domingo, 8 de janeiro de 2012

Devagar com o ufanismo exagerado!

04/01/2012 - Paulo Kliass - Carta Maior

Nada contra quem queira comemorar a ultrapassagem da Inglaterra e a conquista do sexto lugar. Mas o fundamental é que não se perpetue a tradição secular de se acomodar nos louros desse tipo de vitória parcial e continuar esquecendo a urgência de compartilhar esses frutos com a maioria da população.
Paulo Kliass



As principais manchetes do ano que se inicia, na verdade, já estavam anunciadas antes mesmo de 31 de dezembro. De acordo com previsões divulgadas antecipadamente por algumas empresas de consultoria econômica, o Brasil estaria a ponto de se tornar a sexta maior economia do mundo em termos de seu Produto Interno Bruto, o tão falado PIB.

Para quem acompanha a evolução do desempenho econômico dos principais países do mundo, tal fato não apresentava nenhuma surpresa. Há algumas economias que formam um meio de campo embolado, logo depois dos 4 primeiros: Estados Unidos, China, Japão e Alemanha. Esse grupo é composto por França, Inglaterra, Brasil e Itália. E existem várias metodologias possíveis para mensuração dos PIBs nacionais.

É fato inquestionável que, ao longo da última década, a economia brasileira avançou de forma significativa, bem acima da média de crescimento dos países industrializados, em especial os do espaço europeu. Mas também contribuiu para o salto mais recente a política de valorização cambial de nossa moeda, o real. Os PIBs nacionais são apurados e calculados nas moedas de cada país e depois convertidos para uma comparação padronizada. No caso, utiliza-se o dólar norte-americano. Assim, caso nossa política cambial fosse mais realista e menos fantasiosa, provavelmente o resultado de nosso PIB em US$ fosse menor. E aí não estaríamos ocupando aquela que passou a ser considerada por muitos como a “gloriosa sexta posição”. Ou seja, não teríamos ultrapassado os britânicos.

Daí a razão de ser o título do artigo. “Devagar com o andor, pois o santo é de barro”. A sabedoria popular muitas vezes nos empresta imagens que contribuem bastante para analisar a realidade social e econômica. É sempre recomendável um pouco de cautela nessas comemorações ufanistas. Essa forma de torcida irracional, como se o ranqueamento dos PIBs pudesse ser tratado como as posições dos carros em uma corrida de fórmula 1, sob a narração daquele famoso locutor televisivo, infelizmente ainda tão conhecido dos lares brasileiros. “Lá vem o Brasil em sétimo lugar, antes da curva de chegada, e atenção, agora acelera de forma inesperada e passa a Inglaterra! A partir desse instante, ocupa a sexta posição na competição”...

O PIB procura medir o conjunto de bens e serviços produzidos por um país ao longo de um determinado período – a padronização geralmente aceita é de um ano. Muitas vezes os meios de comunicação transmitem uma falsa idéia desse importante conceito das chamadas Contas Nacionais. O PIB não mede o total das riquezas de um país. Riqueza é um conceito que a teoria econômica classifica como “estoque”, pois reflete uma variável acumulada ao longo da história. O PIB reflete a renda (contraponto do produto) gerada durante um certo período – trata-se de uma variável classificada como “fluxo”. Assim, por exemplo, a riqueza petrolífera potencial de um país não é contabilizada no PIB e sim a produção de petróleo efetivada no ano. O valor de uma indústria ou do total de um parque industrial tampouco é contabilizado no PIB e sim a produção industrial realizada nesse período (além da parcela do investimento do empreendimento efetuado nesse mesmo período).

Apesar disso, é claro que existe uma forte correlação entre riqueza e renda. E os países que apresentam um estoque de riqueza elevado tendem a apresentar uma renda também mais alta do que os demais. Como se pode perceber, apenas a utilização do PIB como único elemento de comparação entre países é bastante limitada. O volume do PIB depende do tamanho do país em termos geográficos, das suas facilidades de obtenção de riquezas naturais, da dimensão de sua população, entre outros tantos aspectos.

Assim, as análises devem incorporar outras dimensões para se buscar algo mais efetivo em termos da compreensão da realidade social e econômica que se pretende estudar e comparar. Uma primeira “sofisticação” seria a avaliação do PIB na sua relação com a população do país considerado. Afinal para que serviria a renda de uma nação senão para beneficiar o seu povo? E aqui surge uma importante diferença de conceito, que parece pouco expressiva, mas é bem sutil. Trata-se do conceito de “PIB per capita”, ou seja, o valor do produto dividido pelo total da população. Países pouco populosos tendem a apresentar PIBs menos elevados, mas que podem ser muito expressivos caso seja levado em consideração o fato de que ocorreram em contextos demográficos de diminuta população.

Bom, nesse caso a nossa sexta colocação já vai lá prá baixo e somos ultrapassados por outros países que parecem ser mais “eficientes” na geração de renda ou produto com menos recursos humanos. Segundo as classificações do PIB per capita dos organismos multilaterais, o Brasil ocuparia a 71ª posição. Ou seja, alguns países grandes descem e outros menores sobem. Afinal, para que pretenderiam cidadãos uruguaios ou finlandeses concorrerem ao título de campeões mundiais do PIB total? Seus territórios são pouco extensos, suas populações não são enormes, mas esses países oferecem condições razoáveis para a vida social e econômica.

Em seguida, a evolução mais recente de avaliação sócio-econômica começou a incorporar outros indicadores para avaliar os países. Foi quando surgiu o conceito, hoje bastante difundido, do Índice de Desenvolvimento Humano – o famoso IDH. Tratava-se da tentativa de incorporar outras dimensões para além das variáveis econômicas “stricto sensu”. Assim, o índice introduz a educação (taxa de analfabetismo) e saúde (mortalidade infantil) junto com o PIB per capita. Ou seja, procura-se de alguma forma verificar como a performance econômica está sendo apropriada pela população em termos de alguns elementos básicos de mensuração de sua qualidade de vida. A geração dos dados é polêmica, principalmente pelas reclamações dos países que se sentem prejudicados na comparação internacional. Por isso, as avaliações oficiais são levadas a cabo por organismos vinculados à Organização das Nações Unidas - ONU. Nesse caso, a posição brasileira se vê ainda mais distanciada dos primeiros colocados. De acordo com as últimas classificações, o nosso País ocuparia a 84ª posição. Desnecessário comentar muito aqui a respeito da precariedade de nossas condições de saúde e educação em termos de comparação internacional. Uma pena, é triste, mas é a verdade nua e crua!

