sábado, 13 de julho de 2013

A América Latina na era das cyberguerras




A luta pela autodeterminação latino-americana é importante para muito mais gente do que os que vivem na América Latina, porque mostra ao resto do mundo o que pode ser feito


Por Julian Assange* em 12/07/2013 Brasil de Fato


O que começou como meio para preservar a liberdade individual pode agora ser usado por Estados menores, para frustrar as ambições dos maiores.

O cypherpunks originais eram, na maioria, californianos libertaristas. Eu vim de tradição diferente, onde todos nós buscávamos proteger a liberdade individual contra a tirania do Estado. Nossa arma secreta era a criptografia. Já se esqueceu o quanto isso foi subversivo. A criptografia, então, era propriedade exclusiva dos Estados, para uso em suas muitas guerras. Ao escrever nossos próprios programas e distribuí-los o mais amplamente possível, liberamos a criptografia, a democratizamos e a espalhamos pelas fronteiras da nova internet.

A reação contra, sob várias leis “de tráfico de armas”, falhou. A criptografia se difundiu nos browsers da rede e em outros programas que, hoje, as pessoas usam diariamente. Criptografia forte é ferramenta vital na luta contra a opressão pelo Estado. Essa é a mensagem do meu livro Cypherpunks. Mas o movimento para disponibilizar universalmente uma criptografia forte tem de trabalhar para obter mais do que isso. Nosso futuro não está apenas na liberdade para os indivíduos.

Nosso trabalho em WikiLeaks implica compreensão semelhante da dinâmica da ordem internacional e da lógica do império. Durante o período de formação de WikiLeaks, encontramos evidências de pequenos países abusados e dominados por países maiores, ou infiltrados por empresas de fora, forçados agir contra eles próprios. Vimos o desejo popular ao qual não se dava voz e expressão, eleições compradas e vendidas, e países ricos, como o Quênia, assaltados e leiloados por plutocratas em Londres e em New York.

A luta pela autodeterminação latino-americana é importante para muito mais gente do que os que vivem na América Latina, porque mostra ao resto do mundo o que pode ser feito. Mas a independência da América Latina ainda engatinha. Tentativas para subverter a democracia latino-americana ainda acontecem, inclusive recentemente, em Honduras, Haiti, Equador e Venezuela.

Por isso, a mensagem dos cypherpunks tem importância especial para os públicos latino-americanos. A vigilância em massa não é só problema para a governança e a democracia — é uma questão geopolítica. Se a população de um país inteiro é vigiada por país estrangeiro, há ameaça contra a soberania. Intervenção após intervenção nos assuntos da democracia na América Latina ensinaram-nos a ser realistas. Sabemos que os velhos poderes ainda explorarão, para benefício deles, qualquer possibilidade de retardar ou suprimir a eclosão da independência latino-americana.

Considere-se a simples geografia. Todos sabem que os recursos em petróleo regem a geopolítica global. O fluxo do petróleo determina quem é dominante, quem é invadido, quem é posto em ostracismo fora da comunidade global. O controle físico sobre um segmento de oleoduto define maior poder geopolítico. Governos que se ponham nessa posição podem obter concessões gigantescas. Num golpe, o Kremlin pode condenar a Europa Oriental e a Alemanha a um inverno sem calefação. E até a possibilidade de Teerã controlar um oleoduto para o leste, até Índia e China, é pretexto para a lógica belicosa de Washington.

Mas o novo grande jogo não é a guerra por oleodutos. É a guerra pelos dutos pelos quais viaja a informação: o controle sobre as vias de cabos de fibras óticas que se espalham pela terra e pelo fundo dos mares. O novo tesouro global é o controle do fluxo gigante de dados que conecta todos os continentes e civilizações, conectando as comunicações de bilhões de pessoas e empresas.

Não é segredo que, na Internet e no telefone, todas as rotas que entram e saem da América Latina passam pelos EUA. A infraestrutura da Internet dirige 99% do tráfego que entra e que sai da América do Sul por linhas de fibras óticas que atravessam fisicamente fronteiras dos EUA. O governo dos EUA não mostrou qualquer escrúpulo quanto a quebrar sua própria lei e plantar escutas clandestinas nessas linhas e espionar os seus próprios cidadãos. Todos os dias, centenas de milhões de mensagens de todo o continente latino-americano são devoradas por agências de espionagem dos EUA, e depositadas para sempre em armazéns do tamanho de pequenas cidades. Os fatos geográficos sobre a infraestrutura da internet, portanto, têm consequências sobre a independência e a soberania da América Latina.

O problema também transcende a geografia. Muitos governos e militares latino-americanos protegem seus segredos com maquinário de criptografia. São caixas e programas que “desmontam” as mensagens na origem e as “remontam” no destino. Os governos compram essas máquinas e programas para proteger seus segredos — quase sempre o próprio povo paga (caro) —, porque temem, corretamente, que suas comunicações sejam interceptadas.

Mas as empresas que vendem esses equipamentos e programas caros mantêm laços estreitos com a comunidade de inteligência dos EUA. Seus presidentes e altos executivos são quase sempre matemáticos e engenheiros da NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA) capitalizando as invenções que eles mesmos criaram para o Estado de Vigilância. Não raras vezes, as máquinas que vendem são quebradas: quebradas propositalmente, por uma razão. Não importa quem as use ou como as usem — as agências dos EUA conseguem “remontar” os sinais e leem as mensagens.

Esse equipamento é vendido para a América Latina e outros países como útil para proteger os segredos do comprador, mas são, de fato, máquinas para roubar aqueles segredos.

Enquanto isso, os EUA aceleram a próxima grande corrida armamentista. A descoberta do vírus Stuxnet vírus — e depois dos vírus Duqu e Flame — marca o início de uma nova era de programas complexos usados como arma, que Estados poderosos fabricam para atacar estados mais fracos. A primeira ação agressiva contra o Irã visou a minar os esforços daquele país com vistas a defender sua soberania — ideia que é anátema para os interesses de EUA e de Israel na região.

Longe vai o tempo em que usar vírus de computador como arma de ataque era peripécia de romance de ficção científica. Agora, é realidade global, que se espalha graças ao comportamento leviano do governo de Barack Obama, em violação da lei internacional. Outros estados agora por-se-ão na mesma trilha, aumentando a própria capacidade de ataque.

Os EUA não são os únicos culpados. Em anos recentes, a infraestrutura de internet de países como Uganda tem recebido grandes investimentos chineses. Gordos empréstimos chegam, em troca de contratos africanos para que empresas chinesas construam a espinha dorsal da infraestrutura de internet ligando escolas, ministérios do governo e comunidades ao sistema global de fibra ótica.

A África vai-se conectando online, mas com máquinas vendidas por potência estrangeira aspirante ao status de superpotência. A internet africana será o meio pelo qual o continente continuará subjugado no século 21?

Essas são algumas das importantes vias pelas quais a mensagem dos cypherpunks vai além da luta pela liberdade individual. A criptografia pode proteger não só as liberdades civis e os direitos individuais, mas a soberania e a independência de países inteiros, a solidariedade entre grupos que lutem por causa comum, e o projeto da emancipação global. Pode ser usada para enfrentar não só a tirania do estado contra o indivíduo, mas a tirania do império contra estados menores.

O grande trabalho dos cypherpunks ainda está por fazer. Junte-se a nós.


*Julian Assange é editor-chefe do Wikileaks. Foi agraciado com o Amnesty International New Media Award em 2009 e o Sydney Peace Foundation Gold Medal, o Walkley Award for Journalism e o Martha Prize em 2011. Texto publicado em Outras Palavras, e traduzido por Vila Vudu.

Fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/13557


sexta-feira, 12 de julho de 2013

A morte de Tayná, a tortura e a imprensa



Publicado em 11/07/2013 por Urariano Motta [*]

Recife (PE) - O inquérito do assassinato da menina Tayná, no Paraná, ilustra o tempo de trevas que sobrevive no Brasil.  Em breves linhas lembramos que toda a imprensa noticiou que uma linda jovem de 14 anos, Tayná Andrade da Silva, havia sido estuprada e morta por quatro empregados de um parque de diversões, no dia 25 de junho. E que os frios estupradores confessaram o seu hediondo crime, depois de um rápido e eficiente trabalho da polícia.

Os apresentadores na tevê bradavam, elevavam a tensão em nossas veias: “E aí, o que devia ser feito com esses animais?”, e mostravam as imagens das quatro feras.

Assim estávamos nós com a nossa consciência insatisfeita, porque clamávamos pelo sangue desses monstros, quando, passados alguns dias, a brava perita Jussara Joeckel descobriu que jamais houve qualquer violência sexual contra Tayná. Mais, que o exame de DNA no sêmen encontrado na calcinha da jovem não pertence aos tidos como culpados. E para o cúmulo do absurdo, a perita afirma que a menina foi morta depois dos “assassinos” presos. Escândalo.

A perita Jussara teve a sorte de ser apoiada por uma jornalista à altura, Joice Hasselmann. A repórter divulgou a análise e registrou no Blog da Joice  que em meio aos gritos e ao bate-boca de uma reunião na Secretaria de Segurança, um integrante da Polícia Civil chegou ao extremo da pergunta:

(...) será que na contraprova nós não conseguimos um laudo com resultado inconclusivo?

Sabe-se agora que o preso Adriano teve um cabo de vassoura enfiado no ânus, amarrado de ponta-cabeça e agredido com uma máquina de choque, para que confessasse o crime. A máquina de choque foi usada com uma haste de metal introduzida no seu ânus. Adriano, internado em hospital, tem sinais de perfuração no intestino. E todos os presos, depois de torturados, tiveram que assinara sem ler os “seus” depoimentos escritos.

Infelizmente, este é um caso exemplar da polícia brasileira, de Norte a Sul do país. Prende-se o culpado, para depois iniciar-se a investigação que prove a sua culpa. A investigação, todos sabemos, é sempre a mesma: porradas primeiro, uma pergunta depois. Se o culpado não responder logo o que se quer provar, tudo mal. Pau de arara e choques elétricos como método infalível de apuração. Se responder conforme a acusação, tudo mais ou menos. A tortura continua, mas dessa vez para selar o depoimento, ou como gritam os torturadores:

Ah, então você escondia o jogo, não é, safado? Você vai ver agora o que um criminoso merece.

Pelo medo e terror, selam assim a culpa do culpado.

O costume da tortura se transformou em uma coisa tão banal, que os advogados falam nas entrevistas em invalidação do inquérito, porque contaminado pela violência. Isso é óbvio. Daí os doutores partem para a soltura dos presos, com a posterior cobrança ao Estado pela prisão indevida. O que é justo. Mas da ação lhes escapa o maior horror: eles parecem não ver que os policiais deveriam responder, antes de tudo, pela tortura, porque esse é um crime condenável, imprescritível em nossa Constituição e em todos os tribunais civilizados. O fundamental lhes escapa: a mais severa punição prisional para o torturador.

Mais. Chamamos a atenção para o comportamento da imprensa que reproduz as versões da polícia sem um filtro, sem uma dúvida.

Os repórteres copiam o Boletim de Ocorrência, e de tal modo que repórter policial é o mesmo que policial repórter. Mas isso é igualzinho ao tempo da ditadura. É igual àqueles malditos anos em as mortes de “terroristas” eram reproduções exatas da Agência Segurança Press.

Se não, olhem o que se falou sobre o assassinato da menina de 14 anos nas tevês:

“Polícia termina investigação sobre morte da menina Tayná”, em 05/07/2013.
“Polícia conclui inquérito e afirma que os suspeitos mataram Tayná”, em  05/07/2013.
E esta informação de 9/7/2013: “Reviravolta: sêmen encontrado em Tayná não é dos suspeitos”.
E a última informação de 11/7/2013 sobre o “Caso Tayná: após denúncias de tortura, delegados são afastados”.
Os exemplos da imprensa brasileira, que reproduz de modo literal o que a polícia lhe sopra, ao fim de torturante inquérito, poderiam ser mostrados a um infernal infinito. E o mais grave, leitor. Agora mesmo, neste preciso instante, um preso comum está sendo torturado, sofrendo empalação ou é morto. Isso em plena democracia. Era bom que transformássemos o caso Tayná em um começo de real mudança, nas delegacias de polícia e na imprensa.
________________________-



Urariano Motta [*] é natural de Água Fria, subúrbio da zona norte do Recife. Escritor e jornalista, publicou contos em Movimento, Opinião, Escrita, Ficção e outros periódicos de oposição à ditadura. Atualmente é colunista do Direto da Redação e colaborador do Observatório da Imprensa. As revistas Carta Capital, Fórum e Continente também já veicularam seus textos. Autor de Soledad no Recife (Boitempo, 2009) sobre a passagem da militante paraguaia Soledad Barret pelo Recife, em 1973, e Os corações futuristas(Recife, Bagaço, 1997). No início de 2013 lançou o romance O filho renegado de Deus (Recife-Bertrand-Brasil, 2013).


Publicado originalmente por Direto da Redação

quinta-feira, 11 de julho de 2013

FHC contratou empresa que participa de programa-espião dos EUA para mapear o Brasil


Matéria publicada  no Correio do Brasil em 10/07/2013*


No governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), a Booz-Allen, na qual trabalhava o espião Edward Snowden, foi responsável por consultorias estratégicas contratadas pela esfera federal. Incluem-se aí o “Brasil em Ação” (primeiro governo FHC) e o “Avança Brasil” (segundo governo FHC), entre outras, como as dos programas de privatização (saneamento foi uma delas) e a da reestruturação do sistema financeiro nacional.

A reação imediata do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) às denúncias de que os EUA mantiveram uma base de espionagem no país, durante o seu governo, suscitou interrogações e recomenda providências às autoridades do país. Dificilmente elas serão contempladas sem uma decisão soberana do Legislativo brasileiro, para instalação de uma CPI que vasculhe os porões de sigilo e dissimulação no qual o assunto pode morrer.

“Entre as inúmeras qualidades do ex-presidente, uma não é o amor à soberania nacional”, sublinha a matéria publicada, nesta quarta-feira, na agência brasileira de notícias Carta Maior, que o Correio do Brasil reproduz, em seguida:

“Avulta, assim, a marca defensiva da nota emitida por ele no Facebook, dia 8, horas depois de o jornal ‘O Globo‘ ter divulgado que, pelo menos até 2002, Brasília sediou uma das estações de espionagem nas quais funcionários da NSA e agentes da CIA trabalharam em conjunto.

‘Nunca soube de espionagem da CIA em meu governo, mesmo porque só poderia saber se ela fosse feita com o conhecimento do próprio governo, o que não foi o caso. De outro modo, se atividades deste tipo existiram, foram feitas, como em toda espionagem, à margem da lei. Cabe ao governo brasileiro, apurada a denúncia, protestar formalmente pela invasão de soberania e impedir que a violação de direitos ocorra…”, defendeu-se Fernando Henrique.

O jornal afirma ter tido acesso a documentos da NSA, vazados pelo ex-agente Edward Snowden, que trabalhou como especialista em informática para a CIA durante quatro anos, nos quais fica evidenciado que a capital federal integrava um pool formado por 16 bases da espionagem para coleta de dados de uma rede mundial. Outro conjunto de documentos, segundo o mesmo jornal, com data mais recente (setembro de 2010), traria indícios de que a embaixada brasileira em Washington e a missão do país junto às Nações Unidas, em Nova York, teriam sido grampeadas em algum momento.

Espionagem e grampos não constituíram propriamente um ponto fora da curva na gestão do ex-presidente. Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do BNDES, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do banco Opportunity – que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende.

O próprio FHC foi gravado , autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Em outro emaranhado de fios, em 1997, gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam R$ 200 mil para votar a favor da emenda da reeleição, que permitiria o segundo mandato a FHC. Então, como agora, o tucano assegurou que desconhecia totalmente o caso, que ficou conhecido como ‘a compra da reeleição’.

As sombras do passado e as do presente recomendam a instalação de uma CPI como a medida cautelar mais adequada para enfrentar o jogo pesado de interesses que tentará blindar o acesso do país ao que existe do lado de dentro da porta entreaberta pelo espião Snowden. O PT tem a obrigação de tomar a iniciativa de convoca-la.

Mas, sobretudo, o PSDB deveria manifestar integral interesse em sua instalação.

Soaria no mínimo estranho se não o fizesse diante daquilo que o ex-presidente Fernando Henrique definiu como exclamativa ilegalidade: “Se atividades deste tipo existiram, foram feitas, como em toda espionagem, à margem da lei…”.

O Congresso não pode tergiversar diante do incontornável: uma base de espionagem da CIA operou em território brasileiro pelo menos até 2002.

A sociedade tem direito de saber o que ela monitorou e com que objetivos.

Há outras perguntas de vivo interesse nacional que reclamam uma resposta.

O pool de espionagem apenas coletou dados no país ou se desdobrou em processar, manipular e distribuir informações, reais ou falsas, cuja divulgação obedecia a interesses que não os da soberania nacional?

Fez o que fez de forma totalmente clandestina e ilegal? Ou teve o apoio interno de braços privados ou oficiais, ou mesmo de autoridades avulsas?

Quem, a não ser uma Comissão Parlamentar, teria acesso e autoridade para responder a essas indagações de evidente relevância política nos dias que correm?

Toda a mídia progressista deveria contribuir para as investigações dessa natureza, de interesse suprapartidário, com a qual o Congresso daria uma satisfação ao país depois da lenta e hesitante reação inicial do Planalto e do Itamaraty, cobrada até por FHC.

Carta Maior e o Correio do Brasil alinham-se a esse mutirão com algumas sugestões de fios a desembaraçar.

Por exemplo: o repórter Geneton Moraes Neto acaba de publicar no G1 (um site do sistema Globo) um relato com o seguinte título: “O dia em que o ministro Fernando Henrique Cardoso descobriu o que é “espionagem”: secretário de Estado (norte-)americano sabia mais sobre segredo militar brasileiro do que ele”.

A reportagem, que vale a pena ler, remete a uma entrevista anterior, na qual FHC comenta seu desconhecimento sobre informações sigilosas do país dominadas por um graduado integrante do governo norte-americano.

O tucano manifesta naturalidade desconcertante diante do descabido.

A mesma naturalidade com a qual comenta agora seu esférico desconhecimento em relação às operações da CIA durante o seu governo.

Ter sido o último a saber, no caso citado por Geneton, talvez seja menos grave do que não procurar, a partir de agora, informar-se sobre certas coincidências, digamos por enquanto assim.

Há questões que gritam por elucidação.

A empresa que coordenava o trabalho de grampos da CIA, a Booz-Allen, na qual trabalhava Snowden, é uma das grandes empresas de consultoria mundial.

No governo FHC, ela foi responsável por consultorias estratégicas contratadas pela esfera federal.

Inclua-se aí desde o “Brasil em Ação” (primeiro governo FHC) até o “Avança Brasil” (segundo governo FHC) e outras, como as dos programas de privatização (saneamento foi uma delas) e a da reestruturação do sistema financeiro nacional.

