aqueles que autorizam a CIA a contratar mercenários para garantir os poços de petróleo da Líbia.

Os negócios acima de tudo.

Em Madison as milhares de pessoas que protestam contra as propostas do governador republicano já perceberam que mesmo com a ausência dos senadores democratas (oposição), e mesmo com o STATE CAPITOL ocupado, republicanos vão votar e aprovar os cortes.

Constatação de um senador democrata – “é o fim do processo democrático”.

Fim onde? Na tela? The end depois do beijo apaixonado de Elizabeth Taylor e Richard Burton?

Onde existe esse trem nos EUA? Esse troço? Essa tal de democracia?

Nos restos mortais de Tereza Lewis?

Nas vítimas de Hiroshima e Nagazaki?


Nos presos e torturados no Iraque, assassinados pela “democracia”?


Nos civis mortos no Afeganistão?


Nos presos do campo de concentração de Guantánamo?


Na extradição de Julian Assange?


Pode estar começando a querer existir em Madison, Wisconsin. Vai ter que chegar ao Texas antes que George Bush monte seu alazão e saia mundo afora despejando bombas e atos patrióticos.


É Hitler e seus delírios em estado de perfeição absoluta. O poder de destruir o mundo cem vezes se necessário for. 


O tacão nazi/sionista está sufocando a Líbia e o povo líbio.


Aqui a GLOBO vende isso com a recomendação de dentistas “íntegros” que colgate torna o sorriso mais branco e permite beber água gelada. No caso de azia tem um farmacêutico de aluguel pronto a indicar o medicamento necessário.


Comprado né, porque direito à saúde, logo a medicamentos, Eduardo Paes não tem a menor noção disso. Só de quero o meu.


É um exército mercenário que vai desde generais egípcios a “recos” governando o Rio. 

PS - dizem que FHC invocando sua condição de "príncipe" está tentando descolar um convite para o casamento do herdeiro do trono inglês. Chegou a prometer um pedaço do bolo a José Arruda Serra. E se mostra disposto a submeter-se a um exame de sangue para provar que o seu é azul. 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

País do conhecimento, potência ambiental



 Blog do Planalto
 Posted: 20 Feb 2011 04:45 AM PST
 Dilma Rousseff

Hoje, já não parece uma meta tão distante o Brasil se tornar país economicamente rico e socialmente justo, mas há grandes desafios pela frente, como educação de qualidade
Há 90 anos, o Brasil era um país oligárquico, em que a questão social não tinha qualquer relevância aos olhos do poder público, que a tratava como questão de polícia.

O país vivia à sombra da herança histórica da escravidão, do preconceito contra a mulher e da exclusão social, o que limitou, por muitas décadas, seu pleno desenvolvimento.

Mesmo quando os grandes planos de desenvolvimento foram desenhados, a questão social continuou como apêndice e a educação não conquistou lugar estratégico. Avançamos apenas nas décadas recentes, quando a sociedade decidiu firmar o social como prioridade.

Contudo, o Brasil ainda é um país contraditório. Persistem graves disparidades regionais e de renda. Setores pouco desenvolvidos coexistem com atividades econômicas caracterizadas por enorme sofisticação tecnológica. Mas os ganhos econômicos e sociais dos últimos anos estão permitindo uma renovada confiança no futuro.

Enorme janela de oportunidade se abre para o Brasil. Já não parece uma meta tão distante tornar-se um país economicamente rico e socialmente justo. Mas existem ainda gigantescos desafios pela frente. E o principal, na sociedade moderna, é o desafio da educação de qualidade, da democratização do conhecimento e do desenvolvimento com respeito ao meio ambiente.
Ao longo do século 21, todas as formas de distribuição do conhecimento serão ainda mais complexas e rápidas do que hoje.
Como a tecnologia irá modificar o espaço físico das escolas? Quais serão as ferramentas à disposição dos estudantes? Como será a relação professor-aluno? São questões sem respostas claras.

Tenho certeza, no entanto, de que a figura-chave será a do educador, o formador do cidadão da era do conhecimento.
Priorizar a educação implica consolidar valores universais de democracia, de liberdade e de tolerância, garantindo oportunidade para todos. Trata-se de uma construção social, de um pacto pelo futuro, em que o conhecimento é e será o fator decisivo.

Existe uma relação direta entre a capacidade de uma sociedade processar informações complexas e sua capacidade de produzir inovação e gerar riqueza, qualificando sua relação com as demais nações.

No presente e no futuro, a geração de riqueza não poderá ser pautada pela visão de curto prazo e pelo consumo desenfreado dos recursos naturais. O uso inteligente da água e das terras agriculturáveis, o respeito ao meio ambiente e o investimento em fontes de energia renováveis devem ser condições intrínsecas do nosso crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável será um diferencial na relação do Brasil com o mundo.

Noventa anos atrás, erramos como governantes e falhamos como nação.

Estamos fazendo as escolhas certas: o Brasil combina a redução efetiva das desigualdades sociais com sua inserção como uma potência ambiental, econômica e cultural. Um país capaz de escolher seu rumo e de construir seu futuro com o esforço e o talento de todos os seus cidadãos.

DILMA ROUSSEFF é a presidente da República.

Mulheres conduzem luta pelo meio ambiente


Por Dahr Jamail, da IPS


Ciudad Romero, El Salvador, 23/2/2011 – Um poderoso movimento social, destinado a proteger os recursos naturais e adaptar-se à mudança climática, apoia-se em mulheres que assumiram papeis de liderança nesta região costeira de El Salvador.

Cristina Reyes cumpre seu segundo período como presidente da junta diretora da comunidade Ciudad Romero, no departamento de Usulután, no Pacífico. O trabalho feito, motivo de sua reeleição, vai desde conseguir eletricidade, água potável e estradas até instalar serviços de combate à violência contra as mulheres. Antes desta fase de construção, sua vida e a de muitos na região pode ser contada como uma história épica de aventuras, sobrevivência e resistência.

