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terça-feira, 21 de junho de 2011

O papel de Wall Street no narcotráfico



por Mike Whitney, do SinPermiso*
1290 300x167 O papel de Wall Street no narcotráficoImagine qual seria sua reação se o governo mexicano decidisse pagar US$ 1,4 milhões a Barack Obama para usar tropas norte-americanas e veículos blindados em operações militares em Nova York, Los Angeles e Chicago, estabelecendo postos de controle, e elas acabassem se envolvendo em tiroteios que resultassem na morte de 35 mil civis nas ruas de cidades norte-americanas. Se o governo mexicano tratasse assim os Estados Unidos, vocês o considerariam amigo ou inimigo? Pois é exatamente assim que os Estados Unidos vêm tratando o México desde 2006.
A política dos Estados Unidos para o México – a Iniciativa Mérida – é um pesadelo. Ela minou a soberania mexicana, corrompeu o sistema político e militarizou o país. Obteve também como resultado a morte violenta de milhares de civis, pobres em sua maioria. Contudo, Washington não está nem um pouco preocupado com os “danos colaterais”, desde que possa vender mais armas, fortalecer seu regime de livre comércio e lavar mais lucros das drogas em seus grandes bancos. É tudo muito lindo.
Há alguma razão para dignificar esta carnificina chamando-a de “Guerra Contra as Drogas”?
Não faz nenhum sentido. O que vemos é uma oportunidade descomunal de empoderamento por parte das grandes empresas, das altas finanças e dos serviços de inteligência norte-americanos. E Obama segue meramente fazendo seu leilão, razão pela qual – não é de surpreender – as coisas ficaram tão ruins sob sua administração. Obama não só incrementou o financiamento do Plano México (conhecido como Mérida), como deslocou mais agentes norte-americanos para trabalhar em segredo enquanto aviões não tripulados realizam trabalhos de vigilância. Deu para ter uma ideia do cenário?
Não se trata de uma pequena operação de apreensão de drogas. É outro capítulo da guerra norte-americana contra a civilização. Vale lembrar uma passagem de um artigo de Laura Carlsen, publicado no Counterpunch, que nos mostra um elemento de fundo.
“A guerra contra as drogas converteu-se no veículo principal de militarização da América Latina. Um veículo financiado e impulsionado pelo governo norte-americano e alimentado por uma combinação de falsa moral, hipocrisia e muito de temor duro e frio. A chamada “guerra contra as drogas” constitui, na realidade, uma guerra contra o povo, sobretudo contra os jovens, as mulheres, os povos indígenas e os dissidentes. A guerra contra as drogas se converteu na forma principal de o Pentágono ocupar e controlar países à custa de sociedades inteiras e de muitas, muitas vidas.
A militarização em nome da guerra contra as drogas está ocorrendo mais rápida e conscienciosamente do que a maioria de nós provavelmente imaginou com a administração de Obama. O acordo para estabelecer bases na Colômbia, posteriormente suspenso, mostrou um dos sinais da estratégia. E já vimos a extensão indefinida da Iniciativa de Mérida no México e América Central, incluindo, tristemente, os navios de guerra enviados para a Costa Rica, uma nação com uma história de paz e sem exército…
A Iniciativa de Mérida financia interesses norte-americanos para treinar forças de segurança, proporciona inteligência e tecnologia bélica, aconselha sobre as reformas do Judiciário, do sistema penal e a promoção dos direitos humanos, tudo isso no México.” (The Drug War Can’t Be Improved Only be Ended – A Guerra Contra as Drogas Não Pode Ser Melhorada, Só Terminada, Laura Carlsen, Counterpunch)
A impressão que dá é que Obama está fazendo tudo o que pode para converter o México em uma ditadura militar, pois é exatamente isso o que ele está fazendo. O Plano México é uma farsa que esconde os verdadeiros motivos do governo, que consiste em assegurar-se de que os lucros do tráfico de drogas acabem nos bolsos das pessoas adequadas. É disto que se trata: de muitíssimo dinheiro. E é por isto que o número de vítimas disparou, enquanto a credibilidade do governo mexicano caiu como nunca em décadas. A política norte-americana converteu grandes extensões do país em campos de morte e a situação não para de piorar.
Veja-se esta entrevista com Charles Bowden, que descreve como é a vida das pessoas que vivem na Zona Zero da guerra das drogas no México, Ciudad Juárez.
“Isto ocorre em uma cidade onde muita gente vive em caixas de papelão. No último ano, dez mil negócios encerraram suas atividades. De 30 mil a 60 mil pessoas, sobretudo os ricos, mudaram-se para El Paso, no outro lado do rio, por razões de segurança. Entre eles, o prefeito de Juárez, que prefere ir dormir em El Paso. O editor do diário local também vive em El Paso. Entre cem mil e 400 mil pessoas simplesmente saíram da cidade. Boa parte do problema é econômico. Não se trata simplesmente da violência. Durante essa recessão, desapareceram pelo menos cem mil empregos das empresas fronteiriças devido à competição asiática. As estimativas são de que há entre 500 e 900 bandos de delinquentes.
Há dez mil soldados das tropas federais e agentes da Polícia Federal vagando por ali. É uma cidade onde ninguém sai à noite, na qual todos os pequenos negócios pagam extorsão, onde foram roubados oficialmente 20 mil automóveis no ano passado e assassinadas 2.600 pessoas no mesmo período. É uma cidade onde ninguém segue o rastro das pessoas que foram sequestradas e não reaparecem, onde ninguém conta as pessoas enterradas em cemitérios secretos, onde, de forma indecorosa, volta e meia aparecem alguns corpos em meio a alguma escavação. O que temos é um desastre e um milhão de pessoas que são muito pobres para poder ir embora. A cidade é isto.” (Charles Bowden, Democracy Now)
Isto não tem a ver com as drogas. Trata-se de uma política externa louca, que apoia exércitos por delegação, para impor a ordem por meio da repressão e militarização do Estado policial. Trata-se de expandir o poder norte-americano e de engordar os lucros de Wall Street. Vejamos mais alguns dados de fundo proporcionados por Lawrence M. Vance, na Future of Freedom Foundation.
“Um número não revelado de agentes da lei norte-americanos trabalha no México (…) A DEA (Drug Enforcement Agency) tem mais de 60 agentes no México. A estes se somam os 40 agentes de Imigração e Aduanas, 20 auxiliares do Serviço de Comissários de Polícia e 18 agentes da Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, mais os agentes do FBI, do Serviço de Cidadãos e Imigração, Aduana e Proteção de Fronteiras, Serviço Secreto, guarda-costas e Agência de Segurança no Transporte. O Departamento de Estado mantém também uma Seção de Assuntos de Narcóticos. Os Estados Unidos também forneceram helicópteros, cães farejadores de drogas e unidades de polígrafos para examinar os candidatos a trabalhar em organismos de aplicação das leis.
Os aviões não tripulados norte-americanos espionam os esconderijos dos cartéis e os sinais rastreadores norte-americanos localizam com exatidão os carros e telefones dos suspeitos. Agentes norte-americanos seguem os rastros, localizam chamadas telefônicas, leem correios eletrônicos, estudam padrões de comportamento, seguem rotas de contrabando e processam dados sobre traficantes de drogas, responsáveis pela lavagem de dinheiro e chefes dos cartéis. De acordo com um antigo agente antidroga mexicano, os agentes norte-americanos não estão limitados em suas escutas no México pelas leis dos Estados Unidos, desde que não se encontrem em território norte-americano e não grampeiem cidadãos norte-americanos.” (Why Is the U.S. Fighting Mexico’s Drug War? “Por Que os Estados Unidos Travam a Guerra Contra as Drogas no México?, Laurence M. Vance, The Future of Freedom Foundation).
Isso não é política externa, mas sim outra ocupação norte-americana. E adivinhem quem enche os cofres com essa pequena fraude sórdida? Wall Street. Os grandes bancos ficam com sua parte como sempre fazem. Vejamos essa passagem de um artigo de James Petras intitulado How Drug Profits Saved Capitalism (Como os Lucros das Drogas Salvaram o Capitalismo, publicado no Global Research). É um estupendo resumo dos objetivos que estão configurando essa política.
“Enquanto o Pentágono arma o governo mexicano e a DEA (Drug Enforcement Agency, a agência antidroga dos Estados Unidos) põe em prática a ‘solução militar’, os maiores bancos dos Estados Unidos recebem, lavam e transferem centenas de bilhões de dólares nas contas dos senhores da droga que, com esse dinheiro, compram armas modernas, pagam exércitos privados de assassinos e corrompem um número indeterminado de funcionários encarregados de fazer cumprir a lei de ambos os lados da fronteira…
Os lucros da droga, no sentido mais básico, são assegurados mediante a capacidade dos cartéis de lavar e transferir bilhões de dólares para o sistema bancário norte-americano. A escala e a envergadura da aliança entre a banca norte-americana e os cartéis da droga ultrapassa qualquer outra atividade do sistema financeiro privado norte-americano. De acordo com os registros do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, só um banco, o Wachovia Bank (propriedade hoje de Wells Fargo), lavou US$ 378,3 milhões entre 1° de maio de 2004 e 31 de maio de 2007 (The Guardian, 11 de maio de 2011). Todos os principais bancos dos Estados Unidos tornaram-se sócios financeiros ativos dos cartéis assassinos da droga.
Se os principais bancos norte-americanos são os instrumentos financeiros que permitem aos impérios multimilionários da droga operar, a Casa Branca, o Congresso dos Estados Unidos e os organismos de aplicação das leis são os protetores essenciais destes bancos. (…) A lavagem de dinheiro da droga é uma das fontes mais lucrativas para Wall Street. Os bancos cobram gordas comissões pela transferência dos lucros da droga que, por sua vez, emprestam a instituições de crédito a taxas de juros muito superiores às que pagam – se é que pagam – aos depositantes dos traficantes de drogas.
Inundados pelos lucros das drogas já desinfetados, esses titãs norte-americanos das finanças mundiais podem comprar facilmente os funcionários eleitos para que perpetuem o sistema.” (How Drug Profits Saved Capitalism, James Petras, Global Research).
Vamos repetir: “Todos os principais bancos dos Estados Unidos se tornaram sócios financeiros ativos dos cartéis assassinos da droga”.
A guerra contra as drogas é uma fraude. Ela não tem a ver com proibição, mas sim com controle. Washington emprega a força para que os bancos possam garantir um bom lucro. Uma mão lava a outra, como ocorre com a Máfia.
Tradução: Katarina Peixoto.
* Mike Whitney é analista político independente que vive no Estado de Washington e colabora regularmente com a revista norte-americana CounterPunch.
** Publicado originalmente no site Agência Carta Maior.
(Carta Maior)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Terrorismo de Estado USA - Rumo ao IV Reich


O poder da gigantesca máquina de desinformação imperial impede os povos de compreenderem o perigo que os ameaça
Miguel Urbano Rodrigues