Todos os trabalhos financiados pelo BNDES. Alguns exemplos:

• Caracterização dos Eixos Nacionais de Desenvolvimento. Programa Brasil em Ação. BNDES. Consórcio FIPE/BOOZ-ALLEN. 1998;

• Alternativas para a Reorientação Estratégica do Conjunto das Instituições Financeiras Públicas Federais.

• Relatório Saneamento Básico e Transporte Urbano. Consórcio FIPE/BOOZ-ALLEN & Hamilton. BNDES/Ministério da Fazenda. São Paulo. 2000

Vale repetir: a mesma empresa guarda-chuva do sistema de espionagem que operou no Brasil até 2002, a Booz Allen, foi a mentora intelectual de uma série de estudos e pareceres, contratados pelo governo do PSDB, para abastecer uma estratégia de alinhamento (‘carnal’, diria Menen) do Brasil com a economia dos EUA. Mais detalhes desse ‘impulso interativo’ podem ser obtidos aqui:

Na aparência, sempre, a perfeita identidade com os inoxidáveis interesses nacionais.
O estudo dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento, por exemplo, foi realizado por um consórcio sugestivamente abrigado sob o nome fantasia de “Brasiliana”.

Por trás, o comando a cargo da Booz-Allen & Hamilton do Brasil Consultores, com suporte da Bechtel International Incorporation e Banco ABN Amro.

O ‘mutirão’ (até a consultoria do banco) foi pago com dinheiro público pelo governo federal, sob a supervisão das equipes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Os resultados do trabalho levaram a dois eixos centrais da concepção tucana de desenvolvimento: o “Brasil em Ação” e o “Avança Brasil”.

Reconheça-se, tudo feito às claras, em perfeita sintonia entre o Estado brasileiro e a empresa guarda-chuva do sistema de espionagem em operação dupla no país.

Na pág. 166 de uma publicação do BNDES, a “contribuição” da Booz-Allen está explicitamente citada:

Uma análise de como a turma da versátil Booz-Allen teve robusta influência na modelagem do sistema financeiro nacional (leia-se, menos bancos públicos, conforme o cânone da concepção de Estado mínimo) pode ser avaliada aqui:

Um fato curioso e que não pode ser desconsiderado na avaliação criteriosa de uma incontornável CPI sobre o assunto: a ex-embaixadora dos Estados Unidos no Brasil Donna Hrinack, tão logo se despediu do cargo no país, sentou-se na cadeira de assessora qualificada da Kroll.

A Kroll, como se sabe, é uma empresa internacional de espionagem que operou a serviço de Daniel Dantas e de seu fundo, o Opportunity.

Trata-se, coincidentemente, de um dos braços financeiros mais importantes do processo de privatização no Brasil, estreitamente associado ao Citybank e, claro, a toda a “carteira” de acionistas que injetou dinheiro na farra neoliberal dos anos 90.

A Kroll foi usada para bisbilhotar autoridades e chegou a espionar ministros do governo Lula, como ficou evidente com a Operação Chacal, da Polícia Federal, deflagrada em 2004.

Como se vê, as revelações de Snowden, ao contrário do que sugere a nota de FHC, definitivamente, não deveriam soar como algo inusitado aos círculos do poder, em Brasília. Se assim são tratadas, há razões adicionais para suspeitar que um imenso pano quente será providenciado para evitar que as sombras fiquem expostas à luz.

A questão, repita-se, não se esgota em manifestar a indignação nacional pelo que Snowden denunciou.
O que verdadeiramente não se pode mais adiar é a investigação pública do que foi espionado, com que finalidade e a mando de quem.

Isso quem faz é uma Comissão Parlamentar de Inquérito”.


Nota: Veja os links remissivos na matéria original do Correio do Brasil
http://correiodobrasil.com.br/destaque-do-dia/fhc-contratou-empresa-que-participa-de-programa-espiao-dos-eua-para-mapear-o-brasil/626668/

Veja também o video de Bob Feranandes sobre a espeionagem da CIA,FBI,DEA, NSA ..no Brasil, onde ele relata as entrevistas que fez para Carta Capital, que antecipavam essas denúcias..

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/07/os-86-deputados-que-nao-repudiaram-a-espionagem-dos-eua-contra-o-brasil.html


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Arrogância, seu nome é Estados Unidos


Por Mário Augusto Jakobskind - Rede Democrática


A arrogância dos Estados Unidos não chega a ser uma surpresa, mas sempre provoca indignação. No caso de Edward Snowden, ex-agente da CIA realmente passou dos limites. Snowden concretamente está prestando um serviço de utilidade pública para a humanidade ao fazer as revelações sobre a ação imperial de grampeamento de e.mails e telefônicos por parte da potência hegemônica em várias partes do mundo. O Brasil, como se sabe, não ficou de fora e foram monitoradas mais de um bilhão de mensagens da internet e telefônicas Ou seja, uma intromissão indevida em assuntos internos de um país.

Mas não é o que pensam parlamentares norte-americanos, que lançaram ameaças contra países latino-americanos que eventualmente concedam asilo político a Snowden. Republicanos e democratas querem que o governo estadunidense promova sanções econômicas e comerciais para quem conceder o asilo político ao novo herói dos tempos cibernéticos.

O primeiro a fazer a ameaça foi o obscuro republicano Mike Rogers, que pregou a linha dura contra empresas latino-americanas que, segundo ele, “gozam dos benefícios do comércio com Estados Unidos”. Já outro parlamentar arrogante, desta feita o democrata Robert Menendez, titular do Comitê de Relações Exteriores do Senado, ameaçou a Venezuela, Nicarágua e Bolívia ao afirmar que "é evidente que qualquer aceitação de Snowden, qualquer dos três países ou qualquer outro, vão ficar diretamente contra os Estados Unidos”.

Na verdade, não é de hoje que os Estados Unidos se intrometem indevidamente em assuntos internos do Brasil. O site Wikileaks revelou há anos que telegramas da diplomacia estadunidense mostram ações concretas da Casa Branca para impedir, dificultar e sabotar o desenvolvimento tecnológico brasileiro em duas áreas estratégicas: energia nuclear e tecnologia espacial.

E tudo foi feito com a colaboração da mídia de mercado nacional Ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso, segundo o WikLeaks, os EUA pressionaram autoridades ucranianas para emperrar o desenvolvimento do projeto conjunto Brasil-Ucrânia de implantação da plataforma de lançamento dos foguetes Cyclone-4 – de fabricação ucraniana – no Centro de Lançamentos de Alcântara, no Maranhão.

WikLeaks informou também que representantes ucranianos, através de sua embaixada no Brasil, fizeram gestões para que o governo estadunidense revisse a posição de boicote ao uso de Alcântara para o lançamento de qualquer satélite fabricado nos EUA. A resposta deixou claro que os EUA “não querem” nenhuma transferência de tecnologia espacial para o Brasil.

Para quem tem memória curta, vale lembrar que a Base de Alcântara explodiu e houve denúncias segundo as quais o acidente teria sido provocado por agentes da CIA. As informações do WikLeaks demonstram as pressões norte-americanas para evitar que o Brasil continuasse com o programa em Alcântara e indicam que não seria surpresa alguma se a inteligência norte-americana fosse a responsável pela explosão que matou cientistas brasileiros e provou estragos incalculáveis ao programa espacial.

Por estas e muitas outras, que remontam inclusive fatos relacionados com o suicídio do Presidente Getúlio Vargas e o golpe civil militar que tirou do poder o Presidente constitucional João Goulart, causou espécie a declaração em um primeiro momento do Ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, de que as denúncias do ex-agente da CIA Edward Snowden o surpreenderam.

É muito lamentável o fato de um Ministro brasileiro desconheça tais fatos da história brasileira.

No mais, Edward Snowden, Julien Assange e o soldado estadunidense Bradley Manning devem ser defendidos pela violência que estão sofrendo por parte de um país que se julga o dono do mundo. Defendê-los é até uma questão de direitos humanos.

http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=4744:arrogância-seu-nome-é-estados-unido


terça-feira, 9 de julho de 2013

Egito: reviravolta bem próxima de golpe militar

08/07/2013 - Dmitry Minin, Strategic Culture
- Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Que má sorte está perseguindo os inimigos do presidente Bashar Assad [foto] da Síria! Perderam Al-Qusayr.

O Qatar e a Turquia às voltas com ondas de instabilidade interna.

Homs, cidade estrategicamente importante, está para cair a qualquer momento, atacada por tropas do governo.

No Egito, o presidente Mursi foi deposto.

Pergunto-me o que acontecerá depois de Aleppo ser libertada.

O rei da Arábia Saudita abdicará?

Ou algum dos países ocidentais que apoiam inimigos de Assad serão desmoralizados, de uma vez por todas?

A desgraça parece rondar os arrogantes e criminosos que tanto insistem em fazer sofrer a ancestral terra síria, cujas raízes chegam aos tempos bíblicos...

Nenhum desses eventos foi causado por questões internas. Mas haverá algum elo entre a crescente onda de contrarreforma no Oriente Médio e os eventos na Síria? Sem dúvida, há.

É o enorme vácuo que se percebe, entre as proclamadas ideias da Primavera Árabe e a política que cada um dos países acima mencionados pratica em relação à Síria.

Sob os slogans de liberdade, esses países têm apoiado a barbárie e a selvageria, aliados aos EUA e a Israel, países que absolutamente não se contam entre os admiradores do Islã.

É difícil enganar o povo. O povo entende muito bem o que se passa e não sente nenhum desejo de apoiar estados bandidos.

É uma ocasião rara, na história do mundo, quando há diferença tão grande entre a opinião pública, contrária à intervenção na Síria, e a política intervencionista das potências dominantes. A diferença é irreconciliável e clara; e vale tanto para o oriente quanto para o ocidente.

O ministro da Defesa e comandante-em-chefe das forças armadas do Egito, general Abdel-Fattah El-Sisi [foto] agiu de forma muito semelhante ao que fez o general Pinochet no Chile, quando o presidente Allende foi derrubado (o mesmo plano e as mesmas táticas, tudo concebido pela CIA)

El-Sisi foi indicado por Mursi, que confiava nele, como Allende confiara em Pinochet. Sisi fez tudo que podia para construir uma reputação de que seria íntimo da Fraternidade Muçulmana.

Muitos, no campo de Mursi descuidaram-se da vigilância, porque o presidente teria controle sobre os militares, depois de ter deposto todos os principais comandantes adversários.

Mas os interesses corporativos dos militares prevaleceram sobre a lealdade declarada.

Especialistas do GIGA Institute of Middle East Studies, com sede em Hamburg, entendem que a razão de as lideranças militares estarem descontentes com Mursi é o fato de que ele imiscuiu-se nos interesses comerciais dos próprios militares, que alcançam ¼ da economia do Egito.

Os militares egípcios têm interesses comerciais no campo do turismo, da construção civil, da construção de estradas e outros projetos de infraestrutura. E os militares recebem ajuda dos EUA, que alcança 1,3 bilhão de dólares.

Manifestações anti-EUA durante os protestos no Cairo
Os eventos no Egito trazem à lembrança o que aconteceu na Argélia, em 1991.

Houve eleições parlamentares dia 26/12/1991, as primeiras eleições com vários partidos, desde a independência. O resultado das urnas foi cancelado por golpe militar logo depois do primeiro turno, o que levou à guerra civil, depois de os militares terem concluído que havia risco de a Frente de Salvação Islâmica, que quase com certeza conquistaria mais de 2/3 dos assentos à Assembleia necessários para modificar a Constituição, vir a constituir, por via democrática, um estado islâmico.

O presidente Chadli Bendjedid foi forçado a sair. A Frente foi banida. 100 mil morreram na guerra civil que se seguiu ao golpe militar de 1991 na Argélia. Até hoje ainda há repercussões.

Mursi
O Egito repetirá o quadro argelino? Essa possibilidade ainda não está totalmente descartada.

Mas há a possibilidade, embora pequena, de que os militares egípcios decidam assumir plenamente o controle dos destinos do país.

Mas, diferente de seus companheiros de farda na Argélia, no Egito os militares não têm, nem petróleo, nem gás. O ocidente pode não se interessar por apoiar diretamente uma ditadura militar absoluta.

Embora aliado dos Irmãos Muçulmanos, o Qatar, principal apoiador árabe do país, pode não querer ajudar o novo regime. Surpreendentemente, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos aliaram-se à conspiração – motivo pelo qual os militares egípcios obtiveram o apoio dos salafistas.

Mas não se comparam a Doha, em termos da quantidade de ajuda que podem oferecer.

Ações terroristas e baionetas absolutamente não combinam com turismo, a principal fonte de recursos da economia do Egito.

A única fonte de renda relativamente estável, embora não suficiente, do Egito, é o Canal de Suez.

É difícil impedir que o país caia na anarquia. É possível que os militares não consigam controlar tudo, ainda que o desejassem. Por isso, Adly Mansour [foto abaixo], juiz civil, foi posto na presidência do país, com o compromisso de organizar eleições e adotar nova Constituição (ainda sem data marcada).

Mas a oposição “sob ditadura” nunca é oposição a priori fraca.

A ditadura é desafiada pelos que ousam enfrentar abertamente o poder e podem “agitar” o regime, mantê-lo instável.

Tudo leva a crer que o Egito enfrentará longo período de instabilidade e de desafios ao poder.

Os ventos inaugurados pelo discurso do presidente Obama no Cairo não morrerão, nem facilmente, nem rapidamente.

Stratfor, dos EUA, crê que a coalizão “Tamarod” de grupos políticos foi constituída com o objetivo de derrubar Mursi.

Mas, colcha de retalhos – que aproxima liberais e fundamentalistas – o grupo inevitavelmente rachará. Os problemas do Egito praticamente não se alteram, não importa quem esteja no poder.

Nessas circunstâncias, não é fácil escolher novo líder.

O presidente da corte constitucional e presidente interino, Adly Mansour, nada sabe do ofício de governar. Não por acaso, o ex-presidente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) El-Baradei [foto abaixo] apoiou plenamente a mudança, mas recusou-se a presidir o governo de transição, sabendo que não conseguiria mudar rapidamente a situação no país.

O outro nome cogitado e candidato, Farouk El Okdah, ex-presidente do Banco Central do Egito, não passa de coadjuvante político e não tem a suficiente autoridade.

Entre os Irmãos, a principal preocupação é que todos os seus líderes estão presos. Os membros da organização não estão ameaçando qualquer tipo de resistência armada e prometem moderação.

Como se não quisessem provocar os militares nem levá-los a excluí-los da lista de candidatáveis, para que nem possam concorrer a eleições que muito provavelmente vencerão outra vez (embora ninguém saiba o que fazer para retomar a vida econômica e todos saibam que, sem medidas nesse campo, as ruas logo voltarão a encher-se).

Por hora, limitam sua atividade aos protestos de massa e ataques aos novos poderes, com o quê mantêm-se psicologicamente ativos e presentes na opinião pública. Por exemplo, a Fraternidade Muçulmana já espalha informação segundo a qual o presidente interino Adly Mansour seria membro de uma seita judaica chamada Adventistas do Sétimo Dia. O boato foi insistentemente repetido por blogueiros árabes, até suas páginas serem deletadas pela empresa Facebook.

Criaram a União Nacional de Partidos pelo Poder Legítimo [orig. National Union of Parties for Legitimate Power] – novo movimento que une todas as organizações islamistas do Egito.

A nova União já está convocando manifestações de rua em todo o país, embora recomende que não se façam manifestações violentas e evitem-se confrontos com o exército.

Para o jornal britânico The Guardian, a junta egípcia é apoiada por fundamentalistas como a frente Jamaat al-Islamiyya e o Partido al-Nour, dos salafistas. Mursi errou gravemente ao excluí-los do poder.

Resultado disso, tornaram-se agora os mais vociferantes dos manifestantes nas ruas do país.

Além disso, os jihadistas acusaram os adversários políticos de terem traído a fé e de se renderem ao ocidente. Equivale a dizer que a aliança da Fraternidade Muçulmana com os EUA não trouxe qualquer benefício aos Irmãos. E Washington também nada tem a comemorar.

De fato, os EUA abandonaram os Irmãos à própria sorte, como, antes, também abandonaram Mubarak. E a bandeira islamista acabou nas mãos dos salafistas – os islamistas mais radicais e mais figadais inimigos do ocidente.


Manifestação do Movimento "Tamarod" em 29/6/2013

O principal traço do “Verão Egípcio” e sua mudança de regime é o fato de que os militares apenas depuseram o governo eleito, sem assumirem eles mesmos o poder.

Em certo sentido, tem ares de “golpe incompleto”. EUA e União Europeia já declararam que não veem os eventos como golpe militar – posição que os livra de ter de impor sanções ao Egito.

Anders Fog Rasmussen, secretário-geral da OTAN, disse que não faz diferença se foi golpe ou não.

Para ele, só interessa fortalecer a democracia no país. Em termos simples, é lógica de Jesuíta.

Por seu lado, Barack Obama [foto] limitou-se a declaração confusa, em que disse que os EUA abstêm-se de apoiar políticos ou partidos e creem na supremacia do processo democrático e da lei. Conclamou os militares egípcios a devolver o país a governo civil o mais depressa possível.

Disse, de fato, que os rituais democráticos não interessam e que Washington aprova a mudança de regime no Egito, mesmo que ignore todas as normas democráticas.

Mas os aliados dos EUA não estão gostando.

A agência estatal turca, Anadolu, disse que nada justifica o que houve no Egito. O primeiro-ministro Erdogan convocou uma reunião de emergência do gabinete. O ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, disse que a destituição do poder só pode acontecer mediante processo eleitoral, respeitada a vontade popular. É inaceitável derrubar por meios ilegais um governo democraticamente eleito, sobretudo se derrubado por golpe militar.

É claro que a Turquia tem muito com o que se preocupar. A mudança de poder no Egito é exemplo eloquente da facilidade com que os EUA desertam e traem os aliados de ontem.

Israel ainda não se manifestou. Evidentemente apoia o golpe, percebendo-o como uma espécie de retorno dos apoiadores de Mubarak com os quais Telavive sempre se entendeu muito bem. A principal preocupação é com a possibilidade de os EUA suspenderem a ajuda militar, caso em que os acordos de Camp David podem ser ameaçados.

De todos os chefes de Estado, Bashar Assad foi quem ofereceu o comentário mais detalhado, ao jornal sírio Al-thawra.

Segundo ele, o que está acontecendo no Egito é prova de que são fúteis todas as tentativas para politizar o Islã.

Pensava, aí, no sistema que a Fraternidade Muçulmana tentou impor.

O presidente disse que é erro usar o Islã para obter vantagens políticas, porque religião e políticas devem ser capôs separados: “Quem quer que use a religião para alcançar objetivos político partidários perderá sempre, onde quer que o faça – no Egito ou em qualquer outro país do mundo”.

O colapso do Islã usado como sistema político de governo explica-se pelo fato de que o “Islã político” é uma ideologia: o projeto político da Fraternidade Muçulmana levou a uma cisão no mundo árabe. Os Irmãos provaram isso aos egípcios. O povo entendeu que fora enganado desde os primeiros dias da revolução egípcia.

