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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Reportagem do Jornal Nacional de 13 de maio presta um desserviço à população


Carla Silva Machado*



No último 13 de maio, o Jornal Nacional da Rede Globo de televisão entrou no ar anunciando mais um dos problemas da educação brasileira, o editor e apresentador Willian Bonner  dá o boa noite e anuncia: “ livro didático de língua portuguesa recomendado pelo MEC defende o erro de concordância.”
Após algum suspense mostrando outra matéria, é a vez de Fátima Bernardes anunciar a matéria e novamente citar que o livro didático em questão é de língua portuguesa, é autorizado pelo MEC e defende o erro de concordância.
A matéria vai ao ar apresentada pelo jornalista Alan Severiano, ele apresenta uma página do livro em que os autores apresentam um exemplo com erros de concordância e fazem comentário de que não se pode considerar aquilo como erro, mas como desvio de linguagem, os autores  do livro aproveitam para discutir níveis de linguagem, variação linguística e preconceito linguístico. Após, uma das autoras do livro dá um depoimento concordando com as ideias defendidas em seu livro.
A matéria termina, e ao retornar ao estúdio, o apresentador-editor critica a posição da autora e o livro em questão, além de questionar o MEC por recomendar um livro assim, na concepção dele, com problemas, em seguida, o apresentador corrige dados apresentados no Jornal Nacional do dia anterior sobre o número de cursos de formação de professores, para, logo após, passar para a matéria seguinte.
O que o Jornal Nacional, ao apresentar uma matéria totalmente parcial, não leva em conta é que existe um campo de estudo chamado sociolinguística que defende que desvios padrões são permitidos em função de determinadas situações comunicativas, a página solta de um livro talvez não seja tão abrangente para fazer toda essa discussão, mas aponta para isso, quando menciona a questão do preconceito linguístico e da variação linguíistica, a escola precisa deixar claro para os alunos que existe uma norma culta, padrão, mas que existem inúmeras formas de comunicação, ou algum jovem fica preocupado com a norma culta ao bater papo no MSN?
O que Willian Bonner talvez não saiba é que os cursos de formação de professores, especificamente os de Letras e Pedagogia já trabalham com conceitos da sociolingüística há pelo menos 20 anos visando preparar o professor para atender a todas as camadas sociais que chegam à escola, que os PCNs de Língua Portuguesa, que são os parâmetros curriculares que servem para orientar as escolas de todo o Brasil na preparação de seus projetos pedagógicos já apresentam essa noção de desvio lingüístico no lugar de erro. Que esses PCNS foram lançados em 1996, ou seja, há pelo menos 15 anos o MEC discute a questão levantada no Jornal Nacional como uma denúncia educacional.
Sugiro ao editor e apresentador do Jornal Nacional ficar mais bem informado sobre questões educacionais e de linguagem, se não para informar corretamente à população, pelo menos para acompanhar seus filhos na escola, pois os mesmos devem entender melhor a sociolinguística  e a sutil diferença entre erro e desvio que o pai.
Carla Silva Machado*
Professora de Língua Portuguesa do curso de Comunicação Social
da  Faculdade Governador Ozanam Coelho (FAGOC/Ubá-MG)
Licenciada em Letras (UFV)/ Mestre em Educação (UFJF

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Perseguição implacável

PIG intensifica campanha contra ministro Haddad. Foto:ABr
Do blog Crônicas do Motta
Nos últimos dias se intensificou uma campanha contra o ministro da Educação, Fernando Haddad, que começou quando aumentou a percepção de que algo estava realmente mudando na área, uma mudança estrutural, profunda, que fere muitos interesses - em outras palavras, que vai contra o lucrativo negócio das "UniEsquinas", essas porcarias que se intitulam faculdades.

Pela primeira vez em muito tempo, a educação está sendo tratada, no Brasil, como algo sério. Todos os indicadores melhoram ano a ano, as metas estabelecidas vão sendo batidas, há um planejamento a longo prazo, e, principalmente, se consegue incluir os pobres nesse processo. A democratização do ensino superior, por exemplo, finalmente começa a ocorrer.

Essas coisas todas somadas começaram a incomodar aqueles que transformaram, com o incentivo de governos passados, a educação apenas em um negócio lucrativo. Haddad virou o alvo dessa gente. A imprensa, aliada de sempre do tal "mercado", fez gato e sapato do ministro, atribuiu a ele todos os pecados do mundo. Na campanha eleitoral, essa demonização servia ainda para fustigar o governo Lula e, assim, dar uma ajudazinha ao candidato tucano.

