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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Rio tem ato unificado dia 1º contra privatização do Maracanã



De olho nos megaeventos, o governo do estado do Rio de Janeiro, em parceria com a prefeitura da capital, optou pela demolição de quatro importantes equipamentos públicos: a Aldeia Maracanã – que abriga o antigo Museu do Índio, o parque aquático Júlio Delamare, o ginásio de atletismo Célio de Barros e a escola municipal Friedenreich.

O estádio Mário Filho, famoso Maracanã, foi o primeiro equipamento a entrar em obras para adaptar-se às exigências da FIFA e sediar a Copa do Mundo de futebol de 2014. O concessionário será decidido em dezembro e terá validade de 35 anos, a partir da assinatura do contrato, previsto para o início de 2013.

Novo Mário Filho: sem escola, estádio de atletismo nem parque aquático 


Projeto propõe tombamento do Museu do Índio

Convicto de que esses equipamentos não podem ser demolidos, ainda mais sem justificativas plausíveis, lideranças políticas reagem. O vereador Reimont Otoni (PT) é co-autor de um projeto em tramitação na Câmara que tomba o Museu do Índio, garantindo não só a permanência de um prédio com valor histórico indiscutível como a preservação de moradia de inúmeros cidadãos indígenas, que ficarão sem lar, caso a demolição seja concretizada.

– O prefeito normalmente não acata a legislação e veta o tombamento, mas a gente tem conseguido, por mobilização social, derrubar o veto do prefeito e promulgar a lei pela Câmara – conta Reimont.

A sociedade não tem se calado. Um dos exemplos de mobilização popular foi a plenária organizada pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas quinta, dia 22.

Todo o complexo desportivo, tombado desde 2002, foi destombado pelo prefeito Eduardo Paes através de um decreto publicado em Diário Oficial, dia 22 de outubro de 2012, sob a justificativa de abrir espaço para construir estacionamento, bares e lojas. Os novos centros de treinamento de atletismo e esportes aquáticos serão construídos, até 2014, em um terreno do Exército, ao lado da Quinta da Boa Vista.  As medidas, que afetam diretamente a vida cotidiana dos moradores do Rio, geraram indignação, principalmente pelo pouco diálogo entre sociedade e poder público.

- A primeira maquete continha o Célio de Barros e o Júlio Delamare. Agora, sumiram.  Como se destomba um patrimônio histórico-cultural? Não houve diálogo com a sociedade. É um absurdo o espaço público ser demolido para fazer estacionamento, quando nós sabemos que o Comitê Olímpico Internacional e a Fifa recomendam que não haja aglomeração de veículos no entorno do estádio. – afirma Nelson Rocha dos Santos, treinador de atletismo no Célio de Barros.

Nelson, que foi finalista dos 100m rasos nas Olimpíadas de Moscou, em 1980, atua no ginásio Célio de Barros desde 1969. Hoje, é um dos treinadores de atletismo em um projeto social que atende cerca de 250 jovens de comunidades carentes. Para ele, a demolição não só prejudica quem usufrui hoje do espaço, como destrói a memória cultural da cidade.

- Quando você faz a demolição de um patrimônio desses, apaga a história desportiva daquela cidade, do estado e até mesmo do país, porque ali passaram atletas de várias gerações. Em contrapartida, cerceia o sonho dos meninos e meninas atendidos pelo projeto – diz.

Pais defendem permanência da escola Friedenreich 

Referência na rede municipal, a escola Friedenreich atende a mais de 300 crianças e será removida para o bairro de São Cristóvão. Apesar da contrariedade dos pais e professores, o colégio está em contagem regressiva.  Segundo Carlos Sandes, da Comissão de Pais, os alunos dividem espaço com tratores, material de obra e caminhões.

- A gente fica impotente diante de tamanho absurdo. Psicologicamente os pais já estão apavorados. Pode acontecer um acidente com alguma criança. Eles (o governo estadual) estão passando por cima de todos os direitos – alerta Carlos.

Na contramão do poder público, várias frentes se reúnem, agindo de forma solidária, para que a cidade e a democracia vençam. No parlamento, o vereador Reimont aguarda o melhor momento para colocar o projeto de tombamento na pauta de votação e ressalta a importância da participação popular durante o processo.

- A proposta é desconstruir os centros esportivos, com toda sua história, para construir estádios com os mesmos objetivos do outro lado da pista. Não faz sentido. É preciso que a sociedade preencha aquelas galerias, se faça presente na Câmara para mostrar aos outros vereadores que ela deseja outro caminho, que votem a favor do interesse da sociedade e não do poder econômico, comercial.
Com informações dos portais do Mandato Reimont e do Comitê Popular Rio

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Os mortos bons e os maus

18/09/2012  - Leituras do MEIA HORA - Por Sylvia Debossan Moretzsohn (*)
- edição 712 do Observatório da Imprensa

Desculpe, leitor. Hoje não tem piada”, estampou o Meia Hora em manchete na terça-feira (11/9) sobre a foto aberta com os corpos dos seis jovens assassinados a caminho de uma cachoeira na Chatuba, na Baixada Fluminense.

Eram rapazes entre 16 e 19 anos que só queriam se divertir e foram torturados e mortos, aparentemente porque penetraram numa área dominada por traficantes.

As notícias sobre o tráfico local são vagas. Não se sabe – nós, da Zona Sul, nunca sabemos muito bem o que se passa na periferia – se não havia tráfico antes ou se havia e se intensificou com a fuga de traficantes de morros cariocas após a chamada “pacificação” de algumas áreas especialmente conflagradas no Rio de Janeiro. Mas o que importa não é isso.

Importa o gesto de pedido de desculpas, porque resume a atitude do jornal – e a indicação que dá a seus leitores – em relação ao tema geral da violência urbana: há mortos bons, que devem ser pranteados, e mortos maus, que devem ser execrados, ou – de acordo com a linguagem desse mesmo jornal – escrachados para virarem motivo de piada.

Estímulo ao extermínio
Jornais populares não costumam ser objeto de crítica de mídia, mas isto é um equívoco porque a formação de opinião não ocorre apenas no âmbito dos jornais de referência ou dos variados espaços qualificados disponíveis hoje na internet. Jornais populares desempenham historicamente esse papel de formação de opinião entre o público de baixa escolaridade e renda, especialmente a partir de seu noticiário sobre crime, reiterando estereótipos que ajudam a consolidar a crença na separação entre os bons e os maus e, por consequência, a apoiar políticas de segurança de extermínio dos criminosos. Políticas que, frequentemente, vitimam esse mesmo público, porque, afinal, estão voltadas para a repressão aos suspeitos de sempre, desde os tempos da escravidão.

Que outro sentido, a não ser o estímulo ao extermínio, teria a manchete Goleada da polícia: 11 bandidos são mortos em 5 favelas”, de 6/4/2006, ainda mais com a referência, logo abaixo, ao (outrora) “Mengão matador”, evidente intercâmbio semântico entre matança de pessoas e o êxito num jogo de futebol?

