02.05.2013 - A extraordinária competência da Globo
- Luis Nassif - Carta Capital
O que faz das Organizações Globo o maior grupo de mídia nacional?
Massa crítica acumulada durante décadas de pragmatismo, sem dúvida. Mas também uma visão estratégica imensamente superior à dos demais grupos de comunicação.
Quando homogeneíza-se o produto leva vantagem quem dispõe de maior poder de distribuição.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9ZOd6XpPDt_p4AmphFGrnz4hyphenhyphenV4FcZ-k090bKctrGKNMkbgzyzPEbDS-Z_uIJEwuPRgJR3VKIHrBDehNZpkowJws7gDZpTRBW54eJWiW1awmmD_WKzwnsIvvBdoGISRnoVHBG689KfD4/s320/folha_morta1-copia.jpg)
A visão empresarial – jamais ideológica – de Otávio Frias percebeu o novo público que se formava, adepto das eleições diretas, adversário da burocracia, simpático aos novos costumes sociais, e apostou no novo.
Com essa estratégia, a Folha tirou uma geração de leitores do Estadão e se tornou o maior jornal brasileiro.
***
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCaKVzjyd707MJyFtuv6VEefrXR2DmT7gPP7xrALKRGofULBKoRtnUdf_VgDNsK2Mmva9cKyL9Yt_AuTMz0isBUdO_ijZ7k8mFnj-Fp_LdP92O8ixMhGvyWUNVLeyHxItzRBzL-Svy_PI/s320/confus%C3%A3o.bmp)
De um lado, enfrentam o avanço inexorável das grandes redes sociais – Facebook e Google – avançando sobre os classificados e a publicidade nacional. De outro, o aparecimento de novos produtos midiáticos online.
Havia duas estratégias de sobrevivência a serem seguidas pelos grupos midiáticos nacionais.
Uma delas, seria o da diferenciação em relação ao líder – a Globo. A segunda, seria a de seguir o líder.
Os três grupos nacionais – Folha, Estadão e Abril – optaram por seguir o líder.
Quando homogeneíza-se o produto leva vantagem quem dispõe de maior poder de distribuição. No caso, as Organizações Globo.
***
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1tzEllmnj08vmKGHvXEaBQTLT89dgrvNqEbI-4yjigEco2W-kgDiJZrAaOeBg6UNiWvNKE8MpRPY8JJKZvq-mZB1NnXR8Xxg8bNt3UAqMOAbbVclb70ossMVSK0QRMszv3JHavQ3nG-M/s320/marinho+murdoch+merval.png)
Murdoch entendeu o avanço inexorável das redes sociais e resolveu levar a batalha para o campo político, ainda sob domínio dos grandes grupos de mídia.
Valeu-se, para tanto, de ferramentas tão antigas quanto o jornalismo: a exploração do medo supersticioso do “inimigo externo”, um enredo em que se cobre os adversários políticos com a mesma vestimenta que a dramaturgia utiliza para personagens ancestrais, como o vampiro, o lobisomem, as forças do mal.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh02Bh1RZEbmLKed51VhqBHhM8NKYlhHgiztMMvNcpZYI_1ahhFkPDAMNKqR7yB0ZhFyJ2ps62dWOs_Qc0ZRZNDNS_IsdJsELIBce8yENAnTQAD1dK7l0-46zU-RaF7CQgo-MtvbeaJ9ME/s320/marinhos.jpg)
***
Os grandes grupos aliados tinham dois adversários pela frente: as grandes redes sociais e as emissoras de televisão, em decadência, mas ainda assim abocanhando a maior parte do bolo publicitário.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOSRlEGOCJK6mEVc5-N9heQsmlG-pfsDwPoGgsJbfK4fu96nO_HC6eY8-VRWH5HiHOc3mT27LNXqQBPErOcUVjR0kgQr7ghmj7PTP08VOMAB03D2GH9lDiK9uqPCUK5dT4wACIlzieTDE/s320/_50927070_50927069.jpg)
E, no campo da mídia, blogs independentes e mídia regional, com acesso a fatias ínfimas do bolo publicitário federal.
***
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSR1Famy-Q7rSDaodFUIGYrBQmYIaBLg7OkW81zC1v59nAWIHwduQXeVAHA09N5cHKedMD2zSnSGCRU6KC4XXgW6CQVhKE-rZQ4_Bvg2TNcbN2r9eouCDUk7aR3jklVhkJgzxAPlbopMM/s320/midias-digitais.jpg)
As enormes pressões feitas sobre a Secretaria de Comunicação (Secom) da presidência da República, para que não ampliasse os canais de mídia, tiveram como resultado a estratificação de todo o mercado publicitário.
Mesmo com a queda de audiência das TVs e com o avanço exponencial do uso da Internet, as verbas mantiveram-se pesadamente concentradas no meio televisão, especialmente na TV Globo – que hoje em dia controla 60% das verbas publicitárias do país.
Agora, a realidade econômica se impõe.
Jornais e revistas pulam, então, para a piscina da Internet.
Mas ela está semi-vazia, porque, devido à sua própria pressão, a publicidade tradicional não rumou para a Internet – como em todas as demais economias desenvolvidas do planeta.
Em três ou quatro anos, a queda de audiência das emissoras de tevê irá se refletir nas verbas publicitárias. Mas os demais grupos midiáticos serão irrelevantes.
Continuarão guerreando contra os velhinhos de Cuba, enquanto a Globo já terá completado a transição.
Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/economia/a-extraordinaria-competencia-da-globo/?autor=589
Leia amanhã:
- A extraordinária competência da Globo - Parte 2 - A Internet e o fim do pensamento único - do mesmo Luis Nassif (uma espécie de continuação deste)
Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.