terça-feira, 26 de julho de 2011

Dilma: Agricultura familiar é o caminho para inclusão de famílias no meio rural

A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (25), em Arapiraca (AL), durante o lançamento do Plano Brasil Sem Miséria – Nordeste, que a agricultura familiar estruturada é o caminho para a inclusão de famílias de agricultores e agricultoras familiares em situação de extrema pobreza. “Queremos transformar a marca Brasil Sem Miséria e agricultura familiar fortalecida numa marca que fará a diferença nas gôndolas dos supermercados. E, se brasileiras e brasileiros se dispuserem a enfrentar e encarar esse imenso desafio que é ultrapassar a extrema miséria em nosso país, eles poderão contribuir escolhendo esses produtos das gôndolas”, afirmou a presidenta.
A oferta de produtos da agricultura familiar nos supermercados foi reforçada durante a visita de Dilma Rousseff a Arapiraca. No início da tarde, a presidenta visitou a Unidade Classificadora e Empacotadora de Farinha de Mandioca da Cooperativa Agropecuária de Campo Grande (Cooperagro), construída com parte dos recursos destinados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para estruturar a infraestrutura produtiva da cadeia da mandioca no Território da Cidadania Agreste (AL). Nesta unidade será empacotada parte dos 12 mil quilos de farinha de mandioca que passarão a ser entregues semanalmente pela Cooperagro, representante da agricultura familiar, a supermercados de Alagoas, conforme acordo assinado nesta segunda-feira.
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À tarde, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, e a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, assinaram acordo que leva às gôndolas do Grupo Pão de Açúcar produtos de quatro cooperativas (Coopercuc - BA; Cooperagrepa - MT; Coopaflora – PR; e Cooperúnica) e uma associação (Pequenos Agrossilvicultores do Projeto Reca de Rondônia). O acordo beneficia mais de 3 mil famílias que produzem palmito de pupunha, doces, compotas e geleias de frutas da Caatinga, ervas aromáticas, condimentares e medicinais, melado de cana-de-açúcar e artesanato. O primeiro pedido, de dez tipos de produtos, vai gerar receita de cerca de R$ 65 mil para os agricultores familiares destas organizações.
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Inclusão produtiva
“Estamos avançando na comercialização”, destacou o ministro do Desenvolvimento Agrário. Afonso Florence lembrou que os três eixos do Brasil Sem Miséria - garantia de renda, inclusão produtiva e acesso a serviços públicos - aprofundam e ampliam as oportunidades de organização e renda para a agricultura familiar brasileira, especialmente no Nordeste, que representa 66,5% da população rural brasileira em condição de pobreza. "O Brasil viveu no último período um processo importante de inclusão com geração de renda. E o Brasil Sem Miséria consolida e aprofunda políticas com foco naqueles que ainda estão fora da dinâmica virtuosa do rural brasileiro", afirmou Florence.
Florence destacou como uma ação para promover inclusão com geração de renda o Programa Água Para Todos, lançado nesta segunda-feira pela presidenta Dilma Rousseff para atender famílias extremamente pobres em áreas rurais do Semiárido. Com investimentos de R$ 756 milhões, o Governo Federal inicia, este ano, a construção de 367 mil cisternas para oferta de água para consumo humano e 600 mil cisternas para a produção de alimentos e criação de animais. “Água e justiça social social correm juntas pelo nosso Nordeste”, reforçou o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho.
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Sementes e assistência técnica
O ministro Afonso Florence destacou a distribuição gratuita de sementes adaptadas para 150 mil famílias do Semiárido, conforme termos de cooperação assinados pelo MDA e o MDS e a Embrapa. Esta ação, que beneficia famílias de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais e assentados da reforma agrária atendidos pelo Brasil Sem Miséria, é reforçada pela prestação de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) para agricultores e agricultoras familiares em situação de pobreza extrema. Florence anunciou o lançamento da segunda chamada pública do Plano Brasil Sem Miséria, que vai atender 15.040 famílias em 131 municípios do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. A chamada será publicada nesta terça-feira (26) no Diário Oficial da União.
Redução da desigualdade
No encerramento do encontro, a presidenta Dilma Rousseff, referindo-se à pesquisa da Fundação Getúlio Vargas que apontou que 39,5 milhões de brasileiros e brasileiras ascenderam à classe média entre 2003 e maio de 2011, destacou que o Brasil acumulou grandes realizações em um período recente. “Os senhores governadores aqui presentes, todos foram protagonistas dessas transformações, participaram delas”, afirmou a presidenta, ressaltando que o Brasil soube combinar o resgate de milhões de brasileiros com o desenvolvimento do seu mercado interno e com a redução da desigualdade.
Em Arapiraca, foi formalizada a adesão dos estados do Nordeste ao Brasil Sem Miséria. Também participaram do evento os governadores Jaques Wagner, da Bahia; Eduardo Campos, de Pernambuco; Cid Gomes, do Ceará; Ricardo Coutinho, da Paraíba; Wilson Martins, do Piauí; Rosalba Ciarlini, do Rio Grande do Norte; Marcelo Déda, de Sergipe; e o vice-governador do Maranhão, Washington Luiz de Oliveira
Serviços de saúde
Pelo Brasil Sem Miséria, o governo federal amplia e melhora a assistência à população nordestina por meio de serviços básicos de saúde. O plano prioriza a construção de 638 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) em 446 municípios. Também serão ofertadas quase dois milhões de consultas oftalmológicas e mais de 800 mil óculos para estudantes. Outra medida é a instalação de 45 centros de especialidades odontológicas e 91 unidades móveis odontológicas, que vão garantir o fornecimento de 476 mil próteses dentárias. Os investimentos somam cerca de R$ 700 milhões.
Em sua visita a Arapiraca, a presidenta Dilma Rousseff também foi acompanhada pelos ministros Wagner Rossi, da Agricultura; Alexandre Padilha, da Saúde; Fernando Bezerra, da Integração Nacional; Ideli Salvatti, de Relações Institucionais; e Helena Chagas, da Comunicação Social.


Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrária (Notícias MDA )


Nota do Blog: Esperamos que a agricultura familiar promova além da inclusão de famílias no meio rural, alimentos sem agrtóxicos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A BAND MENTE COMO A GLOBO - SÓ É MAIS BARATA



Laerte Braga


É possível “comprar verdades” na REDE BANDEIRANTES, como se faz com a GLOBO, a RECORDE ou qualquer outra rede de tevê no Brasil. Ou a jornais, revistas e rádios de grupos privados. Grupos privados de comunicação servem a interesses de bancos, grandes corporações empresariais, latifúndios e vendem a ideologia do neoliberalismo. Mentem a soldo dessa gente. Fazem parte do esquema Murdoch e algumas são sócias.

O JORNAL DA BAND, edição de sexta-feira noticiou que grupos islâmicos seriam os responsáveis pelos atentados na Noruega. Há pelo menos três horas antes qualquer empresa de comunicação, em qualquer lugar do mundo, no mínimo eficiente, no duro mesmo sem seriedade alguma, caso da BAND, sabia que um cidadão norueguês havia sido detido pelo polícia como responsável pelo atentado numa ilha onde estavam jovens trabalhistas.

A BAND insistiu em grupos islâmicos sabendo que mentia. A mentira é deliberada, faz parte do processo de induzir o telespectador a acreditar numa verdade que não existe, mas para a qual são pagos, falo dos comprados, a BAND.

Hoje já se sabe que os jovens trabalhistas assassinados estavam reunidos num seminário e haviam aprovado um boicote a Israel, grande acionista do Brasil (um país que já começa a ficar sem dono, ou com outros donos melhor dizendo).

Como se sabe que o atirador detido é norueguês e cristão fundamentalista. O pessoal de Edir Macedo segue a mesma linha com outra definição. Edir até agora pelo menos não matou ninguém, só mete a mão no bolso da manada. O norueguês vai e mata quase uma centena. Como aquele judeu ortodoxo que matou Itzak Rabin por ter assinado a paz com os palestinos e reconhecido o Estado Palestino.