Por outro lado, as correntes da economia política mais crítica avançaram na elaboração de uma família de indicadores ainda mais sensíveis. Os mais conhecidos são os “Indicadores de Exclusão Social” – IES. Por meio deles, pretende-se apreender não apenas o produto gerado e as condições gerais de saúde e educação. Assim, o IES incorpora elementos como a concentração de renda e da riqueza, bem como a existência de disparidades regionais. Na verdade, reflete uma forma de buscar desvendar a realidade existente por trás das “médias estatísticas”, que podem muito elegantemente estar a esconder acentuados graus de desigualdade no interior do país. Outras formas de mensuração estão em pleno desenvolvimento, tal como incorporar a dimensão da preservação ambiental e de qualidade de vida, entre outras. Em todas elas, mais uma vez o Brasil não consegue obter vantagem comparativa com os países que estão à sua frente no quesito de PIB puro e simples.

Com essas informações, o que se pretende oferecer aqui é uma visão mais realista e menos ufanista da comparação apressada dos PIB, tal como vem ocorrendo ao longo dos últimos dias. A lista de tarefas que o Brasil ainda tem a cumprir para com a maioria de sua população é longa. Os elevados índices de morte violenta, como a taxa de homicídios e a taxa de mortos nos acidentes de trânsito. Os elevados índices de analfabetismo entre adultos e as preocupantes proporções do chamado “analfabetismo funcional” no conjunto da população. As altas taxas de ocupação residencial sem as mínimas condições de oferta de serviço de saneamento, como água e esgoto. Os números expressivos de famílias residindo em condições de favela e áreas consideradas como de alto risco. As péssimas condições associadas ao tempo e à qualidade no uso de transporte público. A falta de acesso à terra para quem vive no campo. Os vergonhosos índices de trabalho escravo denunciados a cada ano. E por aí vai.

Nada contra quem queira comemorar a ultrapassagem da Inglaterra e a conquista do sexto lugar. Mas o fundamental é que não se perpetue a tradição secular de se acomodar nos louros desse tipo de vitória parcial e continuar esquecendo a urgência de compartilhar esses frutos com a maioria da população. Ou seja, a tarefa de transformar o mero crescimento econômico em efetivo desenvolvimento social e econômico para todos. E para isso é necessário mexer na questão da profunda desigualdade que continua a ser a marca de nossa sociedade. Não apenas essa redução de fachada, onde se comparam os rendimentos dos que estão no topo dos 10% de renda mais alta. Isso porque nossa sociedade é tão profundamente desigual, que nesse último decil estão presentes parcelas expressivas das classes médias, a esconder a verdadeira face da permanência da elevada disparidade.

Trata-se, isso sim, de reduzir a vergonhosa concentração da riqueza em mãos dos 0,5% ou 1% mais abastados, na comparação com a absoluta maioria que se vê obrigada a sobreviver com uma renda equivalente ao salário mínimo. Aí, sim, teríamos então algo que mereça realmente ser comemorado com tanto orgulho.

Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.



 
 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Lula e um canto de um herói

Antonio Fernando Araujo (*)

Não são tantos os heróis assim, porque deixar um rastro profundo na alma de qualquer povo exige do pretendente, antes de tudo, que se torne o sal da terra.

Ora, ser um daqueles caras que adubam o chão por onde passam é fazer o que tem que ser feito, quando tem de ser feito, independente das conseqüências, porque se assim não for "será jogado fora e pisado pelos homens."

Quem escreveu isso foi o apóstolo Mateus.

"Cheguei à Presidência, disse Lula, para fazer as coisas que precisavam ser feitas e que muitos presidentes antes de mim foram covardes e não tiveram coragem de fazer."
(Folha de São Paulo, 30/10/2003).

E assim se tornou o sal da terra.

O mesmo apóstolo lembra: "ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde ela brilhará para todos..."

Talvez tenha sido assim com Lula, cintilou e estendeu seu brilho para todos e por todos os rincões deste país. Não demorou e a intensidade da chama alcançou os outros lados do planeta. Então passaram a lhe render homenagens.

"Eu sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta," disse ele em 8 de março de 2004, no Dia Internacional da Mulher.

E por conta desse falar estropiado, por ter nascido pobre, retirante, operário e líder sindical, por ter estudado quase nada e ter a língua presa, por cada uma de suas falas dar a impressão que a simplicidade destoava da sabedoria, por lhe faltar além do dedo a solenidade que se espera de um presidente, a imprensa-empresa e parte considerável das elites médias e altas do Brasil nunca o perdoaram e assim optaram por fazer do absurdo um estilo com o qual consagraram um sistemático bombardeio difamatório - que se prolonga até os dias de hoje - ao governo daquele "sapo barbudo" que ousava exibir qualquer coisa de esfinge atrás de um rosto amável fora do tempo.

Nunca o entenderam, tampouco o decifraram.

Sequer perceberam aquele dom que ampliava a intensidade da sua luz: a paciência - como a de um camelo - que exaltava assim, o que escrevera Giacomo Leopardi: "é a mais heroica das virtudes, justamente por não ter nenhuma aparência de heroísmo."

"Pobre do país que precisa de heróis para defender a dignidade", pronunciou Lula em 29 de junho 2004, dessa vez na abertura da Conferência Nacional dos Direitos Humanos.

"Nunca dantes na história deste país" alguém atropelou com tanta habilidade, graça e magia a língua portuguesa.

E assim, com os olhos incandescentes e por vezes lacrimejantes de um sonhador, com sua personalidade avassaladora, barba de profeta e um coração benevolente iluminou um canto de amor à dignidade dos pobres deste país.

Certa vez falou aos jornalistas, sem se apequenar, o quanto era tamanho o peso de chumbo da sua educação. Se via cercado pela ditadura das palavras erradas e o quanto invejava a liberdade das palavras certas.

"O governo tenta fazer o simples, porque o difícil é difícil", pronunciou solene na 1ª Conferência Nacional do Esporte, em 17 de junho de 2004.

Aos meus olhos isso é parte de um horizonte fascinante que muitos adorariam ter alcançado.

Desse universo de semelhanças que num instante o identificam com seu povo, muito maiores que as diferenças que poderiam separá-los, ainda mais quando adornado com a expressão de um orgulho ímpar com que celebra cada conquista de sua tenacidade, com a luz da poesia.

E é por causa dessa luz inebriada de paciência que ele exibe no rosto as marcas das vitórias e das perdas em oito anos de mandato e que, embora decorrido um ano, ainda teima em brilhar para todos. 

Agora a jornalista Zilda Ferreira, finalmente, poderá entender - doze meses depois de ter escrito -, "por quê a multidão, [em Brasília, 01 de janeiro de 2011] gritava Lula, herói do povo brasileiro!".

"Gritava também enquanto o ex-presidente passava a faixa presidencial... Depois, quando descia a rampa... Nesse momento..., em que quebrou o protocolo, atravessou a rua e foi cumprimentar o povo, quase chorando."

Consagrou então seu canto de herói, entregou-o em lágrimas à multidão que o aclamava, ampliou como ninguém a chama de seu candeeiro e sem ornamento algum tornou pálida a arte dos governantes que o antecederam.

"Cheguei à Presidência para fazer as coisas que precisavam ser feitas ..."