Uma falha no Enem que atingiu 1% dos que prestaram o exame foi transformada numa hecatombe com direito a manchetes diárias - só a tragédia da região serrana do Rio mereceu tantas reportagens, tanta atenção. Para infelicidade geral - dessa turma, claro - Haddad sobreviveu à troca de governo, mas nem por isso deixou de ser vítima da perseguição.

Agora, notas maldosas povoam as colunas escritas por parajornalistas, que tentam de todos os modos intrigá-lo com a presidente Dilma. Um pedido para tirar férias foi considerado o fim do mundo, só porque ocorreu momentos antes de o sistema de informática do SiSu, o revolucionário sistema de seleção para as faculdades federais, dar pau por alguns minutos.

Nada indica que esse processo persecutório, essa campanha baixa,covarde, torpe, vá terminar. O modus operandi de seus inimigos indica o contrário: a artilharia vai ficar cada vez mais pesada, até que a sua situação no ministério fique insustentável.

A única chance de Haddad é a presidente Dilma dar uma indicação clara e inequívoca de que aprova integralmente o seu trabalho. E que não pretende abandoná-lo à sanha dos mercadores do ensino que gostariam de trocá-lo por alguém mais "confiável", mais maleável aos seus interesses.
Alguém como Gabriel Chalita, por exemplo, um "dilmista" de ocasião que sabe navegar como poucos nas águas turvas dos bastidores do poder.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

MST ganha medalha Paulo Freire do Ministério da Educação

Da página do MST
O MST ganhou do Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, a medalha Paulo Freire, durante a abertura da 2ª Semana EJA.

A homenagem é um reconhecimento pelas experiências em educação básica de jovens e adultos (EJA) em acampamentos e assentamentos, além da participação na formulação de políticas públicas para o setor, através da Comissão Nacional de Alfabetização e Educação de jovens e adultos (CNAEJA).

De acordo com Tiago Manggini, do setor de educação do MST, a participação dentro da Comissão Nacional foi fundamental para que a realidade camponesa fosse incluída na pauta. “Há uma dívida histórica com o campo, no que diz respeito à educação. As políticas nacionais para o setor costumam ter dificuldades de focar as ações em realidades específicas, como o caso dos acampamentos e assentamentos”, disse.

As experiências do MST com a EJA tiveram início com a Campanha de Educação de Jovens, Adultos e Idosos, realizada em 1991, no assentamento Conquista da Fronteira em Bagé, no Rio Grande do Sul. Na ocasião, esteve presente Paulo Freire, que empresta seu nome à medalha recebida.

Em 1996, uma parceria com o MEC e a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) levou o projeto para 18 estados. Foram formadas 550 turmas e 8.000 educandos. Depois o projeto continuou por meio de parcerias entre secretarias de educação e universidades nos estados. Em cada ano, o MST alfabetiza cerca de 30 mil educandos, envolvendo 2 mil educadores.

A 2ª Semana EJA acontece até a sexta-feira, na Academia de Tênis, em Brasília.

sábado, 20 de novembro de 2010

Por um Estado que proteja as crianças negras do apedrejamento moral no cotidiano escolar

Carta aberta de Eliane Cavalleiro* ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgada e distribuída via internet.

Brasil, 20 de novembro de 2010, Dia da Consciência Negra

Excelentíssimo Presidente da República Federativa do Brasil, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva,

Em um ato político e humano, Vossa Excelência ofertou asilo a Sakneh Mohammadi Ashtiani como forma de preservar-lhe a vida, visto que a mesma corre risco de ser apedrejada até a morte física em seu país, o Irã.

Se me permite a analogia, pelo exemplo que V. Exa. encarna para a Nação, creio que seria, além de político e humano, um gesto emblemático e valoroso se V. Exa. manifestasse sua preocupação e garantisse “proteção” às crianças negras inseridas no sistema de ensino brasileiro, zelando por sua sobrevivência moral e sucesso em sua trajetória educacional. Como V. Exa. já afirmou: “Nada justifica o Estado tirar a vida de alguém”, e, no caso do Brasil, nada justifica que o Estado colabore para fragilizar a vida emocional e psíquica de crianças negras, propiciando uma educação que enseja uma violência simbólica, quando não física, contra elas no cotidiano escolar. Sim, a violência diuturna sofrida pelas crianças negras no espaço escolar pode, em certa medida, ser comparada ao apedrejamento físico, visto que o racismo e seus derivados as amordaça. Assim, emocionalmente desprotegidas em sua pouca idade, as crianças passam a perseguir um ideal de “brancura” impossível de ser atingido, fazendo-as mergulhar em um estado latente, intenso e profundo de insatisfação e estranhamento consigo mesmas.