Ou, em pleno período de epidemia de dengue, a famosa capa Bopecida, o inseticida da polícia”, “terrível contra os marginais (17/4/2008), na qual o coronel da PM afirma que os marginais são os mosquitos do mal” e “o policial é um saneador? (Isso, apesar do erro elementar na origem do “gracejo”, porque, se inseticidas matam insetos, um Bopecida eliminaria os próprios policiais...).

Ou, na mesma linha, “Bope faz aniversário e apaga quatro” (20/1/2012), com a imagem de quatro velas correspondentes aos traficantes mortos, e balões de festa pretos com a marca da caveira trespassada por dois revólveres e um punhal?

Ou, ainda, “Polícia distribui azeitonas e ladrões de restaurante viram presunto”  (14/8/2012), óbvio jogo de palavras para tratar da repressão a um assalto a um restaurante na Tijuca?

Não que os jornais de referência, fabricados nas mesmas empresas, tratem de modo não maniqueísta o noticiário policial. Mas o fazem de maneira mais sutil, pois se dirigem a outro tipo de público. E jamais tripudiariam de vítimas como o dono de uma empresa de cereais assassinado e esquartejado pela mulher, que no Meia Hora de 7/6/2012 foi destacada em foto com a manchete “Essa aí não pipoca” e o subtítulo “Viúva encara a polícia de frente, confessa que estourou com dono da Yoki e botou o corpo em saquinhos”.

Exploração do grotesco
O Meia Hora nasceu como um fenômeno editorial: lançado em setembro de 2005, já no ano seguinte aparecia em nono lugar na listagem do Instituto Verificador de Circulação (IVC), com quase 130 mil exemplares diários, e foi subindo até 2008, com 231 mil, para então decair e retornar praticamente aos números iniciais: são pouco menos que 137 mil em 2011 e o primeiro trimestre de 2012 aponta uma queda relativa de quase 10% da circulação. Ainda assim, é o terceiro maior diário do Rio de Janeiro, atrás apenas do Extra e de O Globo, voltados a outras parcelas de público. Em 2011, estava em décimo lugar no ranking nacional.

Acompanhando a tendência para o setor, o Meia Hora se afastou do estilo “espreme que sai sangue” típico da tradição dos jornais populares e adotou a exploração do grotesco, o que lhe garantiu reiterados elogios por parte de uma certa intelectualidade entusiasmada com a criatividade dos responsáveis pelas capas, que é o que atrai a atenção e garante a vendagem entre o público popular (nos dias de semana, o jornal custa R$ 0,70).

Pausa para pensar
Enquanto o grotesco se aplica a cenas bizarras da vida cotidiana ou a celebridades do mundo do futebol ou da televisão – aquilo que normalmente se encaixaria na definição de fait-divers –, não haveria muito a discutir além do gosto duvidoso das manchetes e as implicações sobre a exposição das pessoas ao ridículo, embora, no caso das celebridades, esse tipo de situação faça parte do jogo. Além do mais, não haveria grotesco sem o escárnio ou o duplo sentido.

Mas tudo muda de figura quando se trata da eliminação de seres humanos, quaisquer que sejam os motivos para isso.

As desculpas na capa daquela terça-feira são dessas surpresas que podem conduzir a uma pausa para pensar.

A rigor, deveriam se estender a todas as inúmeras edições em que a morte virou motivo de galhofa.

Se pelo menos servirem para levar à reflexão aqueles que sempre elogiaram a “criatividade” do jornal, já terão valido a pena.


(*) Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora de "Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)

Fonte:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed712_os_mortos_bons_e_os_maus

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Um apelo a Eduardo Paes


09/05/2012 – Por favor, pare com isto Senhor Prefeito!
por Antonio Fernando Araujo


Não porque o Rio de Janeiro seja muito maior do que um condomínio da Barra da Tijuca, onde reina a ordem pasteurizada que floresce quando os cidadãos trocam o livre pulsar da vida comunitária, que implica em produzir arte, cultura, educação e lazer coletivos, por um sentimento de silêncios e disciplina espartanos que julgam indispensáveis para que seus espaços, cercados por muros e cercas eletrificadas e controlados por entidades privadas, lhes garantam uma segurança de fantasia.

Esquecem-se que a maior segurança da qual podem dispor é aquela facilmente encontrável nas praças cheias, nas ruas povoadas de transeuntes.


Foi assim que, ao lado de Suelyemma, que coordenou os debates, o diretor de teatro e produtor cultural Amir Haddad abriu sua fala neste 07/05, diante de um público de cerca de 80 pessoas entre artistas, técnicos, jornalistas, produtores e animadores culturais, acomodadas no salão da sede do grupo "Tá na Rua", um casarão no Largo da Lapa, diante dos Arcos. 


Debateram os rumos da luta contra o veto integral do prefeito Eduardo Paes (PMDB), ao Projeto de Lei 931/2011, que dispõe sobre a apresentação de Artistas de Rua nos logradouros públicos da cidade. 
Alessandro Molon
 

Comandou os trabalhos ladeado pelo deputado federal Alessandro Molon (PT) que em seu discurso defendeu o Projeto como forma de enfrentar a absurda perseguição sofrida pelos artistas de rua, decorrente da política de Choque de Ordem da atual gestão da Prefeitura do Rio, afirmando que “não podemos tolerar a ideia de que a cultura provoca desordem. Só é possível construir o mundo que sonhamos se garantirmos acesso à cultura e a arte de rua é um meio democrático de se produzir cultura para todos”, e do vereador Reimont Otoni (PT), autor do projeto, que iniciou explicando que as manifestações culturais em áreas públicas não precisam de prévia autorização dos órgãos públicos municipais para acontecer, contundente em favor dessa nova etapa da luta, e não tardou a insistir para que voltássemos a debater sobre a realidade política e sociocultural de um Rio, que depois de 27/04 passado, dia do veto, ameaça tornar-se ainda mais carente das iniciativas culturais de cunho eminentemente popular.

E foi daquela plateia, onde pontilhavam moradores de outros municípios da Região Metropolitana do Rio, que veio a informação: prefeitos, vereadores, artistas e produtores culturais, como os de Nova Iguaçu, São Gonçalo e outros já se articulam para produzir leis semelhantes.
Reimont Otoni

E antes de constatarmos que a maioria dos municípios em volta da capital saiu na frente nesse quesito e as aprovaram, deixando para o Rio apenas um vácuo cultural de praças vazias e ruas desertas, sem bancos e nem sequer árvores, como no Largo da Lapa, um Rio oco e medonho, confinado nos Teatros Halls que não levam mais nome de artistas, mas de Bancos ou de telefônicas, cujo carnaval é de uma cervejaria, um Rio sem vida para ser exibido ao resto do Brasil e quiçá, ao mundo, como um espaço onde outrora as pessoas viviam neles, agora transformados em refúgios onde vivem deles, queremos que repercuta pela cidade o brado "dos que trazem dentro de si o sonho da Utopia, dos artistas que, a despeito de suas eventuais contradições, lutam para que permaneça intacta a natureza pública da arte... e sofrem":

- Por favor, pare com isto, senhor Prefeito!

