Nova universidade federal, em Foz do Iguaçu, terá foco na formação de humanistas com visão integrada e inovadora
Por Paula Dias
Buscar o fortalecimento das relações entre estudantes sul-americanos e valorizar o diálogo intercultural como metodologia de ação. Essa é uma das propostas da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), instituição bilíngue, criada pelo governo brasileiro, que destinará metade das vagas a estudantes e docentes da América Latina.
Com a meta de reunir dez mil alunos e 500 professores até 2015, a universidade - que fica em Foz do Iguaçu, no Paraná - vai oferecer, a partir de agosto, seis cursos de graduação, com 50 vagas cada, e três de pós, ainda sem número de vagas definido.
Desde agosto passado, a Unila funciona em caráter experimental.
Idealizada pelo Ministério da Educação, a instituição apostará em cursos inovadores, que fogem do padrão vigente nas faculdades brasileiras.
Além de as aulas serem ministradas em português e espanhol, o currículo e a metodologia de ensino serão focados em temas que refletem a realidade do processo de internacionalização do Brasil rumo a países como Argentina, Chile, Paraguai, México e Uruguai.
- Nós não teremos cursos tradicionais de direito, engenharia e medicina, por exemplo, mas sim programas com uma perspectiva inter e transdisciplinar, voltada a questões que contribuam para a integração latino-americana - afirma o reitor Hélgio Trindade.
A própria nomenclatura dos cursos de pós-graduação lato sensu que serão oferecidos pela universidade, nesta etapa inicial, já confirma este propósito: "Literatura latino-americana", "Tecnologias para o desenvolvimento social sustentável" e "Pensamento social da América Latina".
Segundo Trindade, a partir de 2011, a Unila começará a organizar cursos de especialização stricto sensu (mestrados e doutorados), em parceria com outras instituições de ensino do Hemisfério Sul.
- Nossa metodologia, tanto na graduação quanto na pós, será baseada em institutos de pesquisa, inovação e desenvolvimento científico sobre diferentes assuntos, que substituem a estrutura tradicional, formada por departamentos - diz o reitor.
Além do Instituto Mercosul de Estudos Avançados (Imea) - que já está em funcionamento -, a Unila terá em breve outros centros interdisciplinares, como os de Cultura e Comunicação; Ciências da Vida, das Águas e do Meio ambiente; de Infraestrutura, Tecnologia e Desenvolvimento e de Economia, Sociedade e Relações Internacionais.
- O Brasil está vivendo um momento de internacionalização que vai além do conhecimento técnico.
As empresas não querem só especialistas, mas sim humanistas com uma visão integrada, inovadora e abrangente - diz Trindade, acrescentando que o objetivo da universidade não é apenas preparar o profissional para o mercado ou complementar sua graduação. - Queremos formar jovens com competências extras a qualquer profissão, capazes de fazer diferença nesse cenário.
Fonte: O Globo, 20/06/10