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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Os truques da edição jornalística da Globo - Parte 1/3

09/12/2013 - Alexandre Tambelli - GGN

Comentário ao post "Globonews e o professor Sami Dana, da FGV: o uso do ambiente leigo para o exercício da inveja acadêmica"

A verdade é uma só!

Nunca dê entrevista, nunca assista a Globo News e jamais acredite em nada  do que é veiculado neste canal e nem dê audiência para nada que seja vinculado às Organizações Globo.

Excetuando o caso do Sportv por uma questão de ser quem transmite eventos esportivos, como o Campeonato Brasileiro, e não temos como fugir da emissora, pela exclusividade da transmissão.
Tudo na Rede Globo é uma enorme farsa.

Vou repostar aqui meu texto: Os Truques da Edição Jornalística na Rede Globo.

Versão atualizada em 17/11/2013.

OS TRUQUES DA EDIÇÃO
JORNALÍSTICA NA REDE GLOBO
Parte 1

A seletividade da denúncia e da informação na Rede Globo sempre existiu. (Eu não assisto mais à Rede Globo - desde o final de 2009).

A grande mídia costuma informar sobre qualquer assunto segundo sua ótica (visão política ou interesses políticos) e ainda pode omitir informações, notícias relevantes, conforme o seu interesse.

As Organizações Globo representada pela TV GLOBO, Revista Época, Jornal O Globo, Portal G1, Rádio CBN, etc. faz parte da grande mídia e pode veicular matérias sobre uma notícia importante, por exemplo: o Mensalão.

Durante minutos seguidos, pode o seu telejornal, informar sobre os acusados e acusações do Processo e mostrar os detalhes do seu Julgamento pelo STF e ao mesmo tempo, pode negligenciar a informação de que existe outro Mensalão, anterior ao do PT e batizado de Mensalinho ou Mensalão do PSDB, um processo que não está tendo a mesma celeridade no STF.

A emissora veicula desde sempre notícias sobre o Mensalão aos seus telespectadores, ouvintes e leitores, trazendo informações básicas do seu surgimento, dos políticos envolvidos e das acusações.

Já sobre o Mensalinho, pouco ou nada noticia, pelo fato dos indiciados serem seus aliados políticos.

Veremos que as notícias veiculadas do Mensalão têm um viés mais de denúncias aos seus opositores do que de espaço para o equilíbrio entre a denúncia e o direito de defesa do sujeito que ela coloca como réu. Durante a enumeração dos truques de edição ficará clara esta afirmação.

Conforme a ideologia política um sujeito ou partido está mais a mercê de ser denunciado do que outro sujeito ou partido pela emissora dos “marinhos”. Mesmo que o primeiro seja honesto e o segundo seja, comprovadamente, corrupto.

É interessante, um best seller como A Privataria Tucana (livro que já vendeu mais de 120 mil exemplares - até 2012), do jornalista Amaury Ribeiro Jr, denunciando com provas robustas (vários documentos oficiais anexados) como foi uma parte do processo fraudulento das privatizações de empresas públicas no Governo FHC; e colocando até familiares do Político José Serra do PSDB (incluindo sua filha Verônica Serra) em maus-lençóis não mereceu sequer uma reportagem investigativa por parte da emissora ou de seus jornais, revistas, rádios e portal.

Nenhuma indignação, nem cobranças para a Justiça apurar se são verdadeiras as denúncias do livro. Nenhuma mudança de comportamento para com seu aliado político.

Somos diariamente levados a compreender o mundo de forma seletiva pela Rede Globo.

A informação que for do interesse das Organizações Globo divulgada será, e a que não for do seu interesse será omitida.

Muitas pessoas honestas têm suas reputações manchadas por uma simples necessidade de destruir os inimigos de suas ideias, ou para favorecer políticos que defendam seus interesses.

Além é claro de serem as Organizações Globo a porta-voz do capitalismo e das grandes potências mundiais, dos grandes grupos econômicos mundiais no Brasil.

Ela defende a ideologia do capitalismo central (o que não seria problema), se na sua defesa não se utilizasse de diferentes métodos ilegais, inclusive o da denúncia sem uma investigação precisa do que se acusa, da omissão de notícias ou da notícia apenas até a primeira página, da destruição de reputações de pessoas honestas e governos e governantes honestos, e até de posicionamentos antinacionalistas, etc. (Leiam na internet sobre a contenda Brasil X EUA sobre os subsídios americanos sobre o algodão e vejam como se posicionou as Organizações Globo).

É interessante observar um exemplo prático da destruição de reputação, o de Erenice Guerra [foto], ex-assessora da Presidenta Dilma Rousseff, para compreender o Jornalismo das Organizações Globo.

Erenice Guerra foi acusada de diferentes irregularidades em 2010, no exercício da função de Ministra da Casa Civil, após Dilma sair candidata à Presidenta.

Era na época da eleição presidencial, então a Revista Veja criou uma denúncia nem um pouco consistente de lobby e emprego de parentes no serviço público e as Organizações Globo repercutiram a notícia com toda a força, porque era uma maneira de privilegiar o candidato que a emissora simpatizava e ainda simpatiza: José Serra.