         Comentando o assassinato de Bin Laden, Michael Moore escreveu no Twiter: “Matamos mais de 919 000 no Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, etc., e gastamos 1 bilhão e 200 000 milhões de dólares em despesas militares e, finalmente, conseguimos assassinar mais uma pessoa”. A operação militar que eliminou o líder da mítica Al Qaeda confirmou uma realidade: o sistema de poder dos EUA, na sua ânsia de dominação planetária, pratica uma política internacional na qual o terrorismo de Estado se tornou componente fundamental. Os EUA comportam-se como candidatos a surgir na História como o IV Reich do século XXI.
         A “operação Gerônimo” - nome que insulta a memória do herói apache - foi o desfecho de um projeto concebido com minúcia científica pela Administração Obama. Anunciada a candidatura do Presidente à reeleição, faltava somente marcar uma data.
         A CIA sabia há muito onde ele se encontrava. Acompanhava-lhe os movimentos diários na residência de Abotabad através de sofisticados aparelhos electrônicos e os contatos dos seus mensageiros com o exterior, recorrendo inclusive  a satélites. O Pentágono e os serviços de inteligência conheciam os nomes de todas as pessoas que viviam com Bin Laden.
         O novelo de contradições que envolve o folhetim da morte do “inimigo número 1” dos EUA não resulta de desinformação. Foi concebido para semear confusão e transmitir a ideia de que Obama, agindo como democrata, transmitia ao povo norte-americano informações sobre a “operação militar” logo que as recebia.
         Mentia conscientemente, como demonstraram em importantes artigos intelectuais progressistas como Michel Chossudovsky, Noam Chomsky, James Petras, Domenico Losurdo, John Pielger, e outros.
         O presidente, aliás, apresentou diferentes versões dos fatos nas entrevistas às três grandes cadeias de TV, a ABC, a CBS e a CNN. Inicialmente, afirmou que, ao dar a ordem para o ataque à casa de Abotabad, as probabilidades de Bin Laden ali se encontrar eram de 99,9%; mas na última entrevista essas probabilidades caíram para 55%. A encenação foi muito estudada.
         O elogio do Presidente à CIA e ao seu chefe foi encomiástico. Foi ele quem tudo preparou e dirigiu. Leon Panetta, nas suas entrevistas, não escondeu, porém, que a CIA torturou prisioneiros para obter informações decisivas para a localização de Bin Laden. Interrogado sobre os métodos utilizados nos interrogatórios,  defendeu, quase com orgulho, o recurso à tortura e justificou o “afogamento simulado”. Falou com a frieza serena de um gauleiter nazi.
         Obama logo que viu as fotos do cadáver de Bin Laden decidiu que não seriam divulgadas. Sabia que elas provocariam uma onda de indignação no mundo islâmico. Mas afirmou então que hesitava e iria refletir. Depois, proibiu a entrega das fotos à comunicaçao social.
         Talvez não esperasse que as imagens de três corpos despedaçados  de homens abatidos durante o assalto fossem entregues aos jornalistas pelo Exército do Paquistão.
         A rapidez da retirada dos comandos da Marinha do edifício metralhado – levaram somente o cadáver de Bin Laden e o do neto – criou, porém, problemas imprevistos à Casa Branca. Porque os sobreviventes encontrados pelos militares paquistaneses – uma das esposas estava ferida – falaram muito,  e as suas declarações forçaram Obama e o Pentágono a apresentar nova versão da “brilhante operação Gerônimo”.
         Reconheceram que, afinal, Bin Laden estava desarmado. Teria sido abatido quando procurava uma pistola, ou, segundo outros, uma metralhadora. O folhetim dos “escudos humanos” também não resistiu a evidências resultantes do interrogatório das testemunhas do massacre. Uma das esposas de Bin Laden, a jovem iemenita Amal Abdulfatah, esclareceu que o marido vivia no Paquistão há sete anos, cinco dos quais na casa de Abotabad e não nas montanhas afegãs, como repetidamente garantia o governo de Washington.
         Na sua primeira comunicação ao país, Obama afirmou que a operação, por ele acompanhada da Casa Branca, durou 40 minutos e que o efetivo da “força elite” da Marinha não excedia 20 homens. Mas, posteriormente, altos funcionários civis e militares referiram totais diferentes. Não foi dada uma explicação crível para uma ação armada tão prolongada contra uma casa cujos poucos moradores não opuseram resistência.
         Assessores do Presidente e a Marinha repetiram exaustivamente que Bin Laden tinha sido sepultado no mar no respeito dos ritos islâmicos. É insólito o súbito respeito pela religião muçulmana; mas acontece que o Corão não permite sepultamentos marítimos. Os filhos do morto já informaram que pensam processar o Estado norte-americano por mais essa ofensa à sua fé.
         Outro tema que ridiculariza a versão oficial dos acontecimentos, e envolve a CIA e o Pentágono num labirinto de mentiras, criou já problemas no campo das relações dos EUA com o Paquistão.
         O governo Obama tem, na prática, tratado aquele país como um protetorado de novo tipo. Os bombardeamentos de aldeias do Waziristao por aviões sem piloto da USAF [United States Air Force] tornaram-se rotineiros. Islamabad limita-se a tímidos protestos quando os mísseis estadounidenses matam camponeses da região. Mas desta vez o desrespeito pela soberania paquistanesa atingiu tais proporções com a intervenção militar concebida para assassinar Bin Laden que a vaga de indignação no país foi maiúscula.
         A reação do presidente Asif Zardari foi, porém, suavissima.Por quê? Ficou transparente que o Exército do Paquistão e o seu serviço secreto estavam ao corrente da instalação do chefe da Al Qaeda em Abotabad. A sua casa dista apenas umas centenas de metros da sede da Academia Militar do país. Trata-se de uma cidade de guarnição, com vários quartéis. Alguns meios de comunicação estadounidenses afirmaram que as Forças Armadas do Paquistão não somente conheciam a presença de Bin Laden, como o protegiam.
         A rede de cumplicidades é, porem tão densa, que Tom Donilon, conselheiro de segurança nacional de Obama, levou a hipocrisia ao ponto de declarar aos jornalistas que não há “quaisquer provas” de que o Governo paquistanês tivesse conhecimento da presença no país de Bin Laden.
         O farisaísmo do presidente Obama não é menor. Derramou elogios sobre a CIA, enaltecendo como grande e histórico serviço à democracia e à liberdade o  massacre de Abotabad. Mais, deslocou-se à base militar para onde foram conduzidos os comandos da Marinha  e condecorou-os numa cerimônia secreta. Os seus nomes não foram revelados, com receio de represálias, mas na apologia que deles fez guindou-os a heróis tutelares da Pátria.
         Como recompensa, o diretor da CIA, Leon Panetta, foi nomeado secretário da Defesa. Simultaneamente, o general Petraeus, comandante supremo na área do Oriente Médio e do Afeganistão, foi transferido para a chefia da CIA…
         Ao ler o elogio do senhor da CIA pelo Prêmio Nobel da Paz recordei a atribuição das cruzes de ferro nazis a generais das SS.
         Obama, em exibição mediática permanente, anuncia ao mundo que os EUA utilizam o seu poder militar em defesa de valores e princípios eternos, cumprindo, afinal, a sua vocação de nação predestinada para salvar a humanidade.
         Inverte a realidade com despudor. O sistema de poder imperial dos EUA desenvolve uma estratégia orientada para a dominação perpétua e universal, um projeto que ameaça a própria sobrevivência da humanidade.
         A chacina de Abotabad inseriu-se nesse projecto monstruoso. Bin Laden – ex-aliado de Washington - foi um tresloucado que inspirava repulsa a centenas de milhões de pessoas. Mas as circunstâncias em que se consumou a sua eliminação são inseparáveis dessa estratégia de controle planetário.
         É significativo que os bombardeamentos das áreas tribais do Paquistão por aviões não tripulados sejam agora quase diários. Na Líbia, a Otan continua a bombardear residências de Khadafi,  afirmando que pretende “proteger as populações” no âmbito de uma “intervenção humanitária”.
         O poder da gigantesca máquina de desinformação imperial impede os povos de compreenderem o perigo que os ameaça. A mentira é diariamente imposta como verdade a nível planetário.
         É alarmante o que está acontecendo. Um dia a humanidade tomará consciência de que o sangrento episódio de Abotabad assinalou uma etapa no avanço de uma engrenagem cujo funcionamento traz à memória os crimes do III Reich alemão.
         Publicado originalmente em www.odiario.info.

sábado, 19 de março de 2011

Cancelado discurso de Obama na Cinelândia

A passeata contra a visita  de Obama foi sucesso dos movimentos
sociais, petroleiros e partidos  de esqueda.. Ela começou na
Candelária com ameaça de forte  repressão, mas  não aconteceu,
durante todo o trajeto até chegar no Consulado Americano, quando
alguem jogou um coquetel molotov. Nesse momento, desencadeou a repressão,
com gás lacrimogêneo e prisões. Mas, nem por isso, a passeata,
nesta sexta feira, deixou de ter êxito.(Nota da editora do Blog)



Sérgio Vieira, do R7, no Rio*

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cancelou seu discurso público que seria realizado no próximo domingo (20) na Cinelândia, praça do centro da cidade do Rio de Janeiro, depois de alertas recebidos pelos serviços de inteligência dos EUA após monitoramento de redes sociais, segundo informações obtidas com fontes no consulado norte-americano.

O serviço secreto cogitou a possibilidade de protestos e críticas ao Chefe de Estado dos EUA após a ONU (Organização das Nações Unidas) ter autorizado sanções militares à Líbia. Fontes do consulado afirmaram que agentes do serviço secreto encontraram indícios de que críticas ao ato público estavam sendo feitas em uma rede social, o que deixou a equipe de segurança do governo norte-americano receosa.

Militares do Exército, da Polícia Militar, Civil e Federal estão ocupando pontos estratégicos da Cinelândia desde a manhã desta sexta-feira (18), inclusive com a presença de um blindado do Exército diante da Biblioteca Nacional e três viaturas da polícia militar.

Para a segurança do Theatro Municipal, onde o presidente dos EUA realizará discurso para convidados do Consulado, Embaixada e do governo brasileiro, cerca de 500 homens das Forças Armadas estarão posicionados no entorno do local. O controle e a varredura interna ficarão sob responsabilidade exclusiva da Polícia Federal brasileira.

Além da Cinelândia, soldados da Brigada de Infantaria Paraquedista estão localizados em outros pontos da região central, entre eles, as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco.
FBI fará inspeção no dia do discurso

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Battisti: leia editorial do 'Brasil de Fato' que está nas bancas

Senhores Giorgio Napolitano e Silvio Berlusconi,

Brasília não é Addis Abeba

Brasil de Fato 414

03 de fevereiro de 2011

Finda a guerra fria, “o perigo comunista” já não mais funcionava como instrumento de submissão dos povos aos EUA. Logo, porém, fabricou-se um novo flagelo, o “terrorismo internacional”, cujo lançamento envolveu grande pirotecnia: no dia 11 de setembro de 2001, o Mundo amanheceu sob o impacto da derrubada das Torres Gêmeas, o que permitiu, já no mês seguinte, a invasão do Afeganistão; do Iraque, em 2003; as atuais ameaças ao Irã e uma série infindável de desmandos dos EUA mundo afora.

Toda a diplomacia desenvolvida pela chefa do Departamento de Estado Condoleezza Rice, e hoje levada adiante pela senhora Hillary Clinton, tem como alicerce e jogo de cena “o combate ao terrorismo”.

São considerados terroristas todos os que se oponham às regras do grande capital. Em nosso país, os desdobramentos mais visíveis dessa política são: a criminalização e massacre dos movimentos sociais e dos pobres em geral, e a ofensiva contra aqueles que resistiram ao golpe de 1964 e ao regime por ele implantado, antes que os liberais – na segunda metade dos anos 1970 – resolvessem desmontar a ditadura que eles próprios haviam construído.

Sim, somos todos “terroristas”.

Sobre Cesare Battisti

Em termos legais, as acusações contra Battisti e o pedido de sua extradição, já tiveram sua improcedência suficientemente comprovada. Battisti não cometeu os atos pelos quais Roma tenta condena-lo e execra-lo enquanto exemplo para todo o povo italiano e o mundo.

Está mais que certo, também, que nos anos 1960-1970 a Itália não era sequer uma democracia conforme entende e diz propor oficialmente o establishment capitalista – exceto se quisermos criar ad hoc o estatuto das “democracias excepcionais”, ou das “democracias emergenciais”.

No entanto, Battisti não é um inocente. É fundamental ficar claro: Battisti era sujeito de um projeto político que – com erros e/ou acertos – se batia contra as injustiças sociais, e no qual a igualdade entre os homens não se subordinava à liberdade. Toda sociedade em que a liberdade se construa às custas da negação da igualdade, será sempre uma sociedade onde a exploração e opressão dos mais fracos pelos mais fortes serão os alicerces da sua legalidade.