O que fazer agora diante desse quadro em que nosso gestor municipal, aparentemente, tenta criminalizar um tipo de "arte que é produzida e encenada para todos, sem distinção de classes e nenhuma outra forma de discriminação e que por isso, deve ocupar todo e qualquer espaço - como o faziam os saltimbancos, como reza nossa Constituição e prescreve a Lei Orgânica do nosso município -, com a nítida intenção social de organizar o mundo a sua volta, resistindo, para isso, aos modelos ditos, capitalistas de produção - onde tudo está à venda e tudo tem seu preço?", pergunta Haddad.
 
Amir Haddad

"O que pensam agora os artistas que exercitam um fazer artístico considerado o mais pobre, mais incipiente e o menos 'artístico' das atividades culturais, pois é visto e julgado pelos olhos das artes privadas e seu conjunto de conquistas?" E não foi outra a resposta daquela plateia:

- Por favor, pare com isto, senhor Prefeito!
Pareciam dizer que, ainda que possa parecer ingênuo e delirante, senhor prefeito, ajude a nós e, principalmente, a Câmara Municipal a derrubar esse veto, certamente produzido em um instante em que nada do que defendemos foi levado em conta.



O quanto esse "projeto de lei traz em si o reconhecimento de que existe um sentimento público de produção artística, que é anterior ao conceito de arte privada como a conhecemos hoje". Entretanto, senhor prefeito, o que queremos ver renascido, esse algo muito antigo, é o conceito de “Arte Pública” das feiras medievais, aquilo que passa longe da ideia de que "tudo que é dado também pode e deve ser vendido".


"Não queremos que, o que antes eram sentimentos destinados ao usufruto do mundo, passem a ser absolutamente privatizados e de interesse restrito, dependendo da fatia do mercado que queiramos atingir. É a arte pública se realizando no contato direto do artista ou de sua obra com a população, do artista livre e não submetido ao controle público, quando este se põe a serviço do mercado."


E isso só veremos nas praças, nos espaços abertos do mundo inteiro.

Arte, artistas e suas obras, defendidos dessa forma e com veemência pelo mesmo Haddad ao deixar evidente que, existe sim e circunstancialmente, uma Arte Pública em convívio com uma Arte Privada, mas em oposição a ela.

E é a partir dessa constatação que a proposta do “Tá na Rua” assume ares de vanguarda, apontando para a necessidade do Rio de Janeiro sair na frente, visando a construção de um futuro que resgate aquele passado, neste momento em que o presente se mostra sem esperança, aquela mesma que tanto queremos ver renascer.


"O futuro acontecendo no presente", como diziam os gregos antigos e a utopia se renovando e em construção permanente, insiste Haddad.

- Avance conosco, senhor Prefeito!

Queremos estar ao seu lado nessa empreitada e ainda há uma longa jornada pela frente. Utópica e delirante para nós, ousada e desafiante para o senhor, por um Rio de Janeiro que, como finalizou Haddad, não tarde em "restabelecer o conceito de Arte Pública e a enxergar o Teatro de Rua como uma de suas formas mais instigantes, devolvendo a esta forma de expressão artística e social sua condição de cisne reinante nas águas da vida pública.


E será assim, sempre que for comparado com a manifestação das artes privadas." Sem meios-tons, é o que queremos do senhor, embora saibamos "que o Teatro de Rua permanecerá maltratado por todos, por ter os pés feios, como o cisne que se confundia com os patos."


*************************

PS: este apelo está direcionado a Eduardo Paes. Sabemos entretanto que, em última instância, quem decidirá o rumo do Projeto de Lei 931/2011, são os senhores vereadores. Conforme proposto e acordado nesse encontro da Lapa, é preciso fazer chegar a eles nossas mensagens de luta bem como da nossa confiança de que saberão manter a aprovação que já deram à transformação dele numa lei municipal. Eduardo Paes não pode “desvetar”, mas pode, isso sim, “deixá-los à vontade” para votar como quiserem, sem o risco de arranhões na parceria política que mantém. E isso é legítimo. Seja por uma ou outra razão seguem abaixo os emails, endereços e telefones dos vereadores do Rio que podem tomar a iniciativa de negociar com o prefeito, a derrubada que almejamos. Caso queira, faça chegar a eles o link deste texto, num esforço de, sensibilizando-os, consigamos que o veto de Eduardo Paes seja derrubado sem “traumas políticas”.


Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Vereador   -   Partido   -   Ramais   -   E-mail   -   Sala   -   Fax

- Adilson Pires - PT - 3814-2026 a 2029 - adilsonpires@camara.rj.gov.br - Anexo 503;
- Alexandre Cerruti – DEM - 3814-2086/2087/2925/2365 - cerruti@camara.rj.gov.br - Anexo 1006 - 3814-2161;
- Aloisio Freitas - PSD3 - 814-2022 a 2025 - afreitas@camara.rj.gov.br - Anexo 403 - 2262-0381;
- Andrea Gouvêa Vieira – PSDB - 3814-2102 a 2105 - andrea.vieira@camara.rj.gov.br e falecomigo@andreagouveavieira.com.br - Anexo 1002 - 2262-5836;
- Argemiro Pimentel – PMDB - 3814-2448/2184 - argemiropimentel@camara.rj.gov.br - Anexo 602;
- Bencardino – PTC - 3814-2618 /2619 /2154 /2155 - bencardino@camara.rj.gov.br - Anexo 703;
- Carlinhos Mecânico – PSD - 3814-2222/2200/2230 - carlinhosmecanico@camara.rj.gov.br - Anexo 301 - 2220-0448;
- Carlo Caiado – DEM - 3814-2081 a 2083/2513/2514 - caiado@carlocaiado.com.br - Anexo 1003 - 2210-9068;
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- Carminha Jerominho - PT do B - 3814-2076 / 2078 / 2580 / 2590 Direto: 2220-7288 - carminhajerominho@camara.rj.gov.br - Anexo 502 - 3814-2592;
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- Dr. Edison da Creatinina – PV - 3814-2030/2045/2046/2047/2073 - dr.edisondacreatinina@camara.rj.gov.br - Anexo 401 - 2220-6683;
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- Dr. João Ricardo – PSDC - 3814-2246 e 2675 - drjoaoricardo@camara.rj.gov.br - Anexo 802;
- Dr. Jorge Manaia – PDT - 3814-2140/2143/2144/2563 - doutor@jorgemanaia.com.br - Anexo 801;
- Eider Dantas – DEM - 3814-2484/2485 - eiderdantas@camara.rj.gov.br - Palácio 31-B;
- Eliomar Coelho – PSOL - 3814-2005 a 2008 - eliomar@camara.rj.gov.br - Anexo 504 - 2220-5538;
- Elton Babú – PT - 3814-2441/2444/2733 - elton.babu@camara.rj.gov.br - Palácio 38-B - 2220-5017;
- Guaraná – PMDB - 3814-2431 e 2189 - laguarana@uol.com.br - Anexo 901 - 3814-2189;
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- Leonel Brizola Neto – PDT - 3814-2125/2180/2412 - leonelbrizolaneto@camara.rj.gov.br - Anexo 605;
- Luiz Carlos Ramos – PSDC - 3814-2127 / 2128 / 2131 - lcramos@camara.rj.gov.br - Anexo 601 - 3814-2129;
- Marcelo Piuí – PHS - 3814-2017/2018/2020 - marcelopiui@camara.rj.gov.br - Anexo 704;
- Marcia Teixeira – PR - 3814-2381 / 2384 - marcia.teixeira@camara.rj.gov.br - Anexo 1001;
- Nereide Pedregal – PDT - 3814-2011/2012/2531/2543 - nereide.pedregal@camara.rj.gov.br - Anexo 1005 - 3814-2012;
- Patrícia Amorim – PMDB - 3814-2132 a 2135 - patricia.amorim@camara.rj.gov.br - Anexo 702;