Um ano e sete meses após as denúncias, o MPF - Ministério Público Federal - arquiva o Processo contra a ex-ministra por total falta de provas! E onde está a retratação pública para com a ex-ministra Erenice, por parte das Organizações Globo?

Caso semelhante ocorreu com o ex-ministro dos Esportes Orlando Silva [foto] que foi, também, absolvido pelo MPF das denúncias que pululavam no noticiário da Rede Globo e associadas no ano retrasado.

A mola mestra das denúncias que fez com que a Presidenta Dilma trocasse Ministros nos seus meses iniciais de mandato era desestabilizar seu Governo e não uma batalha anticorrupção.

Aliás, a corrupção dos seus aliados políticos é jogada para baixo do pano! Como exemplo temos o escândalo da inspeção veicular, sabem aquele selo que fomos obrigados a colocar no carro?

Houve um grande escândalo de corrupção, na realização dessa inspeção, envolvendo políticos do Rio Grande do Norte e de São Paulo, incluindo o subchefe de gabinete da Casa Civil de José Serra, quando ele foi Governador do Estado de São Paulo, chamado João Faustino.

O subchefe de gabinete da Casa Civil de José Serra foi até preso junto com outros aliados políticos, na Operação da Polícia Federal Sinal Fechado por causa da “controlar” e foi omitida a informação da íntima ligação do preso com seu aliado político, por parte da TV Globo.

(Coloque essas duas palavras e leia mais a respeito: “escândalo controlar”; e muitos outros casos).

Viram a diferença de tratamento dado a Erenice e ao João Faustino pela Rede Globo?

Quem ouviu falar de João Faustino [foto] subchefe da casa Civil do Serra? Preso pela Polícia Federal? Se ouviu ou leu o nome dele em algum veículo de mídia das Organizações Globo, soube que era intimamente ligado a José Serra e que coordenou sua campanha para as eleições de 2010 no Nordeste?

Sobre a Erenice todo mundo ouviu falar, só que esta foi absolvida por falta de provas. Os dois trabalhavam na Casa Civil, ela no Governo Federal e o João Faustino no Estado de São Paulo.

A informação do “escândalo da controlar” tivemos com detalhes, através da internet, em blogs de Jornalistas, que não mais fazem parte desse círculo fechado, que seleciona as informações a serem noticiadas e que podemos chamar de “grande mídia” ou “velha mídia”, como queiram, da qual as Organizações Globo é a mais forte representante.

Para este processo de ora informar ou ora desinformar, de informar até a primeira página ou de omitir a informação, de acusar uma pessoa sem provas consistentes, manchando sua reputação a emissora dos “marinhos” [foto] possui diferentes técnicas (truques jornalísticos).

Acabei listando um conjunto delas, técnicas que fui observando ao longo dos anos, ao assistir seus telejornais, até o final de 2009, quando definitivamente, abandonei quase por completo, a relação com as Organizações Globo em Jornal, Revista, Rádio, TV e Internet, excetuando a área esportiva, quando da falta de outra opção em assistir um evento esportivo; pelo desrespeito dela para com a informação a mais precisa possível, sem a seletividade da informação e pela parcialidade e viés da notícia.

Métodos básicos, que sempre assisti nos seus telejornais (lembrando-me, de memória, do tempo em que assistia com meu pai, já falecido, em locais públicos, onde acabo assistindo porque está a TV ligada no canal e em vídeos, imagens e notícias postadas por críticos da emissora na internet):

1. Seleção.
Corrupção no Governo, hospitais públicos com pessoas em leitos nos corredores, obras superfaturadas, etc. existem, quase sempre, nos Governos que ela não apoia.

Os telejornais da Rede Globo selecionam os estados ou cidades das matérias.


Quanto mais perto das eleições mais evidente fica este modo de agir.

Elogios são, na maioria das vezes, para administrações do DEM, PSDB, PPS e demais opositores do Governo Federal.

Quase toda reportagem negativa está situada em um Estado ou cidade governado por quem ela não apoia ou na técnica de mostrar problemas em obras ou estabelecimentos “FEDERAIS” no Estado ou cidade oposicionista.

Por que nos federais? Porque ela é opositora às ideias do PT e oposição ao(s) seu(s) Governo(s).

Na eleição de 2010, vendo o Jornal Nacional, próximo da época do voto, observei uma reportagem, apontando problemas na separação do lixo hospitalar no Hospital São Paulo da capital paulista, ele é administrado pelo Governo federal, pois, pertence à Unifesp - Universidade Federal de São Paulo.

Fica a impressão de que a Rede Globo faz reportagens investigativas, denúncias em todos os estados e que só se encontram erros em obras e estabelecimentos do Governo Federal no Estado de São Paulo. (ver 1***)

1.1. Seleção do comentarista
Todo comentarista e especialista defende a mesma posição. A emissora tem um grupo de pessoas, que revezam nos seus microfones. Eles aparecem umas 8, 10 vezes ao ano, para dar uma disfarçada. No Jornal Nacional, de vez em quando via um Economista, homem de estatura média para alta, utilizava óculos, cabelo branco, peso normal e fala mansa. Vinha para dar respaldo a toda tese econômica da emissora.