É fato que as crianças em geral não possuem natureza racista, mas a socialização que lhes é imposta pela sociedade as ensina a usar o racismo e seus derivados como armas para ferir as criança as negras, em situações de disputas e até simplesmente para demarcar espaços e territórios, bem ao exemplo dos padrões da sociedade mais ampla. A escola constitui apenas mais uma instituição social na qual as características raciais negras são usadas para depreciar, humilhar e excluir. Assim, depreciadas, humilhadas e excluídas pela prática escolar e consumidas pelo padrão racista da sociedade, as crianças negras têm sua energia, que deveria estar voltada para o seu desenvolvimento e para a construção de conhecimento e socialização, pulverizada em repetidos e inócuos esforços para se sentir aceita no cotidiano escolar.

Se há no Irã – liderados pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad – um grupo hegemônico que, embasado em uma interpretação dogmática do Islamismo e na particular percepção do que é legitimo, detém o poder de vida de morte sobre as pessoas, não menos brutal no Brasil, temos um grupo no poder que, apesar de não deliberar explicitamente pela morte física de negros e negras, investe pesadamente na manutenção da supremacia branca, advoga pelo não estabelecimento de políticas que promovam a igualdade, e nega sistematicamente qualquer esforço pela afirmação dos direitos dos afro-brasileiros.

Excelentíssimo, a supremacia branca mina as bases de qualquer perspectiva de justiça social. A eliminação do racismo e de seus predicativos depende do questionamento do poder branco, visto que a subalternização dos negros é fonte permanente de riqueza, prosperidade e garantia de poder arbitrário e absoluto. Não seria esta também uma forma de matar e de exterminar? Não estaria aí um protótipo do modelo de genocídio à brasileira?

Nossa aposta, Sr. Presidente, é que estando sob um regime democrático – ainda que permeado por estrutura historicamente racista que nega aos negros os direitos de cidadania – possamos contar com os órgãos públicos competentes no dever legal de zelar pela igualdade substantiva. Neste sentido, o Ministério da Educação (MEC) encontra-se submetido às Leis nacionais e aos Tratados internacionais promulgados pela ONU, o que legitima nosso direito de exigir que, sendo o órgão representante do Estado brasileiro no campo da educação, promova o bem estar de nossas crianças, e que não contribua, portanto, para a sua dilapidação moral.

Senhor Presidente, que legitimidade tem um governo que abraça o projeto político de “um país de todos”, mas que investe recursos públicos na disseminação de uma pedagogia racista entre os seus pequenos cidadãos? Um Estado que compra e envia para as escolas material pedagógico que contém estereótipos e preconceitos quer sejam étnicos, raciais e/ou de gênero pode ser compreendido como um Estado que fornece combustível ideológico para que a humanidade dos indivíduos tidos como ‘diferentes’ seja desconfigurada. Não nos parece que é a proposta política deste governo incentivar e disseminar ideologias racistas que promovem a deterioração da identidade e da auto-estima da criança negra.

É neste sentido, Senhor Presidente, que a contenda sobre o livro de Monteiro Lobato deve ser vista apenas como mais um episódio em que os negros aparecem como inconvenientes e não encontram solidariedade por parte dos formadores de opinião e representantes da administração pública. Talvez tais agentes fossem mais solidários com a luta anti-racista caso os materiais pedagógicos contivessem referências depreciativas em relação às suas identidades. Talvez conseguissem perceber o escárnio se as personagens obesas fossem referidas como aquelas que “comem como uma porca sebosa”. Talvez se motivassem a protestar caso um livro contivesse um padre católico apresentado como “lobo que devora criancinhas”. Talvez também fossem contrários à distribuição de obras clássicas que contivessem a idéia preconceituosa de que: “os políticos agem no escuro como ratos ladrões”.

Entretanto, Senhor Presidente, ter no livro de Monteiro Lobato personagem negra que “sobe na árvore como macaca de carvão” é visto como algo absolutamente natural e que deve ser mantido para preservar a liberdade de expressão. No fundo querem que nós negros e negras subscrevamos tal obra como um elemento histórico que, constitutivo da “democracia racial brasileira”, deve ainda ser difundido nas escolas, a despeito dos estragos que possa produzir na formação de nossas crianças brancas e negras. Mais
*é doutora em Educação pela USP, ex-coordenadora executiva do Geledés – Instituto da Mulher Negra e ex-coordenadora de Diversidade da SECAD/MEC

Leia ainda:
Carta Aberta ao Exmo. Ministro da Educação do Brasil

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Carta Aberta ao Exmo. Ministro da Educação do Brasil

Sr. Fernando Haddad

Rio de Janeiro, 5 de novembro de 2010.

Assunto: Parecer do Conselho Nacional de Educação sobre o livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato

Professoras(es), gestoras(es), pesquisadoras(es) e vários setores da sociedade civil parabenizam a iniciativa do parecer 15/2010 que prima pela política de promoção da igualdade racial. Nós estamos de acordo com a recomendação do parecer. Enfatizamos que, numa sociedade democrática e em um ministério da educação que tem se colocado parceiro na luta por uma educação anti-racista, o aprimoramento da análise das obras do programa nacional biblioteca escola (PNBE) está em conformidade com os preceitos legais e constitucionais da nossa sociedade. Está condizente com a garantia da diversidade étnico-racial, o pluralismo cultural, a equidade de gêneros, o respeito as orientações sexuais e às pessoas com deficiência.

Nosso entendimento é de que o parecer 15/2010 em nenhum momento faz menção à censura. Mas, tão somente, ponderações responsáveis e necessárias numa sociedade democrática. Na sociedade brasileira 50,6% da população é negra, o que está confirmado pelos dados do censo do IBGE. Portanto, a discussão do parecer não desconsidera a liberdade de expressão ou a licença poética, muito menos pode ser interpretada como um excesso de didatismo. Trata-se de uma recomendação necessária de contextualização dos autores e suas obras que circulam nas escolas, a qual já tem sido adotada pelas instituições escolares, porém, na maioria das vezes sem considerar o peso da questão racial na formação da nossa sociedade.

Vale registrar que o problema não é a obra de Monteiro Lobato. A questão vai mais além. Entendemos que o que o CNE está propondo é o aprofundamento do estudo sistemático e cuidadoso das obras literárias que já conhecemos e a devida contextualização dos autores no tempo e no espaço, sem perder a dimensão da arte, da criatividade e da emoção que caminham juntos com a boa literatura. Portanto, concordamos que o CNE, quando consultado, é o órgão responsável por orientar educadores e sistemas de ensino sobre procedimentos indispensáveis para garantir uma escola democrática.

O objetivo do parecer é aprimorar ainda mais o trabalho que já tem sido feito na escolha de obras literárias e demais materiais que circulam nas escolas, ou seja, primar pela ausência de preconceitos, estereótipos ou doutrinações. Recomenda-se que este princípio seja realmente seguido para análise de todas as obras do PNBE, quer sejam elas clássicas ou contemporâneas. Caso sejam clássicos e todos reconhecemos a importância do lugar da obra clássica, e estes venham apresentar estereótipos raciais , já discutidos pela produção teórica existente, que os mesmos sejam discutidos na forma de nota explicativa, ou seja, numa contextualização do autor e sua obra. Entendemos que, nesse caso, não há nenhuma censura à obra literária. Há o cuidado com os sujeitos e com a diversidade étnico-racial presente na escola brasileira.

Contando com seu compromisso democrático como educador e cidadão, em favor da diversidade étnico-racial e pela importância do cargo que ocupa como ministro da educação do brasil, esperamos, sinceramente, que o senhor defenda o valor da literatura como bem inestimável da cultura humana e também defenda uma política educacional voltada para a promoção da igualdade racial, homologando o parecer do CNE. É papel do Estado cuidar da democracia, do direito à liberdade de expressão sem discriminação.

