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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

As estatais estrangeiras e o mercado nacional

10/12/2012 - Mauro Santayana em seu blog

(Carta Maior) - Com a intenção de “normalizar e simplificar a governança estratégica” do gigantesco grupo de armamentos EADS, assegurando, ao mesmo tempo, que a Alemanha, a França e a Espanha, protejam os seus legítimos “interesses estratégicos”, os governos dos três países acabam de fechar  acordo para manter 24 por cento das ações nas mãos dos estados francês e alemão e 4 por cento sob propriedade do estado espanhol.

Mantêm, assim, o domínio do grupo, que controla, direta e indiretamente várias empresas prestadoras de serviços na área de defesa, no Brasil, como é o caso da Cassidian.

Enquanto no Brasil é pecado o Estado meter-se em outras áreas que não sejam segurança, saúde e educação, países admirados por muitos como paradigmas de capitalismo avançado e do livre-mercado, asseguram a propriedade  do Estado em áreas estratégicas da economia - e nem por isso o mundo vem abaixo. 

       Vamos aos fatos. A participação da Espanha no capital da EADS (abreviatura da denominação, em inglês, da European Aeronautic Defense Space Company), mediante a CASA (Construcciones Aeronauticas S.A) deve ser conhecida. Embora tenha nascido da iniciativa privada, em 1923, a empresa foi sendo absorvida pelo estado espanhol, a partir de 1943, e, desde 1992, a participação estatal é de 99,2%.


       Além da construção aeronáutica, o estado espanhol comanda as empresas ferroviárias, de construção, navais e de armamento. É com essas empresas que a Espanha quer invadir o mercado brasileiro, aproveitando o financiamento farto e barato no BNDES.

     O instrumento dessa operação é uma instituição chamada SEPI - Sociedade Estatal de Participações Industriais.

E atentem bem para a palavra estatal.

A SEPI - a exemplo de organizações congêneres como as existentes na Alemanha, na França, ou na Itália, com o IRI - não está presente apenas como sócio temporário, mas exerce sua tarefa permanente de controle nacional dos setores estratégicos da atividade econômica.

           No Brasil, esse é um assunto tabu. O BNDES pode financiar empresas estrangeiras, e até mesmo estatais, como é o caso da DCNS, que constrói o estaleiro onde serão montados os submarinos que compramos à França. No entanto, não admitem que o Brasil possa ter uma empresa estatal para assegurar diretamente a presença do Estado onde ela é necessária, seja como controlador, seja como indutor do processo de desenvolvimento, como ocorre lá fora.


O temor da opinião dos "analistas" do "mercado" e de certa parcela dos meios de comunicação, já totalmente entregue aos interesses estrangeiros, chegou a tal ponto que os maiores absurdos são vistos como absolutamente normais.

         É o caso, por exemplo, da projetada concessão operacional do Aeroporto do Galeão. Uma empresa controlada pelo Estado francês, a ADP 
(Aeroports de Paris) disse, claramente, que só entra no negócio se a INFRAERO (ou seja, o estado brasileiro) estiver em posição minoritária. E o governo brasileiro, como mostra a mudança no formato do modelo, obedece.

        É preciso definir o caminho correto para que o Brasil possa se desenvolver em ritmo acelerado sem abrir mão de sua autonomia e da sua soberania, agora e no futuro. 
       Ao contrário do que aconteceu no passado, e tem acontecido ainda, o BNDES só deveria financiar empresas autenticamente brasileiras, inclusive estatais, que possam negociar de igual para igual, em cada setor, com as estatais de outros países, como fazem, sem nenhum pudor, as outras nações.


Os estrangeiros que quiserem entrar no Brasil, principalmente no filé das obras de infraestrutura, que se submetam às nossas leis e condições - e tragam o seu próprio dinheiro. 

Fonte:
http://www.maurosantayana.com/2012/12/maior-com-intencao-de-normalizar-e.html

[Equipe Educom: outro que também clama por caminhos corretos, por um diagnóstico, por uma definição clara de objetivos e por uma estratégia para o futuro deste país é o professor J. Carlos de Assis, como pode ser visto aqui, em - Reaglutinar forças e novos rumos para o mundo.

Imagens: Goggle Images

Não deixe de ler: - O cerco do Ocidente à indústria brasileira de defesa

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Rio tem ato unificado dia 1º contra privatização do Maracanã



De olho nos megaeventos, o governo do estado do Rio de Janeiro, em parceria com a prefeitura da capital, optou pela demolição de quatro importantes equipamentos públicos: a Aldeia Maracanã – que abriga o antigo Museu do Índio, o parque aquático Júlio Delamare, o ginásio de atletismo Célio de Barros e a escola municipal Friedenreich.

O estádio Mário Filho, famoso Maracanã, foi o primeiro equipamento a entrar em obras para adaptar-se às exigências da FIFA e sediar a Copa do Mundo de futebol de 2014. O concessionário será decidido em dezembro e terá validade de 35 anos, a partir da assinatura do contrato, previsto para o início de 2013.

Novo Mário Filho: sem escola, estádio de atletismo nem parque aquático 


Projeto propõe tombamento do Museu do Índio

Convicto de que esses equipamentos não podem ser demolidos, ainda mais sem justificativas plausíveis, lideranças políticas reagem. O vereador Reimont Otoni (PT) é co-autor de um projeto em tramitação na Câmara que tomba o Museu do Índio, garantindo não só a permanência de um prédio com valor histórico indiscutível como a preservação de moradia de inúmeros cidadãos indígenas, que ficarão sem lar, caso a demolição seja concretizada.

– O prefeito normalmente não acata a legislação e veta o tombamento, mas a gente tem conseguido, por mobilização social, derrubar o veto do prefeito e promulgar a lei pela Câmara – conta Reimont.

A sociedade não tem se calado. Um dos exemplos de mobilização popular foi a plenária organizada pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas quinta, dia 22.

Todo o complexo desportivo, tombado desde 2002, foi destombado pelo prefeito Eduardo Paes através de um decreto publicado em Diário Oficial, dia 22 de outubro de 2012, sob a justificativa de abrir espaço para construir estacionamento, bares e lojas. Os novos centros de treinamento de atletismo e esportes aquáticos serão construídos, até 2014, em um terreno do Exército, ao lado da Quinta da Boa Vista.  As medidas, que afetam diretamente a vida cotidiana dos moradores do Rio, geraram indignação, principalmente pelo pouco diálogo entre sociedade e poder público.

