terça-feira, 20 de abril de 2010

Energia nuclear e dependência tecnológica

Por Beto Almeida

Como pano de fundo das pressões dos EUA para impor sanções que impeçam o Irã de desenvolver seu programa nuclear está o veto imperial visando intimidar todos os países que dão passos concretos para romper a dependência tecnológica. Esta dependência funciona como um vergonhoso muro que bloqueia o desenvolvimento soberano de inúmeros países emergentes, mas com desdobramentos planetários. A pressão contra o Irã também atinge o Brasil.

A realização, nesta semana, da Cúpula Internacional para a Segurança Nuclear , supostamente para afastar o perigo de um confrontação nuclear mundial, reveste-se de farsa discursiva e prática. A participação de Lula neste evento convocado pelos EUA foi interessante. Como de hábito, Lula usou uma imagem simples e fortemente comunicativa para explicar o que anda ocorrendo nesta área nuclear, mesmo quando grandes potências assinam acordos e mais acordos de desarmamento, há mais de 40 anos, teoricamente de redução de ogivas. De vez em quando, disse Lula, eu jogo fora remédios velhos e vencidos…

Não há, rigorosamente, qualquer esforço sincero e comprovado de que as grandes potências atômicas estariam a zelar pela paz mundial, que não existe, e para afastar o perigo de um confrontação nuclear de conseqüências imprevisíveis, até o momento. Assim, é preciso extrair o que de fato está em jogo nestes grandes encontros internacionais. Tal como aquela Conferência do Clima de Copenhaguen, no final do ano passado, foi um grande fiasco, não resultando em qualquer acordo prático que levasse as potências poluidoras a deixar de emporcalhar o mundo, esta Cúpula da Segurança Nuclear também não trouxe qualquer tranqüilidade ou segurança ao mundo. Pudera, o próprio anfitrião, o presidente Barak Obama, acaba de autorizar o Congresso dos EUA a ampliar o orçamento da indústria bélica. E vale lembrar sempre: o orçamento militar dos EUA, sozinho, supera o orçamento de todos os demais países do mundo, somados. Isto mesmo, somados. Foi o que destacou Vladimir Puttin ao ser indagado por dileto repórter da BBC se os acordos militares entre Rússia e Venezuela não causariam preocupação em Washington…

TNP tem dois pesos e duas medidas

Assim sendo, além de revelar o quão hipócrita é o pronunciamento de Barak Obama indicando “preocupação” pela Venezuela estar montando, pela primeira vez em sua história, uma legítima capacidade de defesa que lhe permita não ser assaltada em suas imensas riquezas energéticas, como ocorre hoje com o Iraque e o Afeganistão – não há paranóia venezuelana nisto – é preciso entender que reuniões de cúpula como esta estão dirigidas, entre outros objetivos, a manter o imenso abismo existente entre o seleto grupo de países nucleares e os demais. Mas, com medidas práticas concretas, aí sim, dirigidas a desestimular, intimidar ou a punir, seja com sanções econômicas ou militares, aqueles países que ousem pretender uma independência tecnológica para alcançar o domínio da energia nuclear. E esses países, como é o caso Irã, são transformados em ameaça humanidade. Israel possui ogivas nucleares, mas , para demonstrar o grau de
hipocrisia que preside tais reuniões de cúpulas, sequer é interpelado, advertido, admoestado. Todas as hipóteses de sanções são dirigidas exclusivamente ao Irã.

É correta a posição do Brasil ao reivindicar que a comunidade internacional , sobretudo os possuidores do porrete nuclear nas mãos, aprenda a dialogar, a negociar. Ou será admissível adotar-se uma vez mais a opção iraquiana. Inventa-se qualquer mentira e despacha-se para o Irã a terrível máquina de morte dos EUA, já que estão em dificuldades para recuperar algum dinamismo da sua economia.

Mas, ao defender que o Irã tenha direito de desenvolver seu programa nuclear para fins pacíficos, o Brasil toca numa complexa e intrincada caixa de marimbondos. E nisto conta com a compreensão da China que, obviamente, percebe que as ameaças contra o Irã são destinadas a afetar um dos parceiros mais importante do gigante asiático em seu estupendo crescimento econômico enquanto os EUA patinam na recessão.

Turbinas nucleares sequestradas

Vale lembrar que o Brasil já foi objeto de pressões e sabotagens muito similares às que sofre o Irã hoje. Durante a Era Vargas, que os neoliberais quiseram e ainda querem demolir, o Brasil comprou turbinas atômicas da Alemanha. Foi em 1952. Era parte da estratégia do Almirante Álvaro Alberto, idealizador do Programa Nuclear Brasileiro, para que o país tivesse condições de alcançar desenvolvimento tecnológico soberano nesta área estratégica. As pressões chegaram ao ponto extremo. As turbinas, prontas para serem embarcadas no Porto de Hamburgo para o Brasil, foram seqüestradas por um comando militar da OTAN, sob ordens dos EUA. Também sabemos como foram intensas as pressões norte-americanas contra o governo Geisel para que não firmasse o Acordo Nuclear com a Alemanha na década de 70. Agora, o governo iraniano denuncia que um de seus mais insignes cientistas nucleares foi seqüestrado a mando dos EUA. Definitivamente, este mundo para é
para meigos…

O tema não é segurança mundial mas segurança dos países nucleares de que não perderão a condição de domínio exclusivo destas tecnologias e, como ela, o poder de impor dependência tecnológica ao mundo. Que não surjam outros concorrentes. Foi o que disse certa o sinistro Henry Kissinger, ex-secretário de estado dos EUA, referindo-se ao Brasil: “não permitiremos que surja um novo Japão abaixo da linha do Equador”. A discussão não é nada nova, apenas vem revestida com ingredientes atuais como a difusa ameaça terrorista, agitada como justificativa para a “comunidade internacional” puna os países rebeldes.

Romper a vassalagem tecnológica

Foi também na Era Vargas, quando da criação da Petrobrás, que o Brasil sofreu uma enorme pressão para que pretendesse ter independência na área da energia do petróleo. Até anúncios foram publicados nos jornais brasileiros pelas transnacionais para que decretar: “está provado que no Brasil não há petróleo” e , portanto, seria uma loucura criar a Petrobrás. Um dos jornais que publicou estas orientações imperiais, o Estado de São Paulo, hoje está aí a editar posições contra a revitalização da Telebrás, contra a nacionalização dos fertilizantes, ou simplesmente pedindo que a TV Brasil seja extinta, apesar de sua existência estar prevista na Constituição.

Além do caso do petróleo, vale citar também o exemplo da indústria aeronáutica. O desenvolvimento de uma indústria aeronáutica de porte pelo Brasil parecia ser o resultado lógico e natural da histórica conquista tecnológica iniciada por Alberto Santos Dumont. No entanto, após a criação da Embraer, a mentalidade presidida pela vassalagem tecnológica e que acreditava que o Brasil não podia mais ou que não tinha o direito a uma posição soberana no cenário aeronáutico internacional, optou pela privatização da estatal. Recentemente, a Venezuela apresentou proposta de compra de 150 aviões Tucanos da Embraer. Quando a transação estava por ser concluída, a dependência tecnológica se impôs: os EUA vetaram a venda, alegando que os Tucanos contam com tecnologia norte-americana e que não poderiam ser vendidos à Venezuela de Hugo Chávez.. Aliás, era um simples computador de bordo que poderia perfeitamente ser desenvolvido aqui mesmo
se o CPQD não tivesse sido demolido no vendaval da privataria. Resultado: a Venezuela comprou aviões similares da China e a Embraer, sem encomendas, demitiu 4800 trabalhadores.

Uma nova ordem internacional

A dependência tecnológica que querem impor ao Irã desdobra-se como pressão também contra o Brasil, possuidor de uma das mais eficientes e cobiçadas tecnologias de centrifugas nucleares. A pressão alinhavada na Cúpula da Segurança Nuclear destina-se a pressionar também os países emergentes a firmar o aditivo ao Tratado de Não Proliferação Nuclear, pelo qual, a Agência Internacional de Energia Atômica poderia fazer “inspeções”, sem aviso, a quaisquer instalações onde haja desenvolvimento de experiências de natureza nuclear. Faz bem a Secretaria de Assuntos Estratégicos do Brasil em alertar para os riscos que estão embutidos por trás destas grandiloqüentes proclamações sobre segurança nuclear.

Acerta o presidente Lula quando afirma que Brasil e China estão na obrigação de lutar por uma nova ordem internacional. Acertam os países do IBAS quando firmam acordo para fabricação de satélite próprio superando grave vulnerabilidade tecnológica que marca o setor. Acertam os países do BRIC quando marcam presença por outras áreas do planeta, por exemplo, por meio dos acordos para o desenvolvimento nuclear que Rússia está propondo implementar com Venezuela e Argentina. Erra o jornal Correio Brasiliense, incapaz de compreender a transcendência histórica da reunião realizada em Brasília, desinformando sobre o conteúdo e magnitude dos acordos estatais firmados, preferindo dar destaque inconcebível aos problemas que o encontro causou ao trânsito e trazendo como manchete um improvável desfecho para a paroquial crise da corrupção no Distrito Federal, que traumatizou o próprio diário capitalino, tão beneficiado pela panetônica
publicidade do Palácio do Buriti. Erra também o Green Peace em seu protesto estudantil – certamente apoiado por instituições alimentadas pela indústria petroleira e da Realeza Financeira Britânica – sem perceber que no Itamaraty estavam reunidos pelo menos dois dos países que mais se esforçam e contribuem para um novo padrão energético internacional mais limpo. O Brasil, com a biomassa e a hidroeletricidade, e a China, país que líder nos investimentos e na produção de equipamentos para a energia solar.

Ou seja, não é difícil usar o perigo real de uma conflagração nuclear para esconder uma série de iniciativas e de arranjos visando manter o mundo marcado pela dependência tecnológica que prejudica a imensa maioria dos povos. Sobretudo, quando certa mídia não quer revelá-los.

Fonte: Carta Maior

segunda-feira, 19 de abril de 2010

DE CABRAL À FOLHA DE SÃO PAULO - VEJA – GLOBO – A INVASÃO DO BRASIL

Por Laerte Braga

O almirante português Pedro Álvares Cabral partiu de Lisboa no dia nove março de 1500 com treze embarcações, a maior das armadas portuguesas à época e em tese com destino às Índias. A História, implacável em seu processo, mostra que os portugueses, como de resto os europeus, tinham conhecimento da existência de terras à leste da linha do Tratado de Tordesilhas.

Como no mundo em que vivemos o Tratado de Tordesilhas definia que terra era de quem, mesmo que não fosse conhecida, ou tivesse sido descoberta, ou a ela se tivesse chegado. Hoje, qualquer reserva de petróleo, água, ou minerais estratégicos é da democracia cristã e ocidental dos Estados Unidos em nome da paz.

O conhecimento em si, de terras a leste da linha do Tratado, não significa necessariamente que essas terras pudessem ou não de fato existir, mas apenas reservados os direitos sobre a “sombra” das grandes potências do século XVI.

Millôr Fernandes afirma que o primeiro a cercar a sombra de uma árvore, foi também o inventor da propriedade privada.

A última grande armada que se tem notícia na América como um todo e na América do Sul especificamente, foi a do Reino Unido para garantir a “propriedade” das Ilhas Malvinas, parte do território argentino ocupado pelos britânicos. Em 1982 o general Leopoldo Galtieri, sem sustentação popular e após um golpe dentro do golpe (sai ditador entra ditador) tentou segurar-se no patriotismo inconseqüente de uma guerra para a qual não estava preparado. Aproveitou-se do sentimento popular de revolta contra a ocupação de parte do território argentino, mandou tropas despreparadas às Malvinas, mero golpe de publicidade de general de carreirinha (temos aos montes aqui) e acabou levando o regime ditatorial ao seu fim. Entregou aos argentinos uma conta de vidas e dores sem tamanho, frustrando esperanças e direitos legítimos, já que na prática, sabia que não seria possível sustentar a posse das Ilhas Malvinas.

O Brasil era governado pelo ditador João Batista Figueiredo. No dilema ou dá ou desce, Reagan – então presidente dos EUA – apoiava a Grã Bretanha e sustentava a ditadura no Brasil (eram os principais acionistas dos governos militares), silenciou sobre o assunto, mas permitiu que navios e aviões ingleses se reabastecessem em território brasileiro. Uma típica covardia típica de ditadores e generais de fancaria.

As invasões hoje se dão de forma diversa em se tratando de América Latina. Compram presidentes, compram senadores, deputados, governadores, associam-se a empresários e assumem o controle dos negócios, disfarçam a ocupação militar com bases destinadas ao combate às drogas, mas se apóiam no traficante governando a Colômbia – Álvaro Uribe – e chamam tudo isso de mundo globalizado, que, via de regra, materializam através de tratados de livre comércio (com isso tomam conta da economia e da política do país, caso do México, mera colônia), o fim, segundo eles, é a paz, a democracia, o progresso, não importa que a fome esteja devastando a África ou que o velho método de invasão seja aplicado no Iraque, no Afeganistão.