Se você concorda com o acima exposto, assine a Carta.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A falsa polêmica do Enem e o lobby do PIG por Gabriel Chalita no MEC

Apesar de a Justiça Federal já ter caçado todas as liminares que suspendiam o Enem e mesmo após a confirmação pelo MEC de nova prova para os cerca de 2 mil estudantes prejudicados, a imprensa segue fazendo escândalo com os 0,06% de erro nos mais de 3 milhões de testes aplicados. Enquanto atacam o ministro Fernando Haddad, jornais como O Estado de S. Paulo tentam "nomear" Gabriel Chalita, deputado federal eleito pelo PSB e ex-secretário da Educação de Geraldo Alckmin, como ministro da Educação de Dilma Rousseff. Segundo o Estadão, é Gabriel Chalita quem vai mudar e "consertar" o Enem. Leia o post do blog Cloaca News, fique atento aos links, confira outro artigo bastante revelador, da jornalista Avelina Gallego e saiba quem é Chalita.

Ex-tucano quer ser o ministro da falcatrua
Do Cloaca News

O nome dele é Gabriel Benedito Issaac Chalita (foto). Sob sua gestão como Secretário da Educação em São Paulo, mais de R$ 13 milhões foram para o “ar”, disfarçados de antenas parabólicas, entre outras trambicagens.

O sempre tucano Gabriel Chalita, atualmente homiziado nas hostes do PSB, teve seu nome plantado pelo Estadão para ser o ministro da Educação no governo de Dilma Rousseff. Segundo a fuxiquenta nota publicada pela centenária e mafiosa gazeta, Chalita “é considerado um gestor agregador e mobilizador das redes de ensino” e alguém que “deverá promover mudanças significativas no Enem”. O que os zelosos jornalistas ribeirinhos da corporação mafiomidiática não contaram é que o elemento tem uma vistosa ficha corrida em matéria de transações tenebrosas.

O caso mais indecoroso – devidamente reportado no site Transparência Brasil – é o dos contratos assinados por ele, em 2006, para fornecimento de antenas parabólicas para implementação do projeto Canal do Saber – uma das muitas maracutaias tucanas na Educação paulista. Trata-se de uma trama rocambólica, desenrolada magistralmente pelo blog NaMaria News, em 7 de abril deste ano. Respire fundo e clique aqui para conhecer todos os detalhes da tramóia.

Se apenas uma mutreta não for suficiente para deslindar a natureza brejeira do candidato a ministro, experimente esta outra, em que ele “conseguiu” na faixa uma fazenda de 87 hectares do governo de São Paulo para a rede católica Canção Nova, potentado carola – do qual Chalita é prócer – que promove “a evangelização através dos meios de comunicação", e que já conta com editora, rádio e televisão próprias.

Duas vigarices não bastam? Então, clique aqui e conheça a Representação entregue ao Ministério Público denunciando Chalita por crimes contra a ordem tributária e de lavagem de dinheiro (muito dinheiro).

Gabriel Chalita não deu conta da educação de São Paulo, pediu aos educadores que orassem
Por Avelina Gallego, do blog Brasil Mobilizado

Em 2005 os diretores e professores coordenadores da rede pública de São Paulo receberam em suas casas, um exemplar do livro do secretário de educação de São Paulo, Gabriel Chalita.

O "Educar em Oração", junto com o livro impresso um CD com declamações gravadas na voz do próprio Secretário de Educação e autor do livro.

Não vou opinar sobre a qualidade dos textos ou sobre os méritos intelectuais do autor. Cada um tem o direito de escolher suas leituras e de se identificar com as idéias dos autores.
Mas questiono a legitimidade de se impor valores católicos, ou de uma ala da igreja católica, como bons para toda rede pública de educação de São Paulo.

A escola pública tem que oferecer uma educação laica, isto é constitucional e indiscutível.
Ofertar aos alunos educação para a tolerância, para a convivência democrática com todas as crenças e todas as religiões. Esses valores humanísticos podem ser construídos e discutidos através de muitas áreas do conhecimento humano sem ter que, necessariamente, passá-los através desta ou daquela doutrina religiosa.

Ouvi um depoimento de um diretor de escola estadual, que assistia a um curso de capacitação de gestores, que não admitia que uma professora de sua escola iniciasse as aulas rezando com seus alunos a oração "Pai nosso".

Concordei com ele, pois a escola tem que contemplar a todos os alunos e, nem todos são católicos. Este episódio causou uma grande polêmica na sala de aula, pois uma parte dos diretores e professores coordenadores que estavam assistindo ao curso, estavam encantados com as video conferências que assistiam e com livro recebido do secretário Gabriel Chalita. Mais

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Taí uma das razões de tanta crítica à anulação de 0,06% das provas do Enem

Do Jornal Sem Terra
Escola do MST tem a melhor nota do Enem em Santa Catarina

Na Escola Semente da Conquista, localizada no assentamento 25 de Maio, em Santa Catarina, estudam 112 filhos de assentados, de 14 a 21 anos. A escola é dirigida por militantes do MST e professores indicados pelos próprios assentados do município de Abelardo Luz, cidade com o maior número de famílias assentadas no estado. São 1418 famílias, morando em 23 assentamentos.

