Por Frei Betto
Os gregos antigos já haviam percebido: Gaia, a Terra, é um organismo vivo. E dela somos frutos, gerados em 13,7 bilhões de anos de evolução. Porém, nos últimos 200 anos, não soubemos cuidar dela e a transformamos em mercadoria, da qual se procura obter o máximo de lucro.
Hoje, a Terra perdeu 30% de sua capacidade de autorregeneração. Somente através de intervenção humana ela poderá ser recuperada. Nada indica, contudo, que os governantes das nações mais ricas estejam conscientes disso. Tanto que sabotaram a Conferência Ecológica de Copenhague, em dezembro de 2009.
A Terra, que deve possuir alguma forma de inteligência, decidiu expressar seu grito de dor através do vulcão da Islândia, exalando a fumaça tóxica que impediu o tráfego aéreo na Europa Ocidental, causando prejuízo de US$ 1,7 bilhão.
Em reação ao fracasso de Copenhague, Evo Morales, presidente da Bolívia, convocou, para os dias 19 a 23 de abril, a Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra. Esperavam-se duas mil pessoas. Chegaram 30 mil, provenientes de 129 países! O sistema hoteleiro da cidade entrou em colapso, muitos tiveram de se abrigar em quartéis.
A Bolívia é um caso singular no cenário mundial. Com 9 milhões de habitantes, é o único país plurinacional, pluricultural e pluriespiritual governado por indígenas. Aymaras e quéchuas têm com a natureza uma relação de alteridade e complementaridade. Olham-na como Pachamama, a Mãe Terra, e o Pai Cosmo.
Líderes indígenas e de movimentos sociais, especialistas em meio ambiente e dirigentes políticos, ao expressar o clamor dos povos, concluíram que a vida no Planeta não tem salvação se perseverar essa mentalidade produtivista- consumista que degrada a natureza. Inútil falar em mudança do clima se não houver mudança de sistema. O capitalismo é ontologicamente incompatível com o equilíbrio ecológico.
Todas as conferências no evento enfatizaram a importância do aprender com os povos indígenas, originários, o sumak kawsay, expressão quéchua que significa “vida em plenitude”. É preciso criar “outros mundos possíveis” onde se possa viver, não motivado pelo mito do progresso infindável, e sim com plena felicidade, em comunhão consigo, com os semelhantes, com a natureza e com Deus.
Hoje, todas as formas de vida no Planeta estão ameaçadas, inclusive a humana (2/3 da população mundial sobrevivem abaixo da linha da pobreza) e a própria Terra. Evitar a antecipação do Apocalipse exige questionar os mitos da modernidade - como mercado, desenvolvimento, Estado uninacional - todos baseados na razão instrumental.
A conferência de Cochabamba decidiu pela criação de um Tribunal Internacional de Justiça Climática, capaz de penalizar governos e empresas vilões, responsáveis pela catástrofe ambiental. Cresce em todo o mundo o número de migrantes por razões climáticas. É preciso, pois, conhecer e combater as causas estruturais do aquecimento global.
Urge desmercantilizar a vida, a água, as florestas, e respeitar os direitos da Mãe Terra, libertando-a da insaciável cobiça do deus Mercado e das razões de Estado (como é o caso da hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu).
Os povos originários sempre foram encarados por nós, cara-pálidas, como inimigos do progresso. Ora, é a nossa concepção de desenvolvimento que se opõe a eles, e ignora a sabedoria de quem faz do necessário o suficiente e jamais impede a reprodução das espécies vivas. Temos muito a aprender com aqueles que possuem outros paradigmas, outras formas de conhecimento, respeitam a diversidade de cosmovisões, sabem integrar o humano e a natureza, e praticam a ética da solidariedade.
Cochabamba é, agora, a Capital Ecológica Mundial. Sugeri ao presidente Evo Morales reeditar a conferência, a exemplo do Fórum Social Mundial, porém mantendo-a sempre na Bolívia, onde se desenrola um processo social e político genuíno, singular, em condições de sinalizar alternativas à atual crise da civilização hegemônica. O próximo evento ficou marcado para 2011.
Pena que o governo brasileiro não tenha dado a devida importância ao evento, nem enviado qualquer representante. A exceção foi o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que representou a Câmara dos Deputados.
Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade (Agir), entre outros livros. http://www.freibett o.org
Construir a cidadania a partir do exercício do direito de todos a expressão, comunicação e informação
sábado, 8 de maio de 2010
Internet sob vigilância
Por Eduardo Guimarães
Sem saber como impor limites na rede aos políticos e aos partidos, Justiça Eleitoral demonstra apreensão com a nova realidade. "A controvérsia é muito nova, não há precedentes” , admite o ministro Marco Aurélio Mello. O TSE contará com a Polícia Federal, que investigará denúncias durante a campanha. Como a rede mundial de computadores ainda é um mundo novo para a Justiça Eleitoral, o TSE contará com a ajuda da Polícia Federal para identificar e punir abusos de candidatos e de partidos políticos.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está às cegas. E ainda não sabe como fará ao longo do ano para impor limites ao uso da internet pelos candidatos, partidos políticos e seus seguidores. Nesse trabalho de contenção dos abusos, a Justiça Eleitoral terá a ajuda da Polícia Federal, não só no que se refere a falsos dossiês, mas também na rede mundial de computadores.
A PF, entretanto, vai centralizar suas investigações, durante o período eleitoral, em fatos concretos para evitar ser tachada de ter uma atuação política. Ministro do TSE, Marco Aurélio Mello disse ao Correio que o fato de a internet ser um espaço novo para a propagação de mensagens eleitorais e de acusações contra adversários colocará a Justiça Eleitoral diante de uma situação sem precedentes.
Segundo ele, os eventuais abusos serão punidos pelos ministros conforme estabelece a resolução que trata do uso da web em período eleitoral. "A matéria é super nova. Nós não temos precedentes, mas iremos seguir a resolução que trata dos limites de atuação. Vamos aguardar o crivo do Judiciário e analisar caso a caso. É muito cedo para nos pronunciarmos porque a controvérsia é muito nova", afirmou Marco Aurélio.
O ministro aposentado Carlos Velloso, ex-presidente do TSE, que hoje tem mais liberdade para analisar os fatos, uma vez que não irá julgar eventuais ações que chegarem ao tribunal, é mais incisivo. Avalia que a imposição de limites à atuação dos candidatos será uma missão "praticamente impossível". "A Justiça Eleitoral vai ter muita dificuldade porque a internet é praticamente incontrolável. Porém, é preciso punir para coibir os abusos", disse.
Um dos primeiros testes da Justiça nessa seara será a reclamação feita na última sexta-feira pelo PT contra o PSDB por conta do site Gente que mente (www.gentequemente. org.br). Lá, há referências a obras inauguradas pela candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, e que não funcionam. Existe ainda uma charge do presidente Lula com um nariz comprido escrito "pinoquioteca".
O PT considerou a página ofensiva à imagem do presidente e à ex-ministra. O site foi registrado por Eduardo Graeff, tesoureiro do PSDB. O advogado tucano, Ricardo Penteado, disse que é "liberdade de expressão".
O Gente que mente é apenas um dos muitos que existem na rede com referência aos pré-candidatos. É comum inclusive o uso de palavrões nas páginas, e até mesmo alguns com referências aos políticos de Brasília, como por exemplo o www.roriznaomamae. com.br.
Redes sociais
A dificuldade que o TSE terá pela frente é traduzida em números. Em 2006, havia 32 milhões de internautas no Brasil. Em quatro anos, mais do que dobrou. Pulou para 66 milhões. De lá para cá surgiram também novos sites de relacionamento, como o Twitter, ferramenta apontada como fundamental para a eleição de Barack Obama nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
O Facebook e o Orkut ganharam mais espaço no Brasil e não faltam sites falsos ou de ofensas a candidatos. No Orkut, existem várias comunidades com ofensas aos candidatos e aos partidos, como "Dilma - a arapuca de peruca", que tem 18.384 integrantes; "Dilma Rousseff - Terrorista", com 2.594; "José Serra é mentiroso", com 1.046; "PCC é fruto do PSDB", com 1.798; e ainda "Sou PT, mas juro, sou honesto", com 2.473.
Qualquer punição a candidatos ou partidos só ocorrerá a partir de denúncias apresentadas pelas legendas ou pelo Ministério Público. A explicação é simples: a Justiça Eleitoral só pode atuar se provocada, ou seja, não adota sanções por conta própria. Portanto, cada partido terá que procurar sites contra seus respectivos candidatos como agulha num palheiro e ainda torcer para que o TSE retire a ofensa do ar e puna os responsáveis.
Quem conhece os meandros da política avisa: "Não há controle. A guerrilha que vai acontecer na internet será cada vez mais forte daqui até outubro. E se houver algo falso, quem colocar estará sujeito às sanções do Código Penal, como ocorre com jornais, revistas, televisão e outros meios de comunicação. Afinal, a internet é um meio de comunicação", comenta o cientista político Murilo Aragão, da consultoria Arko Advice.
Ele, no entanto, minimiza o impacto dos sites numa campanha. "Não têm muito reflexo. Os sites mais acessados são sérios e não praticam essas ofensas. Muitos são pouco acessados e são mesmo coisa de fanático. E, se cometerem abusos, estarão sujeitos à lei", diz ele.
Dossiês
Além da internet, a Polícia Federal também estará de olho nos falsos dossiês. De acordo com o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, o surgimento deles é normal nesta época. "Nós não vamos permitir a utilização política. Só vamos atuar se houver, de fato, algo comprovado", disse Barreto. "Não vamos seguir dossiês apócrifos, mas, sim, seguiremos uma linha de Estado, como agimos nos períodos não eleitorais."
A Polícia Federal também tem orientado seu pessoal a não falar sobre as eleições, candidatos ou partidos políticos. A medida tem como objetivo evitar que a instituição seja acusada de favorecer qualquer um dos lados concorrentes.
Ficará a cargo da Coordenação-Geral de Defesa Institucional - antiga Divisão de Ordem Política e Social - o trabalho de fiscalização geral durante as eleições. Em cada capital haverá pelo menos um delegado destacado exclusivamente para o acompanhamento do pleito. Nos locais onde a corporação não atua, o papel será exercido pelas polícias Civil ou Militar.
A Polícia Federal já está montando um plano de trabalho com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que em março passado definiu qual será o papel da PF no processo. O plano, que será mantido sob sigilo até os dias que antecedem as eleições, tem como meta fazer a prevenção, principalmente, em casos relacionados a crimes virtuais (na internet) e até mesmo movimentações bancárias próximas ao pleito.
Para esse trabalho, a corporação deverá contar com o auxilio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Fazenda.
Punição
A Resolução nº 23.191/2009, que estabelece as regras eleitorais para a internet, prevê multa de R$ 5 mil a R$ 30 mil a candidatos e partidos que fizerem propaganda eleitoral atribuindo indevidamente sua autoria a terceiros.
A legislação veda o anonimato de mensagens durante a campanha e garante o direito de resposta. Diz ainda que a propaganda eleitoral só estará permitida a partir de 5 de julho. A norma permite que sejam usados no período das eleições blogs, redes sociais e sites de mensagens instantâneas, de candidatos e de partidos, mas proíbe a propaganda paga na web.
Vamos aguardar o crivo do Judiciário e analisar caso a caso. É muito cedo para nos pronunciarmos porque a controvérsia é muito nova" Marco Aurélio Mello, ministro do TSE.
Colaborou Igor Silveira
Fonte: Correio Braziliense
Sem saber como impor limites na rede aos políticos e aos partidos, Justiça Eleitoral demonstra apreensão com a nova realidade. "A controvérsia é muito nova, não há precedentes” , admite o ministro Marco Aurélio Mello. O TSE contará com a Polícia Federal, que investigará denúncias durante a campanha. Como a rede mundial de computadores ainda é um mundo novo para a Justiça Eleitoral, o TSE contará com a ajuda da Polícia Federal para identificar e punir abusos de candidatos e de partidos políticos.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está às cegas. E ainda não sabe como fará ao longo do ano para impor limites ao uso da internet pelos candidatos, partidos políticos e seus seguidores. Nesse trabalho de contenção dos abusos, a Justiça Eleitoral terá a ajuda da Polícia Federal, não só no que se refere a falsos dossiês, mas também na rede mundial de computadores.
A PF, entretanto, vai centralizar suas investigações, durante o período eleitoral, em fatos concretos para evitar ser tachada de ter uma atuação política. Ministro do TSE, Marco Aurélio Mello disse ao Correio que o fato de a internet ser um espaço novo para a propagação de mensagens eleitorais e de acusações contra adversários colocará a Justiça Eleitoral diante de uma situação sem precedentes.
Segundo ele, os eventuais abusos serão punidos pelos ministros conforme estabelece a resolução que trata do uso da web em período eleitoral. "A matéria é super nova. Nós não temos precedentes, mas iremos seguir a resolução que trata dos limites de atuação. Vamos aguardar o crivo do Judiciário e analisar caso a caso. É muito cedo para nos pronunciarmos porque a controvérsia é muito nova", afirmou Marco Aurélio.
O ministro aposentado Carlos Velloso, ex-presidente do TSE, que hoje tem mais liberdade para analisar os fatos, uma vez que não irá julgar eventuais ações que chegarem ao tribunal, é mais incisivo. Avalia que a imposição de limites à atuação dos candidatos será uma missão "praticamente impossível". "A Justiça Eleitoral vai ter muita dificuldade porque a internet é praticamente incontrolável. Porém, é preciso punir para coibir os abusos", disse.
Um dos primeiros testes da Justiça nessa seara será a reclamação feita na última sexta-feira pelo PT contra o PSDB por conta do site Gente que mente (www.gentequemente. org.br). Lá, há referências a obras inauguradas pela candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, e que não funcionam. Existe ainda uma charge do presidente Lula com um nariz comprido escrito "pinoquioteca".
O PT considerou a página ofensiva à imagem do presidente e à ex-ministra. O site foi registrado por Eduardo Graeff, tesoureiro do PSDB. O advogado tucano, Ricardo Penteado, disse que é "liberdade de expressão".
O Gente que mente é apenas um dos muitos que existem na rede com referência aos pré-candidatos. É comum inclusive o uso de palavrões nas páginas, e até mesmo alguns com referências aos políticos de Brasília, como por exemplo o www.roriznaomamae. com.br.
Redes sociais
A dificuldade que o TSE terá pela frente é traduzida em números. Em 2006, havia 32 milhões de internautas no Brasil. Em quatro anos, mais do que dobrou. Pulou para 66 milhões. De lá para cá surgiram também novos sites de relacionamento, como o Twitter, ferramenta apontada como fundamental para a eleição de Barack Obama nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
O Facebook e o Orkut ganharam mais espaço no Brasil e não faltam sites falsos ou de ofensas a candidatos. No Orkut, existem várias comunidades com ofensas aos candidatos e aos partidos, como "Dilma - a arapuca de peruca", que tem 18.384 integrantes; "Dilma Rousseff - Terrorista", com 2.594; "José Serra é mentiroso", com 1.046; "PCC é fruto do PSDB", com 1.798; e ainda "Sou PT, mas juro, sou honesto", com 2.473.
Qualquer punição a candidatos ou partidos só ocorrerá a partir de denúncias apresentadas pelas legendas ou pelo Ministério Público. A explicação é simples: a Justiça Eleitoral só pode atuar se provocada, ou seja, não adota sanções por conta própria. Portanto, cada partido terá que procurar sites contra seus respectivos candidatos como agulha num palheiro e ainda torcer para que o TSE retire a ofensa do ar e puna os responsáveis.
Quem conhece os meandros da política avisa: "Não há controle. A guerrilha que vai acontecer na internet será cada vez mais forte daqui até outubro. E se houver algo falso, quem colocar estará sujeito às sanções do Código Penal, como ocorre com jornais, revistas, televisão e outros meios de comunicação. Afinal, a internet é um meio de comunicação", comenta o cientista político Murilo Aragão, da consultoria Arko Advice.
Ele, no entanto, minimiza o impacto dos sites numa campanha. "Não têm muito reflexo. Os sites mais acessados são sérios e não praticam essas ofensas. Muitos são pouco acessados e são mesmo coisa de fanático. E, se cometerem abusos, estarão sujeitos à lei", diz ele.
Dossiês
Além da internet, a Polícia Federal também estará de olho nos falsos dossiês. De acordo com o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, o surgimento deles é normal nesta época. "Nós não vamos permitir a utilização política. Só vamos atuar se houver, de fato, algo comprovado", disse Barreto. "Não vamos seguir dossiês apócrifos, mas, sim, seguiremos uma linha de Estado, como agimos nos períodos não eleitorais."
A Polícia Federal também tem orientado seu pessoal a não falar sobre as eleições, candidatos ou partidos políticos. A medida tem como objetivo evitar que a instituição seja acusada de favorecer qualquer um dos lados concorrentes.
Ficará a cargo da Coordenação-Geral de Defesa Institucional - antiga Divisão de Ordem Política e Social - o trabalho de fiscalização geral durante as eleições. Em cada capital haverá pelo menos um delegado destacado exclusivamente para o acompanhamento do pleito. Nos locais onde a corporação não atua, o papel será exercido pelas polícias Civil ou Militar.
A Polícia Federal já está montando um plano de trabalho com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que em março passado definiu qual será o papel da PF no processo. O plano, que será mantido sob sigilo até os dias que antecedem as eleições, tem como meta fazer a prevenção, principalmente, em casos relacionados a crimes virtuais (na internet) e até mesmo movimentações bancárias próximas ao pleito.
Para esse trabalho, a corporação deverá contar com o auxilio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Fazenda.
Punição
A Resolução nº 23.191/2009, que estabelece as regras eleitorais para a internet, prevê multa de R$ 5 mil a R$ 30 mil a candidatos e partidos que fizerem propaganda eleitoral atribuindo indevidamente sua autoria a terceiros.
A legislação veda o anonimato de mensagens durante a campanha e garante o direito de resposta. Diz ainda que a propaganda eleitoral só estará permitida a partir de 5 de julho. A norma permite que sejam usados no período das eleições blogs, redes sociais e sites de mensagens instantâneas, de candidatos e de partidos, mas proíbe a propaganda paga na web.
Vamos aguardar o crivo do Judiciário e analisar caso a caso. É muito cedo para nos pronunciarmos porque a controvérsia é muito nova" Marco Aurélio Mello, ministro do TSE.
Colaborou Igor Silveira
Fonte: Correio Braziliense
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quarta-feira, 5 de maio de 2010
*Amazônia, um filho teu não foge à luta...*
*Entrevista de Nathana Simões – Jornal "Voz de Nazaré", de Belém, com Dom Erwin Kräutler, Bispo do Xingu e Presidente do Cimi*
Incansável, Dom Erwin Kräutler diz que a discussão sobre Belo Monte está apenas começando.
“Recuso-me a afirmar que essa luta está perdida”. A declaração é de Dom Erwin Kräutler, Bispo do Xingu e presidente do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O prelado que atua na região há 45 anos, quase 30 deles dedicados como Bispo, conhece como ninguém a realidade do povo amazônida. Em entrevista exclusiva a Voz de Nazaré, ele reitera os motivos pelos quais Belo Monte não é imprescindível para o desenvolvimento do Brasil, e que existem diversas alternativas, não somente de energia, mas de respeito à dignidade, que poderiam ser adotadas.
Para ele a “luta” para tentar impedir que a usina se torne uma realidade está apenas no começo. Belo Monte não é apenas uma discussão que já perdura 30 anos, é uma incógnita que se arrasta há décadas, tanto para as populações diretamente afetadas quanto para o resto do Brasil. Para os que defendem a sua construção, Belo Monte trará consigo prosperidade, mas para outros, como Dom Erwin, não há dúvida de que a usina afetará profundamente a vida de comunidades ribeirinhas, populações indígenas e o povo da parte mais baixa da cidade de Altamira, e por consequência, cada cidadão brasileiro.
1) Após o leilão de concessão do aproveitamento de Belo Monte, do último dia 20, o senhor acredita que as chances de conseguir impedir a sua construção ficaram mais distantes? Ou o senhor acredita que ainda é cedo para dizer que a luta está perdida?
Dom Erwin: Recuso-me a afirmar que essa luta está perdida. O próprio Juiz Federal de Altamira, Antônio Carlos Almeida Campelo, que concedeu as três liminares na véspera do leilão admite que estamos apenas no início de uma verdadeira guerra judicial "nesta soma de absurdos que foi o leilão de Belo Monte"[1]. Continuo a acreditar que, finalmente, a Carta Magna do Brasil seja respeitada. A planejada usina hidrelétrica Belo Monte é a primeira no Brasil que, se for construída, aproveita recursos hídricos de áreas indígenas (Paquiçamba e Arara). Em um caso desse tipo a nossa Constituição Federal exige no seu Artigo 176 uma lei específica[2]. E essa lei regulamentadora simplesmente não existe. Nem sequer foi discutida no Congresso Nacional. Ao lado da denúncia de "irregularidades ambientais", este é o argumento primordial das ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e de outras entidades, entre as quais o Cimi (Conselho Indigenista Missionário). O Desembargador Jirair Meguerian, presidente do Tribunal Regional Federal, 1ª Região, cassou todas as liminares num tempo recorde, para possibilitar o leilão. O que realmente espanta é que Jirair Meguerian em nenhum momento contestou os argumentos. Justificou apenas que a decisão do MPF por ele derrubada se baseou tão somente em "conjecturas". Essa alegação não deixa de ser uma indicação de que o meritíssimo não havia lido as 50 (cinquenta) páginas da decisão. Deixou-se influenciar por outros parâmetros. Ora, se um Artigo da Constituição Federal é considerado mera "conjectura" (= fantasia, hipótese) então o Brasil está à beira da falência de Estado de Direito. A Constituição Federal foi desrespeitada, violada. Essa é a verdade! Nem o presidente da República nem um juiz estão acima da Constituição Federal. Se assim for, o Brasil já se tornou ditadura.
Até o insuspeito Senador Pedro Simon faz um alerta ao Presidente da República. Cobra explicações ao povo brasileiro sobre o processo de licitação e declara textualmente: "Precisamos de energia, mas a controvérsia em torno de Belo Monte espanta. E não é de agora. Nem os militares, com o Congresso fechado, ousaram levar adiante a obra"[3].
2) Na semana passada, o diretor de licenciamento do IBAMA, Pedro Bignelli, afirmou ao site Agência Brasil, que nenhuma terra indígena seria afetada com a construção de Belo Monte. O que senhor acha desta declaração?
Dom Erwin: Essa declaração já conheço há tempo pois foi divulgada em verso e prosa pela mídia, mas não deixa de ser uma falácia. O IBAMA (Pedro Bignelli) e Maurício Tomasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), sempre argumentaram que nenhuma área indígena será inundada. Esconderam, porém, o outro lado da moeda. O painel de 40 especialistas[4]divulgou já ano passado seu parecer sobre a viabilidade de Belo Monte. O documento analisa entre outras coisas os impactos causados aos povos indígenas. O Governo, lamentavelmente, não se deixou impressionar. Em primeiro lugar, se Belo Monte for construída, a obra será realizada no limite de terras indígenas com inegáveis impactos sociais e culturais causados pela proximidade do canteiro de obras e de pessoas estranhas às aldeias. Ao longo de cerca de 100 km, a volta Grande do Xingu sofrerá "redução da vazão e rebaixamento do lençol freático com impactos biológicos originando um Trecho de Vazão Reduzida (TVR), com vários impactos biológicos e sociais associados, como os problemas para a navegação e os efeitos sobre as florestas inundáveis". Essa perda de recursos naturais e hídricos prejudicará diretamente os povos indígenas. Áreas indígenas não serão inundadas. Sim! O contrário acontecerá: aos indígenas será cortada a água! Como viver no seco? De que se alimentarão, já que "o conjunto das espécies que vivem neste trecho do rio não sobreviverá sob um regime de vazão", em outras palavras, se aos indígenas falta o peixe? Não é macabro cinismo afirmar que nenhuma terra indígena será afetada, se aos povos indígenas aí existentes é arrancada a condição de sobrevivência?
3) Alguns especialistas apontaram que apesar de Belo Monte ter um custo elevadíssimo, ela será a Usina menos produtiva do Brasil, e deve funcionar com apenas 40% da capacidade. Apesar dessas críticas, o Governo persiste em considerar Belo Monte imprescindível para o desenvolvimento do Brasil. Na sua avaliação, porque há esta insistência?
Dom Erwin: São dois fatores que causam essa insistência. Um é de ordem política o que o Governo se nega a admitir. Mas quem não sabe que Belo Monte é a menina dos olhos do PAC 1? Se o Governo levar uma derrota, põe em risco, no entender da cúpula do PT e do presidente, a eleição da Dilma Rousseff que, como então ministra de Minas e Energia concebeu esse plano e o deu à luz. Num contexto como esse não há mais clima para uma discussão serena. E o próprio presidente avisa: tem que ser feito, mesmo que seja "de qualquer jeito", até "sozinho se for necessário". Assim ele não tem como negar que a questão tem conotação política, pois Lula mesmo o revela, quando diz com todas as letras: "As usinas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio são coisas que nossos adversários torcem para não dar certo"[5]. Assuntos e decisões tão importantes e de consequências irreversíveis para a Amazônia, o Brasil e o planeta Terra, são banalizados ao nível de queda de braço político-partidário e ainda eleitoreiro, ou então à briga entre a torcida de um time e outro. Até que ponto chegamos? O segundo fator é "econômico" e esse abarca o maior número de mentiras, pois desde o início se quis vender o projeto como medida necessária para evitar o "apagão". Fala-se de energia barata para as casas dos pobres. Mera demagogia! Na realidade a quem interessa Belo Monte são as grandes empresas, especialmente do setor mineral e, naturalmente, as firmas barrageiras que mais uma vez querem auferir somas astronômicas e empregar seu maquinário e "know how" num modelo tradicional de construção de hidrelétrica com barramentos, imensos paredões de cimento, diques e canais de derivação, repetindo os erros do passado, alagando áreas imensas e arrasando florestas.
4) Algumas pessoas defendem uma discussão em torno da busca de energias alternativas: energia solar, por exemplo. O senhor acredita que esta é uma tendência global e que o Brasil poderia sim pensar em investir mais neste tipo de alternativa?
Dom Erwin: O Brasil está perdendo uma enorme chance de inovar. Nessa época de preocupação mundial em relação ao aquecimento climático em um ritmo nunca visto, o Brasil poderia dar ao mundo um eloquente exemplo de cuidado mais esmerado com o meio-ambiente e, ao mesmo tempo, de avanço na busca de fontes alternativas de energia, como a energia solar e eólica. Não nos faltam universidades, centros de pesquisa, e cientistas de ponta na busca de tais alternativas. Falta incentivo para tal. É mais fácil gritar " o país precisa de Belo Monte" do que investir em estudos mais aprofundados que a médio prazo chegariam sem dúvida a conclusão de que não precisamos de nenhuma hidrelétrica Belo Monte, pois nesta Amazônia tropical temos energia solar de sobra, e não temos necessidade de alagar nem sequer um campo de futebol, de sacrificar um rio e acabar com uma encantadora paisagem.
5) O senhor levou esta questão para a Ad Limina?
Dom Erwin: Sim, levamos! Digo "levamos", pois não fui apenas eu quem apresentou a preocupação pelo futuro da Amazônia, mas estivemos lá todos os bispos do Regional Norte II da CNBB e assim o assunto pertencia a todos. Havia dois momentos de tratarmos das hidrelétricas na Amazônia. O primeiro foi a Coletiva de Imprensa, promovida pela Radio Vaticano no dia 15 de abril, em que falamos abertamente sobre os projetos de hidrelétricas nos rios Xingu e Tapajós e suas consequências imprevisíveis. O segundo momento foi a audiência particular com o Papa. Dom Esmeraldo de Santarém encontrou-se com o Papa pessoalmente naquele mesmo dia 15 de abril e o Papa pediu-lhe que deixasse algo por escrito a respeito das ameaças ao Rio Tapajós. Eu mesmo fui recebido pelo Papa no dia 16 de abril, dia de seu aniversário natalício, e "peguei o gancho" deixado por Dom Esmeraldo e expliquei ao Papa toda a problemática que Belo Monte irá trazer para os povos do Xingu, se o projeto realmente for executado. Aproveitei para entregar-lhe em mãos o texto que eu tinha preparado para a Coletiva de Imprensa. Posso revelar que a nossa angústia a respeito do futuro da Amazônia e, de modo especial, dos nossos rios Tapajós e Xingu tocaram o Papa profundamente.
6) Nos últimos meses muitas ações foram feitas para tentar impedir que Belo Monte se torne uma realidade, além de protestos o senhor chegou a escrever uma carta e se encontrar com o próprio Presidente Lula, agora o que o senhor pretende fazer, quais serão as próximas ações?
Dom Erwin: Na realidade não se trata de novas ações ou outras cartas ao Presidente. Vou simplesmente continuar a defender, em todas as ocasiões que se apresentam, os povos do Xingu, os povos indígenas, os ribeirinhos e o povo de Altamira que será tremendamente atingido, se Belo Monte tornar-se realidade. Enquanto Deus me der fôlego não deixarei de empenhar-me, de modo especial em favor dos mais prejudicados e necessitados. Quero repetir sempre com Dom Oscar Romero: "Como pastor, estou obrigado por mandato divino de dar a vida por aqueles que amo".
7) Para finalizar gostaria que o senhor falasse um pouco sobre a importância da presença da Igreja nessa discussão, e também do cidadão comum, o senhor acha que todos deveriam se posicionar sobre o assunto?
Dom Erwin: Quero apenas citar um trecho do Documento de Aparecida que lembra a visita do Papa ao Brasil em 2007: "Em seu discurso aos jovens, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, o Papa Bento XVI chamou a atenção sobre a “devastação ambiental da Amazônia e as ameaças à dignidade humana de seus povos” e pediu aos jovens “um maior compromisso nos mais diversos espaços de ação”" (DAp 85). Estou convicto de que não apenas nossa juventude é interpelada a assumir esse "maior compromisso", mas todos nós. A faixa etária não importa. No Símbolo Apostólico professamos: "Creio em Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra". A fé no Pai Criador implica no amor e no zelo por tudo que Ele criou e na responsabilidade a ser assumida pelo lar (ecologia = do grego: "ciência do lar") que Ele nos confiou, também em vista das futuras gerações.
Incansável, Dom Erwin Kräutler diz que a discussão sobre Belo Monte está apenas começando.
“Recuso-me a afirmar que essa luta está perdida”. A declaração é de Dom Erwin Kräutler, Bispo do Xingu e presidente do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O prelado que atua na região há 45 anos, quase 30 deles dedicados como Bispo, conhece como ninguém a realidade do povo amazônida. Em entrevista exclusiva a Voz de Nazaré, ele reitera os motivos pelos quais Belo Monte não é imprescindível para o desenvolvimento do Brasil, e que existem diversas alternativas, não somente de energia, mas de respeito à dignidade, que poderiam ser adotadas.
Para ele a “luta” para tentar impedir que a usina se torne uma realidade está apenas no começo. Belo Monte não é apenas uma discussão que já perdura 30 anos, é uma incógnita que se arrasta há décadas, tanto para as populações diretamente afetadas quanto para o resto do Brasil. Para os que defendem a sua construção, Belo Monte trará consigo prosperidade, mas para outros, como Dom Erwin, não há dúvida de que a usina afetará profundamente a vida de comunidades ribeirinhas, populações indígenas e o povo da parte mais baixa da cidade de Altamira, e por consequência, cada cidadão brasileiro.
1) Após o leilão de concessão do aproveitamento de Belo Monte, do último dia 20, o senhor acredita que as chances de conseguir impedir a sua construção ficaram mais distantes? Ou o senhor acredita que ainda é cedo para dizer que a luta está perdida?
Dom Erwin: Recuso-me a afirmar que essa luta está perdida. O próprio Juiz Federal de Altamira, Antônio Carlos Almeida Campelo, que concedeu as três liminares na véspera do leilão admite que estamos apenas no início de uma verdadeira guerra judicial "nesta soma de absurdos que foi o leilão de Belo Monte"[1]
Até o insuspeito Senador Pedro Simon faz um alerta ao Presidente da República. Cobra explicações ao povo brasileiro sobre o processo de licitação e declara textualmente: "Precisamos de energia, mas a controvérsia em torno de Belo Monte espanta. E não é de agora. Nem os militares, com o Congresso fechado, ousaram levar adiante a obra"[3]
2) Na semana passada, o diretor de licenciamento do IBAMA, Pedro Bignelli, afirmou ao site Agência Brasil, que nenhuma terra indígena seria afetada com a construção de Belo Monte. O que senhor acha desta declaração?
Dom Erwin: Essa declaração já conheço há tempo pois foi divulgada em verso e prosa pela mídia, mas não deixa de ser uma falácia. O IBAMA (Pedro Bignelli) e Maurício Tomasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), sempre argumentaram que nenhuma área indígena será inundada. Esconderam, porém, o outro lado da moeda. O painel de 40 especialistas[4]
3) Alguns especialistas apontaram que apesar de Belo Monte ter um custo elevadíssimo, ela será a Usina menos produtiva do Brasil, e deve funcionar com apenas 40% da capacidade. Apesar dessas críticas, o Governo persiste em considerar Belo Monte imprescindível para o desenvolvimento do Brasil. Na sua avaliação, porque há esta insistência?
Dom Erwin: São dois fatores que causam essa insistência. Um é de ordem política o que o Governo se nega a admitir. Mas quem não sabe que Belo Monte é a menina dos olhos do PAC 1? Se o Governo levar uma derrota, põe em risco, no entender da cúpula do PT e do presidente, a eleição da Dilma Rousseff que, como então ministra de Minas e Energia concebeu esse plano e o deu à luz. Num contexto como esse não há mais clima para uma discussão serena. E o próprio presidente avisa: tem que ser feito, mesmo que seja "de qualquer jeito", até "sozinho se for necessário". Assim ele não tem como negar que a questão tem conotação política, pois Lula mesmo o revela, quando diz com todas as letras: "As usinas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio são coisas que nossos adversários torcem para não dar certo"[5]
4) Algumas pessoas defendem uma discussão em torno da busca de energias alternativas: energia solar, por exemplo. O senhor acredita que esta é uma tendência global e que o Brasil poderia sim pensar em investir mais neste tipo de alternativa?
Dom Erwin: O Brasil está perdendo uma enorme chance de inovar. Nessa época de preocupação mundial em relação ao aquecimento climático em um ritmo nunca visto, o Brasil poderia dar ao mundo um eloquente exemplo de cuidado mais esmerado com o meio-ambiente e, ao mesmo tempo, de avanço na busca de fontes alternativas de energia, como a energia solar e eólica. Não nos faltam universidades, centros de pesquisa, e cientistas de ponta na busca de tais alternativas. Falta incentivo para tal. É mais fácil gritar " o país precisa de Belo Monte" do que investir em estudos mais aprofundados que a médio prazo chegariam sem dúvida a conclusão de que não precisamos de nenhuma hidrelétrica Belo Monte, pois nesta Amazônia tropical temos energia solar de sobra, e não temos necessidade de alagar nem sequer um campo de futebol, de sacrificar um rio e acabar com uma encantadora paisagem.
5) O senhor levou esta questão para a Ad Limina?
Dom Erwin: Sim, levamos! Digo "levamos", pois não fui apenas eu quem apresentou a preocupação pelo futuro da Amazônia, mas estivemos lá todos os bispos do Regional Norte II da CNBB e assim o assunto pertencia a todos. Havia dois momentos de tratarmos das hidrelétricas na Amazônia. O primeiro foi a Coletiva de Imprensa, promovida pela Radio Vaticano no dia 15 de abril, em que falamos abertamente sobre os projetos de hidrelétricas nos rios Xingu e Tapajós e suas consequências imprevisíveis. O segundo momento foi a audiência particular com o Papa. Dom Esmeraldo de Santarém encontrou-se com o Papa pessoalmente naquele mesmo dia 15 de abril e o Papa pediu-lhe que deixasse algo por escrito a respeito das ameaças ao Rio Tapajós. Eu mesmo fui recebido pelo Papa no dia 16 de abril, dia de seu aniversário natalício, e "peguei o gancho" deixado por Dom Esmeraldo e expliquei ao Papa toda a problemática que Belo Monte irá trazer para os povos do Xingu, se o projeto realmente for executado. Aproveitei para entregar-lhe em mãos o texto que eu tinha preparado para a Coletiva de Imprensa. Posso revelar que a nossa angústia a respeito do futuro da Amazônia e, de modo especial, dos nossos rios Tapajós e Xingu tocaram o Papa profundamente.
6) Nos últimos meses muitas ações foram feitas para tentar impedir que Belo Monte se torne uma realidade, além de protestos o senhor chegou a escrever uma carta e se encontrar com o próprio Presidente Lula, agora o que o senhor pretende fazer, quais serão as próximas ações?
Dom Erwin: Na realidade não se trata de novas ações ou outras cartas ao Presidente. Vou simplesmente continuar a defender, em todas as ocasiões que se apresentam, os povos do Xingu, os povos indígenas, os ribeirinhos e o povo de Altamira que será tremendamente atingido, se Belo Monte tornar-se realidade. Enquanto Deus me der fôlego não deixarei de empenhar-me, de modo especial em favor dos mais prejudicados e necessitados. Quero repetir sempre com Dom Oscar Romero: "Como pastor, estou obrigado por mandato divino de dar a vida por aqueles que amo".
7) Para finalizar gostaria que o senhor falasse um pouco sobre a importância da presença da Igreja nessa discussão, e também do cidadão comum, o senhor acha que todos deveriam se posicionar sobre o assunto?
Dom Erwin: Quero apenas citar um trecho do Documento de Aparecida que lembra a visita do Papa ao Brasil em 2007: "Em seu discurso aos jovens, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, o Papa Bento XVI chamou a atenção sobre a “devastação ambiental da Amazônia e as ameaças à dignidade humana de seus povos” e pediu aos jovens “um maior compromisso nos mais diversos espaços de ação”" (DAp 85). Estou convicto de que não apenas nossa juventude é interpelada a assumir esse "maior compromisso", mas todos nós. A faixa etária não importa. No Símbolo Apostólico professamos: "Creio em Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra". A fé no Pai Criador implica no amor e no zelo por tudo que Ele criou e na responsabilidade a ser assumida pelo lar (ecologia = do grego: "ciência do lar") que Ele nos confiou, também em vista das futuras gerações.
domingo, 2 de maio de 2010
NÃO É DIFERENTE DE NENHUM DELES – TEM APEGO AO PODER E VAIDADE DE SER O PAPA
Por Laerte Braga
A imprensa alemã dispõe de depoimentos envolvendo diretamente o cardeal Joseph Ratzinger em casos de pedofilia ao tempo em que era apenas um sacerdote. São acusações graves e os jornais e revistas que receberam as denúncias (envolvem também o irmão do papa) decidiram apurá-las in totum e ter o mínimo de segurança para divulgá-las. Têm consciência do significado desse fato. Da sua gravidade Ratzinger foi ordenado sacerdote em 1951 e sua participação na Juventude Hitlerista é apontada como tendo sido “obrigatória”.
Os jovens alemães àquela época dentre eles os alunos de seminários teriam sido obrigados a ingressar já Juventude Hitlerista. O registro feito após a sua escolha para suceder João Paulo II dá conta que Bento XVI não era um participante “entusiasmado” do grupo.
Já o documento secreto do Vaticano que instrui bispos sobre como tratar a pedofilia na Igreja deixa claro que o então cardeal Ratzinger determinava que os casos fossem apurados, mas mantidos em sigilo. As punições ocorreriam no âmbito da própria Igreja e não implicariam em afastar os responsáveis do exercício do sacerdócio. No máximo suspensão por um determinado período.
O cerne do problema não está necessariamente aí. O caráter conservador de Bento XVI dá seqüência às revisões feitas em importantes decisões tomadas por João XXIII e Paulo VI.
A eleição do cardeal polonês Karol Wojtyla foi produto de um acordo da Igreja norte-americana através do cardeal Marcinkus com boa parte do Colégio Cardinalício diante da crise financeira que o Vaticano enfrentava e da necessidade de abortar a Teologia da Libertação em franco progresso numa América Latina de maioria católica e vivendo um período de efervescência política.
Padres e bispos envolvidos em processos políticos de transformações sociais não interessavam aos norte-americanos e um papa polonês (país então comunista) cairia como uma luva na ofensiva que acabou resultando no fim da União Soviética.
Os cardeais hoje celebram missas para golpistas que derrubam governos constitucionais, caso de Honduras, ou sorriem como aconteceu na fracassada tentativa de golpe contra o presidente Chávez na Venezuela, em 2002.
O favorito àquela época, a eleição de João Paulo II, era o brasileiro Lorscheider. Os progressistas entendiam que o Concílio Vaticano II abria as portas para um papa latino-americano.
João Paulo II iniciou um trabalho de desmonte da maior parte das reformas que ensejavam aberturas para a Teologia da Libertação na América Latina, juntou-se aos norte-americanos em ações coordenadas por Marcinkus para ataques frontais a União Soviética e uma inquisição comandada por Ratzinger afastou sacerdotes como por exemplo o brasileiro Leonardo Boff.
A imagem de “santo homem” de João Paulo II foi construída por um extraordinário trabalho de marketing.
Marcinkus terminou seus dias na condição de foragido. A justiça italiana decretara sua prisão por fraudes financeiras com o Banco do Vaticano e associação com as máfias italianas.
Joseph Ratzinger, em seguida à morte de João Paulo II, no discurso nas exéquias do papa, se impôs como seu sucessor e não deixou qualquer outra perspectiva para os cardeais. Foi o concílio mais rápido da história das eleições de papas.
O resultado disso é uma Igreja limitada a uma ortodoxia que dia a dia estreita seus caminhos e faz com que perca fiéis em todas as partes do mundo, mesmo porque os norte-americanos perceberam que é mais barato comprar pastores neopentecostais como o brasileiro Edir Macedo. Isso para a América Latina e países africanos. Macedo hoje é ponta de lança de uma ofensiva religiosa para tentar chegar a países árabes e diminuir o poder e a maioria dos muçulmanos.
A Igreja Católica Romana, pouco a pouco, vai se encolhendo e sendo acuada em escândalos que servem muito mais a interesses políticos que propriamente aos repugnantes casos de pedofilia ou abusos sexuais de qualquer natureza, levando em conta que uma ampla investigação sobre esse assunto terminaria em boa parte do atual Colégio de Cardeais, implicaria arcebispos e bispos, muito além de padres, sem falar nas denúncias feitas à imprensa alemã sobre o papa.
É bom comprar organizações semelhantes à de Edir Macedo, mas ter um contrapeso para evitar que o “bispo” se transforme em alguém com tal poder que fique difícil controlá-lo no futuro.
É interessante notar que a ofensiva contra a Igreja a partir da pedofilia partiu dos Estados Unidos.
O Vaticano não é mais um aliado importante e o papa é apenas uma lamentável figura tentando segurar um império em franca decadência.
O que era um instrumento de transformação política, econômica e social está tomando ares de seita, pois permanecem as perseguições a sacerdotes que se opõem ao nazi/fascismo da cúpula atual em Roma.
No Brasil, por exemplo, maior país católico do mundo, a criação de um grupo chamado Renovação Carismática é uma volta aos tempos da fé cega e sem sentido, desprovida de consciência, mas provida da alienação semelhante à imposta pelos neopentecostais.
No fundo uma tentativa de sobrevivência.
Bento XVI não vai renunciar, exceto diante de um fato de suma gravidade, mas certamente, vai viver dias de amargura e decepção. Não será reconhecido como um grande papa, apenas um desastre total e absoluto para a Igreja.
É simples entender isso. A mão direita escapa todas as vezes que o papa distrai e à semelhança do cientista no filme de Kulbrick, proclama Heil Hitler.
Se quisermos entender Bento XVI fazendo um paralelo com alguém no Brasil, podemos compará-lo a Fernando Henrique Cardoso. Uma figura montada em vaidade extrema, cheia de diplomas, mas pronto a qualquer negócio desde que renda poder e lucro. E principalmente capas de revistas como alguém que salva alguma coisa. Um enterra a Igreja Católica, outro enterrou o Brasil em seus oito anos de “papado”.
As acusações contra o papa à época que era um sacerdote na Alemanha devem terminar num grande acordo, caríssimo, uma cortina de silêncio em torno do assunto e o papa refém dos grandes grupos políticos e econômicos que controlam o mundo capitalista.
No fundo a máxima mafiosa, “nada pessoal, apenas negócios”.
A imprensa alemã dispõe de depoimentos envolvendo diretamente o cardeal Joseph Ratzinger em casos de pedofilia ao tempo em que era apenas um sacerdote. São acusações graves e os jornais e revistas que receberam as denúncias (envolvem também o irmão do papa) decidiram apurá-las in totum e ter o mínimo de segurança para divulgá-las. Têm consciência do significado desse fato. Da sua gravidade Ratzinger foi ordenado sacerdote em 1951 e sua participação na Juventude Hitlerista é apontada como tendo sido “obrigatória”.
Os jovens alemães àquela época dentre eles os alunos de seminários teriam sido obrigados a ingressar já Juventude Hitlerista. O registro feito após a sua escolha para suceder João Paulo II dá conta que Bento XVI não era um participante “entusiasmado” do grupo.
Já o documento secreto do Vaticano que instrui bispos sobre como tratar a pedofilia na Igreja deixa claro que o então cardeal Ratzinger determinava que os casos fossem apurados, mas mantidos em sigilo. As punições ocorreriam no âmbito da própria Igreja e não implicariam em afastar os responsáveis do exercício do sacerdócio. No máximo suspensão por um determinado período.
O cerne do problema não está necessariamente aí. O caráter conservador de Bento XVI dá seqüência às revisões feitas em importantes decisões tomadas por João XXIII e Paulo VI.
A eleição do cardeal polonês Karol Wojtyla foi produto de um acordo da Igreja norte-americana através do cardeal Marcinkus com boa parte do Colégio Cardinalício diante da crise financeira que o Vaticano enfrentava e da necessidade de abortar a Teologia da Libertação em franco progresso numa América Latina de maioria católica e vivendo um período de efervescência política.
Padres e bispos envolvidos em processos políticos de transformações sociais não interessavam aos norte-americanos e um papa polonês (país então comunista) cairia como uma luva na ofensiva que acabou resultando no fim da União Soviética.
Os cardeais hoje celebram missas para golpistas que derrubam governos constitucionais, caso de Honduras, ou sorriem como aconteceu na fracassada tentativa de golpe contra o presidente Chávez na Venezuela, em 2002.
O favorito àquela época, a eleição de João Paulo II, era o brasileiro Lorscheider. Os progressistas entendiam que o Concílio Vaticano II abria as portas para um papa latino-americano.
João Paulo II iniciou um trabalho de desmonte da maior parte das reformas que ensejavam aberturas para a Teologia da Libertação na América Latina, juntou-se aos norte-americanos em ações coordenadas por Marcinkus para ataques frontais a União Soviética e uma inquisição comandada por Ratzinger afastou sacerdotes como por exemplo o brasileiro Leonardo Boff.
A imagem de “santo homem” de João Paulo II foi construída por um extraordinário trabalho de marketing.
Marcinkus terminou seus dias na condição de foragido. A justiça italiana decretara sua prisão por fraudes financeiras com o Banco do Vaticano e associação com as máfias italianas.
Joseph Ratzinger, em seguida à morte de João Paulo II, no discurso nas exéquias do papa, se impôs como seu sucessor e não deixou qualquer outra perspectiva para os cardeais. Foi o concílio mais rápido da história das eleições de papas.
O resultado disso é uma Igreja limitada a uma ortodoxia que dia a dia estreita seus caminhos e faz com que perca fiéis em todas as partes do mundo, mesmo porque os norte-americanos perceberam que é mais barato comprar pastores neopentecostais como o brasileiro Edir Macedo. Isso para a América Latina e países africanos. Macedo hoje é ponta de lança de uma ofensiva religiosa para tentar chegar a países árabes e diminuir o poder e a maioria dos muçulmanos.
A Igreja Católica Romana, pouco a pouco, vai se encolhendo e sendo acuada em escândalos que servem muito mais a interesses políticos que propriamente aos repugnantes casos de pedofilia ou abusos sexuais de qualquer natureza, levando em conta que uma ampla investigação sobre esse assunto terminaria em boa parte do atual Colégio de Cardeais, implicaria arcebispos e bispos, muito além de padres, sem falar nas denúncias feitas à imprensa alemã sobre o papa.
É bom comprar organizações semelhantes à de Edir Macedo, mas ter um contrapeso para evitar que o “bispo” se transforme em alguém com tal poder que fique difícil controlá-lo no futuro.
É interessante notar que a ofensiva contra a Igreja a partir da pedofilia partiu dos Estados Unidos.
O Vaticano não é mais um aliado importante e o papa é apenas uma lamentável figura tentando segurar um império em franca decadência.
O que era um instrumento de transformação política, econômica e social está tomando ares de seita, pois permanecem as perseguições a sacerdotes que se opõem ao nazi/fascismo da cúpula atual em Roma.
No Brasil, por exemplo, maior país católico do mundo, a criação de um grupo chamado Renovação Carismática é uma volta aos tempos da fé cega e sem sentido, desprovida de consciência, mas provida da alienação semelhante à imposta pelos neopentecostais.
No fundo uma tentativa de sobrevivência.
Bento XVI não vai renunciar, exceto diante de um fato de suma gravidade, mas certamente, vai viver dias de amargura e decepção. Não será reconhecido como um grande papa, apenas um desastre total e absoluto para a Igreja.
É simples entender isso. A mão direita escapa todas as vezes que o papa distrai e à semelhança do cientista no filme de Kulbrick, proclama Heil Hitler.
Se quisermos entender Bento XVI fazendo um paralelo com alguém no Brasil, podemos compará-lo a Fernando Henrique Cardoso. Uma figura montada em vaidade extrema, cheia de diplomas, mas pronto a qualquer negócio desde que renda poder e lucro. E principalmente capas de revistas como alguém que salva alguma coisa. Um enterra a Igreja Católica, outro enterrou o Brasil em seus oito anos de “papado”.
As acusações contra o papa à época que era um sacerdote na Alemanha devem terminar num grande acordo, caríssimo, uma cortina de silêncio em torno do assunto e o papa refém dos grandes grupos políticos e econômicos que controlam o mundo capitalista.
No fundo a máxima mafiosa, “nada pessoal, apenas negócios”.
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A luta pelas reformas agrária e urbana deve estar na rua, defendem pesquisadores
Por Marina Pita
Especialistas sobre questão fundiária pedem a radicalização do movimento e a unidade em torno da luta contra a concentração da terra. Retomar a luta nas ruas, com o povo, já que as conquistas institucionais trouxeram poucos avanços para a resolução dos conflitos urbanos e agrários. Esse foi o mote das discussões da mesa redonda “Conflitos Urbanos e Criminalização dos Movimentos Sociais”, realizada no Fórum Social Urbano, no Rio de Janeiro.
“Precisamos dizer que, depois de 30 anos lutando pelo direito à cidade, nossas bandeiras foram incorporadas. Hoje todos são a favor do direito à cidade e do direito à moradia. Mas as cidades estão piorando e a pobreza aumentando. Isso significa que a transformação não será pelo caminho que estivemos construindo”, afirmou Ermínia Maricato, professora e arquiteta da USP, ao criticar o Fórum Urbano Mundial, evento que ocorre a algumas quadras do Fórum Social Urbano: “Precisamos dizer que não vamos caminhar juntos nessa toada se não houver quebra de paradigma. Temos diferenças e isto está muito claro”.
Ex-secretária de habitação da prefeitura de São Paulo durante a gestão Luiza Erundina, Ermínia defendeu que a estratégia de mudança da realidade do país por meio de conselhos de políticas públicas já mostrou sua limitação e deve ser abandonada dando lugar à retomada do movimento de rua, da unificação da esquerda por um projeto comum. “Temos que aplicar a função social da propriedade. Não podemos arredar pé”, concluiu.
Movimentos criminalizados
O ex-procurador de Terras do Estado do Rio de Janeiro, Miguel Baldez disse que hoje vivemos o pior momento para os lutadores sociais diante do nível de criminalização que os movimentos combativos sofrem. Ele criticou a legislação de terras brasileira e a “cerca viva” que impede o acesso dos trabalhadores à terra, formada por juízes, promotores e delegados de polícia. “Há duas necessidades fundamentais em questão quando falamos de acesso à terra: a moradia e a alimentação, que não podem ser usufruídas apenas por uma parcela da população. Não podem ser tratadas como mercadoria porque este é um fundamento de qualquer ética a religiosa e a política”, disse Baldez, que classificou a luta como embate de classes.
Plínio Arruda Sampaio fez um breve histórico da legislação de terras no Brasil. Historicamente, se negou o acesso a ela, sendo essa a origem da pobreza, e por isso é fundamental manter a luta contra a concentração fundiária. “Para se ter uma ideia do momento difícil que passamos, quando eu fiz o projeto de reforma para João Goulart, queríamos expropriar todas as propriedades com mais de 500 hectares.
Hoje, o movimento está pedindo um limite de mil hectares”, argumentou Plínio para pedir aos militantes que não rebaixem o programa: “devemos radicalizar nossa demanda”. Mas isso não basta, defendeu o presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA). Para ele, é preciso dar condições para os pequenos agricultores produzirem e viverem dignamente. “Há mais de 2 milhões de pequenos agricultores cuja renda anual é mil reais. Essa pequena agricultura é a que mais emprega, a que mais produz alimentos e mais conserva a terra. A pequena propriedade acabaria com a deterioração da terra”.
Sampaio criticou o Governo Lula, ao afirmar que este desistiu da reforma agrária. “Ele [o Lula] ficou fascinado com a ideia de se tornar um 'xeique' do alcool. Na nova divisão internacional do trabalho, o Brasil, que ia fazer indústria e serviços para mercado interno e posteriormente exportar, é pressionado por bancos, multinacionais para assumir um papel primário exportador, aceito por este governo” e pediu uma reação do movimento: “Estamos sofrendo há 20 anos uma ofensiva da direita e temos que responder e essa resposta deve ser na terra, porque é aí que está a origem da miséria, da corrupção, da incapacidade de institucionalizar um sistema jurídico equânime de acesso à terra”.
Fonte: Caros Amigos
Especialistas sobre questão fundiária pedem a radicalização do movimento e a unidade em torno da luta contra a concentração da terra. Retomar a luta nas ruas, com o povo, já que as conquistas institucionais trouxeram poucos avanços para a resolução dos conflitos urbanos e agrários. Esse foi o mote das discussões da mesa redonda “Conflitos Urbanos e Criminalização dos Movimentos Sociais”, realizada no Fórum Social Urbano, no Rio de Janeiro.
“Precisamos dizer que, depois de 30 anos lutando pelo direito à cidade, nossas bandeiras foram incorporadas. Hoje todos são a favor do direito à cidade e do direito à moradia. Mas as cidades estão piorando e a pobreza aumentando. Isso significa que a transformação não será pelo caminho que estivemos construindo”, afirmou Ermínia Maricato, professora e arquiteta da USP, ao criticar o Fórum Urbano Mundial, evento que ocorre a algumas quadras do Fórum Social Urbano: “Precisamos dizer que não vamos caminhar juntos nessa toada se não houver quebra de paradigma. Temos diferenças e isto está muito claro”.
Ex-secretária de habitação da prefeitura de São Paulo durante a gestão Luiza Erundina, Ermínia defendeu que a estratégia de mudança da realidade do país por meio de conselhos de políticas públicas já mostrou sua limitação e deve ser abandonada dando lugar à retomada do movimento de rua, da unificação da esquerda por um projeto comum. “Temos que aplicar a função social da propriedade. Não podemos arredar pé”, concluiu.
Movimentos criminalizados
O ex-procurador de Terras do Estado do Rio de Janeiro, Miguel Baldez disse que hoje vivemos o pior momento para os lutadores sociais diante do nível de criminalização que os movimentos combativos sofrem. Ele criticou a legislação de terras brasileira e a “cerca viva” que impede o acesso dos trabalhadores à terra, formada por juízes, promotores e delegados de polícia. “Há duas necessidades fundamentais em questão quando falamos de acesso à terra: a moradia e a alimentação, que não podem ser usufruídas apenas por uma parcela da população. Não podem ser tratadas como mercadoria porque este é um fundamento de qualquer ética a religiosa e a política”, disse Baldez, que classificou a luta como embate de classes.
Plínio Arruda Sampaio fez um breve histórico da legislação de terras no Brasil. Historicamente, se negou o acesso a ela, sendo essa a origem da pobreza, e por isso é fundamental manter a luta contra a concentração fundiária. “Para se ter uma ideia do momento difícil que passamos, quando eu fiz o projeto de reforma para João Goulart, queríamos expropriar todas as propriedades com mais de 500 hectares.
Hoje, o movimento está pedindo um limite de mil hectares”, argumentou Plínio para pedir aos militantes que não rebaixem o programa: “devemos radicalizar nossa demanda”. Mas isso não basta, defendeu o presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA). Para ele, é preciso dar condições para os pequenos agricultores produzirem e viverem dignamente. “Há mais de 2 milhões de pequenos agricultores cuja renda anual é mil reais. Essa pequena agricultura é a que mais emprega, a que mais produz alimentos e mais conserva a terra. A pequena propriedade acabaria com a deterioração da terra”.
Sampaio criticou o Governo Lula, ao afirmar que este desistiu da reforma agrária. “Ele [o Lula] ficou fascinado com a ideia de se tornar um 'xeique' do alcool. Na nova divisão internacional do trabalho, o Brasil, que ia fazer indústria e serviços para mercado interno e posteriormente exportar, é pressionado por bancos, multinacionais para assumir um papel primário exportador, aceito por este governo” e pediu uma reação do movimento: “Estamos sofrendo há 20 anos uma ofensiva da direita e temos que responder e essa resposta deve ser na terra, porque é aí que está a origem da miséria, da corrupção, da incapacidade de institucionalizar um sistema jurídico equânime de acesso à terra”.
Fonte: Caros Amigos
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sábado, 1 de maio de 2010
Quem controla a mídia?
* Por Venício Lima
Você já ouviu falar em Alexander Lebedev, Alexander Pugachev, Rupert Murdoch, Carlos Slim ou Nuno Rocha dos Santos Vasconcelos? Talvez não, mas eles já “controlam” boa parte da informação e do entretenimento que circulam no planeta e, muito provavelmente, chegam diariamente até você, leitor (a).
Enquanto na América Latina, inclusive no Brasil, a grande mídia continua a “fazer de conta” que as ameaças à liberdade de expressão partem exclusivamente do Estado, em nível global, confirma-se a tendência de concentração da propriedade e controle da mídia por uns poucos mega empresários.
Na verdade, uma das consequências da crise internacional que atinge, sobretudo, a mídia impressa, tem sido a compra de títulos tradicionais por investidores – russos, árabes, australianos, latino-americanos, portugueses – cujo compromisso maior é exclusivamente o sucesso de seus negócios.
Aparentemente, não há espaço para o interesse público na Europa e nos Estados Unidos. Já aconteceu com os britânicos The Independent e The Evening Standard e com o France-Soir na França. Na Itália, rola uma briga de gigantes no mercado de televisão envolvendo o primeiro ministro e proprietário de mídia Silvio Berlusconi (Mediaset) e o australiano naturalizado americano Ropert Murdoch (Sky Itália). O mesmo acontece no leste europeu. Na Polônia, tanto o Fakt (o diário de maior tiragem), quanto o Polska (300 mil exemplares/dia) são controlados por grupos alemães.
Nos Estados Unidos, a News Corporation de Murdoch avança a passos largos: depois do New York Post, o principal tablóide do país, veio a Fox News, canal de notícias 24h na TV a cabo; o tradicionalíssimo The Wall Street Journal; o estúdio Fox Films e a editora Harper Collins. E o mexicano Carlos Slim é um dos novos acionistas do The New York Times.
E no Brasil?
Entre nós, anunciou-se recentemente que o Ongoing Media Group – apesar do nome, um grupo português – que edita o “Brasil Econômico” desde outubro, comprou o grupo “O Dia”, incluindo o “Meia Hora” e o jornal esportivo “Campeão”. O Ongoing detem 20% do grupo Impressa (português), é acionista da Portugal Telecom e controla o maior operador de TV a cabo de Portugal, o Zon Multimídia.
Aqui sempre tivemos concentração no controle da mídia, até porque, ao contrário do que acontece no resto do mundo, nunca houve preocupação do nosso legislador com a propriedade cruzada dos meios. Historicamente são poucos os grupos que controlam os principais veículos de comunicação, sejam eles impressos ou concessões do serviço público de rádio e televisão. Além disso, ainda padecemos do mal histórico do coronelismo eletrônico que vincula a mídia às oligarquias políticas regionais e locais desde pelo menos a metade do século passado.
Desde que a Emenda Constitucional n. 36, de 2002, permitiu a participação de capital estrangeiro nas empresas brasileiras de mídia, investidores globais no campo da informação e do entretenimento, atuam aqui. Considerada a convergência tecnológica, pode-se afirmar que eles, na verdade, chegaram antes, isto é, desde a privatização das telecomunicações.
Apesar da dificuldade de se obter informações confiáveis nesse setor, são conhecidas as ligações do Grupo Abril com a sul-africana Naspers; da NET/Globo com a Telmex (do grupo controlado por Carlos Slim) e da Globo com a News Corporation/ Sky.
Tudo indica, portanto, que, aos nossos problemas históricos, se acrescenta mais um, este contemporâneo. Quem ameaça a liberdade de expressão? Diante dessa tendência, aparentemente mundial, de onde partiria a verdadeira ameaça à liberdade de expressão?
Em matéria sobre o assunto publicada na revista Carta Capital n. 591 o conhecido professor da New York University, Crispin Miller, afirma em relação ao que vem ocorrendo nos Estados Unidos: “O grande perigo para a democracia norte-americana não é a virtual morte dos jornais diários. É a concentração de donos da mídia no país. Ironicamente, há 15 anos, se dizia que era prematuro falar em uma crise cívica, com os conglomerados exercendo poder de censura sobre a imensidão de notícias disponíveis no mundo pós-internet (...)”.
Todas estas questões deveriam servir de contrapeso para equilibrar a pauta imposta pela grande mídia brasileira em torno das “ameaças” a liberdade de expressão. Afinal, diante das tendências mundiais, quem, de fato, “controla” a mídia e representa perigo para as liberdades democráticas?
*Venício Lima é Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP – UNB.
Fonte: Carta Maior
Você já ouviu falar em Alexander Lebedev, Alexander Pugachev, Rupert Murdoch, Carlos Slim ou Nuno Rocha dos Santos Vasconcelos? Talvez não, mas eles já “controlam” boa parte da informação e do entretenimento que circulam no planeta e, muito provavelmente, chegam diariamente até você, leitor (a).
Enquanto na América Latina, inclusive no Brasil, a grande mídia continua a “fazer de conta” que as ameaças à liberdade de expressão partem exclusivamente do Estado, em nível global, confirma-se a tendência de concentração da propriedade e controle da mídia por uns poucos mega empresários.
Na verdade, uma das consequências da crise internacional que atinge, sobretudo, a mídia impressa, tem sido a compra de títulos tradicionais por investidores – russos, árabes, australianos, latino-americanos, portugueses – cujo compromisso maior é exclusivamente o sucesso de seus negócios.
Aparentemente, não há espaço para o interesse público na Europa e nos Estados Unidos. Já aconteceu com os britânicos The Independent e The Evening Standard e com o France-Soir na França. Na Itália, rola uma briga de gigantes no mercado de televisão envolvendo o primeiro ministro e proprietário de mídia Silvio Berlusconi (Mediaset) e o australiano naturalizado americano Ropert Murdoch (Sky Itália). O mesmo acontece no leste europeu. Na Polônia, tanto o Fakt (o diário de maior tiragem), quanto o Polska (300 mil exemplares/dia) são controlados por grupos alemães.
Nos Estados Unidos, a News Corporation de Murdoch avança a passos largos: depois do New York Post, o principal tablóide do país, veio a Fox News, canal de notícias 24h na TV a cabo; o tradicionalíssimo The Wall Street Journal; o estúdio Fox Films e a editora Harper Collins. E o mexicano Carlos Slim é um dos novos acionistas do The New York Times.
E no Brasil?
Entre nós, anunciou-se recentemente que o Ongoing Media Group – apesar do nome, um grupo português – que edita o “Brasil Econômico” desde outubro, comprou o grupo “O Dia”, incluindo o “Meia Hora” e o jornal esportivo “Campeão”. O Ongoing detem 20% do grupo Impressa (português), é acionista da Portugal Telecom e controla o maior operador de TV a cabo de Portugal, o Zon Multimídia.
Aqui sempre tivemos concentração no controle da mídia, até porque, ao contrário do que acontece no resto do mundo, nunca houve preocupação do nosso legislador com a propriedade cruzada dos meios. Historicamente são poucos os grupos que controlam os principais veículos de comunicação, sejam eles impressos ou concessões do serviço público de rádio e televisão. Além disso, ainda padecemos do mal histórico do coronelismo eletrônico que vincula a mídia às oligarquias políticas regionais e locais desde pelo menos a metade do século passado.
Desde que a Emenda Constitucional n. 36, de 2002, permitiu a participação de capital estrangeiro nas empresas brasileiras de mídia, investidores globais no campo da informação e do entretenimento, atuam aqui. Considerada a convergência tecnológica, pode-se afirmar que eles, na verdade, chegaram antes, isto é, desde a privatização das telecomunicações.
Apesar da dificuldade de se obter informações confiáveis nesse setor, são conhecidas as ligações do Grupo Abril com a sul-africana Naspers; da NET/Globo com a Telmex (do grupo controlado por Carlos Slim) e da Globo com a News Corporation/ Sky.
Tudo indica, portanto, que, aos nossos problemas históricos, se acrescenta mais um, este contemporâneo. Quem ameaça a liberdade de expressão? Diante dessa tendência, aparentemente mundial, de onde partiria a verdadeira ameaça à liberdade de expressão?
Em matéria sobre o assunto publicada na revista Carta Capital n. 591 o conhecido professor da New York University, Crispin Miller, afirma em relação ao que vem ocorrendo nos Estados Unidos: “O grande perigo para a democracia norte-americana não é a virtual morte dos jornais diários. É a concentração de donos da mídia no país. Ironicamente, há 15 anos, se dizia que era prematuro falar em uma crise cívica, com os conglomerados exercendo poder de censura sobre a imensidão de notícias disponíveis no mundo pós-internet (...)”.
Todas estas questões deveriam servir de contrapeso para equilibrar a pauta imposta pela grande mídia brasileira em torno das “ameaças” a liberdade de expressão. Afinal, diante das tendências mundiais, quem, de fato, “controla” a mídia e representa perigo para as liberdades democráticas?
*Venício Lima é Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP – UNB.
Fonte: Carta Maior
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quinta-feira, 29 de abril de 2010
FALTA DE ESCRÚPULOS – OS MENTIROSOS
Por Laerte Braga
Quando alguém assiste a um desses filmes de ação em que agentes norte-americanos saem pelo mundo afora matando e destruindo tudo e todos em nome da segurança dos Estados Unidos, de tal forma já se acostumou com essa forma de agir que não percebe que ali não existe crítica alguma ao terrorismo do império. O que há de fato é exibição de poder, demonstração de força, afirmação da lei do mais forte e por baixo dos panos, um constante processo de alienação que transforma atores como Silvester Stalone ou Bruce Willys em espécie de super homens.
No fundo o que sentimos é exatamente o que eles querem. Um misto de admiração pela boçalidade e a constatação interior que somos inferiores.
Os braços dessa forma de terrorismo são compridos, atuam em todo o mundo e recentemente um líder do Hamas foi assassinado em Dubai por agentes ecretos do MOSSAD – Israel –, todos com nomes falsos, passaportes britânicos, alemães e belgas e a despeito das promessas de apurar os fatos e adotar as providências cabíveis, tudo está do mesmo tamanho.
É estreita a colaboração entre essas organizações.
Na trilogia Bourne, história de um oficial norte-americano que entra para um projeto especial de eliminação de inimigos dos EUA em qualquer parte do mundo, um jornalista do jornal inglês THE GUARDIAN é assassinado pela CIA por ter descoberto o que não podia, não devia e não deveria ser publicado.
Eliminar o jornalista sugere que o jornal publicaria os fatos. É uma intenção clara e manifesta no filme. O jornalista é o culpado de sua própria morte por colocar em risco a segurança dos EUA . O jornal entra ali aparentemente de adereço. Para que se suponha que sendo livre a expressão não iria hesitar em denunciar os crimes do terrorismo oficial da CIA.
Nos tempos de George Bush isso vinha chancelado pelo ATO PATRIÓTICO. Uma espécie de AI-5 para os cidadãos de qualquer parte ou canto do mundo que viessem colocar em risco a democracia cristã, ocidental e capitalista.
Escorado nesse absurdo Bush encheu Guantánamo de inocentes. Sem preocupações com qualquer reação da opinião pública transformou a base militar em território cubano ocupado em campo de concentração.
Mas isso é por lá, por aqui as coisas são diferentes, pelo menos é o que parece, só parece. Agentes estrangeiros atuam em estreita colaboração com setores das forças armadas (brasileiras, será que são?) no que chamam vigilância sobre a colônia palestina no sul do País. Ao tempo de FHC chegaram a insinuar que Osama bin Laden lá estivera buscando recursos para seu grupo e cogitaram de instalar uma base militar de “cooperação mútua” mais ou menos eles comandam e o mútuo fica por conta da limpeza das latrinas).
Um dos braços mais importantes, se não for o mais importante desse processo de recolonização e que parte da busca da alienação plena e absoluta é a mídia. Não temos uma mídia independente, brasileira, o chamado exercício da livre expressão é apenas o direito da mentira repetida a exaustão, até que um apresentador de jornal de tevê possa referir-se ao telespectador padrão do dito jornal como “Homer Simpson”. O idiota de uma série da tevê dos EUA.
Os índices de audiência do dito jornal continuam altos e milhares continuam respondendo ao jornalista em seu twitter quando ele pergunta “quem quer um bom dia diga sim”. Mais ou menos como uma criança no zoológico, naquela linguagem de crianças – essas são inocentes – exibe uma banana ao macaco.
Os impérios se sustentam na exploração de povos que oprimem, dominam ou alienam. Alienar pode significar algo como perder consciência de si próprio, aceitar transformar-se num objeto. Tem sido assim historicamente. Com os EUA não é diferente. As épocas é que são distintas e a forma de dominação obedece aos critérios do tempo e do espaço. Por exemplo, terceirizar as forças armadas, como acontece nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
Aquela história de “nossos rapazes” vira nossos mercenários”.
Os EUA hoje não são um país, tampouco uma nação. O modelo transformou-os numa empresa controlada por grupos sionistas (judeus fundamentalista/terroristas), banqueiros, grandes empresas e parceria com elites econômicas em todas as partes do mundo. No caso do Brasil, o conglomerado FIESP/DASLU, associação de supostos barões travestidos de comendadores e “patriotas”, todos gloriosos sonegadores e fraudadores de tudo quanto possa ser fraudado em benefício do lucro nosso de cada dia.
O entorno, ou seja, nós, mais ou menos como que numa máquina de moer carne. Vamos sendo moídos, moídos, até que imprestáveis, somos atirados a um canto qualquer de um almoxarifado qualquer. Um exemplo claro disso? O México e sua participação no NAFTA, tratado de livre comércio entre eles, os EUA e o Canadá. O México é o depósito de lixo.
Quem disse que os norte-americanos estão preocupados em acabar com o narcotráfico? Álvaro Uribe é o presidente da Colômbia e os bilhões de dólares do tráfico de droga vão parar nos bancos de grupos sionistas, europeus e norte-americanos. No máximo mantê-lo dentro de níveis aceitáveis, digamos assim. Estudos do próprio Pentágono mostram que a imensa maioria de soldados dos EUA usam drogas quando em situação de combate. Acaba sendo “necessidade” e fator de lucro.
Em todo esse processo há contratempos, lógico. De repente alguns povos se dão conta que são seres humanos, que têm um sentimento que os torna e forma parte de uma determinada nação e reagem.
No caso da América Latina governos eleitos pelo voto do povo como o da Venezuela, da Bolívia, do Equador, do Uruguai, do Paraguai, da Nicarágua, de El Salvador, além de Cuba (a propósito não noticiaram nada, mas domingo foi dia de eleição em Cuba) são transformados em veículos do terrorismo, contrários à democracia, risco para as liberdades.
Acionam todos os mecanismos de falta de escrúpulos para derrubá-los como fizeram com o de Honduras e transformam seus governantes em bandidos. Forjam um processo eleitoral e continuam prendendo, assassinando, torturando, tudo em nome das companhias que por lá estão.
A jóia da coroa na América Latina é o Brasil.
A perspectiva que possamos continuar de pé e buscando caminhos capazes de nos permitir a integridade do nosso território, a nossa soberania, liberdade e acima de tudo capacidade de sermos donos do nosso destino assusta os EUA.
Têm uma aposta num primeiro momento. José Collor Arruda Serra, retorno dos tempos de FHC.
Montaram uma coligação impressionante. O partido do candidato, PSDB, os principais meios de comunicação – GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA e outros de caráter regional), trouxeram a quadrilha DEM (latifundiários do transgênico nosso de cada dia), excluíram do noticiário pesquisas que não lhe agradam e forjam as que desejam vender aos Homer Simpsons, tocam o barco segundo planos e comando de Washington e Wall Street.
Nesta semana que chega ao fim, se tem falado muito do déficit de conta corrente do Brasil. O próprio presidente do Banco Central, Henrique Meireles, veio a público explicar que não há problemas sérios.
Se existem ou não problemas sérios, essa não é a preocupação dos críticos do governo. O importante é deixar gravada na mente do Homer a expressão déficit. Sugere fracasso, incompetência e dá forças ao homem deles, José Collor Arruda Serra.
A história é outra. Ou os quinhentos são outros.
Três itens formam a conta corrente. A balança comercial (exportação versus importações). A conta de serviços (patentes, etc) e de rendas, ou seja, da circulação de dinheiro, empréstimos – entrada e saída –, pagamento de juros, REMESSA DE LUCROS, viagens e no caso das rendas, recursos enviados por brasileiros no exterior.
Não temos uma indústria nacional de veículos automotores. Abrimos mão ao contrário da Coréia, do Japão, dos países europeus, da China, da Índia.
Temos montadoras de empresas estrangeiras que usam componentes nacionais (fabricados por empresas estrangeiras) até um determinado limite e tecnologia (se paga por tecnologia) de outras empresas, de outros países, caso da CITROEN, que usa tecnologia em alguns itens desenvolvida em Israel.
FHC privatizou a EMBRAER quando a empresa era um êxito absoluto e hoje, no
caminho que estava, seria concorrente das grandes do mundo, inclusive na
fabricação de aviões de grande porte. Compramos submarinos nucleares
franceses quando dispomos de tecnologia para fazer tudo aqui. As verbas
foram sucateadas. A FAB fica sem voar, a não ser brincadeira, enquanto se
decide que empresa estrangeira vai nos fornecer aviões caças. Liquidaram a
IMBEL e a ENGESA quando o URUTU e o OSÓRIO competiam com vantagem sobre
similares estrangeiros. Votaram a lei de patentes para neutralizar qualquer
perspectiva de tecnologia sobre qualquer coisa e um grupo de espertalhões do Japão chegou a registrar o açaí.
A VALE, que quando VALE DO RIO DOCE era lucrativa e gerava tecnologias de
ponta no setor foi entregue a grupos estrangeiros e breve terá sua matriz na Suíça. É dona de parte do solo e subsolo do Brasil.
O Estado como instituição não tem que ter padaria. Mas os setores
estratégicos da economia são fundamentais. FHC tratou de rifá-los, é um
funcionário deles, Arruda Serra é o projeto para arrematar o processo.
A política externa do Brasil incomoda claro. Um desses remanescentes da era
jurássica, patriota por canalhice, no conceito de Samuel Johnson, referiu-se a Celso Amorim como “vá a m... Amorim”. Claro, ao contrário do antigo
ministro de FHC Celso Láfer, Amorim não tira os sapatos em um aeroporto em
New York e se deixa revistar pela imigração. Tem caráter, escrúpulos e
competência. Láfer nem sabe o que é isso. Um grito e tira os sapatos, cai de quatro.
Com a crise das montadoras norte-americanas e os meios adotados pelo
governo do Brasil (sem entrar no mérito) para evitar que a crise batesse
aqui, uma das razões do déficit de conta corrente é exatamente a remessa de
lucros para salvar a turma da matriz. Não foi só o dinheiro dado por Obama
não. O mundo dos países controlados pelo império pagou a maior parte da
conta e continua a pagar.
As medidas adotadas pelo governo brasileiro no auge da crise tiveram como
objetivo, por discutíveis que possam ser, evitar altos índices de
desemprego, entre outras coisas. O desemprego está em baixa.
Para os veículos de comunicação, a coligação PSDB/GLOBO/FOLHA DE SÃO
PAULO/VEJA/DEM, todos movidos por grandes capitais de empresas padrão
FIESP/DASLU, é preciso exibir a expressão déficit sem explicar que com eles
não haverá déficit, pois a escritura do Brasil será passada em caráter
definitivo e seremos BRAZIL.
Não têm escrúpulos, são mentirosos, não têm nada a ver nem com o Brasil e
muito menos com os brasileiros.
A opção é simples. Se vamos fazer como Celso Láfer, borrarmo-nos de medo e
tirar os sapatos, cair de quatro ou se vamos continuar de pé como Amorim.
Se de fato somos milhões de Homer Simpson, ou se somos sujeitos e donos de
nosso País, capazes de construir a nossa Nação.
Sabe quanto custa o curso da filha de Serra, por mês numa universidade
norte-americana? Sessenta dólares. Tem idéia do preço da mansão da moça em
Troncoso na Bahia (Serra passou o reveillon lá).
Li hoje e não duvido que, breve, se bobearmos, vamos pagar pedágio para
entrar em nossas próprias casas. Nossas? Será?
Quando alguém assiste a um desses filmes de ação em que agentes norte-americanos saem pelo mundo afora matando e destruindo tudo e todos em nome da segurança dos Estados Unidos, de tal forma já se acostumou com essa forma de agir que não percebe que ali não existe crítica alguma ao terrorismo do império. O que há de fato é exibição de poder, demonstração de força, afirmação da lei do mais forte e por baixo dos panos, um constante processo de alienação que transforma atores como Silvester Stalone ou Bruce Willys em espécie de super homens.
No fundo o que sentimos é exatamente o que eles querem. Um misto de admiração pela boçalidade e a constatação interior que somos inferiores.
Os braços dessa forma de terrorismo são compridos, atuam em todo o mundo e recentemente um líder do Hamas foi assassinado em Dubai por agentes ecretos do MOSSAD – Israel –, todos com nomes falsos, passaportes britânicos, alemães e belgas e a despeito das promessas de apurar os fatos e adotar as providências cabíveis, tudo está do mesmo tamanho.
É estreita a colaboração entre essas organizações.
Na trilogia Bourne, história de um oficial norte-americano que entra para um projeto especial de eliminação de inimigos dos EUA em qualquer parte do mundo, um jornalista do jornal inglês THE GUARDIAN é assassinado pela CIA por ter descoberto o que não podia, não devia e não deveria ser publicado.
Eliminar o jornalista sugere que o jornal publicaria os fatos. É uma intenção clara e manifesta no filme. O jornalista é o culpado de sua própria morte por colocar em risco a segurança dos EUA . O jornal entra ali aparentemente de adereço. Para que se suponha que sendo livre a expressão não iria hesitar em denunciar os crimes do terrorismo oficial da CIA.
Nos tempos de George Bush isso vinha chancelado pelo ATO PATRIÓTICO. Uma espécie de AI-5 para os cidadãos de qualquer parte ou canto do mundo que viessem colocar em risco a democracia cristã, ocidental e capitalista.
Escorado nesse absurdo Bush encheu Guantánamo de inocentes. Sem preocupações com qualquer reação da opinião pública transformou a base militar em território cubano ocupado em campo de concentração.
Mas isso é por lá, por aqui as coisas são diferentes, pelo menos é o que parece, só parece. Agentes estrangeiros atuam em estreita colaboração com setores das forças armadas (brasileiras, será que são?) no que chamam vigilância sobre a colônia palestina no sul do País. Ao tempo de FHC chegaram a insinuar que Osama bin Laden lá estivera buscando recursos para seu grupo e cogitaram de instalar uma base militar de “cooperação mútua” mais ou menos eles comandam e o mútuo fica por conta da limpeza das latrinas).
Um dos braços mais importantes, se não for o mais importante desse processo de recolonização e que parte da busca da alienação plena e absoluta é a mídia. Não temos uma mídia independente, brasileira, o chamado exercício da livre expressão é apenas o direito da mentira repetida a exaustão, até que um apresentador de jornal de tevê possa referir-se ao telespectador padrão do dito jornal como “Homer Simpson”. O idiota de uma série da tevê dos EUA.
Os índices de audiência do dito jornal continuam altos e milhares continuam respondendo ao jornalista em seu twitter quando ele pergunta “quem quer um bom dia diga sim”. Mais ou menos como uma criança no zoológico, naquela linguagem de crianças – essas são inocentes – exibe uma banana ao macaco.
Os impérios se sustentam na exploração de povos que oprimem, dominam ou alienam. Alienar pode significar algo como perder consciência de si próprio, aceitar transformar-se num objeto. Tem sido assim historicamente. Com os EUA não é diferente. As épocas é que são distintas e a forma de dominação obedece aos critérios do tempo e do espaço. Por exemplo, terceirizar as forças armadas, como acontece nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
Aquela história de “nossos rapazes” vira nossos mercenários”.
Os EUA hoje não são um país, tampouco uma nação. O modelo transformou-os numa empresa controlada por grupos sionistas (judeus fundamentalista/terroristas), banqueiros, grandes empresas e parceria com elites econômicas em todas as partes do mundo. No caso do Brasil, o conglomerado FIESP/DASLU, associação de supostos barões travestidos de comendadores e “patriotas”, todos gloriosos sonegadores e fraudadores de tudo quanto possa ser fraudado em benefício do lucro nosso de cada dia.
O entorno, ou seja, nós, mais ou menos como que numa máquina de moer carne. Vamos sendo moídos, moídos, até que imprestáveis, somos atirados a um canto qualquer de um almoxarifado qualquer. Um exemplo claro disso? O México e sua participação no NAFTA, tratado de livre comércio entre eles, os EUA e o Canadá. O México é o depósito de lixo.
Quem disse que os norte-americanos estão preocupados em acabar com o narcotráfico? Álvaro Uribe é o presidente da Colômbia e os bilhões de dólares do tráfico de droga vão parar nos bancos de grupos sionistas, europeus e norte-americanos. No máximo mantê-lo dentro de níveis aceitáveis, digamos assim. Estudos do próprio Pentágono mostram que a imensa maioria de soldados dos EUA usam drogas quando em situação de combate. Acaba sendo “necessidade” e fator de lucro.
Em todo esse processo há contratempos, lógico. De repente alguns povos se dão conta que são seres humanos, que têm um sentimento que os torna e forma parte de uma determinada nação e reagem.
No caso da América Latina governos eleitos pelo voto do povo como o da Venezuela, da Bolívia, do Equador, do Uruguai, do Paraguai, da Nicarágua, de El Salvador, além de Cuba (a propósito não noticiaram nada, mas domingo foi dia de eleição em Cuba) são transformados em veículos do terrorismo, contrários à democracia, risco para as liberdades.
Acionam todos os mecanismos de falta de escrúpulos para derrubá-los como fizeram com o de Honduras e transformam seus governantes em bandidos. Forjam um processo eleitoral e continuam prendendo, assassinando, torturando, tudo em nome das companhias que por lá estão.
A jóia da coroa na América Latina é o Brasil.
A perspectiva que possamos continuar de pé e buscando caminhos capazes de nos permitir a integridade do nosso território, a nossa soberania, liberdade e acima de tudo capacidade de sermos donos do nosso destino assusta os EUA.
Têm uma aposta num primeiro momento. José Collor Arruda Serra, retorno dos tempos de FHC.
Montaram uma coligação impressionante. O partido do candidato, PSDB, os principais meios de comunicação – GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA e outros de caráter regional), trouxeram a quadrilha DEM (latifundiários do transgênico nosso de cada dia), excluíram do noticiário pesquisas que não lhe agradam e forjam as que desejam vender aos Homer Simpsons, tocam o barco segundo planos e comando de Washington e Wall Street.
Nesta semana que chega ao fim, se tem falado muito do déficit de conta corrente do Brasil. O próprio presidente do Banco Central, Henrique Meireles, veio a público explicar que não há problemas sérios.
Se existem ou não problemas sérios, essa não é a preocupação dos críticos do governo. O importante é deixar gravada na mente do Homer a expressão déficit. Sugere fracasso, incompetência e dá forças ao homem deles, José Collor Arruda Serra.
A história é outra. Ou os quinhentos são outros.
Três itens formam a conta corrente. A balança comercial (exportação versus importações). A conta de serviços (patentes, etc) e de rendas, ou seja, da circulação de dinheiro, empréstimos – entrada e saída –, pagamento de juros, REMESSA DE LUCROS, viagens e no caso das rendas, recursos enviados por brasileiros no exterior.
Não temos uma indústria nacional de veículos automotores. Abrimos mão ao contrário da Coréia, do Japão, dos países europeus, da China, da Índia.
Temos montadoras de empresas estrangeiras que usam componentes nacionais (fabricados por empresas estrangeiras) até um determinado limite e tecnologia (se paga por tecnologia) de outras empresas, de outros países, caso da CITROEN, que usa tecnologia em alguns itens desenvolvida em Israel.
FHC privatizou a EMBRAER quando a empresa era um êxito absoluto e hoje, no
caminho que estava, seria concorrente das grandes do mundo, inclusive na
fabricação de aviões de grande porte. Compramos submarinos nucleares
franceses quando dispomos de tecnologia para fazer tudo aqui. As verbas
foram sucateadas. A FAB fica sem voar, a não ser brincadeira, enquanto se
decide que empresa estrangeira vai nos fornecer aviões caças. Liquidaram a
IMBEL e a ENGESA quando o URUTU e o OSÓRIO competiam com vantagem sobre
similares estrangeiros. Votaram a lei de patentes para neutralizar qualquer
perspectiva de tecnologia sobre qualquer coisa e um grupo de espertalhões do Japão chegou a registrar o açaí.
A VALE, que quando VALE DO RIO DOCE era lucrativa e gerava tecnologias de
ponta no setor foi entregue a grupos estrangeiros e breve terá sua matriz na Suíça. É dona de parte do solo e subsolo do Brasil.
O Estado como instituição não tem que ter padaria. Mas os setores
estratégicos da economia são fundamentais. FHC tratou de rifá-los, é um
funcionário deles, Arruda Serra é o projeto para arrematar o processo.
A política externa do Brasil incomoda claro. Um desses remanescentes da era
jurássica, patriota por canalhice, no conceito de Samuel Johnson, referiu-se a Celso Amorim como “vá a m... Amorim”. Claro, ao contrário do antigo
ministro de FHC Celso Láfer, Amorim não tira os sapatos em um aeroporto em
New York e se deixa revistar pela imigração. Tem caráter, escrúpulos e
competência. Láfer nem sabe o que é isso. Um grito e tira os sapatos, cai de quatro.
Com a crise das montadoras norte-americanas e os meios adotados pelo
governo do Brasil (sem entrar no mérito) para evitar que a crise batesse
aqui, uma das razões do déficit de conta corrente é exatamente a remessa de
lucros para salvar a turma da matriz. Não foi só o dinheiro dado por Obama
não. O mundo dos países controlados pelo império pagou a maior parte da
conta e continua a pagar.
As medidas adotadas pelo governo brasileiro no auge da crise tiveram como
objetivo, por discutíveis que possam ser, evitar altos índices de
desemprego, entre outras coisas. O desemprego está em baixa.
Para os veículos de comunicação, a coligação PSDB/GLOBO/FOLHA DE SÃO
PAULO/VEJA/DEM, todos movidos por grandes capitais de empresas padrão
FIESP/DASLU, é preciso exibir a expressão déficit sem explicar que com eles
não haverá déficit, pois a escritura do Brasil será passada em caráter
definitivo e seremos BRAZIL.
Não têm escrúpulos, são mentirosos, não têm nada a ver nem com o Brasil e
muito menos com os brasileiros.
A opção é simples. Se vamos fazer como Celso Láfer, borrarmo-nos de medo e
tirar os sapatos, cair de quatro ou se vamos continuar de pé como Amorim.
Se de fato somos milhões de Homer Simpson, ou se somos sujeitos e donos de
nosso País, capazes de construir a nossa Nação.
Sabe quanto custa o curso da filha de Serra, por mês numa universidade
norte-americana? Sessenta dólares. Tem idéia do preço da mansão da moça em
Troncoso na Bahia (Serra passou o reveillon lá).
Li hoje e não duvido que, breve, se bobearmos, vamos pagar pedágio para
entrar em nossas próprias casas. Nossas? Será?
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terça-feira, 27 de abril de 2010
A “imprensa livre” e os eventos no Memorial
Entre o final de março e o começo de abril, o Memorial da América Latina, em São Paulo, abrigou três eventos onde a comunicação era o tema central. Todos com algum tipo de participação de docentes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. De longe, um fato a ser saudado. Afinal, são poucos os espaços que ainda restam para discussão desse tema. De perto, no entanto, a visão é mais melancólica.
Dos três debates, dois receberam cobertura seletiva dos grandes jornais. Outro passou em branco. Adivinhem porque. É simples, basta ver o tom do conteúdo de cada um deles. O primeiro, denominado “Liberdade de Expressão e Direito à Informação na Sociedades Contemporâneas” foi aberto por um articulista do jornal “O Estado de S.Paulo” especializado em negar os direitos dos negros à reparação pelos crimes sofridos ao longo e depois da escravidão. Sobraram críticas ao governo brasileiro, às políticas de comunicação de vários países da América Latina e até a recém-criada Empresa Brasil de Comunicação, gestora da TV Brasil. Tudo devidamente coberto pelo jornalismo dito independente.
O outro chamado “Liberdade de Imprensa e Democracia na América Latina” teve como figura central o ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Brito. Para quem já esqueceu trata-se do magistrado que acabou com a Lei de Imprensa impondo sobre o jornalismo a lei da selva. Deu seu voto também para acabar com a exigência do diploma para o exercício da profissão dizendo que ela pode ser exercida por aqueles que apenas têm "intimidade com a palavra" ou "olho clínico". Definições profundas, sem dúvida.
No debate do Memorial o ministro foi ainda mais além nas suas demonstrações de completa alienação em relação ao mundo em que vive. Disse, por exemplo, que a liberdade de imprensa é um direito absoluto, não limitado por outros direitos. E disse mais, mas por aqui, pouparei o leitor. Ficarei na constatação – boquiaberto – de que um ministro do Supremo não conhece a estrutura econômica dentro da qual operam, como empresas capitalistas, os meios de comunicação. Seguindo sua orientação, empresários de um setor específico da economia têm total liberdade para impor seus interesses à sociedade sem nenhum tipo de controle. Como fazem os donos da mídia.