O golpe principal, no entanto, numa realidade diferente, estamos no século XXI, em breve não haverá necessidade de cultivar rosas, japoneses já produzem com tecnologia de ponta rosas idênticas às naturais, até no perfume, é o controle da mídia, os chamados veículos de comunicação.

A nação, qualquer nação, é formada pelo território, o povo, os costumes, a tradição, a língua, a cultura e se organiza assim através do Estado. A palavra de ordem contemporânea é “estado mínimo”, já que o deus dos tempos atuais é o mercado. Onipotente, onipresente, onilucrativo, onibárbaro, oninuclear. “Eu posso ter a bomba e posso destruir o mundo cem vezes, mas em nome da paz você não”.

Quem quer que divirja desse modelo, dessa verdade única, recebe o rótulo de terrorista.

Torturam, matam, saqueiam a torto e a direito em todo o mundo. Matam palestinos, afegãos, iraquianos, colombianos, paquistaneses, matam africanos de fome, rotulam-nos a todos de “piratas”, “terroristas”.

É através dos meios de comunicação que substituem os costumes, as tradições, a língua e a cultura de um povo, por seus costumes, suas tradições, sua língua e sua cultura, numa invasão aparentemente indolor, recheada do brilho de neons e estrelas. Ao final, o ser brasileiro vira um objeto manipulado e conduzido segundo as vontades desejadas pelos conquistadores.

É todo um complexo que transforma, por exemplo, a maior potência do mundo, os EUA, numa sociedade anônima, controlada por grupos sionistas, os senhores do petróleo, dos grandes negócios, das armas.

Se Obama é um presidente aparentemente negro, que possa pensar aqui ou ali de maneira diversa da de Bush, não importa. Não vai longe e nem consegue enfrentar a assembléia geral de acionistas do império. Se antes eram os barões, condes, marqueses, duques e viscondes que controlavam os reis, hoje são os barões do petróleo, das armas, dos bancos, etc.

Se alguém pegar o mapa da América do Sul e tampar o Brasil com uma das mãos vai perceber que, territorialmente, o que sobra é quase nada diante do tamanho de nosso País. Quem quer que se detenha a dar uma olhada no Brasil e em seu todo, vai, de imediato, sentir que existe nos milhões de quilômetros quadrados de nosso território, todo o potencial para que sejamos não apenas uma grande potência em todos os sentidos, mas uma nação onde impere a democracia lato senso, a justiça social e possamos nos impor ao mundo sem necessidade de nenhum ministro tirar os sapatos e descalço submeter-se a humilhante revista no aeroporto de New York, como o fez Celso Láfer, ministro das Relações Exteriores do governo de FHC.

Em 1962, conscientes que os brasileiros começavam a buscar seus próprios caminhos à revelia de seus interesses, os norte-americanos (entendidos aqui como bancos, empresas, sionistas, os acionistas) compraram empresários (o grupo FIESP/DASLU por exemplo, sempre pronto a bom um negócio), políticos (Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, outros menores) e criaram um negócio chamado IBAD – INSTITUTO BRASILEIRO DE AÇÃO DEMOCRÁTICA –.

Financiaram revistas, jornais, campanhas eleitorais, associações de “defesa da democracia”, compraram militares comprometidos com a ideologia dominante, a dos EUA, mas acabaram perdendo no todo e resolveram partir para a solução seguinte. O golpe militar, aconteceu em 1964 e foi comandando por um general deles, Vernon Walthers (ficou aqui até “eleger” Castello Branco presidente da República).

Começou ali também a ofensiva sobre os meios de comunicação. Se já controlavam veículos como o jornal O GLOBO e o ESTADO DE SÃO PAULO (ostensivamente), começava também a história da poderosa REDE GLOBO (financiada por capitais do antigo grupo TIME/LIFE), viria mais tarde o grupo ABRIL (edita VEJA) e grossas verbas disfarçadas de publicidade para jornais como a FOLHA DE SÃO PAULO (a que chama a ditadura de ditabranda, mas emprestava seus caminhões para a desova dos cadáveres dos presos políticos torturados e assassinados no DOI/CODI em São Paulo).

Daí a introduzir o haloween como elemento da cultura brasileira no dia a dia de nossas escolas de ensino básico foi um pulo. Chegar ao estágio do tira manchas que é inteligente e evita que o seu filho vá à escola com a camisa manchada, foi outro pulo.

Fazer com que se pense como eles pensam, isso é o dia a dia da mentira veiculada pela televisão, pelos jornais, pelas revistas.
Mas, como diz a antiga canção – antiga, mas sempre presente – do “subdesenvolvido”, “você pensa como americano, mas não vive como americano”.

Manter governadores, senadores, deputados, militares, empresários sob controle é o de menos. O governo de FHC abriu as portas para a transformação do Brasil num estado da federação norte-americana e a ALCA – ASSOCIAÇÃO DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – só não foi assinado por conta da resistência popular e dos compromissos assumidos pelo atual governo, o do presidente Lula.

Funciona mais ou menos assim. Se eles fabricam chicletes, você tem que comprar deles, não pode fabricar. Pode sim, vender a matéria prima a preço vil.

Se o lixo hospitalar e nuclear deles não pode ser despejado em seu próprio território, sob as penas do tratado de livre comércio, previstas em capítulos próprios, você tem que aceitá-lo em seu território, que o diga o México.

A grande mídia cumpre dois papéis. William Bonner, um dos principais agentes dos EUA no Brasil e atuando na GLOBO, definiu a você como sendo um telespectador idiota, um Homer Simpson (por ironia uma excelente séria norte-americana que mostra exatamente a passividade do povo diante dessa situação) e nem fez questão de esconder isso de ninguém, veicula, diariamente, a mentira da “verdade” única e imposta, num espaço entre novelas e outras coisas mais, que fazem com que cada um creia que o essencial é o sucesso e que sucesso é sinônimo de ser brother, ou sister e que é fundamental amar-se a si próprio acima de todas as coisas. O outro é apenas alguém que circunstancialmente está ali, mas pode ser empurrado ladeira abaixo se virar problema, ou for obstáculo.

Nada pessoal, pessoas estão fadadas a serem extintas, tudo são negócios.
E como o modelo vendido implica que tudo seja assim, é necessário estar sempre com portas e janelas trancadas. A rasteira, o empurrão pode vir do outro.

Mentira e farsa são essenciais à mídia para fazer com que cada brasileiro pense em inglês, se veja em Hollywood, ou passeando e fazendo compras em New York, num dos hotéis recheados de pin ups de Las Vegas, não importa que esteja ralando doze horas por dia num emprego mal remunerado (professor por exemplo) e ainda em caso de reclamação seja enquadrado a cassetadas pela Polícia deles.

Dessa espécie de centro de uma organização que invade mais que o território, invade e corrompe almas e espíritos, consciências, saem irradiadas milhares de seitas a dizer que é preciso dar dez por cento para construir casas no céu e resignar-se à “realidade” daqui, saem deputados, senadores, saem governadores, empresas que fraudam, sonegam, vendem produtos de péssima qualidade, bancos que extorquem, todo o conjunto de máfias contemporâneas que, em relação às máfias originais, apenas varreu compromissos de honra mínimos que ali existiam.

Você é objeto. Joguete de uma mídia mentirosa, venal, corrupta e de jornalistas ávidos de um a mais para o “leite das crianças” (Miriam Leitão, Alexandre Garcia –dedo duro durante a ditadura –. Lúcia Hipólito e outros menores ou mesmo maiores, jornais como FOLHA DE SÃO PAULO, revistas como VEJA, jornais regionais como o ESTADO DE MINAS, ou redes regionais como a RBS (sul do País).

São financiados pelos seu dinheiro, pelo dinheiro público, caso do contrato do governo de São Paulo (José Collor Arruda Serra) com a editora ABRIL (VEJA), ou o escandaloso caso da venda do apoio da GLOBO a Serra nas eleições de 2002 envolvendo Roseana Sarney (usada como isca pela GLOBO), O BNDES, resultando na emenda que abriu as portas para o capital estrangeiro em rádios e tevês do Brasil e tirando a empresa de um estado pré-falimentar.

Nada é de graça nesse tipo de negócio. Há toda uma teia que tem um único objetivo. O controle da jóia da coroa latino-americana, o Brasil.

Um grupo de professores do estado do Pará advertiu o governo estadual que a descoberta de um reservatório subterrâneo de água doce por cientistas brasileiros era o produto do esforço de brasileiros, pois norte-americanos já o conheciam através de recursos tecnológicos através de satélites há anos e se omitiam sobre o assunto, à medida que o propósito é o controle não só da água, mas do petróleo, do País. Têm a defendê-los o patriotismo do general Heleno. A ocupar o território brasileiro a VALE privatizada.

Para isso vendem seu modo de pensar (aquele que mata à porta das escolas, que é racista, que se sustenta na barbárie da guerra e dos campos de concentração como Guantánamo) através de agências chamadas empresas como a GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, e outros, muitos outros.

Associa-se ao latifúndio que depreda a Amazônia (e culpa os índios), serve porcaria nos transgênicos, coopta militares como o fizeram com o general Heleno e muitos outros – a maioria – para eventuais golpes, faz com que cada um de nós se volte para uma Meca doentia, Washington/Wall Street e acredite que sucesso é sair por aí exibindo os escalpos conquistados na caminhada.

Com o fim da ditadura militar tentaram com Collor e conseguiram boa parte de seus objetivos com FHC, funcionário de uma fundação norte-americana a FORD. Sem nenhum escrúpulo, caráter, ou respeito por quem quer que seja, muito menos pelo Brasil e pelos brasileiros.

A eleição de Lula, por críticas que possa fazer ao governo de Lula, interrompeu o avanço, a invasão, mas não o processo de dominação. Estão aí os mesmos veículos vendendo um marginal como José Collor Arruda Serra, político sem qualquer dignidade, sem princípios e sem honra nenhuma para completar a tarefa.

Como há dias o Instituto Sensus, que pesquisa para sindicatos de trabalhadores e de patrões, divulgou pesquisa mostrando empate técnico entre a candidata Dilma Roussef e o marginal José Collor Arruda Serra, o DATA FOLHA, instituto de pesquisas da FOLHA DE SÃO PAULO, tratou de forjar uma pesquisa onde Serra aparece como vencedor e um jornalista do esquema, Fernando Rodrigues, como quem não quer nada, trata de “adiantar” em sua coluna que o bandido pode vencer já no primeiro turno.

Em 1985 a lei proibia a divulgação de pesquisas três ou cinco dias antes das eleições para evitar manipulações. A última pesquisa dos institutos ditos sérios dava a vitória nas eleições para a prefeitura de São Paulo ao criminoso Fernando Henrique Cardoso. Seu principal adversário era Jânio Quadros. Um especialista em pesquisas previu a vitória de Jânio e disse o seguinte – “me digam onde pesquisaram e encontraram a vitória de Fernando Henrique que eu vou pesquiso e trago a vitória de Jânio” – Manipulação pura, deliberada, covarde e muito bem remunerada. São bandidos e Jânio ganhou de FHC.

Daqui até outubro, os brasileiros terão tempo para pensar se querem permanecer brasileiros, senhores do Brasil, ou se vão cair de quatro definitivamente e passar à condição de colonos dos norte-americanos.
Não contem com nossas elites, são podres, são pútridas, fétidas e se vendem por um fim de semana na Ilha de Caras. Tipo trocar um pirulito pela honra, pela dignidade pessoal.

Não se invade com esquadras como a de Cabral, mas com redes de tevê, jornais, rádios e revistas que consideram garis (como o fez Boris Casoy) “a última categoria na escala de trabalho”. Ou seja, o preconceito em muitos momentos se torna visível.

Se deixa enganar quem quer ser enganado, ou quem se acostumou a ficar de quatro.

No duro mesmo, eu proporia uma sessão diária em três turnos, dos filmes de Oscarito e Grande Otelo, em cada escola. Seria uma forma do brasileiro começar a acordar e perceber que existe vida inteligente para além de Jerry Lewis, ou desses comediantes de quinta categoria de Hollywood e que Bruce Willys não é nem a sombra do que era José Legoy, o nosso grande vilão cinematográfico. Dá de dez a zero em qualquer agente da CIA desses que explodem meio mundo e no fim ficam com a mocinha.

O diretor de AVATAR dizer que vai levar a questão de Belo Monte (sem entrar no mérito) para discutir com senadores americanos? Ora, manda esse cara pastar. Mas antes olha se o general Heleno não está ao lado dele. É bem capaz, junto com o presidente da VALE e a senadora Kátia Abreu, especialista em fraudes com terras na região.

domingo, 18 de abril de 2010

Aquífero Alter do Chão, no norte do País, pode ser o maior do mundo

Aquífero descoberto no Norte seria o maior do mundo – Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) divulgarão oficialmente na semana que vem a descoberta do que afirmam ser o maior aquífero do mundo. A imensa reserva subterrânea sob os Estados do Pará, Amazonas e Amapá têm o nome provisório de Aquífero Alter do Chão – em referência à cidade de mesmo nome, centro turístico perto de Santarém.

“Temos estudos pontuais e vários dados coletados ao longo de mais de 30 anos que nos permitem dizer que se trata da maior reserva de água doce subterrânea do planeta. É maior em espessura que o Aquífero Guarani, considerado pela comunidade científica o maior do mundo”, assegura Milton Matta, geólogo da UFPA. A capacidade do aquífero não foi estabelecida. Os dados preliminares indicam que ele possui uma área de 437,5 mil quilômetros quadrados e espessura média de 545 metros. “É menor em extensão, mas maior em espessura do que o Guarani.”
Reportagem da AE – Agência Estado.

Matta cita a porosidade da rocha em que a água está depositada como um dos indícios do potencial do reservatório. “A rocha é muito porosa, o que indica grande capacidade de reserva de água. Além do mais, a permeabilidade – a conexão entre os poros da rocha – também é grande.”
Segundo ele, apesar de as dimensões da reserva não terem sido mapeadas, sai do aquífero a água que abastece 100% de Santarém e quase toda Manaus. “A vazão dos poços perfurados na região do aquífero é outro indício de que sua reserva é muito grande”, afirma Matta.

Para o geólogo Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, a comparação com o Guarani é interessante como referência, mas complicada. “O Guarani é um aquífero extremamente importante para o Brasil e para a América Latina, mas não é o maior do mundo. Há pelo menos um aquífero, na Austrália, que é maior que o Guarani”, contesta.
As informações são do jornal O Estado de SP.

Fonte: EcoDebate, 11/04/2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Há ainda direita e esquerda?

Por Emir Sader

Diante de alguns argumentos que ainda subsistem sobre o suposto fim da divisão entre direita e esquerda, aqui vão algumas diferenças. Acrescentem outras, se acharem que a diferença ainda faz sentido.

Direita: A desigualdade sempre existiu e sempre existirá. Ela é produto da maior capacidade e disposição de uns e da menor capacidade e menor disposição de outros. Como se diz nos EUA, ?não há pobres, há fracassados?

Esquerda: A desigualdade é um produto social de economias ? como a de mercado ? em que as condições de competição são absolutamente desiguais.

Direita: É preferível a injustiça, do que a desordem.

Esquerda: A luta contra as injustiças é a luta mais importante, nem que sejas preciso construir uma ordem diferente da atual.

Direita: É melhor ser aliado secundário dos ricos do mundo, do que ser aliado dos pobres.

Esquerda: Temos um destino comum com os países do Sul do mundo, vitimas do colonialismo e do imperialismo, temos que lutar com eles por uma ordem mundial distinta.

Direita: O Brasil não deve ser mais do que sempre foi.

Esquerda: O Brasil pode ser um país com presença no Sul do mundo e um agente de paz em conflitos mundiais em outras regiões do mundo.

Direita. O Estado deve ser mínimo. Os bancos públicos devem ser privatizados, assim como as outras empresas estatais.

Esquerda: O Estado tem responsabilidades essenciais, na indução do crescimento econômico, nas políticas de direitos sociais, em investimentos estratégicos como infra-estrutura, estradas, habitação, saneamento básico, entre outros. Os bancos públicos têm um papel essencial nesses projetos.

Direita: O crescimento econômico é incompatível com controle da inflação. A economia não pode crescer mais do que 3% a ano, para não se correr o risco de inflação.

Direita: Os gastos com pobres não têm retorno, são inúteis socialmente, ineficientes economicamente.

Esquerda: Os gastos com políticos sociais dirigidas aos mais pobres afirmam direitos essenciais de cidadania para todos.

Direita: O Bolsa Família e outras políticas desse tipo são ?assistencialismo? , que acostumam as pessoas a depender do Estado, a não ser auto suficientes.

Esquerda: O Bolsa Família e outras políticas desse tipo são essenciais, para construir uma sociedade de integração de todos aos direitos essenciais.

Direita: A reforma tributária deve ser feita para desonerar aos setores empresariais e facilitar a produção e a exportação.

Esquerda: A reforma tributária deve obedecer o principio segundo o qual ?quem tem mais, paga mais?, para redistribuir renda, com o Estado atuando mediante políticas sociais para diminuir as desigualdades produzidas pelo mercado.

Direita: Quanto menos impostos as pessoas pagarem, melhor. O Estado expropria recursos dos indivíduos e das empresas, que estariam melhor nas mãos destes. O Estado sustenta a burocratas ineficientes com esses recursos.

Esquerda: A tributação serva para afirmar direitos fundamentais das pessoas ? como educação e saúde publica, habitação popular, saneamento básico, infra-estrutura, direitos culturais, transporte publico, estradas, etc. A grande maioria dos servidores públicos são professores, pessoal médico e outros, que atendem diretamente às pessoas que necessitam dos serviços públicos.

Direita: A liberdade de imprensa é essencial, ela consiste no direito dos órgãos de imprensa de publicar informações e opiniões, conforme seu livre arbítrio. Qualquer controle viola uma liberdade essencial da democracia.

Esquerda: A imprensa deve servir para formar democraticamente a opinao pública, em que todos tenham direitos iguais de expressar seus pontos de vista. Uma imprensa fundada em empresas privadas, financiadas pela publicidade das grandes empresas privadas, atende aos interesses delas, ainda mais se são empresas baseadas na propriedade de algumas famílias.

Direita: A Lei Pelé trouxe profissionalismo ao futebol e libertou os jogadores do poder dos clubes.

Esquerda: A Lei Pelé mercantilizou definitivamente o futebol, que agora está nas mãos dos grandes empresários privados, enquanto os clubes, que podem formar jogadores, que tem suas diretorias eleitas pelos sócios, estão quebrados financeiramente. A Lei Pelé representa o neoliberalismo no esporte.

Direita: O capitalismo é o sistema mais avançado que a humanidade construiu, todos os outros são retrocessos, estamos destinados a viver no capitalismo.

Esquerda: O capitalismo, como todo tipo de sociedade, é um sistema histórico, que teve começo e pode ter fim, como todos os outros. Está baseado na apropriação do trabalho alheio, promove o enriquecimento de uns às custas dos outros, tende à concentração de riqueza por um lado, à exclusão social por outro, e deve ser substituído por um tipo de sociedade que atenda às necessidades de todos.

Direita: Os blogs são irresponsáveis, a internet deve ser controlada, para garantir o monopólio da empresas de mídia já existentes. As chamadas rádios comunitárias são rádios piratas, que ferem as leis vigentes.

Esquerda: A democracia requer que se incentivo aos mais diferentes tipos de espaço de expressão da diversidade cultural e de opinião de todos, rompendo com os monopólios privados, que impedem a democratização da sociedade.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Homicídios no país se concentram em homens, jovens, negros e pobres

Homens com idade entre 15 e 24 anos, negros e pobres são as maiores vítimas
de violência no Brasil. A conclusão consta do estudo Mapa da Violência 2010
– "Anatomia dos Homicídios no Brasil" divulgado em São Paulo, pelo Instituto Sangari, que analisa dados coletados entre os anos de 1997 e 2007. Segundo o estudo, em mais de 92% dos casos de homicídio no Brasil as vítimas são homens. Em 2007, por exemplo, para cada mulher vítima de homicídio no país, morreram 12 homens. Neste mesmo ano, faleceram 3.772 mulheres e 43.886 homens.

A reportagem é de Elaine Patricia Cruz e publicada pela Agência Brasil, em 30 de março de 2010.

Os maiores índices de mortes violentas também estão concentrados na
população jovem, entre 15 e 24 anos. Só no ano de 2007 mais de 17,4 mil
jovens foram assassinados no Brasil, o que representou 36,6% do total
ocorrido no país. O estado que apresentou o maior crescimento na taxa de
assassinatos de jovens entre 1997 e 2007 foi Alagoas, que passou de 170
mortes em 1997 para 763 mortes dez anos depois (crescimento de 348,8%). Por
outro lado, São Paulo foi o estado que apresentou a maior queda (- 60,6%),
passando de 4.682 mortes em 1997 para 1.846 óbitos em 2007.

As maiores vítimas de violência no país também são os negros. Morrem
proporcionalmente duas vezes mais negros do que brancos no Brasil. Enquanto
o número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.308 entre os anos de 2002 e 2007, o de negros cresceu de 26.915 para 30.193.

“Temos um personagem das vítimas que coincide no Brasil com quem os vitima.
Vítimas e algozes compartilham da mesma estrutura. Quem é esse nosso personagem? É um jovem entre 15 e 24 anos, provavelmente na faixa de 20 a 23[anos], morador de periferia urbana, pobre, de baixo índice educacional,
homem, e que, por motivos culturais, fúteis e banais, mata o outro”, explicou o pesquisador e sociólogo Julio Jacobo (Waiselfisz, do *Instituto Sangari.)

Segundo ele, a história de violência no Brasil é demonstrada pela matança de sua juventude e pode ser explicada por um aspecto cultural. “[A matança de jovens] não é natural porque em metade dos países do mundo a taxa é de menos de um homicídio para cada 100 mil jovens. E nós temos 50. Ou seja, é
cultural. Se fosse natural teria que estar em todos os países do mundo”,
afirmou.

De acordo com Waiselfisz, enquanto não houver uma solução para os
problemas do jovem no Brasil, não haverá solução para o problema da
violência. E uma dessas soluções, segundo ele, passaria pela educação. “Pela dimensão continental, penso que a nossa estratégia é notadamente educacional. A escola tem um papel muito grande, primeiro porque a própria escola é um foco de violência. E essa violência está, nesse momento, desestimulando os estudos”, disse ele.

A opinião internacional a respeito da Amazônia

"SE OS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS NÃO CONSEGUEM PAGAR SUAS DÍVIDAS EXTERNAS, QUE VENDAM SUAS RIQUEZAS, SEUS TERRITÓRIOS E SUAS FÁBRICAS."
Margaret Thatcher,Primeira-Ministra Britânica - 1983.

"AO CONTRÁRIO DO QUE OS BRASILEIROS PENSAM, A AMAZÔNIA NÃO É DELES, MAS DE TODOS NÓS."
Al Gore, Vice-Presidente dos EUA - 1989.

"O BRASIL PRECISA ACEITAR UMA SOBERANIA RELATIVA SOBRE A AMAZÔNIA."
François Mitterand, Presidente da França - 1989.

"AS NAÇÕES DESENVOLVIDAS DEVEM ESTENDER O DOMÍNIO DA LEI AO QUE É COMUM DE TODOS NO MUNDO. AS CAMPANHAS ECOLÓGICAS INTERNACIONAIS SOBRE A REGIÃO AMAZÔNICA ESTÃO DEIXANDO A FASE PROPAGANDISTA PARA DAR INÍCIO A UMA FASE OPERATIVA QUE PODE, DEFINITIVAMENTE, ENSEJAR INTERVENÇÕES MILITARES DIRETAS SOBRE A REGIÃO."
John Major, Primeiro-Ministro Britânico - 1992.

"O BRASIL DEVE DELEGAR PARTE DE SEUS DIREITOS SOBRE A AMAZÔNIA AOS ORGANISMOS INTERNACIONAIS COMPETENTES."
Mikhail Gorbachev, Presidente da Ex-URSS - 1992.

"OS PAÍSES INDUSTRIALIZA- DOS NÃO PODERÃO VIVER DA MANEIRA COMO EXISTI-RAM ATÉ HOJE SE NÃO TIVEREM A SUA DISPOSIÇÃO OS RECURSOS NATURAIS NÃO-RENOVÁVEIS DO PLANE TA. TERÃO QUE MONTAR UM SISTEMA DE PRESSÕES E CONSTRANGIMENTOS GARAN TIDORES DA CONSECUÇÃO DE SEUS INTENTOS."
Henry Kissinger, Secretário de Estado dos EUA - 1994.

"ATUALMENTE, AVANÇAMOS EM UMA AMPLA GAMA DE POLÍTICAS, NEGOCIAÇÕES E TRATADOS, EM COLABORAÇÃO COM PROGRAMAS DAS NAÇÕES UNIDAS, DIPLOMACIA BILATERAL E REGIONAL, DISTRIBUIÇÃO DE AJUDA HUMANITÁRIA AOS PAÍSES NECESSITADOS E CRESCENTE PARTICIPAÇÃO DA CIA EM ATIVIDADES DE INTELIGÊNCIA AMBIENTAL."
Madeleine Albright, Secretária de Estado dos EUA - 1996.

"CASO O BRASIL RESOLVA FAZER UM USO DA AMAZÔNIA QUE PONHA EM RISCO O MEIO AMBIENTE NOS ESTADOS UNIDOS, TEMOS DE ESTAR PRONTOS PARA INTERROMPER ESSE PROCESSO IMEDIATAMENTE."
General Patrick Hugles, Chefe do Órgão Central de Informações das Forças Armadas dos EUA - 1998.

"A AMAZÔNIA E AS OUTRAS FLORESTAS TROPICAIS DO PLANETA DEVERIAM SER CONSIDERADOS BENS PÚBLICOS MUNDIAIS E SUBMETIDAS À GESTÃO COLETIVA - OU SEJA, GESTÃO DA COMUNIDADE INTERNACIONAL."
Pascal Lamy, Presidente da OMC - 2005.

"NOVAS PEQUENAS NAÇÕES PODERÃO ALTERAR O MAPA DA AMÉRICA LATINA ATÉ 2050."
Andres Oppenheimer, Repórter.

Fonte: Rede 3setor (http://br.groups. yahoo.com/ group/3setor)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Cinco jornalistas executados em Honduras

Cinco jornalistas executados em Honduras Somente no mês passado. Eles foram assassinados por esquadrões da morte. Em 26 de março, Ballardo Mairena e Manuel Juarez, que viajavam de carro para a cidade de Juticalpa, foram rendidos e executados. Os corpos foram encontrados com 13 perfurações de bala cada um, denunciou a TeleSur, a única emissora de televisão que acompanha a resistência popular aos golpistas de junho passado. Antes deles, foram mortos os jornalistas Joseph Ocho, na capital Tegucigalpa; David Montesinos, em La Ceiba; e Nahún Palacios, em Tocoa.

Segundo denuncia o presidente da Associação de Imprensa Hondurenha, Carlos Ortiz, o governo fascista de Porfírio Lobo, bancado pelos EUA, “atenta contra a liberdade de imprensa e o direito que tem o povo de ser informado. Não é possível que se continue assassinando jornalistas e nada seja feito”. O megaempresário Porfírio Lobo foi “eleito” em novembro passado numa eleição de fachada, feita sob os auspícios dos golpistas que depuseram o presidente eleito Manuel Zelaya.

Barbárie e resistência popular

Quando do golpe cívico-militar, em junho de 2009, a repressão se abateu violentamente contra as forças legalistas. A Rádio Globo (que não tem qualquer relação com a golpista brasileira) teve os equipamentos destruídos e vários radialistas detidos. Emissoras independentes de televisão foram fechadas e a censura virou regra. Lideranças sindicais e populares foram presas e, de acordo com vários relatos, muitas foram assassinadas por esquadrões formados por policiais mercenários. As execuções sumárias prosseguem até hoje e Porfírio Lobo garante a impunidade aos criminosos.

Apesar da violência, a resistência hondurenha persiste. No final de março, milhares de pessoas marcharam na capital para exigir a volta da democracia e a revogação das medidas neoliberais do governo. A passeata terminou na Universidade Nacional Autônoma, que se encontra ocupada por professores e estudantes. Juan Bara-hona, coordenador da Frente de Resistência ao Golpe, exigiu a libertação de 15 sindicalistas presos sob a acusação de “usurpação das funções”. Dias antes, o professor José Manuel Flores, dirigente da frente, foi assassinado por homens encapuzados.

O silêncio cúmplice da mídia

A dramática situação de Honduras, que retoma a tradição dos sangrentos golpes contra governos democraticamente eleitos, exige a solidariedade militante das forças progressistas do continente. Os EUA, apesar da falsa retórica de Barack Obama, mantêm a pressão pelo reconhecimento da ditadura de Porfírio Lobo. Qualquer vacilo pode levar à consolidação deste regime fascistóide e incentivar outras ações golpistas na região, em especial no sofrida América Central.

Neste esforço de solidariedade também é preciso denunciar o silêncio cúmplice da mídia privada. Ela que torceu pelos golpistas, tratando-os como “governo de fato”, e que atacou o governo Lula por dar abrigo ao presidente Manuel Zelaya, agora nada fala sobre a ditadura hondurenha. Até o cínico discurso sobre a “liberdade de expressão” já foi arquivado. Os barões da mídia brasileira, teleguiados pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), braço da CIA na América Latina, hoje evitam criticar a censura, as perseguições e os assassinados de jornalistas em Honduras.

Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cientistas tentam defender trabalhos sobre o clima

Há meses cientistas do clima sofrem críticas cruéis na mídia e na internet, acusados de esconder dados, cobrir erros e suprimir visões alternativas. Sua reposta até agora tem sido, em grande, parte, insistir na legitimidade de seu vasto corpo de ciência climática e ridicularizar seus críticos, chamando-os de esquisitos e desinformados. No entanto, o volume de críticas e a profundidade da dúvida só cresceram.

Muitos cientistas hoje estão enfrentando uma crise de confiança pública e sabem que tem de rebatê-la. A contragosto, eles estão começando a envolver seus críticos, admitir erros, abrir dados e remodelar a forma como conduzem seu trabalho.

A liberação não autorizada, no último outono, de centenas de mensagens de e-mail de um grande centro de pesquisa sobre o clima na Inglaterra, e, mais recentemente, revelações de um punhado de erros num suposto relatório confiável das Nações Unidas sobre a mudança climática, criaram o que vários cientistas importantes afirmam ser uma grande quebra de confiança em sua pesquisa. Eles afirmam que essa agitação ameaça minar décadas de trabalho e tem prejudicado enormemente a confiança do público na atividade científica.

No episódio do e-mail, chamado de "climategate" por alguns críticos, o conteúdo das mensagens vazadas fez com que alguns cientistas conhecidos sofressem acusações de esconder dados de temperatura de pesquisadores rivais e manipular resultados para estarem em conformidade com conclusões pré-estabelecidas. "Eu obviamente escrevi alguns e-mails terríveis", disse o britânico Phil Jones, diretor da unidade de pesquisa climática da University of East Anglia e centro da controvérsia, em confissão recente a um comitê especial do Parlamento. Mas ele discordou veementemente de acusações de que ele teria escondido dados ou falsificado resultados.

No entanto, danos sérios já foram causados. Uma pesquisa conduzida no final de dezembro pela Universidade de Yale e pela George Mason University descobriu que o número de americanos que acreditava que a mudança climática era uma enganação ou conspiração científica mais que dobrou desde 2008, de 7% da população para 16%. E 13% dos americanos disseram achar que, mesmo que o planeta esteja esquentando, isso seria resultado de fatores naturais apenas e não representaria uma preocupação significativa.

"Está claro que a comunidade científica do clima simplesmente não estava preparada para a escala e ferocidade dos ataques, e simplesmente não responderam de forma rápida e adequada", afirmou Peter C. Frumhoff, ecologista e cientista-chefe da Union of Concerned Scientists.

Agora várias instituições estão iniciando esforços para melhorar a qualidade de sua ciência e tornar seu trabalho mais transparente. A agência britânica oficial do clima está realizando uma revisão completa de seus dados de temperatura e irá tornar públicos seus registros e análises pela primeira vez, permitindo análises detalhadas por parte de terceiros em relações a métodos e conclusões.

Nenhum órgão científico está sofrendo inspeções mais hostis do que o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudança Climática (IPCC), que compila pesquisas climáticas de centenas de cientistas ao redor do mundo em relatórios periódicos com o objetivo de ser a afirmação definitiva da ciência e um guia para a criação de diretrizes. Críticos, citando vários erros relativamente menores em seu relatório mais recente e acusações de conflitos de interesse contra seu líder, Rajendra K. Pachauri, pedem que o IPCC seja dispensado ou radicalmente reformulado.

Pachauri foi agraciado, em 2007, com o Prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho no painel. A honraria foi dividida com o ex-vice presidente dos EUA, Al Gore.

No dia 27 de fevereiro, após semanas de recusa em envolver os críticos, o IPCC anunciou que estava solicitando a criação de um painel independente para revisar seus procedimentos de pesquisa, a fim de eliminar parcialidades e erros de futuros relatórios.

Entretanto, alguns críticos acreditam que se tratam apenas de esforços cosméticos que não resolvem o verdadeiro problema. "Vou deixar você por dentro de um segredo bem feio - não quero que a confiança na ciência do clima seja recuperada", disse Willis Eschenbach, engenheiro e oposicionista do clima que posta frequentemente em blogs de ceticismo climático, em resposta a uma proposta de cientistas de compartilhar mais pesquisas. "Não quero que vocês descubram como inspirar confiança camuflando suas práticas inescrupulosas de maneira inovadora", disse.

Ralph J. Cicerone, especialista em química atmosférica e presidente da National Academy of Sciences, órgão científico mais prestigiado dos Estados Unidos, disse haver o risco de que a desconfiança na ciência climática poderia se ramificar e gerar dúvidas em relação ao conhecimento científico de forma mais ampla. Ele disse que os cientistas devem fazer um trabalho melhor tentando ser ouvidos em redes de TV, rádio e internet.

A batalha é desigual, no sentido de que os cientistas se sentem obrigados a apoiar suas descobertas com observação cuidadosa e análises replicáveis, embora seus críticos sejam livres para fazer afirmações condenando seu trabalho como fraudulentos.

"Temos que fazer um trabalho melhor de explicar que sempre existem mais coisas para serem aprendidas, sempre há incertezas a serem resolvidas", disse John P. Holdren, cientista ambiental e conselheiro científico da Casa Branca. "Mas também precisamos lembrar às pessoas de que as ocasiões onde um amplo consenso é derrubado por um incrédulo da ciência são muito, muito raras".

Porém, alguns cientistas disseram que responder a céticos em relação a mudanças climáticas era perda de tempo. "Os cientistas do clima são pagos para fazer ciência", disse Gavin Schmidt, climatologista sênior do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA. "O trabalho deles não é convencer o público". Ele afirmou que a recente onda de hostilidade para com a ciência do clima tinha sido motivada tanto pelo inverno frio quanto por qualquer pecado científico, real ou percebido.

"Sempre houve pessoas nos acusando de sermos criminosos fraudulentos, que o IPCC seria corrupto", disse Schmidt. "A novidade é essa paranoia combinada com inverno frio nos Estados Unidos e a liberação do 'climategate'. A resposta é simples, ele disse: "A boa ciência é a melhor vingança".

Fonte: Yahoo Notícias, atualizado em 3/4.

Registro para história da imprensa

O ministro do Paulo Vannuchi criticou a imprensa brasileira nesta terça-feira (30/03) “por agir como uma espécie de partido de oposição, (...) confundindo um papel que seria dela – informar, cobrar e denunciar – com o protagonismo partidário, que é transformar isso em ações de conteúdo unilateral". Não se trata de uma afirmação gratuita. Vem de uma confissão pública da presidente da Associação de Jornais (patronal), Judith Brito, que é também diretora-superinten dente da empresa que edita a Folha de S Paulo. Segundo Judith: "Na situação atual, em que os partidos de oposição estão muito fracos, cabe a nós dos jornais exercer o papel dos partidos. É o que estamos fazendo”.

A afirmação de Judith se deu durante evento realizado há duas semanas em São Paulo, para associações patronais ligadas a jornais, revistas e TVs, para discutir a liberdade de imprensa. "A liberdade de imprensa não pode ser só a liberdade privada da imprensa brasileira", disse nesta segunda-feira (29/03) o presidente da CUT, Artur Henrique, botando o dedo bem no centro da ferida. Ele quer a realização de debates sobre a democratização dos meios de comunicação.

No embalo da CUT, durante o lançamento do PAC2, o presidente Lula também atacou: “Se o pesquisador do futuro recorrer aos jornais de hoje, contará uma historia mentirosa”. Obama, de um lado, Chávez, de outro, também andam a reclamar da imprensa dos seus países. O primeiro, porque um grupo de mídia lhe faz oposição sistemática. O Último porque foi a mídia que lhe apeou do poder em 2002, e porque continua tentando até hoje. Os choramingos de Serra e Berlusconi contra a imprensa não contam, são choros de barriga cheia.

“Lula disse bem”, diz Mino Carta na última Carta Capital. Nossa imprensa costuma ser conservadora em relação aos grandes temas da humanidade e se aliar automaticamente aos interesses de Washington, no campo da economia e da política. É capaz de denunciar, de pronto, supostas práticas desleais do comércio da China, mas se cala diante de comprovadas práticas desleais praticadas anos a fio pelos EUA. Como no caso do algodão, arbitrado pela OMC. Não quer Washington, também não quer nossa imprensa, que o Brasil seja recompensado na forma da lei internacional. Mas quer que o exército brasileiro invada a Bolívia por querer negociar preço justo para seu gás.

Tem razão Artur Henrique. Nossa mídia prefere condenar o governo cubano por também supostas lesões aos direitos humanos, mas se cala diante de torturas em cárceres dos Estados Unidos espalhados pelo mundo. Divulga sem cessar casos de enfrentamento de opositores diante do governo autoritário iraniano e esconde ou banaliza a chuva de bombas que Israel despeja sobre civis palestinos. Aceita como verdadeira a “gana” do Irã por armas atômicas (lembre-se das armas de destruição em massa do Iraque), mas se cala diante do arsenal atômico de Israel.