1.2. Seleção da pergunta
Todo apresentador e repórter tem um tipo de pergunta e de atitude para com o entrevistado. Se for seu aliado, ameniza todas as críticas e faz perguntas para “encher a sua bola”. Se tiver outro pensamento político, aterroriza nas perguntas, não dá trégua ao entrevistado e busca emparedá-lo.

Em 2010. É só lembrar o tratamento dado pelo JN e seus apresentadores, nas entrevistas da campanha eleitoral.

A DILMA quase foi fuzilada pelo apresentador e o SERRA parecia íntimo da casa.

Ficou célebre a chamada que a Fátima Bernardes deu no Willian Bonner pela indelicadeza no tratamento de Bonner para com Dilma, vi na internet no dia seguinte ao ocorrido - foi quase um fuzilamento da, então, candidata, perante seus telespectadores. (ver 2***)

1.3. Seleção do momento de exposição
Alguns políticos, opositores às ideias da emissora, tem vez e voz na Rede Globo, em determinados momentos.

Se surgir uma denúncia contra o Governo Federal, um político da extrema-esquerda pode ser entrevistado, para falar mal do Governo. Não para expor suas ideias, estas não possuem espaço nos microfones da emissora.

Se for útil, em determinado momento, a exposição de um político e suas ideias, de um movimento social contrário às suas ideias, a emissora aceita sua presença diante de seus microfones, e depois, ao bel-prazer a emissora colocará o político ou o movimento social em total descrédito, como é o caso do MST, que, do nada, ficou respeitado e conhecido no Brasil todo, por uma novela e foi para as páginas policiais da emissora algum tempo depois.

Como é o caso da Marina Silva [E] e da Heloísa Helena [D], espécies de “quarentena” da emissora para atacar seus opositores, por terem saído do PT, seus adversários máximos, segundo a lógica da emissora.

Quando precisaram delas para atacar o Governo LULA foi só tirá-las da quarentena e colocar na caixa de entrada. Depois, foi só jogá-las na quarentena novamente.

Marina Silva, que teve até suas ideias políticas veiculadas, para tirar votos de Dilma Rousseff em 2010 e parece que querem traze-la para a caixa de entrada, por causa das eleições presidenciais de 2014. (ver 3***)

1.4. Seleção do entrevistado comum (Dissociação)
Este truque consiste em dissociar a matéria dos entrevistados comuns, por motivos ideológicos.

Um exemplo típico foi quando morreu o Cazuza. No enterro dele, escolheram senhoras, senhor e até criança para falar sobre a morte do Cazuza.

O interessante é que as pessoas escolhidas não pareciam em nada com o espírito contestador e rebelde do cantor e optou-se, apenas em falar da batalha pela vida, por causa da AIDS.

Eles foram escolhidos a dedo, porque falar da Rebeldia de Cazuza e de sua homossexualidade, dizendo o que realmente importava sobre o cantor e suas posições político-ideológicas, não se encaixaria nos interesses globais.

Nem na vestimenta, nem na fala, nem na intimidade, entrevistado e personagem da reportagem se pareciam. (ver 4***)

1.5. Seleção das imagens favoráveis e desfavoráveis
É comum, em período eleitoral destaca-se.

Ouviram falar do debate para Presidente entre Collor e do Lula em 1989? A emissora editou a matéria sobre o debate. Filtrou cenas favoráveis ao Collor e desfavoráveis ao Lula para exibir no Jornal Nacional, na véspera da eleição. (ver 5***)

1.6. Seleção de dados estatísticos desfavoráveis e omissão dos favoráveis
É comum na emissora, diante de informações econômicas, sociais, estatísticas do IBGE, do IPEA, da FGV, do DIEESE, etc. a escolha de índices desfavoráveis no meio de índices favoráveis para divulgar.

A emissora sempre opta por divulgar o índice desfavorável, mesmo no meio de inúmeros índices favoráveis.

Por exemplo: a inflação cai para 0,39% no mês X abaixando quase meio ponto percentual em relação ao mês anterior e com uma tendência de manter a queda nos próximos meses.

Quem acompanha, minimamente, as notícias de Economia sabe que o Governo estipula uma meta de inflação anual. Como o índice de 0,39% do mês X, mantêm a inflação anual próxima da meta, a emissora noticia assim: - apesar da queda do percentual no mês X a inflação continua próxima da meta estipulada pelo Governo.

A Rede Globo não vai citar/valorizar a tendência de queda dos próximos meses.

Ou ainda: imaginemos dois dados estatísticos associados: criação de emprego com carteira assinada no mês X foi num total de 100 mil batendo o recorde desde que se iniciou a medição no ano Y.

O ganho salarial médio do trabalhador no mês X caiu 0,1%. Advinha qual é a manchete do seu telejornal? - O ganho salarial médio do trabalhador caiu 0,1% no mês X.