A escola foi destaque no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009, divulgado na página oficial do Enem. Ocupou a primeira posição no município, com uma nota de 505,69. Para muitos, esses dados não são mais do que um conjunto de números que indicam certo resultado, mas para nós, que vivemos neste espaço social, é uma grande conquista.

No entanto, essa conquista, histórica para uma instituição de ensino do campo, ficou fora da atenção da mídia, como também pouco reconhecida pelas autoridades políticas de nosso estado. A engrenagem ideológica sustentada pela mídia e pelas elites rejeita todas as formas de protagonismo popular, especialmente quando esses sujeitos demonstram, na prática, que é possível outro modelo de educação.

A Escola Semente da Conquista é sinal de luta contra o sistema que nada faz contra os índices de analfabetismo e do êxodo rural. Mais de 100 filhos de assentados estudam na Semente da Conquista. Espaços culturais são direitos universais, mas que são realidade para poucos.

E mesmo com todas as dificuldades a Escola Semente da Conquista foi destaque entre as escolas do Município. Este fato não é apenas mérito dos educandos, mas sim de uma proposta pedagógica do MST, que tem na sua essência a formação de novos homens e mulheres, sujeitos do seu processo histórico em construção e em constante aprendizado.

Leitura imperdível (utilize os links):
Sobre a privataria na educação e a mídia brasileira, por Idelber Avelar

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A quem interessa a crise e o possível fim do Enem?

O Exame Nacional do Ensino Médio foi ampliado e consolidado no Governo Lula. Atualmente é utilizado, no mínimo como primeira etapa de seleção de candidatos ao ingresso no ensino superior, por uma ampla rede de universidades públicas e particulares espalhada pelo Brasil. Agora, diante dos problemas envolvendo 0,06% das provas aplicadas no último fim de semana (das 21 mil provas que apresentaram erros, apenas 2 mil não foram substituídas, de um universo de 3,3 milhões de alunos que realizaram o Enem), a Justiça Federal concedeu liminares cancelando e impedindo a reaplicação do Enem para os estudantes prejudicados. Hoje a Comissão de Educação do Senado convocou o ministro Fernando Haddad a explicar os problemas no Enem. A empresa norte-americana RR Donelley, gráfica contratada pelo Inep, lidera esse mercado mundialmente. Mas o fato é que uma crise está instalada.
Com a consolidação e cada vez maior aceitação do Enem pelas instituições de ensino superior, a importância do vestibular - e por extensão de seus mecanismos "estilo múltipla escolha" de instrumentalização da educação - foi reduzida, bandeira histórica dos militantes pela educação no Brasil. Com isso, toda uma indústria teve interesses contrariados, desde os chamados cursinhos, às gráficas especializadas em confecção de provas e às ONGs costumeiramente contratadas para realizar concursos públicos. Em contraposição, segmentos da sociedade brasileira que antes tinham pouco acesso ao ensino superior alteraram em parte o mapa sócio-econômico dos campi. Leia esta coletânea de alguns posts do website Conversa Afiada, em que o jornalista Paulo Henrique Amorim vai ao "X" da questão.


Haddad enfrenta a batalha do ENEM em defesa dos pobres

Por Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada
O Ministro da Educação Fernando Haddad identificou entre 1.800 e 2.000 provas que deverão ser refeitas no ENEM deste fim de semana.

A gráfica contratada produziu 10 milhões de provas.

Houve problema num lote de 20 mil provas.

Dessas 20 mil provas, 10% podem ter problema.

Ou seja, seria uma relação de dois problemas em mil provas produzidas.

Um horror !

É preciso Privatizar a educação no Brasil, diriam a elite branca e os donos de cursinhos.

O Ministro Haddad agora vai examinar caso a caso a situação destas 1.800 provas.

Identificados aqueles efetivamente prejudicados eles farão uma nova prova.

O Ministro Haddad usa o chamado método TRI, que permite aplicar provas em dias diferentes com o mesmo grau de dificuldade.