A BAND, em seguida, na mesma edição, pega o general Augusto Heleno, nascido no Brasil, mas servindo aos EUA e vai a RAPOSA RESERVA DO SOL mostrar que os índios da reserva estão vivendo em condições “miseráveis”. Os índios desmentem, mostram o contrário, a BAND não mostra, claro a conta bancária da turma aumentou e muito. O general Heleno é notório traidor. A única coisa que falou foi sobre “área produtiva”. Quer as terras para o latifúndio e o transgênico nosso de cada dia, regado a agrotóxico.

O xis da questão é impressionar a manada (a da BAND é pequena) e dar a impressão que “a” é “b” e em seguida emitir a fatura. Joelmir Betting é só uma cópia masculina de Miriam Leitão, nada além disso.

Em


está a nota CONSELHO INDÍGENA MISSIONÁRIO colocando os fatos como de fato são e desmentindo os mentirosos da REDE BANDEIRANTES.

Fica a sensação que na avidez da mentira, da desinformação, prevalece o lema “um dia ainda viro GLOBO”, aí o faturamento aumenta.

Demonizar muçulmanos é uma palavra de ordem constante na mídia privada. Tem já uma rubrica nos pagamentos para isso, é permanente. Explodiu um buscapé? Coisa de muçulmano.

A imensa e esmagadora maioria do estado terrorista e usurpador (ocupa a força terras palestinas, foi inventado pelas grandes potências) de Israel apóia o genocídio contra palestinos, acredita piamente que são superiores e agora contam com apoio dos cristãos fundamentalistas, como na Noruega.

Tudo bom as bênçãos do líder nazista Bento VXI e a inspiração do beato João Paulo II.

No caso específico do Brasil, um desses vários vacilos do governo Lula e um acordo de livre comércio com Israel abriu as portas para que o Estado nazi/sionista comece a ocupar o País em setores estratégicos e logo logo toma posse.

Israel é hoje quem detém o controle acionário de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. Deixou de ser o segundo majoritário acionista, passou a ser o primeiro. Impõe medo e terror em todo o mundo.

Por aqui também as polícias militares – organizações terroristas principalmente contra professores, trabalhadores de um modo geral – são financiadas e treinadas por agentes norte-americanos e israelenses.

O tráfico de drogas? Isso é bobagem, os grandes cartéis proporcionam grandes lucros aos bancos em todo o mundo, movimentam bilhões de dólares por ano e gerente estende tapete vermelho para qualquer Beira-mar da vida. Os grande bancos são de judeus/sionistas, logo de criminosos contra a humanidade.

O que se percebe é que determinadas matérias de interesse do latifúndio, dos donos, são veiculadas por redes como a BANDEIRANTES, por uma espécie de contenção de gastos. A turma lá é mais barata e um extra por conta de matérias criminalizando muçulmanos, ou mentindo com um general traidor sobre RAPOSA RESERVA DO SOL, acaba permitindo uma noite num inferninho de melhor qualidade.

Ao invés de pastel de vento, um de carne, outro de palmito e um dia chegam ao caviar.

A Noruega, como qualquer país da Europa Ocidental, da chamada Comunidade Européia vive um processo de nazificação e isso está óbvio nas declarações do governador geral da Micro-Bretanha, David Cameron, que decretou o fim do multiculturalismo.

Os jovens que estavam na ilha e foram assassinados covardemente por um cristão fundamentalista estavam, exatamente, defendendo o multiculturalismo.

A BANDEIRANTES sabia disso muito antes da edição do telejornal de sexta. O importante, no entanto, é a mentira.

Ressuscitar o general Augusto Calabar Heleno deve ter valido uma boa nota do latifúndio. Via de regra vem em forma de anúncios para não dar muito na pinta.

É possível até que tenha a ver com projeto do ministro da Defesa Nelson Jobim de entregar 30 quilômetros de fronteiras para operação conjunto de traficantes que governam a Colômbia com militares brasileiros. Breve, consultores norte-americanos.

Dizem, não sei, dizem, que o Brasil é governado por Dilma Roussef e que a presidente é brava.

Tenho minhas dúvidas. O governo exibe um nível de entreguismo semelhante ao de FHC.

A propósito, contam que um norte-americano que estava no Brasil quando a princesa Izabel assinou a Lei Áurea pegou um pouco de terra de nosso (nosso?) País e disse que iria levar ao seu país (seu? Agora é de Israel) para mostrar que o que aqui se fez com paz, lá se fez com sangue (mentira histórica).

Não é bem assim. Vejamos o caso da Grécia. Lá impuseram um pacote goela abaixo dos gregos que resistem nas ruas. Aqui tentaram primeiro com um tresloucado, Collor de Mello e conseguiram com um canalha lato senso, Fernando Henrique. É só pegar o governo do tucano e comparar com o pacote imposto à Grécia.

Disso também a BANDEIRANTES não fala nada.

Está no bolso dos caras, como qualquer GLOBO da vida, só que com a vantagem de ser bem mais barata que a concorrente. 

Vem aí Haroldo Lima, dizem que comunista, mas da empresa PC do B, defender a presença de companhias estrangeiras no pré-sal. Os caras são artistas. E ainda controlam a UNE, antiga União Nacional de Estudantes, transformada num grande conglomerado de grandes “negócios”, tipo código florestal de Aldo Rebelo.  
      

sábado, 23 de julho de 2011

Agenda para um espanhol indignado


Emir Sader*

O correspondente do jornal espanhol El País no Brasil não se conforma. Diz que não entende como aqui não há um movimento dos jovens indignados, como no seu país. Com tanta corrupção, diz ele, certamente leitor assíduo da velha mídia e menos da realidade concreta. Palocci, Ministério dos Transportes, processo do mensalão. Onde está a juventude brasileira? Perdeu a capacidade de se indignar? Está corrompida? Está envelhecida? Não tem os valores morais da juventude do velho continente?

Ele se indigna no lugar da nossa juventude, com um país carcomido pelos hábitos corruptores da velha politica populista e patrimonialista. Aderiu ao Cansei.

Dá pena. Ele não entende nem o nosso país, nem o dele. Acha que os jovens se indignam com a corrupção, na forma que a velha mídia a trata, como mercadoria de denúncia contra o Estado, a política, os governos, etc. etc.

Se comparasse a situação do seu país e do nosso poderia entender bem um ou até mesmo os dois países. Sugerimos uma agenda para sua visão obnubilada.

Por que não compara a popularidade do Zapatero com a do Lula? Por que será que um é enxotado – até mesmo por editorial do seu jornal, chegado ao PSOE, que diz que se ele quer fazer algo de vem pra Espanha, deve ir embora imediatamente – e o outro saiu do governo com 87% de popularidade e 4% de rejeição, mesmo tendo toda a mídia contra? O que é indignante: ter Zapatero como dirigente máximo do país ou a Lula?

Não lhe indigna saber que o seu país, que foi colonizador, se apropriando das riquezas produzidas pelos escravos neste país, que continua a explorar mediante os grandes bancos, petroleiras, companhias de telecomunicação a este continente, se encontra, há já quase 4 anos em crise. Enquanto nós, explorados, dominados, submetidos aos organismos internacionais que vocês apoiam, saímos a quase três anos da crise. Não lhe indigna isso?

Não lhe indigna que aqui todos os imigrantes podem se legalizar e ser tratados com igualdade de direitos, enquanto no seu país semanalmente chegam embarcações com centenas de pessoas provenientes da África – que vocês ajudaram a espoliar -, vários deles já mortos, e são presos e devolvidos a seu continente de origem, tratados como seres inferiores, rejeitados, humilhados e ofendidos?

Não lhe indigna que aqui, com muito menor quantidade de recursos, estamos próximos do pleno emprego, enquanto no seu país o desemprego bate recordes, chega a praticamente 50% para os jovens? Em condições que as elites ricas esbanjam dinheiro pelo mundo afora? Não lhe indigna isso?

Daria para continuar falando muito mais. Se lhe indignassem essas coisas, teria saído com os jovens espanhóis que continuam a ocupar ruas e praças, indignados, eles sim, com tudo isso que passa no seu país. Eles defendem os imigrantes, os desempregados, todos vítimas principais do governo que seu jornal apoiou até ontem.