Taí..., um singelo canto de um herói.

(*) Antonio Fernando Araujo é engenheiro e colabora neste blog.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

EUA suplicam que os Talibã negociem (U.S. beseeches Taliban to talk)

 20/12/2011-MK Bhadrakumar*, Indian Punchline - Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

A matéria “exclusiva” da Agência Reuters [1] sobre contatos secretos entre os EUA e os Talibã é, sem dúvida, sensacional. Raras vezes o tabuleiro afegão foi tão claramente “desmitificado”. Serão os EUA, agora, “transparentes”? Uma nova abordagem? Porque tampouco os EUA jamais antes “revelaram” tanto de sua própria política regional, de modo tão explícito. Jamais tampouco se viram intenções de “processo de paz”, depois de guerra tão brutal, manifestas com tal sinceridade de intenções, com tantos bons propósitos, com tal generosidade em relação ao “inimigo”.

Que chances há de alguma coisa do que a Reuters publica hoje “com exclusividade” ser verdade?

Pergunto sobre as intenções que haja por trás de tantas declarações proferidas por militares norte-americanos identificáveis, falando todos, em fila, um depois do outro, em momento crucial de definição da guerra do Afeganistão. E escolhem logo, para divulgar toda aquela sinceridade e transparência, uma agência de notícias que tem leitores em todo o planeta, fazendo-a porta-voz daquelas “revelações”.

O que pode ter empurrado, para tamanha exposição, aqueles “militares norte-americanos de alto escalão”?

Comecemos pela “revelação” – que tem de simples o que pode ter de falsa: os EUA estariam trabalhando num “processo de paz” com os Talibã, com as conversações já bem adiantadas. E esses esforços alcançaram um ponto crítico, com boas chances de progressos consistentes; embora também tudo possa vir abaixo num segundo.

Quanto aos motivos: os funcionários dos EUA falam ali para vários públicos. Há o público doméstico no país – os norte-americanos cansados daquela guerra e que já não vêem sentido algum em continuar no Afeganistão. Esses lêem, em matéria publicada pela Reuters, que o governo Obama empenha-se muito em pôr fim à guerra e avança palmo a palmo, com denodo, rumo ao fim do túnel.

Assim sendo, que ninguém culpe o governo Obama se, apesar do esforço, a tentativa der em nada, por causa da intransigência dos Talibã.

O mais importante de tudo: se, por acaso, a guerra prosseguir, e os EUA chegarem ainda em guerra ao ano da crucial (re)eleição presidencial de 2012, não terá sido por decisão do presidente-candidato Obama, mas por imperiosa necessidade. Obviamente, a lei sobre Guantánamo torna urgente alguma definição sobre o estatuto daqueles prisioneiros, antes que Obama sancione lei. Aqueles prisioneiros são lixo. Por que não se livrar deles e, de quebra, ainda extrair do lixo algum lucro político?

Muito espertos. Sobretudo se a transferência dos prisioneiros para a custódia de Karzai puder ser apresentada como “movimento de cortesia” dirigido aos Talibã. A mensagem visa também os afegãos, especialmente o presidente Hamid Karzai, para que saiba que o nível de exasperação em Washington está alto; que, com ou sem o aval de Kabul, os EUA estão fazendo avançar sua própria agenda; e que já acumularam massa crítica.

Claro que é também mensagem para o Paquistão e para toda a região, os quais, depois dessa “notícia”, terão de começar a pensar sobre as intenções dos EUA no pós-2014.

O momento das “revelações” também é interessante:
a) Obama tem de dar respostas políticas “em casa”;
b) Washington está irritada com Karzai;
c) os EUA estão inseguros quanto às intenções dos Talibã;
d) o Paquistão entrou em modo de “desafio estratégico”; e
e) há oposição regional às bases militares dos EUA no Afeganistão.

A parte intrigante é que governos só “divulgam” sua diplomacia mais top secret quando, de fato, a confidencialidade deixou de ser interessante. Os funcionários do governo dos EUA que fizeram “revelações” à Agência Reuters admitiram publicamente que Washington
desistiu de quaisquer “pré-condições” no relacionamento com os Talibã (que desistiu de todas, fossem quais fossem: que tenham de obedecer à Constituição afegã, que tenham de separar-se da al-Qaeda etc.); e admitiram que os Haqqanis também são muito bem-vindos ao grupo.

A grande pergunta é se as “revelações” sugerem que estaria aparecendo pensamento novo, com vistas ao cenário do pós-2014. Pelo que se pode ver, os EUA começam a considerar uma era pós-Karzai. Querem mostrar que aprenderão a conviver com um Afeganistão comandado pelos Talibã. Mas... e por quê os Talibã engoliriam tudo isso?

Como se poderia adivinhar que fariam, os Talibã imediatamente desmentiram tudo [2] e deram as costas à abertura proposta pelos EUA.

Pode não ser a última palavra dos Talibã.

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Notas dos tradutores:
[1] 19/12/2011, “Exclusive: Secret U.S., Taliban talks reach turning point”, Reuters, (em inglês).
[2] 19/12/2011, “No secret talks with U.S.: senior Taliban commander”, Reuters, (em inglês).

*MK Bhadrakumar foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The Hindu, Asia Online e Indian Punchline. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala.

Fonte: http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/12/eua-suplicam-que-os-taliba-negociem.html




quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Especialistas da Coppe fazem balanço da COP-17 e propõem atividades para a Rio+20


O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC) realizou uma reunião, no dia 19 de dezembro, para avaliação dos resultados e desdobramentos da 17ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima (COP-17), realizada entre os dias 28 de novembro e 11 de dezembro, em Durban, na África do Sul. Na reunião, também foram apresentadas iniciativas de algumas entidades e instituições para a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável), que será realizada em junho de 2012.

Promovida por meio de uma parceria entre a Secretaria Executiva do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), o Grupo de Trabalho Mudança Climática, Pobreza e Desigualdades e o COEP, a reunião foi iniciada pelo presidente do COEP, André Spitz, no Auditório do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG/Coppe), localizado no Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"O que saiu de Durban foi insuficiente”. Esse é o ponto de vista do diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) e secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), Luiz Pinguelli Rosa, numa avaliação sobre a prorrogação do Protocolo de Kyoto. “Canadá, Japão e Rússia saíram, o que não dá para festejar. Mas foi bom, foi um passo adiante, ainda que esvaziado”, relembra.
Pinguelli destacou a criação de um grupo que até 2015 vai elaborar uma proposta de acordo global para depois de 2020. “É menos do que nada, mas é pouco, pois não há diretrizes claras”, pontua, lembrando que, mais uma vez, uma conferência climática terminou com resoluções aquém das desejadas. “Mas política é assim mesmo e o mundo vive um momento difícil”, afirma, em referência à atual crise econômica global.