Isso é tudo que eles querem e, por conta disso, o seminário foi generosamente acompanhado pelos jornalões. Restou o terceiro, vítima de um silencioso ensurdecedor. Sabem porque? Porque nele não se tergiversava. Ia-se à raiz dos problemas e discutiam-se os novos, modernos e generosos rumos que a comunicação começa a traçar na América Latina.
Basta ver o título para entender a razão do boicote imposto pela “imprensa livre”: “A América Latina hoje: perspectivas de integração para além do mercado”. Os dois eventos antes citados tiveram acolhida nos jornalões por, obsequiosamente, respeitarem os limites do mercado. Este, por sua vez, mostrou que há vida – e de melhor qualidade – além desse limite.
E não foi uma reunião rápida, essa organizada pelo Centro de Estudos Latino Americanos sobre Cultura e Comunicação na América Latina (CELACC) da ECA. Foram três dias de trabalho, com apresentações de resultados de pesquisas realizadas em diferentes países do continente, acompanhadas de mesas redondas. Entre os participantes, estava a professora argentina Suzana Sel, organizadora do livro “La Comunicacion Mediatizada” e estudiosa do processo de reestruturação da mídia argentina. Disse ela em sua exposição que a nova lei do audiovisual vigente em seu país “implica num forte golpe” aos grupos que concentram a comunicação e abre espaço para que novos atores possam entrar na cena midiática. Isso porque, diz ela, a lei busca “reverter as políticas neoliberais” fixando limites à “concentração que se expressam tanto na distribuição de um espectro (eletromagnético) reconhecendo novos sujeitos, como na fixação de níveis de produção nacional” e também ao reverter “o grau de centralização existente, entre outras medidas que ferem interesses monopolistas”.
Claro que a “imprensa livre”, elevada esdruxulamente à categoria de um direito absoluto, jamais cobriria esse tipo de evento. Que, de comum com os outros dois, teve apenas o Memorial como abrigo.
Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).
Fonte: Pátria Latina (www.patrialatina.com.br)
Dos três debates, dois receberam cobertura seletiva dos grandes jornais. Outro passou em branco. Adivinhem porque. É simples, basta ver o tom do conteúdo de cada um deles. O primeiro, denominado “Liberdade de Expressão e Direito à Informação na Sociedades Contemporâneas” foi aberto por um articulista do jornal “O Estado de S.Paulo” especializado em negar os direitos dos negros à reparação pelos crimes sofridos ao longo e depois da escravidão. Sobraram críticas ao governo brasileiro, às políticas de comunicação de vários países da América Latina e até a recém-criada Empresa Brasil de Comunicação, gestora da TV Brasil. Tudo devidamente coberto pelo jornalismo dito independente.
O outro chamado “Liberdade de Imprensa e Democracia na América Latina” teve como figura central o ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Brito. Para quem já esqueceu trata-se do magistrado que acabou com a Lei de Imprensa impondo sobre o jornalismo a lei da selva. Deu seu voto também para acabar com a exigência do diploma para o exercício da profissão dizendo que ela pode ser exercida por aqueles que apenas têm "intimidade com a palavra" ou "olho clínico". Definições profundas, sem dúvida.
No debate do Memorial o ministro foi ainda mais além nas suas demonstrações de completa alienação em relação ao mundo em que vive. Disse, por exemplo, que a liberdade de imprensa é um direito absoluto, não limitado por outros direitos. E disse mais, mas por aqui, pouparei o leitor. Ficarei na constatação – boquiaberto – de que um ministro do Supremo não conhece a estrutura econômica dentro da qual operam, como empresas capitalistas, os meios de comunicação. Seguindo sua orientação, empresários de um setor específico da economia têm total liberdade para impor seus interesses à sociedade sem nenhum tipo de controle. Como fazem os donos da mídia.
Isso é tudo que eles querem e, por conta disso, o seminário foi generosamente acompanhado pelos jornalões. Restou o terceiro, vítima de um silencioso ensurdecedor. Sabem porque? Porque nele não se tergiversava. Ia-se à raiz dos problemas e discutiam-se os novos, modernos e generosos rumos que a comunicação começa a traçar na América Latina.
Basta ver o título para entender a razão do boicote imposto pela “imprensa livre”: “A América Latina hoje: perspectivas de integração para além do mercado”. Os dois eventos antes citados tiveram acolhida nos jornalões por, obsequiosamente, respeitarem os limites do mercado. Este, por sua vez, mostrou que há vida – e de melhor qualidade – além desse limite.
E não foi uma reunião rápida, essa organizada pelo Centro de Estudos Latino Americanos sobre Cultura e Comunicação na América Latina (CELACC) da ECA. Foram três dias de trabalho, com apresentações de resultados de pesquisas realizadas em diferentes países do continente, acompanhadas de mesas redondas. Entre os participantes, estava a professora argentina Suzana Sel, organizadora do livro “La Comunicacion Mediatizada” e estudiosa do processo de reestruturação da mídia argentina. Disse ela em sua exposição que a nova lei do audiovisual vigente em seu país “implica num forte golpe” aos grupos que concentram a comunicação e abre espaço para que novos atores possam entrar na cena midiática. Isso porque, diz ela, a lei busca “reverter as políticas neoliberais” fixando limites à “concentração que se expressam tanto na distribuição de um espectro (eletromagnético) reconhecendo novos sujeitos, como na fixação de níveis de produção nacional” e também ao reverter “o grau de centralização existente, entre outras medidas que ferem interesses monopolistas”.
Claro que a “imprensa livre”, elevada esdruxulamente à categoria de um direito absoluto, jamais cobriria esse tipo de evento. Que, de comum com os outros dois, teve apenas o Memorial como abrigo.
Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).
Fonte: Pátria Latina (www.patrialatina.com.br)
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quinta-feira, 22 de abril de 2010
Chomsky: o que está em jogo na questão do Irã
Em entrevista à publicação alemã Freitag, Noam Chomsky fala da pressão dos EUA e de Israel sobre o Irã e seu significado geopolítico. "O Irã é percebido como uma ameaça porque não obedeceu às ordens dos Estados Unidos. Militarmente essa ameaça é irrelevante. Esse país não se comportou agressivamente fora de suas fronteiras durante séculos. Israel invadiu o Líbano, com o beneplácito e a ajuda dos EUA, até cinco vezes em trinta anos. O Irã não fez nada parecido", afirma.
David Goessmann/Fabian Scheidler -
Freitag: Barak Obama obteve em 2009 o Prêmio Nobel da Paz enquanto enviava mais tropas ao Afeganistão. O que ocorreu com a “mudança” prometida?
Chomsky: Sou dos poucos que não está desiludido com Obama porque não depositei expectativas nele. Eu escrevi sobre as posições de Obama e suas perspectivas de êxito antes do início de sua campanha eleitoral. Vi sua página na internet e para mim estava claro que se tratava de um democrata moderado ao estilo de Bill Clinton. Há, claro, muita retórica sobre a esperança e a mudança. Mas isso é como uma folha em branco, onde se pode escrever qualquer coisa. Aqueles que se desesperaram com os últimos golpes da era Bush buscaram esperanças. Mas não existe nenhuma base para expectativa alguma uma vez que se analise corretamente a substância do discurso de Obama.
Seu governo tratou o Irã como uma ameaça em função de seu programa de
enriquecimento de urânio, enquanto países que possuem armas nucleares
como Índia, Paquistão e Israel não sofrem a mesma pressão. Como avalia
essa maneira de proceder?
Chomsky: O Irã é percebido como uma ameaça porque não obedeceu às ordens dos Estados Unidos. Militarmente essa ameaça é irrelevante. Esse país não se comportou agressivamente fora de suas fronteiras durante séculos. O único ato agressivo se deu nos anos 70 sob o governo do Xá, quando, com apoio dos EUA, invadiu duas ilhas árabes. Naturalmente ninguém quer que o Irã ou qualquer outro país disponha de armas nucleares. Sabe-se que esse Estado é governado hoje por um regime abominável. Mas apliquem-se os mesmos rótulos aplicados ao Irã a sócios dos EUA como Arábia Saudita ou Egito e só se poderá o Irã em matéria de direitos humanos. Israel invadiu o Líbano, com o beneplácito e a ajuda dos EUA, até cinco vezes em trinta
anos. O Irã não fez nada parecido.
Apesar disso, o país é considerado como uma ameaça...
Chomsky: Porque o Irã seguiu um caminho independente e não se subordina a nenhuma ordem das autoridades internacionais. Comportou-se de modo similar ao que fez o Chile nos anos setenta. Quando este país passou a ser governador pelo socialista Salvador Allende foi desestabilizado pelos EUA para produzir “estabilidade”. Não se tratava de nenhuma contradição. Era preciso derrubar o governo de Allende – a força “desestabilizadora” – para
manter a “estabilidade” e poder restaurar a autoridade dos EUA. O mesmo
fenômeno ocorre agora na região do Golfo. Teerã se opõe à autoridade dos EUA.
Como avalia o objetivo da comunidade internacional ao impor graves sanções a Teerã?
Chomsky: A comunidade internacional: curiosa expressão. A maioria dos países do mundo pertence ao bloco não alinhado e apoiam energicamente o direito do Irã de enriquecer urânio para fins pacíficos. Tem repetido com freqüência e abertamente que não se consideram parte da denominada “comunidade internacional”. Obviamente pertencem a ela só aqueles países que seguem as ordens dos EUA. São os EUA e Israel que ameaçam o Irã. E essa ameaça deve ser tomada seriamente.
Por que razões?
Chomsky: Israel dispõe neste momento de centenas de armas atômicas e sistemas de lançamento. Destes últimos, os mais perigosos provem da Alemanha. Este país fornece submarinos nucleares Dolphin, que são praticamente invisíveis. Podem ser equipados com mísseis nucleares e Israel está preparado para deslocar esses submarinos para o Golfo. Graças à ditadura egípcia, os submarinos israelenses podem passar pelo Canal de Suez. Não sei se isso foi noticiado na Alemanha, mas há aproximadamente duas semanas, a Marinha dos EUA informou que construiu uma base para armas
nucleares na ilha Diego Garcia, no oceano Índico. Ali seriam
estacionados os submarinos equipados com mísseis nucleares, inclusive o
chamado “destruidor de bunkers”. Trata-se de projéteis que podem
atravessar muros de cimento de vários metros de espessura. Foram
pensados exclusivamente para uma intervenção no Irã. O destacado
historiador militar israelense Martin Levi van Creveld, um homem
claramente conservador, escreveu em 2003, imediatamente após a invasão
do Iraque, que “depois desta invasão os iranianos ficaram loucos por
ainda não terem desenvolvido nenhuma arma atômica”. Em termos práticos:
há alguma outra maneira de impedir uma invasão? Por que os EUA ainda não ocuparam a Coréia do Norte? Porque ali há um instrumento de dissuasão. Repito, ninguém quer que o Irã tenha armas nucleares, mas a
probabilidade de que o Irã empregue armas nucleares é mínima. Isso pode
ser comprovado nas análises dos serviços secretos estadunidenses. Se
Teerã quisesse equipar-se com uma só ogiva nuclear, provavelmente o país seria arrasado. Uma fatalidade deste tipo não é do gosto dos clérigos
islâmicos no governo: até agora eles não mostraram nenhum impulso
suicida.
O que pode fazer a União Européia para dissipar a tensão desta situação tão explosiva?
Chomsky: Poderia reduzir o perigo de guerra. A União Européia poderia exercer pressão sobre Índia, Paquistão e Israel, os mais proeminentes não assinantes do Tratado de Não Proliferação Nuclear, para que finalmente o assinem. Em outubro de 2009, quando se protestou contra o programa atômico iraniano, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) aprovou uma
resolução, que Israel desafiou, para que este país assinasse o Tratado
de Não-Proliferação de Armas Nucleares e permitisse o acesso de
inspetores internacionais aos seus sistemas nucleares. A Europa e os EUA trataram de bloquear essa resolução. Obama fez Israel saber
imediatamente que não devia prestar nenhuma atenção a esta resolução. É interessante o que acontece na Europa desde que a Guerra Fria acabou.
Quem acreditou na propaganda das décadas anteriores devia esperar que a
OTAN se dissolvesse em 1990. Afinal, a organização foi criada para
proteger a Europa das “hordas russas”. Agora já não existem “hordas
russas”, mas a organização se expande e viola todas as promessas que fez a Gorbachev, que foi suficientemente ingênuo para acreditar no que
disseram o presidente Bush e o chanceler Kohl, a saber: que a OTAN não
se deslocaria um centímetro na direção do leste europeu. Na avaliação
dos analistas internacionais, Gorbachev acreditou em tudo o que eles
disseram. Não foi muito sábio. Hoje a OTAN expandiu a grandes
territórios do Leste e segue sua estratégia de controlar o sistema
mundial de energia, os oleodutos, gasodutos e rotas de comércio. Hoje é
uma mostra do poder de intervenção dos EUA no mundo. Por que a Europa
aceita isso? Por que não se coloca de pé e olha de frente para os EUA?
Ainda que os EUA pretendam seguir sendo uma superpotência militar, a sua economia praticamente desmoronou em 2008. Faltaram bilhões de dólares
para salvar Wall Street. Sem o dinheiro da China, os EUA talvez tivessem entrada em bancarrota.
Chomsky: Fala-se muito do dinheiro chinês e especula-se muito a partir deste fato sobre um deslocamento do poder no mundo. A China poderia superar os EUA? Considero essa pergunta uma expressão de extremismo ideológico. Os Estados não são os únicos atores no cenário mundial. Até certo ponto são importantes, mas não de modo absoluto. Os atores, que dominam seus respectivos Estados, são sobretudo econômicos: os bancos e as corporações. Se examinamos quem controla o mundo e determina a política, vamos nos abster de afirmar um deslocamento do poder mundial e da força de trabalho mundial. A China é o exemplo extremo. Ali se dão interações entre empresas transnacionais, instituições financeiras e o Estado na medida em que isso serve a seus interesses. Esse é o único deslocamento de poder, mas não proporciona nenhuma manchete.
Tradução para o SinPermiso: Angel Ferrero
Tradução para a Carta Maior: Katarina Peixoto
Fonte original: http://www.freitag. de/politik/ 1013-iran- obama-weltordnun g-sanktionen
David Goessmann/Fabian Scheidler -
Freitag: Barak Obama obteve em 2009 o Prêmio Nobel da Paz enquanto enviava mais tropas ao Afeganistão. O que ocorreu com a “mudança” prometida?
Chomsky: Sou dos poucos que não está desiludido com Obama porque não depositei expectativas nele. Eu escrevi sobre as posições de Obama e suas perspectivas de êxito antes do início de sua campanha eleitoral. Vi sua página na internet e para mim estava claro que se tratava de um democrata moderado ao estilo de Bill Clinton. Há, claro, muita retórica sobre a esperança e a mudança. Mas isso é como uma folha em branco, onde se pode escrever qualquer coisa. Aqueles que se desesperaram com os últimos golpes da era Bush buscaram esperanças. Mas não existe nenhuma base para expectativa alguma uma vez que se analise corretamente a substância do discurso de Obama.
Seu governo tratou o Irã como uma ameaça em função de seu programa de
enriquecimento de urânio, enquanto países que possuem armas nucleares
como Índia, Paquistão e Israel não sofrem a mesma pressão. Como avalia
essa maneira de proceder?
Chomsky: O Irã é percebido como uma ameaça porque não obedeceu às ordens dos Estados Unidos. Militarmente essa ameaça é irrelevante. Esse país não se comportou agressivamente fora de suas fronteiras durante séculos. O único ato agressivo se deu nos anos 70 sob o governo do Xá, quando, com apoio dos EUA, invadiu duas ilhas árabes. Naturalmente ninguém quer que o Irã ou qualquer outro país disponha de armas nucleares. Sabe-se que esse Estado é governado hoje por um regime abominável. Mas apliquem-se os mesmos rótulos aplicados ao Irã a sócios dos EUA como Arábia Saudita ou Egito e só se poderá o Irã em matéria de direitos humanos. Israel invadiu o Líbano, com o beneplácito e a ajuda dos EUA, até cinco vezes em trinta
anos. O Irã não fez nada parecido.
Apesar disso, o país é considerado como uma ameaça...
Chomsky: Porque o Irã seguiu um caminho independente e não se subordina a nenhuma ordem das autoridades internacionais. Comportou-se de modo similar ao que fez o Chile nos anos setenta. Quando este país passou a ser governador pelo socialista Salvador Allende foi desestabilizado pelos EUA para produzir “estabilidade”. Não se tratava de nenhuma contradição. Era preciso derrubar o governo de Allende – a força “desestabilizadora” – para
manter a “estabilidade” e poder restaurar a autoridade dos EUA. O mesmo
fenômeno ocorre agora na região do Golfo. Teerã se opõe à autoridade dos EUA.
Como avalia o objetivo da comunidade internacional ao impor graves sanções a Teerã?
Chomsky: A comunidade internacional: curiosa expressão. A maioria dos países do mundo pertence ao bloco não alinhado e apoiam energicamente o direito do Irã de enriquecer urânio para fins pacíficos. Tem repetido com freqüência e abertamente que não se consideram parte da denominada “comunidade internacional”. Obviamente pertencem a ela só aqueles países que seguem as ordens dos EUA. São os EUA e Israel que ameaçam o Irã. E essa ameaça deve ser tomada seriamente.
Por que razões?
Chomsky: Israel dispõe neste momento de centenas de armas atômicas e sistemas de lançamento. Destes últimos, os mais perigosos provem da Alemanha. Este país fornece submarinos nucleares Dolphin, que são praticamente invisíveis. Podem ser equipados com mísseis nucleares e Israel está preparado para deslocar esses submarinos para o Golfo. Graças à ditadura egípcia, os submarinos israelenses podem passar pelo Canal de Suez. Não sei se isso foi noticiado na Alemanha, mas há aproximadamente duas semanas, a Marinha dos EUA informou que construiu uma base para armas
nucleares na ilha Diego Garcia, no oceano Índico. Ali seriam
estacionados os submarinos equipados com mísseis nucleares, inclusive o
chamado “destruidor de bunkers”. Trata-se de projéteis que podem
atravessar muros de cimento de vários metros de espessura. Foram
pensados exclusivamente para uma intervenção no Irã. O destacado
historiador militar israelense Martin Levi van Creveld, um homem
claramente conservador, escreveu em 2003, imediatamente após a invasão
do Iraque, que “depois desta invasão os iranianos ficaram loucos por
ainda não terem desenvolvido nenhuma arma atômica”. Em termos práticos:
há alguma outra maneira de impedir uma invasão? Por que os EUA ainda não ocuparam a Coréia do Norte? Porque ali há um instrumento de dissuasão. Repito, ninguém quer que o Irã tenha armas nucleares, mas a
probabilidade de que o Irã empregue armas nucleares é mínima. Isso pode
ser comprovado nas análises dos serviços secretos estadunidenses. Se
Teerã quisesse equipar-se com uma só ogiva nuclear, provavelmente o país seria arrasado. Uma fatalidade deste tipo não é do gosto dos clérigos
islâmicos no governo: até agora eles não mostraram nenhum impulso
suicida.
O que pode fazer a União Européia para dissipar a tensão desta situação tão explosiva?
Chomsky: Poderia reduzir o perigo de guerra. A União Européia poderia exercer pressão sobre Índia, Paquistão e Israel, os mais proeminentes não assinantes do Tratado de Não Proliferação Nuclear, para que finalmente o assinem. Em outubro de 2009, quando se protestou contra o programa atômico iraniano, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) aprovou uma
resolução, que Israel desafiou, para que este país assinasse o Tratado
de Não-Proliferação de Armas Nucleares e permitisse o acesso de
inspetores internacionais aos seus sistemas nucleares. A Europa e os EUA trataram de bloquear essa resolução. Obama fez Israel saber
imediatamente que não devia prestar nenhuma atenção a esta resolução. É interessante o que acontece na Europa desde que a Guerra Fria acabou.
Quem acreditou na propaganda das décadas anteriores devia esperar que a
OTAN se dissolvesse em 1990. Afinal, a organização foi criada para
proteger a Europa das “hordas russas”. Agora já não existem “hordas
russas”, mas a organização se expande e viola todas as promessas que fez a Gorbachev, que foi suficientemente ingênuo para acreditar no que
disseram o presidente Bush e o chanceler Kohl, a saber: que a OTAN não
se deslocaria um centímetro na direção do leste europeu. Na avaliação
dos analistas internacionais, Gorbachev acreditou em tudo o que eles
disseram. Não foi muito sábio. Hoje a OTAN expandiu a grandes
territórios do Leste e segue sua estratégia de controlar o sistema
mundial de energia, os oleodutos, gasodutos e rotas de comércio. Hoje é
uma mostra do poder de intervenção dos EUA no mundo. Por que a Europa
aceita isso? Por que não se coloca de pé e olha de frente para os EUA?
Ainda que os EUA pretendam seguir sendo uma superpotência militar, a sua economia praticamente desmoronou em 2008. Faltaram bilhões de dólares
para salvar Wall Street. Sem o dinheiro da China, os EUA talvez tivessem entrada em bancarrota.
Chomsky: Fala-se muito do dinheiro chinês e especula-se muito a partir deste fato sobre um deslocamento do poder no mundo. A China poderia superar os EUA? Considero essa pergunta uma expressão de extremismo ideológico. Os Estados não são os únicos atores no cenário mundial. Até certo ponto são importantes, mas não de modo absoluto. Os atores, que dominam seus respectivos Estados, são sobretudo econômicos: os bancos e as corporações. Se examinamos quem controla o mundo e determina a política, vamos nos abster de afirmar um deslocamento do poder mundial e da força de trabalho mundial. A China é o exemplo extremo. Ali se dão interações entre empresas transnacionais, instituições financeiras e o Estado na medida em que isso serve a seus interesses. Esse é o único deslocamento de poder, mas não proporciona nenhuma manchete.
Tradução para o SinPermiso: Angel Ferrero
Tradução para a Carta Maior: Katarina Peixoto
Fonte original: http://www.freitag. de/politik/ 1013-iran- obama-weltordnun g-sanktionen
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Carta Maior
terça-feira, 20 de abril de 2010
Energia nuclear e dependência tecnológica
Por Beto Almeida
Como pano de fundo das pressões dos EUA para impor sanções que impeçam o Irã de desenvolver seu programa nuclear está o veto imperial visando intimidar todos os países que dão passos concretos para romper a dependência tecnológica. Esta dependência funciona como um vergonhoso muro que bloqueia o desenvolvimento soberano de inúmeros países emergentes, mas com desdobramentos planetários. A pressão contra o Irã também atinge o Brasil.