Não lhe indigna que Lula seja um líder mundial, que vá à África propor medidas de luta contra a fome, enquanto o seu país rejeita os africanos e continua a explorar os recursos daquele continente?

Creio que, no fundo, o que indigna ao jornalista espanhol é que seu país perdeu a competição para sediar os Jogos Olímpicos, derrota com que não se conforma, então tenta desvalorizar o Rio e o Brasil, com denúncias reiteradas e multiplicadas sobre problemas de insegurança pública, de atraso nas obras da Copa e das Olimpíadas.

O que indigna é sua incapacidade de não compreender nem o seu país, nem o país sobre o qual ele deveria fazer cobertura que permitisse que os leitores compreendessem o Brasil. Mas ele não compreende sequer o seu país, como vai compreender o nosso?

É indignante realmente. Estivesse na Espanha, estaria com os jovens indignados, contra um governo como o que tem eles, com uma mídia como a que tem eles.


Fonte: Blog do Emir Sader

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Cansei. Agora, sou Agro

 Leonardo Sakamoto*

Empresas e entidades ligadas ao agronegócio lançaram, esta semana, uma grande campanha de mídia para tentar reverter a imagem negativa do setor, contando com atores como Lima Duarte e Giovana Antonelli. O Movimento de Valorização do Agronegócio Brasileiro – Sou Agro envolve também a produção de notícias e o desenvolvimento de pesquisas. A verdade é que, para mudar a imagem do agronegócio, que não vai lá muito bem com os recentes assassinatos de trabalhadores rurais, a tratorada sobre o Código Florestal, o trabalho escravo velho de guerra, noves fora os problemas de sempre, vai ser necessário uma campanha muito longa.
Quando o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros (lembram do “Cansei”?), organizado pela OAB-SP e parte rechunchuda da elite brasileira, foi lançado tive a mesma sensação estranha que estou tendo agora com o Sou Agro. A de que soa como algo que quer fazer com que você defenda interesses específicos pensando lutar pelo interesse nacional, passando por cima de algumas verdades. Que, muito provavelmente, não estarão na boca do Lima e da Giovana.
O Brasil não conseguiu garantir padrões mínimos de qualidade de vida aos seus trabalhadores rurais, principalmente aqueles em atividades vinculadas ao agronegócio monocultor e exportador em área de expansão da fronteira agrícola. Ocorrências de trabalho escravo, infantil e degradante, superexploração do trabalho, remuneração insuficiente para as necessidades básicas são registradas com freqüência. Prisões, ameaças de morte e assassinatos de lideranças rurais e membros de movimentos sociais que reagem a esse quadro também são constantes e ocorrem quase semanalmente. A estrutura fundiária extremamente concentrada também funciona como uma política de reserva de mão-de-obra, garantindo sempre disponibilidade e baixo custo da força de trabalho para as grandes propriedades rurais.
Parte do agronegócio brasileiro ainda não consegue operar com práticas sustentáveis, fazendo com que o meio ambiente sofra as conseqüências do desmatamento ilegal, da contaminação por agrotóxicos, do assoreamento e poluição de cursos d’água, entre outros. Da mesma forma, para a ampliação da área cultivável ou no intento de viabilizar grandes projetos há um histórico de expulsão de comunidades tradicionais, sejam elas de ribeirinhos, caiçaras, quilombolas ou indígenas, que ficou mais intensa com a colonização agressiva da região amazônica a partir da década de 70. Esse tipo de ação tem sido sistematicamente denunciado pelos movimentos sociais brasileiros às organizações internacionais – Belo Monte que o diga.
Mesmo se fossem fechadas as fronteiras agrícolas da Amazônia e do Cerrado – hoje abertas e em franca expansão – o país ainda teria uma das maiores áreas cultiváveis do planeta. Da mesma forma, seu clima (diverso, entre o temperado e o tropical, o que garante um vasto leque de produtos), relevo (grandes extensões de planícies e planaltos), disponibilidade de água e um ciclo de chuvas relativamente regular na maior parte do ano garantem excelentes condições de produção.

 Além disso, o Brasil é um dos países mais populosos do planeta, com mais de 180 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 10% trabalham no campo. Há mão-de-obra disponível, o que garante o desenvolvimento e a ampliação das atividades sem depender de migração externa ou de um choque de mecanização, como acontece com a União Européia ou os Estados Unidos.
O país possui uma legislação trabalhista que, se fosse seguida corretamente, seria capaz de resolver boa parte dos problemas sociais que ocorrem nessas propriedades rurais. Ela incomoda o capital e prova disso são as fortes pressões de empregadores por uma reforma que diminua os gastos com os direitos trabalhistas. 
O que existe efetivamente é um descompasso entre o que prevê a lei e a realidade no campo. Na busca por aumentar sua faixa de lucros e seu poder de concorrência no mercado nacional e internacional, parte dos agricultores descumpre o que está previsto na legislação e explora os trabalhadores, em intensidades e formas diferentes. Ficam com parte dessa expropriação e transferem a maior fatia para: a) a indústria, b) comerciantes de commodities de outros países e c) o sistema bancário brasileiro e internacional – que financia a produção.

 Os casos de exploração mais leves são mais freqüentes e dizem respeito ao pagamento de baixos salários e à manutenção de condições que colocam em risco a saúde do trabalhador. Do outro lado, as ocorrências mais graves estão na utilização de mão-de-obra escrava.
Como os casos “mais leves” de desrespeito ao trabalhador são mais freqüentes, eles passam despercebidos na mídia, preteridos em detrimento à gravidade do trabalho escravo e infantil, que ocorrem em menor número. Também não é interesse de algumas empresas de comunicação em discutir aumentos de salários no campo, uma vez que é freqüente a propriedade de TVs, jornais e rádios por grupos familiares do agronegócio. Já os assassinatos de trabalhadores rurais são vistos como “baixas de conflito”, inseridos em um discurso de que a defesa da propriedade privada predispõe e justifica o uso da força. Segundo esse discurso, é comum o progresso ter as suas vítimas.


A força política dos proprietários rurais continua sendo um entrave para a mudança dessa estrutura. Há uma laissez-faire no campo.
O detentor da terra na Amazônia, por exemplo, muitas vezes exerce o poder político local, seja através de influência econômica, seja através da força física. O limite entre as esferas pública e privada se rompe. Há no Congresso Nacional um influente grupo de parlamentares que defende os interesses das grandes empresas rurais, a chamada “bancada ruralista”. Infelizmente, esses deputados e senadores têm inviabilizado a aprovação de leis importantes que poderiam ajudar efetivar os direitos dos trabalhados do campo – como a que prevê o confisco das terras em que trabalho escravo seja encontrado. Temem que isso afete os seus principais eleitores.


É necessário acelerar a efetivação dos direitos dos trabalhadores e alterar a estrutura agrária brasileira. A tarefa é árdua, tendo em vista as razões expostas anteriormente, e passa também por mudanças políticas e econômicas que, certamente, irão incomodar as elites rurais, industriais, comerciais e financeiras, tanto do Brasil como do exterior, que lucram com esse sistema.
Infelizmente, a forma como vem sendo feito o desenvolvimento da agricultura brasileira, principalmente em regiões de expansão agrícola na Amazônia e no Cerrado, tem trazido crescimento econômico, mas não bem-estar social. Apesar do nível de consciência do trabalhador rural ter aumentado significativamente nos últimos anos, o que é pré-condição para que ele se torne um protagonista social, a mobilização ainda é insuficiente para uma mudança radical na estrutura de concentração econômica no campo. O governo Lula esteve aberto ao diálogo com grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mas frustrou expectativas por não tomar decisões que alterariam o statuo quo no campo. Pelo contrário, reforçou-o. Uma delas seria dar, pelo menos, o mesmo apoio garantido ao latifúndio para a pequena propriedade, considerando que a sua produtividade é comparável ou maior, ao passo que a degradação do meio ambiente e da força de trabalho são maiores na grande propriedade. Ressalte-se que apesar das grandes fazendas ficarem com a maior fatia do bolo do financiamento público, as pequenas propriedades é que empregam 80% da mão-de-obra no campo, produzem a maior parte dos alimentos consumidos pela população brasileira.
Ou seja, seria necessário um enfrentamento político e econômico contra as condições que garantem a exploração do trabalhador e do meio ambiente. Fato que, até a vista alcança, permanece distant


Leonardo Sakamoto* Jornalista e doutor em ciências políticas.