1.7. Seleção ou omissão da fisionomia de um acusado / corrupto / ladrão / homicida
É uma técnica que consiste em não mostrar o rosto, o corpo, a vestimenta de um acusado ou corrupto ou ladrão, quando este possui um perfil da classe social à qual a emissora representa. Noticiasse uma ocorrência e omitisse a imagem de quem está envolvido.

Observemos que, quase sempre, os acusados ou corruptos ou ladrões que a Rede Globo mostra a imagem / fotografia / entrevista, tem estes estereótipos: não são brancos, têm rosto com espinhas, com marcas outras, barba por fazer, cabelos compridos ou carecas, são magros demais ou gordos, não possuem a aparência e o corpo saudável e não estão bem vestidos, de terno e gravata.

Branco, ascendência europeia a imagem/fotografia, certamente, será omitida e a entrevista do acusado ou corrupto ou ladrão ou homicida se edita a imagem para evitar mostrar o acusado ou corrupto ou ladrão ou homicida.

É claro que se for inimigo político da emissora este truque deixa-se de lado.

Quase sempre os acusados ou corruptos ou ladrões ou homicidas que têm imagem/fotografia revelados ou são entrevistados são de classes sociais menos abastadas, muitos são negros ou mestiços ou orientais ou latinos ou indígenas, etc.

Existe uma predileção por mostrar imagens de pessoas ligadas a pequenos delitos, roubos à mão-armada, a atos de violência física, etc. em detrimento de imagens de pessoas ligadas a crimes de colarinho branco.

O corruptor, o que promove delitos financeiros, golpes na praça se for mostrada sua imagem na tela terá o estereótipo de um perfil diferente da classe social a quem a emissora representa.

O grande corruptor ligado a bancos, empreiteiras, grandes empresas não vai ter sua imagem/foto revelada e, talvez, nem será notícia, apenas se estiver contrariando seus interesses particulares.

Pobre e negro acabam associados a ilicitudes. Branco com ascendência europeia acaba associado à correção dos atos.

Nesse processo de seleção da imagem de pessoas podemos encontrar um truque interessante.

1.7.1. Seleção de um entre diversos indivíduos
É a escolha entre um grupo de pessoas daquela pessoa que menos se parece com a classe social que a emissora representa e menos se parece com o perfil médio das pessoas que trabalham frente à tela da Rede Globo: apresentadores, jornalistas e artistas, pessoas que ditam a moda, a imagem padronizada de indivíduo que a emissora julga ser a correta para o seu telespectador buscar.

Então, se tenho, por exemplo, vários delegados presos por corrupção, para sacramentar que corrupção é uma anomalia social eu escolho o delegado mais desajeitado e fora do padrão global de tipo físico ideal para mostrar a imagem/fotografia e tentar, conseguindo ou não, uma entrevista.

Parece que o padrão do acusado / corrupto / ladrão é sempre de outra classe social, que a emissora não representa. E que os delegados corruptos, também, não pertencem.

A corrupção é dos outros.

É a criação de estereótipos uma marca registrada da emissora dos “marinhos”.

1.8. Seleção vocabular
É a seleção das palavras para tratar uma notícia a ser veiculada pela Rede Globo.

Pode-se utilizar uma linguagem menos polida ou mais polida conforme a situação prática.

Por exemplo: imaginemos que jovens saiam para protestar por Reforma Agrária e ocupem as estradas do País, eles podem ser chamados de “jovens baderneiros”.

Imaginemos agora que jovens de classe média e média alta saiam para protestar nas ruas contra a corrupção, eles serão chamados de “jovens idealistas”.

Conforme a reivindicação de trabalhadores, de empresários, conforme o apoio ou não da emissora, conforme a ideologia e o público do protesto, conforme os políticos que são cobrados no protesto a linguagem alterna entre o não polimento e o polimento da escolha vocabular. Sempre buscando levar a opinião pública a ser favorável a um lado: o lado da TV dos “marinhos”.

Outro valioso exemplo é o escândalo de corrupção envolvendo Governos do PSDB de São Paulo e as licitações do Metrô, fraudes bilionárias e que duram quase 20 anos.

Por serem denúncias contra partido aliado e aliados políticos da Rede Globo não se usa o termo corrupção no governo do PSDB, mas sim: cartel de empresas. O Governador não é corrupto e sim, vítima.

2. Omissão
Quando existe uma denúncia grave de corrupção no Governo, seu aliado, diz-se o nome do denunciado, mas se evita falar a sigla partidária; ou simplesmente, ignora-se o fato. E ainda, se acusam envolvidos, o Governante é poupado; já na corrupção dos seus opositores, o Governante opositor, tem partido e é suspeito de prevaricação.

Certo dia no Jornal local da noite, assisti no médico, uma reportagem com um Prefeito que recebia propina, onde o apresentador fez questão de falar o nome do partido do Prefeito: PMDB.

PMDB - aliado do Governo Federal; PSDB - oposição. (ver 6***)

Obras inauguradas da oposição têm partido, belas imagens, sorrisos e discurso, vide a reportagem de inauguração de trecho do Rodoanel no Jornal Nacional (ver 7***).