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As causas de tantos desastres ambientais

Editorial publicado na última edição do "Brasil de Fato"
Sofremos mais uma tragédia. Mais de 600 pessoas perderam a vida nos municípios serranos do Rio de Janeiro. Outras dezenas pagaram com a vida em São Paulo, Minas Gerais...

A televisão e os meios de comunicação da burguesia estão cumprindo seu papel: transformaram a desgraça alheia num espetáculo diuturno, em que se assiste a tudo, menos o mais importante, que é debater sobre o por que está acontecendo tudo isso.

Para a televisão não interessa debater as causas. Seu objetivo não é resolver os problemas sociais, é apenas aumentar a audiência. E aumentando a audiência, sobem os pontos para as tarifas da publicidade que cobram das empresas.

Para a classe dominante, a burguesia brasileira e seus representantes no Estado brasileiro, tampouco interessa debater quais as causas destes desastres ambientais. Eles sabem que um debate mais reflexivo, sério e profundo certamente chegaria até eles como os principais responsáveis e causadores dessas tragédias.

Assim, a população brasileira vai vivendo de espetáculo em espetáculo, como uma verdadeira novela. Ou melhor, de tragédia em tragédia. Mas novela é ficção, representação, teatro. E o que está acontecendo não é teatro. Na vida real, milhares de famílias perdem suas casas e tudo o que construíram. Centenas perdem seus entes queridos. Mas quem se importa com isso? As elites dizem: “o povo logo esquece as desgraças...” e a vida se normaliza.

Quem ainda se lembra de quantos morreram na região sul do estado do Rio no ano passado? Quantos se lembram das 13 cidades pobres do sul de Pernambuco e norte de Alagoas que foram soterradas no ano passado? Quantos ainda se lembram que ainda há centenas de desabrigados, na região de Blumenau (SC), dos desastres de dois anos?

Felizmente têm aparecido análises sérias, de estudiosos e especialistas ambientais, que nos levam a entender e a explicar onde estão as verdadeiras causas desses “desastres naturais”, provocados pela ação humana e que têm-se repetido sistematicamente no território brasileiro.

Destas avaliações, podemos enumerar as principais:

1. Houve uma agressão permanente no Bioma da Amazônia e do Cerrado, destruindo a vegetação nativa e introduzindo a monocultura e a pecuária. Isso alterou o regime de chuvas e criou uma verdadeira estrada que traz chuvas torrenciais do Norte para o Sudeste.

2. Houve uma agressão ao não se respeitar o meio ambiente ao redor das cidades, e não há mais áreas de proteção nos cumes das montanhas, nas encostas e margens dos rios. De maneira que, quando aumentam as chuvas, elas se projetam diretamente sobre as moradias e a infraestrutura social existente.

3. Houve uma impermeabilização das cidades, em função do automóvel, para ele andar mais rápido.Tudo é asfaltado. E quando chove, a velocidade das águas aumenta de forma abrupta, em tempo e volume.

4. Há uma especulação imobiliária permanente, que quer apenas lucro, empurrando os pobres para ladeiras, encostas, margens de rios, córregos e manguezais.

5. O modelo de produção agrícola do agronegócio introduziu o monocultivo extensivo, sobretudo com pasto, cana e soja, que desequilibraram o meio ambiente. Destruindo toda a biodiversidade vegetal e animal. Este desequilíbrio provoca alteração no regime de chuvas, na sua intensidade e concentração em determinadas regiões. Ou seja, chuvas torrenciais, concentradas em volume e em determinados dias. Isso é provocado pelo tipo de agricultura, que devastou o equilíbrio que havia na biodiversidade natural. Daí que a agricultura familiar, que pratica agroecologia e agrofloresta é fundamental para o equilíbrio do regime de chuvas, de clima e temperaturas em todo o território nacional, inclusive nas cidades.

6. As cidades brasileiras estão se organizando apenas em função do transporte individual, do automóvel, que apenas dá lucro para meia dúzias de transnacionais instaladas no país. Então se investem volumosos recursos em obras de vias públicas, fazem-se pontes, túneis, viadutos, soterram-se córregos etc. Tudo isso altera o equilíbrio que havia nos territórios hoje urbanizados.

7. A população urbana perdeu o hábito de ter jardins, hortas familiares e defender mais áreas verdes nas cidades, que ainda poderiam amenizar o volume das chuvas e o equilíbrio das temperaturas. Elas também são induzidas a impermeabilizar os arredores de suas casas.

8. Nenhum governante ou agência estatal se preocupa com medidas preventivas, que podem avisar e deslocar as populações para lugares seguros, como se faz na maioria dos países. Basta lembrar que, há dois anos, Cuba sofreu um ciclone de proporções imagináveis, que arrasou o território. Mas eles tiveram apenas três mortos em todo país. Porque, antes, deslocaram milhões de pessoas para abrigos, e o Estado os deu proteção.

O fato é que tudo isto faz parte de um modelo capitalista de organizar a vida social apenas para o lucro, que representa o desastre, a desgraça e o alto custo de vidas humanas cada vez maior. Portanto, enquanto a sociedade e os governantes não se conscientizarem, assumirem suas responsabilidades e tomarem medidas concretas para enfrentar as verdadeiras causas, teremos, infelizmente, a repetição periódica de tragédias ambientais e sociais.

Mudança no Código Florestal é licença para novas tragédias, alertam ambientalistas

Maurício Thuswohl, na Rede Brasil Atual
RIO - Ainda sob o impacto da tragédia que já provocou mais de 800 mortes e soma quase 500 desaparecidos na Região Serrana do Rio de Janeiro, lideranças do movimento socioambientalista de todo o Brasil alertam que, se aprovadas no Congresso Nacional, as mudanças sugeridas no Código Florestal brasileiro por setores ruralistas servirão como uma espécie de licença para que ocorra em outros pontos do país o mesmo pesadelo que acometeu as cidades fluminenses de Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Bom Jardim e Sumidouro.