Fonte: BLOG DO SAKAMOTO

quinta-feira, 21 de julho de 2011

ANP: a raposa tomando conta do galinheiro

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Tomou posse na Agência Nacional do Petróleo (ANP), agora em julho, dois diretores: Florival Carvalho e Helder Queiroz. Nada de novo, todos membros da agencia são defensores da lei entreguista de FHC [9478/97], a começar pelo diretor-geral, Haroldo Lima

Por Emanuel Cancella *


Haroldo, um comunista, filiado ao PcdoB, que deixaria incrédulo um ativista da campanha "O Petróleo É Nosso!". Os comunistas foram vanguarda da campanha que movimentou brasileiros no maior movimento cívico nas décadas de 1940 e 1950, resultando na criação da Petrobrás e na introdução do Monopólio Estatal do Petróleo [Lei 2004/53].
Ver agora Haroldo (um camarada) defender leilões de petróleo, a presença das multinacionais do petróleo em nosso país, é dose. Na posse dos novos diretores, estavam presentes figuras como Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que dispensa comentários; ex-diretores da ANP, como David Zylbersztajn – ex-genro de FHC, autor da celebre frase em sua primeira entrevista como diretor-geral da ANP: "O petróleo é vosso!". Parafraseando com extremo mau gosto e desrespeito aos nossos antepassados "O Petróleo É Nosso!".
Agência do petróleo, como todas as outras existentes no país, estão a serviço do capital. Se contemporânea fosse a ANP da campanha do petróleo no passado, seria a principal inimiga do movimento, pois a agência assume a defesa de empresas privadas estrangeiras e a entrega do nosso petróleo por meio de leilões às multinacionais.
O presidente Lula mandou desengavetar e dar prioridade ao projeto do pré-sal, que há trinta anos dormia nas gavetas da Petrobrás. Lula também mudou o marco regulatório do petróleo, porém, somente para área do pré-sal. Além disso, Lula afastou a ameaça de privatização da Petrobrás e retomou a indústria naval. Lula deu o tom nacionalista à indústria do petróleo, mas ainda é pouco diante das perspectivas do setor. E o pior: Lula manteve os leilões de petróleo. Vamos ver o comportamento da presidenta Dilma frente ao setor.
Já Haroldo, defende dois leilões ao ano. Haroldo se defende das críticas dizendo que na ANP segue a política de Lula, e agora de Dilma. Teria razão o camarada Haroldo se estivesse numa ditadura e se a ordem viesse de um torturador. Mesmo nessas circunstancias, vários comunistas morreram e não traíram seus ideais.
Como não estamos numa ditadura, muito pelo contrario, e cá para nós, Haroldo se sente muito a vontade no papel que exerce. Resta-nos, precursores da campanha do petróleo, agora denominada "O Petróleo Tem que Ser Nosso”, combater as multinacionais, o governo e a ANP!

* Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ
.
Fonte: Agência Petroleira de Notícias

JOBIM E AS FRONTEIRAS




Laerte Braga


A presidente Dilma Roussef mostra claro repúdio à corrupção no Ministério dos Transportes. A reação dos dirigentes do PR (na verdade PP – PARTIDO DOS PASTORES) ameaçando retaliações na base aliada dá o tamanho das dificuldades de qualquer governo que se pretenda do centro para a esquerda (mas só do que se pretenda) em se tratando de Poder Legislativo. A “necessidade” de coalizações com bandidos do PR...

... E do PMDB. Se Dilma mostra força contra a corrupção o mesmo tipo de atitude não existe em relação ao ministro e um dos “donos” do governo, Nelson Jobim. O ministro da Defesa (ligado ao Departamento de Estado dos EUA, funcionário de potência estrangeira) quer um estudo sobre as fronteiras do Brasil com a Colombia, a Bolívia e o Paraguai para dar início a um processo de instalação de base norte-americana em território brasileiro, dentro do esquema do PLANO COLÔMBIA.

Ou seja, o Brasil ocupado pelos norte-americanos, o mingau comido pelas beiradas. Jobim manda estudar as fronteiras com três países, opta por “combater o tráfico de drogas” numa área de 30 quilômetros comum a ação de militares brasileiros e colombianos – o alvo principal é a guerrilha – a dança de dois prá lá, dois prá cá, em breve militares dos EUA “combatendo” o tráfico em todos os cantos do País.

Há um consentimento e uma cumplicidade complicada das Forças Armadas brasileiras, ainda colonizadas e dominadas pelos norte-americanos a partir de sua cúpula.

O governo Dilma Roussef opta pelo pragmatismo, mesmo porque a corrupção no Ministério dos Transportes é como a corrupção em si conseqüência do modelo econômico, do capitalismo.

Ouço e leio sobre corruptos, mas não ouço e leio sobre os corruptores, no caso empresas, empreiteiras, todas elas com contratos polpudos com o governo. O que será feito? O esquema tucano de rever os contratos e trazer os custos para o mundo sem propinas e as empresas permanecem, ou seja, o câncer fica por lá, no cerne do organismo? Muda de lugar?

O PMDB tomou conta de Dilma, pior, o PMDB tucano. Jobim e o vice-presidente Michel Temer foram ministros de FHC. Têm claro comprometimento, principalmente Jobim, com potência estrangeira, defendem interesses alheios aos interesses nacionais, mas...

... Brigar com o PR é uma coisa, rende dividendo num governo fraco e sem comando (a presidente é tutelada por tanta gente que vai acabar zonza), o que não significa que corruptos não precisem e não devam ser afastados – se for por isso Jobim também é corrupto –, outra coisa é brigar com a quadrilha tucana que se abriga dentro do PMDB.

Aí, falta a coragem de enfrentar os grandes bandidos. Fica nos pequenos.

O tal pragmatismo da presidente (tecnocracia de viseira absoluta) não passa de entreguismo e vai continuar a ser assim enquanto figuras como Jobim, Moreira Franco e outros corruptos continuarem a ditar ordens.

Tipo sentido, ordinário, marche. Marcha em direção a cair de joelhos diante de interesses militares e políticos de norte-americanos. Já planejam a entrega da PETROBRAS para mais a frente.

O PT? Existe ainda como partido de esquerda? Que esquerda? Desde quando peleguismo virou esquerda? Exceto os que teimam em sobreviver e perseguir a história do partido. São muitos na base e militantes antigos, o resto se abriga e aninha atrás de mesas com telefone, secretária, clips, carimbo e placa de autoridade em qualquer coisa, tudo no largo espectro do Estado. Chapa branca da cúpula de “consultores”.

A manobra de um político com experiência em trair seu país, em aceitar trabalhar para potência estrangeira, vender mesmo é típico dele desde quando se declarou “líder do governo no STF – era pré Gilmar Mendes – no processo de privatização, entre eles o da VALE com largo destaque.

Jobim é um tumor cuja única alternativa ao governo Dilma é cortar. Caso contrário se espalha por todo o organismo governamental e isso está acontecendo.

O governo colombiano, sistematicamente desde antanhos, é condenado por organizações internacionais de direitos humanos por crimes hediondos, contra a humanidade e por ligações com o tráfico de drogas.

Os verdadeiros chefes dos cartéis de drogas não estão instalados nas favelas (onde a maioria esmagadora das pessoas é decente e não tem parceria com o governador Sérgio Cabral, outro pilantra do PMDB, nem com o escritório de sua ex para legalizar casas padrão Luciano Huck ilegais), nem passando com vídeos amadores nas barbas da Polícia Federal, do Exército, dos fiscais da Receita na fronteira com o Paraguai, na ponte da Amizade.

Estão no governo colombiano, até o Departamento de Combate ao Tráfico dos EUA já denunciou esse fato, mas preferiram ignorá-lo, transformar a verdade em biombo, o trafico de drogas, para a ocupação militar de países da América do Sul pelos norte-americanos. Controle do petróleo, da água e do nióbio entre outros minerais.