A realização, nesta semana, da Cúpula Internacional para a Segurança Nuclear , supostamente para afastar o perigo de um confrontação nuclear mundial, reveste-se de farsa discursiva e prática. A participação de Lula neste evento convocado pelos EUA foi interessante. Como de hábito, Lula usou uma imagem simples e fortemente comunicativa para explicar o que anda ocorrendo nesta área nuclear, mesmo quando grandes potências assinam acordos e mais acordos de desarmamento, há mais de 40 anos, teoricamente de redução de ogivas. De vez em quando, disse Lula, eu jogo fora remédios velhos e vencidos…
Não há, rigorosamente, qualquer esforço sincero e comprovado de que as grandes potências atômicas estariam a zelar pela paz mundial, que não existe, e para afastar o perigo de um confrontação nuclear de conseqüências imprevisíveis, até o momento. Assim, é preciso extrair o que de fato está em jogo nestes grandes encontros internacionais. Tal como aquela Conferência do Clima de Copenhaguen, no final do ano passado, foi um grande fiasco, não resultando em qualquer acordo prático que levasse as potências poluidoras a deixar de emporcalhar o mundo, esta Cúpula da Segurança Nuclear também não trouxe qualquer tranqüilidade ou segurança ao mundo. Pudera, o próprio anfitrião, o presidente Barak Obama, acaba de autorizar o Congresso dos EUA a ampliar o orçamento da indústria bélica. E vale lembrar sempre: o orçamento militar dos EUA, sozinho, supera o orçamento de todos os demais países do mundo, somados. Isto mesmo, somados. Foi o que destacou Vladimir Puttin ao ser indagado por dileto repórter da BBC se os acordos militares entre Rússia e Venezuela não causariam preocupação em Washington…
TNP tem dois pesos e duas medidas
Assim sendo, além de revelar o quão hipócrita é o pronunciamento de Barak Obama indicando “preocupação” pela Venezuela estar montando, pela primeira vez em sua história, uma legítima capacidade de defesa que lhe permita não ser assaltada em suas imensas riquezas energéticas, como ocorre hoje com o Iraque e o Afeganistão – não há paranóia venezuelana nisto – é preciso entender que reuniões de cúpula como esta estão dirigidas, entre outros objetivos, a manter o imenso abismo existente entre o seleto grupo de países nucleares e os demais. Mas, com medidas práticas concretas, aí sim, dirigidas a desestimular, intimidar ou a punir, seja com sanções econômicas ou militares, aqueles países que ousem pretender uma independência tecnológica para alcançar o domínio da energia nuclear. E esses países, como é o caso Irã, são transformados em ameaça humanidade. Israel possui ogivas nucleares, mas , para demonstrar o grau de
hipocrisia que preside tais reuniões de cúpulas, sequer é interpelado, advertido, admoestado. Todas as hipóteses de sanções são dirigidas exclusivamente ao Irã.
É correta a posição do Brasil ao reivindicar que a comunidade internacional , sobretudo os possuidores do porrete nuclear nas mãos, aprenda a dialogar, a negociar. Ou será admissível adotar-se uma vez mais a opção iraquiana. Inventa-se qualquer mentira e despacha-se para o Irã a terrível máquina de morte dos EUA, já que estão em dificuldades para recuperar algum dinamismo da sua economia.
Mas, ao defender que o Irã tenha direito de desenvolver seu programa nuclear para fins pacíficos, o Brasil toca numa complexa e intrincada caixa de marimbondos. E nisto conta com a compreensão da China que, obviamente, percebe que as ameaças contra o Irã são destinadas a afetar um dos parceiros mais importante do gigante asiático em seu estupendo crescimento econômico enquanto os EUA patinam na recessão.
Turbinas nucleares sequestradas
Vale lembrar que o Brasil já foi objeto de pressões e sabotagens muito similares às que sofre o Irã hoje. Durante a Era Vargas, que os neoliberais quiseram e ainda querem demolir, o Brasil comprou turbinas atômicas da Alemanha. Foi em 1952. Era parte da estratégia do Almirante Álvaro Alberto, idealizador do Programa Nuclear Brasileiro, para que o país tivesse condições de alcançar desenvolvimento tecnológico soberano nesta área estratégica. As pressões chegaram ao ponto extremo. As turbinas, prontas para serem embarcadas no Porto de Hamburgo para o Brasil, foram seqüestradas por um comando militar da OTAN, sob ordens dos EUA. Também sabemos como foram intensas as pressões norte-americanas contra o governo Geisel para que não firmasse o Acordo Nuclear com a Alemanha na década de 70. Agora, o governo iraniano denuncia que um de seus mais insignes cientistas nucleares foi seqüestrado a mando dos EUA. Definitivamente, este mundo para é
para meigos…
O tema não é segurança mundial mas segurança dos países nucleares de que não perderão a condição de domínio exclusivo destas tecnologias e, como ela, o poder de impor dependência tecnológica ao mundo. Que não surjam outros concorrentes. Foi o que disse certa o sinistro Henry Kissinger, ex-secretário de estado dos EUA, referindo-se ao Brasil: “não permitiremos que surja um novo Japão abaixo da linha do Equador”. A discussão não é nada nova, apenas vem revestida com ingredientes atuais como a difusa ameaça terrorista, agitada como justificativa para a “comunidade internacional” puna os países rebeldes.
Romper a vassalagem tecnológica
Foi também na Era Vargas, quando da criação da Petrobrás, que o Brasil sofreu uma enorme pressão para que pretendesse ter independência na área da energia do petróleo. Até anúncios foram publicados nos jornais brasileiros pelas transnacionais para que decretar: “está provado que no Brasil não há petróleo” e , portanto, seria uma loucura criar a Petrobrás. Um dos jornais que publicou estas orientações imperiais, o Estado de São Paulo, hoje está aí a editar posições contra a revitalização da Telebrás, contra a nacionalização dos fertilizantes, ou simplesmente pedindo que a TV Brasil seja extinta, apesar de sua existência estar prevista na Constituição.
Além do caso do petróleo, vale citar também o exemplo da indústria aeronáutica. O desenvolvimento de uma indústria aeronáutica de porte pelo Brasil parecia ser o resultado lógico e natural da histórica conquista tecnológica iniciada por Alberto Santos Dumont. No entanto, após a criação da Embraer, a mentalidade presidida pela vassalagem tecnológica e que acreditava que o Brasil não podia mais ou que não tinha o direito a uma posição soberana no cenário aeronáutico internacional, optou pela privatização da estatal. Recentemente, a Venezuela apresentou proposta de compra de 150 aviões Tucanos da Embraer. Quando a transação estava por ser concluída, a dependência tecnológica se impôs: os EUA vetaram a venda, alegando que os Tucanos contam com tecnologia norte-americana e que não poderiam ser vendidos à Venezuela de Hugo Chávez.. Aliás, era um simples computador de bordo que poderia perfeitamente ser desenvolvido aqui mesmo
se o CPQD não tivesse sido demolido no vendaval da privataria. Resultado: a Venezuela comprou aviões similares da China e a Embraer, sem encomendas, demitiu 4800 trabalhadores.
Uma nova ordem internacional
A dependência tecnológica que querem impor ao Irã desdobra-se como pressão também contra o Brasil, possuidor de uma das mais eficientes e cobiçadas tecnologias de centrifugas nucleares. A pressão alinhavada na Cúpula da Segurança Nuclear destina-se a pressionar também os países emergentes a firmar o aditivo ao Tratado de Não Proliferação Nuclear, pelo qual, a Agência Internacional de Energia Atômica poderia fazer “inspeções”, sem aviso, a quaisquer instalações onde haja desenvolvimento de experiências de natureza nuclear. Faz bem a Secretaria de Assuntos Estratégicos do Brasil em alertar para os riscos que estão embutidos por trás destas grandiloqüentes proclamações sobre segurança nuclear.
Acerta o presidente Lula quando afirma que Brasil e China estão na obrigação de lutar por uma nova ordem internacional. Acertam os países do IBAS quando firmam acordo para fabricação de satélite próprio superando grave vulnerabilidade tecnológica que marca o setor. Acertam os países do BRIC quando marcam presença por outras áreas do planeta, por exemplo, por meio dos acordos para o desenvolvimento nuclear que Rússia está propondo implementar com Venezuela e Argentina. Erra o jornal Correio Brasiliense, incapaz de compreender a transcendência histórica da reunião realizada em Brasília, desinformando sobre o conteúdo e magnitude dos acordos estatais firmados, preferindo dar destaque inconcebível aos problemas que o encontro causou ao trânsito e trazendo como manchete um improvável desfecho para a paroquial crise da corrupção no Distrito Federal, que traumatizou o próprio diário capitalino, tão beneficiado pela panetônica
publicidade do Palácio do Buriti. Erra também o Green Peace em seu protesto estudantil – certamente apoiado por instituições alimentadas pela indústria petroleira e da Realeza Financeira Britânica – sem perceber que no Itamaraty estavam reunidos pelo menos dois dos países que mais se esforçam e contribuem para um novo padrão energético internacional mais limpo. O Brasil, com a biomassa e a hidroeletricidade, e a China, país que líder nos investimentos e na produção de equipamentos para a energia solar.
Ou seja, não é difícil usar o perigo real de uma conflagração nuclear para esconder uma série de iniciativas e de arranjos visando manter o mundo marcado pela dependência tecnológica que prejudica a imensa maioria dos povos. Sobretudo, quando certa mídia não quer revelá-los.
Fonte: Carta Maior
Como pano de fundo das pressões dos EUA para impor sanções que impeçam o Irã de desenvolver seu programa nuclear está o veto imperial visando intimidar todos os países que dão passos concretos para romper a dependência tecnológica. Esta dependência funciona como um vergonhoso muro que bloqueia o desenvolvimento soberano de inúmeros países emergentes, mas com desdobramentos planetários. A pressão contra o Irã também atinge o Brasil.
A realização, nesta semana, da Cúpula Internacional para a Segurança Nuclear , supostamente para afastar o perigo de um confrontação nuclear mundial, reveste-se de farsa discursiva e prática. A participação de Lula neste evento convocado pelos EUA foi interessante. Como de hábito, Lula usou uma imagem simples e fortemente comunicativa para explicar o que anda ocorrendo nesta área nuclear, mesmo quando grandes potências assinam acordos e mais acordos de desarmamento, há mais de 40 anos, teoricamente de redução de ogivas. De vez em quando, disse Lula, eu jogo fora remédios velhos e vencidos…
Não há, rigorosamente, qualquer esforço sincero e comprovado de que as grandes potências atômicas estariam a zelar pela paz mundial, que não existe, e para afastar o perigo de um confrontação nuclear de conseqüências imprevisíveis, até o momento. Assim, é preciso extrair o que de fato está em jogo nestes grandes encontros internacionais. Tal como aquela Conferência do Clima de Copenhaguen, no final do ano passado, foi um grande fiasco, não resultando em qualquer acordo prático que levasse as potências poluidoras a deixar de emporcalhar o mundo, esta Cúpula da Segurança Nuclear também não trouxe qualquer tranqüilidade ou segurança ao mundo. Pudera, o próprio anfitrião, o presidente Barak Obama, acaba de autorizar o Congresso dos EUA a ampliar o orçamento da indústria bélica. E vale lembrar sempre: o orçamento militar dos EUA, sozinho, supera o orçamento de todos os demais países do mundo, somados. Isto mesmo, somados. Foi o que destacou Vladimir Puttin ao ser indagado por dileto repórter da BBC se os acordos militares entre Rússia e Venezuela não causariam preocupação em Washington…
TNP tem dois pesos e duas medidas
Assim sendo, além de revelar o quão hipócrita é o pronunciamento de Barak Obama indicando “preocupação” pela Venezuela estar montando, pela primeira vez em sua história, uma legítima capacidade de defesa que lhe permita não ser assaltada em suas imensas riquezas energéticas, como ocorre hoje com o Iraque e o Afeganistão – não há paranóia venezuelana nisto – é preciso entender que reuniões de cúpula como esta estão dirigidas, entre outros objetivos, a manter o imenso abismo existente entre o seleto grupo de países nucleares e os demais. Mas, com medidas práticas concretas, aí sim, dirigidas a desestimular, intimidar ou a punir, seja com sanções econômicas ou militares, aqueles países que ousem pretender uma independência tecnológica para alcançar o domínio da energia nuclear. E esses países, como é o caso Irã, são transformados em ameaça humanidade. Israel possui ogivas nucleares, mas , para demonstrar o grau de
hipocrisia que preside tais reuniões de cúpulas, sequer é interpelado, advertido, admoestado. Todas as hipóteses de sanções são dirigidas exclusivamente ao Irã.
É correta a posição do Brasil ao reivindicar que a comunidade internacional , sobretudo os possuidores do porrete nuclear nas mãos, aprenda a dialogar, a negociar. Ou será admissível adotar-se uma vez mais a opção iraquiana. Inventa-se qualquer mentira e despacha-se para o Irã a terrível máquina de morte dos EUA, já que estão em dificuldades para recuperar algum dinamismo da sua economia.
Mas, ao defender que o Irã tenha direito de desenvolver seu programa nuclear para fins pacíficos, o Brasil toca numa complexa e intrincada caixa de marimbondos. E nisto conta com a compreensão da China que, obviamente, percebe que as ameaças contra o Irã são destinadas a afetar um dos parceiros mais importante do gigante asiático em seu estupendo crescimento econômico enquanto os EUA patinam na recessão.
Turbinas nucleares sequestradas
Vale lembrar que o Brasil já foi objeto de pressões e sabotagens muito similares às que sofre o Irã hoje. Durante a Era Vargas, que os neoliberais quiseram e ainda querem demolir, o Brasil comprou turbinas atômicas da Alemanha. Foi em 1952. Era parte da estratégia do Almirante Álvaro Alberto, idealizador do Programa Nuclear Brasileiro, para que o país tivesse condições de alcançar desenvolvimento tecnológico soberano nesta área estratégica. As pressões chegaram ao ponto extremo. As turbinas, prontas para serem embarcadas no Porto de Hamburgo para o Brasil, foram seqüestradas por um comando militar da OTAN, sob ordens dos EUA. Também sabemos como foram intensas as pressões norte-americanas contra o governo Geisel para que não firmasse o Acordo Nuclear com a Alemanha na década de 70. Agora, o governo iraniano denuncia que um de seus mais insignes cientistas nucleares foi seqüestrado a mando dos EUA. Definitivamente, este mundo para é
para meigos…
O tema não é segurança mundial mas segurança dos países nucleares de que não perderão a condição de domínio exclusivo destas tecnologias e, como ela, o poder de impor dependência tecnológica ao mundo. Que não surjam outros concorrentes. Foi o que disse certa o sinistro Henry Kissinger, ex-secretário de estado dos EUA, referindo-se ao Brasil: “não permitiremos que surja um novo Japão abaixo da linha do Equador”. A discussão não é nada nova, apenas vem revestida com ingredientes atuais como a difusa ameaça terrorista, agitada como justificativa para a “comunidade internacional” puna os países rebeldes.
Romper a vassalagem tecnológica
Foi também na Era Vargas, quando da criação da Petrobrás, que o Brasil sofreu uma enorme pressão para que pretendesse ter independência na área da energia do petróleo. Até anúncios foram publicados nos jornais brasileiros pelas transnacionais para que decretar: “está provado que no Brasil não há petróleo” e , portanto, seria uma loucura criar a Petrobrás. Um dos jornais que publicou estas orientações imperiais, o Estado de São Paulo, hoje está aí a editar posições contra a revitalização da Telebrás, contra a nacionalização dos fertilizantes, ou simplesmente pedindo que a TV Brasil seja extinta, apesar de sua existência estar prevista na Constituição.
Além do caso do petróleo, vale citar também o exemplo da indústria aeronáutica. O desenvolvimento de uma indústria aeronáutica de porte pelo Brasil parecia ser o resultado lógico e natural da histórica conquista tecnológica iniciada por Alberto Santos Dumont. No entanto, após a criação da Embraer, a mentalidade presidida pela vassalagem tecnológica e que acreditava que o Brasil não podia mais ou que não tinha o direito a uma posição soberana no cenário aeronáutico internacional, optou pela privatização da estatal. Recentemente, a Venezuela apresentou proposta de compra de 150 aviões Tucanos da Embraer. Quando a transação estava por ser concluída, a dependência tecnológica se impôs: os EUA vetaram a venda, alegando que os Tucanos contam com tecnologia norte-americana e que não poderiam ser vendidos à Venezuela de Hugo Chávez.. Aliás, era um simples computador de bordo que poderia perfeitamente ser desenvolvido aqui mesmo
se o CPQD não tivesse sido demolido no vendaval da privataria. Resultado: a Venezuela comprou aviões similares da China e a Embraer, sem encomendas, demitiu 4800 trabalhadores.
Uma nova ordem internacional
A dependência tecnológica que querem impor ao Irã desdobra-se como pressão também contra o Brasil, possuidor de uma das mais eficientes e cobiçadas tecnologias de centrifugas nucleares. A pressão alinhavada na Cúpula da Segurança Nuclear destina-se a pressionar também os países emergentes a firmar o aditivo ao Tratado de Não Proliferação Nuclear, pelo qual, a Agência Internacional de Energia Atômica poderia fazer “inspeções”, sem aviso, a quaisquer instalações onde haja desenvolvimento de experiências de natureza nuclear. Faz bem a Secretaria de Assuntos Estratégicos do Brasil em alertar para os riscos que estão embutidos por trás destas grandiloqüentes proclamações sobre segurança nuclear.
Acerta o presidente Lula quando afirma que Brasil e China estão na obrigação de lutar por uma nova ordem internacional. Acertam os países do IBAS quando firmam acordo para fabricação de satélite próprio superando grave vulnerabilidade tecnológica que marca o setor. Acertam os países do BRIC quando marcam presença por outras áreas do planeta, por exemplo, por meio dos acordos para o desenvolvimento nuclear que Rússia está propondo implementar com Venezuela e Argentina. Erra o jornal Correio Brasiliense, incapaz de compreender a transcendência histórica da reunião realizada em Brasília, desinformando sobre o conteúdo e magnitude dos acordos estatais firmados, preferindo dar destaque inconcebível aos problemas que o encontro causou ao trânsito e trazendo como manchete um improvável desfecho para a paroquial crise da corrupção no Distrito Federal, que traumatizou o próprio diário capitalino, tão beneficiado pela panetônica
publicidade do Palácio do Buriti. Erra também o Green Peace em seu protesto estudantil – certamente apoiado por instituições alimentadas pela indústria petroleira e da Realeza Financeira Britânica – sem perceber que no Itamaraty estavam reunidos pelo menos dois dos países que mais se esforçam e contribuem para um novo padrão energético internacional mais limpo. O Brasil, com a biomassa e a hidroeletricidade, e a China, país que líder nos investimentos e na produção de equipamentos para a energia solar.
Ou seja, não é difícil usar o perigo real de uma conflagração nuclear para esconder uma série de iniciativas e de arranjos visando manter o mundo marcado pela dependência tecnológica que prejudica a imensa maioria dos povos. Sobretudo, quando certa mídia não quer revelá-los.
Fonte: Carta Maior
segunda-feira, 19 de abril de 2010
DE CABRAL À FOLHA DE SÃO PAULO - VEJA – GLOBO – A INVASÃO DO BRASIL
Por Laerte Braga
O almirante português Pedro Álvares Cabral partiu de Lisboa no dia nove março de 1500 com treze embarcações, a maior das armadas portuguesas à época e em tese com destino às Índias. A História, implacável em seu processo, mostra que os portugueses, como de resto os europeus, tinham conhecimento da existência de terras à leste da linha do Tratado de Tordesilhas.
Como no mundo em que vivemos o Tratado de Tordesilhas definia que terra era de quem, mesmo que não fosse conhecida, ou tivesse sido descoberta, ou a ela se tivesse chegado. Hoje, qualquer reserva de petróleo, água, ou minerais estratégicos é da democracia cristã e ocidental dos Estados Unidos em nome da paz.
O conhecimento em si, de terras a leste da linha do Tratado, não significa necessariamente que essas terras pudessem ou não de fato existir, mas apenas reservados os direitos sobre a “sombra” das grandes potências do século XVI.
Millôr Fernandes afirma que o primeiro a cercar a sombra de uma árvore, foi também o inventor da propriedade privada.
A última grande armada que se tem notícia na América como um todo e na América do Sul especificamente, foi a do Reino Unido para garantir a “propriedade” das Ilhas Malvinas, parte do território argentino ocupado pelos britânicos. Em 1982 o general Leopoldo Galtieri, sem sustentação popular e após um golpe dentro do golpe (sai ditador entra ditador) tentou segurar-se no patriotismo inconseqüente de uma guerra para a qual não estava preparado. Aproveitou-se do sentimento popular de revolta contra a ocupação de parte do território argentino, mandou tropas despreparadas às Malvinas, mero golpe de publicidade de general de carreirinha (temos aos montes aqui) e acabou levando o regime ditatorial ao seu fim. Entregou aos argentinos uma conta de vidas e dores sem tamanho, frustrando esperanças e direitos legítimos, já que na prática, sabia que não seria possível sustentar a posse das Ilhas Malvinas.
O Brasil era governado pelo ditador João Batista Figueiredo. No dilema ou dá ou desce, Reagan – então presidente dos EUA – apoiava a Grã Bretanha e sustentava a ditadura no Brasil (eram os principais acionistas dos governos militares), silenciou sobre o assunto, mas permitiu que navios e aviões ingleses se reabastecessem em território brasileiro. Uma típica covardia típica de ditadores e generais de fancaria.
As invasões hoje se dão de forma diversa em se tratando de América Latina. Compram presidentes, compram senadores, deputados, governadores, associam-se a empresários e assumem o controle dos negócios, disfarçam a ocupação militar com bases destinadas ao combate às drogas, mas se apóiam no traficante governando a Colômbia – Álvaro Uribe – e chamam tudo isso de mundo globalizado, que, via de regra, materializam através de tratados de livre comércio (com isso tomam conta da economia e da política do país, caso do México, mera colônia), o fim, segundo eles, é a paz, a democracia, o progresso, não importa que a fome esteja devastando a África ou que o velho método de invasão seja aplicado no Iraque, no Afeganistão.
O golpe principal, no entanto, numa realidade diferente, estamos no século XXI, em breve não haverá necessidade de cultivar rosas, japoneses já produzem com tecnologia de ponta rosas idênticas às naturais, até no perfume, é o controle da mídia, os chamados veículos de comunicação.
A nação, qualquer nação, é formada pelo território, o povo, os costumes, a tradição, a língua, a cultura e se organiza assim através do Estado. A palavra de ordem contemporânea é “estado mínimo”, já que o deus dos tempos atuais é o mercado. Onipotente, onipresente, onilucrativo, onibárbaro, oninuclear. “Eu posso ter a bomba e posso destruir o mundo cem vezes, mas em nome da paz você não”.
Quem quer que divirja desse modelo, dessa verdade única, recebe o rótulo de terrorista.
Torturam, matam, saqueiam a torto e a direito em todo o mundo. Matam palestinos, afegãos, iraquianos, colombianos, paquistaneses, matam africanos de fome, rotulam-nos a todos de “piratas”, “terroristas”.