Cristina e sua família tiveram que fugir de sua aldeia natal nos anos de violência política que desembocaram na guerra civil (1980-1992), que deixou cerca de 75 mil mortos. Escondendo-se com uma irmã na selva, fugindo dos militares que combatiam toda a oposição apoiados pelos Estados Unidos, Cristina buscou refúgio na vizinha Honduras. Contudo, “em 1980 tivemos de regressar porque os militares hondurenhos realizavam uma campanha de repressão contra a sociedade exatamente como a de El Salvador”, recorda Cristina. De volta ao seu país, “o Exército continuava com a mesma política”.

Cristina descreve ações brutais como o incêndio de casas, as prisões e a repressão contra sacerdotes católicos que defendiam os direitos humanos. O nome da que agora é sua comunidade é homenagem a um deles, o arcebispo Óscar Arnulfo Romero, assassinado em 1980 quando rezava a missa. “Ao voltar para casa não restava nada, nem um cachorro. Nos juntamos à guerrilha por causa dos massacres que presenciamos”, recorda.

Na época, diferentes grupos armados haviam se unificado na Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN). Cristina e sua irmã trabalhavam em uma emissora de rádio da insurgência e ajudavam as mulheres que haviam perdido seus maridos e filhos na guerra. Essas tarefas a levaram a somar-se a organizações de mulheres na capital e finalmente mudar-se para a região do baixo Rio Lempa, em Usulután, onde Ciudad Romero e outras comunidades se formaram pelos ex-combatentes e refugiados que voltavam ao país.

Hoje olha para frente. “Ajudamos a criar programas de alimentos e agora trabalhamos para melhorar o serviço elétrico. E temos plano de construir um hospital” afirma. Cristina faz parte de um movimento social que se aglutina na Coordenadoria do Baixo Lempa e Baía de Jiquilisco, uma coalizão de grupos de base que atuam em mais de cem comunidades desta região que a Unesco declarou em 2007 Reserva da Biosfera Xiriualtique Jiquilisco. Trata-se de uma planície costeira, banhada pelo Rio Lempa e margeada por mangues.

As juntas diretoras de cada comunidade, constituídas legalmente, são as encarregadas de tomar as decisões políticas. A Associação Mangue, que faz parte da Coordenadoria, funciona como resposta às frequentes crises causadas pela mudança climática: inundações e transbordamento de rios. O movimento social tenta fortalecer a agricultura sustentável e diversificada, a alimentação orgânica, a segurança alimentar e a adaptação às alterações do clima.

“Neste movimento as comunidades cuidam de seus próprios recursos”, explica à IPS Estela Hernández, que integra a junta diretora da Associação Mangue. “E, ao mesmo tempo, trabalhamos para que as políticas do novo governo nacional incluam nossas ações para conseguir a soberania alimentar, o manejo ambiental e hídrico e a tomada de decisões no plano local”, afirma Estela, entrevistada em seu escritório.

O novo governo nacional do qual fala Estela está nas mãos do FMLN, que deixou as armas após os acordos de paz de 1992 e, convertido no principal partido opositor, ganhou as eleições de 2009, levando a esquerda ao poder pela primeira vez neste pequeno país de seis milhões de habitantes.

Maria Elena Vigil, também dirigente da Associação Mangue, dedica-se a organizar a população afetada pelas operações da estatal Comissão Executiva Hidrelétricas do Rio Lempa (CEL), que administra quatro empresas. Na estação chuvosa, as descargas de água de uma delas, a 15 de Setembro, às vezes sem aviso, destruíam as plantações rio abaixo. Assim foram perdidos muitos cultivos, e “inclusive algumas vidas”, assegura. “As comunidades estão sumindo pela inundação. Assim, as estamos organizando contra as hidrelétricas”, completou Maria Elena.

Maria Elena também tem tempo para combater as práticas da indústria açucareira local, que aplica nos canaviais produtos agrotóxicos aos quais se atribui o aumento de doenças como a insuficiência renal. “Há mais doenças. O veneno cai dos aviões usados para aplicá-los e entra em nossa comida e nossa água, e inclusive atinge os mangues da costa”, descreve.

Dolores Esperanza Maravilla coloca sua capacidade de organização a serviço da resistência contra a CEL, a qual responsabiliza por agravar as inundações. “As hidrelétricas são responsáveis por isto. E há outras falhas como esta”, disse Dolores, apontando uma terraplenagem rachada pelas inundações de alguns meses atrás.

Ela foi uma das primeiras a chegar ao lugar quando a barreira cedeu, e usou as fotos que fez do desastre com seu telefone celular para exigir do Ministério da Agricultura que se fizesse presente na área e tomasse medidas. Além destes esforços, muitas mulheres salvadorenhas assumiram a tarefa de estudar, aproveitando um programa nacional de alfabetização.

Em um círculo de leitura e escrita organizado na aldeia de El Carmen, três mulheres resolvem problemas matemáticos com a conversão de divisas. “Esperamos muito por isto”, disse uma delas, María Concepción Ortillo. “A guerra nos impediu de estudar, a maioria de nós estava na guerrilha ou no Exército. Hoje estou feliz de estar aqui e que as mulheres possam avançar na sociedade”.

Para Cristina, um dos êxitos maiores é “a confiança que damos umas às outras e, sobretudo, como combinamos isto com a criação dos filhos”. Ela ajudou a construir um abrigo administrado por sua comunidade, que proporciona assistência psicológica e um mecanismo para que as mulheres possam denunciar de forma confidencial se sofrem violência doméstica ou abuso sexual e consigam ajuda.

Sua própria vida é um exemplo do papel relevante que as mulheres estão desempenhando na organização social da região. “Estamos em um lugar onde tentamos fazer mais pelas mulheres. Esperamos o futuro e mais trabalho como este”, disse. Envolverde/IPS


(IPS/Envolverde)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cientistas reagem à flexibilização do Código Florestal


Por Luana Lourenço , da Agência Brasil 

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) preparam uma reação aos argumentos ruralistas para a aprovação das mudanças no Código Florestal propostas pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

As entidades divulgaram na última semana um resumo executivo de um estudo que deve provar cientificamente que as flexibilizações previstas no relatório de Rebelo comprometem o futuro das florestas do país.  O texto foi reproduzido pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Entre outros pontos, os cientistas discordam da redução da área de preservação permanente (APP) na margem de rios, da possibilidade de regularizar plantios em topos de morros e da recomposição de áreas de reserva legal com espécies exóticas.

No estudo, que deve ser divulgado na íntegra nas próximas semanas, os cientistas argumentarão que a área utilizada pela agropecuária no país pode ter a produtividade maximizada sem necessidade de novos desmatamentos, com investimentos em pesquisa e tecnologias.  E que é preciso compensar as perdas ambientais provocadas pelo histórico de produção insustentável.

“O contraponto do sucesso econômico da agricultura tropical se manifesta no aumento das pressões sobre o meio ambiente, com agravamento de processos erosivos, perda de biodiversidade, contaminação ambiental e desequilíbrios sociais.  Fica evidente que há necessidade de medidas urgentes dos tomadores de decisão para se reverter o atual estágio de degradação ambiental provocada pela agropecuária brasileira”, diz o sumário executivo.

Com o documento, a SBPC e a ABC pretendem ampliar a discussão sobre as mudanças no Código Florestal e protelar a votação do texto de Rebelo.  O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) havia anunciado a votação para a primeira quinzena de março.  No entanto, decidiu criar um grupo com representantes das bancadas ruralista e ambientalista para discutir o tema, sinal de que a votação deve ser adiada.

Nos últimos dias, os ruralistas têm aumentado a pressão para tentar votar o relatório de Rebelo ainda em março.  O texto foi aprovado em uma comissão especial em julho do ano passado e está pronto para ir a plenário.

A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), disse que há risco de inflação no preço dos alimentos se houver mudanças na lei florestal.  Segundo a CNA, se não houver flexibilização no Código Florestal, os agricultores com irregularidades ambientais não terão acesso a crédito e a produção vai diminuir.

Edição: Rivadavia Severo

(Envolverde/Agência Brasil)


Estudo do Ipea alerta para desconhecimento da biodiversidade brasileira com risco às espécies

Por Gilberto Costa, da Agência Brasil 

Técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) constataram, por meio da análise de estudos de variabilidade genética, que há, no Brasil, desconhecimento sobre as espécies e o meio ambiente em todas as regiões, o que afeta as possibilidades de preservação de animais e plantas, inclusive os mais ameaçados.

Os dados foram divulgados nesta (17) e fazem parte do Comunicado Ipea, Série Eixos do Desenvolvimento Brasileiro, intitulado Sustentabilidade Ambiental no Brasil: Biodiversidade, Economia e Bem-Estar Humano.

O Ipea reconhece que “o conhecimento e a conservação dos biomas brasileiros têm avançado bastante nos últimos anos”, conforme constatado no capítulo que traz o levantamento dos biomas brasileiros, onde há referência ao início recente do monitoramento por satélite do desmatamento no Cerrado e na Caatinga.

Em outro trecho da publicação, os técnicos, no entanto, constatam que há um profundo desconhecimento sobre genes e espécies, o que inviabiliza a proteção.  “O fato é que aproximadamente 75% das espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção não são objeto de quaisquer medidas de manejo”.

Na conclusão, os técnicos sugerem que “o potencial da perda de biodiversidade seja considerado, efetivamente, no âmbito decisório, quando da implementação de políticas e ações, nas esferas pública e privada, de forma a evitá-la ou mitigá-la.  Merecem destaque as obras de infraestrutura e o uso do solo para as chamadas atividades produtivas, por serem importantes vetores associados a essa perda”.

A pesquisa, no entanto, não calcula o valor do “capital natural” da biodiversidade sob ameaça em território brasileiro, porém compila a estimativa de estudos anteriores de que 30% dos fármacos disponíveis em todo o mundo derivam diretamente de fontes naturais.

A ignorância científica que afeta a atual produção de remédios, se associada ao problema de extinção de espécies, pode comprometer a cura de doenças, conforme registra a publicação.  “Entre essas perdas, podem estar as chaves para a cura de doenças, o aumento da produção de alimentos e a resolução de muitos outros problemas que a humanidade já enfrenta ou enfrentará”.

Segundo os dados apresentados pelo Ipea, os estudos genéticos sobre as espécies estão concentrados na Amazônia e na Mata Atlântica, mesmo assim em quantidade insuficiente.  Em todo o país, não há nenhum estudo genético sobre os genes de anfíbios ameaçados de extinção e apenas de 3% das aves.  Sobre répteis, esses estudos não passam de 15% e, sobre mamíferos, de 22%.

“Isso dificulta o mapeamento da erosão genética”, aponta Nilo Luiz Saccaro Júnior, fazendo referência à perda de variabilidade genética, mecanismo importante para a perpetuação das espécies.  A informação sobre a constituição genética das espécies é fundamental, por exemplo, em programas de defesa de espécies ameaçadas.

Os pesquisadores do Ipea ponderaram que os licenciamentos ambientais para obras de infraestrutura são concedidos sem que haja conhecimento total sobre animais, plantas e regiões afetadas.  “Os EIA-Rima [Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental, usados para a concessão de licenças ambientais] são estudos rápidos.  Apesar de ser o melhor disponível, não é [um tipo de estudo] completo”.  Segundo o pesquisador do Ipea Albino Rodrigues Alvarez, os licenciamentos ambientais são feitos com base “no estado da arte do que se conhece”.

Edição: Lana Cristina

(Envolverde/Agência Brasil)

A Descoberta da Pólvora


Laerte Braga

O que querem os jovens árabes? Ocidentalizar seus países, jogar por terra uma cultura de milênios e instalar em cada esquina uma loja da cadeia MaDonalds substituindo seus valores por um hambúrguer e um monte de suas variedades?

Coca cola, tênis de marca, jeans que soa como liberdade?

Só é possível entender uma revolução contra regimes ditatoriais de figuras abjetas, caso do presidente do Egito o general Hosni Mubarak, ou o da Líbia, o coronel Muamar Gaddafi, o do Iêmen, do Barein, o rei saudita, se houver um propósito definido nessa ânsia de democracia.

Democracia tutelada pelos generais egípcios com Mubarak numa estação de veraneio?

Democracia na definição clássica “é o governo do povo, pelo povo e para o povo”. A intervenção norte-americana (por enquanto através de pressão e controle exercido sobre os militares do Egito) sepulta qualquer chance de democracia.

Aceitar passivamente a política terrorista do governo de Israel, ignorar o drama do povo palestino?
No final da semana passada os EUA vetaram uma resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU que condenava os assentamentos israelenses em terras palestinas. O direito de veto das chamadas grandes potências equivale ao de definir o mundo ao sabor dos seus interesses.

O governo egípcio de Hosni Mubarak vendia petróleo a Israel por preços abaixo dos do mercado internacional por conta de um acordo feito debaixo de fortes pressões norte-americanas e os generais continuam a honrar o desonroso acordo.

A passagem de navios da Marinha do Irã pelo Canal de Suez provocou protestos de Israel e o governo de Barack Obama disse que iria “monitorar” o canal. 

Uai! Quem manda no Egito? Os egípcios ou os norte-americanos E seus generais cheios de medalhas por ajudar velhinha a atravessar a rua, ou por cárceres cheios de opositores torturados?

As “preocupações” da comunidade internacional com as revoltas nos países árabes cingem-se aos “negócios”, aos seus interesses e a garantia da impunidade das práticas terroristas do governo de Israel.
Não existe nenhuma comoção com a vontade dos povos árabes de encontrar seu próprio caminho a partir de seus valores, suas vontades, pois na cabeça dos norte-americanos o que não é “made in USA” não presta.

As forças armadas desses países, em sua esmagadora maioria, está corrompida pelos ditadores e pelos EUA (não é o caso da Líbia, por enquanto).

Militares como Gadfafi promovem revoluções libertárias e nacionalistas e ao se instalar no poder jogam o ideário fora, criam verdadeiras aberrações em matéria de ditaduras, se ditadura, qualquer uma, por si só, não seja em si uma aberração.

A região é rica em petróleo. A guerra do Iraque foi montada em cima de uma farsa – armas químicas e biológicas – para que norte-americanos e suas colônias européias pudessem – como fizeram – ratear o petróleo.

São os povos árabes, só os povos árabes que devem decidir e definir os rumos que pretendem.
Quando o governo de extrema-direita da França fala em violência na Líbia, esquece-se da violência de franceses contra os argelinos na luta pela independência do País. Nem tão remota assim, nas décadas de 50 e 60 do século passado. Menos ou pouco mais de 50 anos.

Quando Barack Obama vai compungido para as redes de tevê no show do conglomerado EUA/ISREAL TERRORISMO S/A falar em liberdades e direitos humanos nem se lembra do campo de concentração de Guantánamo, das prisões no Iraque, ou de bombardeios – sábado houve outro – contra civis no Afeganistão e muito menos das revelações feitas pelo site WIKILEAKS sobre a barbárie norte-americana em cada canto do mundo.

Do massacre de civis na Colômbia, no Haiti (com a cumplicidade dócil e submissão do governo brasileiro).

Investem logo contra o Irã. O demônio preferido do momento. Os presidentes no Irã são eleitos pelo voto e após a revolução islâmica seis iranianos já presidiram o país.

A falta de lideranças de oposição nos países árabes acaba por permitir que velhos generais mantenham o poder, mantenham as estruturas das ditaduras e a submissão aos EUA. É o que está acontecendo no Egito.

Massacre! Existe na história da humanidade massacre maior que as bombas despejadas sobre Hiroshima e Nagazaki?

Ou o napalm sobre as florestas do Vietnã? O uso de balas de urânio empobrecido contra iraquianos pelos rapazes de Bush e Obama?

Só aos povos árabes cabe decidir o seu destino. 

Que diferença existe em Obama e Gaddafi exceto no fato de Obama dispor de Hollywood e bons diretores para sua farsa?

O que é Obama além de um pastel de vento na força predadora e estúpida de um conglomerado terrorista – EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A –.

A democracia e a liberdade, os direitos humanos do ponto de vista dos EUA terminam quando seus aliados são ameaçados, suas colônias na Ásia, na África, na Europa?

Há todo um processo de barbárie implementado a partir de Washington. De um poder imperial e sem entranhas, onde o próprio povo norte-americano começa a ser cada vez mais entorno do conglomerado que governa o país e dia a dia vai se tornando mais doente na doença do capitalismo, no fundamentalismo do deus mercado, no terror de arsenais nucleares.

No Brasil não é muito diferente. A democracia tem forma na Constituição, mas a Polícia Militar do Estado de São Paulo prende e algema uma professora que trazia em sua bolsa um tablete de rapadura achando que fosse uma droga.

Ou na escrivã, também São Paulo, que é despida por delegados para ser revistada numa brutal violência contra a mulher.

Esse tipo de violência é intrínseco ao poder totalitário entranhado na cultura dos povos do mundo inteiro por conta desse tentáculo terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Invadem uma favela e matam dois inocentes alegando que estavam travando tiroteio com traficantes. Quantos policiais não sobem aos morros para buscar a “gratificação”?