Elaborado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), o relatório que impõe mudanças no Código Florestal sugere, entre outras coisas, a redução das Áreas de Proteção Permanente (APPs) nas margens dos rios dos atuais 30 metros para apenas cinco metros. Outra mudança proposta é a permissão de supressão de vegetação nos topos de morros (acima da cota 100), assim como a flexibilização da ocupação das encostas para fins de produção agrícola. A relação do texto de Aldo com a catástrofe da Região Serrana do Rio é, portanto, clara e evidente, afirmam os ambientalistas.

"A ligação entre o desastre que aconteceu na Região Serrana e as tentativas de mudança da implementação do Código Florestal em áreas urbanas e rurais propostas pelo deputado Aldo Rebelo é que a aprovação dessas mudanças será uma espécie de licença para sacramentar o acontecimento de novas tragédias como esta que tivemos agora ou a que tivemos em Angra dos Reis e Niterói em 2010", afirma Ivan Marcelo Neves, coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambiente (FBOMS).

Coordenador do Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), Renato Cunha segue a mesma linha de raciocínio: "Essa mudança no Código Florestal prevista no substitutivo do Aldo Rebelo realmente nos preocupa muito porque a flexibilização da legislação ambiental, e do Código Florestal especificamente, pode vir a agravar essas conseqüências dos desastres que vêm acontecendo - e que acaba de acontecer na Região Serrana do Rio de Janeiro - porque ele tenta flexibilizar o uso das encostas, das áreas alagadiças, das Áreas de Preservação Permanente, diminuindo esses espaços que devem ser preservados, diminuindo a questão da Reserva Legal das propriedades".

Um dos mais experientes ambientalistas brasileiros, Cunha afirma que tentar flexibilizar o Código Florestal é o oposto daquilo que realmente deveria estar sendo feito no país: "Alterar o código pode ser um marco fundamental para esses desastres virem realmente a ter conseqüências muito maiores. O que a gente tem que aprender no Brasil é a adotar políticas e legislações e planos e projetos para minimizar as causas e os efeitos dessas questões naturais que ocorrem, e não mudar a lei para beneficiar um grupo pequeno como, por exemplo, os empresários do agronegócio", critica.

Outra voz experiente do movimento socioambientalista brasileiro, o líder indígena Marcos Terena também associa a tentativa de mudar o Código Florestal à tragédia da Região Serrana do Rio: "Essa proposta que está no Congresso fere totalmente, do ponto de vista indígena, a questão do respeito à força da natureza. O exemplo clássico disso é a irresponsabilidade de setores governamentais quando permitem que pessoas que não tem onde morar, não tem onde dormir, construam suas habitações em áreas que depois se transformam em áreas de risco", diz.

Marcos Terena também faz um alerta: "A natureza não compromete a vida do ser humano, mas as pessoas constroem situações que afetam sua própria segurança, como aconteceu na Região Serrana do Rio de Janeiro. Então, essa proposta de mudança do Código Florestal que está em Brasília deve ser brecada porque se for aprovada vai aumentar a possibilidade de grandes catástrofes e trazer conseqüências muito agressivas fisicamente e espiritualmente para o povo brasileiro".

'Tragédia anunciada'
Pedro Aranha, ex-coordenador da Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) e um dos mais ativos ambientalistas do Rio de Janeiro, ressalta que, para o movimento, a tragédia na Região Serrana não foi algo inesperado: "O que a gente viu na Região Serrana foi a crônica de uma tragédia anunciada. Todo mundo sabia que um dia isso iria acontecer. Nós do movimento ambiental denunciamos há pelo menos dez anos a ocupação do Vale do Cuiabá, em Itaipava, que foi uma das áreas mais devastadas pelas águas. Mas, infelizmente, acabou acontecendo o que a gente previa. Então, a alteração do Código é dizer: olha, vão acontecer várias tragédias iguais a essa e elas vão estar permitidas na lei".

Aranha faz um alerta sobre o discurso, utilizado pelos ruralistas, de que a alteração do Código Florestal servirá apenas para sintonizar a lei com aquilo que já é realidade: "Os ruralistas dizem que querem apenas legitimar algo que já está consolidado, só que o que aconteceu agora na Região Serrana foi o ‘algo consolidado’ em Área de Preservação Permanente, ao qual eles se referem, que desabou todo e matou muita gente. Não podemos mais permitir construção irregular acima da cota 100 ou em margem de rio e ver a população ali achando que aquilo está certo e a prefeitura vir cobrar IPTU e as empresas privadas, atrás de lucros, virem logo instalar água e luz. É uma lógica do capital perverso".

A tragédia na Região Serrana repercutiu até mesmo entre os ambientalistas da Amazônia. Representante em Brasília do GTA (Grupo de Trabalho Amazônico), rede que engloba mais de 600 entidades da região, Vitor Mamede é outro que faz associação entre o ocorrido neste início de ano no Rio de Janeiro e a luta política pela alteração do Código Florestal: "Eu acredito que, devido ao fato de a proteção das encostas não ser mais considerada como Área de Proteção Permanente nessa nova proposta do Código Florestal, isso pode realmente fazer com que novas tragédias aconteçam. Outra questão muito problemática diz respeito às áreas de Reserva Legal, pois essa proposta de alteração do Código Florestal visa a beneficiar mais uma vez os grandes produtores e os agricultores patronais", diz.

Áreas urbanas
A responsabilidade dos administradores públicos também é questionada pelos ambientalistas. Ex-secretário-executivo do Ibama no Rio de Janeiro, o analista ambiental Rogério Rocco lembra que alguns estados e municípios brasileiros já adotaram leis semelhantes às propostas no relatório de Aldo Rebelo: "Os prefeitos são os maiores defensores da abolição do Código Florestal em áreas urbanas. E assim se posicionam em aliança com o mercado imobiliário, que busca a otimização máxima do território para a construção civil. As imagens registram com muita precisão que as áreas atingidas pelas chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro são exatamente as margens de rios, as encostas e os topos de morro, que se constituem sob o regime de preservação permanente".

Pedro Aranha segue na mesma linha de Rocco: "O que os defensores da alteração do código querem hoje é legitimar a ocupação desordenada, principalmente nos espaços urbanos, das Áreas de Preservação Permanente e das margens de rios. Essa lógica absurda que a gente vive hoje tem nas prefeituras suas grandes defensoras, porque elas querem captar os recursos do IPTU, enquanto o imposto rural vai para o governo federal e não para o município. Então, os prefeitos também querem alterar essas áreas de preservação, ocupar esses espaços", acusa.

Ivan Marcelo Neves vai ainda mais longe: "Muita coisa poderia ter sido evitada. Tem que haver responsabilização civil e criminal de alguma forma para todos que contribuíram para essa desgraça. A legislação ambiental vigente pode estar aquém do que a gente almeja para o nosso Brasil, mas ela responderia para minimizar um pouco os efeitos dessa desgraça na população e no meio ambiente como um todo. O que a gente vê é uma ação irresponsável dos legisladores, do Executivo e do Judiciário também, que muitas vezes é conivente com as irregularidades. É um arsenal de demagogia".