Ou seja, do nosso ponto de vista, mais que ilegal, é ilegítima a entrega de Battisti à Itália dos senhores Giorgio Napolitano e Silvio Berlusconi que, hoje, incapazes de invadir Addis Abeba, como o fizeram seus ancestrais políticos em 1935, tentam sitiar Brasília.

As condenações de Cesare Battisti, Alfred Dreyfus (1894), Mata Hari (1917), Ethel e Julius Rosenberg (1951) pertencem todas a uma mesma estirpe de crimes: a criação de bodes expiatórios (seguida de “punição exemplar”) que justifiquem os fracassos das políticas da direita. Os resultados perseguidos e induzidos são sempre as nacional-patriotagens, as ondas de xenofobia, de fascismos etc.

Battisti não é apenas Battisti

Battisti nunca foi apenas Battisti.

Sua condenação e extradição, mais que necessidade do neofascismo italiano, será marco da ascensão da ultradireita em todo o mundo, espetáculo capaz de unificar e fazer crescer essa ultradireita que emerge dos escombros do neoliberalismo.

Extraditar Battisti ou não lhe conceder sua condição plena de asilado (com direito, portanto, à garantia da sua segurança), será mais um modo de legitimar todo esse vergar-se radicalmente para a direita que experimentamos hoje, e que nos traz sempre à lembrança, os anos 1930.

A xenofobia varre a Europa e os EUA, assumindo expressões aparentemente diferenciadas: seja através da aprovação pelo Parlamento italiano de rondas de cidadãos (milícias paramilitares) para denunciar e seqüestrar estrangeiros com entrada ou permanência ilegal no país e entrega-los em seguida à polícia; seja pelas medidas decididas na França, que permitem (ordenam e consumam) a expulsão dos ciganos; ou o muro construído pelos EUA em sua fronteira com o México. Em Portugal, Espanha, Grécia – como na Itália e em toda a Europa Meridional e EUA, a progressiva perda de postos de trabalho e de direitos sociais dos assalariados tem como contrapartida o ódio aos imigrados.

Mas não apenas de xenofobia se alimenta o neofascismo: há poucos anos, o Congresso dos EUA “flexibilizou” o conceito de tortura, e passou a indicar seu uso em “determinadas circunstâncias”.

Nas eleições suecas de 2010, pela primeira vez desde 1945, a ultradireita elegeu representação no Parlamento e, na Holanda, a mesma ultradireita ameaça formar maioria entre os parlamentares. A Itália, no entanto, segue na vanguarda: o Parlamento de Roma fez o senhor Silvio Berlusconi primeiro-ministro, provando que a Liga Norte, famosa pela sua origem fascista, mas hoje considerada de centro-direita (!), retoma seu antigo prestígio e rumo.

Na América Latina, apesar da euforia que despertam governos de centro-esquerda, o Haiti permanece ocupado há quatro anos; o golpe contra o presidente Manuel Zelaya, de Honduras, foi absorvido e naturalizado pela comunidade internacional, do mesmo modo que a não distante invasão do território do Equador por tropas do narco-estado colombiano; as tentativas de golpes contra os governos da Venezuela, Bolívia, Paraguai em anos recentes e, este ano, no Equador. Também a nova política de militarização da Zona do Canal, no Panamá, é “natural”.

Battisti não é apenas Battisti.

E só não enxerga quem não quer.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Hosni Mubarak - acabou

Laerte Braga, jornalista e analista político
Mubarak era um dos comandantes da força aérea egípcia na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Os radares do Egito eram fixos e voltados para Israel. Os comandantes, entre eles Mubarak, não foram capazes de perceber a manobra dos militares de Israel. Como os radares não cobriam 360 graus, os aviões israelenses contornaram-nos e destruíram toda a aviação egípcia em terra.

Nos planos do então presidente Gamal Abdel Nasser um ataque aéreo a Israel equilibraria a guerra e permitiria às forças de seu país e da Jordânia ocuparem parte do território inimigo e principalmente toda a cidade de Jerusalém.

Deu tudo errado. Em seis dias as tropas de Israel sob o comando do nazi/sionista Moshe Dayan tomaram inclusive o canal de Suez.

Nasser foi um dos principais líderes do que se conhecia como países do Terceiro Mundo e desenvolvia intensa colaboração política e econômica com a antiga União Soviética. A monumental represa de Assuan foi construída com financiamento e participação direta de técnicos soviéticos.

Tentou de todas as formas unir os governos do Oriente Médio e chegou a criar a REPÚBLICA ÁRABE UNIDA (Egito e Síria) para enfrentar o que pressentiu desde o primeiro momento. O expansionismo israelense.

Foi Nasser que à frente de um movimento militar – era coronel – derrubou a monarquia no país.

Mubarak virou vice-presidente de Anwar El Sadat, sucessor de Nasser (o presidente morreu no exercício do governo). Sadat foi o responsável pela retomada do canal de Suez na guerra do Yom Kyppur e, na euforia da primeira vitória seus generais cometeram erros primários permitindo ao comandante israelense Ariel Sharon cercar as forças egípcias e alcançar um acordo de paz. Se a guerra prosseguisse teriam perdido Suez outra vez.

A entrada em cena dos EUA se deu após Sadat negociar a devolução do Sinai ao Egito e aceitar um acordo de paz com Israel. O presidente rompeu os acordos com a União Soviética, expulsou os técnicos daquela nação e começa aí a história do Egito como aliado dos EUA.

Num outro momento, no final da década de 50, franceses e ingleses tentaram se contrapor à nacionalização do Canal de Suez e sem o apoio dos EUA (de olho na perspectiva de negócios futuros que acabaram se materializando) saíram do Egito. Naquele momento ingleses e franceses começaram a perceber que não eram mais um império e dependiam, como dependem visceralmente dos EUA (no caso da França, a ascensão de De Gaulle após a queda de René Coty e a fuga do primeiro-ministro de extrema direita George Bidault para o Brasil, a guerra da Argélia, esse país permaneceu durante o período em que foi governado pelo general – Charles Andre Joseph Marie De Gaulle – longe da OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE).

Sadat foi assassinado por um militar muçulmano durante um desfile em comemoração à recuperação de Suez e do Sinai. O general Anwar El Sadat, logo após o acordo mediado pelos EUA visitou Israel duas vezes e encontrou-se com o primeiro-ministro Menaguem Begin (Einstein e todas as pessoas bem informadas o consideravam terrorista, foi responsável pela explosão de um hotel antes da criação de Israel matando centenas de pessoas).

A vitória na verdade, era outra baita derrota e Hosni Mubarak, o então vice-presidente, em 1971, assume o governo.

A perspectiva de eleições livres e gerais no Egito assustava aos norte-americanos, a Israel e aos donos do poder no pós-Nasser. Em eleições regionais os partidos islâmicos haviam ganho com larga maioria. Por isso Mubarak os tornou proscritos.

O regime de Hosni Mubarak é de barbárie pura e absoluta. De subserviência total aos interesses norte-americanos e colaboração estreita com Israel, inclusive contra palestinos (muitos foram expulsos de campos de refugiados no país, como na Jordânia, outro aliado de Israel).

O descontentamento popular vem de longa data. A revolta na Tunísia serviu para acender o rastilho da indignação dos egípcios contra um governo totalitário, corrupto e que transformou o país numa colônia de interesses dos EUA e de Israel.

Os serviços secretos egípcios trabalham em estreita colaboração com a MOSSAD – organização terrorista que Israel chama de serviço de inteligência –.

Mubarak acabou. Só fica no poder se os militares promoverem um massacre para que isso se torne possível.

O que acontece neste momento no Cairo é uma tentativa de ceder os anéis e salvar os dedos, tudo mediado e dirigido pelos EUA e por Israel, no receio de perder o mais importante aliado na região. Isso poderia significa a curto prazo mudanças na Jordânia (já existem protestos no país), na Arábia Saudita, outros aliados norte-americanos.

O de buscar um governo que pareça restabelecer a democracia, só pareça, mas mantenha intactos os laços com o governo terrorista de Israel.

O grande vencedor dessa encrenca toda é o Irã. A revolução islâmica se sustenta em eleições livres, diretas e ampla participação popular nas questões de governo, a despeito do noticiário contrário da mídia podre e venal do Ocidente.

O longo período de aliança com os EUA transformou o Egito em potência militar quase equivalente a Israel (só não dispõe de armas nucleares como o estado sionista). A idéia de um governo popular que ponha fim à subserviência em relação aos EUA aterroriza Washington. E deixa Tel Aviv de orelhas em pé, temerosos, ambos, que uma espécie de efeito dominó mude a correlação de forças no Oriente Médio.

Não importa que isso não aconteça agora, cedo ou tarde acontecerá.

A luta contra Mubarak diz respeito a todos os povos muçulmanos e do Oriente Médio. O ditador acabou. Milhões de egípcios estão nas ruas exigindo o fim do regime opressivo e colonizado.

E um detalhe sintomático que os EUA estão procurando alternativas confiáveis para suceder Mubarak. A REDE GLOBO, no Brasil, até as 18 horas de segunda-feira e em seus noticiários (no caso do Egito o que for autorizado pelo Departamento de Estado), referia-se a Mubarak como “presidente”. A partir daquele horário virou ditador. É outro sintoma. Foi jogado às feras.

Qualquer que seja a solução que encontrem EUA e Israel sabem que a revolta árabe, do povo muçulmano irá prosseguir. Até que haja uma solução digna para as questões que dizem respeito aos países e povos da região e principalmente para os palestinos. Saqueados, torturados, violados em seus direitos pelo estado terrorista de Israel, parte do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

O maior e mais perigoso conglomerado de violência e barbárie em todo o mundo.

Tony Blair apareceu para falar sobre o assunto e buscar a paz? Claro, é o boy da Casa Branca que afirmou ser indispensável a guerra contra o Iraque para destruir armas químicas e biológicas que não existiam (ele mesmo admitiu isso há meses atrás).

Hosni Mubarak acabou. Não tem mais serventia para seus patrões. Se ficar vai ser por conta da barbárie, o mais lógico, no entanto, é que vá viver num paraíso qualquer cercado de um harém, como acontece com o regime brutal da Arábia Saudita.

Comandante militar de fancaria, medalha por tortura, assassinato a sangue frio, traição, tal e qual qualquer militar em qualquer ditadura, inclusive a que nos escravizou no Brasil de 1964 a 1984. Não foi capaz de perceber a fragilidade do sistema de radares de sua força e nem levantou vôo.

Massacrou seu povo por trinta anos.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

'Tropas' italianas ocupam a mídia, parte do STF e do Congresso

Laerte Braga, jornalista e analista político
As “tropas” do Duce Sílvio Berlusconi ocuparam parte do STF – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL –, do Congresso Nacional e designaram orientadores para as chamadas quintas colunas, a mídia privada no Brasil.

Os “soldados” italianos, ao contrário do que acontece em qualquer guerra, não chegam ao Brasil fardados e armados, mas com malas coloridas carregadas de democracia verde e com liquidez em qualquer canto do mundo. São todas as malas e fardas da grife Armani.

No STF ocuparam e montaram o seu quartel general no gabinete do ministro presidente César Peluzo. O gabinete do ministro Gilmar Mendes serve ao setor de “inteligência” – não confundir com a outra –.

Já a mídia recebeu orientadores para definir a melhor estratégia com vistas à extradição de Cesare Battisti. A mídia privada no Brasil atua ligada a grupos estrangeiros, lembra aquelas “empresas de exportação” que a CIA – AGÊNCIA CENTRAL DE INTELIGÊNCIA – monta para justificar operações de sequestro, tortura, assassinatos, etc, tudo revelado pelo site WIKILEAKS.