O que tem uma coisa a ver com a outra? A ditadura escancarada em muitos países a forma “suave” de barbárie que permeia todas as nações do mundo.

Ao apagar das luzes da ditadura militar no Brasil o general Octávio Medeiros, um dos mais influentes ministros de Figueiredo, disse a jornalistas que eleições diretas só em 1990, isso em plena campanha DIRETAS JÁ.

Medeiros foi um dos responsáveis pelo atentado fracassado do Riocentro.

O que ocorre nos países árabes é um preâmbulo do futuro de países latinos, asiáticos e africanos submetidos a democracias construídas sobre escombros de ditaduras, ou a ditaduras mesmo.
É um processo, é a história.

O que os árabes estão a fazer é a descoberta da pólvora. De uma forma ou de outra, mesmo que não saibam que caminho tomar numa eventual bifurcação, cabe a eles, só a eles decidir o destino de seus países.

O conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A quer apenas comprar borracha e vender pneu.

E controlar generais especialistas em ajudar velhinhas a atravessar a rua. Dá direito a medalha. 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

'Apropriação de terras' prejudica agricultores de países pobres

Fonte: Deutsche Welle

Investidores de países industrializados e emergentes compram cada vez mais terras em países em desenvolvimento. Agricultores locais são quem perdem com o fenômeno do Land-Grabbing.

Em 2008, o governo de Madagascar pretendia vender um quarto de toda a terra arável da ilha à multinacional sul-coreana Daewoo. No entanto, os governantes não contaram com os enfurecidos agricultores locais, que protestaram intensamente contra a medida. No ano seguinte, foram esses mesmos agricultores que derrubaram o governo de Madagascar.

Land-Grabbing (apropriação de terras, em inglês) é o termo utilizado para designar as compras de grandes porções de terras, seja por Estados ou por empresas, em países em desenvolvimento.

A fim de assegurar o abastecimento de alimentos em seus países, nações muito populosas ou que são pobres em fontes de água, como China, Índia, Coreia do Sul ou Estados do Golfo Pérsico, compram grandes porções de terra em países economicamente desfavorecidos, enchendo os bolsos dos governos desses países com bilhões de euros.

Os agricultores locais, que há gerações trabalham nessas terras, acabam ficando sem nada. Os sistemas tradicionais de uso dessas terras e a falta de cadastro dos agricultores fazem com que os governos as considerem como sem uso e as venda, ainda que milhares de famílias de agricultores vivam nessas propriedades, explica Martin Bröckelmann-Simon da Misereor, organização da Igreja Católica alemã para a ajuda ao desenvolvimento. Isso significa que esses agricultores terão que, muitas vezes em brevíssimo espaço de tempo, abandonar suas terras.

Fome, pobreza e êxodo rural

São justamente os países em desenvolvimento que dependem do capital internacional. Os governos desses países atraem, com concessões e estímulos, Estados e empresas ávidos por adquirir terras. Desses investimentos bilionários, os agricultores não veem sequer um centavo. Em vez disso, esse dinheiro é direcionado para projetos de prestígio. Por exemplo, no caso do Quênia, lá o Emirado do Catar cultiva frutas e verduras numa área de 40.000 hectares. Em contrapartida, o Catar deverá construir um porto no valor de 2,3 bilhões de euros.

Além disso, a crescente demanda de energia, tanto dos países industrializados quanto dos países emergentes, faz com que cada vez mais terras sejam compradas para produção de biodiesel. A China planeja na República Democrática do Congo a maior plantação de óleo de dendê do mundo. Estima-se que a área arrendada pelos chineses tenha uma superfície de 2,8 milhões de hectares.

A destruição da agricultura doméstica tem uma consequência dramática para os países em desenvolvimento. A soberania alimentar dos países que recebem esses investimentos estará severamente em risco, justamente por causa dessas aplicações", argumenta Bröckelmann-Simon da Misereor. Com isso crescem os problemas relativos à fome, à urbanização e à pobreza, explica.

Crise financeira fortaleceu fenômeno

Números confiáveis relativos à dimensão do Land-Grabbing não existem. A venda de grandes porções de terras acontece, na maioria das vezes, às escuras.

No entanto, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que, entre 2006 e 2009, países industrializados e emergentes compraram cerca de 33 milhões de hectares de terras em países em desenvolvimento, uma área que equivale quase ao território da Alemanha.

O Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar (International Food Policy Research Institute), em Washington, estima que o volume de investimentos é de 30 bilhões de dólares. Desde o início da crise financeira em 2008, o fenômeno de compra de terras em países em desenvolvimento cresce significativamente, diz Marita Wiggerthale da organização de ajuda humanitária Oxfam na Alemanha. A terra se tornou um investimento financeiro atraente e, por isso, ocorreu uma correspondente compra especulativa de terras, explica.

Legislação internacional

A FAO trabalha com governos e ONGs no sentido de estabelecer um arcabouço jurídico internacional, a fim de solucionar o problema da apreensão de terras.
Até o final do ano, tal legislação deverá ser aprovada. Esse código deve assegurar que os governos sejam obrigados a prestar contas à sua população, postula Marita Wiggerthale, da Oxfam. No final, eu acredito que a questão mais importante é se essa legislação será devidamente implementada ou se nós vamos ter apenas um mero pedaço de papel, que, de fato, ninguém realmente levará a sério, explica.