E não foi por outra razão que Jobim disse no aniversário de FHC que estavam cercados de “idiotas”. À época se cobrou do ministro uma explicação sobre o sentido que queria emprestar à palavra.

É bem possível que na lista de tais esteja a presidente. Ou então cegueira absoluta. Não enxerga um palmo adiante do nariz.

O tal estudo que Jobim encomendou se presta à entrega de território brasileiro a militares norte-americanos com esse pretexto, o combate ao tráfico de drogas. E o fez ao Itamaraty de onde Dilma afastou – do comando – tanto o chanceler Celso Amorim, como o ministro e embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.

Documentos revelados pelo WIKILEAKS mostram Jobim de joelhos diante do embaixador dos EUA dizendo que tanto Amorim, como Samuel Pinheiro Guimarães eram anti-norte-americanos e, logo, “obstáculos” à recolonização do Brasil. Agora a sede é em Washington, não mais em Lisboa.

Brigar com bandidos de baixo coturno do PR é uma coisa. Brigar com bandidos de alto coturno do PMDB/tucano é outra coisa. E aí está faltando presidente, sobrando fracasso e falta de rumo.   

Vem aí mudança na grade curricular. Sai o português, ou vira facultativo, entra a nova língua mater, o inglês. Jobim dá a aula inaugural com ampla cobertura da GLOBO. Anthony Patriot e Moreira Franco ficam na primeira fila batendo palmas.       

É sopa de pedra ao qual acrescentam o latifúndio, indispensável a esse processo de entrega. 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Resistir é preciso....



por Nemércio Nogueira*


1187 Resistir é preciso...No dia 27 do mês passado, São Paulo assistiu a um evento de grande importância para a História do Brasil, proporcionado pelo projeto “Resistir é Preciso…”, promovido pelo Instituto Vladimir Herzog com o patrocínio da Petrobras.
O lançamento desse trabalho foi feito no Memorial da Resistência (antigo DOPS), resgatando para a nossa memória a trajetória de uma imprensa nacional que, com a   intenção explícita de resistir à ditadura e combatê-la, nasceu, cresceu e se expandiu no exílio , na clandestinidade e até nas bancas de jornais.
Essas três formas da imprensa resistir ao totalitarismo e à ditadura fazem parte fundamental de um cenário mais amplo da historiografia brasileira: a circulação de jornais para difundir idéias, sem a concordância do poder do momento. Vale lembrar, aliás, que o Correio Braziliense, marco do nascimento da imprensa brasileira, em 1808, era editado no exílio de Londres e distribuído clandestinamente para escapar à censura da corte portuguesa, que se mudara para a colônia brasileira.
A profunda pesquisa em que se baseia o projeto “Resistir é Preciso…” parte de uma coleção de mais de 250 títulos de publicações produzidas nas mais adversas condições, recolhidas pelo historiador José Luiz del Roio e catalogadas pelo Centro de Documentação e Memória da UNESP-Universidade Estadual Paulista. O projeto foi implementado sob a coordenação geral de Clarice Herzog e tendo os jornalistas Ricardo Carvalho como coordenador de conteúdo e Vladimir Sacchetta como coordenador de pesquisa. Com uma vida inteira dedicada à arte e à cultura, Fábio Magalhães é o curador de exposições do projeto.
O resultado desse trabalho é constituído da pesquisa, digitalização, contextualização e álbuns de fac-simile, dez documentários de 26 minutos, 60 depoimentos em vídeo dos protagonistas dessa história em uma coleção de 12 DVDs, programetes de três minutos de duração, uma publicação bilíngue amplamente ilustrada, portal de internet e exposições no Centro Cultural Banco do Brasil.
A revista Pif Paf, fundada por Millôr Fernandes em Maio de 1964, um mês após o golpe militar, foi a primeira publicação da imprensa chamada alternativa, que marcou o período de 1964 até a anistia, promulgada em 1979. Tinha como colaboradores alguns dos melhores jornalistas, escritores e cartunistas da época, como Rubem Braga, Antonio Maria, Sergio Porto, Ziraldo, Claudius, Fortuna e outros. Pif Paf, porém, só durou oito edições, porque a censura do governo a tirou de circulação. Em seu último número, um texto que transpira a ironia de Millôr advertia: “Se o governo continuar deixando que circule esta revista, com toda sua irreverência e crítica, dentro em breve estaremos caindo numa democracia”.
Ao longo dos 15 anos que durou esse período triste da nossa História, outros títulos se tornaram amplamente conhecidos, como Opinião, Movimento, Ex- e O Pasquim, o mais famoso de todos. Essas eram publicações alternativas, ou seja, legalmente constituídas, com autores e locais de impressão oficialmente sabidos. Menos conhecidos são órgãos produzidos na clandestinidade e no exílio, como Revolução, ligada a setores católicos radicais, ou a Frente Brasileira de Informações, que circulou na Argentina e Chile.
Publicações como essas surgiram no Brasil e no exterior como forma dos que se opunham ao regime totalitário manifestarem suas ideias e opiniões – e, naturalmente, quem as escrevia, publicava e distribuía era alvo prioritário da repressão.
Ao promover a realização do projeto “Resistir é preciso…”, o Instituto Vladimir Herzog cumpre sua principal missão, que é ajudar a preservar a História do Brasil, com foco especial a partir do golpe de 1964 e tendo como centro de referência a própria história do jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado pela ditadura.
Fundado em 25 de Junho de 2009, com o objetivo de contribuir para a reflexão e produção de informação que garanta o direito à vida e à justiça, o Instituto, sem fins lucrativos e com neutralidade político-partidária, tem também por meta promover, orientar e premiar trabalhos de comunicação sobre temas pertinentes às questões que afetam tais direitos.

* Nemércio Nogueira é consultor de empresas e diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog.
(O autor)

Fonte: publicado originalmente no site Envolverde

terça-feira, 19 de julho de 2011

Escândalo Murdoch: outra renúncia uma morte suspeita

Sean Hore, o primeiro jornalista do News of the World a denunciar pressões para realizar escutas, foi encontrado morto em sua casa. Hore havia apontado o ex-editor do jornal agora fechado e ex-assessor do primeiro ministro britânico, Andy Coulson, como a pessoa que pedia que ele realizasse escutas. Escândalo derrubou sub-chefe da Polícia, John Yates, que admitiu ter demorado oito horas para decidir que "não valia a pena seguir investigando o caso".
Página/12