Em contrapartida e em relação ao Uruguai, o governo de Sílvio Calígula Berlusconi negou a extradição do capitão JORGE TROCCOLI, responsável por prisões, tortura, estupros, seqüestros e assassinatos durante a ditadura militar naquele país e um dos principais operadores da Operação Condor (ação conjunto dos serviços de tortura das ditaduras militares envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, sob supervisão direta dos EUA).

A alegação do governo de Sílvio Calígula Berlusconi é que o torturador tem dupla nacionalidade. Em anos anteriores o mesmo aconteceu em relação ao Brasil, no caso do banqueiro Salvatore Cacciola (preso em Mônaco).

Há notícias, ainda não confirmadas dadas as dificuldades de obter informações junto aos “militares” italianos que ocupam partes de setores públicos do Brasil, que entendimentos estão sendo mantidos entre esse invasores e deputados do DEM e do PSDB – favoráveis à extradição de Battisti –, além de grupos e deputados de outros partidos. Sabe-se que a MONSANTO interessada em aumentar seus privilégios no Brasil está tentando o apoio do deputado Cândido Vaccarezza e os latifundiários mantêm entendimentos diretos com Aldo Rebelo, aquisição recente do plantel transgênico e do desmatamento.

O governo da Itália em nota oficial disse que a invasão desses setores se deve ao fato que “o melhor produto de exportação do Brasil são as mulatas e não propriamente os nossos juristas”.

A decisão visa garantir a “lei” e Sílvio Calígula Berlusconi está reformando o Coliseu para o combate Battisti versus leões especialmente adquiridos pela justiça italiana para justiçar o jornalista e escritor que ganhou o status de refugiado numa das últimas decisões do ex-presidente Lula, antes de deixar o governo.

Com relação à mídia privada “brasileira”, os orientadores italianos vão apenas orientar os agentes tipo William Bonner, William Waack, Alexandre Garcia, Eraldo Pereira (funcionário de Gilmar Mendes), jornais como FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, redes menores, revistas como VEJA, para manter o fogo de artilharia sobre a decisão do presidente Lula e reforçar a expressão “terrorista” sobre Cesare Battisti.

A orientação é ignorar que o julgamento de Battisti foi à revelia, com base em provas inconclusivas e um acordo entre o governo do Duce Sílvio Calígula Berlusconi e dois delatores (delação premiada), reforçando a dor e o sofrimento de eventuais vítimas da luta armada naquele país.

Já a dor das vítimas da repressão aqui no Brasil, ou o caso do capitão estuprador dos fuzileiros navais do Uruguai, essa é para deixar de lado.

Não está confirmado, dado ao quadro confuso e ao cerco que as “tropas” italianas mantêm sobre a parte do território brasileiro ocupado, mas fontes extra oficiais garantem que é fato, que os italianos querem um horário especial para adentrar – isso mesmo, adentrar – à célebre casa do BBB-11 e lá restaurarem suas energias para futuros combates.

Ao que se saiba não há vetos nem de Boninho, diminutivo de Nero e nem da direção da GLOBO, braço dos serviços de inteligência da colônia norte-americana que ainda teimam em chamar de Itália.

Ao certo se sabe que o capitão uruguaio JORGE TROCCOLI será nomeado diretor geral do novo Coliseu. Caberá a ele, entre outras coisas, afiar os dentes dos leões antes de entrarem na arena e aplicar as chibatadas, choques elétricos, pau de arara, etc, estupro, nos presos e presas a serem justiçados.

Em troca será declarado herói nacional da Itália e terá direito a um monumento à direita de Mussolini (Berlusconi pretende introduzi-lo no Coliseu, ao lado do seu).

O governo brasileiro até agora se mantém em silêncio. Espera que haja reações por parte de ministros do STF cujos gabinetes ainda não foram ocupados por “tropas” italianas. O grande temor de alguns setores é que o norte-americano Nelson Jobim, disfarçado de ministro da Defesa do Brasil, possa querer interferir no processo e garantir a invasão com um arremedo do IV Frota norte-americana.

Obama viria – a informação não é oficial, mas veio da Casa Branca – com a missão de assumir o comando das cervejarias brasileiras. Hillary Clinton seria recebida por Susana Vieira e seu namorado e para despistar e não despertar indignação dos brasileiros, ambas passeariam com cobertura total da GLOBO, em shoppings do Rio acompanhadas de suas respectivas cachorrinhas.

Tudo deve ser gravado para um programa exclusivo de Fausto Silva e cogita-se de uma despedida especial do CASSETA E PLANETA.

Eliane Catanhede e colunistas da VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO, ficarão encarregados de fornecer análises fajutas, mas recheadas de “fundamentos” oriundos das malas dos invasores, assegurando que está tudo na mais perfeita ordem.

Se a situação apertar o transsexual do BBB-11 mostra ao vivo, a cores e sem cortes, sua condição, assegurando os custos de toda a operação com telefonemas para responder sobre se é vero ou não.

As medalhas de “meus heróis” serão entregues por Pedro Bial.

Em homenagem a Plínio Salgado e a Plínio Oliveira, dois “mártires” da luta fascista no Brasil, ao final todos se reunirão no PROJAC para gritar ANAUÊ.

O general Zelito que quer que seja esquecida toda a barbárie da ditadura militar brasileira será homenageado e prestará continência, simultaneamente, às bandeiras da colônia Itália e da corte, EUA.

Agentes do MOSSAD farão a segurança.

Se a coisa apertar vão transferir o quartel general para a sede da OPUS DEI no Brasil, o palácio do governo de São Paulo e instalar os serviços de inteligência no esquema FIESP/DASLU, com a contrapartida do contrabando e sonegação.

Aécio Neves vai ficar de plantão para qualquer emergência. Haverá uma ambulância superequipada para qualquer contratempo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ministro Lobão desafia Dilma e anuncia licitação no Pré-Sal

Da Agência Petroleira de Notícias
Os movimentos sociais, entre eles o Sindipetro-RJ, defendem por meio do Projeto de Lei 531/09 que a Petrobrás seja 100% pública e o retorno do monopólio estatal do petróleo.

Infelizmente, o ministro de Minas e Energia Edison Lobão anunciou, durante a solenidade que marcou seu retorno, que pretende realizar novos leilões do nosso estratégico petróleo do Pré-sal, para o segundo semestre deste ano. E mais: o ministro se comprometeu a realizar, no primeiro semestre deste ano, leilões do nosso petróleo em terra, sob regime de concessão. A notícia foi veiculada pelo jornal O Estado de S.Paulo (04/01/11).

Ou seja, nosso "passaporte para o futuro", o Pré-sal sofrerá a sua primeira partilha, entre a Petrobrás, empresas privadas nacionais e internacionais. Embora a Petrobrás tenha garantida a participação societária mínima de 30% nas áreas que forem licitadas, os movimentos sociais, entre eles o Sindipetro-RJ, defendem por meio do Projeto de Lei 531/09 que a Petrobrás seja 100% pública e que o monopólio de estatal do petróleo seja restabelecido, com a revogação da atual lei 9478/97.

O PL 531/09 defende, também, que a exploração, produção, refino e o transporte do petróleo e seus derivados sejam realizados por empresas do Sistema Petrobrás. Desta forma, além de proteger as nossas reservas petrolíferas estratégicas, como o Pré-Sal, o projeto dos movimentos sociais (que está tramitando no Senado Federal) visa fortalecer o Sistema Petrobrás 100% estatal.

Será o primeiro leilão da nova legislação do petróleo. Antes, os parlamentares terão que aprovar a nova forma de divisão dos royalties do petróleo.

O anúncio dos leilões foi feito pelo ministro Edison Lobão, que já ocupava o cargo no governo Lula e requererá da sociedade brasileira a retomada das mobilizações em defesa do nosso petróleo.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Médicos cubanos no Haiti deixam o mundo envergonhado

Do Opera Mundi
Eles são os verdadeiros heróis do desastre do terremoto no Haiti, a catástrofe humana na porta da América, a qual Barack Obama prometeu uma monumental missão humanitária dos EUA para aliviar. Esses heróis são da nação arqui-inimiga dos Estados Unidos, Cuba, cujos médicos e enfermeiros deixaram os esforços dos EUA envergonhados.

Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, rasgado por terremotos e infectado com cólera, como parte da missão médica internacional de Fidel Castro, que ganhou muitos amigos para o Estado socialista, mas pouco reconhecimento internacional.

Falta d'água potável causou cólera e 1 mil mortes. Foto: M. Casal/ABr

Observadores do terremoto no Haiti poderiam ser perdoados por pensar operações de agências de ajuda internacional e por os deixarem sozinhos na luta contra a devastação que matou 250.000 pessoas e deixou cerca de 1,5 milhões de desabrigados. De fato, trabalhadores da saúde cubanos estão no Haiti desde 1998, quando um forte terremoto atingiu o país. E em meio a fanfarra e publicidade em torno da chegada de ajuda dos EUA e do Reino Unido, centenas de médicos, enfermeiros e terapeutas cubanos chegaram discretamente. A maioria dos países foi embora em dois meses, novamente deixando os cubanos e os Médicos Sem Fronteiras como os principais prestadores de cuidados para a ilha caribenha.

Números divulgados na semana passada mostram que o pessoal médico cubano, trabalhando em 40 centros em todo o Haiti, tem tratado mais de 30.000 doentes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40% de todos os doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve, uma equipe especializada em desastre e em emergência, chegou recentemente, deixando claro que o Haiti está se esforçando para lidar com a epidemia que já matou centenas de pessoas.

Desde 1998, Cuba treinou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latinoamericana de Medicina em Cuba (Elam), um dos programas médicos mais radicais do país. Outros 400 estão sendo treinados na escola, que oferece ensino gratuito - incluindo livros gratuitos e um pouco de dinheiro para gastar - para qualquer pessoa suficientemente qualificada e que não pode pagar para estudar Medicina em seu próprio país.

John Kirk é um professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade Dalhousie, no Canadá, que pesquisa equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: "A contribuição de Cuba, como ocorre agora no Haiti, é o maior segredo do mundo. Eles são pouco mencionados, mesmo fazendo muito do trabalho pesado.".

Esta tradição remonta a 1960, quando Cuba enviou um punhado de médicos para o Chile, atingido por um forte terremoto, seguido por uma equipe de 50 a Argélia em 1963. Isso foi apenas quatro anos depois da Revolução.

Os médicos itinerantes têm servido como uma arma extremamente útil da política externa e econômica do governo, gahando amigos e favores em todo o globo. O programa mais conhecido é a "Operação Milagre", que começou com os oftalmologistas tratando os portadores de catarata em aldeias pobres venezuelanos em troca de petróleo. Esta iniciativa tem restaurado a visão de 1,8 milhões de pessoas em 35 países, incluindo o de Mario Terán, o sargento boliviano que matou Che Guevara em 1967. Continue lendo e confira os links

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Brasil decide não conceder à Itália extradição de Cesare Battisti

Nota do governo brasileiro sobre o cidadão italiano Cesare Battisti

Brasília, 31 de dezembro de 2010

O Presidente da República tomou hoje a decisão de não conceder extradição ao cidadão italiano Cesare Battisti, com base em parecer da Advocacia-Geral da União. O parecer considerou atentamente todas as cláusulas do Tratado de Extradição entre o Brasil e a Itália, em particular a disposição expressa na letra “f”, do item 1, do artigo 3 do Tratado, que cita, entre as motivações para a não extradição, a condição pessoal do extraditando. Conforme se depreende do próprio Tratado, esse tipo de juízo não constitui afronta de um Estado ao outro, uma vez que situações particulares ao indivíduo podem gerar riscos, a despeito do caráter democrático de ambos os Estados.

Ao mesmo tempo, o Governo brasileiro manifesta sua profunda estranheza com os termos da nota da Presidência do Conselho dos Ministros da Itália, de 30 de dezembro de 2010, em particular com a impertinente referência pessoal ao Presidente da República.

