terça-feira, 3 de maio de 2011

Relacão entre médico e paciente vai mal

COBERTURA ESPECIAL – 6º Seminário Nacional Médico/Mídia


Para conselheiro do CRM-MA, atualmente o paciente chega ao consultório com muita informação, o que prejudica a atuação do profissional.
 
AGÊNCIA NOTISA – É comum hoje em dia o paciente chegar ao consultório médico já dizendo saber a doença que tem e como tratá-la. Se por um lado, esse fácil acesso às informações de saúde é bom, por outro, pode prejudicar a relação entre o médico e o paciente. “O paciente hoje domina o médico. Ele chega ao consultório dizendo que quer fazer um exame, e o médico vai e solicita o exame”, criticou Adolfo Paraiso, conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA) e presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Maranhão, na última sexta-feira (29) durante o 6º Seminário Nacional Médico/Mídia, promovido pela Federação Nacional dos Médicos (FENAM) no Rio de Janeiro.
 
“Por mais que as pessoas cheguem para uma consulta com conhecimento sobre sua saúde, adquirido principalmente pela Internet, através do ‘doutor Google’, elas têm que entender que embora tenham a informação, é o médico que tem a formação para cuidar da sua doença”, defendeu.
 
Segundo Adolfo, essa atitude do paciente cria a chamada medicina defensiva, reflexo do grande medo que os médicos sentem hoje de serem processados.
 
Mas essa questão foi apenas um exemplo que o médico deu para defender sua tese de que a relação médico paciente atualmente está ruim. Segundo ele, o ambiente de trabalho, caracterizado pelo ritmo de produção em série, é o grande responsável por essa relação desgastada.
 
“Vários fatores contribuem para esse ambiente de trabalho deteriorado: as condições de trabalho são ruins, os vínculos empregatícios são fracos (isso, quando eles existem, pois muitos médicos trabalham sem contratos), a múltipla jornada de trabalho, os salários baixos e a falta de um plano de carreira (o que reflete na privatização do sistema de saúde)”, explicou.
 
Adolfo acredita também que a alta tendência para a subespecialização hoje, prejudica essa relação, já que o médico não se sente mais o responsável pelo paciente. “Uma relação médico paciente ideal seria aquela onde o profissional trabalhasse sem pressões externas e internas, e onde a confiabilidade e a privacidade entre ambos fossem preservadas”, encerrou.

Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico