quarta-feira, 29 de junho de 2011

Testes rápidos para hepatite B e C são útéis para comunidades de difícil acesso

COBERTURA ESPECIAL – CONFERÊNCIA HTAi 2011


Palestrantes discutiram também o uso de PCR para diagnóstico de tuberculose pleural e de marcador inflamatório para pré-eclampsia.
 
AGÊNCIA NOTISA – Os testes diagnósticos são ferramentas fundamentais para os sistemas de saúde pública, pois além de permitirem o estabelecimento de condutas terapêuticas para diferentes quadros clínicos, podem ser utilizados como mecanismos de prevenção na triagem de doenças. Nessa quarta-feira (29), sob coordenação de Bruce Ducan, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e de Sun Robin, da Haute Autorité de Santé, na França, pesquisadores brasileiros apresentaram diferentes estudos sobre o uso desses testes na saúde pública. A sessão fez parte do último dia da 8ª Reunião Anual da Health Technology Assessment International (HTAi), realizada pela Health Techonology Assessment International (HTAi) e pelo Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro.
 
Michael Shlussel, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresentou uma revisão literária que ele e colegas realizaram com o objetivo de avaliar se a concentração sérica da proteína C-reativa no primeiro e segundo trimestres da gestação está associada com pré-eclampsia e se esse marcador inflamatório poderia ser incorporado na rotina médica dos serviços de pré-natal.
 
O pesquisador lembrou que a pré-eclampsia é a complicação mais comum depois da 20ª semana gestacional e está associada com altas taxas de mortalidade materna e morbidade neonatal. Por essa razão, estudos que busquem identificar precocemente esse evento se tornam importantes.
 
De acordo com Michael, a pesquisa por estudos, publicados entre abril de 2010 e abril de 2011, que abordavam esse tema em plataformas de busca científicas resultou na seleção de 16 trabalhos científicos, sendo sete dos EUA, seis da Europa, um da Austrália e dois da América Latina, especificamente da Colômbia e do Chile.
 
Esses estudos, entretanto, eram muito heterogêneos, o que não permitiu uma conclusão sobre a eficácia do teste. Assim, Michael destacou que, no momento, ele e equipe consideram que não há “suporte científico para justificar seu uso como tecnologia na rotina de serviços de saúde de atenção pré-natal para identificar mulheres em risco para desenvolvimento de pré-eclampsia”.
 
Outra tecnologia discutida durante o evento foi a reação em cadeia de polimerase (PCR, em inglês) para diagnóstico da tuberculose pleural. Para avaliar se essa metodologia poderia ser utilizada para identificar o micro-organismo Mycobacterium tuberculosis, Guilherme Geit, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA), apresentou a experiência dessa instituição. Ele contou que 85 pacientes atendidos, entre 2004 e 2009, no HCPA com suspeita de tuberculose pleural foram incluídos na pesquisa. O teste de PCR apresentou, segundo Guilherme, 41% de sensibilidade e 97% de especificidade. Dessa forma, a equipe considerou a metodologia útil e com a vantagem de antecipar o início do tratamento nos casos positivos, pois o resultado é obtido em três dias. Vale lembrar que outras alternativas diagnósticas, por exemplo, a cultura de células revela o diagnóstico em 50 dias.
 
Ao final do evento, Lívia Melo Villar, da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), apresentou um trabalho realizado por ela e colegas sobre o uso de testes rápidos no diagnóstico de hepatite B e C. Segundo ela, essas ferramentas podem ser vantajosas em localidades de difícil acesso, por exemplo, comunidades indígenas da região Norte do Brasil. Embora existam testes rápidos, esses ainda não são validados, por essa razão, os pesquisadores buscaram estabelecer padrões para avaliá-los. Lívia explicou que foram selecionados quatro testes: dois para detectar o antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg, em inglês) – Imuno-Rápido HBV da  Wama Diagnóstica e Vikia HBsAg da Biomérieux – e dois para detecção de anticorpos contra o vírus da hepatite C (anti-HCV) – Imuno-Rápido HCV da Wama Diagnóstica e o teste rápido anti-HCV da Bioeasy.
 
A pesquisadora afirmou que os testes rápidos apresentaram bom desempenho quando comparados aos testes convencionais e, por isso, recomendou o uso em pequenos laboratórios, nos quais os exames convencionais não estejam disponíveis.
 
Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico