segunda-feira, 6 de junho de 2011

O BRASIL NA CORDA BAMBA



Laerte Braga


O fato público que os dados relativos às operações da empresa do ministro chefe do Gabinete Civil Antônio Palocci vazaram a partir da Secretaria de Finanças do governo do estado de São Paulo não justificam nada do que foi feito. Nem importa que o procedimento de Palocci à frente de sua empresa tenha sido legal. Foi imoral.

Qualquer cidadão com o mínimo de consciência ou tino sabe que o governo paulista, onde partiram os dados, está em mãos do PSDB e o governador é Geraldo Alckimin, um integrante da OPUS DEI. São duas quadrilhas de porte. Uma nacional, outra internacional.

Mas nem isso pode ser invocado em defesa de Palocci, até porque deveria ser exatamente o contrário. A reação de setores do PT que o partido está sendo massacrado pela mídia merece mais que uma crítica à mídia privada que todos sabemos podre, venal e ligada a interesses das elites políticas e econômicas do País. Merece uma reflexão sobre os seus rumos e as implicações das muitas alianças feitas por conveniência eleitoral, que estão deformando o partido, deixando atônitos militantes históricos e jogando no lixo sua história.

É um ditado antigo, um crime não justifica outro e nem a ninguém é dado o direito de práticas tucanas – como as de Palocci – só porque os tucanos fazem, ou todos fazem.

O modelo político e econômico brasileiro está falido, a presidente é um equívoco de Lula, figura menor que o cargo que ocupa e as perspectivas são as piores possíveis se uma reviravolta não acontecer em termos de atitude e políticas.

Como é possível conviver com figuras como o governador do estado do Rio, Sérgio Cabral, protagonista da maior embromação dos últimos tempos, mergulhado na corrupção do escritório de sua mulher e agora na barbárie de seu esquadrão da morte chamado BOPE, tão corrupto e venal quanto setores normais corruptos e venais da polícia? Com a agravante que se transformou num símbolo de combate ao crime. Na prática, passou a deter o monopólio do crime sob as bênçãos do Estado.

O que aconteceu na invasão do quartel do Corpo de Bombeiros foi um episódio de fazer inveja a qualquer integrante dos esquadrões de choque dos tempos da ditadura militar.

O Rio tem sido infeliz na escolha de seus governadores. O último governador a merecer respeito naquele estado foi Leonel Brizola. De lá para cá só bandidos.

Sérgio Cabral é um dos parceiros preferidos do governo Dilma Roussef, como o foi de Lula.

As mortes encomendadas por latifundiários no Norte e Centro-Oeste do Brasil revelam outra ponta dessa corda bamba em que o governo petista se equilibra. Lideranças camponesas e ambientalistas são assassinadas por predadores ligados ao DEM, ao PSDB e por extensão, aos grupos econômicos que controlam a agricultura brasileira, as terras e o agro negócio.

No Espírito Santo, extinto estado da suposta Federação Brasileira, hoje propriedade de empresas como a ARACRUZ, a SAMARCO, A CST e outras menores, onde os governadores são meros capatazes e deputados e juízes (em qualquer instância) boys de luxo, a PM – resquício dos tempos do império e que sobrevive como instrumento de violência e opressão – em menos de uma semana protagonizou duas ações terroristas de vulto. Uma contra uma comunidade sem teto, a serviço da ARACRUZ e outra debaixo da fraqueza política e moral do vice-governador da extinta unidade da Federação, contra estudantes e cidadãos que manifestavam seu descontentamento com os custos das passagens de transportes coletivos.

A corrupção no antigo Espírito Santo é uma pandemia e atinge a todos os partidos, que afinal, são os que nominalmente detêm a máquina do Estado.

Em São Paulo a mesma PM reprime com violência e toda a boçalidade possível protestos democráticos e assegurados por lei – o direito é constitucional – mas não toma, por exemplo, uma atitude contra as consultorias tucanas, ou os vestidos de madame Alckimin (eram para ser doados aos pobres, guarnecem os guarda-roupas da dita senhora).

O dilema do governo Dilma não é necessariamente substituir Antônio Palocci, uma figura desprezível sob qualquer ângulo que se olhe. Exerceu consultorias concomitantemente com o mandato de deputado federal e depois de ser afastado do Ministério da Fazenda por uma série de bobagens típicas de político menor e corrupto, deslumbrado com o poder.

Passa por rever alianças com setores incompatíveis com o DNA do seu partido, a menos que esse DNA tenha sido corrompido ao longo desses anos de poder. É o que parece mais provável.

O risco disso? Quando um jornal como a FOLHA DE SÃO PAULO convida para integrar seu quadro de colaboradores um militar remanescente da ditadura, responsável por setores da repressão, torturador, estuprador, assassino, caso do coronel Brilhante Ulstra, não o está fazendo apenas para promover um debate – o que já seria inaceitável, o lugar de Brilhante Ulstra é na cadeia –. É uma peça a mais em todo o processo político que busca a retomada do poder pelas forças de direita no Brasil. Não fosse o jornal aquele que emprestava seus caminhões para a desova dos corpos dos presos políticos assassinados sob a batuta de Brilhante Ulstra, Fleury e outros.

O governo Dilma, como em muitos aspectos o fez o governo Lula, a cúpula do PT, dá a sensação que quer o trono FIESP/DASLU e nesse passo foram e são colaboradores desse processo, exatamente na fraqueza.

Como é possível pretender um governo respeitado onde além de Palocci, Moreira Franco é ministro?

Não tem jeito.

Moreira Franco é a versão Maluf do Rio de Janeiro.

O governo Dilma equivocou-se na escolha do chanceler e o chamado pragmatismo na política externa torna o País cada vez mais vulnerável aos interesses do terrorismo nuclear de EUA e Israel e hoje o campo de manobra do próprio governo está limitado às dimensões anãs do ministro Anthony Patriot.

Na contramão do processo político de integração latino-americana, indispensável para fazer frente a um mundo aterrorizado pelas políticas norte-americanas e seus cúmplices no terrorismo os sionistas.

O que é a Comunidade Européia? Uma grande base militar da OTAN, países em processo de falência, de dissolução, multidões percebendo a gravidade dessa situação, mas se capazes de ir às ruas incapazes de ter um caminho, ou enxergar um caminho, perdidas no medo e na constatação do fracassso.  

Mais de 40 milhões de norte-americanos vivem na linha da pobreza por conta da crise que afetou o mundo. Todas as empresas em vias de falência na tal crise sobreviveram com dinheiro público e o distinto público continua dançando.

Dinheiro para matar civis no Afeganistão, no Iraque, para permitir o genocídio do povo palestino, destruir um país como a Líbia para manter intocado o dólar, garantido o petróleo, esse existe à larga, pelo simples motivo que os Estados Unidos deixaram de ser uma nação e transformam-se cada vez num conglomerado terrorista associado a Israel.

Com uma dívida impagável, oprime o mundo com seu fantástico arsenal de destruição, de boçalidade.

E o Brasil? E Dilma?

Não percebem que Palocci é produto de alianças espúrias. Armadilha de tucanos e setores do PMDB, que o alçapão está prestes a ser fechar e a mais perigosa de todas as quadrilhas políticas pronta para assumir o poder e passar a escritura.

Falta a Dilma estatura política para ser presidente da República, sobra à cúpula petista oportunismo e deslumbramento para jogar por terra todo o processo de luta popular construído nos últimos anos.

Palocci é só adereço. Detalhe nesse emaranhado de disputa pelo poder.

Aí, além do ministro corrupto, ele e outros, tem que engolir Sérgio Cabral, um governador pusilânime como Casagrande no extinto Espírito Santo, Moreira Franco no Ministério e ainda por cima ter Aldo Rebelo como aliado. E nem estou falando do faroeste no Norte e Centro-Oeste onde lideranças camponesas e ambientalistas são exercícios de tiro ao alvo para pistoleiros do latifúndio de d. Kátia Abreu (a que desviou dinheiro público doado à Confederação Nacional da Agricultura para sua campanha eleitoral e de seus filhos).

Breve, comentários de Brilhante Ulstra na FOLHA DE SÃO PAULO recomendando pau de arara, choques elétricos, estupros, assassinatos, etc.

Ou Dilma, Lula e o PT são cegos, ou acham que de repente a Copa do Mundo vai resolver tudo. E o grave nisso é que reivindicam para si o monopólio do avanço na luta popular. O que havia de positivo no governo Lula já foi para o brejo no desgoverno Dilma.

É lógico que a mídia podre deita e rola. Nem precisa de inventar nada,  a turma cede tudo de bandeja. É só retocar e cair de pau em cima.

A visão é estreita, se limita ao cartório petista e entorno. Não percebe o tamanho do monstro a engolir o País e transformá-lo num entreposto de dimensões gigantescas. Ou um mercado de “um trilhão de dólares” como afirmou há anos o general Colin Powell, ex-secretário de Estado do governo do terrorista George Bush.

Lições da lamentável repressão aos bombeiros

Por Mário Augusto Jakobskind


O Governador Sérgio Cabral deu o ar de sua graça política ao ordenar a violenta repressão contra os bombeiros que ganham salários aviltantes. São heróis e foram tratados de forma humilhante. Não satisfeito, Cabral ainda os ofendeu. Se alguém tinha dúvidas sobre Cabral, o episódio no Quartel General da guarnição esclareceu.
O lamentável nesta história é o fato do governador do Estado do Rio de Janeiro receber o apoio de partidos cujos integrantes em outros tempos se mobilizavam exatamente para denunciar violências do mesmo tipo que as praticadas agora no Rio de Janeiro.
Os bombeiros, considerados heróis pelo povo pelo tipo de trabalho que desenvolvem, foram tratados como marginais. Há testemunhas que comprovam os excessos praticados pelo Bope, uma delas a deputada Janira Rocha, do PSOL, que dignifica o seu mandato ao ficar ao lado dos manifestantes no QG dos bombeiros.
Bombeiros na ALERJCabral faz lembrar épocas do século passado, inclusive de governantes como Washington Luis, que consideravam a questão social como caso de polícia.
O que está acontecendo agora é na prática um divisor de águas. Se a esquerda parlamentar não repudiar o que foi feito pelo Bope e denunciar Cabral, entrará para a história ao lado do conservadorismo que não aceita  mobilizações populares, ainda mais o direito humano de reivindicar melhores salários e condições de vida.
Repressão aos bombeiros, aprovação na Câmara dos Deputados do Código Florestal que favorece os violadores do meio ambiente são demonstrações concretas da existência de uma esquerda que a direita gosta como diria o inesquecível Darcy Ribeiro.
Soma-se a isso o fato de o vice-governador Luiz Fernando Pezão estar sendo agraciado por uma entidade vinculada ao agronegócio, setor recém-favorecido pelo deputado Aldo Rebelo, do PC do B.
Bombeiro e DiginidadePor estas e muitas outras, a cada dia que passa os partidos políticos se distanciam dos anseios de amplas parcelas do povo brasileiro. Afinal de contas, como explicar a prática que adotam de apoio aos que ao longo da história foram combatidos por setores políticos que tinham como bandeiras principais a democracia e o socialismo?
É possível até que nas próximas horas os referidos partidos apresentem seus argumentos e criem as suas dialéticas para continuar com a mesma prática de apoio a quem reprime o povo. E até para justificar a ocupação de cargos na administração fluminense.

Publicado originalmente no Site Rede Democrática

domingo, 5 de junho de 2011

Aprovada a destruição. Que fazer?

 

Hoje é dia mundial do meio ambiente. Não há o quê comemorar.



por Elaine Tavares*
1415 Aprovada a destruição. Que fazer?Vivemos um eterno retorno quando se trata da proteção aos latifundiários e grandes empresas internacionais. No Brasil contemporâneo, pós-ditadura, nunca houve um governo sequer que buscasse, de verdade, uma outra práxis no campo. Todos os dias, nas correntes ideológicas do poder, disseminadas pela mídia comercial – capaz de atingir quase todo o país via televisão –, podemos ver, fragmentadas, as notícias sobre a feroz e desigual queda de braço entre os destruidores capitalistas e as gentes que querem garantir vida boa e plena aos que hoje estão oprimidos e explorados.
Nestes dias de debate sobre o novo Código Florestal, então, foi um festival. As bocas alugadas falavam da votação e dos que são contra a alteração do Código como se fossem pessoas completamente desequilibradas, que buscam impedir o progresso e o desenvolvimento do país. Não contentes com todo o apoio que recebem da usina ideológica midiática, os latifundiários e os capatazes das grandes transnacionais que já dominam boa parte das terras brasileiras, ainda se dão ao luxo de usar velhos expedientes, como o frio assassinato, para fazer valer aquilo que consideram como seu direito: destruir tudo para auferir lucros privados.
Assim, nos exatos dias de votação do novo Código, jagunços fuzilam Zé Claudio, conhecido defensor da floresta amazônica. Matam ele e a mulher, porque os dois incomodavam demais com esse papo verde de preservar as árvores. Discurso tolo, dizem, de quem emperra a distribuição da riqueza – deles próprios, é claro. E o assassinato acontece, sem pejo, no mesmo dia em que os deputados discutem como fazer valer – para eles – os seus 30 dinheiros sujos de sangue.
Imagens diferentes, mas igualmente desoladoras. De um lado, a floresta devastada e as vidas ceifadas a bala, do outro a tal da “casa do povo”, repleta de gente que representa, no mais das vezes, os interesses escusos de quem lhes enche o bolso. Pátria? País? Desenvolvimento? Progresso? Bobagem! A máxima que impera é do conhecido personagem de Chico Anísio, o deputado Justo Veríssimo: eu quero é me arrumar!
No projeto construído pelo agronegócio só o que se contempla é o lucro dos donos das terras, dos grileiros, dos latifundiários. Menos mata preservada, legalização da destruição, perdão de todas as dívidas e multas dos grandes fazendeiros. Assim é bom falar de progresso. Progresso de quem, cara pálida? Ao mesmo tempo, os “empresários” do campo, incapazes de mostrar a cara, lotam as galerias com a massa de manobra.
Pequenos produtores que acreditam estar defendendo o seu progresso. De que lhes valerá alguns metros a mais de terra na beira de um rio se na primeira grande chuva, o rio, sem a proteção da mata ciliar, transborda e destrói tudo? Que lógica tacanha é essa que impede de ver que o homem não está descolado da natureza, que o homem é natureza?
Que tamanha descarga de ideologia os graúdos conseguem produzir que leva os pequenos produtores a pensar que é possível dominar a natureza, como se ao fazer isto não estivessem colocando grilhões em si mesmo? Desde há muito tempo – e gente como Chico Mendes, irmã Doroty e Zé Claudio já sabia – que o ser humano só consegue seguir em frente nesta terra se fizer pactos com as outras forças da natureza. E que nestes pactos há que se respeitar o que estas forças precisam sob pena de ele mesmo (o humano) sucumbir.
O novo Código Florestal foi negociado dentro das formas mais rasteiras da política. Por ali, na grande casa de Brasília, muito pouca gente estava interessada em meio ambiente, floresta, árvore, rio, pátria, desenvolvimento. O negócio era conseguir cargo, verba, poder. Que se danem no inferno pessoas como Zé Cláudio, que ficam por aí a atrapalhar as negociatas. Para os que ali estavam no plenário da Câmara, gente como o Zé e sua esposa Maria não existe. São absolutamente invisíveis e desnecessários. Haverão de descobrir seus assassinos, talvez prendê-los por algum tempo, mas, nas internas comemorarão: “menos um, menos um”.
Assim, por 410 a 63, venceram os destruidores. Poderão desmatar à vontade num tempo em que o planeta inteiro clama por cuidado. Furacões, tsunamis, alagamentos, mortes. Quem se importa? Eles estarão protegidos nas mansões. Não moram em beiras de rio. Dos 16 deputados federais de Santa Catarina, apenas Pedro Uczai votou não. Até a deputada Luci Choinacki, de origem camponesa votou sim, contrariando tudo o que sempre defendeu.
Então, na mesma hora em que a floresta chorava por dois de seus filhos abatidos a tiros, os deputados celebravam aos gritos uma “vitória” sobre o governo e sobre os ecologistas. Daqui a alguns dias se verá o tipo de vitória que foi. Mas, estes, não se importarão. Não até que lhes toque uma desgraça qualquer. O cacique Seatlle, da etnia Suquamish, já compreendera, em 1855, o quanto o capitalismo nascente era incapaz de viver sem matar: “Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exauri-la, ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende”.
Zé Claudio e Maria eram assim, vistos como “selvagens que nada compreendem”. Mas, bem cedo se verá que não. Eles eram os profetas. Os que conseguiam ver para além da ganância. Os que conseguiam estabelecer uma relação amorosa com a terra e com as forças da natureza. Eles caíram a bala. E os deputados vende-pátria, quando cairão?
Já os que gritam e clamam por justiça não precisam esmorecer. Perdeu-se uma batalha. A luta vai continuar. Pois, se sabe: quem luta também faz a lei. Mas a luta não pode ser apenas o grito impotente. Tem de haver ação, organização, informação, rebelião. Não só na proteção do verde, mas na destruição definitiva deste sistema capitalista dependente, que superexplora o trabalho e a terra. É chegada a hora de uma nova forma de organizar a vida. Mas ela só virá se as gentes voltarem a trabalhar em cada vereda deste país, denunciando o que nos mata e anunciando a boa nova.

* Elaine Tavares é jornalista e membro do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
** Publicado originalmente no site Correio da Cidadania.
** republicada dia 30 de maio pelo portal Envolverde.


Veja também: Como derrubar árvores e matar pessoas.

sábado, 4 de junho de 2011

OS SENHORES DO MUNDO



Laerte Braga


Muçulmanos foram esmagados na antiga Iugoslávia por generais fascistas. À época o beato João Paulo II, num exercício de cinismo, pediu às mulheres engravidadas por força de estupro que tivessem seus filhos.

Palestinos são presos, torturados, estuprados e assassinados em suas terras pelo estado terrorista de Israel e nenhuma das resoluções das Nações Unidas condenando esses crimes foi implementada, por exemplo, em termos de “ajuda humanitária”. Gaza continua cercada, toda e qualquer espécie de auxílio bloqueado pelo terrorismo sionista e um muro que nos tempos da guerra fria seria chamado de “muro da vergonha”, garante o saque a terras e propriedades palestinas por sionistas.

O holocausto matou judeus, negros, ciganos, comunistas, todo e qualquer opositor ao nazismo, mas virou privilégio e propriedade exclusiva dos sionistas na justificativa da barbárie e dos saques contra os palestinos e povos do mundo inteiro.

Em mil anos caçadores de nazistas estarão procurando sobreviventes do período do IIIº Reich na desculpa de buscar justiça para o povo judeu.

Judeus são perseguidos dentro de Israel se manifestam opinião contrária aos terroristas que controlam o Estado sionista.

Judeus sionistas em qualquer parte do mundo não têm o menor compromisso com o país onde eventualmente tenham nascido ou estejam vivendo. São agentes ativos do nazi/sionismo. Patrulhas ideológicas da vergonha que é Gaza. Dos roubos sistemáticos de terras e riquezas palestinas.

Judeus que não aceitam as regras da barbárie sionistas são isolados. Judeus que mostram ideais pacifistas ou se oponham a essas violências são marginalizados pelo terrorismo sionista, muita vezes criminalizados como ocorre em Israel. Tenho amigos judeus que se envergonham dessa realidade estúpida.
  
O lateral esquerdo Marcelo, brasileiro que joga no Real Madrid, não foi convocado para a seleção brasileira (sendo um dos melhores na posição) por ter manifestado apoio à luta palestina. Como a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é um antro de criminosos comandados por Ricardo Teixeira, certamente isso rendeu alguma coisa ao dirigente, ainda mais depois que foi obrigado a devolver a propina que recebeu para votar a favor de um determinado país para sediar uma copa do mundo.

As provas foram irrefutáveis e o fato público e notório.

O ator Marlon Brando, considerado o maior de todos os tempos em toda a história do cinema foi vetado pelo lobby sionista que controla Hollywood depois de denunciar os crimes e a censura imposta por esse grupo terrorista.

Uma entidade chamada CONIB (CONFEDERAÇÃO ISRAELENSE DO BRASIL), formada por sionistas “brasileiros”, no duro agentes estrangeiros em nosso País, formalizou ao TSE – TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL – um pedido de cassação do registro do PCB – PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO – diante da publicação de um artigo no site do partido em que a ação nazi/sionista dos donos do mundo, os eleitos divinos, é denunciada e demonstrada de maneira farta.

É uma interferência de uma organização estrangeira nos negócios internos do Brasil.

Um escárnio. Comunistas não têm impulsos como o rabino Sobel de gravatas coloridas em lojas norte-americanas e muito menos de terras palestinas, ou tortura, ou estupro, ou assassinatos seletivos – como chamam a eliminação dos que são considerados inimigos.

Não há diferença alguma entre as práticas do IIIº Reich e as de Israel nos dias atuais. E da mesma forma que à época da segunda guerra entidades formadas por nazistas tentavam propagandear a barbárie, a tal de CONIB faz o mesmo. Getúlio, à época, fechou as entidades germano/nazistas.

No Brasil de hoje Israel controla a maior parte da indústria bélica de nosso País, estratégica e por isso mesmo fundamental. Tem participação ativa na mídia – um tentáculo do nazi/terrorismo norte-americano/sionista. Agentes da MOSSAD – esquadrão da morte chamado de serviço secreto – transitavam impunemente e interferem do jeito que querem em nosso País, principalmente na chamada região de Foz do Iguaçu onde vivem refugiados palestinos.

O pedido feito ao TSE é uma zombaria, um desrespeito e um acinte à soberania nacional.

Que tal investigar os fundos dessa entidade? As atividades criminosas de sionistas no Brasil praticam-nas em todo o mundo.

São intocáveis? Não podem ser criticados que invocam o holocausto e se escoram no holocausto para promover semelhante barbárie contra os palestinos?

O próprio Einstein, nos primórdios do estado sionista de Israel publicou carta no THE NEW YORK TIMES lamentando que os princípios que nortearam a criação do país tenham sido desvirtuados pela presença de terroristas.

O PCB é o mais antigo partido político brasileiro. Foi fundado em 1922 e tem uma história de lutas e presença ativa em todo o processo político brasileiro. Pelo PCB passaram figuras notáveis como Luís Carlos Prestes, Monteiro Lobato, Jorge Amado, Carlos Marighela, Carlos Drumond de Andrade, Emiliano Di Cavalcanti, Oswald de Andrade.

A CONIB é uma organização estrangeira atuando em território brasileiro, a serviço de potência estrangeira, ainda que brasileiros estejam ali.

A ação interposta ao TSE tem o objetivo de tentar calar o PCB na luta contra a barbárie e a boçalidade impostas aos palestinos.

São as mesmas práticas de Hitler. Não diferem de qualquer Eichmann ou Mengele. São subprodutos dessas figuras repulsivas.

Estimulam o ódio, cultivam o ódio e trazem em si a bestialidade dos que se imaginam superiores e com direito a toda e qualquer ação terrorista, criminosa.

Esse tipo de prática ocorre em vários países do mundo, ofensiva contra organizações, partidos e entidades que defendam a luta palestina. Não é isolada. É parte das políticas nazi/sionistas dos terroristas de Tel Aviv.

A menos que se prove o contrário, pelo menos em tese, o Brasil ainda é dos brasileiros – a despeito dos esforços de muitos para transformá-lo em entreposto do capitalismo, inclusive o atual governo na privatização dos aeroportos.

Não cabe esse tipo de atitude impelida pelo caráter cínico de toda organização terrorista como o são as sionistas.

Anti semitismo é apenas pretexto e se bobear, daqui a mil anos vai ter um deles dizendo que Hitler descobriu a fonte da juventude eterna e continua vivo.

É típico dessa gente. Acham-se os senhores do mundo.

A ABIN – AGÊNCIA BRASILEIRA DE INFORMAÇÕES – tão pressurosa em recortar jornais para tentar descobrir atividades anti-governamentais, fofocas de figuras da política,  bem que poderia gastar de forma eficiente o dinheiro público investigando a presença de agentes da MOSSAD em nosso território, de entidades que disfarçam organizações terroristas, caso da CONIB e expulsar esse tipo de criminoso. Figuras assim são indesejáveis e o Brasil grande demais para aceitar passivamente essa prática terrorista.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Teme-se que cúpula florestal ignore comunidades locais



por Arsène Séverin*, da IPS
1 300x182 Teme se que cúpula florestal ignore comunidades locaisBrazzaville, Congo, 3/6/2011 – Governantes dos países com as maiores selvas tropicais do mundo, a Amazônia, o Congo e Bornéu-Mekong, estão reunidos desde 31 de maio, durante uma semana, na capital da República do Congo, buscando um acordo sobre o manejo sustentável dos ecossistemas florestais, mas ativistas temem que sejam ignoradas as comunidades locais. O anfitrião do encontro, Denis Sassou Nguesso, presidente congolense, disse que a cúpula é “um passo decisivo” final antes da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá no ano que vem no Rio de Janeiro.
Segundo seus organizadores, a cúpula de Brazzaville também permitirá reforçar a cooperação Sul-Sul. O ministro congolense do Meio Ambiente, Henri Djombo, disse aos jornalistas que o objetivo é pedir a todos os países envolvidos que formem um bloco único. Antes da cúpula, as políticas florestais de vários países estiveram sobre a mesa. No Brasil, após vários adiamentos, a polêmica reforma do Código Florestal vigente desde 1965 foi aprovada na Câmara dos Deputados no dia 24 de maio.
No mesmo dia, os ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foram mortos a tiros por desconhecidos. Ambos foram ameaçados de morte por seu ativismo contra o desmatamento ilegal no Estado do Pará. O texto do novo Código ainda precisa ser confirmado no Senado e sancionado pela presidente Dilma Rousseff. Se for aprovado, ampliará a quantidade de florestas ameaçadas pelo desmatamento.
A frouxidão da proteção às florestas no Brasil acontece quando dados obtidos por satélite mostram que as perdas de florestas em março e abril foram, pelo menos, cinco vezes maiores do que igual período do ano passado. Quase 600 quilômetros quadrados de florestas foram destruídos nestes dois meses, o que é atribuído aos fazendeiros e produtores de soja.
Na Indonésia, uma moratória na emissão de novas autorizações para desmatar entrou tardiamente em vigor no dia 19 de maio, congelando o proposto corte ou a conversão de 64 milhões de hectares de florestas de turba e primárias, segundo informe publicado no The Jakarta Globe. A medida, que incluiu extensões para permissões já concedidas, ampliação de autorizações existentes e projetos vinculados à produção de açúcar, arroz ou energia, foi criticado por vários ativistas.
“Esta é uma amarga desilusão”, disse ao jornal, Paul Winn, do capítulo Austrália-Pacífico do Greenpeace. “Isto pouco fará para proteger as florestas e turbas da Indonésia. Das florestas supostamente protegidas por esta moratória, 75% já estão protegidas sob as leis existentes, e as numerosas exceções afetam ainda mais todo benefício ambiental”, afirmou.
Outras filiais do Greenpeace apresentaram a preocupação de que madeira certificada como colhida de maneira sustentável pelo Forest Stewardship Council, na República do Congo e em outros países, não cumpre os padrões exigidos.
Um comunicado de imprensa, do dia 27 de maio, cita especificamente duas empresas que operavam na República do Congo (Société de Développement Forestier e Congolaise Industrielle des Bois) por danificarem áreas valiosas e violarem direitos humanos nas províncias de Bandundu e Equateur.
Por telefone, a ministra das Comunicações do governo provincial de Equateur, Rebecca Ebale-Nguma, disse ter solicitado às autoridades da República Democrática do Congo (RDC) que aproveitassem a cúpula de Brazzaville para tomar nota dos problemas da população nesta região florestada. “Em Lisala, Mbandaka e Basankusu (Norte da RDC), por exemplo, a população, que vive em extrema pobreza, vê que uma tremenda riqueza vai embora sob a forma de madeira. Em Equateur há cidades inteiras sem assistência médica ou escolas”, acrescentou.
O ministro Djombo disse que os dez países da Bacia do Congo traçaram um plano de convergências sobre o manejo de seus ecossistemas florestais. “Pode fazer alguma diferença, mas estas não comprometerão o plano geral”, ressaltou.
No entanto, numerosas organizações da sociedade civil na Bacia do Congo acreditam que a cúpula não considerará os problemas das comunidades florestais e dos povos indígenas. “A participação e consulta das pessoas afetadas não parece ser levada a sério”, disse Indra van Gisbergen, da Forest European Resources Network (Rede de Recursos Florestais Europeus). “Deve haver um acesso real a informação e campanhas de conscientização para estas pessoas”, acrescentou.
Para Van Gisbergen, a cúpula tem mais a ver com a comercialização do carbono do que com o bem-estar da população. “Ao ler o projeto de declaração e o acordo de cooperação fica claro que a ênfase está em promover o mercado de carbono e financiar a redução de emissões por intermédio do mercado”, disse à IPS.
Em documento divulgado antes da cúpula, a Congo Basin Network (Rede da Bacia do Congo), com sede nos Camarões, expressou sua indignação quanto à direção do rascunho da declaração. “Como o resultado desta cúpula será muito influente, nossas organizações exortam os chefes de Estado a não darem prioridade ao comércio de carbono em relação ao processo da iniciativa REDD+ (Redução de Emissões de Carbono Causadas pelo Desmatamento e a Degradação das Florestas)”, disse à IPS Roch Euloge N’zobo, um dos porta-vozes da rede.
Maixeng Fortuné Hanimbat, também integrante dessa rede, afirmou que os rascunhos dos documentos não definem claramente um papel para a sociedade civil no cumprimento das recomendações da cúpula. Representantes de comunidades de pigmeus autóctones também se queixam. “Nossa associação indígena nem mesmo sabe como se registrar. Uma vez mais estaremos presentes, mas não para apresentar nosso ponto de vista”, disse Jean Nganga, presidente da Associação para a Defesa e a Promoção dos Povos Indígenas, com sede em Brazzaville. “Talvez sejamos a ausência mais significativa deste acontecimento”, afirmou.
* Com a colaboração de Terna Gyuse (Cidade do Cabo).

Carta dos Blogueiros Progressistas do Rio de Janeiro




Somos jovens, somos não tão jovens. Somos homens e mulheres, meninas e meninos. Temos todas as cores, todas as religiões, diferentes crenças ideológicas, mas apenas um compromisso: liberdade com justiça social. Somos centenas e não baixamos a cabeça para ninguém. Somos os blogueiros progressistas do estado do Rio de Janeiro.

No atual estágio da luta de classes, a blogosfera é uma trincheira fundamental na defesa dos trabalhadores contra a selvageria e crueldade do capitalismo. Nossos blogs tornaram-se ferramentas de grande utilidade nas batalhas cotidianas contra as mentiras contadas e recontadas diariamente pela velha mídia golpista. Milhares de blogs nascem a cada dia, como flores anunciando a primavera. A cada embuste desferido pelos tradicionais meios de comunicação, ganha força o ativismo nas redes sociais, temperado no fogo da luta!

Como na bela canção de Chico Science, percebemos que “nos organizando podemos desorganizar”. Seguiremos nessa toada enquanto a ditadura da mídia prosseguir obstruindo um debate político mais livre. Depois disso, outras frentes de batalha virão, porque a luta pela justiça social é eterna.

Nos dias 6 a 8 de maio deste ano, realizamos o I Encontro Estadual de Blogueiros Progressistas do Rio de Janeiro. Com a presença de mais de 200 blogueiros de todo o estado (e vários de outras regiões do país) trocamos experiências, acumulamos debate, confraternizamo-nos alegremente, manifestamo-nos corajosamente em frente à sede da Rádio CBN - a rádio que troca a notícia –, e aprovamos a criação da Associação de Blogueiros do Estado do Rio de Janeiro (ABERJ).

Se você é blogueiro ou simpatizante da blogosfera e se indigna com a opressão midiática, então você é nosso companheiro.

Blogueiros Progressistas de todo o mundo, uni-vos!

Entre as propostas aprovadas na assembleia final do I Encontro Estadual de Blogueiros Progressistas do Rio de Janeiro estão: 

- Apoio a PEC da Banda Larga;

- Defesa da neutralidade da rede;

- Luta pela aprovação do Conselho Estadual de Comunicação;

- Criação do Marco regulatório da comunicação;

- Pela simplificação da regularização das rádios comunitárias;

- Criação da "Associação dos Blogueiros do estado do Rio de Janeiro - ABERJ";

- Criação de uma linha de publicidade pública para blogs;

- Defender a simplificação dos processos de legalização de rádios comunitários;

- Moção de solidariedade ao blogueiro Esmael Morais, do Paraná, perseguido pelo governo daquele estado;

- Moção de solidariedade ao blogueiro carioca Ricardo Gama, que sofreu um hediondo atentado, no Rio de Janeiro, provavelmente em virtude de suas denúncias políticas.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Generais não dão flores

 Por Antonio Fernando Araujo*

Democracia não é utopiaQuando o simpático tenente da PM paulista achegando-se a um grupo de moças que na Marcha da Liberdade (28/05) seguiam pela av. Paulista portando flores e cantando, indagou-lhes quem eram os líderes do movimento ouviu, quase que numa única voz, que ali não havia líderes, todos eram soldados rasos nenhum general. E enquanto estendiam-lhe flores uma completou, "até porque generais não dão flores".
É possível que nesse instante o tenente tenha ouvido algo mais, aquilo que só daqui a alguns anos a próxima geração contará de verdade sobre suas mães que nessa Marcha, numa espécie de desobediência coletiva, inauguraram um tempo de passeatas que depois se alastrou pelo país porque naquele dia não apenas entregaram flores, mas foram capazes de perceber com acerto "por quem os sinos dobravam", coisa que os magistrados que vêem a sociedade de longe e pela vidraça do andar de cima e por isso a proibiram, foram incapazes de o fazer.

Pois bem, era por eles mesmos que os sinos dobravam. A rigor, não exatamente, mas por tudo que representavam, uma sociedade autoritária, traumatizada pelas ditaduras do século XX que tanto fez para sufocar as utopias, equivocada por essa idéia de progresso que ao misturar alta tecnologia e postura consumista imagina estar dando respostas adequadas à uma sociedade que acabou parida por um arremedo de capitalismo ao qual se convencionou chamar de neoliberalismo e no qual todos estamos mergulhados até o pescoço.

Marcha da LiberdadeEntretanto, enquanto na ilusão os de toga ou gravata viram apenas a apologia à maconha o que os jovens queriam era algo impregnado de um outro sentido, o direito de não apanhar por manifestar livremente as suas idéias. E porque lhes acalentava o sentimento de revolta que germina na alma e anseios por passar a borracha naquilo tudo que ali estava, não lhes foi difícil perceber que suas inquietudes tinham muito a ver com o que há pouco acontecera na Tunísia e na praça Tahrir, do Cairo e se propagara pela Síria, Bahrein, Yemen, Wisconsin, praça Catalunha, Puerta del Sol e, naquele instante, acabara por conceber aquele ensaio proibido no vão do MASP, quando, na marcha que se seguiu, distribuíram flores pelas avenidas Paulista e Consolação, nem que fosse apenas para comprovar que distribuir flores pode ser mais letal do que emitir proibições.

Quem nos garante que a juventude européia, latino ou norte-americana está a salvo de angústias semelhantes? Quem é capaz de jurar que um universo de frustrações existenciais, decepções políticas de variados tons, um não sei o quê de uma auto-estima que em algum momento se escafedeu, de uma não percepção de que o mundo se constrói aos poucos, mas que suas urgências não lhes permite ver nem sentir, tudo isso enfim não seja capaz de fornecer a munição suficiente para que uma passeata pela legalização da maconha se torne o combustível suficiente para que a insurgência assuma suas verdadeiras cores, a de um clamor popular que se recusa, por exemplo, a aceitar uma "governabilidade a qualquer preço", desde a presença de um Sarney até o salário da professora Amanda Gurgel, passando por essa vergonhosa taxa Selic que, de antemão, já assinala para esta geração impaciente que em muito pouco deve apostar quando lhe falarem de um futuro promissor, digno e comparável a de outros países? (ainda que possa parecer melhor, qudo nos comparamos com nós mesmos).

Marcha da LiberdadeNão se trata de desestabilizar o governo Dilma, como me apontaram, longe disso, mas talvez de chacoalhá-lo. Fazê-lo ver que não basta comparecer à cerimônia de beatificação de irmã Dulce. É importante marcar presença na Marcha da Liberdade, dia 18 próximo, no Rio, no Encontro de Blogueiros Progressistas, na mesma ocasião, em Brasília, na feira de Garanhuns e no forró de Caruaru, em julho, no Círio de Nazaré, em Belém do Pará, em outubro.

Fazê-lo entender que, neste momento em que o mundo parece querer entrar em ebulição e o nosso país não está a salvo, mais decisivo do que as intrigas do palácio é o gesto de chegar perto, bem perto. De dar as mãos aos indígenas e ribeirinhos para, contornados os impasses e junto com eles, às margens do Xingu, assistir a primeira carga de dinamite dar início a construção de Belo Monte e testemunhar o otimismo aflorando nos semblantes em volta. Fazê-lo perceber que nossos jovens têm pressas e sonhos e parecem querer passar o rodo na UNE e a na UBES, quietas até demais, como se estivessem cochilando ou por terem se tornado obsoletas antes do tempo, naqueles entraves jurássicos ou jurídicos que lhes obstrua o caminho das suas utopias, das suas realizações, sejam elas de natureza ética, política, profissional, moral ou existencial e em tudo o mais que lhes lembre o quanto é repugnante, por exemplo, um Pimenta Neves e os poucos meses que passará na cadeia ou os motivos que levaram à morte o casal sindicalista Zé Cláudio e Ma. do Espírito Santo, assassinado no Pará, cujos autores e mandantes, certamente ficarão impunes.

Em meio a sentimentos de tolerância, de solidariedade, de liberdade, de fraternidade, outros temas afins a tudo que entendemos como respeito aos inúmeros dos nossos valores emergem. E aí entra em cena a ânsia de expurgar a mentira e a hipocrisia presente, por exemplo, na grande mídia nativa, mais especificamente a oriunda da grande família GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão), de bradar pelos direitos das mulheres, pelo combate à pobreza, à desigualdade social, ao racismo, xenofobia e homofobia, pelo realce da nossa auto-estima, por um futuro próximo (não o daqui a 15 ou 20 anos) livre de um capitalismo predatório e egoísta, como se fôssemos - e os jovens em especial -, herdeiros delirantes daquela geração de hippies que valorizava a integridade, a honestidade e a verdade como princípios imutáveis de vida já que nesses aspectos, em muito se parecem, com o que sentiram os dos países árabes e agora sentem os da Espanha e, se estou certo, até mesmo o que distingue esses de São Paulo.

FlorAssim, quando se assiste o ressurgimento dessas manifestações populares anticonservadoras, antiautoritarismos, solidárias, nascidas e articuladas nas redes sociais e ainda se constata que há flores de sobra para a PM's e magistrados paulistas, podemos apostar então, os jovens saberão com destemor, reservá-las em maior escala para as centenas de camponeses sem terra, para os trabalhadores rurais, para a massa dos sem-advogado, rotos e pobres, sindicalistas, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, favelados e em especial para todos aqueles que defendem a volta do país que lhes pertence, seu pedaço de chão ou teto, ousam sonhar e ir contra alguma coisa, uma injustiça, por exemplo, e por isso são mártires anunciados, marcados para morrer.

Estou certo que, daquela egoísta indiferença que Bertold Brecht, Maiakovski e Niemöller lamentaram em seus poemas esta geração já acena por querer se livrar, convidando Dilma a se juntar a ela, combinando tudo direitinho pela internet e depois não arredar mais o pé das ruas.

*Antonio Fernando Araujo é colaborador deste Blog.
Este artigo foi publicado também no site Rede Democrática.

Governo sem rumo - A direita de olho




Laerte Braga


Há anos atrás, ainda na revista O CRUZEIRO (tinha pelo menos sete vezes a circulação de VEJA, questão de qualidade) o jornalista Millôr Fernandes afirmou que “a única regra que não tem exceção é essa – toda regra tem exceção”.

É perigoso generalizar essa história de Congresso corrupto, Judiciário idem, Executivo ibidem e partidos políticos sem princípios. É claro que dez por cento dos senadores, dez por cento dos deputados, dez por cento dos governadores, deputados estaduais, juízes, ministros de cortes supremas são decentes. Têm consciência do papel que desempenham.

E nem a corrupção é a cabeça principal do processo político no Brasil. Ela é conseqüência do modelo, do capitalismo, é intrínseca ao capitalismo.

Esse sim, o capitalismo, em si e por si, é a razão de ser de todo essa degeneração política no Brasil e em quase todo o mundo hoje, aterrorizado pelos arsenais nucleares do terrorismo norte-americano. A chamada nova ordem política e econômica imposta após o fim da União Soviética.

No caso específico do Brasil a cúpula de “consultores” do PT já percebeu o equivoco que foi a escolha de Dilma Roussef. E nisso não há dúvidas quanto ao seu caráter, mas certeza quanto ao seu tamanho político. É menor que o cargo que ocupa, que a tarefa que lhe foi confiada. Essa percepção do tamanho político de Dilma passa não por compromissos assumidos em campanha, mas por dificuldades na consecução de “negócios” que possibilitem apartamentos de seis milhões, quase sete, de reais.

O problema de toda essa confusão em torno de Antônio Palocci, ministro chefe do Gabinete Civil é que, de saída, Palocci nunca poderia ter sido chamado de volta a um governo depois dos fatos que resultaram em seu afastamento do Ministério da Fazenda no governo Lula. É além de tudo é um sujeito repulsivo.

Aí, entra outra responsabilidade. O PT nasceu como partido “diferente”. Livre dos vícios e ranços de partidos tradicionais – falo dos grandes – em toda a História do Brasil. Sinalizava mudanças estruturais num País ainda na Idade Média em determinadas regiões, sobretudo aquelas dominadas pelo latifúndio (bestas sobreviventes do período jurássico).

Aos poucos se adequou ao jogo do clube de amigos e inimigos cordiais do poder. Fez concessões de tal ordem que hoje não tem volta. É um PSDB com uma bandeira em cores diferentes.

O jornal THE FINANCIAL TIMES proclama de maneira eufórica que a privatização dos aeroportos no Brasil é uma “guinada ideológica”.

Idéia dos “consultores” do PT, realidade imposta pelas concessões feitas na busca da sobrevivência e de poder – principalmente de poder, aquele negócio de sala com telefone, secretária, grampeador, caixa de clips, carimbo, e placa com o nome.

A conseqüência dessa guinada é que todo o conjunto da luta popular no Brasil é afetado num retrocesso sem tamanho. Não que esteja no mesmo balaio, longe disso, muito longe, mas no efeito cascata da generalização feita pela mídia, parte da podridão capitalista.

Houve conquistas importantes no governo Lula. O presidente inventou o “capitalismo a brasileira” (essa não foi uma conquista). O empresariado percebeu que o modelo lulista comportava políticas sociais que em nada afetariam seus privilégios e a sorte maior de Lula, a de ter conseguido manter no seu ministério duas figuras do porte de Samuel Pinheiro Guimarães e Celso Amorim, além do carisma – inegável – do presidente “operário”, conferiram-lhe o direito de eleger o que Delfim Neto chamou de “um poste”.

É lógico que a militância petista, aquela que acreditou no ex-ministro José Dirceu quando esse confirmou o caráter “socialista” do partido, não tem nada a ver com isso e boa parte deve estar perplexa com os rumos que os tais “consultores” da cúpula petista, todos milionários, vão dando ao governo Dilma Roussef.

O retrocesso que se verifica no País é de exclusiva responsabilidade do PT e sua cúpula. Não foram capazes de compreender o momento histórico do salto político e ideológico que indiscutivelmente o governo Lula gerou e nem o recado das urnas.

FHC percebeu logo. “Temos que deixar de lado os pobres e buscarmos seduzir a classe média”.

Permanecem intocadas as grandes empresas predadoras no Brasil e pior, associadas e defendidas pelo governo petista, caso do consórcio que vai construir o monstro Belo Monte – Tucurui continua sem as tais condicionantes do IBAMA terem sido atendidas, gerou milhares de desabrigados, beneficiou centenas de latifundiários e empresas com grandes e irreversíveis danos ambientais. Se gritar pega ladrão na cúpula do IBAMA não sobra ninguém.

Circulam impunes os latifundiários chefes de pistoleiros a praticar tiro ao alvo em lideranças camponesas.  

Aumenta a presença do capital estrangeiro controlando setores vitais da economia (Israel controla a indústria bélica brasileira). Dos grandes bancos privados dois são nacionais e mesmo assim com participação de capital estrangeiro, vale dizer, controle real. Se puxarem a escada quebram os ditos bancos. E um grupo de empresários espertalhões que percebeu ainda no governo Lula o alcance do “capitalismo a brasileira” – irretorquível definição de Ivan Pinheiro – se transforma, rapidamente, nos novos donos do País.

O latifúndio permanece intocado no desvario dos transgênicos e no agrotóxico servido à mesa de cada brasileiro, em meio ao desmatamento geral sem qualquer critério ou responsabilidade, agora com aval do PC do B através do deputado Aldo Rebelo (não confundir PC do B com PCB, são distintos em tudo e por tudo) e o Brasil retoma a descida ladeira abaixo para transformar-se num entreposto de luxo do capitalismo internacional, na ausência da presidente Dilma Roussef, “poste” controlado pela cúpula de um partido cada vez mais fisiológico e cada vez, uma grande banca de negócios e consultorias.

É pouco provável que Dilma tome uma atitude e com ela as rédeas do governo. Reencontre a si e à sua história.

É certo que os brasileiros pagarão o alto preço da irresponsabilidade desses consultores ávidos de poder e “negócios” e toda a luta popular, inclusive a militância petista, cega ou não, todos vamos pagar o preço desses desvios.

A manchete do THE FINANCIAL TIMES não é mera notícia. É um grito de vitória dos donos do mundo sobre o Brasil.

E a falência do partido transformado em empresa de  “consultoria” com um monte de aspones.   

Nas regiões estratégicas do País circulam sem preocupação de se esconder agentes norte-americanos, da MOSSAD – serviço secreto de Israel – ONGs que disfarçam apetites imperialista e colonialistas.

A fraqueza do governo petista, o comprometimento do PT com o clube de inimigos e amigos cordiais, começa a transformar o Brasil numa casa da mãe Joana. São muitos os donos e o que se constrói é um futuro de privilégios para privilegiados.

Um exemplo? A casa da deputada Rita Camata em Vitória, Espírito Santo, só se ela ganhou na loteria. Do contrário é dinheiro de propina mesmo. E como ela não ganhou na loteria e nem a sociedade dos Camata com Aécio Neves resultou nisso, é o caso típico de quanto me dão para votar a favor. Ou contra, dependendo do que estiver em votação.

Muralhas de cinco metros de altura em praias particulares controladas pela PM do estado.

Povo? O PT não sabe mais o que é isso. Especializou-se em FIESP/DASLU.

O que tem Rita Camata a ver com o PT? Consultoria.

A direita original está pronta para reassumir o controle. O PT virou cópia de má qualidade. 

Cesare Battisti continua preso no maior absurdo jurídico da história recente, como definiu o jurista Dalmo Dalari de Abreu (à época que FHC indicou Gilmar Mendes para o STF, Dalmo Dalari de Abreu denunciou em vários jornais brasileiros que o indicado era corrupto. O Senado aprovou a indicação).

A FOLHA DE SÃO PAULO, nesse diapasão, inclui entre seus colaboradores o torturador, estuprador e um dos principais protagonistas da Operação Condor (esquadrão da morte das ditaduras militares) Brilhante Ulstra.
 

O Código da Economia Florestal Descentralizada


Marcos Sorrentino*

Ainda perplexo diante dos argumentos superficiais e possivelmente levianos, apresentados por  deputados que defendem mudanças no Código Florestal Brasileiro, propondo eliminar ou alterar radicalmente diversos dos  artigos “conservacionistas”, em nome do aumento da renda do agricultor brasileiro, sugiro a leitura e repercussão dos textos e estudos daqueles que têm dedicado suas vidas à melhoria das condições existenciais de todo o povo brasileiro.
Refiro-me aos textos e estudos produzidos por Aziz Nacib Ab’Saber, Paulo Affonso Leme Machado, Paulo Kageyama, Antonio Donato Nobre, dentre outros, sistematizados em publicações de sociedades científicas ou divulgados pelos meios eletrônicos de comunicação, tendo em vista a pouca divulgação dada na grande imprensa aos argumentos contrários às alterações no Código Florestal. Estão disponíveis nos seguintes endereços: www.sosflorestas. com.br;    http://www.sbpcnet.org.br/site/arquivos/codigo_florestal_e_a_ciencia.pdf;  http://www.oca.esalq.usp.br/wiki/doku.php?id=home
O foco do presente artigo será o de contribuir para a compreensão sobre a interdependência entre conservação da natureza e melhoria da qualidade de vida dos humanos, perspectiva presente no Código Florestal gestado e aprovado no início dos anos 60, não por ambientalistas, mas por desenvolvimentistas inteligentes, que sabiam da importância de uma economia florestal descentralizada, produzindo benefícios a curto, médio e longo prazo.
Economia florestal descentralizada é a principal virtude do Código atual e não pode ser sacrificada em nome de interesses menores, gananciosos e mesquinhos, de quem compreende que a propriedade privada é um direito que não se submete ao bem comum, não os obrigando a conservá-la para os seus descendentes, para as gerações futuras e para os demais seres vivos e sistemas naturais.
Melhorar a renda do agricultor brasileiro tem sido o argumento central daqueles que querem alterar a lei que instituiu o Código Florestal. Suas propostas ignoram a importância da cobertura vegetal nativa para a saúde econômica de cada propriedade rural, produzindo benefícios econômicos diretos, por meio dos bens que dela podem ser extraídos e cultivados nas reservas legais, e bens indiretos, nas áreas de preservação permanentes e também nas reservas legais obrigatórias, como a manutenção da biodiversidade que garante a diminuição da incidência de pragas e a conservação dos solos e das águas.
A reposição florestal obrigatória, prevista no Código, prevê a reposição de cada árvore utilizada como fonte de energia. Isto significa que o legislador já previa a necessidade de se repor as árvores consumidas, num raio economicamente viável, em relação à fonte de consumo, para não ser necessário buscá-las em locais cada vez mais distantes.
Imagine uma pizzaria ou uma padaria, na sua cidade, que tenha forno a lenha. Se não houver uma legislação que obrigue o seu dono a destinar ao agricultor uma pequena parte do que recebe de cada um de nós, para o plantio de árvores, provavelmente as árvores disponíveis para o corte se tornarão cada vez mais raras e distantes e, portanto, a lenha produzida a partir delas, se tornará mais cara e nós pagaremos mais pela pizza e pelo pãozinho.
Uma propriedade rural diversificada, que não seja completamente destinada à produção de um único bem, é a maior garantia de sobrevivência do próprio agricultor, que não fica refém da cultura única, que pode não ter preços vantajosos em determinados períodos ou que pode ser acometida por alguma dificuldade climática ou biológica. É a maior garantia de que teremos árvores disponíveis para o pão nosso de cada dia. É também a maior garantia para o agricultor que depende da árvore para a lenha do seu fogão, para os mourões das cercas, para as pequenas construções rurais, para o cabo da enxada, ou mesmo para comercializar o carvão e a lenha daquela pizza que comeremos no final de semana. Garantia para o agricultor que depende dos frutos das árvores e das plantas medicinais ou mesmo para o empreendedor que busca compostos e princípios ativos para remédios, cosméticos e diversos produtos da biotecnologia comprometida com a segurança e os benefícios compartilhados e não com a transgenia monopolizadora.
Uma economia florestal descentralizada, construída a partir das reservas legais (RL) e das áreas de preservação permanente (APP), gera benefícios para a conservação da biodiversidade, mantendo os fluxos de animais dos mais diversos tipos, a exemplo das abelhas, aves e minhocas, tão essenciais para a agricultura. Essas áreas de APP e RL, formam um mosaico interligado de proteção, que podem ser nomeados como corredores de biodiversidade, por onde transitam também as sementes e o pólen das plantas, propiciando os fluxos de material genético, essenciais para o não enfraquecimento das plantas, não deixando-as vulneráveis ao ataque de espécies oportunistas como insetos, fungos e outros, para cujo combate, aí sim, serão necessárias altas quantidades de agrotóxicos.
Simultaneamente aos benefícios diretos da biodiversidade, deve-se mencionar a proteção dos solos e das águas como duas qualidades essenciais das APPs e RLs garantidas pelo Código Florestal atual, ameaçadas pelo projeto de lei relatado pelo deputado Aldo Rebelo. Se tal proteção é facilmente percebida como essencial para a saúde da agricultura e do mundo rural, muitas vezes não é percebida em sua essencialidade para o mundo urbano.
Os escorregamentos de morros, provocando as tragédias que temos presenciado a cada estação das chuvas e os transbordamentos dos corpos d água dos mais diversos tipos, inundando ruas, residências e empresas e causando enormes prejuízos no dia-a-dia das cidades, são conseqüências diretas do irresponsável desmatamento de topos e encostas de morro e da área ciliar - a vegetação às margens de cada rio, córrego, ribeirão, sanca, igarapé, dentre outras denominações dadas em todo país, para as águas doces superficiais, essenciais para a manutenção da vida na Terra.
A seqüência “desmatamento/erosão/assoreamento/enchentes” é por todos apreendida desde os bancos escolares, no entanto insiste-se em mostrar para os estudantes que somos uma sociedade que não faz o que ensina. Matamos a galinha dos ovos de ouro, cada vez que um córrego é assoreado, poluído ou canalizado. Numa espécie de cegueira coletiva, fechamos os olhos e os ouvidos para essas informações.
Promover a compreensão sobre a importância da cobertura vegetal é criar condições para o mecanismo de pagamento por serviços ambientais ser aceito pelos contribuintes de todo o Planeta, possibilitando àqueles que queiram mitigar os impactos do aquecimento global e das mudanças socioambientais, alternativas de plantio de árvores e de conservação das já existentes. E essa também pode se constituir em mais uma alternativa de valorização da cobertura vegetal nativa de cada propriedade.
A interligação entre todos os sistemas de sustentação da vida na Terra nunca foi tão estudada e conhecida. Hoje, mais do que nunca, sabe-se da importância das árvores para a manutenção de dois importantes e tão pouco conhecidos mares de água doce: os aqüíferos subterrâneos e as correntes aéreas de água.
As folhas das árvores evaporam gotículas de água e elementos químicos minúsculos, os aerossóis, que possibilitam a formação de verdadeiros rios aéreos e das chuvas em diversas partes do planeta. Estudos sobre isto mostram que a floresta amazônica, por exemplo, evapora a mesma quantidade de água que o rio Amazonas lança no mar, todos os dias. E são essas águas as principais responsáveis por boa parte das chuvas que irrigam o continente sul americano.
Da mesma forma, são elas, as plantas, que permitem que as águas que penetram no solo, sejam filtradas e liberadas em fluxos contínuos e regulares, abastecendo nossos rios superficiais e subterrâneos, essenciais para o abastecimento humano e para a manutenção de todas as formas de vida.
Enfim, ao invés de ficarmos cobiçando as APPs e RLs onde está a maior garantia para a sobrevivência da humanidade, vamos dialogar sobre as políticas agrícolas e agrárias, que permitam melhor utilizarem-se os 200 milhões de hectares destinados a pecuária, com simples aperfeiçoamentos tecnológicos, que podem liberar metade dessas áreas para outras modalidades de cultivo agrícola, preferencialmente para assentamentos de reforma agrária que garantam alimentos e bens nas mesas e no cotidiano de todos os brasileiros, contribuindo para diminuir a pressão das massas humanas que migram para os grandes centros urbanos em busca de trabalho e acesso aos equipamentos sociais.
Necessita-se também de um efetivo plano de safra, com mecanismos de financiamento e comercialização. De políticas sociais para o campo e acima de tudo de uma política de extensão rural e conservacionista que não seja apenas a da  aplicação das punições previstas na lei.
Não devemos seguir o caminho temerário de buscar-se a resolução de um problema, criando outros e não focando nas verdadeiras causas que têm dificultado a plena realização do espírito da Lei que instituiu o Código Florestal – o de árvores, florestas e outras formas de vegetação que tornem as paisagens urbanas e rurais um verdadeiro jardim produtivo,  sob os cuidados de jardineiros capazes de se encantar com a biodiversidade e produzir riquezas para toda a humanidade.



Marcos Sorrentino
Professor de Educação e Política Ambiental
Departamento de Ciências Florestais/ESALQ/USP
16/05/2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

DA BIOPOLÍTCA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS À BATALHA NAS REDES: VOZES AUTÔNOMAS


VLADIMIR LACERDA SANTAFÉ* 

Resumo:

Palavras-chaves: movimentos sociais, multidão, redes, tecnologias digitais, biopolítica

"Digo não quando dizem sim em coro uníssono. Quero descobrir e revelar a face obscura, aquela que foi varrida dos compêndios de História por infame e degradante; quero descer ao renegado começo, sentir a consistência do barro com lama e sangue, capaz de enfrentar e superar a violência, a ambição, a mesquinhez, as leis do homem civilizado. Quero contar do amor impuro, quando ainda não se erguera um altar para a virtude. Digo não quando dizem sim, não tenho outro compromisso".
Jorge Amado, Tocaia Grande

É preciso dizer não algumas vezes, quando a violência se diz a lei e o homem civilizado não passa de uma sombra da sua ambição, algumas vezes é preciso gritar, mesmo que não se seja ouvido. O grito faz bem para os pulmões e para o futuro. Esse trabalho é um “grito” e uma tentativa de transformar em teoria as práticas e as incertezas de anos de militância. Militância que se confunde com as angústias da existência, com as “janelas quebradas”, os cacos espalhados no carpete, toda existência é um grito. Na sociedade atual, o que, com Negri e Hardt, chamamos de capitalismo cognitivo, as vozes são muitas, o poder é descentrado, mas atuante, algumas vezes essas vozes se concentram em uma única voz uníssona, mas é preciso dizer que as muitas vozes dissonantes formam um conjunto potente que faz frente a essa voz imperativa.
O que pretendemos nessas linhas tortas e inexatas, nesse feixe de representações que buscam um solo para cravar suas raízes e despedaça-las em seguida: fazer um mapa das redes desse poder difuso, e ao mesmo tempo eficaz, que molda nossos espíritos e corpos, a forma como o conjunto das informações é difundido, de como essa rede funciona estabelecendo uma axiomática, um consenso em torno de “verdades” disseminadas e represadas, pela circulação acelerada das informações e do consenso que se forma a partir delas, dos signos que se remetem infinitamente a essa rede que assegura o consenso em torno da economia de poder difundida e ressoada pelos aparelhos de Estado e seus meios de produção da informação. De como as pessoas se submetem, reproduzem e que tipo de poder atua sobre os seus corpos e mentes, quais os dispositivos tecnológicos utilizados, e até que ponto somos efeitos desses dispositivos e discursos de verdade. A informação, na realidade, que é retida e concentrada. A verdade é que não se informa, se diz o que se deve pensar. Mas até que ponto? Fazer um mapa do uso das novas tecnologias digitais, a criação das linhas de fuga e dos agenciamentos que as traçam, agenciamentos sempre animados por uma máquina de guerra, seja a partir das TVs Comunitárias, dos documentários produzidos pelos movimentos sociais, seja na utilização dos espaços disponibilizados pela Internet, um meio rizomático por excelência, seja a partir da ocupação dos espaços “tradicionais” de difusão de informações. Movimentos sociais que criam suas redes de resistência e criação, produzindo uma malha de significados que torna consistente a própria sociedade informacional que nos “alimenta”, significados não-determinados pelas grandes mídias, que perde terreno com as novas tecnologias digitais. Hoje, mais do que nunca, os movimentos sociais precisam enfrentar os desmandos das autoridades estatais e suas redes de captura, tal como o direitoso Sarkozy, que “afirmou que o controle e a regulamentação da rede devem ser impostos pelos Estados, para evitar anarquia, e que as grandes companhias da web não vivem em universo moral paralelo”, são por essas e outras que a autonomia dos grupos e das pessoas deve ser conquistada pela força das mobilizações globais, pelo grito dos divergentes que almejam um mundo sem sarkozys e monopólios midiáticos, e ainda mais profundamente, um mundo sem classes e sem mandos
.

Considerações: Esta tese de mestrado de Vladimir Lacerda  Santafé*,( que transcrevemos o resumo), reforça e fundamenta a essência da Educomunicação, embora não tenha sido  o propósito desse trabalho acadêmico. A tese ainda não foi publicada, porque foi defendida recentemente, dia 27 de maio de 2011, na ECO/UFRJ, quando  foi muita elogiada pela banca examinadora..A exposição foi gratificante para editora deste Blog, Zilda Ferreira.