Quando perguntado por correspondentes se confirmava a informação que a Agência Reuters recebera de fontes militares egípcias, de que uma das motivações para o golpe seria a decisão de Mursi de romper relações com a Síria, o presidente Assad respondeu que não podia falar em nome do povo egípcio, mas confirmou que houve contatos entre o governo sírio e fontes no Egito, que diziam que a decisão fora um erro.

A grande lição a extrair, que beneficiará políticos em todo o mundo, é simples: deixem em paz a Síria!

A Síria tem potência, até, para encerrar carreiras de presidentes eleitos!

Fonte:
http://redecastorphoto.blogspot.co.at/2013/07/egito-reviravolta-bem-proxima-de-golpe.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+redecastorphoto+(redecastorphoto)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Contra as tramóias da direita: sustentar a Dilma Roussef

Por Leonardo Boff  *- em seu Blog

É notório que a direita brasileira especialmente aquela articulação de forças que sempre ocupou o poder de Estado e o tratou como propriedade privada (patrimonialismo), apoiada pela midia privada e familiar, estão se aproveitando das manifestações massivas nas ruas para manipular esta energia a seu favor. A estratégia e fazer sangrar mais e mais a Presidenta Dilma e desmoralizar o PT e assim criar uma atmosfera que lhes permite voltar ao lugar que por via democrática perderam.

Se por um lado não podemos nos privar de críticas ao governo do PT (e voltaremos ao tema), mas críticas construtivas, por outro, não podemos ingenuamente permitir que as transformações politico-sociais alcançadas nos últimos 10 anos sejam desmoralizadas e, se puderem, desmontadas por parte das elites conservadoras. Estas visam a ganhar o imaginário dos manifestantes para a sua causa que é inimiga de uma democracia participativa de cariz popular.

Seria grande irresponsabilidade e vergonhosa traição de nossa parte, entregar à velha e apodrecida classe política aquilo que por dezenas de anos  temos construido, com tantas oposições: um novo sujeito histórico,  o PT e partidos populares, com a inserção  na sociedade de milhões de brasileiros. Esta classe se mostra agora feliz com a possibilidade de atuar sem máscara e mostrando suas intenções antes ocultas: finalmente, pensa, temos chance de voltar e de colocar esse povo todo que reclama reformas, no lugar que sempre lhe competiu historicamente: na periferia, na ignorância e no silenciamento. Aí não incomoda nem cria caos na ordem que por séculos construimos mas que, se bem olhrmos, é ordem na desordem ético-social.

Esta pretensão se liga a algo anterior e que fez história. É sabido que com a vitória do capitalismo sobre o socialismo estatal  do Leste europeu em 1989, o Presidente Reagan e a primeira ministra Tatscher inauguraram uma campanha mundial de desmoralização do Estado, tido como ineficiente e da política como empecilho aos negócios das grandes corporações globalizadas e à lógica da acumulação capitalista. Com isso visava-se a chegar ao Estado mínimo, debilitar a sociedade civil e abrir amplo espaço às privatizações e ao domínio do mercado, até conseguir a passagem de uma sociedade com mercado para uma sociedade de puro mercado no qual tudo, mas tudo mesmo, da religião ao sexo, vira mercadoria. E conseguiram. O Brasil sob a hegemonia do PSDB se alinhou ao que se achava o marco mais moderno e eficaz da política mundial. Protagonizou vasta privatização de bens públicos que foram maléficos ao interesse geral.

Que isso foi uma desgraça mundial se comprova pelo fosso abissal que se estabeleceu entre os poucos que dominam os capitais e as finanças e a grandes maiorias da humanidade. Sacrifica-se um povo inteiro como a Grécia, sem qualquer consideração, no altar do mercado e da voracidade dos bancos. O mesmo poderá acontecer com Portugal, com a Espanha e com a Itália.

A crise econômico-financeira de 2008 instaurada no coração dos países centrais que inventaram esta perversidade social, foi consequência deste tipo de opção política. Foram os Estados que tanto combateram que os salvaram da completa falência, produzida por suas medidas montadas sobre a mentira e a ganância (greed is good), como não se cansa de acusar o prêmio Nobel de economia Paul Krugman. Para ele, estes corifeus das finanças especulativas deveriam estar todos na cadeia como criminosos. Mas continuam aí faceiros e rindo.

Então, se devemos criticar  a nossa classe política por ser corrupta e o Estado por ser ainda, em grande parte, refém da macro-economia neoliberal, devemos fazê-lo com critério e senso de medida. Caso contrário, levamos água ao moinho da direita. Esta se aproveita desta crítica, não para melhorar a sociedade em benefício do povo que grita na rua, mas para resgatar seu antigo poder político especialmente, aquele ligado ao poder de Estado a partir do qual garantia seu enriquecimento fácil. Especialmente a mídia privada e familiar, cujos nomes não precisam ser citados, está empenhada fevorosamente neste empreitada de volta ao  velho status quo.

Por isso, as demonstrações devem continuar na rua contra as tramóias da direita. Precisam estar atentas a esta infiltração que visa a mudar o rumo das manifestações. Elas invocam a segurança pública e a ordem a ser estabelecida. Quem sabe, até sonham com a volta do braço armado para limpar as  ruas.

Dai, repetimos, cabe reforçar o governo de Dilma, cobrar-lhe, sim,  reformas políticas profundas, evitar a histórica conciliação entre as forças em tensão e o oposição para juntas novamente esvaziar o clamor das ruas e manterem um status quo que prolonga  benefíciois compartilhados.

Inteligentemente sugeriu o analista politico Jeferson Miolo em Carta Maior (07/7/2013):”Há uma grave urgência política no ar. A disputa real que se trava nesse momento é pelo destino da sétima economia mundial e pelo direcionamento de suas fantásticas riquezas para a orgia financeira neoliberal. Os atores da direita estão bem posicionados institucionalmente e politicamente…A possibilidade de reversão das tendências está nas ruas, se soubermos canalizar sua enorme energia mobilizadora. Por que não instalar em todas as cidades do país aulas públicas, espaços de deliberação pública e de participação direta para construir com o povo propostas sobre a realidade nacional, o plebiscito, o sistema político, a taxação das grandes fortunas e do capital, a progressividade tributária, a pluralidade dos meios de comunicação, aborto, união homoafetiva, sustentabilidade social, ambiental e cultural, reforma urbana, reforma republicana do Estado e tantas outras demandas históricas do povo brasileiro, para assim apoiar e influir nas políticas do governo Dilma”?

Desta forma se enfrentarão as articulações da direita e se poderá com mais força reclamar reformas políticas de base que vão na direção de atender a infra-estrutura reclamada pelo povo nas ruas: melhor educação, melhores hospitais públicos, melhor transporte coletivo e menos violência na cidade e no campo.

Leonardo Boff não é filiado ao PT, é teólogo e escritor, da Comissão da Carta da Terra

http://leonardoboff.wordpress.com/2013/07/07/contra-as-tramoias-da-direita-sustentar-a-dilma-roussef/

domingo, 7 de julho de 2013

Aproveitar e mudar


Fato é que é necessário aproveitar a pressão das ruas para dirigir a política no interesse coletivo, diminuindo o poder fechado de "soluções" entre os poderes, sem nenhuma participação popular. No front político não será de se estranhar que se dissolva a precária base de sustentação do governo Dilma, que virou um saco de gatos ideológico e político. 

Por Amir Khair - Carta Maior
   
As manifestações de rua estão sendo aproveitadas para várias finalidades. Para a direita, o que interessa é desgastar o PT e o governo Dilma. Vislumbram a possibilidade de tirar o PT do poder e procuram o candidato que possa satisfazer suas vontades, com chances eleitorais.

A esquerda tem a possibilidade de tencionar os governos no sentido de avançar as políticas públicas na área social. Teme, no entanto, que a onda de repúdio à política e políticos acabe por gerar falsas soluções que acabem por interromper os avanços conquistados de mais distribuição de renda, e coloquem no governo um novo Collor.

Fato é que é necessário aproveitar a pressão das ruas para dirigir a política no interesse coletivo, diminuindo o poder fechado de "soluções" entre os poderes, sem nenhuma participação popular.

No front político não será de se estranhar que se dissolva a precária base de sustentação do governo Dilma, que virou um saco de gatos ideológico e político.

Há que buscar suporte político ao atender as pressões legítimas de soluções que reduzam despesas da maioria da população e que consigam ampliar e aprimorar os serviços nas áreas sensíveis como transporte e saúde e jogar força na estratégica área da educação, especialmente via aporte de recursos ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), ampliando o percentual de 10% que o governo federal aporta a esse fundo. Uma possibilidade para novos recursos é regulamentar o Imposto sobre Grandes Fortunas, que o Congresso senta em cima das propostas para não atingir o bolso dos deputados e senadores.

Mas, há que tomar cuidado. Muitas vezes argumenta-se que faltam recursos para atender as demandas da população. Sim, faltam. Mas há que cobrar duramente das administrações, que usem os recursos passados pela população no interesse coletivo e de forma eficaz, ou seja, fazendo mais e melhor com os mesmos recursos seja ao terceirizar, seja ao fazer diretamente. Pouco se sabe sobre os custos reais dessas duas vias.

O interesse da chamada elite é pelo Estado mínimo e privado máximo. A palavra de ordem deles é redução das despesas de custeio para aumentar o resultado primário para pagar os juros do rentismo, que domina o País.

Há, no entanto, que ter clareza política nesse embate ideológico e defender intransigentemente o Estado, mas na sua função de velar pelo interesse coletivo e não o do capital ao direcionar recursos públicos.