- A primeira maquete continha o Célio de Barros e o Júlio Delamare. Agora, sumiram.  Como se destomba um patrimônio histórico-cultural? Não houve diálogo com a sociedade. É um absurdo o espaço público ser demolido para fazer estacionamento, quando nós sabemos que o Comitê Olímpico Internacional e a Fifa recomendam que não haja aglomeração de veículos no entorno do estádio. – afirma Nelson Rocha dos Santos, treinador de atletismo no Célio de Barros.

Nelson, que foi finalista dos 100m rasos nas Olimpíadas de Moscou, em 1980, atua no ginásio Célio de Barros desde 1969. Hoje, é um dos treinadores de atletismo em um projeto social que atende cerca de 250 jovens de comunidades carentes. Para ele, a demolição não só prejudica quem usufrui hoje do espaço, como destrói a memória cultural da cidade.

- Quando você faz a demolição de um patrimônio desses, apaga a história desportiva daquela cidade, do estado e até mesmo do país, porque ali passaram atletas de várias gerações. Em contrapartida, cerceia o sonho dos meninos e meninas atendidos pelo projeto – diz.

Pais defendem permanência da escola Friedenreich 

Referência na rede municipal, a escola Friedenreich atende a mais de 300 crianças e será removida para o bairro de São Cristóvão. Apesar da contrariedade dos pais e professores, o colégio está em contagem regressiva.  Segundo Carlos Sandes, da Comissão de Pais, os alunos dividem espaço com tratores, material de obra e caminhões.

- A gente fica impotente diante de tamanho absurdo. Psicologicamente os pais já estão apavorados. Pode acontecer um acidente com alguma criança. Eles (o governo estadual) estão passando por cima de todos os direitos – alerta Carlos.

Na contramão do poder público, várias frentes se reúnem, agindo de forma solidária, para que a cidade e a democracia vençam. No parlamento, o vereador Reimont aguarda o melhor momento para colocar o projeto de tombamento na pauta de votação e ressalta a importância da participação popular durante o processo.

- A proposta é desconstruir os centros esportivos, com toda sua história, para construir estádios com os mesmos objetivos do outro lado da pista. Não faz sentido. É preciso que a sociedade preencha aquelas galerias, se faça presente na Câmara para mostrar aos outros vereadores que ela deseja outro caminho, que votem a favor do interesse da sociedade e não do poder econômico, comercial.
Com informações dos portais do Mandato Reimont e do Comitê Popular Rio

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Argentina tem razão

23-04-12 - Só se desenvolve quem se defende - Brizola Neto
no seu blog Tijolaço

"
O professor Luís Carlos Bresser Pereira, de quem o pior que se pode dizer é que acreditou um dia que o PSDB fosse um partido social-democrata, publica hoje (23/04) na Folha um artigo imperdível. Um texto direto, que contesta a postura do “atrair capital estrangeiro a qualquer preço” que, aliás, marcou o período FHC." (Brizola Neto)


A Argentina tem razão


A Argentina se colocou novamente sob a mira do Norte, do “bom senso” que emana de Washington e Nova York, e decidiu retomar o controle do Estado sobre a YPF, a grande empresa petroleira do país que estava sob o controle de uma empresa espanhola. O governo espanhol está indignado, a empresa protesta, ambos juram que tomarão medidas jurídicas para defender seus interesses.


O “Wall Street Journal” afirma que “a decisão vai prejudicar ainda mais a reputação da Argentina junto aos investidores internacionais”.


Mas, pergunto, o desenvolvimento da Argentina depende dos capitais internacionais, ou são os donos desses capitais que não se conformam quando um país defende seus interesses? E, no caso da indústria petroleira, é razoável que o Estado tenha o controle da principal empresa, ou deve deixar tudo sob o controle de multinacionais?


Em relação à segunda pergunta parece que hoje os países em desenvolvimento têm pouca dúvida. Quase todos trataram de assumir esse controle; na América Latina, todos, exceto a Argentina.


Não faz sentido deixar sob controle de empresa estrangeira um setor estratégico para o desenvolvimento do país como é o petróleo, especialmente quando essa empresa, em vez de reinvestir seus lucros e aumentar a produção, os remetia para a matriz espanhola.

Além disso, já foi o tempo no qual, quando um país decidia nacionalizar a indústria do petróleo, acontecia o que aconteceu no Irã em 1957. O Reino Unido e a França imediatamente derrubaram o governo democrático que então havia no país e puseram no governo um xá que se pôs imediatamente a serviço das potências imperiais.


Mas o que vai acontecer com a Argentina devido à diminuição dos investimentos das empresas multinacionais? Não é isso um “mal maior”?

É isso o que nos dizem todos os dias essas empresas, seus governos, seus economistas e seus jornalistas. Mas um país como a Argentina, que tem "doença holandesa" [1] moderada (como a brasileira) não precisa, por definição, de capitais estrangeiros, ou seja, não precisa nem deve ter deficit em conta corrente; se tiver deficit é sinal que não neutralizou adequadamente a sobreapreciação crônica da moeda nacional que tem como uma das causas a doença holandesa.

A melhor prova do que estou afirmando é a China, que cresce com enormes superavits em conta corrente.


Mas a Argentina é também um bom exemplo.


Desde que, em 2002, depreciou o câmbio e reestruturou a dívida externa, teve superavits em conta corrente. E, graças a esses superavits, ou seja, a esse câmbio competitivo, cresceu muito mais que o Brasil.

Enquanto, entre 2003 e 2011 o PIB brasileiro cresceu 41%, o PIB argentino cresceu 96%.

Os grandes interessados nos investimentos diretos em países em desenvolvimento são as próprias empresas multinacionais. São elas que capturam os mercados internos desses países sem oferecer em contrapartida seus próprios mercados internos.Para nós, investimentos de empresas multinacionais só interessam quando trazem tecnologia, e a repartem conosco.Não precisamos de seus capitais que, em vez de aumentar em os investimentos totais, apreciam a moeda local e aumentam o consumo. Interessariam se estivessem destinados à exportação, mas, como isso é raro, eles geralmente constituem apenas uma senhoriagem permanente sobre o mercado interno nacional.

Nota do blog Educom:
[1] A "doença holandesa" é um termo cunhado por economistas após a experiência da Holanda com a exportação de gás natural nos anos 60. A receita que entrava acabou gerando uma valorização cambial que prejudicou o setor manufatureiro e o tornou menos competitivo no exterior. Para Bresser-Pereira, a mesma realidade já ocorre no Brasil com a exportação agrícola. (Jamil Chade, em http://www.bresserpereira.org.br/papers/interviews/2011/11.06-Brasil_já_vive_doença_holandesa.pdf )

terça-feira, 24 de abril de 2012

TODOS SOMOS ARGENTINOS

22/04/2012 - Mauro Santayana em seu blog


O Brasil e a Argentina, sendo os dois maiores países da América do Sul, têm sido alvos preferenciais do domínio euro-americano em nosso continente. A Argentina, sob Cristina Kirchner, depois de anos desastrados de ditadura militar e do governo caricato e neoliberal de Menem, se confronta com Madri, ao retomar o controle de suas jazidas de petróleo que estava com a Repsol.

Quando um governo entrega, de forma aviltante, os bens nacionais ao estrangeiro, como também ocorreu no Brasil, procede como quem oferece seu corpo no mercado da prostituição.

Carlos Menem
Assim, as medidas de Cristina buscam reparar a abjeção de Menem.

Será um equívoco discutir o conflito de Buenos Aires com Madri dentro dos estreitos limites das relações econômicas.

A economia de qualquer país é um meio para assegurar sua soberania e dignidade - não um fim em si mesma.


Adolfo Suárez

As elites espanholas, depois da morte de Franco, foram seduzidas pela idéia de que poderiam recuperar sua presença na América Latina, perdida na guerra contra os Estados Unidos e durante a ditadura de quase 40 anos. Já durante o governo de Adolfo Suárez, imaginaram que poderiam, pouco a pouco, readquirir a confiança dos latino-americanos, ofendidos pela intervenção descarada dos Estados Unidos no continente. De certa forma, procediam com inteligência estratégica: a nossa América necessitava de aliados, mesmo frágeis, como era a Península Ibérica, na reconstrução de sua soberania, mutilada pelos governos militares alinhados a Washington.

Mas faltou aos governantes e homens de negócios espanhóis a habilidade diplomática, que se dissimula na modéstia, e lhes sobrou arrogância.

Essa arrogância cresceu quando a Espanha foi admitida na União Européia, e passou a receber fartos recursos dos países ricos do Norte, a fim de acertar o passo continental. A sua estratégia foi a de, com parte dos recursos disponíveis, “comprar” empresas e constituir outras em nossos países. Isso os levou a imaginar que poderiam ditar a nossa política externa, como serviçais que foram, e continuam a ser, dos Estados Unidos. A idéia era a de que, em espanhol, os ditados de Washington seriam mais bem ouvidos.

José Maria Aznar
O paroxismo dessa paranóia ocorreu quando José Maria Aznar telefonou ao presidente Duhalde, da Argentina, determinando-lhe que aceitasse as imposições do FMI, sob a ameaça de represálias. E a insolência maior ocorreu, e sob o governo socialista de Zapatero, quando esse heróico matador de paquidermes indefesos, Juan Carlos, mandou que o presidente Chávez (eleito livremente pelo seu povo, sob a fiscalização de observadores internacionais, entre eles o ex-presidente Carter) se calasse, no encontro iberoamericano de Santiago.

Um rei matador de elefantes indefesos e sogro de um acusado de peculato - o bem apessoado serviçal da Telefónica de Espanha, Iñaki Urdangarin, pago com lucros obtidos pela empresa na América Latina, principalmente no Brasil.

Os espanhóis parecem não se dar conta de que as suas antigas colônias se tornaram independentes, umas mais cedo – como é o caso da Argentina – e outras mais tarde, embora muitas passassem ao domínio ianque.
  
Imaginaram que podiam fazer o que faziam antes disso no continente – e incluíram o Brasil na geografia de sua presunção.


O Brasil pode e deve, ser solidário com a Argentina, no caso da recuperação, para seu povo, das jazidas petrolíferas da YPF. E manter a nossa posiçãohistórica de reconhecimento da soberania de Buenos Aires sobre o arquipélago das Malvinas.

Que querem os espanhóis em sua gritaria por solidariedade contra a Argentina, pelo mundo afora? Eles saquearam tudo o que puderam, durante o período colonial, em ouro e prata. Usaram esses recursos imensos – assim como os portugueses fizeram com o nosso ouro – a fim de construir castelos e armar exércitos que só se revelaram eficazes na repressão contra o seu próprio povo – como ocorreu na guerra civil.


Durante o seu período de arrogância subsidiada, trataram com desdém os mal chamados iberoamericanos, humilhando e ofendendo brasileiros e latino-americanos, aviltando-os ao máximo.

Um só ser humano, em sua dignidade, vale mais do que todos os poços de petróleo do mundo.



Antes que Cristina Kirchner determinasse a recompra das ações da YPF em poder da Repsol, patrimônio muito maior dos argentinos e de todos os latino americanos, sua dignidade, havia sido aviltada, de forma abjeta e continuada, pelas autoridades espanholas no aeroporto de Barajas e em seu território.


Que se queixem agora aos patrões, como seu chanceler, Garcia-Margallo fez, ao chorar nos ombros da senhora Clinton, e busquem a solidariedade de uma Europa em frangalhos. Ou que rearmem a sua Invencível Armada em Cádiz, e desembarquem no Rio da Prata.

Isso, se antes, os milhões de jovens desempregados - a melhor parcela de um povo maravilhoso, como é o da Espanha - não resolvam destituir suas elites políticas, corruptas, incompetentes e opressoras, e seu rei tão ocioso quanto descartável.

E, ao final, vale lembrar a viagem histórica que Eva Perón fez à Europa, no auge de sua popularidade. Em Madri, diante da miséria em que se encontrava o povo, ofereceu a Franco, em nome do povo argentino, alguns navios cheios de trigo. O general respondeu que não era necessário, que os celeiros espanhóis estavam cheios de farinha.

E Evita replicou, de pronto:
¿entonces, por qué no hacen pan?