CESARE BATTISTI

Laerte Braga, jornalista e analista político

A decisão do presidente Lula de conceder refúgio político ao escritor italiano Cesare Battisti é correta sob todos os aspectos. O governo italiano não conseguiu provar junto à Justiça brasileira que Battisti é culpado dos crimes dos quais é acusado e tampouco oferecer garantias de um julgamento justo, no caso da extradição, até em observância ao que determina o tratado sobre o assunto entre Brasil e Itália.

Foi desastrada a ação do governo de Berlusconi (como desastrado é o seu governo) na condução do processo. Vergonhosa a atitude do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) quando recebeu o embaixador da Itália pela porta dos fundos do seu gabinete e suas atitudes após essa visita.

Tratou o Brasil, os brasileiros, o governo, como se fossem lacaios de um governante irresponsável – Berlusconi.

A expressão “terrorista” usada pela mídia privada brasileira para rotular Battisti perdeu o sentido depois do WIKILEAKS e do terrorismo (sem aspas) praticado por norte-americanos e seus aliados (colônias) em todo o mundo.

Não cabe julgar politicamente a participação de Battisti no processo de resistência em determinada época a governos italianos. François Mitterand, socialista e presidente da França por 14 anos não hesitou um só instante em conceder asilo a Battisti.

O que está no centro do palco é outro tipo de jogo. Um jogo sórdido do primeiro-ministro Berlusconi, contestado por manifestações em toda a Itália e que queria exibir a cabeça de Battisti como troféu para tentar um novo mandato.

E, ademais, é da tradição brasileira abrigar, refugiar, asilar perseguidos políticos. Foi assim com George Bidault, líder fascista francês. Com Marcelo Caetano herdeiro do salazarismo depois da Revolução dos Cravos em Portugal. Não poderia ser diferente com Battisti.

A decisão final, segundo a Constituição, é do presidente da República. Todas as medidas protelatórias foram tentadas por Gilmar Mendes. À época presidente do STF E notoriamente ligado a grupos de extrema-direita e empresários envolvidos em corrupção (Daniel Dantas).

Sequer se preocupa em disfarçar, mesmo porque lhe falta o tal “notável saber jurídico”. Tanto quanto a “reputação ilibada” para integrar a mais alta corte de justiça do País. É invenção de FHC para garantir a impunidade da turma.

A decisão de Lula foi coerente com sua história, respaldada no Direito e reforça a tradição brasileira de braços abertos aos perseguidos políticos em outros países (exceção vivida apenas no período da ditadura militar, ela própria perseguidora).

Não se pode excluir a possibilidade de setores de extrema-direita tentarem reverter a decisão através de manobras comuns e típicas a esses foras da lei. A mídia privada, com toda a certeza, vai incentivar.

No apagar das luzes de seu governo o presidente da República assume a atitude de estadista num caso como este.

O que pouca gente sabe – é lógico, a mídia privada está no bolso e esconde – é que Berlusconi tem grandes negócios no Brasil e seus tentáculos chegam a setores do mundo institucional, com a prodigalidade típica dos corruptos.

Não há cabimento no argumento que temos nossos problemas e não devemos nos ocupar dos problemas dos outros.

Battisti está preso no Brasil, buscou o nosso País para refugiar-se de ações ilegais do governo de seu país, logo é um problema nosso.

Conceder ou não o status de refugiado político não muda as condições da saúde pública ou da educação por aqui.

Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Mas conceder o refúgio a Battisti reforça a grandeza da política externa brasileira e das tradições de paz e liberdade de nosso País.

São coisas distintas, portanto.

Esse é o típico argumento de quem não enxerga um palmo adiante do nariz, ou se enxerga, enxerga apenas o nariz e não o todo. Não se tem notícia de nariz que caminhe por si próprio.

Battisti foi partícipe de um processo de lutas que permeava toda a Europa na década de 60 e se estendia a todo o mundo de um modo geral. Um processo decisivo na construção de estradas passíveis de se começar a abrir picadas em meio a um estado autoritário no seu todo, mesmo em supostas democracias como a italiana.

Lula fecha com chave de ouro seu governo – ao qual cabem críticas, evidente – ao conceder refúgio político a Cesare Battisti sem se intimidar com a cara feia de um governo que preside uma colônia norte-americana na Europa, o italiano e a Itália e é antes de mais nada uma reedição trágica dos momentos pornográficos dos césares, ou histriônicos do Duce.

E não poderia ser diferente, Berlusconi é banqueiro.

Mostra um Brasil diferente daquele de FHC, ereto, de pé, que se espera, aliás, continue a ser assim com Dilma Roussef.

Leia ainda:
Marco Aurélio Mello, do STF: 'Battisti deve ganhar liberdade imediatamente'
O que ensina a 'guerrilha de Roma'

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Brasileiro dispensado pela OEA no Haiti diz ter sido 'porta-voz daqueles que não têm voz'

Ricardo Seitenfus reafirma que motivo da dispensa foi oposição à ONU e que Haiti não pode ser coadjuvante da própria história

Entrevista a João Peres, da Rede Brasil Atual

Ricardo Seitenfus (foto: arquivo) vai mesmo deixar o comando das ações da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti. Em conversa telefônica com a Rede Brasil Atual, ele reafirma a versão de que o motivo de sua dispensa foi uma entrevista ao jornal suíço Le Temps na qual criticou a presença das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país centro-americano.

“Provavelmente isso não tenha agradado a todo mundo, são 34 países-membros da OEA e é difícil agradar a tantos senhores, mas preferi agradar aos haitianos e à minha consciência”, resume. A dispensa foi recebida diretamente do secretário-geral da OEA, o chileno Miguel Insulza, em chamada telefônica no último dia 20. Insulza ordenou que o brasileiro tire férias do cargo de representante do secretário-geral no Haiti e, em janeiro, volte a Porto Príncipe apenas para se despedir dos colegas, encurtando o mandato que se encerraria em 31 de março.

Prestes, portanto, a voltar a exercer a carreira acadêmica na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Seitenfus ressalta que não fez críticas diretas às forças da paz da ONU (Minustah), mas à maneira como a comunidade internacional lida com o Haiti. De certa forma, o ex-representante da OEA reafirma aquilo que já havia feito em pelo menos duas entrevistas anteriores, em agosto de 2009 e em fevereiro deste ano, quando cobrou que a atuação militar desse espaço ao trabalho social de reconstrução do país.

A diferença, admite, está na forma com que abordou os assuntos desta vez, “utilizando a observação e a razão, mas fazendo com que o coração falasse.” Na entrevista ao Le Temps, Seitenfus afirmou que o Haiti não era um caso para forças militares, já que não representava qualquer ameaça à comunidade internacional, e ponderou que queriam fazer um “país capitalista, uma plataforma de exportação para o mercado dos Estados Unidos, um absurdo.”

Com tantos componentes polêmicos, a conversou ganhou enorme circulação no Haiti e nas redes sociais. A repercussão é tamanha que o ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, dedicou suas reflexões desta semana a elogios ao trabalho do brasileiro. “Pode-se ou não estar de acordo com cada uma das palavras do brasileiro Ricardo Seitenfus, mas é inquestionável que disse verdades preciosas”, escreveu o líder. Castro acrescenta que a ONU enviou a Minustah a pedido dos Estados Unidos, “criador da pobreza e do caos na república haitiana.”

Confira os principais trechos da entrevista:

Rede Brasil Atual - O senhor esperava ser dispensado?

Ricardo Seitenfus - Foi uma entrevista que dei em meados de novembro a um jornalista de Genebra. Estudei em Genebra e achava que era uma forma de retribuir tudo o que o país fez na minha formação. Foi uma entrevista sem grandes pretensões a não ser fazer um balanço dos dois anos de observação da comunidade internacional na situação haitiana.

Não falei da OEA. Falei da falta de um sistema internacional capaz de enfrentar situações como a do Haiti. O Haiti é bem mais complicado, bem mais difícil do que simplesmente enviar soldados. Então, foi mais uma espécie de prestação de contas e de auxílio à comunidade internacional, de fazer com que vissem isso. Foi feito de boa fé.

Rede Brasil Atual - Como o senhor viu a reação à entrevista?

Ricardo Seitenfus - Não imaginava a repercussão, sobretudo no Haiti. O Haiti é sempre surpreendente e me surpreendeu mais uma vez. Houve uma unanimidade, a esquerda, a direita, o governo, a sociedade civil, todos de acordo com o que eu disse. Me tornei uma pessoa pública muito querida. Também nas redes sociais houve repercussão porque há uma diáspora de quatro milhões de haitianos espalhados pelo mundo. Simplesmente fui o porta-voz daqueles que não têm voz.

De certa forma, também tem a ver com a forma que eu disse. Utilizando a observação e a razão, mas fazendo com que o coração falasse. Não posso ser outro do que aquele que sempre fui. Prestei um serviço à comunidade internacional, àqueles que querem realmente encontrar caminhos para solucionar os problemas do Haiti. E espero que sirva para incentivar o debate no Brasil sobre isso.

Rede Brasil Atual - Houve um erro da OEA em antecipar o fim da sua missão?

Ricardo Seitenfus - Não posso fazer essa avaliação. Sairia em 31 de março, isso já estava acertado, porque é muito pesado para mim, para minha família. A missão será encurtada em dois meses. É problema da OEA, não é problema meu.

Rede Brasil Atual - Fidel Castro emitiu um texto elogioso a seu trabalho e com críticas às atuações da OEA e da ONU. Como o senhor vê esses elogios?

Ricardo Seitenfus - É uma grande surpresa dialogar com Fidel Castro, um personagem da história mundial. Cuba está muito envolvida na luta contra o cólera no Haiti, temos quase 1.300 médicos, algo que se fala pouco. A imprensa mundial praticamente desconhece o trabalho extraordinário que os médicos cubanos fazem no Haiti junto à população. Creio que tanto Fidel Castro como eu temos um só objetivo, que é o bem-estar do povo haitiano.

Rede Brasil Atual - Os dois concordam com a avaliação de que o povo haitiano vem sofrendo ao longo do tempo pela ousadia de romper com o colonialismo entre os séculos XVIII e XIX.

Ricardo Seitenfus - O pecado original do Haiti foi cometido em 1804, no momento em que os escravos conseguem uma dupla libertação: um país e o rompimento dos grilhões da escravidão. A libertação haitiana veio muito antes do que veríamos depois, que é a luta contra o colonialismo, contra o racismo e contra a escravidão. O Haiti cometeu esse crime que não se pode apagar, que foi fazer com que os condenados da terra pudessem se revoltar.

Aí começa uma grande caminhada solitária do Haiti nas relações internacionais. Nunca sabem como tratar o Haiti. Quando não se sabe tratar, a gente ou se utiliza da violência ou da indiferença. Felizmente, a partir de 2004 a América Latina se interessou pelo Haiti. Espero que esse interesse demonstrado essencialmente em torno dos militares possa se transformar em interesse cultural, social, e que possamos melhor conhecer aquele povo tão extraordinário. Mais

Do Terra: 'Brasileiro é destituído de missão da OEA no Haiti'

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Não há democracia no mundo

Histórias como essas, registradas por Naomi Wolf, não podem fazer parte de nenhuma democracia do mundo. Mas elas existem e são promovidas, principalmente, pelas mais poderosas nações "civilizadas", que matam a democracia para se autopromoverem democratas. (Zilda Ferreira, editora política do EDUCOM)

“QUER ESTUPRAR, ESTUPRA, MAS NÃO PRECISA MATAR”
Laerte Braga, jornalista e analista político

A advogada Naomi Wolf escreveu e publicou um texto de suma importância para que se possa entender o caso Julian Assange, acusado de crimes sexuais na Suécia. Especialista no assunto trabalhou em vários países do mundo com mulheres estupradas, vítimas de tráfico de mulheres e não hesita em acusar a INTERPOL e os governos da GRÃ BRETANHA e SUÉCIA (colônias norte-americanas na Europa) de farsa e “ofensa à mulher”. “Teatro”.