A mais clara realidade sobre esse papel do Estado está no fato do descaso de prefeitos, governadores, vereadores, deputados, Ministério Público, Tribunal de Contas e a mídia praticamente ausentes nas suas funções de proteção aos interesses, por exemplo, dos que pagam as contas do transporte coletivo via tarifa e/u via subsídio pago às empresas operadoras.

O que se viu em decorrência da pressão das ruas foi um vergonhoso jogo de cena onde alguns governantes baixaram as tarifas por parcos centavos, afirmando que só se o governo federal reduzisse tributos é que poderiam baixar mais, ou ainda afirmações de pseudo economias que iriam fazer fundindo órgãos, como fez o governador de São Paulo, com uma "economia" de R$ 130 milhões neste ano, algo como 0,07% do orçamento do Estado.

A falta de compromisso com a população, especialmente a de menor renda, que depende do serviço público na educação, saúde, assistência social e segurança, pode ser vista na quantidade, qualidade e baixa eficiência da prestação dos serviços, tornando-os mais caros do que deveriam. O caro aqui se refere ao custo para ter o serviço, seja esse custo feito diretamente, seja feito através de empresa privada contratada para isso.

Há ausência praticamente total de auditoria de custos em tudo que o setor público contrata e de transparência no que executa diretamente. Falta vontade política para verificar o valor que está sendo pago ao prestador de serviço ao executor da obra. Em geral tudo que é entregue ao setor privado para fazer em lugar do setor público pode estar sendo pago com valor acima do que deveria caso o governo se dispusesse a olhar com mais cuidado tudo que contrata e, muitas vezes não o faz por falta de quadros e/ou de competência para isso.

A população que paga a conta tem todo direito de saber o porque do valor cobrado e o governo através dos seus três níveis (federal, estadual e municipal), poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público) e agências "reguladoras" de FHC, o dever de não jogar contas indevidas sobre os usuários e contribuintes.

Deve-se questionar as tarifas do transporte coletivo, da mesma forma, o pagamento às empresas do lixo e varrição de vias (uma das maiores despesas das prefeituras), as contas das concessionárias (água e esgoto, energia elétrica, telefonia e gás) que são uma verdadeira caixa preta funcionando como potentes bombas de sucção do ganho das pessoas.

Assim que continue a pressão das ruas. Se Dilma quiser buscar respostas via Congresso vai-se frustrar, pois lá tem sido mais um banco de negócios para satisfazer os interesses de cargos e ganhos pessoais dos "representantes" do povo. Felizmente ainda há exceções.

O que vale é participar e lutar para avançar e fazer os governos ampliarem o atendimento com melhor qualidade à área social. Sem pressão nada acontecerá. É aproveitar a força do movimento para mudanças que estão emperradas

.http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22308&editoria_id=4


sábado, 6 de julho de 2013

Florestas mapeadas para venda?

 Rede Democratica*


Uma notícia sutil, que num primeiro momento pode até parecer algo imprescindível e relevante para a biodiversidade aos poucos vai se revelando do que realmente trata: do mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal em Países em Desenvolvimento, mais conhecido por REDD! Mecanismo de financeirização e mercantilização da natureza. A Economia Verde não teve tanta voz e vez na Rio+20, mas seus mecanismos seguem em desenvolvimento…

Nova ferramenta online da FAO disponibiliza dados sobre saúde das florestas

Plataforma GlobAllomeTree ajuda países a identificar mudança no estoque de carbono das florestas

Uma nova plataforma online lançada na sexta-feira (28) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) permite que cientistas e especialistas em mudanças climáticas calculem dados cruciais para criar estratégias de bioenergia, como o volume das florestas, a biomassa e o carbono florestal.

A plataforma GlobAllomeTree foi desenvolvida numa parceria da FAO com o centro de pesquisa francês CIRAD e pela Universidade de Tuscia, da Itália. O objetivo é fornecer informações para basear a tomada de decisões políticas sobre as mudanças climáticas.

“Esta é a primeira vez que os países têm acesso a uma extensa base de dados de modelos de árvores utilizada para avaliar os recursos florestais em todo o mundo. Isso lhes permite obter uma imagem clara sobre as capacidades de armazenamento de carbono das suas próprias florestas”, disse o diretor da FAO para florestas, Matieu Henry.

Na área florestal, a alometria refere-se às relações estatísticas entre as diversas características do tamanho da árvore. Equações alométricas podem ser usadas para avaliar muitos serviços florestais como a produção de madeira, mas também a redução dos efeitos das mudanças climáticas no setor florestal por exemplo.

A ferramenta permite aos usuários avaliar o volume do caule, a biomassa arbórea e os estoques de carbono a partir de características como o diâmetro do tronco, a altura e o peso específico da madeira de vários tipos de árvores de zonas ecológicas diferentes.

A partir de agora, a plataforma abrange 61 espécies de árvores em sete diferentes zonas ecológicas na Europa, 263 espécies de árvores em 16 zonas da América do Norte e 324 espécies em nove zonas ecológicas na África. As ferramentas de cálculo para o Sul e Sudeste da Ásia e para as Américas Central e do Sul serão enviadas para a plataforma em breve.

O site será particularmente útil para os países que participam do Programa Colaborativo das Nações Unidas para a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal em Países em Desenvolvimento. Eles serão capazes de avaliar com precisão estoques de carbono florestal e as mudanças nos estoques de carbono

.http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=4725:florestas-mapeadas-para-venda?

* publicado no Site da Rede Democratica em 4/07/2013

Fontes: ONU e Blog do Centro de Estudos Ambientais

Leia também:http://brasileducom.blogspot.com.br/2013/06/agronegocio-e-ecomercado-ameacam-vida.html

O GOLPE DE ISRAEL-EUA NO EGITO



Laerte Braga


O presidente do Egito, eleito pelo voto popular, não foi deposto como consequência de movimento popular. Mursi estava tomando atitudes que contrariavam os interesses norte-americanos e israelenses e isso desagradou aos militares de seu país que, na maioria, veste por baixo da farda egípcia a farda de Israel.
“Manifestantes” pagos, militares e policiais à paisana, empregados de fábricas israelenses e norte-americanas, coagidos foram às ruas pedir a saída do presidente. No dia seguinte uma avalancha de egípcios ocupou a praça Tarik para defender o mandato de Mursi.
O Egito é fundamental para o jogo político de Israel e dos EUA no Oriente Médio e qualquer governo que contrarie ou desarranje esse xadrez é visto como inimigo. Neste momento, sem revolta popular, não existe a menor possibilidade de democracia naquele país.
O governo da Turquia, a comunidade islâmica e o povo egípcio já manifestaram apoio
Uma nota pública foi divulgada sobre o assunto e entre outras afirmações diz o seguinte:

“Nós não temos que ser um egípcio para falar sobre seus problemas. Nós somos seres humanos. Nós nos preocupamos com os nossos irmãos e irmãs muçulmanos e não muçulmanos de todo o mundo. Nós não apoiarMursi em todos os sentidos, nós não afirmamos que ele é perfeitamente impecável, mas ele não merece este comportamento feio, desonesto , com apoio externo para derruba-lo, contra a vontade do Povo Egipicio. Pois nossa comunidade sabe e ensina que quem  quer a democracia, tem que aprender a ser paciente até o momento da próxima eleição, e as manifestações não são para derrubada do poder, mas sim para declarar a vontade do povo em questões pontuais, as quais devem ser estudadas discutidas em um sistema democratico, sem a intervençao das forças armadas, sem mentiras , sem golpes.
Esta Nação é islamica, possuidora de conhecimentos fundamentais , a qual foi a primeira a declarar os Direitos Humanos , de acordo com
o Alcorao Sagrado. Não há Demoracia sem Direitos Respeitados, e Mursi e a comunidade Egipcia não está tendo. Ao contrarios disto, a comunidade nã islamica, atraveps da REde Jornalistica está divulgando ao Mundo Mentiras, para encubrir a Grande Farça , forjada .
Queremos declarar ao Mundo que NÃO CONCORDAMOS COM O QUE VEM SENDO DIVULGADO, POIS NÃO É A VERDADE!”

A nota afirma ainda que está sendo modificada a constituição antes das novas eleições, pois assim escolhem um dos seus membros. Critica o noticiário deturpado da mídia ocidental, e neste momento a Comunidade Islâmica começa a divulgar a nota para blogueiros e jornalistas independentes no sentido de esclarecer e encontrar a justiça, o que houve foi um golpe militar.

Uma série de passeatas tanto no Egito como na Turquia está sendo feita em favor de Mursi. O trabalho está sendo iniciado pela Comunidade sobrevivente do Marmara, que foi atacado por israelenses que levavam ajuda humanitária para a Palestina. Em consequência foi formado o IHH HUMANITARIAN RELIEF FOUNDATION para buscar socorrer as vítimas do terror israelense.

A situação no Egito é tensa é a imensa maioria da população exige a volta de Mursi ao poder e uma profunda reforma nas forças armadas, comprometidas com Israel e com os EUA. Na região, o Egito é uma potência militar e desequilibraria os interesses da ISRAEL-EUA TERRORISMO S-A, recobranco sua soberania.

A situação no país deve agravar-se nos próximos dias levando em conta a crueldade e a absoluta barbárie de militares e policiais subordinados a Israel e aos EUA.

Não há no Egito controlado pelos militares qualquer respeito à vontade popular ou aos direitos humanos.

A luta pela legalidade, a volta de Mursi ao poder, vai continuar.



sexta-feira, 5 de julho de 2013

Dublê da Globo é dublê de líder da Veja

Por Fernando Britto, do Tijolaço


O Blog ContextoLivre (leia O herói da Veja diz que bandido bom é bandido morto) publica e a gente foi conferir. E achou muito mais.