Autor: Christoph Ricking (pp)
Revisão: Carlos Albuquerque

Colômbia é líder mundial em deslocamento forçado


Por Helda Martinez, da IPS 

Bogotá, Colômbia, 18/2/2011 – “Queremos gritar ao mundo e ninguém poderá nos calar: o deslocamento forçado de pessoas continua na Colômbia e por isso pedimos solidariedade. Não somos terroristas, não somos criminosos, somos camponeses que tiveram roubados seus direitos e sua dignidade”. Assim disse à IPS, com raiva e tristeza, um líder popular do departamento de Tolima, que pediu para não ser identificado devido a ameaças, diante da Agência Presidencial para a Ação Social e a Cooperação Internacional, onde forças de segurança impediram, na semana passada, outro protesto de camponeses que perderam suas terras por causa dos enfrentamentos armados.

Cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre 1985 e 2010, foram tiradas das zonas rurais, segundo um informe, divulgado no dia 16, pela não governamental Consultoria para os Direitos Humanos e o Deslocamento (Codhes). Este número confirma que a Colômbia continua no topo da lista de países com maior quantidade de pessoas obrigadas a deixar suas casas e refugiadas pela violência política, como já havia indicado em 2009 o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

O estudo “Consolidação do que?. Um informe sobre deslocamento, conflito armado e direitos humanos na Colômbia em 2010” foi concluído no período de transição do governo de Álvaro Uribe (2002-2010) para o atual de Juan Manuel Santos, afirmaram os autores. “Ao contrário de seu antecessor, o presidente Santos promove o diálogo nacional e político, inclui a paz em sua agenda e reivindica o direito das vítimas”, ressaltaram.

Acrescentaram que “é cedo para saber se a virada se consolidará”, mas a esperança é conseguir uma “solução militar para o conflito armado que afeta o país” desde começo dos anos 1960. Esta guerra obrigou, nos últimos 25 anos, “11,4% da população colombiana a mudar de residência, porque sua vida, integridade física ou liberdade ficaram vulneráveis ou ameaçadas”, diz o documento de 140 páginas. Somente nos dois mandatos de Uribe aconteceu metade dos deslocamentos contabilizados.

A Ação Social Presidencial afirmou que 86.312 pessoas tiveram que abandonar suas casas em 2010, mas a Codhes elevou esse número para 280 mil, baseando-se no acompanhamento diário do fenômeno, na verificação de informação e adição de fontes secundárias. Estatísticas analisadas no contexto da violência e do deslocamento em regiões de execução do Plano Nacional de Consolidação Territorial indicam que 32,7% dos refugiados são oriundos de municípios incluídos nessa política de luta contra as guerrilhas esquerdistas.

Esse programa foi adotado por Uribe em 2007 com o pretexto de “cumprir os objetivos de consolidação da Segurança Democrática, manter a confiança dos investidores e avançar na política social efetiva”. Incluiu 86 dos 1.141 municípios em que se divide o país. Em 21 deles foram desenvolvidos projetos de prospecção, exploração ou exportação de minerais, e em outros 14 o plantio de forma intensiva da palma e substituição de cultivos agrícolas pelos destinados a produzir biocombustíveis. Todos são projetos produtivos relacionados com o despojo violento de terras, segundo a Codhes.

A Comissão de Acompanhamento da Política Pública sobre Deslocamento Forçado, formada como resultado de decisões da Corte Constitucional em 2004, assegura que entre 1980 e julho de 2010 foram confiscados mais de 6,6 milhões de hectares por ações violentas atribuídas a grupos armados ilegais. Os departamentos afetados coincidem com as regiões nas quais se desenvolve o Plano, com ênfase nos departamentos de Antioquia e Chocó, com 1,9 milhão de hectares alienados.

A Codhes informa que 44 municípios dos 86 incluídos no Plano fazem parte dos que registraram a maior expulsão de moradores no ano passado, com seis episódios que afetaram mais de 2.684 pessoas e onde foram cometidos 19 massacres nos quais morreram 92 pessoas. Acrescenta que nessa zona foram registrados 176 assassinatos, incluindo indígenas, funcionários públicos, líderes comunitários, um ativista pelos direitos humanos e um jornalista.

O processo de restituição de terras ou concessão se viu envolvido em outra violência extrema, que custou a vida, entre março de 2002 e janeiro de 2011, de 44 líderes de populações deslocadas. A isso se soma a pobreza na qual essas pessoas caem quando têm de se radicar longe de sua origem, com indicadores que chegam a até 70%.

“Meu marido criava animais, tínhamos mulas de arreio, também cultivávamos mandioca, banana, cacau e negociávamos nossa colheita em Norte de Santander. Eles o mataram e tudo ficou lá, enterrado, nas mãos de outros”, contou à IPS Miryam Rojas em 2009, durante a ocupação que refugiados mantiveram por três meses no parque central Tercer Milenio, em Bogotá. “Foi muito difícil. Olhava as escrituras das minhas terras e chorava”, acrescentou.

O diretor da Codehs, Jorge Rojas, disse que o informe questiona a política de Uribe e seu Plano Nacional de Consolidação, porque “em seus primeiros três anos de execução há muitas dúvidas sobre sua efetividade”. Os 5,2 milhões de deslocados colocam este país em primeiro lugar no mundo nessa matéria, seguido de Sudão, Iraque e Afeganistão, segundo o informe da Codhes. Envolverde/IPS

FOTO
Crédito:
Helda Martínez/IPS
Legenda: Jorge Rojas, diretor da Codhes.

(IPS/Envolverde)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Chuvas, chamas e luz


*Cristovam Buarque

As dores não têm escala de medição. Mas algumas são mais profundas, outras mais extensas.

Nada pode ser comparado em profundidade à dor de recuperar o corpo sem vida de um filho soterrado. A extensão desta dor se amplia quando o número de mortos chega a centenas de corpos em uma mesma cidade, como vimos nestas últimas semanas na região montanhosa do Rio de Janeiro.

É de outra escala, mas também forte, a dor daqueles que, nestes últimos dias, viram seus sonhos de alegria incinerados pelas chamas.

