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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Alba critica os poderosos

O encontro foi sombrio por causa do risco de que o Protocolo de Kioto não seja renovado em 2012, de que vários países se retirem e de que um segundo fracasso quebre a possibilidade de retroceder na questão do aquecimento global.
Do argentino "Página/12",com tradução de Moisés Sbardelotto

Os membros da Alba denunciaram, na Conferência sobre Mudanças Climáticas de Cancún, o risco de que os países desenvolvidos se neguem a renovar o Protocolo de Kioto, firmado em 1997 e que expira em 2012. A advertência ilustra o tom sombrio em que se desenvolve a Conferência, na qual não só é difícil vislumbrar avanços, mas também em que se propõe o risco de retroceder em acordos que possam fazer frente ao aquecimento global.

O Japão anunciou seu propósito de se retirar do Protocolo, postura a qual a Rússia e o Canadá poderiam se somar. Os Estados Unidos nunca o ratificaram. O representante brasileiro advertiu que, "se ocorrerem duas Conferências seguidas sem resultados (aludindo à que fracassou no ano passado em Copenhague), se colocará em risco a própria possibilidade de negociação multilateral nesse tema".

Subsiste, em troca, a possibilidade de acordos em aspectos específicos, como a criação de um "Fundo Verde" e o maior acesso a tecnologias não contaminantes para os países pobres. Neste sábado, começaram a chegar os ministros de Meio Ambiente de diversos países para a fase decisiva da Conferência, que finaliza na próxima sexta-feira.

Os países ricos "estão voltando às posições extremas que tiveram na noite horrorífica de Copenhague", defendeu a representante da Venezuela, Claudia Salerno, flanqueada pelos representantes da Bolívia, do Equador, da Nicarágua e da caribenha Comunidade de Dominica. A Conferência de Copenhague, em dezembro de 2009, se propunha a definir um acordo mundial a partir de 2012, fim do primeiro período do Protocolo de Kioto, mas não foi além de um texto não vinculante, que propõe reduzir a elevação da temperatura global em dois graus, mas sem especificar como. O acordo – impulsionado no último momento por Barack Obama, presidente dos Estados Unidos – foi firmado só por 140 nações, das 193 reunidas. Em Cancún, o debate consiste em como transformar essa expressão de desejos em compromissos mensuráveis e monitoráveis.

O representante boliviano em Cancún, Pablo Solón, advertiu que "vários países propuseram que não vai haver um segundo período do Protocolo de Kioto". O Japão anunciou explicitamente seu propósito nesse sentido, e menciona-se também pelo menos a Rússia e Canadá. O Protocolo de Kioto foi firmado nessa cidade japonesa em 1997 e estabelece compromissos de redução de emissões para os países desenvolvidos. Esse acordo não inclui os dois maiores emissores do planeta, Estados Unidos – que nunca o ratificou – e a China, que, por ser país em desenvolvimento, não é obrigada por ele. Esse é o principal argumento do Japão para não seguir aceitando-o. Em contrapartida, muitos países em desenvolvimento defendem o Protocolo como o único instrumento que impõe aos países industrializados objetivos de redução de gases de efeito estufa.

Sérgio Serra, representante do Brasil, afirmou que, "se tivermos duas Conferências seguidas sem nenhum resultado no mesmo debate, estamos pondo em risco a totalidade do exercício de negociação acerca das mudanças climáticas, e isso é muito ruim, porque não se vislumbram alternativas".

Os negociadores mantêm expectativas de conseguir acordos em assuntos menos comprometedores. Um deles é a criação de um "fundo verde" destinado a ajudar os países mais pobres a reduzir emissões e a se adaptar às mudanças climáticas. Na Conferência de Copenhague, os países ricos prometeram contribuir com 100 bilhões de dólares anuais em 2020. Outro acordo possível é facilitar o acesso dos países em desenvolvimento a tecnologias menos contaminantes, incluindo a criação de órgãos para a transferência tecnológica. Também se poderia agilizar um plano para que os países em desenvolvimento recebam compensação monetária por preservar suas florestas e selvas tropicais.

Os países em desenvolvimento requerem também que seja criado um "comitê de adaptação" para impulsionar medidas que reduzam os efeitos de deteriorações já ocorridas ou inevitáveis. Até agora, as negociações priorizaram a mitigação, isto é, procurar impedir ou mitigar as mudanças prejudiciais. Neste sábado, começaram a chegar os ministros de Meio Ambiente de diversos países para a fase final da Conferência, que finaliza na próxima sexta-feira.

domingo, 11 de outubro de 2009

A Terra está doente

Alterações Climáticas
Colaboração de Zilda Ferreira, ex-representante da Associação Brasileira de Imprensa no Comitê Assessor do órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (Min. do Meio Ambiente/MEC). Zilda Ferreira é editora política deste blog

Esta matéria foi escrita no auge do frisson da mídia sobre as conclusões do relatório do IPCC-Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. O relatório foi divulgado em fevereiro de 2007. Na época, a Europa, liderada pela França queria criar uma Agência Internacional para fiscalizar os países que não respeitassem o meio ambiente. Em seguida, os mesmos europeus tentaram impor um tratado de intervenção aos países que desrespeitassem o meio ambiente. E sempre defendendo a internacionalização da Amazônia, mas não de maneira explícita.
Agora, fiquemos em alerta. Os países hegemônicos vão tentar, em Copenhague, aprovar este tratado intervencionista. (Z.F)

22/3/2007 - publicado originalmente no Jornal da ABI
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro... ou forma uma aliança global para cuidar da terra e uns dos outros, ou arrisca a nossa destruição e a diversidade da vida”, texto de abertura da Carta da Terra.

O maior desafio deste século é o aquecimento global e a mais grave ameaça é a nossa destruição e a diversidade da vida. Os cientistas e os ambientalistas defendem que para resolver o problema do aquecimento global seria necessária uma profunda transformação na economia e no modo de vida das pessoas.

É muito difícil que isso ocorra. As nações hegemônicas, principalmente os EUA, privilegiam uma perspectiva neoconservacionista para economizar o planeta, não para evitar, mas para retardar a catástrofe. Bombardeiam com a idéia de escassez, a fim de que o medo molde a cultura dos países subdesenvolvidos, e assim, possam promover um neocolonialismo tranqüilo, mantendo os mesmos mecanismos de produção e consumo, aumentando as desigualdades e, conseqüentemente, o desequilíbrio da Terra. Os EUA apostam em novas tecnologias para poluir menos sem mudar a matriz energética, sem sair do petróleo e do gás. E com isso, ganham mais com a inovação de tecnologias descontaminantes.

A Europa também apostou nesse filão, porém foi mais esperta; de maneira muito sofisticada, seqüestrou o discurso dos ambientalistas para lucrar com o seqüestro, o do carbono. Parece um absurdo, mas acompanhe a implantação do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) e depois a cronologia da esperteza.

O MDL foi uma das peças chaves para o protocolo de Quioto ser ratificado em 2005. A idéia central do MDL (está no artigo 12 do Protocolo) é a possibilidade de mitigar, de combater o efeito estufa por meio de projetos. Para um projeto ser certificado pelo MDL tem que provar que foi pensado para reduzir as emissões ou para seqüestrar carbono. E é muito difícil provar. Normalmente, só grandes empresas conseguem, porque o processo é sofisticado: é preciso provar, por intermédio, de fotos feitas por satélites que a área escolhida para reflorestamento já estava desmatada, em l989, um ano antes, do primeiro Relatório do IPCC, em 1990.

Agora, no início de 2007, quando o último Relatório do IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas foi anunciado, a mídia divulgou com veemência o conteúdo e uma catástrofe iminente, como novidade, o quê já era conhecido e amplamente divulgado, em 2005, quando o Protocolo de Quioto entrou em vigor. Isso porque o medo molda profundamente a sociedade e a cultura. E a Europa aposta muito mais do que os EUA nesse comportamento. Isto porque ela tem apenas 3,8% de água, manipula mais de 70% do mercado d’água global, base de custeio de sua mídia e de seu mercado editorial, principalmente o da França, segundo panorama traçado no livro “Ouro Azul”, de Maude Barlow e Tony Clarke. É bom lembrar que os países pobres da América do Sul têm mais de um terço d’água do Planeta, só a região amazônica tem mais de 20%. Além disso, a Europa está apostando no mercado de carbono, mesmo antes do Protocolo de Quioto entrar em vigor. Veja o resumo dessa cronologia:

Em 2004, estava no site da Fundação Getúlio Vargas o seguinte: - “Embora o Protocolo de Quioto ainda não tenha entrado em vigor, observa-se no mercado internacional, uma crescente demanda por reduções de Gases do Efeito Estufa – GEE não só por parte dos fundos de investimentos, constituídos especificamente para essa proposta, como por parte da empresas, investidores estrangeiros que visem aproveitar os baixos preços atuais da tonelada evitada de carbono equivalente para formar seus estoques de reduções passíveis de virem a ser certificados e posteriormente registrados pelo Executive Board.”

A União Européia estabeleceu para seus membros um esquema de Negociações de Emissões conhecido como European Union Emissions Trading Scheme — EU UTS — a partir do estabelecimento de metas para seus membros, vinculados ao sistema de negociações conhecido, em inglês, como Cap and Trade System. No âmbito do Protocolo de Quioto, a União Européia, sem dúvida, é o maior expoente nesse mercado, registra o mesmo site da FGV, em 2004, um ano antes do Protocolo entrar em vigor. E assim, os países do Bloco I podem continuar poluindo, investindo nos Créditos de Carbono.

Apesar de tudo, não resta dúvida a importância do Protocolo de Quioto que regulamentou a Convenção de Mudanças Climáticas e demonstrou que há um processo de alterações climáticas e que, de fato, existe uma participação humana nele, ou seja, somos culpados. Além disso, estabelece regras para que os países cumpram. As discussões e os debates das propostas do Protocolo tiveram um papel importante na conscientização de que a maior ameaça à humanidade são as mudanças climáticas e que os padrões de produção e de consumo são os principais responsáveis pelo estado da Terra.

“A Terra grita. A Lógica que explora as classes e submete os povos aos interesses de uns poucos países ricos e poderosos é a mesma que depreda a Terra e espolia suas riquezas sem solidariedade com o restante da humanidade e para com as gerações futuras”, de Leonardo Boff, no livro Ecologia: Grito da Terra; Grito dos Pobres.

Cada ano, desde 1984, o Worldwatch Institute, dos EUA, publica um relatório sobre o “estado da Terra”. Este estado é cada vez mais assustador. A Terra está enferma e ameaçada.

ilustrando...
Mercado de emissão de gases bate US$ 30 bi

A dimensão do mercado mundial de licenças para a emissão de gases geradores do efeito estufa mais do que dobrou, passando a 22,5 bilhões de euros (US$ 30 bilhões) no ano passado, disse a Point Carbon, editora e empresa de pesquisa de Oslo, na Noruega. Os volumes negociados podem disparar 50% este ano. Fonte: DCI (09/03/2007)