Maycon Freitas, o entrevistado das Páginas Amarelas da Veja desta semana, como “representante” dos manifestantes da onda de protestos que tomou as ruas, presta serviços como dublê a Rede Globo de Televisão.



A Veja, é claro, nem se importou que Maycon tenha quase o dobro da idade da maioria dos manifestantes, mas o transformou num grande ativista cibernético.

Apresentado como “a voz que emergiu das ruas”, Maycon é apresentado como líder de uma comunidade no Facebook , a União Contra a Corrupção, onde se publica ou republica coisas como essa imagem aí do lado, dizendo que os médicos cubanos (cadê?) são guerrilheiros disfarçados e que um golpe comunista está em marcha. É mentira, a página é mantida por Marcello Cristiano Reis, um advogado paulista.

Se tivesse ido olhar o perfil de Maycon no Facebook veria que, antes de virar “celebridade”, suas últimas postagens foram em janeiro, com pérolas do tipo:
“Mulher que diz que homem é tudo igual. É porque nunca soube fazer a diferença na vida de um.”, ou
“No carnaval as mina pira , em novembro as mina 'pari'". “No carnaval os mano come, em novembro os mano some.”

Antes, em 2012, a vida estava boa para Maycon, como você pode ver nas fotos do líder de massas em Cancún, no México, num turismo “padrão FIFA” de deixar a gente com inveja. 

Como está sofrendo o revoltado Maycon!



Ah, essa internet…

Ah, essa Veja…


PS. Até de um mistificador como o Maycon a gente respeita a privacidade. Todas as fotos são públicas no seu Facebook, não necessitam de compartilhamento.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Globo veta plebiscito



Por Fernando Brito, no blog Tijolaço: em 4/07/2013

São 20 horas e a mensagem de Dilma propondo o plebiscito já caiu das principais chamadas dos sites de notícias.

No lugar dela, a morte do projeto da “cura-gay”.

Espero um pouco mais, e vem o Jornal Nacional. Lá no fim, depois de uma imensa reportagem sobre a indústria em queda e a inflação em alta, vem a matéria sobre o plebiscito.

O vice-presidente Michel temer só falta pedir desculpas por ter levado a proposta de Dilma ao Congresso.

Os líderes da base “não tão aliada” querem que isso vire referendo para 2014.

Aecinho, pontificando, diz que Dilma mandou uma proposta que até ela sabe que não é possível viabilizar.

Os líderes acharam tudo complicado e só vão falar isso na semana que vem.

Depois, destaque na nota do TSE de que, se o Congresso não implementar, até o início de outubro, o resultado do plebiscito ”não haverá efeitos, no pleito eleitoral subsequente, o que pode ser fator de deslegitimação da chamada popular”.Claro, não houve menção ao final da nota, onde a Ministra Carmen Lúcia e os 27 presidentes de TREs dizem que “o sonho do povo brasileiro é a democracia plena e eficiente. O dever do juiz é garantir o caminho do eleitor para que o sonho venha a ser contado para virar a sua realidade. O juiz não se descuida do poeta. É a sua forma de atentar ao eleitor, única razão de ser da Justiça Eleitoral”.

Dois ex-ministros do TSE aparecem para dizer que “não haverá tempo”.

Resumo de tudo, nas palavras do líder do PT na Câmara, José Guimarães: “quando se quer, dá tempo; quando não se quer, não dá”.

Alguém acha que o Congresso quer reforma?

E assim, ficamos com a nossa triste ordem democrática, onde o povo votar e decidir qualquer coisa diferente do interesse de suas elites é inviável.

Leia também: http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2013/07/dilma-afirma-que-e-necessario-teimar-para-garantir-transformacoes-sociais-4392.html

 É fundamental ler essa denúncia...
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/07/duble-da-globo-e-o-lider-da-veja.html?spref=tw

 

Transição do ciclo econômico se acelera. E a restauração em marcha sabota plebiscito

por Saul Leblon - Carta Maior
   

Transição de ciclo econômico se acelera

Retomada norte-americana amplia o poder de coação dos capitais que migram da bolsa brasileira em 3ª feira marcada, ainda, por queda na produção industrial e dados ruins na balança comercial.

A transição de ciclo econômico se acelera: o Brasil terá que discutir as linhas de passagem para renovar a sua agenda de desenvolvimento.

Há escolhas a fazer e não são singelas.

O país dará liberdade aos fundos e rentistas internacionais para saquearem as suas reservas em revoadas para o exterior?

Oferecerá arrocho salarial e juro alto na tentativa de conte-los aqui?

Sacrificará investimentos em infraestrutura para entregar o superávit fiscal cheio', como pede a banca local e forânea?

Saberá pactuar prioridades sociais escalonadas em calendário crível e realista?

Se as respostas a essas e outras perguntas forem ordenadas pela lógica blindada do interesse financeiro, o resultado é sabido.

O Brasil pode virar um imenso Portugal.

Portanto, não é apenas a reforma política que requer amplo debate democrático.

A travessia para um novo ciclo de desenvolvimento só contemplará os anseios das ruas por mais democracia social, se vier ancorada em sincera e corajosa discussão progressista com a sociedade.

É o oposto do que uivam os centuriões do conservadorismo.

Para eles a rua já deu o que tinha que dar: o desgaste do governo do PT.

Todo o seu empenho agora é para descongestionar o ambiente político de qualquer contaminação associada a mecanismos de democracia direta.

A rejeição nervosa ao plebiscito reflete a ansiedade defensiva de quem sabe que o divisor entre economia e política é tênue; nas crises, desmancha-se no ar.

Deixar o governo sangrar até 2014, sob estrita vigilância dos ‘mercados' é o seu sonho de consumo eleitoral.

Daí o esforço preventivo de desqualificação de qualquer novidade política que possa empurrar a agenda do futuro econômico para o relento do debate em campo aberto.

Não interessa aos ventríloquos dos livres mercados serem acareados pelo discernimento social.

Cabe às forças progressistas abortar esse cinturão sanitário, fazendo da travessia econômica uma extensão da agenda da reforma política. A ver.


Restauração em marcha sabota plebiscito: 'as ruas já deram o que tinham que dar'

Dos partidos da oposição, o único que aceitou o convite da Presidenta Dilma para conversar sobre o Brasil e a reforma política foi o PSOL.

Demotucanos e assemelhados declinaram.

Os campos se definem em relação às ruas.

Caminha-se para um realinhamento da cena política brasileira.

Se a conversa Dilma/PSOL abrir espaços para um aggiornamento à esquerda da governabilidade, algo de inestimável importância terá acontecido nos dias correm.

Alegam PSDB, Demos e PPS não ter sobre o que conversar.

Faz sentido.

Dilma pretendia ouvi-los sobre a convocação de um plebiscito para estreitar a aderência do sistema político às ruas.

A proposta foi enviada ao Congresso nesta 3ª feira, cercada pela rejeição conservadora.

‘Ora direis ouvir as ruas’, replicam demotucanos em sua esférica coerência.

Ouvir as ruas é tudo o que o credo neoliberal entende que não deva ser feito nessa hora; em qualquer hora.

A escuta forte da sociedade soa como dissonância chavista aos ouvidos congestionados pela cera secular do interesse dominante.

A democracia para esse sistema auditivo é um ornamento.

Um adereço nos colóquios dos salões elegantes. Um caramelo, após o cafezinho.

Nos dias que correm, a democracia é a citação de rodapé da judicialização da política.

Sobretudo, a democracia destas siglas gêmeas deve lubrificar a obediência da sociedade aos livres mercados.

É o oposto do que pensa a tradição socialista: a democracia cresce justamente quando escapa aos limites liberais e se impõe como força normativa aos mercados.

Ganha relevância assim.

Quando assume o papel de contrapeso histórico aos apetites rapinosos do dinheiro grosso.

É democracia de fato ao romper a película liberal para se tornar, também, democracia social.

O extremo oposto conservador entende que ouvir as ruas é algo que só cabe em doses módicas.

Com o dinheiro a cerzir as amarras entre o presente e o futuro.

De quatro em quatro anos.

Nunca em ciclos curtos, ou de crise, quando o mais aconselhável são as elites – no limite, os quartéis - assumirem a tutela da vontade popular.

Consultas regulares à cidadania e tudo o mais que possa tornar volátil o mando e o comando devem ser execrados.

Volatilidade é uma prerrogativa dos capitais.

Irrepartível.

À política cabe a tarefa de calcificar o poder e embalsamar a sociedade.

Editoriais de O Globo, Estadão e Veja, ademais de centuriões da mesma extração, uivam a rejeição ao plebiscito e à Constituinte.

O que lhes interessava das ruas, as ruas já deram.

O Datafolha, no calor da Paulista, recompôs a chance de um 2º turno em 2014.

A narrativa tratou de ofuscar o ruído de longo curso, subjacente ao desabafo da hora: se candidato, Lula levaria de 1ª, com 46% dos votos.

A Folha entendeu; e tanto que escondeu o tropeço na primeira página. E pisoteou a informação nas entrelinhas internas.

É preciso desfrutar a ‘colheita’, crua, se necessário, para não desperdiçar a janela de oportunidade.

Interesses que operam no sentido de subtrair fatias de poder à democracia estão satisfeitos com o saldo.

Há mais de 30 anos tem sido hábeis em interditar o debate das grandes escolhas do desenvolvimento.

Para isso, escavaram fossos intransponíveis entre a soberania nacional e a supremacia das finanças desreguladas no circuito global.

Assim se assegurou a hegemonia do poder extra-ruas.

Por que abririam mão dele justamente agora, em pleno divisor de ciclo, quando linhas de passagem terão que ser erguidas em direção a um novo projeto de desenvolvimento?