terça-feira, 26 de julho de 2011

Frente Nacional contra tentativas de privatizar a água



por Fabiana Frayssinet, da IPS
1293 Frente nacional contra tentativas de privatizar a água Rio de Janeiro, Brasil, 26/7/2011 – Para frear o que consideram um processo em curso de privatização da água na América Latina, organizações da sociedade civil começam a coordenar ações conjuntas na região. Elas denunciam a aplicação “de diversas formas sutis” que tendem a deixar este recurso fora do controle estatal. Mesmo admitindo que o diagnóstico sobre a situação do controle da água ainda não está claro, o fórum de organizações “trabalha nesse debate”, explicou à IPS o sacerdote Nelito Dornelas, assessor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Fórum Nacional de Mudanças Climáticas.
O que está claro é que há muitas situações pontuais em cada país inclinadas a esse fim, segundo os organizadores do Seminário Internacional: Panorama Político Sobre Estratégias de Privatização da Água na América Latina”, realizado nos dias 20 e 21, na sede da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “No Brasil está em curso com relação à água um processo semelhante ao que ocorreu com a energia elétrica quando, depois da privatização, as tarifas aumentaram cerca de 400%”, afirmou, como exemplo, o Movimento dos Afetados pelas Represas (MAB). “Temos de mobilizar a população em torno deste debates”, disse Dornelas.
Para os participantes do Seminário, é preciso convocar um referendo nos países da região, como o realizado em 2004 no Uruguai, que aprovou o controle social dos recursos hídricos do país, ou, mais recentemente, na Itália. Entre outros pontos submetidos a votação, 95% dos que participaram da consulta optaram pelo NÃO à privatização da água. “Queremos que o governo se ocupe do serviço de águas e do recurso, de modo geral”, destacou o MAB.
A América Latina tem hoje o maior controle e posse dos recursos naturais do planeta e, por isto, é importante começar a se mobilizar para preservar essa riqueza, explicou à IPS Rogério Hohn, da coordenação nacional do MAB. Nesse sentido, o seminário “buscou promover um amplo debate das organizações de cada país com vistas a soluções conjuntas”, acrescentou. Para o MAB, a privatização da água se expressa de diversas formas sutis, além do controle do serviço de abastecimento domiciliar.
Por exemplo, entregando aos Municípios a administração desse recurso para enfraquecer negociações em nível nacional, cobrando por seu uso ou apoiando-se em setores como agricultura, mineração ou das empresas de saneamento. “Inclusive as represas para geração de energia elétrica são uma forma de privatização da água, porque não se vende apenas energia, mas a água que está represada”, destacou Hohn.
A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, chamou a atenção para um aspecto do informe nacional sobre disponibilidade e qualidade de recursos hídricos, apresentado recentemente pela Agência Nacional de Águas (ANA). O estudo mostra que 69% dos recursos hídricos brasileiros são utilizados para a irrigação de cultivos e pastagens, e que mais de 90% deles vão para o setor privado.
“Temos de ver se essas áreas de irrigação estão em zonas vulneráveis em oferta de recursos hídricos no futuro, para que possamos garantir a produção agrícola com oferta de água, ou se é preciso redirecioná-las”, disse a ministra, ao se referir a uma eventual falta de água para o setor em algumas regiões. O informe, que o governo de Dilma Rousseff tomará como base para a implementação de políticas de administração de recursos, mostra que no setor agropecuário o consumo de água dos animais equivale a 12%, enquanto a demanda de cidades é de 10% e da indústria 7%.
O Brasil é considerado a grande reserva de água doce do mundo, já que possui 11,6% da disponibilidade no planeta e 53% da disponibilidade na América do Sul. Segundo o estudo da ANA, cada brasileiro teria à sua disposição 34 milhões de litros de água doce por ano. Oferta esta que pode baixar se avançarem os processos de privatização do setor, segundo Edson Aparecido da Silva, coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental.
Em entrevista à IPS, Edson explicou que no Brasil grande parte da operação de serviços de saneamento ainda é pública, atendendo quase a totalidade dos 190 milhões de habitantes do país. O setor privado responde por apenas nove milhões de pessoas, ressaltou. Entretanto, os privados já manifestaram “que em pouco tempo podem ampliar sua inserção na área do saneamento em cerca de 30% da população”. Isto significa “que convivemos o tempo todo com a ameaça de mais privatização”, alertou.
Esse processo vai na contramão do que ocorre em países como Argentina, Alemanha, França e Itália, onde os serviços de saneamento voltam ao poder do Estado, ressaltou Edson. Serviços “que eram privados e voltam a ser públicos porque os governos viram que ficavam caros para a população e, com isso, se excluía muitos cidadãos, sobretudo nos países mais pobres”, concluiu. Envolverde/IPS
(IPS)

sábado, 18 de junho de 2011

"HAPPY BIRTH DAY MISTER PRESIDENT" - CADÊ "HERANÇA MALDITA" QUE ESTAVA AQUI? A DILMA COMEU



Laerte Braga


No momento em que o governo Dilma Roussef começa a privatizar a frota nacional de petroleiros através da empresa SETE BRASIL (noventa por cento do controle acionário ficam com o BRADESCO e o SANTANDER – cliente da consultoria de Palocci) morre em Belo Horizonte o professor Washington Peluso Albino de Souza, talvez o último dos brasileiros, 94 anos de idade, dentre os participantes da luta “O PETRÓLEO É NOSSO”.

Um dos maiores vultos do nosso Direito o professor foi o responsável pela famosa tese mineira do petróleo. Foi também um dos últimos grandes pensadores do Direito e não se alinhava com o entreguismo udenista que fazia coro, àquela época, a entrega do petróleo a empresas estrangeiras.

Que Dilma Roussef tenha telefonado a Fernando Henrique Cardoso para cumprimentá-lo pelo aniversário, nada demais. Um gesto de educação e pronto.

Que Dilma Roussef tenha dito que FHC foi o responsável pela “estabilidade econômica” no Brasil, isso é de envergonhar.

Em 1978 FHC foi candidato a uma vaga no Senado por São Paulo numa sublegenda do antigo MDB. Eram uma vaga em disputa, renovação de um terço da Casa e Franco Montoro, à época também do MDB foi o eleito. Segundo colocado em seu partido, como determinava a lei FHC virou suplente de senador.

Em 1982 Franco Montoro foi eleito governador do estado e FHC assumiu sua vaga no Senado, restavam quatro anos a serem cumpridos do mandato original. Foi reeleito em 1986. Aí eram duas as vagas em disputa,  conseguiu a segunda na esteira da extraordinária votação conferida a Mário Covas, já PMDB, algo em torno ou superior a sete milhões de votos.

O projeto FHC começa anos atrás quando o ex-presidente estava exilado no Chile e era custeado pela Mercedes Benz e outras empresas interessadas em negócios na América Latina. A amoralidade de FHC o tornava um quadro perfeito para os interesses dessas empresas. O permanecer como um político de esquerda também, já que os temores das elites econômicas internacionais eram a de eleição de Leonel Brizola para a presidência do Brasil num eventual pleito direto, no retorno à democracia, algo que só iria acontecer em 1989 – a primeira eleição direta desde 1960 – quando Jânio Quadros venceu o marechal Teixeira Lott. Era conveniente o que chamavam de contra ponto de bom senso à esquerda. Mais ou menos esquerda comprável, dócil.

No auge da crise que acabou no impedimento do ex-presidente Collor de Mello essas forças políticas e econômicas, na tentativa de salvar o caçador de marajás, tentaram fazer de FHC ministro plenipotenciário do governo, o próprio Collor, no desespero de não perder o cargo, referiu-se à nomeação como “uma espécie de primeiro-ministro”, mas Covas e outras lideranças tucanas vetaram. FHC nunca perdoou Covas por isso.

Foi Itamar Franco – vice de Collor – quem tirou Fernando Henrique do ostracismo político. Havia feito várias declarações que não tentaria a reeleição para o Senado, não teria como consegui-la (não havia mais puxadores de votos como Montoro e Covas para carregá-lo) e disputaria uma vaga na Câmara dos Deputados.

Primeiro Itamar colocou-o no Ministério das Relações Exteriores e na primeira fraude do então ministro da Fazenda Elizeu Resende, o que delineava uma crise política que poderia ganhar peso e importância maiores, levou FHC para o Ministério da Fazenda. Pedro Malan era o homem de Washington e então presidente do Banco Central.

Um processo semelhante acontecia na Argentina e o eleito pelo chamado Consenso de Washington – a verdade única – era Carlos Menem.

Um alvo direto, os dois maiores países latino-americanos sob o tacão do neoliberalismo.

Nomeado ministro da Fazenda FHC na prática assumiu a condução dos principais negócios do governo e como ele próprio disse aos autores do Plano Real sobre Itamar aceitá-lo ou não, “deixa o Itamar comigo que eu o convenço”.

Itamar até hoje pensa que foi presidente de fato.

O Plano Real ressuscitou FHC, transformou-o em candidato a presidente da República, num acordo com o ex-presidente Itamar Franco. “Agora você, daqui a quatro anos eu de volta”. É célebre a gafe do ex-ministro Ruben Ricúpero ao afirmar na tevê – não sabia que estava no ar -, que o Plano, entre outras coisas, estava sendo usado para vender a candidatura de FHC.

A reeleição foi um golpe de estado branco. Sérgio Motta, ministro das Comunicações e sócio em alguns negócios do presidente, conduziu a compra de deputados, senadores, a concordância da mídia e tratou de afastar os obstáculos a um novo mandato para FHC (o mesmo na Argentina para Menem).

Há um inquérito sobre compra de votos na Procuradoria Geral da República em torno do processo de votação da emenda constitucional que permitiu a reeleição de FHC que está parado até hoje. A compra foi escancarada e muitas vezes em dinheiro vivo está provada nesse inquérito. Só não foi à frente.

Em 1998, ano da reeleição, FHC precisava do apoio do PMDB para derrotar Lula (Brizola foi o candidato a vice na chapa do petista) e Itamar Franco estava disposto a disputar a indicação, como disputou, dentro do seu partido, então PMDB. Feitas as contas a candidatura Itamar de saída levava a eleição para o segundo turno e tornava a vitória de FHC – objetivo do golpe branco – uma incógnita. Tanto poderia disputar um segundo turno com o próprio Itamar, ou com Lula e sem certeza de vitória. Era preciso ter essa certeza.

Houve de tudo na convenção do PMDB para barrar a candidatura Itamar. Ulisses já não mais comandava o partido, morrera e o que era um bloco monolítico em torno daquele notável homem público, havia virado um conglomerado que tanto tinha figuras íntegras como bandidos assim do porte de Íris Resende, antigo donatário da capitania de Goiás e principal articulador da derrubada da candidatura Itamar. Virou ministro de FHC depois.

Íris chegou a contratar – o fato foi noticiado amplamente à época – professores de uma academia de jiu jiutsi em Goiânia e Brasília, para intimidar delegados, coagir delegados e garantir o apoio da quadrilha a FHC.

Conseguiu. FHC foi reeleito com menos de um terço dos votos de todo o eleitorado brasileiro.

O processo de venda do Brasil prosseguiria com velas desfraldadas e a todo vapor.

Naquele momento tornavam-se necessários alguns ajustes do primeiro mandato e todos de caráter impopular, mas a essa altura do campeonato a posse da chave do cofre, da caneta que nomeia, demite, transfere e vende (o que vale dizer, recebe também) estavam asseguradas.

Há um aspecto interessante nesse processo. FHC era presidente até um determinado ponto. A autoridade real era do ministro da Fazenda Pedro Malan, homem de Washington designado para evitar besteiras e assegurar toda a sorte de bandalheiras do governo tucano.

Um exemplo? No primeiro Ministério José Serra – então senador – fora designado ministro do Planejamento. Unha e carne com FHC cometeu o erro de avaliação mais simples em todo o esquema. Entrou em choque com Malan achando que venceria a disputa. Voltou para o Senado.

No período que se seguiu a reeleição o ministro das Comunicações Mendonça de Barros – que havia recolhido fundos para a campanha junto a empresas que receberam de presente via BNDES estatais como a VALE e outras – foi à Espanha a convite da Telefônica Espanhola com despesas pagas e todas as regalias possíveis, na busca de novos negócios para aquela empresa.

Chega ao Brasil, pega o governo em meio a uma crise, a desvalorização do real, bate de frente com Malan, fica esperando a queda do ministro da Fazenda e termina demitido, pois Malan vaza todas as informações envolvendo Mendonça de Barros em episódios de corrupção.

A força de Malan era maior que a de FHC.

E assim foram os oito anos de FHC. O escândalo do SIVAM (que gerou uma chantagem em que o presidente pagou para ficar livre garantindo o Superintendente da Polícia Federal por quatro anos), as propinas no curso das privatizações, a compra constante e permanente de deputados e senadores dispostos a vender seus votos no Congresso Nacional, um amontoado de barbáries que levou-o a tornar-se num dos mais impopulares dentre os presidentes nos últimos tempos – tal e qual Collor e Sarney – fato visível na posse de Lula em primeiro de janeiro de 2003, quando FHC pede ao novo presidente que o permita sair pela porta dos fundos ao invés de descerem juntos a rampa do Planalto, sabedor das vaias que receberia como um político rejeitado e desprezado pelos brasileiros.

Crápula lato senso. Só não está na cadeia porque “isto aqui é Brasil”.

Em meio a tudo isso há uma imensidão de fatos, detalhes que revelam o que foi o período FHC. Um deles é a personalidade do ex-presidente. Se acredita enviado divino, oráculo supremo de tudo e todos e isso muitas vezes levou-o a dizer besteiras, como agora, quando diz que Lula deve ter um problema psicológico em relação a ele.

Escondeu um filho de forma perversa – fora do casamento – (todos os outros políticos que viveram situações semelhantes, até o poderoso ACM tiveram situações semelhantes reveladas publicamente pela mídia, FHC não, pagava mais e o que a mídia queria), enfim, um período a servir de exemplo de como um país não pode e não deve ser governado e como figuras assim não podem e não devem ser presidentes.

Ao assumir o governo Lula através de vários ministros falou em “herança maldita”, um país falido, conduzido segundo os interesses e determinações do FMI, do Banco Mundial e todas as quadrilhas financeiras que operam e controlam os principais negócios do mundo (agora vão controlar a frota petroleira do Brasil). Ou seguia os rumos pré-traçados pelo neoliberalismo ou iríamos viver a mesma situação caótica que viveu a Argentina pós Menem. Um presidente a cada três dias depois da renúncia de De la Rúa. 

Em torno dessa herança maldita muitas concessões foram feitas, um preço alto foi pago pelos brasileiros até que se tivesse o mínimo de avanços – políticas sociais principalmente – e na própria economia, sem contar as armações tucanas e da mídia nos oito anos Lula.

Mas sem mudanças significativas, estruturais, decisivas para o futuro do País.

Vai daí que vem Dilma Roussef, produto de Lula, ministra do governo Lula nos dois mandatos e proclama que FHC foi o responsável pela “estabilidade econômica do Brasil”.

E aí? Cadê a “herança maldita” que estava aqui? Dilma comeu.

Há um processo gradual de transformação do PT em partido social democrata, empurrando o PSDB mais ainda para a direita e um modelo de “capitalismo a brasileira” definido pelo secretário geral do PCB Ivan Pinheiro.

Não leram Barbosa Lima Sobrinho na obra que escreveu sobre o milagre japonês.

E há uma burocratização corrupta das cúpulas petistas – caso agora de Palocci –. Isso não faz do PT um partido em estado terminal como força de esquerda, como partido das lutas populares, afinal existe a militância, mas começa a produzir uma lenta agonia que vai levá-lo a essa situação.

Tornou-se o centro da verdade absoluta. Não aceita críticas e rotula os críticos de outros setores de esquerda como “estão fazendo o jogo da direita”. Querem submissão plena e absoluta aos negócios SANTANDER/PALOCCI e dane-se a PETROBRAS.

Dane-se o Brasil.

As manifestações que começam a ocorrer em todos os pontos do País e protagonizadas por várias categorias de trabalhadores não têm cor partidária – por mais que esse ou aquele partido ache que esteja conduzindo essa luta –, pela simples razão que o modelo político e partidário no Brasil está falido. Ou para lembrar Trotsky (não sou trotskista e nunca fui) “o povo está à frente dos dirigentes”.

O institucional como um todo está corroído pelo cupim do neoliberalismo. A corrupção é conseqüência. É intrínseca ao modelo, parte indispensável.

E nem o PT se entende mais. O ex-presidente Lula disse na noite de sexta-feira em Brasília, num evento, que a Internet é um meio revolucionário de comunicação e democrático, fundamental, deve ser popularizado, mas Paulo Bernardo, ministro das empresas de Comunicações, no mesmo dia e no mesmo lugar, disse que se a Internet for popularizada a 35 reais vai haver congestionamento. Ou seja. Lula fala para um lado, Paulo Bernardo fala para outro, as teles vão lucrar com esse negócio da banda larga e o PT bate palmas.

Não se trata de ser livre agora, mas amanhã. Trata-se de perceber a teia desse arremedo de capitalismo chinês que está se montando no Brasil e que na China se sustenta em trabalho escravo, salários de fome, milhões abaixo da linha da pobreza, enquanto partido e elites econômicas, além de forças armadas lógico, vivem os privilégios do tal milagre.

E a reforma agrária? O agronegócio comeu. E a reforma tributária e fiscal? Os ricos não permitem, pois querem que os pobres continuem a pagar os impostos.

E a integração latino-americana? O ministro Anthony Patriot acha que tem que ser pragmático. Pragmatismo é mais ou menos o velho ou dá ou desce. Como a distância a ser caminhada é muito longa, é noite, está escuro...

E muita coisa mais.

Criticar Dilma não significa criticar a primeira presidente mulher. Significa criticar uma presidente que não disse a que veio e quando esboçou falar se enrolou na terceira palavra, além de estar cercada de figuras da pior espécie na política brasileira.

Por que não o povo? Criar canais e mecanismos de participação popular?

A História não deixa nunca de cobrar o seu preço. Vai ter que ser pago.

Não estranhem se José Serra sai por aí dizendo que Dilma está vendendo o Brasil.

Essas cobras são venenosas, imunes a qualquer soro antiofídico e já perceberam que a presidente adora pegar o telefone e dizer “happy birth day mister president”, como Marilyn Monroe disse para Kennedy.

O caso Dilma começa a me trazer à lembrança a frase de Caio Júlio César ao ser assassinado – “até tu Brutus?”

        

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O CONTROLE DA INFORMAÇÃO



Laerte Braga


As diversas manifestações estudantis em vários pontos do Brasil, basicamente em protesto contra aumento de tarifas de transportes coletivos urbanos, começam a ganhar um vulto maior e atrair lideranças sindicais e os cidadãos comuns.

Num dado momento dessa reta houve e está acontecendo a intercessão do perceber a necessidade de acordar, levantar, sacudir a poeira da verdade única e ir às ruas mostrar o desejo de uma sociedade diferente da que temos, calcada na verdade única e absoluta do capitalismo.

A mídia exerce papel preponderante nesse processo. No Brasil, como de resto em muitos países, a chamada mídia privada (redes nacionais de rádio e tevê, jornais e revistas) é propriedade de algumas famílias, pouco mais de oito, literalmente a palavra família nesse caso tem o sentido mafioso.

A importância do controle da informação antiga. À época da guerra fria os dois lados faziam uso de potentes emissoras de rádio para veicular suas verdades, ou os fatos segundo seus interesses.

O mundo como é hoje, sob a tutela de uma única potência assentada em milhares de ogivas nucleares e com caráter terrorista, faz com que a informação seja decisiva noutra ponta do processo. O de desinformar e alienar o que levou um apresentador do principal telejornal brasileiro (o de maior audiência) a rotular o telespectador de idiota, comparando-o ao personagem Homer Simpson de uma famosa série de tevê nos EUA.

A rede mundial de computadores é uma realidade que neste momento coloca os donos do mundo (e da informação) em alerta. Acendeu a luz laranja, em alguns momentos a luz vermelha.

A necessidade de domar esse instrumento de liberdade está manifesta na farsa montada contra Julian Assange, fundador do site WIKIELEAKS, que trouxe a público documentos secretos do governo de Washington e revelou toda a barbárie, todo o cinismo que se esconde por trás da tal democracia exportada pelo complexo terroristas EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A para o resto do mundo.

Toda a teia intrincada de manobras, assassinatos seletivos, mentiras para justificar guerras, tortura, enfim, o que se possa imaginar em termos de boçalidade e principalmente objetivo final de controle absoluto de todo o mundo. O governo mundial submetido a verdade única (criada por eles, vendida por eles), bem mais cruel que o que se leu e se viu em O ADMIRÁVEL MUNDO NOVO de Aldous Huxley, ou em 1984, de George Orwell.

O grande irmão é uma realidade.

Na prática, regredimos à Idade Média e já é possível encontrar filmes produzidos em Hollywood (meca do capitalismo/sionista), uma perspectiva de mundo destroçado, mas repleto de tecnologias de destruição (MAD MAX, lançado em 1979 na Austrália, dirigido por George Miller e que acabou conferindo a Mel Gibson o status de estrela do mundo do cinema).

Num futuro não tão distante do que temos hoje, num quadro apocalíptico, num deserto, gangues de motociclistas lutam pelo poder e aterrorizam as populações por um pouco de gasolina.

Qualquer semelhança com a ação dos EUA no Oriente Médio não é mera coincidência. O país sumiu, dissolveu-se, hoje é um complexo antevisto pelo general e ex-presidente Dwight Eisenhower (complexo industrial e militar), controlado por empresas petrolíferas, indústria de armas e setor financeiro. O próprio cidadão norte-americano perdeu sentido nesse processo, à medida que o ATO PATRIOTICO, base do terrorismo de Estado, permite o assassinato sem julgamento daqueles suspeitos de atos anti-EUA.

Esse terror se espalha pelo mundo inteiro e neste momento dissolve a Grécia, a Irlanda, a Espanha, como o fez com a antiga Grã Bretanha (hoje Micro-Bretanha), começa a chegar a Portugal e certamente vai chegar ao Brasil. Os últimos dados da política externa dos EUA mostram a secretária de Estado Hilary Clinton, uma das operadoras do terror, jantando com ex-presidente sul-americanos, dentre eles FHC, discípulos dessa seita doentia e insana, acima de tudo amoral.

Julian Assange está em prisão domiciliar na Inglaterra acusado de crimes sexuais, farsa montada pelo governo norte-americano através da colônia européia chamada Suécia, à espera de ser extraditado ou não e em seguida entregue a Washington, onde, é óbvio, vai sumir num campo de concentração Guantánamo ou qualquer outro.

A OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE –, principal braço terrorista do complexo na Europa, está alarmada com a presença de hackers identificados como ANONIMOUS, que invadiram seus computadores, seus sistemas de defesa e mostraram ao mundo que o ataque cruel e covarde à Líbia tem objetivos bem diversos daqueles veiculados pela GLOBO no Brasil, ou qualquer outra similar, o enorme braço midiático do terrorismo.

Jovens em todas as partes começam a se levantar à revelia de partidos carcomidos pelo poder de suas cúpulas podres (vale para o PT no Brasil) e a ir às ruas a partir de intensas mobilizações em redes sociais na Internet, sem uma definição precisa do que querem, muitas questões pontuais, mas acima de tudo um grito sobre o que não querem.

O modelo capitalista vigente, escravagista e que transforma o ser humano em robô, em peça de uma engrenagem perversa e montada em colunas imensas de hipocrisia.

Uma pesquisa recente revela que a maioria dos jovens não enxerga nos partidos a opção por mudanças e têm a Internet como “ferramenta política”.   

A pesquisa foi realizada pela AGÊNCIA BOX 1824 e o Instituto Data Folha (ligado à FOLHA DE SÃO PAULO, um dos principais instrumentos da ditadura militar no Brasil, inclusive cúmplice de assassinato de presos políticos e hoje, porta-voz do braço partidário dos EUA, o PSDB).

Não há isenção no dado em si, ou boa informação na sua divulgação. Os resultados servem para orientar a necessidade – que é mundial do terrorismo de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A – de buscar caminhos para cercear a liberdade absoluta da rede mundial de computadores e ao mesmo tempo retomar o controle sobre a juventude.

Mais ou menos como em LARANJA MECÂNICA, livro do escritor inglês Anthony Burgess, que o notável diretor Stanley Kubrick transformou em um filme extraordinário e revelador do caráter opressor e doentio das elites políticas e econômicas inspiradas pelo poder divino do qual se revestem em sua hipocrisia santa.

Os dados revelados pela pesquisa são expressivos para uma análise simples.

Vamos voltar ao Espírito Santo e as manifestações estudantis. No estado não existe propriamente um governador, mas um capataz de empresas. O dinheiro público sustenta – estamos falando de informação – uma das muitas redes regionais de comunicação onde a venalidade é a regra geral, o item principal da razão de ser, falo da REDE GAZETA. Tevê (retransmite a GLOBO), rádio e jornal.

Noticiar as manifestações tudo bem, é um fato jornalístico. Definir as manifestações é outra história. É justificar o dinheiro público que sustenta a empresa (se sair esse dinheiro quebra). Dentro dessa lógica os protestos são noticiados, os manifestantes transformados em “baderneiros” e a Polícia Militar (organização terrorista escorada no tal mundo institucional) é sempre “obrigada” a intervir com “vigor”, para evitar “danos ao “patrimônio público” (esse patrimônio é usado por eles donos, para eles, serve a eles, mas é pago pelo cidadão comum).

À época da ditadura militar um dos instrumentos usados na resistência era repassar a barbárie do regime de terror à imprensa estrangeira para que repercutisse no País e poucos brasileiros pudessem tomar conhecimento do que de fato acontecia, tendo em vista a censura e a submissão de jornais, rádios e tevês como a GLOBO, a FOLHA DE SÃO PAULO, etc. Mas era e foi essencial para desmascarar a farsa democrática decidida em Washington.

Quando acontece, por exemplo, um crime como o que vitimou o ambientalista Chico Mendes, líder dos seringueiros na Amazônia e personagem mundial por sua luta, é como se um pouco de água tivesse feito transbordar o copo e aí não tem jeito. A notícia é dada, o fato é revelado e os responsáveis pelo crime demonizados, mas permanecem impunes, como garantidos permanecem os seus negócios, na exata medida que o assunto fica logo esquecido, ao contrário do caso Nardoni, onde a exacerbação do crime – que não tem motivos políticos e nem causa danos ao modelo, o que é fundamental para eles – se torna fator de alienação. De comoção nacional.

Qualquer mulher melancia, ou mulher laje mostrando seus atributos ao mercado será sempre bem vinda, ao contrário de protestos contra governos e empresas que controlam a mídia e fazem da mídia braço do controle que exercem sobre o País, no caso o Brasil.

A tevê RECORDE iniciou no último domingo uma série de reportagens sobre irregularidades cometidas por Ricardo Teixeira, presidente da CBF – CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL –. Ano passado a justiça decidiu contra a GLOBO sobre o direito de transmissão dos jogos do campeonato brasileiro e a RECORDE, como outras, entrou na briga junto aos clubes e a CBF para ficar com esse filé mignon do futebol – milhões de reais e índices elevados de audiência –,

Na briga das máfias da comunicação a GLOBO levou vantagem. Fez ofertas melhores que a RECORDE, que a REDE TEVÊ, manteve a exclusividade de transmissão de jogos do campeonato brasileiro. Briga de máfias.

Neste momento Ricardo Teixeira passa a não prestar para a RECORDE. Fosse o contrário, não prestaria para a GLOBO. No duro mesmo não presta para nada. Não há coragem alguma e nem compromisso com a informação séria nas denúncias contra o presidente da CBF. Há interesses e pseudo-jornalismo livre, independente.

A RECORDE pertence a um grupo de mafiosos liderados por Edir Macedo, com projetos políticos para o Brasil e ligado a estranhas operações da CIA e da MOSSAD em países do Oriente Médio. Tenta implantar seus templos/lojas de dízimo para ludibriar incautos cidadãos, na mesma forma que, neste momento, tenta mostrar jornalismo independente, tudo com objetivo político e ganhos, evidente.

Num dos programas da RECORDE, dentro de um planejamento estratégico, tático, uma cidade mineira foi alvo de reportagem sobre o terror dos bailes funks (droga, brigas de gangues, sexo em via pública, toda essa “cultura” vendida pela comunicação, vendida e combatida, uma ponta e outra).

Na semana seguinte o jornal O GLOBO circulou com um caderno especial sobre a dita cidade, acordo entre a Prefeitura – que é tucana, mas poderia ser petista, ou DEMocrata, é um clube de amigos e inimigos cordiais- e a empresa, publicidade arrecadada entre empresários muitos deles distantes dos objetivos do tal caderno e verba pública para custear o grosso do negócio.

A denúncia feita pela RECORDE é correta, até porque o jornalista que a fez é sério, ao contrário do caso Ricardo Teixeira. Mas o jogo dos grandes grupos não, e está presente em cada momento da comunicação no Brasil.

A expressão progressista encobre uma artimanha da falta de coragem de assumir o viés de luta popular. Falo agora de Internet. Antônio Ermírio de Moraes que devasta florestas Brasil afora e planta milhões de pés de eucaliptos para manter seus negócios, poderia se auto rotular progressista. Por que não? Na cabeça dele ele leva progresso onde chega. Como o cavalo de Átila. A grama não medra, mas é progresso, no entendimento deles e nas loas tecidas pela mídia.

Há um outdoor célebre quando da implantação da ARACRUZ no Espírito Santo, em que a agência de publicidade colocou o seguinte – “A ARACRUZ TRAZ O PROGRESSO, A FUNAI TRAZ OS ÍNDIOS”.

Ora a empresa e Ermírio de Moraes tomou, saqueou, roubou propriedade dos índios que estão lá desde a descoberta do Brasil. No afã de enganar o cidadão comum com essa conversa de progresso (dele e dos seus evidente), cunhou essa “preciosidade” preconceituosa e criminosa.

O ministro das Comunicações Paulo Bernardo vai dizer a “progressistas” que entregar a banda larga às grandes empresas de comunicação é um excelente negócio, vai levar Internet a todos os brasileiros e propiciar “democracia” nas comunicações. Progressistas vão bater palmas e achar que é assim.

Mas é o contrário. O custo da banda larga “democrática” que o ministro das empresas vai vender é pelo menos três vezes maior que a banda larga administrada pelo Governo ou pela comunidade.

Mas progressistas vão bater palmas.

O governo Dilma Roussef até agora é uma sucessão de equívocos, de biruta desgovernada, de direção contrária aos compromissos assumidos em campanha, mas chapas brancas vão estremecer de emoção à vista do ex-ministro José Dirceu, uma espécie de Cauby Peixoto da política (as fãs tentam agarrar, arrancar pedaços da roupa, etc, etc).

Mas e daí? É o que temos, o que escolhemos no segundo turno (votei em Ivan Pinheiro e depois em Dilma por exclusão).

Só que a presidente está prestes a transformar a PETROBRAS em única empresa petrolífera do mundo a não dispor de uma frota de petroleiros própria. Vai privatizar o esquema.

Os progressistas vão dizer que a decisão é fundamental para avançar mais à frente noutros pontos. Que pontos? Ajoelhar quando os colonizadores instalarem suas bases/negócios?
O tal Programa de Modernização e Expansão da Frota da Petrobras (PROMEF) está repassando a uma empresa chamada SETE BRASIL, a responsabilidade pela construção de 49 navios contratados pelo programa.

A PETROBRAS tem dez por cento da empresa SETE BRASIL, junto com a PREVI, PETROS, FUNCEF E VALIA e os bancos BRADESCO E SANTANDER os restantes noventa por cento. São os donos da frota petrolífera da empresa estatal. Está privatizada no acordo.

O governo é de Dilma, eleita por Lula, prometeu o contrário, não tem nada de progressista.

Essa empresa vai ser responsável pela construção futura de sondas para exploração do pré-sal. O dinheiro sai do cidadão via BNDES, os bancos lucram e o Brasil fica a ver os navios da privatização.

Progressismo?

O governo pagou a revitalização dos estaleiros existentes, a construção do estaleiro Atlântico Sul, mas os juros e os prazos para a SETE BRASIL são menores e subsidiados com prazos maiores, além das tarifas pagas a PETROBRAS menores que as de mercado, digamos assim, o custo dos afretamentos maiores (para a PETROBRAS que vai pagar por seus próprio navios), para “remunerar o capital desta nova empresa formada por banqueiros”. 

Quem pode dizer que isso não é ser progressista?

É outra tentativa de controle da informação principalmente na Internet. Mas por trás disso estão inocentes e ingênuos lutadores, ludibriados por espertalhões dos grandes negócios da comunicação.

A luta que os estudantes do Espírito Santo, de São Paulo e várias partes do País nos mostra é que a comunicação não pode ter dono é nem sempre o que parece ser o é de fato.

Caso de Dilma (até agora pelo menos) e dos tais “progressistas”.

Entreguistas cairia melhor.

O artigo está grande, extenso? Certas coisas precisam ser bem explicadas para que não haja dúvidas e esse tipo de argumento é falta do que falar sobre o que está sendo dito. Antes o risco de ser prolixo, ou a realidade de ser hipócrita ou cúmplice