Quando é do Governo federal geralmente as Organizações Globo não anunciam, como foi o caso da criação do SAMU 2003, em que mostraram o LULA em uma fábrica automotiva do ABCD paulista discursando, mas não disseram o que ele tinha ido fazer lá: criar o SAMU.

Ou no caso da inauguração em SUAPE, Pernambuco, do Petroleiro Almirante Negro, um momento histórico de recuperação da Indústria Naval brasileira, que não foi motivo de reportagem para a Rede Globo.

2.1. Ocultação
Quando surge uma denúncia de corrupção contra os aliados políticos da emissora envolvendo diferentes pessoas, dá-se a notícia, mas não se informa o nome de todos os envolvidos, se omite por completo o nome do político, geralmente, o mais famoso do grupo, o que nomeou o chefe da corrupção, ou que a corrupção aconteceu em sua Secretaria / Ministério e até se omite o nome de outras pessoas.

No caso da máfia dos fiscais da Prefeitura de São Paulo descobertos numa fraude praticada contra o ISS paulistano, que pode chegar aos 500 milhões de reais, não foi citado o nome do político amigo da emissora: José Serra do PSDB (partido mais amigo da emissora), que nomeou Mauro Ricardo para ser Secretário das Finanças em 2005, da cidade de São Paulo e que ficou no cargo até o final do mandato de Kassab em 2012.

Mauro Ricardo [foto à esq] que já trabalhou com José Serra em outras administrações, atualmente foi indicado pelo Político José Serra para ser Secretário de Finanças da cidade de Salvador, cujo Prefeito eleito em 2012 é o Antonio Carlos Magalhães Neto, outro político aliado da emissora.

Interessante é notar que só depois de alguns dias, quando todo mundo está ouvindo falar da pessoa, o nome do Ex-secretário de Finanças Mauro Ricardo aparece no noticiário das Organizações Globo, claro, que preservando o nome de seu aliado Político que o indicou para o cargo.

Não se está dizendo que José Serra tenha ligação com a fraude, mas, ético seria, num Jornalismo com precisão da informação e isento dizer que a nomeação do Secretário de Finanças da cidade de São Paulo, ocupante do cargo de Secretário da pasta, onde ocorre esta enorme fraude, se deu por
intermédio de seu aliado Político.

Por que ocultar o nome de José Serra e não dizer que o ex-secretário e José Serra trabalharam juntos em outras administrações? Porque José Serra é um dos principais aliados políticos da emissora dos marinhos.

3. Edição
Escolha de imagens para ilustrar um ponto de vista da emissora. Subjetividade e propaganda subliminar. A técnica dessa emissora é apurada.

Lembro-me da eleição de 1989, onde, na véspera da eleição, colocaram a imagem do COLLOR sentado em uma poltrona de couro, dentro de uma biblioteca, lendo um livro; e colocaram a imagem do LULA jogando bola na rua com o filho.

Mais editado impossível, aquele era homem culto, preparado, este, um ignorante, que ocupa seu tempo livre jogando bola e pouco preocupado com o cargo que pleiteava de Presidente da República. (ver 8***)

Na última eleição presidencial, calhou de estar na padaria comendo pizza, bem na hora do JN. E era uns três dias antes da eleição. Outra edição.

Aparecia a DILMA toda suada em cima de uma caminhonete, de baixo de um sol enorme - parecia uma pessoa desesperada a caça de votos; enquanto isso o SERRA aparecia numa moderna sala de reuniões, discutindo "questões importantes" com uma bela assessora, se não falha a memória, sobre o escândalo da licitação combinada do metrô da cidade de São Paulo.

Moral da história, idêntica a de COLLOR e de LULA - o SERRA com a imagem de quem decide as coisas, um homem preparado, sábio e sanando questões de corrupção; a DILMA, em desespero, buscando um último suspiro para ganhar alguns votos, uma candidata derrotada.

Vídeos demonstrativos:

1*** http://www.youtube.com/watch?v=cGSaPQH63aw

Nesta matéria existem diferente cidades citadas. Ênfase para duas, maiores. Aracaju - SE, administrada pelo PCdoB até 2012. E São Paulo, onde foram checados 5 hospitais e 1 deles o da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) encontrou-se problemas. O detalhe é para a ênfase de que o hospital é da Unifesp. Moral: termina a reportagem com a valorização da reportagem / denúncia, onde a Prefeitura de Aracaju diz que irá tomar providências.

(Na matéria condensada do Jornal Nacional a ênfase era para o Hospital São Paulo).

2*** Seleção das perguntas para SERRA e para DILMA. Tentei encontrar a entrevista mais radical, onde a Fátima Bernardes teve de intervir. Pena não ter encontrado.

3*** Heloisa Helena, no Jornal Nacional. Seria legal fazer uma retrospectiva das aparições de Heloísa Helena nos Jornais da Rede Globo e ver a quantidade de vezes que ela foi entrevistada, apenas para falar mal do PT e/ou de seus políticos.

4*** É possível fazer uma cobertura da morte do Cazuza sem entrevistar um “fã de carteirinha”? Veja como é possível, no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=mgrUhK-exGc&feature=relmfu

5*** Debate entre Collor X Lula. (Não encontrei o vídeo) A edição do Jornal Nacional é um clássico do Jornalismo parcial da emissora.

6*** Vídeos: um com omissão e outro com citação do partido político. Seria legal observar no dia a dia este detalhe. Será fácil subsidiar a técnica que apontei.

7*** Aqui aparece o SERRA discursando para a plateia. Diz-se que a obra foi inaugurada sem estar totalmente pronta, mas termina a reportagem com um motorista de carro que diz que tem que inaugurar logo o Rodoanel, para diminuir o trânsito de caminhões na cidade.

Moral: Mesmo não estando, totalmente pronta, a Rede Globo tenta incutir a ideia de que era vantajoso entregar a obra inconclusa.

http://www.youtube.com/watch?v=hU07YA5lInM

Se fosse um político opositor às suas ideias, certamente, a reportagem seria sobre os perigos de se entregar uma obra viária inconclusa, onde carros com pessoas trafegam.

8*** Edição JN 1989 - Lula e Collor e 2010 Dilma e Serra. Pena não encontrar o vídeo. Mais ilustrativo impossível.


Amanhã publicaremos a 2a. Parte

Fonte:
http://jornalggn.com.br/noticia/os-truques-da-edicao-jornalistica-da-globo?page=1

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Blogueiros e ativistas na Polícia Federal

14/12/2013 - Blogueiros e ativistas entregarão carta à PF pedindo inquérito sobre sonegação da Globo
- Miguel do Rosário em seu blog O Cafezinho

Blogueiros, ativistas sociais e os coordenadores do núcleo fluminense do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé entregarão, nesta segunda-feira [16], às 12:00, na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro, uma carta cívica pedindo, respeitosa e democraticamente, à Polícia Federal, que instaure um inquérito policial para investigar a sonegação da Rede Globo e o misterioso sumiço dos documentos que tratavam do processo.

***

A carta: Blogueiros pedem a PF que investigue a Globo

Às autoridades competentes da Polícia Federal:

Chegou ao conhecimento da sociedade civil que a denúncia contra a sonegação da Globo, e contra o sumiço dos documentos da Receita que tratavam deste caso, protocolada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé – RJ junto ao Ministério Público Federal, se transformou no Ofício 13344/2013, encaminhado há alguns meses à Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro, onde se encontra agora.

Viemos, então, respeitosamente, lembrar os senhores que este é um caso emblemático, porque atinge uma empresa que ganha bilhões de reais por ano através de uma concessão pública, além de receber outros bilhões de reais de todas as instâncias do Estado brasileiro.

Lembramos também que os massivos protestos que observamos em todo país tiveram como ponto comum a insatisfação social com seus meios de comunicação, em particular com a Globo, por causa de seu triste histórico de apoio ao golpe de 64 e sustentáculo do regime militar.

Por ser uma questão tão emblemática para esse momento da nossa democracia, gostaríamos de afastar qualquer suspeita de que a Polícia Federal deixará de investigar crimes tão graves contra o interesse público por receio de desagradar ricos e poderosos.

A sonegação de impostos, segundo estimativa recente do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda (Sinprofaz), implicará este ano em perdas de mais de R$ 413 bilhões aos cofres públicos.

Para efeito de comparação, a corrupção desvia entre R$ 50 e 80 bilhões por ano no país. A sonegação, portanto, é um problema ainda mais grave do que a corrupção, e por isso achamos que o caso de sonegação da Globo deve ser investigado com absoluto rigor, porque tem uma função didática.

Os grandes sonegadores deixarão de se sentir impunes ao ver que a empresa mais poderosa do país, a Rede Globo, está sendo punida por ter cometido um fraude fiscal nas Ilhas Virgens Britânicas.

Sem mais, agradecemos vossa atenção e lhes desejamos um Feliz Natal e um Ano Novo com muitas novidades boas para o cidadão brasileiro!

Assinado: Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé – RJ.

****


A Superintendência da PF no Rio fica na avenida Rodrigues Alves, 01, Praça Mauá. Todos estão convidados a participar deste ato cívico,  entregar a carta à PF.

Em tempo: Foi criado um evento no Facebook, onde se pode marcar presença.

