03/05/2013 - A Internet e o fim do pensamento único
- Luis Nassif na Coluna Econômica do seu blog Online
A principal mudança trazida pela Internet no modo de produção jornalística é a interatividade – ou seja, a possibilidade do leitor-comentarista participar da construção do conhecimento.
Ontem [02/05/2013] escrevi um texto sobre a competência do Globo. No Blog, o leitor Jorge Vieira colocou comentário inteligente, completando o raciocínio.
Diz ele que faltou à Globo visão estratégica e de futuro para consolidar uma relação permanente com seu público.
São dois os pontos de crítica:
“Um monopólio de fato nessa área, perseguindo permanentemente o poder político, produz, no médio e no longo prazo, um gigante de pés de barro, cercado de ameaças por todos os lados”.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimCC-s1KtBz4HYxipQXKUQG4qpbK21S5FsBskGEJQc517xwn5PVGqdL3Ds0OR616cZHEcGIqXZp1WF3CG0_xGH3_cFRSsOqaaxXhLCDqcFG6MZYdKEM6d2pRvv999wHZGK8isCvo6bCbs/s320/m%25C3%25A1scaras06.jpg)
“De repente, por exemplo, ocorre um crime cometido por um menor de 18 anos que choca a todos e, aí, você vê por vários dias notícias veiculadas de crimes cometidos por menores de idade até a onda passar."
"Você percebe que vem uma ordem da direção: a hora é de demonizar os menores infratores”.
“A economia, como se sabe, é área da ação humana em que não se pode atingir todos os indicadores de desempenho positivos ao mesmo tempo."
"Há sempre a possibilidade de ocorrer o sacrifício de alguns para favorecer outros ou vice-versa."
"E neste jogo, eles estão sempre com a possibilidade de responsabilizar os governos pelo mau desempenho dos indicadores sacrificados”.
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![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnIHKlkGoispUL6wCDLbLetLAVu6Pq2g6DwAmpA6oDWgwEhitgTcMcd4gLEo1sjRQP1wD5gn6IPfY1lRhSCoB21D-9-Rug8pBP8filj3k-zCzEBC49YRgjDqBIfNc0eSzbw-leE0tARUk/s320/redes+noticias.jpg)
O que se passa por lá, no entanto, é problema comum aos grandes grupos de comunicação, quando se viram confrontados com a realidade da Internet.
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As redes sociais, o acesso amplo e irrestrito a um mundo de opiniões diversificadas, está produzindo um novo cidadão-leitor, o cidadão conectado.
Ele não se conforma mais com o prato feito.
Tome-se a questão dos menores.
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- opiniões que acham que a imputação penal não refreará os ímpetos do jovem criminoso;
- e os que julgam que bastam leis severas para reduzir a criminalidade.
Independentemente do mérito de cada um, o leitor conectado terá à sua disposição condimentos dos mais variados para poder montar o SEU prato, a SUA opinião.
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Ao mesmo tempo que estimula o gregarismo, a Internet abre espaço inédito para as manifestações individualizadas – de pessoas ou grupos restritos de opinião.
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É uma nova realidade que exigirá, cada vez mais, o exercício permanente da negociação, dos pactos, da mediação.
Não comporta mais o poder absoluto, nem do Estado nem dos grandes grupos midiáticos, nem dos partidos políticos, nem das religiões.
Quem permanecer na velha moldura se arriscará a vestir um paletó de madeira menor do que o figurino.
Como conservar o poder, abrindo mão do direcionamento da informação?
Essa é a esfinge que devorará o grupo de comunicação que não conseguir decifrá-la.
Fonte:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-internet-e-o-fim-do-pensamento-unico
Não deixe de ler:
- A extraordinária competência da Globo - Parte 1 - Luis Nassif
Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.