O secretário-executivo do FBOMS também criticou o governador Sérgio Cabral: "Estudos acadêmicos já foram enviados ao governo, como, por exemplo, um estudo feito pela PUC. Se o governador é tão preocupado com as áreas de risco como diz ser, não deveria ter baixado decreto abrindo para a especulação imobiliária em Angra dos Reis, assim como ele tem um decreto estadual de 2010 que diminui as faixas de proteção ambiental nas margens dos rios", denuncia.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

As tragédias, a nova mídia e a incompetência governamental

Será que empresários que pedem a cabeça de técnicos e fiscais de órgãos ambientais não tem nada a ver com essas tragédias? Será que deputados que, pressionados pelo poder econômico, retiram projetos de zoneamentos ecológicos não tem nada a ver com essas tragédia? Será que um Judiciário que não pune corruptores não tem nada a ver com essas tragédias? Será que a grande mídia que doura a pilula desses corruptores, culpando sempre o governo e ganhando mais dinheiro com audiência, além de verbas desviadas das obras de contenção de encostas, não tem nada ver com essas tragédias? Normalmente o Poder Executivo é mais pressionado. É mais fácil... deputado ou juiz custa mais. Isto não quer dizer que o executivo não tenha culpa...

Toda a população atingida deveria seguir o exemplo do atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Cesar Peluso, que acionou e ganhou, em primeira instância, uma ação contra a prefeitura de São Paulo porque seu automóvel foi atingido pela enchente, depois de uma forte chuva. Esse fato ocorreu há muitos anos. Mas a lei deve ser para todos... aqui no Rio de Janeiro todas as autoridades, inclusive as empresariais podem ser acionadas por omissão, conforme a Lei de Crimes Ambientais.

O governador Sergio Cabral está no segundo mandato. Além disso foi o principal fiador dos governos Garotinho e Rosinha, no Legislativo. Carlos Minc, secretário estadual de Meio Ambiente, está no poder há mais ou menos 20 anos. Antes no Legislativo e agora no Executivo. O vice-prefeito e secretário de Meio ambiente do município do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Muniz, está na área ambiental há mais ou menos 30 anos. Foi presidente da antiga FEEMA - outrora principal órgão ambiental do Estado, hoje integrada ao INEA (Instituto Estadual do Ambiente), consultor para várias empresas e assessor do presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani. Presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) há dez anos, o engenheiro ambiental Fernando Almeida foi antes presidente da FEEMA, é consultor empresarial e o maior lobista ambiental do Rio de Janeiro.

Cabe lembrar que, além da Lei de Crimes Ambientais, o Código Civil também prevê punições, conforme fundamentou o hoje presidente da Suprema Corte, Cesar Peluso, quando ganhou acão contra a prefeitura de São Paulo. (Zilda Ferreira, editora política do EDUCOM)


As tragédias, a nova mídia e a incompetência governamental
Luiz Carlos Azenha, do Vi O Mundo

Descobri na internet que houve, em 1967, uma tragédia tão grave quanto a que afeta a região serrana do Rio de Janeiro.

Foi na serra das Araras, no Rio de Janeiro (foto, de arquivo), mas atingiu também Caraguatatuba, no litoral paulista.

Os detalhes dependem das pessoas que testemunharam, já que aparentemente não há estatísticas confiáveis. Houve muita chuva e desmoronamentos. O número de mortos é estimado, já que muitos nem mesmo foram resgatados.

O fato é que quarenta anos se passaram. Os governos brasileiros pouco aprenderam sobre prevenção desde então.

Qual a grande diferença entre as duas tragédias?

De cara, o fato de que vivemos numa sociedade altamente midiatizada. Com as câmeras dos telefones celulares, todo desabrigado é um repórter em potencial. As imagens se disseminam com uma rapidez impressionante. As chances de um evento catastrófico — ou pelo menos de uma imagem simbólica dele — ser capturado em foto ou vídeo são altíssimas. No caso da tragédia do Rio, é a imagem da senhora sendo resgatada com o cãozinho.

Logo as pessoas passam a tratar os personagens da tragédia como se fossem parte de suas próprias famílias: em algumas horas sabe-se quase tudo a respeito deles.

Ou seja, experimentamos as tragédias de hoje em dia como se estivéssemos lá, não apenas pela profusão de sons, imagens e depoimentos, mas pela expressão de sentimentos que nos aproximam das vítimas.

Hoje as pessoas trocam informações nas redes sociais em um ritmo alucinante. As demandas são feitas velozmente, mas a reação do aparato público é lenta.

É bobagem aquela história, que já li aqui ou ali, que diz que “se os repórteres conseguiram chegar rápido, como é que o estado demorou?” Tolice. O estado precisa chegar com máquinas, com comida, com vacinas, precisa desimpedir estradas, limpar ruas e procurar os soterrados. O repórter precisa de uma câmera, quando precisa.

O fato é que temos uma vaga lembrança da tragédia de 1967, mas vivemos a de 2011.

Nos Estados Unidos, George W. Bush foi “atropelado” politicamente pelo furacão Katrina, em Nova Orleans, justamente por não ter se dado conta dessa diferença de velocidade.

Os estadunidenses dispõem de um serviço meteorológico sofisticado. Os Estados Unidos tem defesa civil. Os Estados Unidos tem bombeiros treinados e equipados, especialmente depois do 11 de setembro. Os Estados Unidos tem uma infraestrutura muito melhor que a brasileira. Mas Washington demorou um ano-luz (24, 48 horas?) para se engajar de fato em Nova Orleans.

Além de revelar de forma dramática a miséria americana, o Katrina também revelou o descompasso entre a urgência dos que se afogavam e a lentidão governamental.

O despreparo demonstrado pelas autoridades brasileiras no Rio de Janeiro não é propriamente uma novidade. Os transbordamentos do rio Tietê, em São Paulo, já foram incorporados ao dia-a-dia dos cidadãos. É só perguntar a qualquer taxista de São Paulo: quando chove, eles correm para casa.

A velocidade na transmissão de informações apenas acentuou a percepção da incompetência. O que é bom, já que o custo político de não agir aumenta (você deve ter notado que não espero solidariedade genuína da parte de nossos eleitos).

A capa da Vejinhapaulistas, presumivelmente), de acordo com a chamada de capa, é a pessoa que coloca o lixo na rua fora de hora. Ou seja, antes de colocar o lixo na rua combine com São Pedro! Ou, como escreveu um internauta, peça autorização ao patrão para voltar para casa e colocar o lixo na rua na hora em que o caminhão de coleta passa…

Sabemos que o PIG pretende afogar Lula e Dilma nas águas do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que faz-de-conta que não entende nada de gerenciamento das represas paulistas, por exemplo. Fica até parecendo que a Sabesp é uma grande patrocinadora!

De qualquer forma, soluções de fato — tanto nas encostas do Rio quanto nas ruas de São Paulo — custam competência técnica e dinheiro, muito dinheiro.