Mirando o futuro, entidades e instituições ligadas ao FBMC apresentaram sugestões de atividades que pretendem realizar na Rio+20, como a discussão dos impactos do desenvolvimento sustentável e das mudanças climáticas no mercado de trabalho, workshop proposto pelo movimento sindical. Já o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (criado nos mesmos moldes que o Intergovernmental Panel on Climate Change, o IPCC) pretende divulgar o primeiro relatório de avaliação nacional do órgão.

No entanto, em termos gerais e independentemente das propostas apresentadas na reunião, Luiz Pinguelli afirmou temer que a Rio+20 “fique esvaziada por falta de ênfase”. “Não estou feliz com a agenda que está encaminhada para a Rio+20. Talvez fosse o caso, sem eliminar pontos, de focar na questão da pobreza e na mudança climática”, opina Pinguelli em relação aos 25 temas levantados pela sociedade brasileira para a discussão durante a Rio+20, que incluem assuntos de cultura, educação, agropecuária e empoderamento da mulher.

Diversos participantes destacaram que as discussões sobre mudanças climáticas devem estar associadas a questões como a pobreza, desigualdade e economia verde. À luz disso, foram apresentados também os resultados da pesquisa ‘Mudanças Climáticas, Desigualdades Sociais e Populações Vulneráveis no Brasil: Construindo Capacidades’, desenvolvida pelo Grupo de Trabalho (GT) de Mudança Climática, Pobreza e Desigualdades, coordenado pelo COEP. O trabalho estudou o impacto das mudanças climáticas junto às comunidades pobres – consideradas as mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global.

Quando falamos de vulnerabilidade, as mudanças climáticas são mais um ponto agravante. Precisamos ficar atentos a esse tema porque isso só vai piorar a situação dessas pessoas”, explica Gleyse Peiter, coordenadora do GT.

Durante a reunião, foram lançados dois livros relacionados a subgrupos dessa pesquisa, editados com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): ‘Mudanças Climáticas, Vulnerabilidades e Adaptação’, de Renato Maluf e Teresa da Silva Rosa, e ‘Mudanças Climáticas, Pobreza e Desigualdade’, de Anna Peliano.

O primeiro livro traz os resultados do subprojeto ‘Populações Vulneráveis’, coordenado pelos professores Renato Maluf, do Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional (Ceresan), e Teresa Rosa, do Centro Universitário Vila Velha. O trabalho teve como foco os impactos regionais e as vulnerabilidades de populações de baixa renda em três biomas (Amazônia, Caatinga e Cerrado) e duas regiões metropolitanas (ambas em área de Mata Atlântica), que enfrentaram episódios relevantes de eventos climáticos, constituindo cinco estudos de caso.

O outro livro, ‘Mudanças Climáticas, Pobreza e Desigualdade’, reúne os resultados do subprojeto ‘Empresas’, coordenado pela socióloga Anna Peliano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que investigou se as empresas têm contemplado em seus investimentos sociais o impacto das mudanças climáticas sobre as populações vulneráveis.

Os dois livros integram a Coleção Cidadania em Rede e estão disponíveis em formato eletrônico no site do COEP
 
(www.coepbrasil.org.br/portal/publico/apresentarCadernos.aspx).
 
 
Fonte: http://www.coepbrasil.org.br/portal/Publico/apresentarConteudo.aspx?CODIGO=C20111219105912114&TIPO_ID=1

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A importância do Código Florestal para a redução de desastres

 Leila Soraya Menezes* - Caros Amigos

A Care Brasil, organização brasileira integrante da rede da Care Internacional, que acumula experiência de mais de 60 anos em ajuda humanitária e uma das maiores ONGs do mundo, atua de forma sistemática em resposta a desastres. Partindo da resposta emergencial aos primeiros e mais dramáticos impactos e o restabelecimento das condições de bem-estar das comunidades mais vulneráveis, sempre as mais atingidas pelas catástrofes, suas ações têm o objetivo de apoiar a prevenção de novas tragédias. Entretanto, de nada adiantam esforços de capacitação da população, caros estudos de paisagens e recomendações balizadas de intervenções estruturais, se não forem consideradas as consequências nefastas do uso e da ocupação do solo nos municípios que não observam o Código Florestal como instrumento regulador. Ou seja, se quisermos medidas realmente estruturantes visando à reversão do quadro futuro de catástrofes, é preciso garantir, hoje, a proteção do Código Florestal, principal instrumento de redução de riscos de desastres que temos à disposição no país.

Preservação
O Código Florestal rege as Áreas de Preservação Permanente (APP), espaços territoriais especialmente protegidos pela Constituição que possuem a função de preservar recursos hídricos, vegetação, biodiversidade e estabilidade geológica; proteger o solo e assegurar o bem-estar da população. Quando o desmatamento, a degradação, a invasão ou a ocupação humana, quer com cultivos quer com edificações, avançam às margens de nascentes e cursos de rios, ou quando se instalam perigosamente em topos e encostas de morros, retiram das APPs suas muitas e importantes funções, entre as quais: poder da cobertura vegetal de reduzir o carreamento de terra, conter o desbarrancamento de solo ou rochas e evitar o assoreamento dos rios. Rios assoreados são rasos, sendo que qualquer precipitação produz, com o seu espraiamento, inundações.

Quadro para catástrofes
Não se pode mais negar o extremo risco de desastres de algumas regiões do país, nas quais a intensa ocupação nas APPs alia-se à vulnerabilidade e despreparo das comunidades para o enfrentamento ou o convívio com as mudanças ou a variabilidade do clima, completando assim o quadro perfeito para catástrofes. É o que temos testemunhado em vários locais, com triste destaque para a Região Serrana do Rio de Janeiro.

Ora, após o desastre na Região Serrana, a presidente Dilma Roussef determinou aos Ministérios da Integração e da Ciência e Tecnologia a elaboração de um plano nacional de prevenção e gestão integrada de risco e resposta a desastres. Não pode, portanto, permitir o esgarçamento físico dos meios naturais de redução de risco, sob pena de desfazer com uma mão o que faz com a outra.


*Leila Soraya Menezes, 48, coordena o Programa Mudanças Climáticas e Resposta a Desastres da ONG Care Brasil, é psicóloga e socioambientalista

sábado, 17 de dezembro de 2011

Corrida por biocombustíveis traz prejuízos sociais

por Jéssica Lipinski, do CarbonoBrasil


Estudo da Coalizão para a Terra indica que de todas as grandes aquisições de áreas ocorridas de 2000 a 2010, apenas 25% tiveram relação com a produção de alimentos, sendo a geração de biocombustíveis responsável por mais de 40%



O crescimento populacional, o aumento do poder de consumo mundial e o maior interesse de investidores em biocombustíveis têm elevado cada vez mais a disputa pela terra, sobretudo em países em desenvolvimento, trazendo muitas vezes malefícios à produção de alimentos.



Agora, um novo relatório mostra que a produção alimentícia não é a única prejudicada por essa corrida por propriedades, alertando que as populações rurais mais pobres podem ter seus direitos desrespeitados e seu meio de sobrevivência comprometido.



O Land Rights and the Rush for Land (Direitos de Terra e Disputa por Terra), desenvolvido pela Coalizão Internacional para o Acesso à Terra (ILC) e publicado nesta quarta-feira (14), é, até o momento, o documento mais abrangente sobre grandes aquisições de terra em países em desenvolvimento. A pesquisa reúne os resultados de 28 estudos de caso e análises regionais produzidos por 40 organizações



A pesquisa aponta que, entre 2000 e 2010 – período avaliado pelo trabalho – foram vendidos ou arrendados cerca de 200 milhões de hectares de terras – oito vezes o tamanho do Reino Unido –, dos quais aproximadamente 71 milhões foram catalogados pelo estudo.



O que surpreende é que destes 71 milhões, a maioria não foi destinada para a produção alimentícia. De acordo com a pesquisa, 25% foram dedicados a colheitas para a geração de comida, outros 27% para a mineração, o turismo, a indústria e a silvicultura, e 40% para a produção de biocombustíveis.



Dependendo da região, a diferença foi ainda maior: no continente africano, 66% dos acordos de terras estavam relacionados à produção de biocombustíveis, e apenas 15% à de alimentos. Já na América Latina, a produção alimentícia teve uma porcentagem maior dos acordos de terra: 27%, contra 23% da extração mineral, por exemplo.



E segundo a análise, embora grandes investimentos de terra tragam benefícios, eles também trazem prejuízos, sobretudo à população mais pobre. “Eles provavelmente causam mais problemas para os membros mais pobres da sociedade, que frequentemente perdem o acesso a terra e recursos que são essenciais para seu modo de vida.”



“Sob as atuais condições, acordos de terra em larga escala ameaçam os direitos e meios de vida de comunidades rurais pobres, e especialmente as mulheres”, alertou Ward Anseeuw, do Centro de Pesquisa Agrícola Francês para Desenvolvimento Internacional (CIRAD).



Isso porque muitas vezes os pobres não têm direitos legais sobre as terras que usam e os benefícios prometidos a eles, como empregos e melhores condições de vida, não se concretizam. Além disso, na corrida para atrair investimentos, alguns governos fazem acordos apressados em vez de buscar aqueles que trariam mais melhorias à população rural. Soma-se a isso o fato de que possíveis benefícios muitas vezes são desviados para as elites locais.



“Como os governos possuem a terra, é fácil para eles arrendar grandes áreas para investidores, mas os benefícios para as comunidades locais são frequentemente mínimos. Isso enfatiza a necessidade de as comunidades pobres terem direitos mais fortes sobre a terra na qual vivem há gerações”, observou Lorenzo Cotula, do Instituto Internacional para Meio Ambiente e Desenvolvimento.



“A competição por terra está se tornando cada vez mais global e desigual. Governo fraco, corrupção e falta de transparência na tomada de decisões, que são fatores-chave do ambiente típico no qual aquisições de terra em larga escala acontecem, significam que os pobres ganham poucos benefícios desses acordos, mas pagam custos altos”, concordou Madiodio Niasse, diretor do secretariado da ILC.



A análise indica que enquanto acordos comerciais internacionais oferecem proteção jurídica a grandes investidores, não há muita proteção para pequenos usuários de terras, que são justamente aqueles que dificilmente conseguem representação legal. Os governos, legitimando essa situação, costumam favorecer proprietários e fazendas de escala industrial em vez de propriedades de pequena escala.



“Há pouco nas nossas descobertas para sugerir que o termo ‘grilagem de terras’ não seja amplamente merecido”, comentou Michael Taylor, gestor do programa do secretariado do ILC. E embora o texto afirme que “a desapropriação e marginalização dos pobres rurais não é algo novo”, o relatório sugere que a atual disputa por terras está acelerando e agravando esta condição.



Mas o documento aponta que há medidas para contornar esse problema, como fazer com que as leis de direitos humanos funcionem para os pobres, tornar as decisões sobre terra transparentes, inclusivas e responsáveis e garantir a sustentabilidade ambiental nas decisões sobre terra e água de aquisições e investimentos.



O estudo ressalta também que os modelos de investimentos não devem envolver aquisições de terra em larga escala, colocando a pequena produção no centro das estratégias de desenvolvimento agrícola e reconhecendo e respeitando os direitos de terra e de recursos da população rural, para que a produção agrícola desta população possa contribuir para suprir a demanda de alimentos e recursos no futuro.



Segundo o relatório, já há exemplos de iniciativas que estão movendo a população contra grandes acordos de terra, como ocorreu em agosto deste ano no Sudão, quando foi lançada uma campanha contra o que teria sido o maior acordo de terra do país – o arrendamento de 600 mil hectares por uma empresa norte-americana. Já em novembro, agricultores se reuniram em Mali para uma conferência internacional para combater a disputa por terras.



“De modo otimista, pode-se até esperar que as comunidades rurais em muitas partes do mundo sejam capazes de finalmente atingirem um acesso seguro e controlarem sua terra através de lutas catalisadas pela crescente demanda de terra. É de se esperar que a disputa por terras agirá como um alerta, provocando uma reconsideração do caminho em que estamos”, concluiu a ILC.

 Fonte: Extraido do site Envolverde

* Publicado originalmente no site do CarbonoBrasil

Leia também a  " Disputa pela Terra em Copenhague"

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dilma avalia positivamente resultado da COP-17 sobre Mudanças Climáticas



por Pedro Peduzzi, da Agência Brasil
104 Dilma avalia positivamente resultado da Conferência da ONU sobre Mudanças ClimáticasBrasília – Apesar de criticado por ambientalistas, o resultado da 17ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-17), em Durban, África do Sul, foi bem avaliado pela presidenta Dilma Rousseff.
Em conversa por telefone com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, Dilma disse ter ficado “satisfeita com o resultado da conferência e, em especial, com o desempenho do país durante as negociações”.
Representantes de 194 países concordaram, durante as negociações concluídas na madrugada de hoje (11), em renovar o Protocolo de Quioto para pelo menos até 2017, e iniciar um processo com força legal, visando a um novo pacto global sobre o clima. O documento aprovado prevê o início das negociações já no ano que vem.
Durante as reuniões, foi instituída a estrutura do Fundo Verde do Clima, criado para financiar ações de combate às mudanças climáticas. No entanto, o número de países participantes do novo protocolo foi reduzido, com a saída da Rússia, do Japão e do Canadá.
De acordo com o Palácio do Planalto, a renovação do protocolo dará “fôlego para que as negociações não parem”

Nota do Blog.  O  resultado da COP-17 foi bom para mercado de carbono
Leia também:  "O negócio Europeu das emissões pervervas "(I e II). 
 
Font:e: Extraído do  Site Envolverde
*publicado originalmente no site da Agência Brasil.

domingo, 11 de dezembro de 2011

A inútil "moralidade"seletiva da mídia

O que faria uma pessoa abrir uma empresa num paraíso fiscal?
Imagine se a filha ou o genro de Dilma Rousseff o fizessem?
Ou se este genro de Dilma Rousseff repassasse, desde uma empresa (sua) nas Ilhas Virgens uma bolada de dinheiro para outra sua empresa no Brasil e, acionado por dívidas previdenciárias, não tivesse nem mesmo um automóvel em seu nome para ser penhorado?
Ou se a filha da Presidenta estivesse respondendo na Justiça pela quebra do sigilo bancário de 60 milhões de pessoas, por acesso indevido aos cadastros do Banco do Brasil?
Ou se um diretor do Banco do Brasil comprasse, por operações cruzadas, praticamente uma prédio inteiro da Previ, caixa de previdência dos funcionários?
Tudo isso aconteceu e está documentado no livro de Amaury Ribeiro Júnior, com uma única diferença.
Os parentes eram de José Serra, não de Dilma Rousseff.
O que basta para não ser notícia nos nossos “moralíssimos” jornais.
Quando se age assim, desparece a autoridade moral para criticar.
E se enganam se acham que vão poder abafar o caso com a falta de notícias.
O livro de Amaury Ribeiro puxou vários fios da meada imunda das privatizações.
E este novelo vai ser exposto.
Ontem, aqui, já mencionamos um deles.
A AES, empresa americana que comprou a Eletropaulo e a Cemig – de uma forma que deixou até Itamar Franco, dócil às privatizações, indignado – também faz negócios com as elétricas brasileiras a partir das Ilhas Virgens.
Lá, em algumas simples caixa postal, ficam a dúzia de empresas-fantasmas que exploram a conta de luz dos paulistas e devem um fortuna ao BNDES.
A imagem é reproduzida de um dos contratos que se fez para encontrar saída para esta escandalosa inadimplência e favoritismo.
Contratos subscritos pelo srs. Britaldo Soares e Eduardo Berini, que são diretores da Eletropaulo e/ou procuradores de duas dúzias de empresas-fantasmas, que só existem no cartório do paraíso fiscal caribenho.
A privatização das empresas estatais é o maior escândalo da história do Brasil.
E, com os jornais ou contra eles, virá à tona.

Fonte: Tijolaço.com/ Blog do Brizola Neto.

sábado, 10 de dezembro de 2011

"QUEEEIMA ELE SENHOR"




Laerte Braga


A figura mais importante do governo de Ronald Wilson Reagan, exerceu dois mandatos presidenciais, foi Billy Graham, à época o mais influente pregador neopentecostal nos EUA e chamado aqui no Brasil (veio ao País a convite do governo militar) de Billy Grana.

Ronald Reagan era democrata no início de sua carreira política e virou republicano com a seguinte explicação – “o Partido Democrata me abandonou ao deixar de ser o partido de Thomas Jefferson, Andrew Jackson e Grover Cleveland, para se tornar o partido de Karl Marx, Vladimir Lênin e Josef Stalin”.

Reagan, além de ator – papel que desempenhou na Casa Branca – era porta-voz da General Eletric e foi governador da Califórnia em dois mandatos. Eleito presidente em 1980 e reeleito em 1984. O vice era George Bush, pai do outro George, o tresloucado.

Ao ser eleito já era portador do mal de Alzheimer. Sua mulher Nancy Reagan cuidava das tarefas de governo nas crises presidenciais e mantinha as aparências de um casamento feliz, enquanto vivia um relacionamento paralelo com o cantor Frank Sinatra. As visitas de Sinatra à Casa Branca eram semanais.

A invasão neopentecostal na América Latina começou no início da década de 60, governo John Kennedy, com o programa Aliança para o Progresso. Entre outras coisas farta distribuição de leite em pó entre as populações mais pobres. O detalhe fica por conta de esterilizantes na composição do leite. E na chegada de pastores norte-americanos ligados ao esquema de Billy Grahan, no papel de coordenadores do esquema. No Brasil o alvo principal era o Nordeste.

As transformações vividas pela Igreja Católica desde a ascensão do cardeal Giuseppe Roncale (João XXIII) preocupavam Washington. A “opção preferencial pelos pobres”, as reformas do Concílio Vaticano II e a ação conscientizadora de clérigos católicos, tudo isso somado às simpatias despertadas em toda a América Latina pela revolução cubana, viraram pesadelo para a Casa Branca em tempos de guerra fria.

Os primeiros pastores aportaram, no entanto, no Chile, onde os americanos temiam a ameaça eleitoral, a vitória de Salvador Allende em eleições presidenciais.

Chegaram com a bíblia, todo o arsenal de um agente da CIA – AGÊNCIA CENTRAL DE INTELIGÊNCIA – e se espalharam pela região afora, com especial atenção ao Brasil, o maior e mais importante país latino-americano, também sob um governo que desagradava a Washington. O de João Goulart.

Há todo um processo nesse caminho, acabou, entre nós, resultando no golpe de 1964, quando juntaram as elites econômico/financeiras, latifundiários e parte das forças armadas (cooptada e comandada por um general norte-americano), como anos depois, na deposição e assassinato de Allende e um banho de sangue em toda a America Latina, a exceção de Cuba, evidente.

Os primeiros pastores tinham também a tarefa de formar seus congêneres brasileiros e aí surgem figuras nefastas como Edir Macedo e toda uma corja trazendo atrás da fachada, a religião, um projeto político de extrema-direita, recheado de preconceitos, da velha hipocrisia da sociedade norte-americana e com a tarefa, entre outras, de anular os impactos da nova Igreja Católica (isso até quando puseram as mãos no Vaticano, quando compraram o colégio cardinalício elegendo o polonês Karol Woytila, o papa João Paulo II. Registre-se que para isso tiraram o banco do Vaticano da falência e evitaram a eleição do cardeal brasileiro Aloísio Lorscheider, um dos favoritos para suceder João Paulo I).

Essa missão de comprar os cardeais coube ao cardeal norte-americano Marcinkus, que, anos mais tarde, já principal mentor de João Paulo II, teve a prisão decretada pela justiça da Itália por fraudes bancárias. Bandido lato senso.

Segundo o pastor Billy Grahan o “homossexualismo era coisa do diabo”. Um dos mais íntimos amigos de Grahan era o diretor do FBI – FEDERAL BUREAU OF INVESTIGATION – J. Edgard Hoover, que era homossexual.

Os neopentecostais chegam ao Brasil vestido do puritanismo norte-americano. Acham um público alvo fácil de ser alcançado, num País marcado pelas enormes desigualdades sociais e por uma cúpula da Igreja Católica, até então majoritariamente conservadora, refletindo a luta entre esses e os que emergiram na Teologia da Libertação, dentre eles figuras notáveis como o arcebispo Hélder Câmara.

São inexpressivos quando do golpe militar de 1964, mas têm consciência do papel que lhes cabe e das perspectivas do “mercado religioso” para o futuro. Em curto, médio e longo prazo.

Crescem e prosperam aliados a ditaduras militares em toda a América Latina. A principal missão, a de aquietar a classe trabalhadora prometendo-lhe mansões no céu (proporcionais ao dízimo pago) em troca do sofrimento aqui na Terra.

Ao longo dos anos montam um aparato de tal ordem, uma estrutura de tal peso, que hoje controlam bancos, canais de televisão, emissoras de rádio, jornais, revistas, têm um partido político e uma bancada – a bancada evangélica –. Divididos em várias confissões (o olho grande do lucro percebido por vários dos “bispos” e “pastores”), com raras exceções, juntam-se na maior quadrilha religiosa que o País já conheceu.

O maior deles, Edir Macedo, bispo e dono da Igreja Universal, mora em Miami, responde a vários processos por fraudes, lavagem de dinheiro, etc (há um vídeo na rede de computadores onde ensina pastores a tomar dinheiro dos fiéis), mas tem a cobertura dos podres poderes da extrema-direita aqui e lá nos EUA.

Numa entrevista recente à sua própria rede de tevê, a RECORDE, afirma que seu sonho é criar igrejas nos países muçulmanos. Na prática é uma operação política financiada por Washington e o que Washington representa. Tem várias igrejas em Israel, com o consentimento do governo terrorista de Tel Aviv, numa espécie de abre caminho junto a muçulmanos residentes em Jerusalém e outras cidades israelenses. Uma espécie de cavalo de Tróia para os países de maioria muçulmana.

Há algum tempo os principais líderes neopentecostais deixaram de lado os ataques virulentos contra a Igreja Católica (um deles num programa de tevê chutou a imagem de Nossa Senhora da Aparecida, padroeira do Brasil causando reações indignadas de católicos e não católicos) e começaram a investir contra religiões afro-brasileiras. Umbanda e Candomblé. E muitas vezes com uma agressividade que requer ação policial para evitar problemas maiores.

Quando um senador pedófilo, pastor, Magno Malta (o inquérito foi aberto na cidade de Cachoeiro do Itapemirim e sumiu misteriosamente) numa reunião no Senado Federal para discutir o projeto de lei que criminaliza a homofobia, afirma que “ninguém pede para nascer negro, ninguém pede para nascer índio” e distribui asneiras e preconceitos desse jaez, ao condenar às fogueiras do inferno o homossexualismo, está, por exemplo, na hipocrisia que serve de fachada a outros objetivos, o capitalismo em sua forma mais perversa e cruel (se bem que o capitalismo por si só é perverso e cruel), condenando às fogueiras do inferno toda a obra de Leonardo Da Vinci. Ou de Oscar Wilde. Todo o legado de Sócrates trazido ao conhecimento da humanidade por Platão. Está querendo ver arder em chamas o trabalho da extraordinária escritora Simone de Beuvoir e vai por aí afora.

E acima de tudo ao sugerir que se nasce negro ou índio sem pedir, afirmando a superioridade branca.

Magno Malta comprou, com as tais verbas parlamentares, uma ambulância por 400 mil reais e está indiciado na CPI do Sanguessuga.

Não está nem um pouco preocupado com a questão do homossexualismo. Desfralda uma bandeira recheada do falso moralismo, da hipocrisia, do cinismo, num projeto político que tem como meta transformar o Brasil num País sepultado sob o fanatismo religioso, enquanto figuras como ele, se transformam em imperadores da verdade absoluta e de todos os grandes “negócios”.

As elites econômicas torcem o nariz em suas festas regadas a Chiquinho Scarpa e “socialites recentes”, mas na penumbra dos porões fétidos que freqüentam, desmancham-se em sorrisos.

Valem-se, os neopentecostais, da fraqueza da Igreja Católica sob papas de extrema-direita e geradores de um retrocesso sem tamanho na Igreja de Roma, como das debilidades naturais de uma parcela ponderável da sociedade soterrada numa avalancha de problemas tanto de natureza financeira, de sobrevivência, como existenciais, num mundo de espetáculo gerado pelo capitalismo. Sabem aproveitar isso, são parte disso, desse mundo.

Magno Malta, por exemplo, no episódio da prisão dos donos da cervejaria Skincariol, emvolvidos em fraudes contra o fisco, lavagem de dinheiro, era o canal, através de uma de suas igrejas, para esse tipo de prática. Várias obras públicas realizadas pelo DENIT (antigo DNER) foram superfaturadas e um dos irmãos do senador era o responsável, foi afastado por isso, tinha alto cargo no Departamento. O dinheiro era lavado nas igrejas dirigidas pelo senador.

Mas é senador, continua solto, impune, pior, vendendo o peixe do fascismo/evangélico, uma das mais perigosas hecatombes – sem exagero – que se abate gradativamente sobre os brasileiros.

O ramo é tão próspero, que já é possível encontrar em uma das igrejas neopentecostais do Brasil, um spray desenvolvido por um espertalhão (pastor) que se usado, espanta o demônio.

Não significa que não existam pastores sérios, uns dois por cento, ou que os fiéis sejam cúmplices. São apenas incautos ludibriados em sua boa fé e suas dificuldades por bandidos travestidos de emissários divinos.

A maior parte dessas igrejas/seitas usa ONGs como agentes para recebimento de verbas públicas, lavagem de dinheiro e práticas outras, pois o espectro criminoso desse pessoal é o mais amplo possível.

OGNs são pragas inventadas pelo capitalismo no seu braço corrupção, braço, lógico, que lhe é implícito. Nasce com ele, inventado desde o cisma de Martin Lutero, ainda que tenha passado por várias denominações.

Quando Karl Marx disse que “a religião é o ópio do povo”, não o fez em sua extraordinária obra – O CAPITAL –, mas num poema texto, analisando as condições dos trabalhadores britânicos, em sua época e naquele espaço, a brutalidade de jornadas de até 20 horas diárias, sem folga semanal, sem qualquer direito mínimo, elementar. Não estava definindo a religião em sua essência como algo nocivo, mas cúmplice do processo capitalista de exploração do homem pelo homem.

É uma realidade brutal até nossos dias. Existe na China e seu milagre econômico. Nos trabalhadores escravos na Indonésia, no Timor, nas fazendas do latifúndio brasileiro e nos zumbis que andam pelas ruas e shoppings de nossas cidades fazendo do espetáculo do consumo o combustível do vazio da vida até que chegue a hora do Valium ou o desespero do nada. Ai senta e chora porque Fátima Bernardes saiu do JORNAL NACIONAL.

Parafraseando um senador de direita, Luís Viana Filho, ao criticar a obra de Raimundo Magalhães Júnior sobre Rui Barbosa, “Magno Malta é apenas uma mosca na asa da águia”, se tomarmos o ser humano – com muita bondade tal o grau de alienação – como águia.

O que essa gente produziu, gerou? Anthony Garotinho, Rosinha, etc, etc, etc. Na minha cidade o “pastor” Carlos, ex-prefeito conhecido como Bejani, lavando o dinheiro público roubado ao cidadão e ludibriando o cidadão em suas “pregações”, movidas a dízimo.

Magno Malta não é homofóbico. É bem mais que isso, é sem vergonha.

A palavra de ordem em suas igrejas costuma ser “QUEEEEIMA ELE SENHOR!”

Rende rios de dinheiro e mantém escancaradas as portas para o capitalismo e sua crueldade.

A bênção meu pai Xangô, minha mãe Iansã. Salve São Jorge, vencedor de demandas impossíveis, legionário de Ogum.

          
         

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

É urgente... Veremos depois



por Stephen Leahy, da IPS
84 É urgente... Veremos depois
O mundo ainda depende fortemente dos combustíveis fósseis, que contaminam o ambiente. Foto: Zukiswa Zimela
Durban, África do Sul, 9/12/2011 – Os países que participam das negociações sobre o clima admitiram publicamente que suas atuais reduções nas emissões contaminantes não poderão limitar o aquecimento global em menos de dois graus. Entretanto, os delegados presentes na 17ª Conferência das Partes (COP 17) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que termina hoje nesta cidade, propuseram enfrentar a chamada “brecha de emissões” na próxima COP 18, que acontecerá no Catar no ano que vem.
Documentos negociados em Durban reconhecem que a redução necessária de emissões de gases-estufa, segundo estudos científicos, deve ser de 25% a 40% até 2020. Esses cortes e prazos são vitais para impedir que o planeta aqueça acima de dois graus, o que significaria uma catástrofe ambiental ainda maior. O rascunho da declaração do encontro diz que esta deve ser a meta definida na próxima COP.
“Necessitamos de um acordo sobre essa meta, fundamentada na ciência, no mais tardar em 2012”, afirmou Karl Hood, chanceler de Granada e representante da Aliança de Pequenos Estados Insulares. “E queremos que esses objetivos sejam legalmente implantados antes de 2017”, acrescentou. Hood disse à IPS esperar que até 2020 para fechar a brecha é “inaceitável” e significaria “um desastre para os pequenos Estados insulares”, que já sofrem os impactos da mudança climática.
O mundo tem apenas meses para poder reduzir as emissões de gases gerados pela queima de combustíveis fósseis de forma que o aquecimento global não supere os dois graus. Se isto demorar anos, as reduções extraordinárias necessárias para reverter o processo poderão levar a economia mundial à bancarrota e reverter avanços no desenvolvimento na maioria dos países, alertaram especialistas em Durban.
“Estamos aqui para alertar os políticos de que nos aproximamos perigosamente de um ponto tal que não poderemos alcançar a meta de menos de dois graus” no aquecimento da Terra, disse o cientista Bill Hare, diretor da Climate Analytics (http://www.climateanalytcs.org), grupo sem fins lucrativos assessor para temas climáticos com sede na Alemanha. Os atuais compromissos de redução de emissões, acordados na COP 15 de Copenhague, em 2009, permitem um aquecimento de até 3,5 graus, disse Hare.
Hoje, essas promessas continuam essencialmente inalteradas, e isto significa que as opções do mundo para não superar um aquecimento de dois graus estão cada vez menores, destacou em entrevista coletiva em Durban. “Dizendo claramente, quanto mais esperamos, menos opções temos, mais nos custará e maior será a ameaça para os mais vulneráveis”, advertiu.
As emissões mundiais geradas pela queima de combustíveis fósseis aumentaram 49% desde 1990 e alcançaram um recorde de 48 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO²) em 2010, com a probabilidade de chegarem a 50 bilhões este ano, afirmou Hare. Graças ao efeito moderador dos oceanos, o planeta esquentou apenas 0,8 grau, em média. Contudo, muitas partes da Terra registraram aumento muito maior das temperaturas.
A ciência mostra que as emissões globais devem cair para 44 bilhões de toneladas até 2020 e continuar diminuindo 2% ao ano, meta que para a comunidade internacional, fortemente dependente dos combustíveis fósseis, será “extremamente difícil” de alcançar, mas ainda assim realizável, assegurou o cientista.
Se os países preferem limitar-se a cumprir os compromissos assumidos em Copenhague, as liberações de gases-estufa mundiais provavelmente crescerão entre nove bilhões e 11 bilhões de toneladas acima da meta de 44 bilhões, criando uma “brecha de emissões” considerável, alertou Niklas Höhne, diretor de Políticas de Energia e Climáticas da Ecofys, organização consultora em energia.
“Nossos resultados estão de acordo com o Informe sobre Brecha de Emissões, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado no começo das conversações em Durban”, afirmou à IPS. Chama a atenção o fato de muitos dos temas de intenso debate na COP 17 (biocombustíveis, agricultura, créditos de carbono para proteção de florestas, captura e armazenamento de dióxido de carbono) não são considerados importantes pelos cientistas para reduzir as emissões.
Segundo Höhne, “com os biocombustíveis é preciso estar muito certo de que não vão derivar em um aumento das emissões”. Vários novos estudos sobre o biodiesel com base no óleo de palma e no etanol de milho indicam que suas emissões são mais altas do que as geradas pela queima de combustíveis fósseis, quando se calcula todo seu ciclo de vida.
Os biocombustíveis não têm probabilidades de constituírem um método significativo para reduzir as emissões, coincidiu Höhne, e a agricultura está na mesma categoria. As práticas de cultivo podem ser alteradas para reduzir as liberações de gases, mas, segundo estudos de diversos cenários, só reduziriam parte da brecha.
A brecha de emissões só pode ser salva com uma combinação de melhoria da eficiência energética em todos os setores com um significativo aumento do uso de fontes renováveis, incluindo biomassa, passando do uso do carvão para o do gás natural. O custo desta mudança é relativamente baixo, de US$ 38 por tonelada de CO² que não é liberada na atmosfera.
No entanto, esperar até 2020 sairia muito mais caro. Cada dólar que não é destinado à redução de emissões do setor energético exigirá um investimento adicional de US$ 4,3 depois desse ano, para compensar todas as liberações de gases-estufa produzidas até então. É o que afirma o estudo “Perspectiva Mundial da Energia 2011”, da Agência Internacional de Energia. Esperar até 2020 “é um risco que não queremos correr”, afirmou Höhne.
Entretanto, os delegados em Durban parecem não compreender isso. “Não agem como se compreendessem”, ressaltou Höhne, lembrando que em 17 anos de negociações não se chegou a um acordo para reduzir substancialmente as emissões.

Fonte: Site Envolverde/IPS

Leia também: "A Disputa pela Terra em Copenhague", "O Negócio Europeu das emissões Perversas "(I e II), Desculpe, qual o preço do CO2.