- See more at: http://www.ocafezinho.com/2013/12/14/blogueiros-entregarao-carta-a-pf-pedindo-inquerito-sobre-sonegacao-da-globo/#sthash.0YkGBFYF.WDdeIcj7.dpuf

Fonte:
http://www.ocafezinho.com/2013/12/14/blogueiros-entregarao-carta-a-pf-pedindo-inquerito-sobre-sonegacao-da-globo/

****************************
Chamada pelas redes sociais, link no evento:
https://www.facebook.com/events/673518602700597/673530882699369/?notif_t=plan_mall_activity

Alem deste, alguns outros blogs que também já repercutiram essa convocação:
http://tijolaco.com.br/blog/?p=11432

http://www.ocafezinho.com/2013/12/13/sonegacao-da-globo-ja-esta-na-policia-federal/

http://correiodobrasil.com.br/noticias/politica/rede-globo-e-citada-em-documento-na-policia-federal-por-sonegar-impostos/670300/

http://www.conversaafiada.com.br/economia/2013/12/13/bomba-sonegacao-da-globo-ja-esta-na-policia-federal/

http://www.viomundo.com.br/denuncias/miguel-do-rosario-sonegacao-da-globo-ja-esta-na-policia-federal.html

http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/123992/Cafezinho-sonega%C3%A7%C3%A3o-da-Globo-j%C3%A1-est%C3%A1-na-PF.htm

http://nogueirajr.blogspot.com.br/2013/12/bomba-sonegacao-da-globo-ja-esta-na.html

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Sobrevivência e terrorismo: a sina da oposição

05/12/2013 - A sina da oposição: sobrevivência e terrorismo
- Jeferson Miola (*) - de Porto Alegre - Correio do Brasil

Depois da incandescência das ruas em junho, análises apressadas pintavam um cenário de terra arrasada para a Dilma.

Foi incrível a seletividade de determinados analistas, que alardeavam o pior dos mundos para a Presidenta, mas omitiam que a insatisfação era generalizada e difusa, e abarcava todo o sistema político, a política, os governos e os políticos.

Passado o rescaldo daqueles acontecimentos, sucessivas pesquisas de opinião indicam um ambiente de melhora do desempenho eleitoral de Dilma.

Em todas as simulações – de todos os institutos de pesquisa -, a Presidenta ostenta considerável chance de reeleição, inclusive no primeiro turno.

A oposição, entretanto, segue colecionando dificuldades.

Para ela, o cenário mais alentador é, curiosamente, aquele no qual figuram as “candidaturas-sombras” de Marina Silva e José Serra.

Os até agora “candidatos titulares” Eduardo Campos e Aécio Neves [acima] peleiam com seus fantasmas para manterem suas candidaturas, podendo chegar em 2014 menores do que são hoje.

A potencial reeleição de Dilma, que culminaria um ciclo de 16 anos de governos dirigidos pelo PT, levará o reacionarismo capitaneado pelo PSDB, PPS e DEM ao ocaso.

Com sua visão de um país arcaico, excludente e colonizado, aqueles partidos perdem a capacidade de interpretação e de aderência ao Brasil contemporâneo.

A profecia deles, do “fim da raça”, [1] finalmente terá se realizado; porém, com as setas invertidas – em desfavor deles mesmos.

Nesse contexto, a candidatura do Aécio é tão sólida quanto a chance de se converter em pó.

O PSDB, pela primeira vez na trajetória do partido, enfrenta a perspectiva real de uma derrota acachapante no próximo ano.

Para os tucanos [mas também para seus satélites PPS e DEM], a eleição de 2014 terá como prioridade a sobrevivência partidária e a preservação dos espaços de poder ameaçados de mudar de guarda.

Não se pode descartar, por isso, a hipótese da candidatura presidencial de José Serra em lugar da de Aécio.

Alckmin e Aécio teriam, assim, a função de proteger a joia da coroa do PSDB: os governos de SP e MG.

Aliás, uma tarefa difícil, para quem terá de se explicar sobre escândalos escabrosos: cartel do metrô e o genuíno mensalão.

Adicionalmente, outros dois espectros rondam as eleições.

O primeiro, de nome Joaquim Barbosa.

Sua candidatura, se confirmada, materializaria eleitoralmente o bloco de poder conformado pela mídia conservadora e setores reacionários do Judiciário.

É esse bloco que, na realidade, agenda e articula o combate ideológico ao PT e ao governo Dilma, substituindo os partidos da direita, que estão aos frangalhos e minguando sua audiência na sociedade.

Não existe espaço no Brasil contemporâneo para uma nova farsa do gênero “caçador de marajás”.

A Rede Globo não conseguirá converter Joaquim Barbosa em um santo; aliás, um Ministro adepto de manobras fiscais para investir em Miami.

O império da família Marinho não conseguirá construir essa nova mitificação da política brasileira, como fez com Fernando Collor em 1989 para derrotar Lula.

A opção Joaquim será calculada não pela aspiração de vitória com ele, mas como variável para levar a eleição para o segundo turno.

O contexto proclive para a ocorrência de segundo turno é aquele que apresenta na cédula eleitoral os nomes de Dilma, Serra, Marina e Joaquim.

O justiceiro, jacobino, vingativo, exemplar e inexpugnável Barbosa seria um veículo para se tentar barrar a reeleição direta de Dilma.

O outro espectro que ronda a próxima eleição de 2014 atende pelo nome de Lula.

Com considerável insistência é cogitada a candidatura dele em lugar da de Dilma; insinuação que se propaga na base de apoio do governo, nos meios empresariais, no sistema financeiro e junto a setores militantes.

Os pretextos são uníssonos, tanto dentro como fora do PT: a heterodoxia econômica e o estilo da Presidenta.