Não dá para cobrar dos governos com a mão esquerda e com a direita levantar um cartaz e pedir estado mínimo (ou apontar para o impostômetro).

Eu cobri os efeitos do trágico terremoto no Chile. O governo chileno levou dias para se organizar e levar ajuda aos atingidos. O governo chileno precisou emprestar telefones via satélite, levados pessoalmente pela secretária de Estado americana Hillary Clinton, para garantir a comunicação do alto escalão. O governo chileno foi alertado pelos Estados Unidos de que haveria maremoto, mas não agiu para alertar a população. Foi um gigantesco fiasco, que passou quase batido por causa do clima de união nacional atrás do qual a presidenta Bachelet se escondeu.

O estado “enxuto” do Chile se estatelou inapelavelmente nas ruas de Concepción.

Enchentes do RJ: a marota forma de ajuda de apresentador global

Nota do EDUCOM: preste atenção no link do pé do post e, caso ainda não a conheça, esteja apresentado à "Lei Luciano Huck"...

A marota forma de ajuda de Luciano Huck
do Luis Nassif On Line*

Sinceramente, não sei o que pensar sobre isso. Peço ajuda.

Luciano Huck é sócio do Peixe Urbano, um site de compras coletivas. Em dezembro último, o apresentador da Globo usou o Twitter para tentar bater o recorde de vendas de cupons no site:

"O apresentador Luciano Huck – agora sócio do site de compras coletivas Peixe Urbano - usou pela primeira vez o Twitter para impulsionar a venda de cupons de desconto – e quase conseguiu o que queria: superar o recorde de vendas do site."

idgnow.uol.com.br/internet/2010/12/08/luciano-huck-ja-usa-o-twitter-para-vender-seu-peixe

No dia 15 de janeiro, Huck postou esta mensagem no Twitter:

"Quer ajudar, e muito, as vítimas da serra carioca [sic]. Via @PeixeUrbano, vc compra um cupom e a doação esta feita. http://pes.ca/gZ2Ibb"

twitter.com/#!/huckluciano/status/26377814122962944

A compra dos cupons, segundo o site, reverterá em benefício de duas ONGs que estão ajudando as vítimas das enchentes. Parece bonito, mas não é.

Primeiro, é necessário ir ao site do negócio de Luciano.

Depois, é preciso se cadastrar no site. E então comprar um ou mais cupons de R$10.

Ganha Luciano porque divulga o seu negócio (mais de 7.000 RTs até agora), cadastra milhares de novos usuários em todo o Brasil, familiariza esses usuários com os procedimentos do site, incentiva o retorno e aumenta absurdamente o número de cupons vendidos – alavancando o Peixe Urbano comercial, financeira e mercadologicamente. Além do ganho de imagem por estar fazendo um serviço público (li vários elogios nos RTs).

Sabe-se lá como será contabilizado ou fiscalizado o total recebido como doação e repassado para as duas organizações parceiras. O usuário não tem nem terá acesso a esses dados internos.

Supondo que todo o montante arrecadado chegue às vítimas, se for mesmo o que estou entendendo, trata-se da mais sórdida exploração da desgraça alheia que já presenciei em toda a minha vida.

As pessoas que estão doando seu dinheiro, seus produtos, seu tempo, suas habilidades e sua atenção aos desabrigados e às vítimas não estão pedindo nada por isso, não estão ganhando nada com seu gesto de solidariedade, não estão usando essa tragédia para obter nenhuma forma de lucro pessoal. Fazem o bem porque são humanas, ficaram chocadas com as imagens e as informações, se sensibilizaram com o sofrimento alheio. Ajudam por solidariedade, empatia e até por desespero.

E a maioria delas não tem quase nada na vida, em comparação com o apresentador da Globo.

De todas as iniciativas já divulgadas até o momento, só a de Luciano Huck visa primeiramente ao lucro pessoal, para depois, secundariamente, resultar numa ajuda social.

Quando um tsunami matou 200 mil pessoas no sudeste da Ásia, em 2004, recebi um e-mail de um escritor inglês pouco conhecido, no qual se fazia a oferta: "Compre um dos meus livros, e eu doarei 30% do valor para as vítimas da tragédia". Saí da lista do explorador barato na hora, mas a favor dele contava o número reduzido de destinatários da mensagem.

Luciano Huck tem 2.600.000 seguidores no Twitter: é este o público-alvo do seu apelo interesseiro. Pode não bater o recorde de cupons, desta vez, mas temo que tenha batido o recorde da safadeza. Aceito argumentos que me provem o equívoco dessa suspeita.

Depois dos R$24 milhões entregues pelo Estado à Fundação Roberto Marinho, dinheiro originalmente destinado à contenção de encostas e às obras de drenagem, mais esta. Turma da Globo, vocês pensam que estão apenas lucrando com as águas, mas na verdade podem estar brincando com fogo.
*reprodução de comentário de leitor do blog

Governador Sergio Cabral favoreceu Luciano Huck em Angra

Desastres causados por chuvas podem aumentar se novo Código Florestal for aprovado

Danilo Augusto, da Radioagência NP
SÃO PAULO - As tragédias causadas pelas chuvas que atingem o Brasil podem aumentar se forem aprovadas as propostas de mudanças no Código Florestal. A afirmação é do engenheiro florestal e integrante da Via Campesina, Luiz Zarref. Entre os pontos polêmicos, o texto que propõe mudanças no atual Código, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), deixa de considerar topos de morros como áreas de preservação permanente. Esses locais foram os mais afetados por deslizamentos de terra no Rio de Janeiro.

O projeto já foi aprovado em uma Comissão Especial e está pronto para ser votado pelo Plenário. Para Zarref, a proposta de redução de 30 para 15 metros das áreas de preservação nas margens de rios provocará erosão, ampliando os alagamentos.

“Sem essa área, rapidamente uma tromba d'água se forma. Isso porque a chuva cai em uma área que está desprotegida, fato que aumenta rapidamente o nível do rio. Essas quantidades anormais de água crescem muito mais rapidamente, de que quanto se tem uma área protegida, como está no Código atual."

Ainda segundo Zarref, a tragédia que até o momento já vitimou quase 700 pessoas no Rio é um reflexo da não preservação das áreas com vegetação.

“O que aconteceu no Rio de Janeiro não é só por causa da degradação do topo do morro, de fato foi um nível de chuva muito alto. Porém, com certeza, foi agravado pela devastação, principalmente nas áreas de preservação permanente. A natureza que antes comportava até mesmo uma tempestade, hoje não comporta mais."

Zarref também enfatiza que mesmo com as áreas ocupadas irregularmente, há estudos que mostram que ainda existem soluções para o problema, sem a necessidade de remoção das famílias.

“Em algumas áreas você pode fazer trabalhos de drenagem, galerias pluviais ou até mesmo recuperação florestal. Agora existem áreas de instabilidade geológicas que de fato vai ter que ser construído juntamente com a comunidade um reassentamento das famílias. Essas famílias foram empurradas historicamente para essas regiões. A maioria dessas pessoas são pobres. Então tem que haver uma solução que respeite esse processo histórico."

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Enquanto chove

Laerte Braga, jornalista e analista político
O xerife (ainda existe esse tipo de figura) do Arizona disse a jornalistas que “o estado se tornou a Meca do preconceito e do racismo”. Clarence Dupnik declarou que “os apresentadores de tevê e rádio vão ter que repensar suas atitudes”.

Referia-se a Rush Limbaugh e Glenn Beck, ambos de extrema-direita. Mandam mensagens que são definidas como “iradas” contra adversários políticos, inclusive o dublê de presidente e garçom Barack Obama. No auge das denúncias contra Julian Assange, fundador do WIKILEAKS, chegaram a pedir, junto com outros, que Julian fosse eliminado por algum “patriota”. “Basta um tiro na cabeça”, disse um deles.

É um conglomerado terrorista e o entorno vai ficando cada vez mais doente.

Sarah Palin, a musa da direita, decidiu dar um tempo em suas investidas patrióticas, depois de relacionada ao massacre em Tucson, onde a deputada democrata Gabrielle Giffords foi ferida a tiros e permanece em estado grave. Em estudos posar para uma revista masculina como forma de atenuar o impacto de seus discursos furibundos e irresponsáveis.

Por aqui a extrema-direita, através da OPUS DEI, o governador de São Paulo Geraldo Alckimin prefere usar veículos de uma funerária do cunhado para transportar merenda escolar.

Já nem há mais tanto espanto com o comportamento do primeiro-ministro (extrema-direita) italiano Sílvio Berlusconi. O dito cujo contratou os serviços de uma garota de programa de dezessete anos de idade, hoje com dezoito e se diz muito bem, cheio de vitalidade.

Segundo a moça, Berlusconi é “um solitário”. Karima El Mahroug é marroquina e o primeiro-ministro conseguiu inclusive que fosse solta depois de presa por furto. É conhecida como “Ruby Rubacuori” – Ruby, a ladra de corações. Fatura mais que qualquer sister do BBB e num espaço de tempo bem menor.

Os principais jornais da Itália têm provas – gravações telefônicas – onde Berlusconi é informado pela própria moça que a dita é menor de idade.

Nada deve acontecer, vão continuar achando que “terrorista” é Cesare Battisti.

Anos após a “reconstrução” do Haiti o ex-ditador Jean-Claude Duvalier retorna ao país, é recebido por uma multidão no aeroporto e aparentemente está em segurança. Duvalier não pode ter retornado sem o conhecimento prévio dos EUA. O Brasil tem forças militares no Haiti e nominalmente um general brasileiro comanda o esquema de “reconstrução” e “pacificação”.

É possível que no fundo se ache uma ligação entre isso e a decisão da presidente Dilma Roussef de rever todo o processo de compra de caças para a FAB – FORÇA AÉREA BRASILEIRA –, atendendo a “ponderações” do ministro da Defesa Nelson Jobim e do brigadeiro Juniti Saito, “representantes” da norte-americana BOEING no governo do Brasil.

Dilma teria escrito a senadores dos EUA pedindo garantias de transferência de tecnologia, vale dizer que, pelo menos tudo indica, os franceses (escolha de Lula) dançaram.

Na prática a EMBRAER teria tido condições de desenvolver um projeto de caça com tecnologia nacional, capaz de atender às necessidades da FAB e da segurança do espaço aéreo brasileiro, da soberania nacional, etc, etc, se o governo de Lula e agora o de Dilma tivessem peito para reestatizar a empresa privatizada por FHC, exatamente por ser um excelente negócio para o Brasil e péssimo para os norte-americanos.

A ligação entre esse fato e a volta de Jean Claude? Começam a dizer que lógica não existe, é ficção.

A tragédia que se abateu sobre alguns estados brasileiros por conta de fortes chuvas (Minas, São Paulo e Rio de Janeiro principalmente), causou mais de 630 mortes, deixa desabrigadas milhares de pessoas, destruídas cidades como Teresópolis, Friburgo, Sumidouro e outras, é conseqüência da absoluta falta de política ambiental de governos em todos os níveis (federal, municipal e estadual), incúria de governadores e prefeitos e como disse o pároco de uma dessas cidades em ato religioso celebrado pelas vítimas, “a natureza às vezes busca vingança”.

Milton Temer, ex-deputado, cassado pela ditadura militar, um dos combatentes socialistas de primeira linha, manifesta sua preocupação com o decreto de “estado de calamidade pública” no Rio de Janeiro. Prefeitos que chama adequadamente de “relapsos” passam a ter o direito de usar verbas de emergência ou não, a seu talante, sem licitações, sem qualquer dever de prestação de contas ou debate público.

É hora de criar mecanismos de participação popular para definir critérios, prioridades e exercer o direito de definir e fiscalizar o uso do dinheiro e doações a essas cidades. Do contrário o lucro é de empreiteiras, prefeitos e vereadores (ávidos de leis que favoreçam a “categoria”). Conselhos populares antes que prefeitos joguem dinheiro em vitrines e guardem parte em seus próprios cofres.

E olho vivo no escritório de advocacia da primeira-dama do estado do Rio. Legaliza propriedades em áreas de preservação (como o fez com a casa do apresentador da GLOBO Luciano Huck) e no próprio governador Sérgio Cabral. Doa dinheiro de verbas destinadas a obras de contenção de encostas, saneamento, etc, para a FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO.

Um desses parasitas declarou que uma das primeiras providências para “confortar” as vítimas e seus parentes, os desabrigados, seria providenciar aparelhos de tevê para que todos pudessem “minorar seus sofrimentos” vendo suas novelas preferidas e o Big Brother”.

E olha que condenam apedrejamento no Irã no pressuposto que barbárie é privilégio de radicais islâmicos. A propósito o governo daquele país suspendeu (tudo indica) a pena de morte aplicada a Sakineh.

A mulher do ditador Zine El Abidine Ben

Isso tudo enquanto chove e seres que vivem no entorno desses conglomerados maiores ou menores, tratados como objetos na Idade Média da Tecnologia, vão morrendo, sendo largados à própria sorte, mas...

...Tem políticos e empresários que não dormem com a ameaça de um ex-banqueiro suíço de divulgar os nomes dos que têm polpudas contas em bancos daquela empresa (a Suíça é uma empresa).

E entre eles não está Paulo Maluf, padrão de honestidade e ficha limpa. Se seu nome surgir, certamente vai dizer que é um “homônimo” e se o CPF ou a identificação for a mesma, vai dizer que “mera e desagradável coincidência”.

As previsões ainda são de fortes chuvas, pelo menos por mais alguns dias.

A despeito da falta de notícias adequadas, digamos assim, no JORNAL NACIONAL, não se sabe ao certo se a Europa ainda existe, ou se já afundou, a nova Atlântida, em bases militares dos EUA.

Como Berlusconi anda aprontando e conta com o apoio de Gilmar Mendes e Cesar Peluso o continente pode ainda “salvar-se”, quem sabe?