Muito diferente é a dor, sem choros, mas extensa socialmente, daqueles que percebem a tragédia, nestes mesmos dias, da volta às aulas nas escolas do Brasil. As crianças voltam até com alegria pelo reencontro
de amigos, pela algazarra da convivência. Mas, olhando com mais cuidado, percebe-se que neste imenso movimento de quase 53 milhões de alunos, outros 50 milhões de pais, dois milhões de professores, em
cerca de 200 mil escolas, há um processo de soterramento e de incineração do futuro.

Ao longo da nossa história, nossas crianças têm sido matriculadas em escolas defasadas das exigências educacionais necessárias para o século XXI. Em conseqüência deste passado, apesar de esforços recentes, em pleno século XXI, cerca de 3% do total de nossas crianças não ingressarão na escola este ano. Parece pouco e muitos comemoram a diinuição desta exclusão em relação às últimas duas décadas, mas esquecem que esta pequena percentagem significa cerca de dois milhões de crianças.

Dos que se matricularão e voltarão à escola nesta semana, a maior parte ainda não a freqüentará todos os dias ou não assistirá todas as aulas, ou não permanecerá na escola todos os anos da infância e da adolescência.

Dentre os que superarem todas estas falhas, poucos adquirirão o conhecimento necessário para enfrentar os desafios do futuro. Não aprenderão a deslumbrar-se com a beleza das artes, não adquirirão a capacidade de indignar-se com as injustiças, nem o compromisso delutar por um Brasil melhor; nem a sensibilidade cidadã para uma convivência social mais respeitosa e democrática; nem o conhecimento científico necessário para a construção de uma sociedade mais eficiente, sintonizada com a modernidade do mundo.

Nas atuais condições, não mais de 20% terminarão um ensino médio de qualidade satisfatória. O que agrava ainda mais a situação é o fato de que o conhecimento se distribuirá de forma desigual, fazendo da escola o berço da desigualdade, no lugar da escada para a igualdade.

A continuidade deste passado histórico representará uma forma de soterramento do saber, de incineração de cérebros. Hoje não sentimos a dor desta perda, porque banalizamos e nos acostumamos com a tragédia
que acontece de forma indolor, sem chuvas, sem chamas, sem choros.

Mas amanhã, se continuarmos no ritmo do passado, estaremos amarrados a viver em um país com todas as conseqüências do descaso com a educação; com desigualdade, violência, pobreza, uma economia atrasada, mesmo que potente, e até insegurança nas encostas dos morros e nos barracões das escolas de samba.

Com sua repetição secular, a tragédia da deseducação deixa de ser sentida, perdemos consciência dela. Mas quem mergulha no futuro com sentimento patriótico, olhando o que ocorre ao redor, no mundo por vir, sente que falta fazer hoje uma revolução na educação, para assim, construirmos o amanhã.

Para os que têm esta consciência, a dor histórica não tem a profundidade da perda de entes queridos, mas é grande pela extensão de suas conseqüências: o risco da Nação ter seu futuro comprometido.

Felizmente, desperta no Brasil a dor e o sentimento com este risco. Diversas organizações lutam pela necessidade de mudanças na educação. Mas, sobretudo, a fala da presidenta Dilma em seu primeiro
pronunciamento em cadeia nacional traz esperança.

Pela primeira vez em nossa história, um governante nacional escolhe esta data e este tema para falar à Nação, ao invés de outros temas considerados mais importantes. Sobretudo, pela primeira vez ouve-se de
um Chefe de Estado a idéia de que "País rico é país sem pobreza", e o caminho para esse progresso é a educação.

Como a presidenta solicitou, cabe a nós alertarmos, sugerirmos, apoiarmos e cobrarmos tudo que é preciso fazer para realizar a Revolução na Educação que o Brasil precisa e pode fazer. A presidenta mostrou uma luz. Compromete-se com ações e convoca o país, cada cidadã e cidadão a cumprir sua parte na luta por uma revolução na Educação.

* É Professor da Universidade de Brasília e Senador pelo PDT/DF


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Velhos e corruptos generais

Laerte Braga

É uma ilusão vendida pela mídia privada em quase todo o mundo a neutralidade do exército egípcio na crise que vai levando de roldão a ditadura do general Hosni Mubarak. Os velhos generais que controlam as forças armadas são ligados ao ditador, aliados de Israel e corrompidos pelos trinta anos de poder e privilégios.

Se ainda não houve um massacre de revoltosos civis e desarmados é porquebuscam uma alternativa a Mubarak que não mude coisa alguma. E porque não querem chocar o mundo com um banho de sangue. É resultado da ação dos Estados Unidos e suas colônias européias e dos interesses do governo nazi/sionista de Israel. É necessário não deixar rastros da barbárie.

A mídia independente em países europeus, mesmo privada, já noticia que aviões israelenses desembarcaram no Cairo com armas especiais para dispersar protestos, manifestações, enfim, por fim à rebelião.

Em dois de setembro de 1945 Ho Chi Min proclamou a independência da República Democrática do Vietnã. Na derrota militar francesa em Dien Bien Phu, a partilha do Vietnã ficou consolidada até a expulsão dos  norte-americanos, no início da década de 70 do século passado.

Os norte-americanos ao perceberem a iminência da derrota dos franceses ofereceram duas bombas atômicas emprestadas para que Paris pudesse fim à guerra. Os franceses tiveram o bom senso de não aceitá-las.

Na década de 80 do século XX Israel colocou à disposição do presidente branco da África do Sul, Frederik Willem de Klerk, uma bomba atômica para acabar com a luta do povo negro e garantir a hegemonia da população branca, minoritária.

Era tarde. A mesma bomba foi oferecida a Pieter Willem  Botha. Em 1994, após anos na prisão, Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul e terminava o regime do apartheid.

São Tomás de Aquino entendia que a guerra pode ser justa desde que preencha condições como ser declarada por uma autoridade legítima, ser por uma causa justa e ser conduzida sem ódio e excluindo a mentira (Suma Teológica, II, 40.).