É através dos meios de comunicação que substituem os costumes, as tradições, a língua e a cultura de um povo, por seus costumes, suas tradições, sua língua e sua cultura, numa invasão aparentemente indolor, recheada do brilho de neons e estrelas. Ao final, o ser brasileiro vira um objeto manipulado e conduzido segundo as vontades desejadas pelos conquistadores.
É todo um complexo que transforma, por exemplo, a maior potência do mundo, os EUA, numa sociedade anônima, controlada por grupos sionistas, os senhores do petróleo, dos grandes negócios, das armas.
Se Obama é um presidente aparentemente negro, que possa pensar aqui ou ali de maneira diversa da de Bush, não importa. Não vai longe e nem consegue enfrentar a assembléia geral de acionistas do império. Se antes eram os barões, condes, marqueses, duques e viscondes que controlavam os reis, hoje são os barões do petróleo, das armas, dos bancos, etc.
Se alguém pegar o mapa da América do Sul e tampar o Brasil com uma das mãos vai perceber que, territorialmente, o que sobra é quase nada diante do tamanho de nosso País. Quem quer que se detenha a dar uma olhada no Brasil e em seu todo, vai, de imediato, sentir que existe nos milhões de quilômetros quadrados de nosso território, todo o potencial para que sejamos não apenas uma grande potência em todos os sentidos, mas uma nação onde impere a democracia lato senso, a justiça social e possamos nos impor ao mundo sem necessidade de nenhum ministro tirar os sapatos e descalço submeter-se a humilhante revista no aeroporto de New York, como o fez Celso Láfer, ministro das Relações Exteriores do governo de FHC.
Em 1962, conscientes que os brasileiros começavam a buscar seus próprios caminhos à revelia de seus interesses, os norte-americanos (entendidos aqui como bancos, empresas, sionistas, os acionistas) compraram empresários (o grupo FIESP/DASLU por exemplo, sempre pronto a bom um negócio), políticos (Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, outros menores) e criaram um negócio chamado IBAD – INSTITUTO BRASILEIRO DE AÇÃO DEMOCRÁTICA –.
Financiaram revistas, jornais, campanhas eleitorais, associações de “defesa da democracia”, compraram militares comprometidos com a ideologia dominante, a dos EUA, mas acabaram perdendo no todo e resolveram partir para a solução seguinte. O golpe militar, aconteceu em 1964 e foi comandando por um general deles, Vernon Walthers (ficou aqui até “eleger” Castello Branco presidente da República).
Começou ali também a ofensiva sobre os meios de comunicação. Se já controlavam veículos como o jornal O GLOBO e o ESTADO DE SÃO PAULO (ostensivamente), começava também a história da poderosa REDE GLOBO (financiada por capitais do antigo grupo TIME/LIFE), viria mais tarde o grupo ABRIL (edita VEJA) e grossas verbas disfarçadas de publicidade para jornais como a FOLHA DE SÃO PAULO (a que chama a ditadura de ditabranda, mas emprestava seus caminhões para a desova dos cadáveres dos presos políticos torturados e assassinados no DOI/CODI em São Paulo).
Daí a introduzir o haloween como elemento da cultura brasileira no dia a dia de nossas escolas de ensino básico foi um pulo. Chegar ao estágio do tira manchas que é inteligente e evita que o seu filho vá à escola com a camisa manchada, foi outro pulo.
Fazer com que se pense como eles pensam, isso é o dia a dia da mentira veiculada pela televisão, pelos jornais, pelas revistas.
Mas, como diz a antiga canção – antiga, mas sempre presente – do “subdesenvolvido”, “você pensa como americano, mas não vive como americano”.
Manter governadores, senadores, deputados, militares, empresários sob controle é o de menos. O governo de FHC abriu as portas para a transformação do Brasil num estado da federação norte-americana e a ALCA – ASSOCIAÇÃO DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – só não foi assinado por conta da resistência popular e dos compromissos assumidos pelo atual governo, o do presidente Lula.
Funciona mais ou menos assim. Se eles fabricam chicletes, você tem que comprar deles, não pode fabricar. Pode sim, vender a matéria prima a preço vil.
Se o lixo hospitalar e nuclear deles não pode ser despejado em seu próprio território, sob as penas do tratado de livre comércio, previstas em capítulos próprios, você tem que aceitá-lo em seu território, que o diga o México.
A grande mídia cumpre dois papéis. William Bonner, um dos principais agentes dos EUA no Brasil e atuando na GLOBO, definiu a você como sendo um telespectador idiota, um Homer Simpson (por ironia uma excelente séria norte-americana que mostra exatamente a passividade do povo diante dessa situação) e nem fez questão de esconder isso de ninguém, veicula, diariamente, a mentira da “verdade” única e imposta, num espaço entre novelas e outras coisas mais, que fazem com que cada um creia que o essencial é o sucesso e que sucesso é sinônimo de ser brother, ou sister e que é fundamental amar-se a si próprio acima de todas as coisas. O outro é apenas alguém que circunstancialmente está ali, mas pode ser empurrado ladeira abaixo se virar problema, ou for obstáculo.
Nada pessoal, pessoas estão fadadas a serem extintas, tudo são negócios.
E como o modelo vendido implica que tudo seja assim, é necessário estar sempre com portas e janelas trancadas. A rasteira, o empurrão pode vir do outro.
Mentira e farsa são essenciais à mídia para fazer com que cada brasileiro pense em inglês, se veja em Hollywood, ou passeando e fazendo compras em New York, num dos hotéis recheados de pin ups de Las Vegas, não importa que esteja ralando doze horas por dia num emprego mal remunerado (professor por exemplo) e ainda em caso de reclamação seja enquadrado a cassetadas pela Polícia deles.
Dessa espécie de centro de uma organização que invade mais que o território, invade e corrompe almas e espíritos, consciências, saem irradiadas milhares de seitas a dizer que é preciso dar dez por cento para construir casas no céu e resignar-se à “realidade” daqui, saem deputados, senadores, saem governadores, empresas que fraudam, sonegam, vendem produtos de péssima qualidade, bancos que extorquem, todo o conjunto de máfias contemporâneas que, em relação às máfias originais, apenas varreu compromissos de honra mínimos que ali existiam.
Você é objeto. Joguete de uma mídia mentirosa, venal, corrupta e de jornalistas ávidos de um a mais para o “leite das crianças” (Miriam Leitão, Alexandre Garcia –dedo duro durante a ditadura –. Lúcia Hipólito e outros menores ou mesmo maiores, jornais como FOLHA DE SÃO PAULO, revistas como VEJA, jornais regionais como o ESTADO DE MINAS, ou redes regionais como a RBS (sul do País).
São financiados pelos seu dinheiro, pelo dinheiro público, caso do contrato do governo de São Paulo (José Collor Arruda Serra) com a editora ABRIL (VEJA), ou o escandaloso caso da venda do apoio da GLOBO a Serra nas eleições de 2002 envolvendo Roseana Sarney (usada como isca pela GLOBO), O BNDES, resultando na emenda que abriu as portas para o capital estrangeiro em rádios e tevês do Brasil e tirando a empresa de um estado pré-falimentar.
Nada é de graça nesse tipo de negócio. Há toda uma teia que tem um único objetivo. O controle da jóia da coroa latino-americana, o Brasil.
Um grupo de professores do estado do Pará advertiu o governo estadual que a descoberta de um reservatório subterrâneo de água doce por cientistas brasileiros era o produto do esforço de brasileiros, pois norte-americanos já o conheciam através de recursos tecnológicos através de satélites há anos e se omitiam sobre o assunto, à medida que o propósito é o controle não só da água, mas do petróleo, do País. Têm a defendê-los o patriotismo do general Heleno. A ocupar o território brasileiro a VALE privatizada.
Para isso vendem seu modo de pensar (aquele que mata à porta das escolas, que é racista, que se sustenta na barbárie da guerra e dos campos de concentração como Guantánamo) através de agências chamadas empresas como a GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, e outros, muitos outros.
Associa-se ao latifúndio que depreda a Amazônia (e culpa os índios), serve porcaria nos transgênicos, coopta militares como o fizeram com o general Heleno e muitos outros – a maioria – para eventuais golpes, faz com que cada um de nós se volte para uma Meca doentia, Washington/Wall Street e acredite que sucesso é sair por aí exibindo os escalpos conquistados na caminhada.
Com o fim da ditadura militar tentaram com Collor e conseguiram boa parte de seus objetivos com FHC, funcionário de uma fundação norte-americana a FORD. Sem nenhum escrúpulo, caráter, ou respeito por quem quer que seja, muito menos pelo Brasil e pelos brasileiros.
A eleição de Lula, por críticas que possa fazer ao governo de Lula, interrompeu o avanço, a invasão, mas não o processo de dominação. Estão aí os mesmos veículos vendendo um marginal como José Collor Arruda Serra, político sem qualquer dignidade, sem princípios e sem honra nenhuma para completar a tarefa.
Como há dias o Instituto Sensus, que pesquisa para sindicatos de trabalhadores e de patrões, divulgou pesquisa mostrando empate técnico entre a candidata Dilma Roussef e o marginal José Collor Arruda Serra, o DATA FOLHA, instituto de pesquisas da FOLHA DE SÃO PAULO, tratou de forjar uma pesquisa onde Serra aparece como vencedor e um jornalista do esquema, Fernando Rodrigues, como quem não quer nada, trata de “adiantar” em sua coluna que o bandido pode vencer já no primeiro turno.
Em 1985 a lei proibia a divulgação de pesquisas três ou cinco dias antes das eleições para evitar manipulações. A última pesquisa dos institutos ditos sérios dava a vitória nas eleições para a prefeitura de São Paulo ao criminoso Fernando Henrique Cardoso. Seu principal adversário era Jânio Quadros. Um especialista em pesquisas previu a vitória de Jânio e disse o seguinte – “me digam onde pesquisaram e encontraram a vitória de Fernando Henrique que eu vou pesquiso e trago a vitória de Jânio” – Manipulação pura, deliberada, covarde e muito bem remunerada. São bandidos e Jânio ganhou de FHC.
Daqui até outubro, os brasileiros terão tempo para pensar se querem permanecer brasileiros, senhores do Brasil, ou se vão cair de quatro definitivamente e passar à condição de colonos dos norte-americanos.
Não contem com nossas elites, são podres, são pútridas, fétidas e se vendem por um fim de semana na Ilha de Caras. Tipo trocar um pirulito pela honra, pela dignidade pessoal.
Não se invade com esquadras como a de Cabral, mas com redes de tevê, jornais, rádios e revistas que consideram garis (como o fez Boris Casoy) “a última categoria na escala de trabalho”. Ou seja, o preconceito em muitos momentos se torna visível.
Se deixa enganar quem quer ser enganado, ou quem se acostumou a ficar de quatro.
No duro mesmo, eu proporia uma sessão diária em três turnos, dos filmes de Oscarito e Grande Otelo, em cada escola. Seria uma forma do brasileiro começar a acordar e perceber que existe vida inteligente para além de Jerry Lewis, ou desses comediantes de quinta categoria de Hollywood e que Bruce Willys não é nem a sombra do que era José Legoy, o nosso grande vilão cinematográfico. Dá de dez a zero em qualquer agente da CIA desses que explodem meio mundo e no fim ficam com a mocinha.
O diretor de AVATAR dizer que vai levar a questão de Belo Monte (sem entrar no mérito) para discutir com senadores americanos? Ora, manda esse cara pastar. Mas antes olha se o general Heleno não está ao lado dele. É bem capaz, junto com o presidente da VALE e a senadora Kátia Abreu, especialista em fraudes com terras na região.
O almirante português Pedro Álvares Cabral partiu de Lisboa no dia nove março de 1500 com treze embarcações, a maior das armadas portuguesas à época e em tese com destino às Índias. A História, implacável em seu processo, mostra que os portugueses, como de resto os europeus, tinham conhecimento da existência de terras à leste da linha do Tratado de Tordesilhas.
Como no mundo em que vivemos o Tratado de Tordesilhas definia que terra era de quem, mesmo que não fosse conhecida, ou tivesse sido descoberta, ou a ela se tivesse chegado. Hoje, qualquer reserva de petróleo, água, ou minerais estratégicos é da democracia cristã e ocidental dos Estados Unidos em nome da paz.
O conhecimento em si, de terras a leste da linha do Tratado, não significa necessariamente que essas terras pudessem ou não de fato existir, mas apenas reservados os direitos sobre a “sombra” das grandes potências do século XVI.
Millôr Fernandes afirma que o primeiro a cercar a sombra de uma árvore, foi também o inventor da propriedade privada.
A última grande armada que se tem notícia na América como um todo e na América do Sul especificamente, foi a do Reino Unido para garantir a “propriedade” das Ilhas Malvinas, parte do território argentino ocupado pelos britânicos. Em 1982 o general Leopoldo Galtieri, sem sustentação popular e após um golpe dentro do golpe (sai ditador entra ditador) tentou segurar-se no patriotismo inconseqüente de uma guerra para a qual não estava preparado. Aproveitou-se do sentimento popular de revolta contra a ocupação de parte do território argentino, mandou tropas despreparadas às Malvinas, mero golpe de publicidade de general de carreirinha (temos aos montes aqui) e acabou levando o regime ditatorial ao seu fim. Entregou aos argentinos uma conta de vidas e dores sem tamanho, frustrando esperanças e direitos legítimos, já que na prática, sabia que não seria possível sustentar a posse das Ilhas Malvinas.
O Brasil era governado pelo ditador João Batista Figueiredo. No dilema ou dá ou desce, Reagan – então presidente dos EUA – apoiava a Grã Bretanha e sustentava a ditadura no Brasil (eram os principais acionistas dos governos militares), silenciou sobre o assunto, mas permitiu que navios e aviões ingleses se reabastecessem em território brasileiro. Uma típica covardia típica de ditadores e generais de fancaria.
As invasões hoje se dão de forma diversa em se tratando de América Latina. Compram presidentes, compram senadores, deputados, governadores, associam-se a empresários e assumem o controle dos negócios, disfarçam a ocupação militar com bases destinadas ao combate às drogas, mas se apóiam no traficante governando a Colômbia – Álvaro Uribe – e chamam tudo isso de mundo globalizado, que, via de regra, materializam através de tratados de livre comércio (com isso tomam conta da economia e da política do país, caso do México, mera colônia), o fim, segundo eles, é a paz, a democracia, o progresso, não importa que a fome esteja devastando a África ou que o velho método de invasão seja aplicado no Iraque, no Afeganistão.
O golpe principal, no entanto, numa realidade diferente, estamos no século XXI, em breve não haverá necessidade de cultivar rosas, japoneses já produzem com tecnologia de ponta rosas idênticas às naturais, até no perfume, é o controle da mídia, os chamados veículos de comunicação.
A nação, qualquer nação, é formada pelo território, o povo, os costumes, a tradição, a língua, a cultura e se organiza assim através do Estado. A palavra de ordem contemporânea é “estado mínimo”, já que o deus dos tempos atuais é o mercado. Onipotente, onipresente, onilucrativo, onibárbaro, oninuclear. “Eu posso ter a bomba e posso destruir o mundo cem vezes, mas em nome da paz você não”.
Quem quer que divirja desse modelo, dessa verdade única, recebe o rótulo de terrorista.
Torturam, matam, saqueiam a torto e a direito em todo o mundo. Matam palestinos, afegãos, iraquianos, colombianos, paquistaneses, matam africanos de fome, rotulam-nos a todos de “piratas”, “terroristas”.
É através dos meios de comunicação que substituem os costumes, as tradições, a língua e a cultura de um povo, por seus costumes, suas tradições, sua língua e sua cultura, numa invasão aparentemente indolor, recheada do brilho de neons e estrelas. Ao final, o ser brasileiro vira um objeto manipulado e conduzido segundo as vontades desejadas pelos conquistadores.
É todo um complexo que transforma, por exemplo, a maior potência do mundo, os EUA, numa sociedade anônima, controlada por grupos sionistas, os senhores do petróleo, dos grandes negócios, das armas.
Se Obama é um presidente aparentemente negro, que possa pensar aqui ou ali de maneira diversa da de Bush, não importa. Não vai longe e nem consegue enfrentar a assembléia geral de acionistas do império. Se antes eram os barões, condes, marqueses, duques e viscondes que controlavam os reis, hoje são os barões do petróleo, das armas, dos bancos, etc.
Se alguém pegar o mapa da América do Sul e tampar o Brasil com uma das mãos vai perceber que, territorialmente, o que sobra é quase nada diante do tamanho de nosso País. Quem quer que se detenha a dar uma olhada no Brasil e em seu todo, vai, de imediato, sentir que existe nos milhões de quilômetros quadrados de nosso território, todo o potencial para que sejamos não apenas uma grande potência em todos os sentidos, mas uma nação onde impere a democracia lato senso, a justiça social e possamos nos impor ao mundo sem necessidade de nenhum ministro tirar os sapatos e descalço submeter-se a humilhante revista no aeroporto de New York, como o fez Celso Láfer, ministro das Relações Exteriores do governo de FHC.
Em 1962, conscientes que os brasileiros começavam a buscar seus próprios caminhos à revelia de seus interesses, os norte-americanos (entendidos aqui como bancos, empresas, sionistas, os acionistas) compraram empresários (o grupo FIESP/DASLU por exemplo, sempre pronto a bom um negócio), políticos (Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, outros menores) e criaram um negócio chamado IBAD – INSTITUTO BRASILEIRO DE AÇÃO DEMOCRÁTICA –.
Financiaram revistas, jornais, campanhas eleitorais, associações de “defesa da democracia”, compraram militares comprometidos com a ideologia dominante, a dos EUA, mas acabaram perdendo no todo e resolveram partir para a solução seguinte. O golpe militar, aconteceu em 1964 e foi comandando por um general deles, Vernon Walthers (ficou aqui até “eleger” Castello Branco presidente da República).
Começou ali também a ofensiva sobre os meios de comunicação. Se já controlavam veículos como o jornal O GLOBO e o ESTADO DE SÃO PAULO (ostensivamente), começava também a história da poderosa REDE GLOBO (financiada por capitais do antigo grupo TIME/LIFE), viria mais tarde o grupo ABRIL (edita VEJA) e grossas verbas disfarçadas de publicidade para jornais como a FOLHA DE SÃO PAULO (a que chama a ditadura de ditabranda, mas emprestava seus caminhões para a desova dos cadáveres dos presos políticos torturados e assassinados no DOI/CODI em São Paulo).
Daí a introduzir o haloween como elemento da cultura brasileira no dia a dia de nossas escolas de ensino básico foi um pulo. Chegar ao estágio do tira manchas que é inteligente e evita que o seu filho vá à escola com a camisa manchada, foi outro pulo.
Fazer com que se pense como eles pensam, isso é o dia a dia da mentira veiculada pela televisão, pelos jornais, pelas revistas.
Mas, como diz a antiga canção – antiga, mas sempre presente – do “subdesenvolvido”, “você pensa como americano, mas não vive como americano”.
Manter governadores, senadores, deputados, militares, empresários sob controle é o de menos. O governo de FHC abriu as portas para a transformação do Brasil num estado da federação norte-americana e a ALCA – ASSOCIAÇÃO DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – só não foi assinado por conta da resistência popular e dos compromissos assumidos pelo atual governo, o do presidente Lula.
Funciona mais ou menos assim. Se eles fabricam chicletes, você tem que comprar deles, não pode fabricar. Pode sim, vender a matéria prima a preço vil.
Se o lixo hospitalar e nuclear deles não pode ser despejado em seu próprio território, sob as penas do tratado de livre comércio, previstas em capítulos próprios, você tem que aceitá-lo em seu território, que o diga o México.
A grande mídia cumpre dois papéis. William Bonner, um dos principais agentes dos EUA no Brasil e atuando na GLOBO, definiu a você como sendo um telespectador idiota, um Homer Simpson (por ironia uma excelente séria norte-americana que mostra exatamente a passividade do povo diante dessa situação) e nem fez questão de esconder isso de ninguém, veicula, diariamente, a mentira da “verdade” única e imposta, num espaço entre novelas e outras coisas mais, que fazem com que cada um creia que o essencial é o sucesso e que sucesso é sinônimo de ser brother, ou sister e que é fundamental amar-se a si próprio acima de todas as coisas. O outro é apenas alguém que circunstancialmente está ali, mas pode ser empurrado ladeira abaixo se virar problema, ou for obstáculo.
Nada pessoal, pessoas estão fadadas a serem extintas, tudo são negócios.
E como o modelo vendido implica que tudo seja assim, é necessário estar sempre com portas e janelas trancadas. A rasteira, o empurrão pode vir do outro.
Mentira e farsa são essenciais à mídia para fazer com que cada brasileiro pense em inglês, se veja em Hollywood, ou passeando e fazendo compras em New York, num dos hotéis recheados de pin ups de Las Vegas, não importa que esteja ralando doze horas por dia num emprego mal remunerado (professor por exemplo) e ainda em caso de reclamação seja enquadrado a cassetadas pela Polícia deles.
Dessa espécie de centro de uma organização que invade mais que o território, invade e corrompe almas e espíritos, consciências, saem irradiadas milhares de seitas a dizer que é preciso dar dez por cento para construir casas no céu e resignar-se à “realidade” daqui, saem deputados, senadores, saem governadores, empresas que fraudam, sonegam, vendem produtos de péssima qualidade, bancos que extorquem, todo o conjunto de máfias contemporâneas que, em relação às máfias originais, apenas varreu compromissos de honra mínimos que ali existiam.
Você é objeto. Joguete de uma mídia mentirosa, venal, corrupta e de jornalistas ávidos de um a mais para o “leite das crianças” (Miriam Leitão, Alexandre Garcia –dedo duro durante a ditadura –. Lúcia Hipólito e outros menores ou mesmo maiores, jornais como FOLHA DE SÃO PAULO, revistas como VEJA, jornais regionais como o ESTADO DE MINAS, ou redes regionais como a RBS (sul do País).
São financiados pelos seu dinheiro, pelo dinheiro público, caso do contrato do governo de São Paulo (José Collor Arruda Serra) com a editora ABRIL (VEJA), ou o escandaloso caso da venda do apoio da GLOBO a Serra nas eleições de 2002 envolvendo Roseana Sarney (usada como isca pela GLOBO), O BNDES, resultando na emenda que abriu as portas para o capital estrangeiro em rádios e tevês do Brasil e tirando a empresa de um estado pré-falimentar.
Nada é de graça nesse tipo de negócio. Há toda uma teia que tem um único objetivo. O controle da jóia da coroa latino-americana, o Brasil.
Um grupo de professores do estado do Pará advertiu o governo estadual que a descoberta de um reservatório subterrâneo de água doce por cientistas brasileiros era o produto do esforço de brasileiros, pois norte-americanos já o conheciam através de recursos tecnológicos através de satélites há anos e se omitiam sobre o assunto, à medida que o propósito é o controle não só da água, mas do petróleo, do País. Têm a defendê-los o patriotismo do general Heleno. A ocupar o território brasileiro a VALE privatizada.
Para isso vendem seu modo de pensar (aquele que mata à porta das escolas, que é racista, que se sustenta na barbárie da guerra e dos campos de concentração como Guantánamo) através de agências chamadas empresas como a GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, e outros, muitos outros.
Associa-se ao latifúndio que depreda a Amazônia (e culpa os índios), serve porcaria nos transgênicos, coopta militares como o fizeram com o general Heleno e muitos outros – a maioria – para eventuais golpes, faz com que cada um de nós se volte para uma Meca doentia, Washington/Wall Street e acredite que sucesso é sair por aí exibindo os escalpos conquistados na caminhada.
Com o fim da ditadura militar tentaram com Collor e conseguiram boa parte de seus objetivos com FHC, funcionário de uma fundação norte-americana a FORD. Sem nenhum escrúpulo, caráter, ou respeito por quem quer que seja, muito menos pelo Brasil e pelos brasileiros.
A eleição de Lula, por críticas que possa fazer ao governo de Lula, interrompeu o avanço, a invasão, mas não o processo de dominação. Estão aí os mesmos veículos vendendo um marginal como José Collor Arruda Serra, político sem qualquer dignidade, sem princípios e sem honra nenhuma para completar a tarefa.
Como há dias o Instituto Sensus, que pesquisa para sindicatos de trabalhadores e de patrões, divulgou pesquisa mostrando empate técnico entre a candidata Dilma Roussef e o marginal José Collor Arruda Serra, o DATA FOLHA, instituto de pesquisas da FOLHA DE SÃO PAULO, tratou de forjar uma pesquisa onde Serra aparece como vencedor e um jornalista do esquema, Fernando Rodrigues, como quem não quer nada, trata de “adiantar” em sua coluna que o bandido pode vencer já no primeiro turno.
Em 1985 a lei proibia a divulgação de pesquisas três ou cinco dias antes das eleições para evitar manipulações. A última pesquisa dos institutos ditos sérios dava a vitória nas eleições para a prefeitura de São Paulo ao criminoso Fernando Henrique Cardoso. Seu principal adversário era Jânio Quadros. Um especialista em pesquisas previu a vitória de Jânio e disse o seguinte – “me digam onde pesquisaram e encontraram a vitória de Fernando Henrique que eu vou pesquiso e trago a vitória de Jânio” – Manipulação pura, deliberada, covarde e muito bem remunerada. São bandidos e Jânio ganhou de FHC.
Daqui até outubro, os brasileiros terão tempo para pensar se querem permanecer brasileiros, senhores do Brasil, ou se vão cair de quatro definitivamente e passar à condição de colonos dos norte-americanos.
Não contem com nossas elites, são podres, são pútridas, fétidas e se vendem por um fim de semana na Ilha de Caras. Tipo trocar um pirulito pela honra, pela dignidade pessoal.
Não se invade com esquadras como a de Cabral, mas com redes de tevê, jornais, rádios e revistas que consideram garis (como o fez Boris Casoy) “a última categoria na escala de trabalho”. Ou seja, o preconceito em muitos momentos se torna visível.
Se deixa enganar quem quer ser enganado, ou quem se acostumou a ficar de quatro.
No duro mesmo, eu proporia uma sessão diária em três turnos, dos filmes de Oscarito e Grande Otelo, em cada escola. Seria uma forma do brasileiro começar a acordar e perceber que existe vida inteligente para além de Jerry Lewis, ou desses comediantes de quinta categoria de Hollywood e que Bruce Willys não é nem a sombra do que era José Legoy, o nosso grande vilão cinematográfico. Dá de dez a zero em qualquer agente da CIA desses que explodem meio mundo e no fim ficam com a mocinha.
O diretor de AVATAR dizer que vai levar a questão de Belo Monte (sem entrar no mérito) para discutir com senadores americanos? Ora, manda esse cara pastar. Mas antes olha se o general Heleno não está ao lado dele. É bem capaz, junto com o presidente da VALE e a senadora Kátia Abreu, especialista em fraudes com terras na região.
domingo, 18 de abril de 2010
Aquífero Alter do Chão, no norte do País, pode ser o maior do mundo
Aquífero descoberto no Norte seria o maior do mundo – Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) divulgarão oficialmente na semana que vem a descoberta do que afirmam ser o maior aquífero do mundo. A imensa reserva subterrânea sob os Estados do Pará, Amazonas e Amapá têm o nome provisório de Aquífero Alter do Chão – em referência à cidade de mesmo nome, centro turístico perto de Santarém.
“Temos estudos pontuais e vários dados coletados ao longo de mais de 30 anos que nos permitem dizer que se trata da maior reserva de água doce subterrânea do planeta. É maior em espessura que o Aquífero Guarani, considerado pela comunidade científica o maior do mundo”, assegura Milton Matta, geólogo da UFPA. A capacidade do aquífero não foi estabelecida. Os dados preliminares indicam que ele possui uma área de 437,5 mil quilômetros quadrados e espessura média de 545 metros. “É menor em extensão, mas maior em espessura do que o Guarani.”
Reportagem da AE – Agência Estado.
Matta cita a porosidade da rocha em que a água está depositada como um dos indícios do potencial do reservatório. “A rocha é muito porosa, o que indica grande capacidade de reserva de água. Além do mais, a permeabilidade – a conexão entre os poros da rocha – também é grande.”
Segundo ele, apesar de as dimensões da reserva não terem sido mapeadas, sai do aquífero a água que abastece 100% de Santarém e quase toda Manaus. “A vazão dos poços perfurados na região do aquífero é outro indício de que sua reserva é muito grande”, afirma Matta.
Para o geólogo Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, a comparação com o Guarani é interessante como referência, mas complicada. “O Guarani é um aquífero extremamente importante para o Brasil e para a América Latina, mas não é o maior do mundo. Há pelo menos um aquífero, na Austrália, que é maior que o Guarani”, contesta.
As informações são do jornal O Estado de SP.
Fonte: EcoDebate, 11/04/2010
“Temos estudos pontuais e vários dados coletados ao longo de mais de 30 anos que nos permitem dizer que se trata da maior reserva de água doce subterrânea do planeta. É maior em espessura que o Aquífero Guarani, considerado pela comunidade científica o maior do mundo”, assegura Milton Matta, geólogo da UFPA. A capacidade do aquífero não foi estabelecida. Os dados preliminares indicam que ele possui uma área de 437,5 mil quilômetros quadrados e espessura média de 545 metros. “É menor em extensão, mas maior em espessura do que o Guarani.”
Reportagem da AE – Agência Estado.
Matta cita a porosidade da rocha em que a água está depositada como um dos indícios do potencial do reservatório. “A rocha é muito porosa, o que indica grande capacidade de reserva de água. Além do mais, a permeabilidade – a conexão entre os poros da rocha – também é grande.”
Segundo ele, apesar de as dimensões da reserva não terem sido mapeadas, sai do aquífero a água que abastece 100% de Santarém e quase toda Manaus. “A vazão dos poços perfurados na região do aquífero é outro indício de que sua reserva é muito grande”, afirma Matta.
Para o geólogo Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, a comparação com o Guarani é interessante como referência, mas complicada. “O Guarani é um aquífero extremamente importante para o Brasil e para a América Latina, mas não é o maior do mundo. Há pelo menos um aquífero, na Austrália, que é maior que o Guarani”, contesta.
As informações são do jornal O Estado de SP.
Fonte: EcoDebate, 11/04/2010
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meio ambiente
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Há ainda direita e esquerda?
Por Emir Sader
Diante de alguns argumentos que ainda subsistem sobre o suposto fim da divisão entre direita e esquerda, aqui vão algumas diferenças. Acrescentem outras, se acharem que a diferença ainda faz sentido.
Direita: A desigualdade sempre existiu e sempre existirá. Ela é produto da maior capacidade e disposição de uns e da menor capacidade e menor disposição de outros. Como se diz nos EUA, ?não há pobres, há fracassados?
Esquerda: A desigualdade é um produto social de economias ? como a de mercado ? em que as condições de competição são absolutamente desiguais.
Direita: É preferível a injustiça, do que a desordem.
Esquerda: A luta contra as injustiças é a luta mais importante, nem que sejas preciso construir uma ordem diferente da atual.
Direita: É melhor ser aliado secundário dos ricos do mundo, do que ser aliado dos pobres.
Esquerda: Temos um destino comum com os países do Sul do mundo, vitimas do colonialismo e do imperialismo, temos que lutar com eles por uma ordem mundial distinta.
Direita: O Brasil não deve ser mais do que sempre foi.
Esquerda: O Brasil pode ser um país com presença no Sul do mundo e um agente de paz em conflitos mundiais em outras regiões do mundo.
Direita. O Estado deve ser mínimo. Os bancos públicos devem ser privatizados, assim como as outras empresas estatais.
Esquerda: O Estado tem responsabilidades essenciais, na indução do crescimento econômico, nas políticas de direitos sociais, em investimentos estratégicos como infra-estrutura, estradas, habitação, saneamento básico, entre outros. Os bancos públicos têm um papel essencial nesses projetos.
Direita: O crescimento econômico é incompatível com controle da inflação. A economia não pode crescer mais do que 3% a ano, para não se correr o risco de inflação.
Direita: Os gastos com pobres não têm retorno, são inúteis socialmente, ineficientes economicamente.
Esquerda: Os gastos com políticos sociais dirigidas aos mais pobres afirmam direitos essenciais de cidadania para todos.
Direita: O Bolsa Família e outras políticas desse tipo são ?assistencialismo? , que acostumam as pessoas a depender do Estado, a não ser auto suficientes.
Esquerda: O Bolsa Família e outras políticas desse tipo são essenciais, para construir uma sociedade de integração de todos aos direitos essenciais.
Direita: A reforma tributária deve ser feita para desonerar aos setores empresariais e facilitar a produção e a exportação.
Esquerda: A reforma tributária deve obedecer o principio segundo o qual ?quem tem mais, paga mais?, para redistribuir renda, com o Estado atuando mediante políticas sociais para diminuir as desigualdades produzidas pelo mercado.
Direita: Quanto menos impostos as pessoas pagarem, melhor. O Estado expropria recursos dos indivíduos e das empresas, que estariam melhor nas mãos destes. O Estado sustenta a burocratas ineficientes com esses recursos.
Esquerda: A tributação serva para afirmar direitos fundamentais das pessoas ? como educação e saúde publica, habitação popular, saneamento básico, infra-estrutura, direitos culturais, transporte publico, estradas, etc. A grande maioria dos servidores públicos são professores, pessoal médico e outros, que atendem diretamente às pessoas que necessitam dos serviços públicos.
Direita: A liberdade de imprensa é essencial, ela consiste no direito dos órgãos de imprensa de publicar informações e opiniões, conforme seu livre arbítrio. Qualquer controle viola uma liberdade essencial da democracia.
Esquerda: A imprensa deve servir para formar democraticamente a opinao pública, em que todos tenham direitos iguais de expressar seus pontos de vista. Uma imprensa fundada em empresas privadas, financiadas pela publicidade das grandes empresas privadas, atende aos interesses delas, ainda mais se são empresas baseadas na propriedade de algumas famílias.
Direita: A Lei Pelé trouxe profissionalismo ao futebol e libertou os jogadores do poder dos clubes.
Esquerda: A Lei Pelé mercantilizou definitivamente o futebol, que agora está nas mãos dos grandes empresários privados, enquanto os clubes, que podem formar jogadores, que tem suas diretorias eleitas pelos sócios, estão quebrados financeiramente. A Lei Pelé representa o neoliberalismo no esporte.
Direita: O capitalismo é o sistema mais avançado que a humanidade construiu, todos os outros são retrocessos, estamos destinados a viver no capitalismo.
Esquerda: O capitalismo, como todo tipo de sociedade, é um sistema histórico, que teve começo e pode ter fim, como todos os outros. Está baseado na apropriação do trabalho alheio, promove o enriquecimento de uns às custas dos outros, tende à concentração de riqueza por um lado, à exclusão social por outro, e deve ser substituído por um tipo de sociedade que atenda às necessidades de todos.
Direita: Os blogs são irresponsáveis, a internet deve ser controlada, para garantir o monopólio da empresas de mídia já existentes. As chamadas rádios comunitárias são rádios piratas, que ferem as leis vigentes.
Esquerda: A democracia requer que se incentivo aos mais diferentes tipos de espaço de expressão da diversidade cultural e de opinião de todos, rompendo com os monopólios privados, que impedem a democratização da sociedade.
Diante de alguns argumentos que ainda subsistem sobre o suposto fim da divisão entre direita e esquerda, aqui vão algumas diferenças. Acrescentem outras, se acharem que a diferença ainda faz sentido.
Direita: A desigualdade sempre existiu e sempre existirá. Ela é produto da maior capacidade e disposição de uns e da menor capacidade e menor disposição de outros. Como se diz nos EUA, ?não há pobres, há fracassados?
Esquerda: A desigualdade é um produto social de economias ? como a de mercado ? em que as condições de competição são absolutamente desiguais.
Direita: É preferível a injustiça, do que a desordem.
Esquerda: A luta contra as injustiças é a luta mais importante, nem que sejas preciso construir uma ordem diferente da atual.
Direita: É melhor ser aliado secundário dos ricos do mundo, do que ser aliado dos pobres.
Esquerda: Temos um destino comum com os países do Sul do mundo, vitimas do colonialismo e do imperialismo, temos que lutar com eles por uma ordem mundial distinta.
Direita: O Brasil não deve ser mais do que sempre foi.
Esquerda: O Brasil pode ser um país com presença no Sul do mundo e um agente de paz em conflitos mundiais em outras regiões do mundo.
Direita. O Estado deve ser mínimo. Os bancos públicos devem ser privatizados, assim como as outras empresas estatais.
Esquerda: O Estado tem responsabilidades essenciais, na indução do crescimento econômico, nas políticas de direitos sociais, em investimentos estratégicos como infra-estrutura, estradas, habitação, saneamento básico, entre outros. Os bancos públicos têm um papel essencial nesses projetos.
Direita: O crescimento econômico é incompatível com controle da inflação. A economia não pode crescer mais do que 3% a ano, para não se correr o risco de inflação.
Direita: Os gastos com pobres não têm retorno, são inúteis socialmente, ineficientes economicamente.
Esquerda: Os gastos com políticos sociais dirigidas aos mais pobres afirmam direitos essenciais de cidadania para todos.
Direita: O Bolsa Família e outras políticas desse tipo são ?assistencialismo? , que acostumam as pessoas a depender do Estado, a não ser auto suficientes.
Esquerda: O Bolsa Família e outras políticas desse tipo são essenciais, para construir uma sociedade de integração de todos aos direitos essenciais.
Direita: A reforma tributária deve ser feita para desonerar aos setores empresariais e facilitar a produção e a exportação.
Esquerda: A reforma tributária deve obedecer o principio segundo o qual ?quem tem mais, paga mais?, para redistribuir renda, com o Estado atuando mediante políticas sociais para diminuir as desigualdades produzidas pelo mercado.
Direita: Quanto menos impostos as pessoas pagarem, melhor. O Estado expropria recursos dos indivíduos e das empresas, que estariam melhor nas mãos destes. O Estado sustenta a burocratas ineficientes com esses recursos.
Esquerda: A tributação serva para afirmar direitos fundamentais das pessoas ? como educação e saúde publica, habitação popular, saneamento básico, infra-estrutura, direitos culturais, transporte publico, estradas, etc. A grande maioria dos servidores públicos são professores, pessoal médico e outros, que atendem diretamente às pessoas que necessitam dos serviços públicos.
Direita: A liberdade de imprensa é essencial, ela consiste no direito dos órgãos de imprensa de publicar informações e opiniões, conforme seu livre arbítrio. Qualquer controle viola uma liberdade essencial da democracia.
Esquerda: A imprensa deve servir para formar democraticamente a opinao pública, em que todos tenham direitos iguais de expressar seus pontos de vista. Uma imprensa fundada em empresas privadas, financiadas pela publicidade das grandes empresas privadas, atende aos interesses delas, ainda mais se são empresas baseadas na propriedade de algumas famílias.
Direita: A Lei Pelé trouxe profissionalismo ao futebol e libertou os jogadores do poder dos clubes.
Esquerda: A Lei Pelé mercantilizou definitivamente o futebol, que agora está nas mãos dos grandes empresários privados, enquanto os clubes, que podem formar jogadores, que tem suas diretorias eleitas pelos sócios, estão quebrados financeiramente. A Lei Pelé representa o neoliberalismo no esporte.
Direita: O capitalismo é o sistema mais avançado que a humanidade construiu, todos os outros são retrocessos, estamos destinados a viver no capitalismo.
Esquerda: O capitalismo, como todo tipo de sociedade, é um sistema histórico, que teve começo e pode ter fim, como todos os outros. Está baseado na apropriação do trabalho alheio, promove o enriquecimento de uns às custas dos outros, tende à concentração de riqueza por um lado, à exclusão social por outro, e deve ser substituído por um tipo de sociedade que atenda às necessidades de todos.
Direita: Os blogs são irresponsáveis, a internet deve ser controlada, para garantir o monopólio da empresas de mídia já existentes. As chamadas rádios comunitárias são rádios piratas, que ferem as leis vigentes.
Esquerda: A democracia requer que se incentivo aos mais diferentes tipos de espaço de expressão da diversidade cultural e de opinião de todos, rompendo com os monopólios privados, que impedem a democratização da sociedade.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Homicídios no país se concentram em homens, jovens, negros e pobres
Homens com idade entre 15 e 24 anos, negros e pobres são as maiores vítimas
de violência no Brasil. A conclusão consta do estudo Mapa da Violência 2010
– "Anatomia dos Homicídios no Brasil" divulgado em São Paulo, pelo Instituto Sangari, que analisa dados coletados entre os anos de 1997 e 2007. Segundo o estudo, em mais de 92% dos casos de homicídio no Brasil as vítimas são homens. Em 2007, por exemplo, para cada mulher vítima de homicídio no país, morreram 12 homens. Neste mesmo ano, faleceram 3.772 mulheres e 43.886 homens.
A reportagem é de Elaine Patricia Cruz e publicada pela Agência Brasil, em 30 de março de 2010.
Os maiores índices de mortes violentas também estão concentrados na
população jovem, entre 15 e 24 anos. Só no ano de 2007 mais de 17,4 mil
jovens foram assassinados no Brasil, o que representou 36,6% do total
ocorrido no país. O estado que apresentou o maior crescimento na taxa de
assassinatos de jovens entre 1997 e 2007 foi Alagoas, que passou de 170
mortes em 1997 para 763 mortes dez anos depois (crescimento de 348,8%). Por
outro lado, São Paulo foi o estado que apresentou a maior queda (- 60,6%),
passando de 4.682 mortes em 1997 para 1.846 óbitos em 2007.
As maiores vítimas de violência no país também são os negros. Morrem
proporcionalmente duas vezes mais negros do que brancos no Brasil. Enquanto
o número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.308 entre os anos de 2002 e 2007, o de negros cresceu de 26.915 para 30.193.
“Temos um personagem das vítimas que coincide no Brasil com quem os vitima.
Vítimas e algozes compartilham da mesma estrutura. Quem é esse nosso personagem? É um jovem entre 15 e 24 anos, provavelmente na faixa de 20 a 23[anos], morador de periferia urbana, pobre, de baixo índice educacional,
homem, e que, por motivos culturais, fúteis e banais, mata o outro”, explicou o pesquisador e sociólogo Julio Jacobo (Waiselfisz, do *Instituto Sangari.)
Segundo ele, a história de violência no Brasil é demonstrada pela matança de sua juventude e pode ser explicada por um aspecto cultural. “[A matança de jovens] não é natural porque em metade dos países do mundo a taxa é de menos de um homicídio para cada 100 mil jovens. E nós temos 50. Ou seja, é
cultural. Se fosse natural teria que estar em todos os países do mundo”,
afirmou.
De acordo com Waiselfisz, enquanto não houver uma solução para os
problemas do jovem no Brasil, não haverá solução para o problema da
violência. E uma dessas soluções, segundo ele, passaria pela educação. “Pela dimensão continental, penso que a nossa estratégia é notadamente educacional. A escola tem um papel muito grande, primeiro porque a própria escola é um foco de violência. E essa violência está, nesse momento, desestimulando os estudos”, disse ele.
de violência no Brasil. A conclusão consta do estudo Mapa da Violência 2010
– "Anatomia dos Homicídios no Brasil" divulgado em São Paulo, pelo Instituto Sangari, que analisa dados coletados entre os anos de 1997 e 2007. Segundo o estudo, em mais de 92% dos casos de homicídio no Brasil as vítimas são homens. Em 2007, por exemplo, para cada mulher vítima de homicídio no país, morreram 12 homens. Neste mesmo ano, faleceram 3.772 mulheres e 43.886 homens.
A reportagem é de Elaine Patricia Cruz e publicada pela Agência Brasil, em 30 de março de 2010.
Os maiores índices de mortes violentas também estão concentrados na
população jovem, entre 15 e 24 anos. Só no ano de 2007 mais de 17,4 mil
jovens foram assassinados no Brasil, o que representou 36,6% do total
ocorrido no país. O estado que apresentou o maior crescimento na taxa de
assassinatos de jovens entre 1997 e 2007 foi Alagoas, que passou de 170
mortes em 1997 para 763 mortes dez anos depois (crescimento de 348,8%). Por
outro lado, São Paulo foi o estado que apresentou a maior queda (- 60,6%),
passando de 4.682 mortes em 1997 para 1.846 óbitos em 2007.
As maiores vítimas de violência no país também são os negros. Morrem
proporcionalmente duas vezes mais negros do que brancos no Brasil. Enquanto
o número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.308 entre os anos de 2002 e 2007, o de negros cresceu de 26.915 para 30.193.
“Temos um personagem das vítimas que coincide no Brasil com quem os vitima.
Vítimas e algozes compartilham da mesma estrutura. Quem é esse nosso personagem? É um jovem entre 15 e 24 anos, provavelmente na faixa de 20 a 23[anos], morador de periferia urbana, pobre, de baixo índice educacional,
homem, e que, por motivos culturais, fúteis e banais, mata o outro”, explicou o pesquisador e sociólogo Julio Jacobo (Waiselfisz
Segundo ele, a história de violência no Brasil é demonstrada pela matança de sua juventude e pode ser explicada por um aspecto cultural. “[A matança de jovens] não é natural porque em metade dos países do mundo a taxa é de menos de um homicídio para cada 100 mil jovens. E nós temos 50. Ou seja, é
cultural. Se fosse natural teria que estar em todos os países do mundo”,
afirmou.
De acordo com Waiselfisz, enquanto não houver uma solução para os
problemas do jovem no Brasil, não haverá solução para o problema da
violência. E uma dessas soluções, segundo ele, passaria pela educação. “Pela dimensão continental, penso que a nossa estratégia é notadamente educacional. A escola tem um papel muito grande, primeiro porque a própria escola é um foco de violência. E essa violência está, nesse momento, desestimulando os estudos”, disse ele.
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