No ENEM 2009, isso foi feito com pleno sucesso em presídios e em duas cidades do Espírito Santo que, no dia do exame, foram alagadas.

Não há problema nenhum !

O único problema é que o ENEM cria uma mudança estrutural no acesso à universidade brasileira.

O ENEM facilita e estimula o acesso dos pobres.

É por isso que uma inovação bem sucedida e importada dos Estados Unidos se transforma no Brasil numa guerra de classes.

Bendito o segundo turno.

Foi no segundo turno que caíram algumas das máscaras.

Uma delas é a ideologia da Casa Grande que sobrevive instalada na alma e no bolso de uma elite que pensa que o Brasil é bicolor.

Para entar na faculdade de Direito da Universidade de Harvard, Barack Obama teve que fazer o ENEM (lá conhecido como SAT).

Sessenta países membros da OCDE submetem os estudantes ao ENEM – lá conhecido como teste PISA.

O Toffel de proficiência em inglês é um ENEM.

É um sistema universal, comparável, utilizado há 60 anos e há quinze no Brasil.

O ENEM usa o método TRI – perguntas diferentes com idêntido grau de dificuldade.

Só assim é possvel aplicar o ENEM em dias diferentes, locais distantes e, no Brasil, em 1.600 cidades do país e a três milhões de estudantes.

É o sistema que seleciona os alunos do ProUni, os que se submetem à Prova Brasil, à Provinha Brasil, ao Enseja e, proximamemnte, aos financiados pelo FIES.

(Na gestão Haddad, o FIES passou a dispensar fiador. E, se o aluno cursar Medicina ou se tornar professor de escola pública, não paga o financiamento – o Estado paga tudo. Que horror !)

Para se inscrever no ENEM, o candidato paga R$ 35.

Mas, se for egresso de escola pública ou se demonstrar que é pobre não paga nada.

Oitenta e três mil vagas de universidades públicas federais serão preenchidas pelo ENEM.

Com os 150 mil alunos do ProUni – que sempre tiveram que fazer o ENEM (para o Agripino Maia e a Monica Serra não dizerem que o ProUni é o “Bolsa Aluno vagabundo”) com os alunos do ProUni, serão 230 mil vagas de universitários do país aprovados no ENEM.

Para o aluno, o ENEM traz inúmeras vantagens.

Ele pode fazer a prova em qualquer uma das 1.600 cidades e se qualificar para estudar em qualquer faculdade do país.

Ele não precisa se deslocar para o local da faculdade.

Não precisa se preparar em cursinho para se qualificar em curriculos de vestibulares diferentes.

O ensino médio deve ser suficiente para levá-lo a uma faculdade, passado o ENEM.

É mais barato e mais racional: ele compara a média dele com a de seus concorrentes e avalia para onde mais é mais razoável ir.

Estas são informações extraídas de entrevista que este ordinário blogueiro fez com o Ministro Fernando Haddad, que vai ao ar esta terça feira às 21h00 na Record News.

Perguntei se ele concordaria com a minha suposição de que o ENEM é a banda larga para o pobre chegar à faculdade.

Ele disse que sim.

E acrescentou.

“Eu costumo dizer que assim como “saudade” não tem tradução, “vestibular” também não.”

O ministro Fernando Haddad estava afiado. Veja como ele encara duas cobras criadas do PIG no "Bom Dia Brasil" desta terça.



Atualizando: importante anotar o exato significado de TRI - Teoria de Resposta ao Item. É o método utilizado no Enem e que, segundo o MEC, garante idêntico grau de dificuldade a diferentes perguntas sobre o mesmo tema, portanto atestando isonomia entre candidatos que respondem provas de um mesmo concurso em dias diferentes.

sábado, 10 de outubro de 2009

MEC inclui educomunicação como conteúdo para curso na área de Comunicação e Artes

Pela primeira vez, a área responsável pelo ensino superior do Ministério da Educação reconhece e legitima a Educomunicação incluindo-a como possível conteúdo para a formação na área de Comunicação e Artes. No caso específico, o conceito está presente entre os conteúdos de formação previstos para os bacharéis em cinema, como parte da proposta de consulta pública para estabelecer os Referenciais Nacionais dos Cursos de Graduação (Licenciatura e Bacharelado), na subárea Cinema e Audiovisual. Sugerimos que tal disposição se estenda a todos os cursos da área da Comunicação Social, assim como aos estudantes de Pedagogia de todo o país.

Lembramos que o MEC, ao incluir o conceito como possível conteúdo disciplinar para a formação do cineasta, está, primeiramente, legitimando uma reflexão recentemente produzida pela prática social que identifica a educomunicação como própria da interface representada pelas ações na inter-relação Comunicação/Educação, não sendo, pois, adequado, que seja apoderado exclusiva ou preferencialmente por um ou outro campo.

Nesse sentido é de se supor que a educomunicação seja, para o MEC, um conteúdo que deve ser compartilhado com profissionais voltados ao campo tanto da produção e organização, quanto para o do magistério. No caso da área voltada para o magistério, a Secretaria do Ensino Básico e o segmento de projetos especiais - como o da educação ambiental - já o vêm trabalhando com o conceito em diferentes ocasiões. No caso do bacharelado em cinema, de acordo com o MEC, o profissional atuará como “produtor”.

Concluimos, daí, que para o MEC o conceito da Educomunicação, além de identificar ações no campo da educação escolar, já vem sendo aceito como definidor de um conjunto de atividades externas ao mundo da educação não formal, como a que envolve a produção cinematográfica.


Conceito complexo
O conceito da educomunicação vem sendo usado, na proposta do Departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP, para designar o conjunto das ações voltadas para a criação e administração de processos e de produtos geradores de ecossistemas comunicativos abertos e criativos, envolvendo atores sociais em inter-relação mediante o favorecimento das distintas formas de expressão. Para tanto, tem como característica a concepção e desenvolvimento de planos, programas e projetos que assegurem ao maior número possível de sujeitos sociais articulados em torno de propostas educativas - independentemente de sua condição econômica e social - a acessibilidade aos recursos da informação e às linguagem da comunicação. 



Pressupõe, como condição necessária e indispensável, a gestão democrática e participativa das tecnologias e processos necessários à consecução dos fins propostos. Nesse sentido, o conceito não se confunde, na educação, com “tecnologia educativa” e não se reduz a uma modernização didática através do emprego das linguagens dos meios introduzidas no âmbito escolar tradicional. Nem, tão pouco, no âmbito da comunicação, se resume à produção suplementar direcionada ao ensino.



Trata-se, antes de tudo, de um paradigma ou referencial que vem sustentando o trabalho de numerosas ONGs que desenvolvem propostas de mídia e educação, estando, também, na pauta de veículos de comunicação que desenvolvem projetos com a participação de suas audiências. Na última década, passou a ser pensada como possibilidade junto aos sistemas educativos, permitindo a professores e alunos o planejamento e uso conjunto dos recursos da comunicação, como as linguagens cênica, musical, impressa, radiofônica, videográfica ou cinematrográfica, na prática escolar, hoje facilitadas pelas ferramentas digitais. Notícias sobre o sucesso destes empreendimentos estão presentes constantemente na mídia.


Licenciatura em Educomunicação
A Escola de Comunicações e Artes, que conta com um Curso Superior do Audiovisual, voltado para formar radialistas, cineastas e profissionais de televisão, acaba de aprovar uma Licenciatura em Educomunicação. Com suas disciplinas abertas aos alunos dos demais cursos da Escola e da Universidade, com um todo, a nova licenciatura terá como missão formar um profissional que possa atender as duas ordens de demandas previstas pelo uso do conceito pelo MEC: de um lado, a demanda de interface Comunicação/Educação na área da produção midiática e, de outro, a demanda proveniente do mundo educacional, tanto no âmbito do ensino básico (fundamental e médio) quando no superior.


Por outro lado, os responsáveis pelo projeto da Licenciatura em Educomunicação entendem que a iniciativa do MEC de propor o conceito e a prática educomunicativa como parte do conteúdo destinado à formação de um graduado de uma subárea específica (no caso a do Cinema e Audiovisual), seja igualmente aplicada a todos os projetos didáticos direcionados à formação de estudantes da área de Comunicação e Artes e das Humanidades, especialmente os de Pedagogia. Trata-se, enfim, do reconhecimento de que para além da formação de um profissional específico, previsto pela Licenciatura, tenhamos profissionais da pesquisa, da produção e do magistério em condições de iniciar um diálogo mais profundo sobre a complexa missão de produzir cultura e desenvolver uma educação em consonância com as exigências do mundo contemporâneo. (Ismar de Oliveira Soares. São Paulo, 5 de outubro de 2009)
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