Embora o próprio Lula rechace, essa insinuação paira no ar como uma bruma, fomentada na mídia pelas manjadas “fontes próximas ao ex-Presidente”.

É problemático esse procedimento, porque involuntariamente [ou deliberadamente?] expõe Dilma a tensões conservadoras [e inclusive regressivas] na definição do programa e no perfil do eventual segundo governo.

Porém, ao mesmo tempo, não deixa de ser cômodo para o governo – e terrível para a oposição – saber que pode contar com um suplente eleitoralmente insuperável, caso a conjuntura econômica e política degringole.

Hoy por hoy – como se diz em castelhano -, a perspectiva é desalentadora para a oposição conservadora, que vive o dilema de tentar sobreviver enfrentando uma tendência de derrota e de definhamento de sua representação política.

A realidade para a direita é tão mais dramática quanto mais evidente é a obsolescência programática e a incapacidade de oferecer uma visão generosa de futuro para um país que, não sem importantes limites e contradições, finalmente passou a ingressar na modernidade.

Devemos nos preparar para uma conjuntura complicada até as eleições de 2014.

A oposição não se dará por vencida, e poderá promover um terrorismo político, econômico, moral e midiático jamais visto na política brasileira.

Não se pode menosprezar a capacidade de sabotagem, de difusão de ódio e a vilania deles nessa luta derradeira de sobrevivência.

Eles querem sequestrar o Brasil dos brasileiros.

(*) Jeferson Miola, integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

Fonte:
http://correiodobrasil.com.br/noticias/opiniao/a-sina-da-oposicao-sobrevivencia-e-terrorismo/667678/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20131206

[1] Proferido por Jorge Bornhausen, do DEM

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Por que, só agora?

25/11/2013 - Por que a Folha só ouviu o ‘guru do STF’ agora?
- Paulo Nogueira (*) - Diário do Centro do Mundo

José Joaquim Gomes Canotilho, ele teve que vir ao Brasil para ser ouvido

Outro dia perguntei se os brasileiros iam esperar que Genoíno [foto abaixo com a filha] morresse para se mexer.

Foi a mesma sensação que tive agora, e não só agora, para dizer a verdade, ao ver a entrevista que a Folha deu com o jurista português José Joaquim Gomes Canotilho.

O jornal o declara “guru” dos juízes do Supremo, tantas vezes Canotilho foi citado, em julgamentos diversos, por eles.

Canotilho criticou basicamente todo o processo do Mensalão: a ausência de um segundo fórum de julgamento, a onipresença de Joaquim Barbosa em todas as etapas do caso e os poderes extraordinários do Supremo, não encontrados, segundo ele, em nenhuma corte europeia.

A reação imediata banal que vem é: que processo cheio de falhas, deus do céu.

Mas a pergunta mais útil é: por que aquele tipo de colocação – que joga luz nas sombras, uma das atividades mais nobres do jornalismo – não veio na hora certa, em meio ao julgamento?

Injustiças poderiam ser evitadas. Absurdos poderiam ser corrigidos.

No caso da Folha, especificamente: por que ela não ouviu Canotilho antes?

E aí chegamos ao lastimável papel da mídia brasileira no julgamento.

A Folha não ouviu no momento devido o “guru” dos ministros por duas razões.

Primeiro, porque ele não estava no Brasil, e a mídia brasileira sofre de um provincianismo pavoroso.

Canotilho teve que vir ao Brasil – está lançando um livro – para que a Folha o ouvisse sobre um tema de extraordinária importância.

Segundo, porque não convinha colocar no debate uma voz dissonante – nem à Folha e muito menos às coirmãs Veja e Globo.

Tente, agora que Canotilho virou notícia no Brasil, encontrar alguma coisa dele na Veja, por exemplo.

O mesmo sentimento de atraso já me assaltara quando vi o jurista Ives Gandra Martins dizer que Dirceu estava sendo condenado sem provas.

Ora, por que ele não disse aquilo antes que a sentença fosse proferida?

Bandeira de Mello, outro jurista consagrado, também ganhou um destaque tardio quando sugeriu, dias atrás, que o PT processasse Joaquim Barbosa, a quem chamou de mau.

Depoimentos como o de Canotilho, Gandra e Bandeira de Mello teriam ajudado os brasileiros a entender melhor o julgamento do Mensalão e a evitar excessos que são a injustiça mascarada de justiça.

Por que só agora depoimentos tão relevantes vieram para o debate? Como réus que possam ter sido condenados iniquamente vão ser indenizados, caso – como suspeito – fiquem claro, com o correr dos dias, os erros do Supremo?

A posteridade há de colocar Joaquim Barbosa no devido lugar.

Aliás, espero que o julgamento de Barbosa perante os brasileiros não seja feito apenas pelos pósteros – mas pelo presente.

Mas o banco dos réus, nesse episódio, não será ocupado apenas por JB e quase todos os seus colegas de STF.

Também a mídia – notadamente a Veja e a Globo – estará sentada no mesmo banco.

(*) O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Fonte:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-a-folha-so-ouviu-o-guru-do-stf-agora/