João XXIII na encíclica MATER ET MAGISTRA considera válidos os recursos da luta armada quando esgotados todos os demais. Essa posição não foi revista pelo papa Paulo VI e nem no breve período de João Paulo I, o cardeal Albino Luciani. Os dois “papas” seguintes, João Paulo II e o atual Bento XVI tiveram e têm o caráter fascista da igreja absolutista e medieval. Bárbara.

São criminosos.

Os egípcios vivem um dilema. Não querem a ditadura militar de Mubarak e seus generais. Não toleram Omar Suleiman, o vice-presidente, ligado aos EUA e a  Israel (responsável pelo massacre de milhares de palestinos que fugiam do genocídio do estado nazi/sionista, pela fronteira entre os dois países, Egito e Israel) e não acreditam que os velhos e corrompidos generais sejam capazes de restaurar a dignidade nacional e os direitos elementares do povo.

A neutralidade dos militares é apenas a impossibilidade de massacrar o povo, o temor de um conflito que se espalhe por todo o Oriente Médio e ponha em risco os interesses dos norte-americanos e de Israel.

Quando os EUA ofereceram à França duas bombas atômicas para por fim à guerra da antiga Indochina nem por um instante se preocuparam com os milhares de mortos caso o governo de Paris tivesse aceito a oferta.

Não tiveram essa preocupação nem em Hiroshima e nem em Nagazaki quando a guerra já estava ganha e as duas bombas foram manifestações estúpidas de força e terrorismo.

Nem Israel se preocupou com os negros africanos quando ofereceu uma bomba nuclear ao governo racista da África do Sul.

O que importava ali, nas duas ocasiões, como o que importa hoje, são os “negócios”.

A Europa Ocidental é uma região do mundo colonizada pelos Estados Unidos. Países como a Grã Bretanha, Suécia, Itália, Alemanha não têm autonomia alguma diante de Washington.

Os povos africanos, asiáticos, latino-americanos e o povo muçulmano são os alvos do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Na década de 60 assumiram o controle das forças armadas dos países latino-americanos (a exceção de Cuba) e impuseram ditaduras cruéis e um poder militar sem entranhas. No Brasil inclusive.

Despejam na Somália lixo atômico e consideram os somalis piratas por se revoltarem contra essa violação clara de sua soberania.

Controlam a mídia privada em boa parte do mundo e se sustentam tanto no espetáculo como no terror dos seqüestros, assassinatos seletivos, campos de concentração, guerras contínuas onde a vitória não importa, importam os negócios.

Os velhos generais egípcios e toda a sua arrogância – Mubarak é um deles –foram derrotados em todas as ações militares que tentaram empreender contra Israel e acabaram aceitando a tutela norte-americana (e o dinheiro lógico). São podres, estão carcomidos pela incompetência, pela corrupção e pela absoluta ausência de compromisso com o Egito.

Não são diferentes da maioria esmagadora das forças armadas em todo o mundo, inclusive a nossa (não aceita a história real da ditadura, prefere manter oculta toda a barbárie do período).

O indicativo de todo esse preconceito veio no discurso do primeiro-ministro britânico, David Cameron, moleque de recados dos EUA, ao anunciar que o multiculturalismo fracassou. Não é bem assim. Não interessa aos “donos” que o multiculturalismo seja uma realidade à medida que atrapalha os negócios e
tanto a guerra como o terrorismo são grandes negócios.

A revolução egípcia não se resume à queda de Hosni Mubarak, um velho corrupto general/ditador. Omar Suleiman é inaceitável para o povo.

Reformas constitucionais não vão garantir aos egípcios que suas vontades e aspirações se materializem. A constituição é autoritária, resulta de um regime ilegítimo.

Estamos assistindo ao começo do fim de um grande império, o norte-americano. O presidente que cava mais fundo a cova desse império é um branco engraxado com graxa preta.

Esse tempo é o tempo da história, não é o tempo cronológico que quase sempre temos como referência.

A revolução egípcia, como antes a revolução islâmica no Irã, transcendem ao Egito, estão para além das fronteiras do Irã e não diz respeito apenas aos muçulmanos.

Mas a todos os africanos, a todos os asiáticos, a todos os latino-americanos. Aos povos do leste europeu onde as hordas de bárbaros dos EUA tentam chegar das mais variadas formas.

É mais ou menos como disse um cidadão comum da Ucrânia. “Estamos ficando cansados de ver nossas mulheres prostituídas pelo Ocidente e os nossos povos escravizados pelo imperialismo dos americanos”.

É bem mais amplo o espectro da revolta de egípcios.

Querem nos fazer crer, através da mídia privada e podre, que muçulmanos são bárbaros, são cruéis, atrasados, para que aceitemos a realidade de assassinos que matam professores e colegas em escolas por conta de uma nota baixa. Querem nos tornar obesos em todos os sentidos com os sanduíches Mcdonalds e toda a parafernália hollywoodiana que exportam.

O império está em declínio e a sociedade norte-americana está doente.

EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, a despeito dos discursos de paz e democracia, neste momento, se tornam bem mais perigosos, pois estão começando a perceber que não basta dar os anéis, terão que dar os dedos também.

E não há ódio no coração dos egípcios. Maomé não revelou o ódio. A misericórdia sim. Mas a passividade diante dos inumanos não. Norte-americanos e nazi/sionistas não são humanos e o próprio povo de Israel
começa a perceber essa realidade.

O mundo não se encerra em minúsculas doença Faustão ou BBB, mas na grandeza do ser humano como tal.

É o que começa a ser mostrada no Egito, uma nação que traz consigo o germe de uma cultura extraordinária e uma história que não comporta nem gente como os velhos e corruptos generais Mubarak, muito menos Suleiman.