         Logo depois da prisão de Rebekah Brooks, braço direito de Rupert Murdoch, e da renúncia do chefe máximo da Polícia Metropolitana londrina, Paul Stephenson, por causa das escutas ilegais do império midiático Murdoch, ocorreu a demissão do sub-chefe da Polícia, John Yates, que, na semana passada, admitiu ao parlamento que demorou oito horas para decidir que “não valia a pena seguir investigando o caso”. Além disso, Sean Hore, o primeiro jornalista do News of the World a denunciar pressões para realizar escutas, foi encontrado morto em sua casa. Hore havia apontado o ex-editor do jornal agora fechado e ex-assessor do primeiro ministro britânico, Andy Coulson, como a pessoa que pedia que ele realizasse escutas.
         Yates resistia a renunciar a seu cargo, mas as possibilidades dele permanecer se reduziram após a renúncia de Stepehenson, que foi pressionado por seus vínculos com Neil Wallis, ex-subeditor do tablóide que era propriedade de Murdoch, e que foi detido na semana passada. A notícia da demissão de Yates surgiu pouco antes da ministra do Interior, Theresa May, comparecer ao Parlamento para explicar a crise da Scotland Yard e seus vínculos com o jornal que, após 168 anos, fechou por causa do escândalo.
         May, em sintonia com a posição oficial, assegurou que Stephenson tomou uma decisão “honrada” ao se demitir de seu posto, e acrescentou que “ainda há sérios aspectos que devem ser esclarecidos” sobre o escândalo das escutas. Ela também expressou sua “preocupação” pelos vínculos entre Scotland Yard e Wallis.
         No domingo, o caso havia assumido novos contornos com a prisão de Rebekah Brooks, que foi liberada 12 horas após ser detida para interrogatório. Nesta terça, juntamente com Rupert e James Murdcoh, a editora se apresentará ante a Câmara dos Comuns.
         Em meio a crescentes críticas oposicionistas, o primeiro ministro David Cameron propôs a realização de uma sessão extraordinária, quarta-feira, no Parlamento, “para que possa fazer uma declaração e informar a Câmara sobre a parte final desta investigação judicial e responder a qualquer pergunta que surja nestes últimos dias”, assinalou. Essa sessão modifica os planos dos parlamentares, que pretendiam desfrutar de seis semanas de férias a partir de terça. O próprio Cameron foi obrigado a abreviar seu giro pela África de cinco para dois dias, pressionado pelas queixas da oposição.
         O líder trabalhista Ed Miliband acusou o premier de estar “paralisado” por suas antigas decisões. Cameron, exigiu, tem que responder a “perguntas difíceis”. Entre elas, dizer se em suas reuniões com Rebekah Brooks, falou-se da compra da cadeia BskyB, uma aquisição que foi congelada por Murdoch em razão do escândalo.
         Como se tudo isso não bastasse, Hore, que havia incriminado o ex-porta voz do governo, foi encontrado morto em sua casa, ainda que a polícia tenha dito que, por enquanto, não suspeita de um caso de violência. Hore havia assegurado ao jornal New York Times que foi pressionado por Coulson, então redator chefe do jornal envolvido no escândalo, a realizar escutas. A morte do jornalista ainda não foi esclarecida, disse a policía no condado de Hertfordshire, onde Hoare morava.
         Tradução: Katarina Peixoto

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O CORONEL ASSASSINO - O JORNALISTA ASSASSINADO A TORTURA


Laerte Braga


É difícil você ter respeito pelas forças armadas quando nos quartéis resistem e impedem a divulgação de documentos que mostram o que foi o golpe militar de 1964 e todo o aparato repressivo montado para sustentar a monstruosidade que se abateu sobre o Brasil.

“De um modo geral os homens prisioneiros se despiam fácil, mas as mulheres se negavam e resistiam. Primeiro argumentavam. Com paciência e com ira perguntavam se o torturador faria isso com a mulher, a mãe, a irmã, ou a filha. Depois empurravam o sargento que lhes ia arrancando a blusa ou a saia. Outras vezes mentiam e se diziam menstruadas, sem saber que provocavam, assim, um sadismo abominável e abjeto: dois ou três se atiravam sobre a prisioneira e, subjugada, era apalpada e cheira nos órgãos genitais, enquanto lhe arrancavam a roupa. E logo bolinada por aquelas mãos habituadas ao sangue, que tocavam a pele e o sexo, não como carícia nem para amar, mas para destruir ou marcar a ferro como numa rês. E como ela já estava no chão deitada e inerme, abriam-lhe as pernas e – para começar e não como requinte final, como era norma – metiam-lhe o cabo elétrico diretamente na vagina. Nesses casos o major M.F. costumava gritar para o sargento: “calma, calma. Não coma a sobremesa antes do feijão. E aquele pequeno e poderoso estado-maior da tortura, ali reunido em torno da presa, ria e ria muito, numa gargalhada galhofeira, festando o triunfo” (MEMÓRIAS DO ESQUECIMENTO, Flavio Tavares, Editora Globo, 1999).

O coronel Brilhante Ulstra, hoje colunista do jornal FOLHA DE SÃO PAULO (cedia os caminhões de entrega para a desova de corpos de presos assassinados no DOI/CODI paulista, na simulação de atropelamento), já condenado em primeira instância e declarado torturador pela Justiça, jorra patriotismo em defesa do que chama democracia e valores como liberdade, pátria, etc. É um dos exemplos a justificar a frase de Samuel Johnson – “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.

No segundo processo – conseguiu paralisar o primeiro – movido pela família do jornalista Luís Eduardo Merlino, agora, dia 27 de julho, às 14h e 30m, no Fórum João Mendes, no centro da capital de São Paulo, vai ser confrontado pelas testemunhas arroladas pela família de Merlino. Ulstra assassinou o jornalista na forma cruel e covarde que foi marca registrada dele e outros militares, do regime imposto pelo golpe de 1964. Como a outros presos que caiam em suas garras de fascista sem qualquer escrúpulo ou respeito pelo ser humano.

Merlino morreu nas dependências do DOI/CODI, o coronel era o comandante, em julho de 1971. 

Serão ouvidas testemunhas que presenciaram as torturas sob o comando de Brilhante Ulstra.  Entre as testemunhas de defesa arroladas pelo torturador está o ex-presidente da República José Sarney, atual presidente do Senado, um dos principais interlocutores de Dilma Roussef. Sarney tem comprometimento direto com a tortura, valeu-se dela para afastar adversários no Maranhão, serviu de maneira rasteira à ditadura e hoje tenta a todo custo impedir que os documentos da época sejam tornados públicos. Teme que sua face monstro (além de corrupto) também apareça.

Outra delas é Jarbas Passarinho, coronel é ministro dos governos Costa e Silva e Médice que na reunião que deliberou sobre a assinatura do Ato Institucional nº 5, o símbolo da boçalidade do regime militar, afirmou alto e bom som diante de algumas dúvidas do presidente Costa e Silva – “as favas com os escrúpulos senhor presidente, vamos assumir que somos uma ditadura mesmo”.

A ação movida pela família de Merlino – sua irmã Regina Merlino Dias de Almeida e sua ex-companheira Ângela Mendes de Almeida, é subscrita pelos advogados Fábio Konder Comparato, Claudineu de Melo e Aníbal Castro de Sousa. É por danos morais, o suficiente para comprovar o caráter perverso, animalesco do coronel e “patriota” Brilhante Ulstra. O reconhecimento da morte por crime de tortura. Crime contra a humanidade, imprescritível.

No mesmo livro citado acima, do jornalista Flávio Tavares (ex-preso político e trocado no seqüestro do embaixador Charles Burke Elbrick) há uma revelação que mostra o caráter repugnante dos torturadores. Muitas vezes, afirma o jornalista, familiares, dentro da lógica da Escola das Américas – mantida pelos EUA para todos os fins golpistas e brutais que caracterizam aquele país – eram detidos para forçar a apresentação dos que resistiam à ditadura.

O jornalista refere-se a Iracema Ferreira Silva e sua cunhada Marlene. Foram presas por conta do irmão de Marlene e torturadas a exaustão.

“...Veio tenente Magalhães, jovem e ágil de pernas, e me enxotou dali a pontapés nos testículos. E, nuas, elas foram torturadas noite adentro penduradas no pau de arara, o choque elétrico deve ter percorrido nelas toda a intimidade do corpo e da alma, pois elas gritavam e gritavam fundo, em cadência. Era o cadenciado balé orquestrado pelo major  que, maquininha não mão, costumava dar três passos para um lado e acionar a manivela de 220 volts, e logo repetir a operação com três passos para o outro lado, numa dança interminável. Nenhum preso dormiu  aquela madrugada: os gritos das duas soavam ritmados, como chibatadas no ar, e só terminaram quando o dia raiava. Por cansaço dos carrascos”.   

Nas escolas e colégios militares ainda ensinam a “história” do golpe segundo a visão de boçais como esses. Majores, sargentos, coronéis, tenentes, etc.

Não se respeita uma força armada por gente assim e pela covardia de se esconder atrás de uma anistia que apenas beneficiou a eles. Torturadores, estupradores, assassinos frios e impiedosos comandados por potência estrangeira. Continuam a ser até prova em contrário.   

Merlino era jornalista, foi assassinado aos 23 anos de idade, militava no Partido Operário Comunista.
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No dia 30 de julho o COLETIVO MERLINO, no ciclo dos SÁBADOS RESISTENTES, realizados pelo MEMORIAL DA RESISTÊNCIA e pelo NÚCLEO DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA POLÍTICA, em São Paulo, organizará uma homenagem ao jovem jornalista vítima da bestialidade da ditadura militar e especificamente de um dos seus mais monstruosos torturadores, o coronel Brilhante Ulstra, escondido impune atrás da anistia.