O artigo foi publicado originalmente no HUFFINGTON POST, em 24 dezembro e traduzido no Brasil pelo blog ESQUERDA NET.

Naomi começa com uma pergunta.

“Como sei que o tratamento dado pelo Interpol, Inglaterra e Suécia a Julian Assange é uma forma de fazer teatro?”

E a resposta.

“Porque sei o que acontece em acusações de violação contra homens que não atrapalham governos poderosos”.

Especialista no assunto, Naomi afirma que “que só aqueles que entre nós passaram anos trabalhando com sobreviventes de violação e agressão sexual por esse mundo afora conhecem a resposta legal padrão a acusações de crimes sexuais, compreendem totalmente como essa situação é um profundo e mesmo enojante insulto aos sobreviventes de violação e agressão sexual em todo o mundo. O que quero dizer é isto: os homens praticamente nunca são tratados da maneira que Assange está a ser tratado face acusações de crimes sexuais”.

Naomi não diz, mas por outro lado, ao contrário de mulheres vítimas de violência sexual, estupro, agressões, as duas suecas que se dizem molestadas por Assange estão em estado de êxtase ao contrário das milhões de mulheres submetidas a essa barbárie mundo afora. Em estado de êxtase com os quinze minutos de fama e os bolsos forrados pelo “capital norte-americano” para montar a farsa, o teatro.

Um dos pontos mais interessantes e reveladores do artigo de Naomi é que mulheres vitimas de violência sexual (qualquer que seja), são vistas na maioria dos casos com desdém e a primeira reação policial ou de autoridades é suspeitar de denúncia infundada, tratadas como desdém, mesmo em países ditos civilizados.

O quadro melhorou e muito, mas ainda assim a mulher vítima de violência sexual em um sem número de países, ou localidades onde predomina o conservadorismo ou o fundamentalismo religioso, essas mulheres são isoladas como se contaminadas estivessem com alguma doença contagiosa. Ou vistas, pior, como prostitutas, ou mulheres fáceis.

A autora do artigo começou a trabalhar como advogada num centro inglês de vítimas de violência sexual quando tinha ainda 20 anos de idade. Trabalhou num abrigo para mulheres vítimas de violência nos Estados Unidos, “onde a violência sexual fazia muitas vezes parte dos padrões de abuso”.

Viajou mundo afora fazendo relatos de sobreviventes de agressão sexual e entrevistando-as em países diversos como Serra Leoa, Marrocos, Noruega, Holanda, Israel, Jordânia, território ocupados da Palestina, Bósnia, Croácia, Inglaterra, Irlanda e Estados Unidos.

Registrou relatos em primeira mão de dezenas de meninas adolescentes raptadas sob a mira de armas e mantidas como escravas sexuais em Serra Leoa durante a guerra civil. Eram atadas a árvores e a estacas no solo e violadas por “dúzias de soldados uma a uma. Muitas delas tinham apenas doze ou treze anos. Os seus violadores estão em liberdade”.

Encontrou uma menina de 15 anos que arriscou a vida para fugir de seu captor no meio da noite e levando o bebê que resultou de sua violação por centenas de homens. Caminhou da Libéria, a um campo de refugiados em Serra Leoa, vivendo de raízes do mato, perdendo sangue e descalça. “O seu violador, cujo nome ela conhece, está em liberdade”.

Generais – estou escrevendo generais – a todos os níveis “instigaram esta agressão sexual duma geração de meninas por todo o país. Os seus nomes são conhecidos e estão em liberdade”. Em Serra Leoa a autora colheu documentos de vitimas violadas por objetos contundentes e afiados que provocavam rasgões e lesões vaginais que geram fistulas vaginais que podem ser constatadas por qualquer trabalhador de saúde da região, onde a assistência médica não está disponível.

“Essas mulheres que foram violadas deste modo frequentemente sofrem com corrimentos constantes e mal odorosos por infecções que podiam ser tratadas com antibióticos de baixo custo, estivesse ele disponível. Por causa das lesões são evitadas pelas comunidades e rejeitadas pelos maridos, os violadores estão em liberdade”.

“Mulheres e meninas são drogadas, raptadas e traficadas às dezenas de milhares para a indústria sexual na Tailândia e pela Europa Oriental afora. São mantidas como prisioneiras virtuais por proxenetas”.

Entrevistadas essas mulheres afirmam que “esses raptores e violadores de mulheres são bem conhecidos das autoridades locais e até nacionais, mas esses homens nunca são alvos de acusações. Esses violadores estão em liberdade”.

Aquelas que se dispõem a testemunhar em casos de violação na Índia e no Paquistão foram sujeitas a homicídios de honra e a ataques com ácidos. Os seus violadores quase nunca sofreram acusações, quase nunca são condenados. Há o caso de um playboy indiano, narrado pela autora do artigo, óbvio, nascido em berço de ouro que foi acusado de violar uma empregada de forma violenta e que estava disposta a testemunhar contra ele. O caso foi encoberto nos mais altos níveis da polícia e o estuprador em liberdade.

Foi assim na Bósnia, é assim em Israel, no Marrocos, na Síria, na Arábia Saudita, rigorosamente em países de todo o mundo.

As duas suecas que acusam Assange estão exultantes e felizes por “terem sofrido violência sexual” do fundador do WIKILEAKS Passados alguns anos é possível que venham a ser capas de revistas, páginas centrais da PLAYBOY, frequentadoras do Big Brother de seus países (a praga existe em quase todo o mundo).

Na Suécia, país de origem das moças, Naomi mostra que as vítimas de violência sexual raramente conseguem justiça. Na Suécia e na Inglaterra, duas importantes colônias europeias dos EUA, transformadas em grandes bases militares.

Eis o que afirma Naomi Wolf.

“E que tal alguns casos mais típicos, perto de nós? Nos países ocidentais como a Inglaterra e a Suécia, que estão se unindo para manter Assange sem fiança, se efetivamente se entrevistar mulheres que trabalham em centros de emergência para casos de violação, ouvir-se-á isto: é incrivelmente difícil conseguir-se uma condenação por um crime sexual, ou mesmo uma audiência séria. Os trabalhadores em centros de emergência para casos de violação na Inglaterra e na Suécia dirão que há atrasos enormes no trabalho com mulheres violadas durante anos por pais e padrastos – que não conseguem que se faça justiça. As mulheres violadas por grupos de homens jovens e bêbados, atiradas da parte de trás dos carros para fora, ou abandonadas depois da violação em grupo, num beco, - não conseguem que se faça justiça. As mulheres violadas por conhecidos não conseguem uma audiência séria”.

E mais.

“Nos EUA ouvi falar em dúzias de mulheres jovens que foram drogadas e violadas em cidades universitárias pelo país afora. Há quase inevitavelmente um encobrimento pela universidade – que é garantido se os seus violadores forem atletas destacados na universidade, ou abastados – e os seus violadores estão em liberdade. Se se chegar a inquérito policial, ele raramente vai muito longe”.

E sobre o caso Assange.

“Por outras palavras: nunca em vinte e três anos de relatos e apoio a vítimas de violência sexual pelo mundo afora alguma vez eu ouvi falar dum caso dum homem procurado por duas nações e mantido preso em isolamento sem fiança antes de ser interrogado – para qualquer alegada violação, mesmo ou mais brutal ou mais fácil de provar.”

E o aspecto decisivo nesse caso.

“Quanto a um caso que implica o tipo de ambiguidades e complexidades das queixas dessas pretensas vítimas – sexo que começou consensualmente e que alegadamente se tornou não consensual quanto à discussão surgiu em volta dum preservativo – por favor, encontre-se em qualquer parte do mundo outro homem hoje na prisão sem fiança por alguma acusação que se lhe compare”.

Naomi Wolf, autora de um grande êxito editorial ‘THE END OF AMERICA: LETTER OF WARNING TO A YOUNG PATRIOT”, conclui seu artigo afirmando que

“Não é o Estado a abraçar o feminismo. É o Estado a afrontar, agredir o feminismo”.

Vida privada e vida pública não se misturam, ou não devem se misturar exceto quando a privada interfere na pública. Aí deixa de ser privada e passa a ser pública. Os últimos documentos liberados pelo WIKILEAKS mostram que governantes de alguns países solicitaram a DEA – DEPARTAMENTO ANTIDROGAS DOS EUA – auxílio para escuta e no pretexto de combater a droga, promoviam a escuta de inimigos políticos para usar o material como chantagem.

Hilary Clinton anunciou que vai deixar o Departamento de Estado do governo dos EUA ao final do mandato de Barack Obama e abandonar a vida pública. Sequer disputar a cadeira de senadora por New York. Num animal político, como a definem, isso é surpreendente.

No duro mesmo, nessa farsa toda que o WIKILEAKS mostra, Hillary demonstra que tem inteiro conhecimento que tanto ela como Bil, o seu marido, usaram a Casa Branca para grandes “negócios” donde saíram milionários e que esses negócios muitas vezes passaram pela cama dele, pelo salão oval e pela cama dela.

No Brasil mesmo, FHC teve gravados seus encontros amorosos com uma figura da sociedade de BH e que mais tarde resultou na venda da TELEMIG para a TELEMAR, hoje OI, como no prêmio a Pimenta da Veiga, o Ministério das Comunicações, em retribuição aos serviços prestados por figuras femininas diretamente ligadas a ele.

É a vida privada se misturando à vida pública e lesando o País.

Assange é vítima tanto desse medo de figuras como Hillary, como de governos terroristas como os do EUA, de Israel, ou de colônias como Inglaterra, Suécia, Itália.

Quer algo mais pornográfico que Silvio Berlusconi e suas festas com prostitutas?

O parlamento italiano o manteve no cargo.

O medo dessas figuras passa por aí também.

Os estupros praticados por soldados norte-americanos contra prisioneiros de guerra, as torturas, são reflexo da ordem moral e cristã dessas democracias fajutas. Ou pelo filho do diretor da RBS (GLOBO no sul do País) e mantido em silêncio pela tal “liberdade de expressão” da mídia privada corrupta e podre. Está solto também.

A escola Paulo Maluf, agraciado pela Justiça Eleitoral com o atestado de ficha limpa.

“QUER ESTUPRAR, ESTUPRA, MAS NÃO PRECISA MATAR”, a sabedoria pilantra do deputado paulista, cretina, típica de elites.

É cinismo absoluto da “sociedade do espetáculo”, o terrorismo real e de muitas faces do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMOS S/A.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Laerte Braga: EUA compraram Google para a CIA

Bush adquiriu Google e entregou sistema à CIA em 2008, para 'terceirizar' o Império e institucionalizar controle sobre a Web


Laerte Braga é ativista da comunicação na internet desde antes da explosão das redes sociais e da blogosfera. Formado em filosofia, jornalista e analista político, o blogueiro juizforano acompanha com atenção e comenta quase diariamente as revelações, pelo coletivo Wikileaks, dos segredos das potências hegemônicas - principalmente os EUA - e seus perigosos laços em várias partes do mundo, inclusive na América Latina. 
Entrevista a Rodrigo Brandão, da Equipe do EDUCOM - Aprenda a Ler a Mídia*

EDUCOM - Laerte, sabe-se que a Google Inc. passou recentemente a ser controlada pelo governo dos EUA. No Encontro de Blogueiros da Zona da Mata (Juiz de Fora, novembro de 2010) você revelou que a CIA agora é proprietária do Google. Pode explicar melhor como isso tudo ocorreu? O Google se transformará num braço da espionagem de Washington?

Laerte Braga - Desde o advento do rádio os norte-americanos se preocupam com o controle da informação. E mesmo antes, mas numa dimensão menor, já que os veículos existentes, principalmente jornais, mantinham aquele caráter romântico do jornalismo. Essa preocupação ganhou foros organizados já na Segunda Grande Guerra e com a Guerra Fria passou a fazer parte do todo do Império. E incluindo todas as mídias disponíveis. Hollywood, por exemplo, exerceu e exerce um papel importante nesse contexto de dominação. De lavagem cerebral. Há uma frase de George Bush, me parece que dele, que diz o seguinte – “todos nos criticam, mas todos querem ser iguais a nós”. É o que vendem, o sonho, o desejo, do que imaginam ser civilização, sendo barbárie. Ou como na canção do Subdesenvolvido, do antigo CPC da UNE – “O brasileiro pensa como americano, mas não come como americano”. Essa preocupação, que era inclusive concorrência com a extinta União Soviética se acentuou em rádios como a VOZ DA AMÉRICA, rádios que especificamente transmitiam em chinês para os chineses, russo para os russos, espanhol para os cubanos, descobrindo e acrescentando no processo a televisão. A partir do momento que essa mídia se transformou no mais poderoso veículo de comunicação do século passado e ainda desse século. A guerra e a derrota política e militar no Vietnã acentuaram a necessidade de controle da informação pelas mídias existentes, ao perceberem que a opinião pública é um poderoso ingrediente contra situações indesejadas quando se movimenta, se põe a caminhar.

"Na verdade os EUA não são uma federação, mas um conglomerado que enxergo terrorista em sua prática junto a países e povos do resto do mundo"

A revolução cubana, por seus reflexos na América Latina principalmente, ao lado de programas assistenciais como a ALIANÇA PARA O PROGRESSO, trouxe a presença norte-americana para mídias nacionais (caso do grupo GLOBO no Brasil), já que reconheceram o papel preponderante da comunicação, decisivo na alienação e na desinformação, no vender o peixe capitalista. No curso desse processo as mídias foram sendo incorporadas às políticas norte-americanas, imperialistas e gradativamente se constituindo em fator de importância capital para os objetivos dessas políticas. Para se ter uma idéia, antes mesmo da GLOBO, a antiga TV TUPI, do grupo DIÁRIOS E EMISSORAS ASSOCIADOS, dispunha de jornalistas aliados aos norte-americanos. Em 1957, quando do lançamento do primeiro satélite artificial na história, o SPUTINIK, em meio ao espanto de todas as pessoas no mundo, a sensação que a União Soviética vencia a corrida espacial e usava isso como propaganda, tanto quanto usou o primeiro vôo tripulado, a cadelinha Laika e depois o primeiro vôo tripulado por um homem, o de Yuri Gagarin, mas como dizia, o lançamento do SPUTINIK levou o apresentador Flávio Cavalcanti, num programa especial na antiga TUPI, a iniciar uma campanha que chamo de recuperar terreno junto à opinião pública embevecida com os feitos soviéticos. Flávio Cavalcanti era ligado a Carlos Lacerda, ambos de extrema-direita e ambos partícipes em dimensões diferentes do golpe de 1964.

Vamos dar um salto na história e chegarmos aos dias de hoje. As novas tecnologias, a aldeia global, a comunicação instantânea, o fim da União Soviética, não só significaram facilitação para o domínio e o controle da informação pelos EUA, como permitiram que os avanços viessem a ser efetivos, já no controle de empresas em diferentes países pela política de concentração da propriedade das mídias em poucas mãos. No Brasil dez famílias, no máximo, no mundo inteiro, gigantescas corporações alinhadas com Washington e todo um processo de controle da informação, como verificamos agora no caso do WIKILEAKS – que rompe esse caráter absoluto, hegemônico e monopolista –. O WIKILEAKS já despertou os tentáculos do império para tentativas de controle da Internet e da informação. Criou-se, ao longo desses anos o mundo do espetáculo, muito bem definido por Guy Debord no livro “A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO”, editado no Brasil pela CONTRAPONTO. O ser humano objeto, agindo e vivendo em função de uma verdade única. Tanto pode ser a do JORNAL NACIONAL, como a da VEJA, da FOLHA DE SÃO PAULO, ou a dos canais de tevê venezuelanos que tentaram o primeiro golpe midiático da história em 2002 contra o presidente Chávez, como o cinema do “combate ao terrorismo”, da eficiência violenta e brutal (que permeia as pessoas, aí o segredo de TROPA DE ELITE), mas a televisão ainda o principal veículo de desinformação. A própria religião, hoje, as seitas neopentecostais, todas oriundas de ramos norte-americanos, cumpre esse papel de alienação, de transformar o ser em objeto, isso foi visível nas últimas eleições no Brasil. Dando outro salto, no governo Bush, aperfeiçoados os torniquetes da comunicação, controlados os grupos considerados indispensáveis aos propósitos do império e já sob a chamada nova ordem política e econômica (sem a União Soviética), o governo dos EUA iniciou um processo típico do capitalismo em parceria com as grandes corporações mundiais e retrato do neoliberalismo.

"O PL 84/99 (AI-5 Digital), do senador Eduardo Azeredo, foi escrito em Washington. Azeredo é um tipo covarde, pronto a todo e qualquer trabalho sujo que se faça necessário. Em Minas o classificam de 'banana' indigesto. É empregado do capital estrangeiro"

Falemos de tercerização. O presidente Barack Obama, ao final do seu primeiro ano de mandato constatou que boa parte dos chamados serviços de inteligência (e outros noutras áreas) haviam sido transferidos para a iniciativa privada através de terceirizações, na prática, privatizações. A comunicação que, numa certa medida, já o era (caso das ligações do grupo GLOBO com empresas dos EUA, da emenda votada e aprovada no governo FHC sobre participação de capital estrangeiro em empresas de rádio e tevê nacionais), passou a ser operada pela iniciativa em termos de serviços de inteligência e a própria CIA, na tentativa de controle de um veículo que começa a se tornar indigesto para o império, no esquema de empresas laranjas, assumiu o controle de muitas e importantes estações – digamos assim – disponíveis na Internet. Caso do GOOGLE. Se algum de nós procurarmos os donos do GOOGLE simplesmente não existem. São vários pulverizados na mágica das ações, mas, sempre o mas, no fundo, a CIA. O controle do GOOGLE foi adquirido no final do governo Bush. Essa preocupação do governo Obama com o assunto, para além do GOOGLE, diz respeito, principalmente, à perda de poder do Estado. Num país onde o próprio Banco Central é privatizado e cabe a ele o poder de emissão da moeda, Obama imaginou reverter as terceirizações no setor de inteligência, comunicação e forças armadas e confessou-se impotente. “Só conseguiremos anular sete por cento dos contratos”, afirmou num relatório interno amplamente divulgado. Contratos de terceirização, de privatização. Por esse motivo, particularmente, entendo que os EUA hoje não são mais uma federação, mas um conglomerado que enxergo terrorista em sua prática junto a países e povos do resto do mundo. O controle do GOOGLE não significa transformá-lo em instrumento direto de ação propagandística, mas, até quanto isso se fizer válido, em controle. Em venda da ideologia capitalista. O disfarce do que chamam aqui de “avanço tecnológico”, “liberdade de expressão”, dentro dos limites traçados pelo império. Ao lado do GOOGLE vários outros instrumentos na Internet, o grande alvo dos norte-americanos hoje, o que ainda escapa ao controle do império, todos já sob controle ou sujeito a ceder a pressões, como os que abrigavam o WIKILEAKS e deixaram de fazê-lo. O projeto do senador Eduardo Azeredo existe sem tirar uma única vírgula em vários outros países e está dentro desse contexto.

Com o Google vinculado ao sistema de inteligência do Império e seus associados, como Israel e União Europeia, a que riscos o usuário e o ativista da internet passam a estar expostos?

O GOOGLE, como qualquer ferramenta usada pelo que chamo de conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, é capaz do controle das informações que por ali correm. O satélite ECHELON, lançado durante o governo Bush, controla todos os e-mails enviados em qualquer canto do mundo e os classifica por palavras chaves, até, num processo de filtro, identificar os adversários do império, os críticos, assim monitorá-los na rede, jogando todas essas informações no mesmo saco das políticas terroristas agora reveladas pelo WIKILEAKS. O risco que corre o usuário é principalmente esse. Não há privacidade e nem segurança, o que não significa que se deva abandonar a luta, mas começar a refletir sobre o futuro da comunicação pela Internet e com certeza pensarmos canais capazes de manter essa característica de independência, liberdade de expressão absoluta. A propósito dessa liberdade de expressão absoluta lembro-me sempre de uma história curiosa, pois a resposta correta foi dada por um presidente/ditador, Costa e Silva, a um grupo de senhoras paulistas, pela moral e pelos costumes, que foi pedir a ele censura a alguns filmes exibidos após a meia noite em uma rede de TV. Costa e Silva, grosso como sempre foi, perguntou às senhoras se alguém conduzia suas mãos ao botão que liga a tevê e ao seletor de canais para assistirem àqueles filmes e arrematou “assiste quem quer, o horário é adequado”. Em se tratando de informação, a liberdade de expressão não pode e não deve ser adjetivada, por isso mesmo, é absoluta sem necessidade de explicitar o termo.

Apuramos que o consórcio CIA-Google iniciou em 2010 seu primeiro projeto, como definem, "avaliar websites e 'prever o futuro da economia'". Ou seja, fazer planejamento estratégico de longuíssimo prazo através de espionagem na rede. Isto, na sua avaliação, já fez os internautas em geral, mas sobretudo os ciberativistas perceberem como será forte o controle da Web?

Essa terceira resposta complementa a segunda. O ponto de partida da Internet, vamos definir assim, é controlado pelos EUA. Paralisar a rede num determinado momento é um “privilégio” deles. Mas de tal forma a rede se tornou importante e decisiva, vital, no mundo dos negócios que isso se torna inviável, haveria que ser uma situação extrema. E interessa ao império manter um sistema de comunicação que atinge num segundo a todo o mundo, mas livre dos riscos de ações como a do WIKILEAKS. Eu creio que Julian Assange e seus companheiros tenham pensado nos riscos e nos desafios que iriam e estão enfrentando, mas conscientes da impossibilidade de parar o tráfego de notícias, documentos etc, optaram por enfrentar o império. Com isso, foram reforçadas políticas de controle da Internet (no Brasil o projeto Eduardo Azeredo, escrito em Washington) e ações outras fora da rede, a própria prisão de Assange, uma série de crimes como sequestro, assassinatos seletivos, além, evidente, de políticas de longo prazo para controle geral, uma espécie viva e perigosa de Grande Irmão. Encontros de blogueiros, discussão de software livre (quando era governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra iniciou esse tipo de debate), tudo isso e mais alguma coisa se fará sempre necessária, se percebermos que a guerra global passa em grande parte pela Internet, porque é hoje uma guerra em que a informação tem papel decisivo. Os norte-americanos tomaram conhecimento dos mortos na guerra do Iraque, já que a mídia tradicional não citava tais baixas, num flagrante de caixões sendo desembarcados numa base aérea dentro do território dos EUA.

Diante dos desdobramentos da publicação de, até o momento, menos que a décima parte dos cerca de 250 mil cabos revelados pelo Wikileaks, avaliamos que está mais do que nunca consolidada a importância estratégica e histórica da internet 100% livre. Por outro lado, você não acha que os vazamentos podem fazer com que as potências hegemônicas, através dos domesticados organismos multilaterais (ONU, OMC, Gatt, UE, OEA etc), imponham à comunidade internacional mecanismos cada vez mais agressivos de controle?

É o que está em curso. O uso de ferramentas de repressão sem qualquer escrúpulo, inclusive jogando por terra um dos principais argumentos dos norte-americanos em sua cruzada histórica de terrorismo contra outros povos. A democracia e a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão. O WIKILEAKS fez com a máscara caísse e a verdadeira face do verdadeiro terrorismo aparecesse com sua hedionda e repulsiva característica de barbárie. Há sim tentativa de imposição de mecanismos de controle, o projeto Azeredo no Brasil é isso, as pressões sobre a chamada mídia privada (inteiramente dominada) e a tendência, levando em conta a prisão de Assange, as tentativas que estão sendo elaboradas para extraditá-lo para os EUA – um crime sem tamanho – são formas de tentar sufocar, intimidar os que lutam contra esse modelo escravagista. Se não houver reação tanto dos que militam na rede mundial de computadores, organização e enfrentamento mesmo, certamente seremos esmagados. A percepção de confronto, de guerra global é decisiva e mais ainda, a que a comunicação via Internet é uma das linhas de frente, se não for a mais importante nos dias atuais, das mais importantes com certeza.