Também se cala diante de milhares de artefatos atômico nos arsenais das grandes potências. E aplaudem esses países demasiadamente armados, como diz o ministro Samuel Pinheiro Guimarães, quando “pretendem desarmar os desarmados totalmente, até o último estilingue”.
Nossa mídia defendeu o golpe contra Chávez em 2002, como defendeu o golpe contra Zelaya em 2009. E viu na eleição do novo presidente de Honduras, feita pelos golpistas, um processo limpo. Esqueceu de mostrar as dezenas de mortes de seguidores do presidente deposto.

A imprensa brasileira finge-se de morta para o novo perfil do Brasil diante das nações e faz cara de paisagem para o protagonismo do presidente Lula nas esferas internacionais. É uma história dos tempos de hoje que os pesquisadores do futuro poderão garimpar sem passar por mentirosos, desde que consultem os arquivos dos jornais de fora do Brasil. Como no exemplo do The Wall Street Journal desta segunda-feira (29/03), matéria de capa, em cuja visão, “Para o Brasil, finalmente é o amanhã". Mais: "A ascensão do Brasil como um gigante econômico é um dos maiores temas de nosso tempo. Não está somente redefinindo a América Latina, mas também a economia do mundo inteiro."

Fonte: Boletim H S Liberal.

O SHOW DA MÍDIA – TEM ATÉ XUXA

Por Laerte Braga

A autora de novelas Glória Perez, vítima de uma tragédia pessoal (a filha, atriz, foi assassinada de forma brutal e covarde), foi a São Paulo para assistir ao julgamento do casal Nardoni. Comentou o caso no Twitter e deu força ao promotor. “Não deixou pedra sobre pedra”.

Há quem diga que o empresário que se auto crucificou à porta do fórum para pedir justiça possa ter extrapolado, viva um momento de dificuldades e o seu gesto tenta chamar a atenção, essas coisas assim. Ganhar notoriedade, o show.

Não há diferença alguma entre o que o empresário e Glória Perez fizeram, exceto o destaque dado pela mídia a autora de novelas, que viveu situação semelhante. Só uma questão de tecnologia. O empresário usou um cenário barato e a GLOBO, que reproduz com destaque a presença de Glória Perez, abandonou o sentido da cruz, por acreditar que o céu seja o PROJAC.

Uma coisa é a dor de Glória Perez, outra coisa é essa dor levada a um palco sensacionalista.

Xuxa Meneghel deu seu palpite. Segundo a senhora em questão “quantas Isabelas terão que morrer para que tenhamos justiça?”. Confesso que não entendi, mas como a “rainha dos baixinhos” fez a pergunta ao lado da rainha Sílvia, da Suécia, deveria estar em alfa, numa conversa de rainhas.

São públicos e notórios os comentários, até denúncias, de maus tratos a meninos e meninas que compareciam ao programa de Xuxa naquela de ser figurante de um processo de idiotização em âmbito nacional.

Xuxa foi a escola de uma, duas gerações.

Já passa de uma centena o número de mulheres “apaixonadas” pelo promotor Francisco Cembranelli. Segundo alguns jornais, sites, blogs, as declarações surgem aos borbotões. “Estou apaixonada pelo promotor Francisco Cembranelli. Alguma outra mulher aí acha ele charmoso demais?” A pessoa se identifica num site de perguntas e respostas como Anise.

Teve resposta imediata. “Eu também me apaixonei por ele. Tudo começou depois que tive um sonho com ele, (...) foi maravilhoso. Era um beijo fervoroso, pena que eu acordei”. O nome é Lucy. Elaine Cristina foi mais contundente. “Com todo respeito você é o cara mais lindo que já vi. Pena ser casado, pois eu iria me casar com você. Te adoro e admiro seu trabalho, parabéns, adoro homens tímidos”.

E vai por aí afora.

Onde entra Isabela nisso?

Num texto atribuído ao lingüista norte-americano Noam Chomsky, um dos grandes pensadores e ativistas da atualidade (e há muito tempo), são dez as “estratégias de manipulação política”.

A “estratégia da distração”. Consiste em desviar a atenção do distinto público para o fato de diretores da ALSTOM terem sido presos na Grã Bretanha acusados de subornar políticos de vários países, entre os quais brasileiros, no caso específico, as obras do metrô de São Paulo (Alckimin, Maluf, Kassab e Serra, entre outros). Essa estratégia “impede ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia... Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais... Manter o público ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar”.

“Criar um problema para depois oferecer soluções”. “Cria-se um problema, uma situação prevista para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar”. Fala da violência urbana, transforma a boçalidade em “mal necessário”, a dose única, do remédio único.

A “estratégia da degradação”, combinada com a “estratégia do deferido”, que consiste em fazer com que sejam aceitas condições impostas pelas elites como flexibilidade dos salários para não perder emprego (o lucro do dono aumenta), ou a aceitação de uma medida impopular num sacrifício futuro, enquanto se espera, ingenuamente, o futuro chegar. Não chega nunca.

Ah! Olha a Xuxa aí. “Dirigir-se ao público como crianças de pouca idade”. Ipsis literis o seguinte. “A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante”.

“Usar o aspecto emocional muito mais do que a reflexão”. O jeito de gerar um “curto circuito na análise racional e por fim ao sentido crítico dos indivíduos. Permite “abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos, temores, compulsões, ou induzir comportamentos”. Que nem aquele do cara fissurado na moça do pedágio. Coloca em seu carro um spray especial para veículos, um cheiro de vida e pronto, a moça larga tudo e vai para o lado dele. Já notaram que ambos parecem robôs?

“Manter o público na ignorância e na mediocridade”. Pegar o rebanho e torná-lo incapaz de compreender as tecnologias e métodos utilizados para seu controle e escravidão”. Manter dessa forma as separações entre as castas que formam nossa sociedade. Ou seja, a classe média, exemplo, afunda o nariz em VEJA, na FOLHA DE SÃO PAULO e entra no cheque especial para além da conta. A sala é uma beleza, o resto... Beija mão de Ermírio de Moraes que cresce com dinheiro público e destruindo o ambiente.

O resto jogam do alto da janela de um andar qualquer de um prédio qualquer e tem o nome de Isabela, ou Maria, o nome que seja.

“Promover ao público a ser complacente na mediocridade”. Vale dizer, “achar legal o fato de ser estúpido, vulgar e inculto”. Está aí o BOPE.

“Reforçar a revolta pela culpabilidade”. O único culpado do trabalhador ser explorado é ele próprio, portanto, aceite a exploração de maneira resignada, conforme-se, um dia, quem sabe você ganha na loteria e pronto? A resignação é o caminho para cair de quatro e engolir qualquer Arruda/Serra da vida e os milhões da empresa britânica que compra políticos brasileiros, leia-se, tucanos e democratas paulistas.

E, por fim, “conhecer melhor os indivíduos do que eles mesmos se conhecem”. A essa altura do campeonato, na décima estratégia de manipulação, já formaram o idiota perfeito, é barbada. É só abrir a porta do curral e propor casamento ao promotor.

A GLOBO é perita nisso.

Chávez é culpado, o Irã vai destruir o mundo, Fidel Castro é o “demônio”, Edir, o Macedo salva, desde que o dízimo seja pago direitinho, Bento XVI estava ao lado do padre pedófilo e não viu nada, mas escondeu os documentos. Palestinos são “terroristas” porque resistem a entregar suas terras, suas vidas ao povo superior de Israel, o MST é um “bando de desordeiros” e os pobres rapazes que assaltaram uma “vagabunda” para “limpar” a cidade de “vagabundas”, assim como o Boninho, diretor do BBB joga água suja para marcá-las, esses não podem ficar presos, afinal são filhos das elites e estudam em faculdades para aprender as leis.

Quase impossível acreditar que o casal Nardoni seja inocente. É claro que não. Mas Daniel Dantas, o banqueiro, continua solto e Gilmar Mendes apita na chamada Corte Suprema.

“O MEU DIÁRIO DE GUANTÁNAMO” é um livro escrito por Rukhsana Mahvish Khan, uma norte-americana descendente de afegãos que foi intérprete entre os soldados/torturadores dos EUA e os presos no campo de concentração de Guantánamo, base militar em território saqueado a Cuba. Ali estão depoimentos de presos sem culpa formada, sem qualquer vínculo com o “terrorismo”, por simples suspeita, todos submetidos a afogamento simulado, asfixia simulada, etc, etc, violências e humilhações de natureza sexual, a escabrosa moléstia que infecta os Estados Unidos e transforma o império numa sociedade doentia.

É o modelo que vendem para a gente.

Quando trouxe a público, em seu livro, os dados sobre o verdadeiro terror, o dos torturadores, a autora foi afastada de suas funções de intérprete. São 288 páginas de horror, de barbárie sob o patrocínio da “liberdade” e da “democracia”.

É aí que o trem complica. Isso tipo de violência não interessa a mídia. Faz com que as pessoas descubram a realidade e pensem. Se começarem a pensar e a desligar os botões dos aparelhos de tevê, dana tudo para os donos.

Já notaram que toda a incrível cobertura do julgamento do casal Nardoni interfere em tudo menos no horário do BBB?

sábado, 3 de abril de 2010

O EXTERMINADOR DO FUTURO – A MÃO DE BUSH

Por Laerte Braga

O governador do estado norte-americano da Califórnia assustados com os custos de presídios, penitenciárias e afins, decidiu que vai mandar libertar alguns presos e deportá-los para o México. Para completar o processo vai privatizar o sistema penitenciário do estado.

No extinto estado do Espírito Santo – Brasil – o governador Paulo Hartung tomou providências mais “simples” ao longo de seus dois mandatos. Colocou presos em conteiners e quando o modelo não dispunha mais de espaço mandava que os presos ficassem acorrentados nos corredores das delegacias e distritos policiais.

Segundo o senador Gérson Camata isso é “investimento” e nada semelhante foi feito naquela antiga unidade da suposta Federação brasileira, hoje latifúndio VALE, ARACRUZ, SAMARCO, CST e outros menores. Para o senador a decisão da Comissão de Direitos Humanos da ONU de chamar o governador às falas e denunciar maus tratos e falta de condições mínimas no sistema penitenciário do latifúndio é “uma injustiça”, produto de denúncias “falsas”.

Em toda a minha vida vi três momentos de intensa ebulição, digamos assim, diante de pessoas, ou grupos, ou fatos. Quando menino, no Rio, o frenesi causado pelo cantor Cauby Peixoto. Chegou a tentar a sorte em Hollywood com o nome de Coby Dijon. Mais tarde a loucura despertada pelos Beatles onde quer que passassem e em ambiente mais restrito as reações à música de Pete Townsend, guitarrista do conjunto THE WHO.

E, eventualmente, um ou outro num dado momento. Ia me esquecendo, a conquista da Copa do Mundo em 1958, a primeira vitória do Brasil. Mexeu com o País inteiro um domingo inteiro, o jogo, a final contra a Suécia foi jogado pela manhã.

O ônibus Muda__Copacabana muitas vezes ficava retido na avenida Beira Mar, não havia ainda o Aterro. Cauby costumava assentar-se à murada da antiga praia de Botafogo e as pessoas se aglomeravam para tocá-lo. “Ela é fã da Emilinha/grita o nome do Cauby/e depois de desmaiar/pega a REVISTA DO RÁDIO e começa a se abanar...”

Uma “quentinha” fornecida a presídios em quase todos os lugares – vamos dar o benefício da exceção, o de que toda regra tem uma, pelo menos uma exceção – custa mais ou menos o mesmo preço de um almoço num self service de padrão médio, de médio para bom.

A diferença está no conteúdo. Mas é isso é irrelevante se levarmos em conta que o dono do self service aufere lucro com algum investimento e o governador, qualquer que seja, aufere propina a partir do dinheiro público no superfaturamento das “quentinhas”. Privatizando então, aqui ou nos Estados Unidos, o preço, no mínimo, dobra, mas é a lógica do modelo, o deus mercado.

Qualquer programa de ressocialização de presos e condenados custaria ao Estado, às instituições públicas, menos, no seu todo, que qualquer privatização, ou deportação para o México. O México é uma espécie de grande lata de lixo dos EUA.

Surgiu lá a gripe suína a partir de uma empresa norte-americana, a GRANJAS CARROL, expulsa de três estados norte-americanos por causar prejuízos ambientais dentre eles contaminar lençóis de água. Uai! Tem lençol de pano também, de petróleo.

Volta e meia se afirma que se o governo, qualquer governo, investisse mais em prevenção na área de saúde, ainda que possa parecer o contrário, os gastos num determinado período com essa mesma saúde pública seriam menores que a eterna mania de tampar buracos em cada crise do setor e depois deixa para lá.

Tampar buraco é mais ou menos depois que alguém morre na fila por falta de atendimento, ou vaga para uma cirurgia de emergência e via de regra vem com o nome de “iremos fazer isso e aquilo e instaurar uma sindicância”

José Collor Arruda Serra, por exemplo, governador de São Paulo, vocação de Nero e Calígula a um tempo só, prende professores que protestam por melhores salários. A Polícia chega e baixa a borduna.

A classe média, em sua maioria, maioria bem expressiva, entra em frenesi com a máxima do ex-deputado Sivuca, que “bandido bom é bandido morto”. Em nome da moral e dos bons costumes Luma de Oliveira presta serviços voluntários ao Corpo de Bombeiros. E a moçada entra em delírio quando o BOPE aparece, de preferência com o Caveirão.

Vai daí que Barack Obama, tentando tirar Clinton e Bush do ócio (muito bem remunerado) convida-os a levar a “verdade” do império aos haitianos e explicar como os EUA vão transformar o Haiti num novo Éden.

Aí, assim meio que do nada ambos descem de um avião da força aérea mais poderosa do mundo e percorrem ruas (previamente selecionadas) de Porto Príncipe, negócio de cem metros no máximo, Clinton está deprimido com o segundo infarto. No meio do caminho pessoas passíveis de serem cumprimentadas sem estender a mão pedindo um prato de comida, mas gordas e fornidas pela ajuda dos EUA.

Bush cumprimenta um negro e mal disfarçando seu asco, limpa as mãos, disfarçadamente, na camisa de Clinton.

Está no décimo terceiro segundo do vídeo que pode ser visto em

http://colunas.epoca.globo.com/bombounaweb/2010/03/24/bush-limpa-a-mao-depois-de-cumprimentar-haitiano/

Percebe-se agora porque a piedosa senhora Barbra Bush, mãe do terrorista, disse à época do furacão Katrina que os refugiados “estão melhores aqui nos acampamentos que em New Orleans, pois aqui fazem três refeições por dia”. New Orleans no caso era a casa dos ditos refugiados. E entende-se porque Bush foi criticado à época pela demora no socorro às vítimas do furacão.

As vítimas eram negros em sua esmagadora maioria e a despeito de ali se ter a melhor música do mundo, o jazz, Bush não saberia responder a uma pergunta que fizeram a Joe Louis – “o que é jazz?” – e sua resposta –“ora, se você não sabe e não sente não adianta explicar pois não tem resposta” – Bush não sabe o que é jazz. Entende de petróleo e bombas. De prisões e torturas.

O governador da Califórnia não é diferente. O capataz do antigo Espírito Santo, a quem chamam de governador, também não. E o senador Gérson Camata é uma dessas figuras deploráveis, aquele tipo de espalha bolinho. Não porque seja chato, isso é adereço nele, mas por ser repugnante.

No filme tudo bem, o futuro da humanidade fica garantido por Schwazenegger. Na realidade, o exterminador está vencendo de dez a zero.

Vem aí recall de carregadores de bebês.

A Comissão de Proteção ao Consumidor dos Estados Unidos (CPSC) “convocou” um milhão de proprietários de “carregadores” de bebê, os célebres carrinhos (moça tem o telefone do bebê?) para um recall. Feito de pano os bebês podem vir a morrer sufocados com o tecido, dependendo da posição em que estejam dentro dos tais “carregadores”. Foram constatadas três mortes atribuídas a problemas com o produto.

A marca é INFANTINO e o presidente da empresa já anunciou que vai dar “carregadores” em lojas da marca aos clientes que se “sentirem prejudicados”. Deve acrescentar um pirulito, com certeza.

Pior que isso, disse que a “preocupação” da empresa é com a “segurança dos bebês”, como se empresários tivessem esse tipo de preocupação na relação produto/consumidor com qualquer vestígio de ser humano.

Breve, no mercado mexicano um monte de carrinhos da marca INFANTINO e em vários países latino-americanos, asiáticos, africanos, etc, uma liquidação de “carregadores” de bebês.

Quem nem os presos do governador da Califórnia, “item de exportação para o México”, ou os do Espírito Santo (tratados a pão de ló segundo o repulsivo Gérson Camata). Ou os negros do Haiti na visão de George Walker Bush.

Nos entretantos a classe média mete a cabeça no buraco que nem avestruz, deixa o rabo do lado de fora e mergulha fundo no BBB. Faz ares de entendida, pede vinho tinto seco, olha a garrafa, a safra, gira o copo, sente o aroma, bebe e bochecha o primeiro gole, depois entorna. No fim vai “CANÇÃO” mesmo, pelo menos um vinho honesto.

Putz meu! Na edição do JORNAL dito NACIONAL um cidadão, acho que na de terça, dia 23, apareceu atrás do repórter que relatava os últimos acontecimentos do julgamento dos NARDONIS e começou a fazer papagaiadas (coitado do papagaio). Um segurança da GLOBO deu um safanão no dito cujo, o barulho do tombo foi audível.

Violência pura, se o cara tivesse aparecido num quinto andar teria sido atirado pela janela, a reação do segurança foi típica de qualquer boçal, via de regra seguranças são boçais. O que a GLOBO não percebeu, ou não quis, é que aquele gaiato, boboca, é o telespectador padrão. Se continuar com esse tratamento em breve todos estarão gritando aleluia.

“Galvão olha eu aqui, mamãe consegui!”.

Todos não, claro. Boa parte da turma. Tem diferença entre o Faustão e o cara que apareceu assim de relance por quinze minutos de fama? Quem sabe não está ali uma nova vocação de global e o segurança exterminou o futuro do cara?

Uai! Espanto por que? O Bial não comanda a caravana da cidadania além do BBB? Extermínio de vida inteligente.

Essa gente não faz a menor idéia do modo de ser Grigori Perelman e a Conjectura de Poincaré.

Não dá IBOPE, só o sentido da vida.

5º Fórum Urbano Mundial e 1º Fórum Social Urbano

Diversidade de povos e opiniões se encontraram na Zona Portuária do Rio, nos dois Fórruns que atraíram cerca de 20 mil participantes. Exposições e debates deixaram clara a diferença das visões sobre as cidades, e motivaram o encontro entre o Brasil e o Mundo. A distância de 300 metros entre os dois Fóruns favoreceu o intercâmbio entre pessoas e organizações.

Por Maria Lúcia Martins

De um lado a organização e estrutura de um grande evento internacional, financiado pela ONU e de outro o esforço do movimento social brasileiro. Chamou a atenção de representantes internacionais não só a ação dos movimentos no Brasil, mas também a prática da democracia, especialmente as Conferências Municipais, Estaduais e Nacionais. O Hino Nacional executado por grupo de tambores e guitarra, incluindo os principais ritmos do nosso país, foi um ponto alto da abertura do Fórum Mundial, cerimônia que teve a presença do presidente Lula, de dirigentes da UnHabitat e de líderes nacionais e internacionais. A Fundação Bento Rubião recebeu o prêmio Mellhor Iniciativa do Mundo, pelo Programa Direito à Terra e à Moradia. O prêmio foi entregue pelo reprentante do Reino do Bahain, seu patrocinador.

O Fórum Social aprovou em sua plenária final a Carta do Rio de Janeiro, a partir da proposta preliminar que colocou em questão o desenho "ideal" da cidade efetuado por empresas, corporações e agências internacionais; uma cidade globalizada, submetida aos interesses de poucos em detrimento do exercício do Direito à Cidade por seus habitantes. As cidades globalizadas são concebidas dentro da lógica empresarial, na qual não há lugar para a cooperação e interação de seus agentes, e sim para o marketing, a competitividade, o pragmatismo, a centralização das decisões. Segundo Carlos Vainer, do Labratório Estado, Trabalho, Território e Natureza (ETTERN/IPPUR/UFRJ), este modelo quer legitimar a "cidade de exceção", ou a "gestão de emergência" na qual tudo é permitido a quem decide as políticas e os projetos, abrindo portas para o uso da cidade como produto e para todo tipo de desvios de gestão e de verbas. Este modelo é o que vê vantagens "inquestionáveis" nos megaeventos, para vender a cidade, e também o mesmo que trata a cultura local como algo a ser comercializado pelos mesmos parâmetros.

O tema do Fórum Urbano Mundial foi "O Direito à Cidade: Unindo o Urbano Dividido", com o propósito declarado de de "fechar as lacunas existentes em muitas áreas da vida cotidiana da cidade, como o abismo entre ricos e pobres, entre governos, entre governo, autoridades locais e legislação". O Fórum Social teve quatro eixos temáticos: Criminização da Pobreza e Violências Urbanas; Megaeventos e Globalização das Cidades; Conflitos Socioambientais e Justiça Ambiental; e Grandes Projetos Urbanos e Lutas em Áreas Centrais e Portuárias.

O primeiro ministro do Haiti Jean-Max Bellerive pediu, na abertura do Fórum Mundial, harmonia e solidariedade para ajudar a construir uma sociedade forte, transparente e inclusiva.

É a primeira vez que o Fórum Mundial se realiza na América Latina.

Veja alguns sites relacionados ao assunto:

ONU- Habitat
www.unhabitat.org/wuf


Forum Social Urbano
www.forumsocialurbano.wordpress.com

Ministério das cidades
www.cidades.gov.br/wuf5

Frente Nacional de Prefeitos
www.fnp.org.br

Forum Nacional da Reforma Urbana
www.forumreformaurbana.org.br




Direito à cidade e Comunicação

A inclusão no Fórum Mundial do tema "Direito à Cidade" como principal foi uma conquista do FNRU (Fórum Nacional da Reforma Urbana) que, juntamente com outras redes nacionais e internacionais (COHERE, HIC, Habitat para a Humanidade, etc.) promoveu atividades dentro da programação oficial do evento citado. O FNRU é constituído por um grupo de organizações que atuam na construção de cidades mais justas, sustentáveis e democráticas e está organizado em todas as regiões do país, mobilizando pessoas e organizações com o objetivo de influenciar a transformação das cidades. A Reforma Urbana considera as noções política e cultural do direito à cidade extremamente importantes, sendo estas pontos de referência para as lutas das comunidades urbanas e para a garantia de que os territórios, a identidade histórica, a herança cultural sejam reconhecidos e protegidos. A noção política do Direito à Cidade envolve não apenas a garantia de um conjunto de direitos, mas também o direito de participar na gestão das cidades.

Para a africana Anna Tibaijuka, Segretária Geral Adjunta da ONU e Diretora-Executiva da ONU-Habitat, "quando falamos do direito à cidade, estamos falando de garantir que mulheres, homens, jovens e crianças tenham o mesmo acesso aos serviços básicos nas comunidades onde moram. Esses serviços básicos incluem acesso à água potável e saneamento adequado, para que as pessoas possam viver com dignidade em um ambiente sem doenças. O direito à cidade também significa níveis mínimos de segurança, para que as pessoas não vivam com medo constante de serem assaltadas ou roubadas. O direito à cidade também inclui energia e transporte público acessíveis para facilitar o acesso ao trabalho, à educação e ao lazer. O direito à cidade inclui o direito a uma moradia adequada e o direito das pessoas de participarem das decisões que afetam seus meios de vida. Finalmente, o direito à cidade se deveria traduzir em oportunidades iguais para que todos melhorem suas condições de vida e sua subsistência sem colcoar em risco os direitos das futuras gerações a fazerem o mesmo".

No Fórum Mundial foi realizada a Conferência Latino-Americana: Atualizando o Direito à Cidade, coordenada pelo COHRE (Centre on Housing Rights and Evictions, FNRU (Fórum Nacional da Reforma Urbana), HIC (Habitat International Coalition) e IAI (International Alliance of Inhabitats, como parte de uma estratégia global para o reconhecimento de movimentos e organizações sociais envolvidos na atualização do direito à cidade em todo o mundo.
A conferência apresentou experiências que, ao longo dos últimos 20 anos de lutas dos movimentos e organizações sociais, fizeram com que o direito à cidade fosse intoduzido na legislação e na implementação nas políticas públicas em diferentes países da região.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Escola Estadual monitora água

Um exemplo a ser seguido

Por Maria Lúcia Martins

A Escola José Martins da Costa monitora, desde 1999, a qualidade da água em 10 pontos em seu entorno, no Distrito Rural de São Pedro da Serra, Nova Friburgo. A iniciativa conquistou o primeiro lugar na categoria Ecologia, do Salão Estadual do Estudante no Rio de Janeiro, em 2006.

Segundo o professor de Biologia Laércio Azevedo, o Projeto de Monitoramento da Microbacia do Rio São Pedro segue o Plano Político e Pedagógico da escola, situada em zona rural e de interesse turístico, o que faz do meio ambiente um tema ainda mais importante para a vida local. O projeto, que tem caráter multidisciplinar e é feito pelos alunos da 8ª série junto com os professores, tem como principais objetivos: Contribuir para o efetivo desenvolvimento integral dos alunos; Produzir conhecimento sobre a realidade local; Promover a participação da comunidade escolar nas lutas comunitárias pela preservação ambiental e pela melhora da qualidade da vida na região dos 5º e 7º distritos (São Pedro da Serra e Lumiar).

A apresentação do Projeto explica que “a comunidade escolar chegou à conclusão de que é muito importante tomar consciência da qualidade da água, que hoje em dia está ficando escassa e se torna cada vez mais um problema global, levando muitos países à guerra pelo seu controle”.

O município de Nova Friburgo, de acordo com os dados do Projeto, tem o seu território cortado por inúmeros rios, entre eles se destacam: rio Grande; rio Cônego; rio Santo Antônio; rio Bengalas; e o rio Macaé. O rio Macaé nasce em Lumiar e atravessa esse distrito, tendo como afluentes os rios: Bonito, Flores e Boa Esperança — o córrego São Pedro é um afluente do Rio Boa Esperança —, banha terras de outros municípios e vai desaguar no oceano Atlântico. Suas águas abastecem uma população de cerca de 140.000 habitantes.

A Associação de Apoio à Escola do CEJMC – Centro Educacional José Martins da Costa participa do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Macaé, desde 2002, ocupando um assento do setor sociedade civil.

Como funciona o Projeto

Todos os anos a equipe de professores, Laércio e os professores de Matemática e Geografia fazem o levantamento de dados, a tabulação destes, o estudo aprofundado da questão do ambiente, com foco local, e a coleta, feita uma vez por ano. A água coletada segue para análise externa, já que a Escola ainda não conseguiu montar um laboratório para este fim, por falta de recursos financeiros. Os alunos costumavam recolher dinheiro para custear a análise da água junto à comunidade, recorrendo inclusive a rifas. Em um ou outro ano, a análise foi feita por apoiadores, como o Instituto Politécnico e a companhia de água local, em 2006.

A prática do Projeto envolve os alunos do último ano do Segundo Grau, que se encarregam de passar a sua experiência junto com os professores para a turma que está se formando no Ensino Fundamental. Apesar do interesse demonstrado pelos alunos, o Projeto vem enfrentando dificuldades conjunturais para a sua execução completa, pois a coleta e a análise são fundamentais ao processo e faltam os meios para tanto. Parte significativa dos jovens alunos ajudam suas famílias nas tarefas diárias, e alguns dos mais velhos trabalham durante o dia, sobrando pouco tempo para o empenho em arrecadar os recursos necessários à análise da água. Há 22 anos lecionando em São Pedro da Serra, Laércio fala da importância da participação dos professores de outras matérias e do processo de conscientização ambiental que o Projeto gera. A Escola tem convênios com a UERJ-Universidade Estadual do Rio de Janeiro, nos campos de Nova Friburgo e de São Gonçalo, para o Programa Jovens Talentos.

Resultados da análise

Os resultados são tabulados e a análise é apresentada também em gráficos e pequenos textos, acompanhados do mapa dos pontos de coleta e da tabela de dados. "Os alunos aprendem os conceitos de potabilidade e balneabilidade e como medir estes fatores.

Para que a água seja potável, o nível de coliformes fecais e totais não deve passar de 0 (zero), mas se passar que seja o mínimo possível, para que a água seja balneável", diz o texto do Projeto.

O ponto 1 é o da torneira da Escola, que em 2006 foi o único que manteve a condição de água potável. No ponto 10, local de encontro entre o rio Boa Esperança e o rio São Pedro, segundo a análise do Projeto, entre 2005 e 2006 ocorreu uma grande diminuição de coliformes totais, mas um significativo aumento de coliformes fecais, não sendo a água potável (potabilidade) nem própria para banho (balneabilidade).Os outros pontos de coleta são: Poço do Bininho; Nascente da Bocaina dos Mafort; Cemitério; Ponte do Higino; Bocaina dos Blaudt; Nascente da Pedra Eller; Córrego da Tapera; Ponte estrada Manuel Knupp.

A conclusão apresentada em 2006 foi a seguinte: “Ao elaborarmos essas comparações, observamos que praticamente todos os rios e nascentes da região estão contaminados. Esse trabalho procura mostrar à sociedade a necessidade de nos conscientizarmos do mal que estamos causando aos nossos rios. Devemos mudar nossos comportamentos, parar de jogar os esgotos diretamente nos rios, e construir fossas nos imóveis. Além disso, precisamos urgentemente pressionar as autoridades competentes para que instalem um serviço de coleta e tratamento de esgoto em nossa região e uma eficiente fiscalização do meio ambiente”.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Água, um direito a ser preservado

Série Água (final)

Por Maria Lúcia Martins

Princípios da democracia da água

1- A água é um presente da natureza

Recebemos água livremente da natureza. Devemos à natureza a utilização dessa dádiva de acordo com as nossas necessidades de sobrevivência, mantê-la limpa e em quantidade adequada. Desvios que criam regiões áridas ou inundadas violam os princípios da democracia ecológica.

2- A água é essencial à vida

A água é a fonte da vida para todas as espécies. Todas as espécies e ecossistemas têm direitos a sua cota de água no planeta.

3- A vida está interconectada pela água

A água conecta todos os seres e todas as partes do planeta por meio do ciclo da água. Todos temos o dever de assegurar que nossas ações não causem dano a outras espécies e a outras pessoas.

4- A água tem de ser gratuita para as necessidades vitais

Já que a natureza nos dá água sem custo algum, comprá-la e vendê-la para obter lucro viola o nosso direito inerente a essa dádiva da natureza e priva os pobres dos seus direitos humanos.

5- A água é um recurso limitado e pode acabar

A água é algo limitado e passível de esgotamento, se utilizada de maneira não sustentável. O uso não sustentável inclui extrair mais água dos ecossistemas do que a natureza pode recarregar (não-sustentabilidade ecológica) e consumir mais do que a cota legítima de cada um, dado os direitos dos outros a uma cota justa (não-sustentabilidade social).

6- A água tem de ser conservada

Todos têm o dever de conservar a água e utilizá-la de modo sustentável, dentro dos limites justos e ecológicos.

7- A água é um bem comum

A água não é uma invenção humana. Não pode ser aprisionada e não tem limites. É, por sua própria natureza, um bem comum. Não pode ser possuída como propriedade privada e vendida como uma mercadoria.

8- Ninguém tem o direito de destruir

Ninguém tem o direito de utilizar os sistemas de água de forma excessiva, abusar deles, desperdiçá-los ou poluí-los. Licenças de poluição comercializáveis violam o princípio da utilização justa e sustentável.

9- A água não pode ser substituída

A água é intrinsecamente diferente de outras riquezas naturais e produtos. Ela não pode ser tratada como uma mercadoria.

* Série Água termina aqui. Amanhã (26/3), publicaremos um texto sobre o monitoramento da água em escola estadual.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Água, um direito a ser preservado

Série Água (parte 3)

Por Maria Lúcia Martins

Público e privado

Vandana Shiva nos relata que antes da chegada dos britânicos ao sul da Índia, comunidades geriam sistemas de água coletivamente por meio de um sistema chamado kudimaramath (auto-reparo). Antes do advento da legislação corporativa por parte da East Índia Company, no século 18, um camponês pagava a um fundo público trezentas mil unidades de grão que ganhasse e duzentas e cinquenta dessas unidades ficavam no povoado para a manutenção das provisões comuns e dos trabalhos públicos. Em 1830, os pagamentos dos camponeses elevaram-se a 650 unidades, das quais quinhentas e quarenta iam direto para a East India Company. Como resultado, houve aumento do pagamento e da perda de receita de manutenção os camponeses e as provisões comuns foram destruídas.
Cerca de trezentos mil reservatórios de água construídos durante séculos na Índia pré-britânica foram destruídos, afetando a produtividade agrícola e a renda dos agricultores.

A East India Company foi expulsa pelo primeiro movimento de pela independência em 1857. Em 1858, os britânicos aprovaram a Lei do Trabalho Compulsório de Madras, popularmente conhecida como a Lei Kudimaramath, determinando que os camponeses fornecessem mão-de-obra para a manutenção dos sistemas de água e irrigação. Pelo fato de o kudimaramath ser baseado na autogestão e não na coerção, a lei fracassou em mobilizar a participação da comunidade na reconstrução de provisões comuns.

Comunidades autogeridas não foram apenas uma realidade histórica, elas são um fato contemporâneo. Interferência estatal e privatização não as destruíram inteiramente. Em levantamento de nivel nacional, que cobriu distritos nas regiões tropicais secas em sete estados, N.S. Jodha chegou à conclusão de que as necessidades de combustível e forragem mais básicas dos pobres de toda a Índia continuam a ser supridas a partir de recursos vindos de propriedades públicas.

Podemos ver as semelhanças da experiência da Índia com o Brasil, onde o aumento de tarifas continua ao longo do processo de privatização de nossa água, e os preços crescentes excluem os pobres. Também tivemos e ainda temos no país, em pontos do interior, a autogestão dos recursos hídricos por comunidades. Mas, gradativamente, a autogestão foi substituída pelas companhias públicas e, hoje, por empresas privadas em boa parte vinculadas a grandes corporações transnacionais.

Situação no Brasil

A participação das empresas privadas vem crescendo cada vez mais dentro setor de saneamento básico brasileiro, que envolve tratamento de água e esgoto, e atualmente depende, essencialmente, das companhias públicas, municipais e estaduais. Algumas empresas que atuam no país são vinculadas à grandes corporações, mas esta vinculação nem sempre está explicita nos sites destas empresas.

Os dados da PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, feita pelo IBGE revelam que o percentual de domicílios ligados à rede de esgoto permanece subindo: de 51,1% (2007) para 52,5% (2008). No entanto, a proporção de domicílios ligados à rede de esgoto cai na região Norte. Em 2008, o Brasil tinha 30,2 milhões domicílios ligados à rede de esgoto, uma participação 1,4 ponto percentual maior que em 2007. O Norte, mesmo tendo a menor parcela (9,5%) de domicílios com esse serviço, teve redução de 0,5 ponto percentual, não mantendo o crescimento ocorrido entre 2006 e 2007. Nessa região cresceu 5,5 pontos percentuais a proporção de domicílios com fossa séptica (mais 308 mil). O Norte ainda possuía 1,6 milhão de domicílios sem rede coletora ou fossa séptica. O percentual de domicílios atendidos por rede geral de abastecimento de água (83,9%) também manteve-se em crescimento: mais 0,7 ponto percentual ou 1,9 milhão de unidades em relação a 2007. No Nordeste, o acréscimo foi de 2,3 pontos percentuais, ou mais 770 mil domicílios. Após alta de 0,6 ponto percentual em relação a 2007, 87,9% (50,6 milhões) dos domicílios passaram a contar com coleta de lixo. Houve altas em todas as regiões.
Os serviços de saneamento básico estão concentrados em regiões mais populosas e de maior atividade econômica. No país, os 10% de trabalhadores mais bem remunerados detêm 42,7% dos rendimentos, percentual que segue indicando a forte desigualdade da distribuição dos rendimentos, apesar de ligeiramente inferior ao de 2007 (43,3%). Em suma, poucos podem pagar pela água, e os preços praticados após a privatização, em várias partes do mundo, se elevam. No Brasil não tem sido diferente.
Em 2006, um projeto pioneiro surgiu na área de conservação da água, fundamental para uma mudança no tratamento da questão ambiental no meio rural. O piloto do projeto chamado de Produtores de Água foi desenvolvido nas bacias do rio Piracicaba, Capivari e Jundiaí, em áreas integrantes do Sistema Cantareira, prioritárias para a produção de água. Implementado por subbacias o Produtor de Água prevê apoio técnico e financeiro à execução de ações de conservação de água e solo, como a construção de terraços e bacias de infiltração, a readequação de estradas vicinais, a recuperação e proteção de nascentes, o reflorestamento de áreas de proteção permanente e reserva legal, o saneamento ambiental, etc. Prevê também o pagamento de incentivos (compensação financeira e outros) aos produtores rurais que, comprovadamente, contribuírem para a proteção e a recuperação de mananciais, gerando benefícios para a bacia e sua população. A concessão dos incentivos ocorre somente após a implantação parcial ou total das ações e práticas conservacionistas, previamente contratadas. E os valores a serem pagos aos produtores são calculados em fuçnão dos resultados: abatimento da erosão e da sedimentação, redução da poluição difusa e aumento da infiltração de água no solo. O produtor rural participa ativamente do processo, assumindo os papéis de fiscal, executor e mantenedor das ações. O Estado do Rio de Janeiro já adotou o projeto de Produtores de Água.

Guerras por água

E seu livro Guerras por água, privatização, poluição e lucro, Vandana Shiva deixa claro que nem as leis internacionais sobre águas, nem as leis nacionais respondem adequadamente aos desafios políticos e ecológicos colocados pelos conflitos por água. Nenhum documento legal na legislação atual menciona a mais fundamental lei relacionada à água – a lei natural do ciclo da água.

Shiva descreve as Quatro teorias dos direitos à água: A teoria da soberania territorial; A teoria do fluxo da água; A teoria da divisão equitativa; e A teoria do interesse da comunidade, que guiaram as práticas de distribuição desse recurso em todo o mundo.

A teoria da soberania territorial de 1896, também conhecida como doutrina Harmon, sustenta que os estados ribeirinhos têm direitos exclusivos ou soberanos sobre as águas que fluem em seu território. Os países podem utilizar essas águas como bem entenderem, a despeito de infringirem direitos de outros estados ribeirinhos. Essa doutrina foi importante na disputa entre EUA e México sobre o rio Grande. A doutrina Harmon nunca conquistou aceitação completa porque viola o conceito de justiça. Mesmo países que se beneficiaram da regra concederam direitos aos usuários ribeirinhos inferiores.

A teoria do fluxo natural da água, também conhecida como teoria da integridade territorial, afirma que já que um rio é parte do território do estado, todo proprietário ribeirinho inferior tem direito ao fluxo natural desse rio, sem ser tolhidos pelos proprietários ribeirinhos superiores. O proprietário ribeirinho superior
deve permitir que a água flua no seu curso natural para o proprietário ribeirinho inferior no seu canal comum com utilização razoável da parte do proprietário ribeirinho superior. Este princípio deriva das leis britânicas de propriedade privada e aplicava-se à água num estado unitário.

As teorias de uso equitativo e interesse comunitário têm grande semelhança. O uso equitativo sustenta que os rios internacionais deveriam ser utilizados por estados diferentes em base justa. Nos anos recentes, a teoria da utilização equitativa ganhou aceitação internacional. As Regras de Helsinque sobre o Uso das Águas dos Rios Internacionais, adotadas em 1966, reconheceram que os estados têm direito a uma parte razoável e equitativa no uso benefício das águas de uma bacia de drenagem internacional. Estas regras derrubaram aquelas do oeste norte-americano e estabeleceram que uma utilização existente possa ter que dar lugar a uma nova utilização para uma distribuição equitativa.

Apesar de popular, a teoria da distribuição equitativa esbarra no conceito de "distribuição equitativa". O critério equitativo, utilizado para resolver conflitos interestatais, não se presta a uma articulação precisa; dividir um rio não é tarefa das mais fáceis. O princípio subjacente do rateio equitativo é a equidade, não a igualdade. utilidade equitativa é definida como o máximo de benefício provido a todos os estados ribeirinhos, levando em consideração suas diferentes necessidades econômicas

A necessidade atual é combinar ecologia com equidade e sustentabilidade com justiça.

A existência de princípios internacionais, como as Regras de Hesinque e a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito Referente ao Uso dos Cursos d Água internacionais para Fins outros que a Navegação, não garante, necessariamente, a justiça. Cada bacia é tão distinta que uma abordagem monolítica do uso da água seria inviável.

A questão dos direitos de alocação da água não se dá apenas como uma questão de equilíbrio entre a soberania territorial e os direitos ribeirinhos; projetos de água também têm um forte impacto ecológico, e os custos são distribuídos de maneira desigual entre estados e entre grupos sociais. Apesar do fluxo natural não ser um critério absoluto, a conservação deve ser um critério para determinar o uso sustentável. A perspectiva ecológica também ajuda a corrigir a visão de que a água conservada é água desperdiçada. As ligações ecológicas entre a água da superfície e os lençóis freáticos e entre a água doce e a vida nos oceanos não foram observadas nem no gerenciamento das fontes, nem nos arcabouços legais.

"As guerras por água são guerras paradigmáticas – conflitos sobre como percebemos e experimentamos a água – e guerras tradicionais, travadas com revólveres e granadas. Estes choques entre culturas da água estão ocorrendo em todas as sociedades. A cultura da mercantilização está em guerra com diversas culturas de compartilhamento, de receber e dar água gratuitamente", define Vandana Shiva. Guerras paradigmáticas, explica, porque ocorrem em todas as sociedades de leste a oeste, de norte a sul. Neste sentido, guerras por água são guerras globais, com culturas e ecossistemas diferentes, compartilhando a ética universal da água como uma necessidade ecológica, em oposição a uma cultura corporativa de privatização, ganância e o cerco das águas públicas. Num dos lados dessas disputas estão milhões de espécies e bilhões de pessoas que buscam água suficiente para sua manutenção. Do outro lado, está um punhado de corporações globais, dominadas pela Suez Lyonnaise des Eaux, Vivendi Environment (Veloia) e Betchel, a OMC, o FMI e os governos do G7. Muitos conflitos políticos por recursos naturais, no entanto, são escondidos ou sufocados. Aqueles que controlam o poder preferem mascarar as guerras por água como conflitos étnicos e religiosos. Tais deturpações de guerras por água desviam a energia política necessária para soluções justas e sustentáveis sobre a partilha da água. Algo similar aconteceu com os conflitos por terra e água entre palestinos e israelenses.

Vandana Shiva argumenta que "a ecologia do terror nos mostra o caminho para a paz. A paz está em alimentarmos a democracia econômica e ecológica e em nutrirmos a diversidade. Democracia não é apenas um ritual eleitoral, mas o poder para as pessoas moldarem seu destino, determinarem como seus recursos naturais são possuídos e utilizados, como sua sede é saciada, como sua comida é produzida e distribuída e que sistemas de saúde e educação elas têm.

Criar a paz, ela assinala, exige que resolvamos as guerras por água, guerras por comida, guerras por biodiversidade e guerras pela atmosfera. Como Gandhi
disse uma vez: "A Terra tem o suficiente para a necessidade de todos, mas não para a ganância de alguns poucos".

* Série Água continua amanhã (25/3) com o seguinte tema: Princípios da democracia da água.

terça-feira, 23 de março de 2010

Água, um direito a ser preservado

Série Água (parte 2)

Por Maria Lúcia Martins

Economia caubói

Vandana Shiva classifica como "economia caubói" o que aconteceu nos campos de mineração do oeste norte-americano. A noção caubói da propriedade privada e a lei da apropriação - Qui prior est in tempore, potior est in jure (Aquele que é o primeiro no tempo, é o primeiro no direito) - surgiu ali, estabeleceu direitos à propriedade absolutos, incluindo o direito a vender e comercializar água. E ela segue: "O sentimento caubói de que ‘poder é direito’ permitiu que os economicamente poderosos investissem em meios de apropriação de água de capital intensivo, a despeito das necessidades dos outros e dos limites dos sistemas de água. Essa fronteira lógica conferiu ao primeiro apropriador um direito exclusivo à água. A versão contemporânea da economia caubói, compara Shiva, é a investida para privatizar as fontes públicas de água. "Apresentando-se como um mercado anônimo, os ricos e poderosos usam o Estado para se apropriarem de água da natureza e das pessoas por meio da doutrina da apropriação prévia. Grupos de interesse privado ignoram sistematicamente a opção de controle comunitário sobre a água".

O tratado sobre a propriedade de John Locke legitimou efetivamente o roubo das terras comunitárias feudais do século 17. "Sempre que ele [o homem] tira um objeto do estado em que a natureza colocou e mistura nisso o seu trabalho e a isso acrescenta algo que lhe pertence, torna-o assim sua propriedade". A liberdade individual era dependente da liberdade de possuir, através do trabalho, a terra, as florestas, os rios. O tratado sobre a propriedade de Locke continua a instruir teorias e práticas que corroem provisões comuns e destroem a Terra. Shiva assinala que, em termos contemporâneos, a privatização da água está baseada no artigo Tragedy of the Commons, de Garret Hardin, publicado pela primeira vez em 1968. "Hardin supõe que as terras comunitárias eram socialmente incontroladas, sistemas de acesso restrito sem qualquer conceito de posse. E Hardin vê a ausência de propriedade privada como uma receita para a ilegalidade", diz ela.

Direito à água potável e conservação

Além do Estado e do mercado, encontra-se o poder de participação da comunidade. É neste poder que se apóiam os inúmeros movimentos pelo direito à água.

Vandana Shiva afirma que "um arcabouço legal coerente para uma política justa e sustentável de uso da água poderá surgir apenas quando houver um diálogo entre o movimento contra as represas, o movimento contra os riscos ecológicos da irrigação intensiva e o movimento pelos direitos à água. A chave para ligar esses movimentos é a perspectiva ecológica, que conecta a água a suas várias funções nas bacias dos rios. Um paradigma ecológico permite uma auditoria dos projetos de água, expõe os custos escondidos de tais projetos e propõe uma alternativa para a alocação de recursos".

"O comércio de licenças de poluição viola a democracia ecológica e o direito das pessoas à água limpa por vários motivos", afirma Shiva. "Ele muda o papel dos governos de protetores dos direitos das pessoas à água para advogados dos direitos dos poluidores. Governos adotam papéis regulatórios que são anti-humanos e pró-indústrias poluidoras. Empresas tentaram reintroduzir o direto a poluir através de esforços por baixo do pano, como direitos de comercialização de produção ou licenças de comercialização de emissões de poluentes (TDPs). TDPs excluem não-poluidores e cidadãos comuns de um papel democrático ativo no controle da poluição, já que o comércio da poluição está restrito às indústrias poluidoras.

Shiva analisa que conforme as novas tecnologias substituem os sistemas de autoadministração, as estruturas de controle democráticas do povo se deterioram
e seu papel na conservação diminui. Para manter suas atividades, poluidores criaram mercados "da poluição", pagam para poluir, quando poderiam mitigar a poluição de suas atividades e mesmo evitá-la.

Sistemas de água tradicionais baseados em gestão local eram um seguro contra a escassez de água em regiões propensas à seca e instituições locais de gestão de água incluíam associações de agricultores, funcionários de irrigação local, técnicos da irrigação local, as associações de água dos povoados e o sistema de trabalho comunitário, mantido por contribuições de cada família.

Manipulação da água

Segundo Shiva, diz-se que um país enfrenta uma crise de água grave quando a água disponível é menor que mil metros cúbicos por habitante por ano. Abaixo desse ponto, a saúde e o desenvolvimento econômico de uma nação são dificultados consideravelmente. Quando a disponibilidade anual de água por habitante cai abaixo de quinhentos metros cúbicos/ano, compromete-se cruelmente a sobrevivência da população. Desde 1970, o suprimento da água global per capita diminuiu em 33% . O declínio não resulta apenas do aumento populacional, mas é agravado também pelo uso excessivo de água. Durante o último século, a taxa de retirada de água excedeu a do crescimento populacional pelo fator de 2,5.

Infelizmente, ela comenta, a globalização está revertendo os resultados das vitórias democráticas e ecológicas dos anos 1980. Falando da Índia, ela revela que a mineração está se alastrando em áreas mais vulneráveis, incluindo o Rajasthan. A tecnologia tribal não destruiu os rios e montanhas como a indústria de mineração destrói e as atividades de mineração da Balco não estão baseadas nas necessidades do povo indiano - são totalmente dirigidas pela demanda dos países industrializados cujas plantas fabris de alumínio estão fechando por razões ambientais.

Sobre a Revolução Verde, a ativista aponta os custos os custos sociais ecológicos que foram amplamente ignorados. Por sua ênfase em sementes de alta produtividade, explica Vandana, esse modelo agrícola removeu variedades locais de colheitas resistentes à seca e as substituíram por plantações que necessitam de água em abundância. A Revolução Verde, com seu uso intensivo de água, levou à extração de água em áreas onde este recurso é escasso. Antes da Revolução Verde, a água do solo era acessada por meio de tecnologias de irrigação protetoras e nativas. No entanto, essas tecnologias, que dependiam da energia humana ou animal renovável foram classificados como "ineficientes" e substituídos por motores movidos a óleo e bombas elétricas que extraíam água numa velocidade maior do que os ciclos da natureza podiam reabastecer os lençóis freáticos.

Projetos de desenvolvimento na árida África subsaariana foram fundamentais para a fome dos as 1970 e 1980. Acreditava-se que a escavação de poços fosse o melhor mecanismo para as regiões pastoris em desenvolvimento. A prática pastoril de mudar o gado para locais diferentes foi destruída com a introdução dos poços movidos a energia elétrica. O novos poços forneciam mais água do que os pastores precisavam e encorajava seu estabelecimento em uma localidade, aumentando a pressão pastoril sobre a terra. Com efeito, pastores que se estabeleceram nessas localidades pioraram o problema da desertificação; esta mudança no comportamento dos criadores ignorou tradições centenárias que asseguravam a sobrevivência sob condições de baixa disponibilidade de água.

Projetos de água gigantes, na maioria dos casos, beneficiam os poderosos e despojam os fracos.Até mesmo quando tais projetos são financiados com recursos públicos, seus beneficiários são principalmente construtoras, indústrias e grandes agricultores. Enquanto a privatização é em geral colocada sob a perspectiva do desaparecimento do Estado, o que vemos de fato é a intervenção crescente do Estado na política de Águas, subvertendo o controle comunitário das reservas desse recurso. Políticas impostas pelo Banco Mundial e por regras de liberalização do comércio desenvolvidas pela OMC-Organização Mundial do Comércio estão criando uma vasta cultura de estados corporações por todo o mundo.

* Série Água continua amanhã (24/3) com os seguintes temas: Público e privado; Situação no Brasil; e Guerras por água.