O ‘não’ ao convite de Dilma encerra a solidez de uma coerência histórica.

A contrapartida cabe à esquerda.

A sorte do país e o destino de sua democracia dependem, em grande parte, do desdobramento concreto que o diálogo simbólico entre Dilma e o PSOL produzir na unificação da agenda progressista brasileira.Não apenas para articular a reforma política. Mas para democratizar o crucial debate sobre o passo seguinte da luta pelo desenvolvimento.

A ver.

Fonte: Carta Maior - Blog das Frases por Saul Leblon

Leia também: A indignação brasileira mira políticos, mas esquece o capital
http://blog-sem-juizo.blogspot.com.br/2013/07/indignacao-brasileira-mira-politicos.html

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Governo brasileiro expressa repúdio ao constrangimento imposto ao presidente Evo Morales


Em nota, governo expressa repúdio ao constrangimento imposto ao presidente Evo Morales
Quarta-feira, 3 de julho de 2013 às 16:15

A presidenta Dilma Rousseff emitiu nota, nesta quarta-feira (3), em que expressou repúdio e indignação ao constrangimento imposto ao presidente da Bolívia, Evo Morales. Alguns países europeus impediram o sobrevoo do avião presidencial boliviano por seu espaço aéreo.

Segundo a nota, o constrangimento não atinge somente a Bolívia, mas a toda América Latina, comprometendo o diálogo entre os continentes e possíveis negociações entre eles. Dilma ainda afirma que encaminhará iniciativas em todas as instâncias multilaterais para que situações como essa nunca se repita.

Confira a íntegra

O governo brasileiro expressa sua indignação e repúdio ao constrangimento imposto ao presidente Evo Morales por alguns países europeus, que impediram o sobrevoo do avião presidencial boliviano por seu espaço aéreo, depois de haver autorizado seu trânsito.

O noticiado pretexto dessa atitude inaceitável – a suposta presença de Edward Snowden no avião do Presidente – além de fantasiosa, é grave desrespeito ao Direito e às práticas internacionais e às normas civilizadas de convivência entre as nações. Acarretou, o que é mais grave, risco de vida para o dirigente boliviano e seus colaboradores.

Causa surpresa e espanto que a postura de certos governos europeus tenha sido adotada ao mesmo momento em que alguns desses mesmos governos denunciavam a espionagem de seus funcionários por parte dos Estados Unidos, chegando a afirmar que essas ações comprometiam um futuro acordo comercial entre este país e a União Europeia.

O constrangimento ao presidente Morales atinge não só à Bolívia, mas a toda América Latina. Compromete o diálogo entre os dois continentes e possíveis negociações entre eles. Exige pronta explicação e correspondentes escusas por parte dos países envolvidos nesta provocação.

O governo brasileiro expressa sua mais ampla solidariedade ao presidente Evo Morales e encaminhará iniciativas em todas instâncias multilaterais, especialmente em nosso continente, para que situações como essa nunca mais se repitam.

Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil



Leia também

A corvadia europeia contra o presidente Evo Morales


Os europeus, os campeões da defesa da democracia, do Estado de Direito e da liberdade, demonstraram que suas relações com a Casa Branca estão acima de tudo e que podem pisotear os direitos de um avião presidencial caso isso seja preciso para que o grande império não se incomode com eles. Um rumor infundado sobre a presença no avião presidencial boliviano do ex-espião estadunidense Edward Snowden, conduziu a um sério incidente diplomático aeronáutico entre Bolívia, França, Portugal e Espanha.

 Por Eduardo Febbro Carta Maior


Paris - Os europeus são incorrigíveis. Para não ficar mal com o império norteamericano são capazes de violar todos os princípios que defendem nos fóruns internacionais. O presidente boliviano Evo Morales foi o último a experimentar as consequências dessa política de palavras solidárias e gestos mesquinhos. Um rumor infundado sobre a presença no avião presidencial boliviano do ex-membro da Agência Nacional de Segurança (NSA) norteamericana, o estadunidense Edward Snowden, conduziu a um sério incidente diplomático aeronáutico entre Bolívia, França, Portugal e Espanha.

Voltando de Moscou, onde havia participado da segunda cúpula de países exportadores de gás, realizada na capital russa, Morales se viu forçado a aterrissar no aeroporto de Viena depois que França, Portugal e Espanha negaram permissão para que seu avião fizesse uma escala técnica ou sobrevoasse seus espaços aéreos. Os “amigos” do governo norteamericano avisaram os europeus que Morales trazia no avião Edward Snowden, o homem que revelou como Washington, por meio de vários sistemas sofisticados e ilegais, espionava as conversações telefônicas e as mensagens de internet da maioria do planeta, inclusive da ONU e da União Europeia.

O certo é que Edward Snowden não estava no avião de Evo Morales. No entanto, ante a negativa dos países citados em autorizar o sobrevoo do avião presidencial, Morales fez uma escala forçada na Áustria. As capitais europeias coordenaram muito bem suas ações conjuntas para cortar a rota de Evo Morales. Surpreende a eficácia e a rapidez com que atuaram, tão diferente das demoradas medidas que tomam quando se trata de perseguir mafiosos, traficantes de ouro, financistas corruptos ou ladrões do sistema financeiro internacional.

Segundo a informação da chancelaria boliviana, o avião havia obtido a permissão da Espanha para fazer uma escala técnica nas Ilhas Canárias. Essa autorização também foi cancelada e, finalmente, o avião teve que aterrissar no aeroporto de Viena. Segundo declarou em La Paz o chanceler boliviano David Choquehuanca, “colocou-se em risco a vida do presidente que estava em pleno voo”. “Quando faltava menos de uma hora para o avião ingressar no território francês nos comunicam que tinha sido cancelada a autorização de sobrevoo”. O ministro pediu uma explicação tanto da França quanto de Portugal, país que tomou a mesma decisão que a França.

“Queremos nos amedrontar. É uma discriminação contra o presidente”, disse Choquehuanca. Em complemento a esta informação, o portal de Wikileaks também acusou a Itália de não permitir a aterrisagem do avião presidencial boliviano. Em Paris, o conselheiro permanente dos serviços do primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault disse que não tinha nenhuma informação sobre esse assunto. Por sua vez, a chancelaria francesa disse que não estava em condições de comentar ocaso. Bocas fechadas, mas atos concretos.

Ao que parece, todo esse enredo se armou em torno da presença de Snowden no aeroporto de Moscou. Alguém fez circular a informação de que Snowden estava no aeroporto da capital russa com a intenção de subir no avião de um dos países latino-americanos dispostos a lhe oferecer asilo político. Snowden é procurado por Washington depois de revelar a maneira pela qual o império filtrava as conversações no mundo. O chanceler boliviano qualificou como uma “injustiça” baseada em “suspeitas infundadas sobre o manejo de informação mal intencionada” o cancelamento das permissões de voo para o avião de Evo Morales. “Não sabemos quem inventou essa soberana mentira; querem prejudicar nosso país”, disse Choquehuanca. “Não podemos mentir à comunidade internacional e não podemos levar passageiros fantasmas”, advertiu o responsável pela diplomacia boliviana.

Em La Paz, as autoridades adiantaram que não receberam nenhum pedido de asilo por parte de Edward Snowden. Evo Morales havia evocado a possibilidade de conceder asilo a Snowden, mas só isso. O mesmo ocorreu com outra vítima da informação e da perseguição norteamericana, o fundador do Wikileaks, Julian Assange. O mundo ficou pequeno para Edward Snowden.

Assange está refugiado na embaixada do Equador em Londres e Snowden encontra-se há dez dias na zona de trânsito do aeroporto de Sheremétievo, em Moscou. Segundo Dmitri Peskov, o secretário de imprensa do presidente Vladimir Putin, o norteamericano havia solicitado asilo a Rússia, mas depois “renunciou a suas intenções e a sua solicitação”. Peskov esclareceu, porém, que o governo russo não entregaria o fugitivo para a administração norte-americana: “o próprio Snowden por sincera convicção ou qualquer outra causa se considera um defensor dos direitos humanos, um lutador pelos ideais da democracia e da liberdade pessoal. Isso é reconhecido pelos ativistas e organizações de direitos humanos da Rússia e também por seus colegas de outros países. Por isso é impossível a entrega de Snowden por parte de quem quer que seja a um país como os EUA, onde se aplica a pena de morte.

Quando se referiu ao caso de Snowden em Moscou, Evo Morales assinalou que “o império estadunidense conspira contra nós de forma permanente e quando alguém desmascara os espiões, devemos nos organizar e nos preparar melhor para rechaçar qualquer agressão política, militar ou cultural”. Os europeus, os campeões da defesa da democracia, do Estado de Direito e da liberdade, demonstraram que suas relações com a Casa Branca estão acima de tudo e que podem pisotear os direitos de um avião presidencial caso isso seja preciso para que o grande império não se incomode com eles.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer


   
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22291
• A covardia europeia contra o presidente Evo Morales

Nota do Educom: Essa atitude européia não só é  subserviência aos EUA, mas também porque a Bolívia foi a maior responsável por uma das maiores conquistas desse século: aprovação da resolução da ONU que determina Água como Direito Humano, que  a União Européia tentou derrubar na Rio+20.  A França tem hoje 70% do mercado da água. Em outras palavras, essa Resolução da ONU contraria  os interesses europeus, principalmente da França.

Leia também:http://brasileducom.blogspot.com.br/2010/08/agora-agua-para-todos.html

http://brasileducom.blogspot.com.br/2012/07/a-luta-pelo-direito-agua-na-rio20.html

http://brasileducom.blogspot.com.br/2013/05/as-guerras-da-agua-de-um-livro-de-elsa.html