"(William, âncora da Globo) Bonner disse a estudantes de jornalismo que 'essa notícia não vai sair, pois contraria os interesses dos nossos amigos americanos'. A notícia era a decisão do Hugo Chávez de vender gasolina barata na área atingida pelo Katrina"

Recentemente um embaixador brasileiro foi à "Globo News" dizer que "agora mais do que nunca é necessário controle rígido do que se escreve e fala na internet". O Império pode nos impor uma vacina contra o surgimento de um novo Julian Assange?

O interessante no canal GLOBO NEWS é que ele se permite algumas notícias que a rede GLOBO não veicula nos canais abertos, mas ao mesmo tempo, se volta, esse o objetivo maior, para classe médias, que podem pagar por tevê fechada, vendendo a ideologia capitalista na forma de sabão que lava mais branco, sabonete que mata as bactérias e germes, higienizadores de vasos sanitários que poupam a mulher (mantêm o preconceito, limitam a mulher ao papel de dona de casa num determinado momento e em outros ao de quase prostituta, mostrando-a capaz de abrir as pernas para alcançar a chave e encontrar a palavrinha mágica, “sucesso”. É a perversidade capitalista. O embaixador que assim o disse, não assisti o programa, não sei qual embaixador, mas sei que é política da GLOBO NEWS convidar diplomatas aposentados, muitos deles oriundos da ditadura, para emitir opiniões fartamente ilustradas com raciocínios bem elaborados, tudo vendendo a ideologia capitalista, no conjunto da sociedade do espetáculo. É possível perceber que já existe uma discussão sobre o conceito de liberdade de expressão. E colocam o tema de uma forma canalha. Será que os cidadãos têm o direito de conhecer ações terroristas e pouco recomendáveis, digamos assim, do Estado, todas como intuito de “protegê-lo”? É uma formulação cínica, hipócrita, que se presta a jornalistas venais como William Bonner, William Waack, Miriam Leitão, Lúcia Hipólito, Alexandre Garcia (ativo dedo duro na ditadura militar até ser demitido por assédio sexual), ou seja, justifica o papel que esses bonecos ventríloquos cumprem dentro do processo da comunicação. Não foi por outro motivo que Bonner disse a estudantes de jornalismo e professores de uma faculdade paulista que “essa notícia não vai sair, pois contraria os interesses dos nossos amigos americanos”. A notícia dizia respeito à decisão do presidente Chávez de vender gasolina pela metade do preço nos postos da petrolífera venezuelana, na área atingida pelo furacão Katrina e objeto de comentários de um sobrinho do ex-presidente Kennedy, que os EUA deveriam agradecer a Chávez a atitude humanitária, já que Bush, então presidente, não fizera o mesmo. Quanto a Assange estão tentando demonizá-lo. Imagine o seguinte. Se numa conversa informal, de amigos, sete amigos digamos, um virar-se para outro e em voz baixa disser que outro dos presentes tem o hábito de bater carteiras, a notícia corre por todos e certamente, mesmo sendo mentira, muitos irão acreditar ou cercar-se de cuidados com o “punguista”. É como tentam fazer com Assange, rotulá-lo de tarado sexual, de criminoso sexual e assim desviar o debate do principal. Os documentos e seus conteúdos. É uma forma de vacina, a desqualificação do inimigo. Num mundo sem fronteiras isso serve como fator de inibição, na cabeça deles, quanto a futuros Assanges. A luta pela extradição de Assange para os EUA tem esse sentido, prendê-lo, condená-lo a prisão perpétua por crime de “espionagem” e eliminar futuros Assanges. Trabalham com essa lógica cínica no caso da pena de morte. Como se funcionasse como fator de intimidação da violência comum. Aplicam à política, aos inimigos do Grande Irmão.

"A revelação de documentos que dizem respeito ao Brasil, a cobiça sobre o petróleo, a forma como agem embaixadores norte-americanos justificam uma interpelação ao governo dos EUA"

A julgar pela sanha do Império e associados para encarcerar Julian Assange, percebe-se que o impacto do vazamento dos cabos e as consequências do escancaramento das manobras das potências ainda não foram avaliados com a necessária profundidade, até porque ainda há muito material a ser revelado. Seria 2010 o ano que marca o auge da revolução da informação? Qual o principal efeito do episódio Wikileaks sobre a geopolítica e as comunicações?

Penso que é preciso percebermos que ao mudar o eixo do caso Assange – dos documentos e seus conteúdos para o “crime sexual” – a mídia privada em todo o mundo busca evitar um conhecimento e uma discussão concreta do que de fato acontece e quais as práticas terroristas reveladas. É uma forma de evitar o debate, colocar em cena outro ponto, a liberdade de expressão e seus limites. Usam o patriotismo, a chamada responsabilidade como argumento, as ditaduras diziam e dizem isso, “liberdade mas com responsabilidade”. E assim mantém o grande público ligado, caso do Brasil, ao início do BBB-11 e longe das prisões indiscriminadas, sequestros, estupros, torturas, ações terroristas de todos os matizes via de regra imputadas aos adversários e sempre praticada por eles, os donos, os senhores do conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. É importante divulgar o conteúdo dos documentos a exaustão, bater fundo nesse contexto - conteúdo -, mostrar a barbárie sob a qual vivemos com o rótulo de democracia, os objetivos do império, organizar essa luta que, necessariamente, será de sindicatos não pelegos, não cooptados, conscientes do papel do movimento sindical, dos movimentos sociais, dos blogs qualquer que seja a dimensão desses blogs, enfim, enfrentar essa tentativa de evitar que a opinião pública saiba que os “punguistas” nessa história toda são os norte-americanos e suas colônias européias (Grã-Bretanha, Itália, Alemanha, Suécia etc) e associar a luta rotulada de “terrorista” à busca de liberdade real, sem adjetivos, por povos do mundo inteiro, notadamente palestinos, iraquianos, afegãos, colombianos, muitos outros. Tanto quanto lutar contra golpes desfechados contra governos populares, caso da Venezuela, Bolívia, Equador e outros, a exemplo do que aconteceu em Honduras.

Há um aspecto interessante nisso tudo. A revelação de documentos que dizem respeito ao Brasil, a cobiça sobre o nosso petróleo, a forma como têm agido embaixadores norte-americanos, por si só, justificam uma interpelação ao governo dos EUA sobre esse tipo de prática. Mas, ficamos silentes. Como justificam a adoção de políticas de segurança para preservamos recursos como petróleo, água, nióbio etc, que, a meu juízo, num mundo onde a tecnologia é fundamental, nos remete a outra necessidade imperiosa. A reestatização de empresas como a VALE e a EMBRAER, primordialmente. E a garantia que a PETROBRAS terá o monopólio estatal do petróleo pleno e assegurado, mesmo porque, nesse item, é o desejo da imensa maioria dos brasileiros, tenho a certeza. O WIKEAKS desmontou o edifício da mentira absoluta da mídia privada em boa parte dos países do mundo, em quase toda a América Latina. O grande dilema dessa mídia hoje é ter que renegar o direito de liberdade de expressão e tentar colocar freios ou limites nessa liberdade, ao percebê-la com mão dupla. Isso por si só gera uma perspectiva diversa na geopolítica e nas comunicações e tanto quanto a eles, que querem colocar a mordaça, cabe a nós resistir, lutar e organizar essa luta acima de tudo no processo de formação e consciência em cada ambiente, em cada universo, cada um dos nossos universos.

Numa conjuntura marcada pela transformação do Google em braço do condomínio político- empresarial-militar do Império e seus "aliados", qual a urgência e qual a importância estratégica de os ativistas da democratização da comunicação somarem esforços para derrubar o PL 84/99, o "AI-5 Digital" do senador, a partir de 1º de fevereiro deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG)?

Eduardo Azeredo é aquele sujeito que se tiver que falar e andar ao mesmo tempo não consegue, tropeça e cai. O tipo calado, traiçoeiro, covarde, submisso aos poderosos, venal, pronto a todo e qualquer trabalho sujo que se faça necessário. Em Minas o classificam de “banana”. Mas um “banana” indigesto. É empregado do capital estrangeiro. Do conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. Num dos muitos documentos vazados pelo WIKILEAKS fala-se em “militares e políticos cooptáveis”. Vale dizer, compráveis. Azeredo, como o ex-comandante da FAB, o brigadeiro Heleno, faz parte desse grupo. O projeto de lei que apresentou, o 84/99 foi redigido em Washington, adequado à realidade de cada país e cada Azeredo da vida, em seu país, apresentou-o como proposta. É um funcionário subalterno que agora vai virar deputado, não tinha força para reeleger-se senador, como não se reelegeu governador. Mas vai continuar a exercer esse papel. Somos um País onde é necessário refundar, por exemplo, nossas forças armadas, ainda permeadas por um alinhamento com Washington, sobretudo depois dos expurgos de oficiais nacionalistas e progressistas pelo golpe de 1964. E onde são necessárias as tais reformas políticas, como forma de criar perspectivas não de renovação como costumam dizer, mas de avanços na direção da democracia popular. A Internet é fundamental para isso, é decisiva, o canal adequado para que possamos promover a formação e a organização popular, criar mecanismos de participação popular, para além de comprar no Mercado Livre. Os blogs são fundamentais. Nas cidades podemos promover debates intensos sobre problemas específicos dessa realidade imediata, a cidade, como sobre temas nacionais, internacionais, a realidade global como a temos hoje. A participação de categorias de lutadores do povo, como petroleiros, camponeses, operários de um modo geral, tudo isso é vital para que possamos sobreviver como nação soberana e até como ser humano e não peça da engrenagem dessa máquina de moer gente que é o capitalismo em sua forma hedionda de neoliberalismo posta a nu pelo WIKILEAKS.

"A democracia que temos é bem definida por Millôr Fernandes: 'Democracia – extraordinário modelo de organização social, composto de Três Poderes e cem milhões de impotências'"

A grande contribuição do WIKILEAKS é que de forma diferenciada, dentro de cada um dos blogueiros, que lutamos na Internet há um Julian Assange. E sentir e entender isso transformando em prática de luta é fundamental, até porque só assim conseguiremos trazer essa luta para as ruas, uma é consequência da outra e tem que ser. A resistência ao projeto Azeredo é um dos pontos fundamentais da luta, mesmo porque sabemos que não temos um Congresso em boa parte comprometido com o Brasil e os brasileiros. Muitos parlamentares, como Azeredo, têm, às portas de seus gabinetes a placa, “vende-se qualquer coisa, até mãe se preciso for”. A democracia que temos é bem definida por Millôr Fernandes: “Democracia – extraordinário modelo de organização social, composto de Três Poderes e cem milhões de impotências”. A internet nos permite tanto quanto aos nossos inimigos, o império norte-americano e o que ele significa, a reação imediata e global, por isso vivemos uma guerra global. É uma guerra de resistência, sobrevivência e por isso mesmo é preciso avançar. E um detalhe fundamental. Se a luta palestina, por exemplo, ou a luta pela preservação de nossas riquezas, pelo monopólio estatal do petróleo, enfim, as lutas populares eram travadas, antes da Internet, numa determinada proximidade, hoje, ela está dentro das nossas casas e somos todos palestinos, petroleiros, camponeses. É uma conquista que precisamos materializar nas ruas.

*esta reportagem é parte de uma série de entrevistas sobre Wikileaks, geopolítica e mídia que o EDUCOM continua a trazer aos leitores em janeiro