Estarão presentes, além da companheira de Merlino, a historiadora Ângela Mendes de Almeida, João Machado, economista e militante da IV Internacional, filiado ao PSOL. Valério Arcary, historiador e militante do PSTU. Joel Rufino dos Santos, historiador e escritor e Tonico Ferreira Jornalista.

No evento será projetado um vídeo com as inspirações políticas de Merlino e uma fala do cientista político Michael Lowy sobre a convivência que tiveram. Convidados, familiares, militantes e amigos dirão breves palavras sobre Merlino.

Isso no Largo General Osório, 66, bairro da Luz. No auditório VITAE, no 5º andar.

Um resgate da vida e da luta pelo direito à memória e a verdade.

Conhecer o que de fato aconteceu no Brasil com o golpe militar de 1964, revelar toda a sanha assassina de torturadores como Brilhante Ulstra, até para que a história não se repita. Dele –Brilhante Ultra -, o caráter do golpe e todos os torturadores acovardados e agachados diante da lei da anistia.

Não é possível fugir da História e nem se deve temer a luta.

É o resgate do ser humano em seu sentido pleno. Brilhante Ulstra não está nesse plano. Luís Eduardo Merlino, ao contrário, é essência e presença na coragem e na busca de ideais de um mundo alternativo e diverso desse mundo gerado nas entranhas do capitalismo e seus tentáculos mortais.       

    

A LINGUAGEM DO PODER


Laerte Braga


As características de uma Federação de mentira, um ornitorrinco, transformam governadores dos estados brasileiros e prefeitos de nossas cidades em meros mendigos do Governo Federal. Seja porque transformam governos estaduais em feudos (caso da família Sarney no Maranhão e se apropriam dos recursos públicos e da máquina estatal em proveito próprio), seja porque não existe outro objetivo que não esse o de saquear o dinheiro público.

A maioria esmagadora dos governadores e a maioria esmagadora dos prefeitos. A isso alia-se a soma de um poderoso marketing via mídia privada (comprada sempre com dinheiro público qualquer que seja a sua dimensão, nacional, estadual ou regional), capaz de fazer com que boa parte da população carioca acredite que Eduardo Paes seja um prefeito honesto, preocupado com o bem estar do cidadão, com o presente e o futuro da cidade, quando é apenas parceiro de Sérgio Cabral, o governador, no processo de destruição do Rio. Essa “parceria” ocorre em vários outros estados (Minas, com a aberração política Antônio Anastasia e Márcio Lacerda, o prefeito de BH, etc).

Um pouco antes de deixar o governo de São Paulo José Serra determinou à Polícia Militar (são resquícios de um tempo que não existe mais, organizações terroristas a serviço das elites) que fosse dura e enérgica na repressão à greve de professores estaduais.

Não deu outra. A PM paulista, literalmente, baixou a borduna, desceu a borracha.

Esse procedimento ocorre em quase todo o País, em quase todos os estados brasileiros. O tratamento dispensado à Educação e a Saúde, direitos básicos do cidadão e dever do Estado, é a repressão pura e simples.

Professores são espancados no Rio Grande do Norte, no Rio, em Minas, em Santa Catarina, em São Paulo, Espírito Santo e vai por aí afora.

A “ordem” desse tipo de governador – ocorre nos municípios também – é mantida.

Num estado como Minas, feudo de algumas poucas famílias, governado por um desastre inventado por Aécio Neves, outra descalabro, a situação do magistério estadual é aviltante. Não é uma prática que resulte da falta de recursos (sobram recursos para bancos, empreiteiras, terceirizações, jornal ESTADO DE MINAS e todo seu entorno de mídia vendida).

É ação deliberada e qualquer emergência os terroristas fardados da PM resolvem.

No episódio envolvendo o Corpo de Bombeiros do Rio o desgovernador Sérgio Cabral, corrupto de carteirinha, num primeiro momento chamou os soldados de “vândalos”. Não contava com a reação pública e entre um contrato e um vôo com Eike Batista, grossas propinas, voltou atrás e acertou-se via mídia (o esquema GLOBO sempre, apesar de ser o mais caro, mas também o mais eficiente na mentira, na corrupção).

Professores são tratados como se animais fossem, escravos, trabalham em condições precárias, recebem salários míseros e se reivindicam o mínimo de dignidade para a função, para o trabalho, se mostram a importância que têm (valem mais que qualquer vereador por exemplo, que muitos deputados, senadores, governadores), os “homens da lei”, terroristas que falam a linguagem de um poder, baixam o sarrafo.

A repressão a trabalhadores da educação e a médicos do setor público de saúde exibe apenas a pilantragem de governadores e prefeitos no processo de privatização dos dois setores fundamentais, cassam o direito do cidadão e se eximem do dever do Estado, enchem suas burras de dinheiro e das empresas que assumem esses serviços e pagam o “sustento” desses governantes.

O prefeito da cidade de Juiz de Fora, MG, o tucano Custódio Matos, privatiza até a sombra do prédio da Prefeitura. O pobre menino com casa de milhões, prefere negócios com a Queiroz Galvão, rende mais, permite sonhos londrinos, obsessão do alcaide. No jogo político do clubinho tem um inquérito até hoje sobre compra de votos que não sai do lugar, ou se saiu, vai morrer nos escaninhos da Justiça.

O Brasil, aparentemente, está distante dos efeitos da crise que devasta a Europa Ocidental e vai dissolvendo países inteiros transformando-os em meras bases militares de um poder terrorista do complexo EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Os governos estaduais e municipais não têm hoje o manejo político do ex-presidente Lula, mas o rigor tecnocrático e tucano da presidente Dilma Roussef. Sobram cortes orçamentários, falta sensibilidade e percepção do tsunami que se aproxima por conta da falência do modelo chamado de nova ordem econômica, o neoliberalismo.

Isso faz com que governadores e prefeitos assumam posturas agressivas e os índices de quero o meu aumentem de forma desmesurada, uma espécie de garantia contra trombadas faturas. É só olhar o exemplo do ex-governador de Brasília, José Roberto Arruda, o que seria vice de José Serra (parte do esquema irmãos Metralhas).

Não significa que no governo Lula as condições de trabalhadores da educação e da saúde tenham melhorado. Não. Nos estados e municípios não. O disfarce, os tapumes que escondiam a realidade funcionavam melhor.

O que fica visível em todo esse processo que, neste momento, acontece em vários estados da Federação de mentirinha, é que trabalhadores da educação e da saúde são tratados como marginais dentro de um modelo político e econômico falido, corrupto e que esse tipo de situação não será mudada com diálogo junto ao clube de amigos e inimigos cordiais que compõem o chamado mundo institucional, mas nas ruas, na luta popular.

Fora disso é chover no molhado. Os terroristas fabricados em série no estilo BOPE nas PMs dos estados continuarão a descer a borracha em nome da “lei”, a deles.

E gente como Sérgio Cabral, Eduardo Paes, Antônio Anastasia continuará a governar para os interesses de gente como Eike Batista, Daniel Dantas e outros.

Na hora que acordar o cidadão comum, se acordar, vai se ver como que num deserto, no meio do deserto sem água. E um monte de castelos dessa turma, mas a GLOBO vai dizer que é miragem é que país, o mundo ocidental e cristão está em ordem. Se falhar tem PM, tem OTAN, todo um aparato “democrático”.

Água só na casa de Luciano Huck, a casa ilegal legalizada pelo governo corrupto de Cabral.

Já professores, médicos, trabalhadores...

O tratamento é borduna.

É a linguagem do poder para os que não se deixam seduzir pela linguagem alienante da GLOBO e assemelhados.   


Leia também: Reportagem do Jornal Nacional presta um deserviço à populaçao, "Megaeventos, doutrina do choque e a submissão do Rio.

Reportagem do Jornal Nacional de 13 de maio presta um desserviço à população


Carla Silva Machado*



No último 13 de maio, o Jornal Nacional da Rede Globo de televisão entrou no ar anunciando mais um dos problemas da educação brasileira, o editor e apresentador Willian Bonner  dá o boa noite e anuncia: “ livro didático de língua portuguesa recomendado pelo MEC defende o erro de concordância.”
Após algum suspense mostrando outra matéria, é a vez de Fátima Bernardes anunciar a matéria e novamente citar que o livro didático em questão é de língua portuguesa, é autorizado pelo MEC e defende o erro de concordância.
A matéria vai ao ar apresentada pelo jornalista Alan Severiano, ele apresenta uma página do livro em que os autores apresentam um exemplo com erros de concordância e fazem comentário de que não se pode considerar aquilo como erro, mas como desvio de linguagem, os autores  do livro aproveitam para discutir níveis de linguagem, variação linguística e preconceito linguístico. Após, uma das autoras do livro dá um depoimento concordando com as ideias defendidas em seu livro.
A matéria termina, e ao retornar ao estúdio, o apresentador-editor critica a posição da autora e o livro em questão, além de questionar o MEC por recomendar um livro assim, na concepção dele, com problemas, em seguida, o apresentador corrige dados apresentados no Jornal Nacional do dia anterior sobre o número de cursos de formação de professores, para, logo após, passar para a matéria seguinte.
O que o Jornal Nacional, ao apresentar uma matéria totalmente parcial, não leva em conta é que existe um campo de estudo chamado sociolinguística que defende que desvios padrões são permitidos em função de determinadas situações comunicativas, a página solta de um livro talvez não seja tão abrangente para fazer toda essa discussão, mas aponta para isso, quando menciona a questão do preconceito linguístico e da variação linguíistica, a escola precisa deixar claro para os alunos que existe uma norma culta, padrão, mas que existem inúmeras formas de comunicação, ou algum jovem fica preocupado com a norma culta ao bater papo no MSN?
O que Willian Bonner talvez não saiba é que os cursos de formação de professores, especificamente os de Letras e Pedagogia já trabalham com conceitos da sociolingüística há pelo menos 20 anos visando preparar o professor para atender a todas as camadas sociais que chegam à escola, que os PCNs de Língua Portuguesa, que são os parâmetros curriculares que servem para orientar as escolas de todo o Brasil na preparação de seus projetos pedagógicos já apresentam essa noção de desvio lingüístico no lugar de erro. Que esses PCNS foram lançados em 1996, ou seja, há pelo menos 15 anos o MEC discute a questão levantada no Jornal Nacional como uma denúncia educacional.
Sugiro ao editor e apresentador do Jornal Nacional ficar mais bem informado sobre questões educacionais e de linguagem, se não para informar corretamente à população, pelo menos para acompanhar seus filhos na escola, pois os mesmos devem entender melhor a sociolinguística  e a sutil diferença entre erro e desvio que o pai.
Carla Silva Machado*
Professora de Língua Portuguesa do curso de Comunicação Social
da  Faculdade Governador Ozanam Coelho (FAGOC/Ubá-MG)
Licenciada em Letras (UFV)/ Mestre em Educação (UFJF

"MEGAEVENTOS, DOUTRINA DO CHOQUE E A SUBMISÃO DO RIO"

Em 30 de outubro de 2007, a FIFA ratificou o Brasil como país-sede da Copa do Mundo de 2014. Em maio de 2009, a cidade do Rio de Janeiro foi confirmada para receber a partida final do evento, que acontecerá no estádio do Maracanã. Em 2 de outubro do mesmo ano, o Rio também foi selecionado, desta vez pelo COI, como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O entusiasmo e o ufanismo tomaram conta do noticiário, reforçando o discurso dominante que o Brasil vive o melhor momento de sua história. A Cidade Maravilhosa, "cidade global" segundo os urbanistas, tornou-se o balão de ensaio desse novo Brasil-potência, síntese mitificada da nova brasilidade, assumindo lugar semelhante à da Brasília dos anos 1960.

Em 1º de janeiro de 2009, Eduardo Paes, do PMDB, tomou posse como prefeito da cidade do Rio de Janeiro. A aliança ao redor dele reúne o governo do estado chefiado por Sérgio Cabral, do mesmo partido, e a administração federal encabeçada pelo PT, num portentoso consenso tri-governamental. No primeiro ano de seu mandato, Paes iniciou um conjunto de ações denominado "Choque de Ordem". Em coordenação de órgãos e governos, o "choque de ordem" reprime o trabalho informal, remove moradores de ruas, ajuda a despejar ocupações de sem tetos e ocupa permanentemente posições estratégicas, contra a "indisciplina urbana".

Desde 2010, invocando os megaeventos, o "choque de ordem" está focado na implantação de grandes complexos viários por toda a cidade, mediante iniciativas como a TransOeste, TransCarioca e TransOlímpica.

Não custa lembrar que a "doutrina do choque" começou como tortura psiquiátrica, passou à esfera militar, foi usada como arma política contra inimigos ideológicos e, agora, chegou ao Rio de Janeiro no melhor espírito olímpico.

Se a urbanização das favelas e a regularização fundiária tomaram 30 anos de lutas pelo direito à moradia e à cidade, tais conquistas estão sendo desprezadas e destruídas em questão de meses. Pobres têm sido removidos sem compensação minimamente equivalente, de modo truculento, amiúde na calada da noite, para áreas distantes das comunidades onde viviam há décadas. Projetos de revitalização fabricam ainda mais sem tetos. Camelódromos históricos são desmontados, as mercadorias ilegalmente confiscadas, os ambulantes expulsos na ponta do cassetete. Empreendimentos culturais "criativos" mascaram a privatização da cultura metropolitana, em favor de grandes conglomerados da mídia e entretenimento. Na base da canetada, os projetos de engenharia e urbanismo aceitam tudo, a título de modernização, disciplinamento e pacificação.

Está em curso a submissão da cidade aos imperativos da especulação imobiliária. Pretendem convertê-la em "cidade global", enquadrada às demandas e fluxos do capitalismo globalizado, sem espaço para os negros, os quilombolas, os jovens sem trabalho, os camelôs, os sem tetos, os precários. Se a exclusão sistemática e a violência contra os pobres vêm da história escravocrata da cidade, só agora galgou o status de "consenso". Essa política de fascismo à carioca não respeita sequer servidores do próprio estado, como os bombeiros tachados de “vândalos” pelo governador Sérgio Cabral.

Neste contexto, surpreende, da parte de setores que se identificam como esquerda, um discurso de interesse público e até mesmo socialista (!), manobrado para “limpar” as ruas e comunidades, e empurrar os pobres cada vez mais para fora da metrópole que construíram. Em meio a bandeiras vermelhas misturadas nesse consenso, Marx ressente-se, pois segue a desvalorização do homem na sua submissão à expansão de riqueza como capital. O redesenvolvimento urbano do Rio, desigual e expropriatório, somente tem sido criticado por setores minoritários da esquerda, virtualmente isolados em meio ao monolítico bloco de governos e aliados empresariais, com seus gigantescos recursos políticos e econômicos.

Nesse contexto, é lamentável a desmontagem do Núcleo de Terras e Habitação (NUTH) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro. Muito próximo dos movimentos sociais, vinha defendendo direitos coletivos e difusos das populações afetadas pelo trator “progressista”. Sob a gestão do novo defensor público geral, Nilson Bruno, se tornou inviável a continuidade do trabalho de defensores combativos, dissolvendo a parceria direta entre o órgão e os movimentos sociais. Como consequência, levantaram-se ainda mais barreiras para a efetiva prestação da tutela jurídica aos prejudicados pelo desenvolvimento.

Não adianta prolongar em demasiado discussões teóricas, quando o presente range de conflito e urge por ações concretas. Bertold Brecht certa vez disse que chega uma hora nas lutas que se deve aceitar uma formulação rude, mesmo grosseira. Diante da anemia crítica na imprensa e dentro do bloco de poder, é preciso continuar insurgindo-se com os resistentes, continuar produzindo redes e mídias contra o consenso dominante. E contestar alianças ditas "estratégicas", sob a desculpa universal da "correlação de forças", que negam e desacreditam toda a cultura de esquerda por alguns professada.

NÚCLEO BIOLUTAS DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO."