Por Laerte Braga, jornalista e analista político
É inegável que o atual governador do Rio Sérgio Cabral decidiu enfrentar o crime organizado, o tráfico de drogas especificamente. Mas é preocupante constatar que o aparelho policial é em boa parte corrupto e ao longo de muito tempo vem favorecendo e sendo cúmplice do crime.
É despreparado para ações de grande envergadura (exceto quando trata de professores reivindicando melhorias salariais, movimentos sociais buscando reforma agrária, etc). Esse despreparo não é só conseqüência de baixos salários e falta de estrutura, é de corrupção também.
Não é da natureza das forças armadas intervir em conflitos dessa natureza, mas o apoio emprestado pelas três armas tornou possível que as polícias militar e civil do Rio de Janeiro viabilizassem operações concretas contra os traficantes.
Nem é cabível colocar a culpa no governador. As chamadas Unidades de Polícia Pacificadora foram como que estopim para a reação do tráfico. Estava perdendo espaço.
É claro que a imensa e esmagadora maioria da população favelada do Rio de Janeiro e em qualquer lugar é ordeira, formada por trabalhadores e vive atemorizada pelo tráfico, até pela ausência do Estado.
Existem no ar muitos outros bichos voando além dos aviões da carreira.
É preciso, por exemplo, ir fundo na questão das milícias. O embrião dessas organizações está lá nos tempos da ditadura, no antigo esquadrão da morte, em organizações como a Escuderia Le Coq.
Funcionavam à margem da lei, no discurso de defesa da lei da ordem diante da ausência do Estado. No fundo eram organizações criminosas ligadas ao jogo do bicho, à época senhor absoluto do crime organizado no Rio de Janeiro. Um dos principais banqueiros, o capitão Guimarães, era de fato capitão do exército e ligado aos grupos de tortura àquela época. Foi cooptado.
As primeiras tentativas de combater de forma efetiva o tráfico de drogas começaram no governo Leonel Brizola e se estendiam para além da ação policial pura e simples. Os CIESP eram uma raiz de uma árvore que se plantava para gerar frutos a médio e longos prazos.
As organizações GLOBO, por interesses comerciais, econômicos, trataram de criar um “vínculo” inexistente entre o governador Brizola e o crime organizado.
Se nos reportarmos ao Rio de Janeiro da ditadura militar, governos como os de Chagas Freitas, Marcelo de Alencar, Wellington Moreira Franco foram omissos em matéria de políticas de segurança. Desde o feijão com o arroz ao planejamento a médio e longo prazo.
A retomada das grandes facões criminosa ocorreu nos governos de Anthony e Rosinha Garotinho, principais responsáveis pela formação das milícias. Responsáveis e comandante no caso de Anthony Garotinho.
Usando setores das igrejas evangélicas ligadas e controladas por ele o governo entrou nos presídios, nas favelas, formou os grupos de milicianos (a maior parte deles com policiais militares e civis) e gerou um imenso aparato de controle político do estado, tanto quanto de lucro em operações de “proteção”. O distinto cidadão pagar um valor qualquer para ficar livre do tráfico.
Em pouco tempo milícias e tráfico se articularam e se organizaram para atuar em conjunto, ainda que pareçam antagônicas. Uma aliança estratégica. Um dos secretários de segurança do governo Garotinho, Álvaro Lins, foi preso e perdeu o mandato de deputado estadual por suas ligações com essas milícias.
Na campanha eleitoral de 2006 numa das favelas do Rio o deputado Marcelo Itagiba, também do esquema Garotinho recebeu 18 mil votos com ostensivo apoio das milícias e do tráfico. Nenhum outro candidato conseguiu fazer campanha naquela favela.
A exacerbação dos fatos via mídia, sobretudo pela rede GLOBO por pouco não atinge às raias da insanidade. É simples entender porque não chegaram a tanto. O GLOBO detém os direitos de transmissão da Copa do Mundo e em 2014 a competição será no Rio. Terminada a Copa, se prepare a RECORDE, que detém os direitos em relação às Olimpíadas, 2016.
Por trás da fingida indignação os “negócios”.
No caso do jornalista TIM Lopes a rede tirou o corpo fora de todas as formas possíveis, como revelou o jornalista Mário Augusto Jakobskind e livro detalhado e minucioso sobre o assunto.
A questão para essa gente não é acabar com o tráfico de drogas, mesmo porque os chefões estão nos bairros das elites, ou são presidentes, como era Álvaro Uribe na Colômbia.
O diretor do BBB, o tal Boninho, admitiu em determinado momento ser consumidor de drogas e a seu talante e de seus amigos determinavam quem era “vadia” ou não e “vadias” eram aquinhoadas com baldes de água suja.
O câncer da sociedade está aí, o crime organizado nasce aí.
A ação policial é necessária, mas a reestruturação das polícias, o fim da polícia militar e o surgimento da instituição polícia em sua essência, como força de prevenção e combate ao crime é fundamental. Não interessa às elites. Como não interessa uma profunda reforma do Judiciário, nas várias mazelas que enfrenta, inclusive a corrupção em alguns setores. Daniel Dantas, por exemplo está solto e o delegado Protógenes Queiroz condenado. E Gilmar Mendes continua ministro do STF (Supremo Tribunal Federal)
O Rio é vítima de traficantes, de milícias justiceiras (mas altamente lucrativas para o ex-governador Garotinho e seus cúmplices, inclusive setores de igrejas evangélicas) e o desafio que o governador Sérgio Cabral tem pela frente, nesse seu segundo mandato, já que se dispôs a enfrentar as quadrilhas que controlam o estado, atemorizam a população, passa por aí.
Como o respeito pelos direitos humanos é fundamental.
Há policiais do BOPE envolvidos em crimes, inclusive seqüestros. Em breve, como os antigos “HOMENS DE OURO” da polícia carioca (era o antigo estado da Guanabara), essa linha entre a lei e o crime vai acabar sendo cruzada. É sedutora e se confere uma força e uma imagem exageradas a policiais que em boa parte das ações que desfecha viola direitos básicos do cidadão e exibe uma sociedade boçal, bárbara, violenta.
Quem não se lembra de Mariel Mariscot? O endeusamento daquele policial é semelhante ao que se faz hoje dos policiais do BOPE.
Há uma cultura da violência e da barbárie sendo vendida. Os fatos acontecidos nos últimos dias no Rio foram uma reação às Unidades de Polícia Pacificadora.
É preciso ir mais longe que ocupar as favelas do Cruzeiro e do Alemão e depois, como previsto, a Rocinha.
É necessário identificar os freqüentadores de salões requintados que comandam toda essa estrutura criminosa. E não há no Rio cidadão consciente que não saiba que um dos chefões é o ex-governador Anthony Garotinho.
Não tem diferença nenhuma, só no status, para qualquer Elias Maluco, ou Marcinho VP, ou Fernandinho Beira-mar.
O que a mídia tenta fazer é transformar o Rio num grande Iraque e prosseguir impávida em seus “negócios”.
Vem aí a edição do BBB-11.
A vitória deste domingo deve ser seguida de políticas públicas de educação, saúde, saneamento básico e outras capazes de integrar essa massa de cidadãos afastados e abandonados pelo Estado.
É diferente de quando um filho de um “condomínio fechado” foi preso por crimes vários e seu pai não o queria na cadeia ao lado de “marginais da favela”.
Um detalhe decisivo. Não vai ser só subir o Alemão do contrário, quando saírem, os traficantes voltam e os moradores vão pagar o pato.
É imensa a responsabilidade do governo da cidade, do estado e federal.
Do contrário, daqui a pouco, William Bonner vai estar gritando histérico que estamos virando um Iraque e pedindo a presença dos mariners norte-americanos.
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domingo, 28 de novembro de 2010
PARA NÃO VIRAR UM IRAQUE
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Domingo sangrento?
É acompanhar as notícias de hoje no Rio de Janeiro para conferir...
Por Henrique Antoun*
RIO - Informações vindas de soldados das tropas do BOPE avisam que no domingo as pessoas devem permanecer em suas casas e evitar de circular. São extra oficiais, dadas através de telefonemas para familiares.
Esse aviso vem coroar um final de dia em que ouvimos à tarde um promotor repetir inúmeras vezes na Rede Globo que os "bandidos" (sic) deviam se entregar pois senão seriam mortos "em legítima defesa" (sic). Nas ruas as pessoas não param de repetir que os helicópteros da Globo "estragaram tudo" (sic) pois o BOPE ia matar os bandidos que batiam em retirada mas não pôde fazê-lo porque a Globo estava filmando. O escritor alter ego do Capitão Nascimento passou o dia dando declarações e explicando a operação na Globo. Expressões como "tropas inimigas", "baixas", "entrada da infantaria" e outras assemelhadas escorregaram sem cessar da boca do "Capitão" que rapidamente as retificava com eufemismos e nomes oficiais. A Globo perguntou todo tempo a ele porque a polícia não tinha atirado e matado todos os bandidos que fugiam do Morro do Cruzeiro pro Morro do Alemão - certamente na esperança de desmentir a versão popular que a culpava pelo fato - e ele respondia que fazia parte da lei de guerra "não massacrar o inimigo em fuga" (sic).
A partir de agora a sorte está lançada: 600 adolescentes e jovens (segundo o BOPE) que trabalham para o tráfico (idem) enfrentarão 2.000 homens fortemente paramentados e armados do BOPE, da Marinha e da Aeronáutica. Vai ser um horror!
*Ph.D e diretor do departamento de Fundamentos da Comunicação da ECO-UFRJ
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Por Henrique Antoun*
RIO - Informações vindas de soldados das tropas do BOPE avisam que no domingo as pessoas devem permanecer em suas casas e evitar de circular. São extra oficiais, dadas através de telefonemas para familiares.
Esse aviso vem coroar um final de dia em que ouvimos à tarde um promotor repetir inúmeras vezes na Rede Globo que os "bandidos" (sic) deviam se entregar pois senão seriam mortos "em legítima defesa" (sic). Nas ruas as pessoas não param de repetir que os helicópteros da Globo "estragaram tudo" (sic) pois o BOPE ia matar os bandidos que batiam em retirada mas não pôde fazê-lo porque a Globo estava filmando. O escritor alter ego do Capitão Nascimento passou o dia dando declarações e explicando a operação na Globo. Expressões como "tropas inimigas", "baixas", "entrada da infantaria" e outras assemelhadas escorregaram sem cessar da boca do "Capitão" que rapidamente as retificava com eufemismos e nomes oficiais. A Globo perguntou todo tempo a ele porque a polícia não tinha atirado e matado todos os bandidos que fugiam do Morro do Cruzeiro pro Morro do Alemão - certamente na esperança de desmentir a versão popular que a culpava pelo fato - e ele respondia que fazia parte da lei de guerra "não massacrar o inimigo em fuga" (sic).
A partir de agora a sorte está lançada: 600 adolescentes e jovens (segundo o BOPE) que trabalham para o tráfico (idem) enfrentarão 2.000 homens fortemente paramentados e armados do BOPE, da Marinha e da Aeronáutica. Vai ser um horror!
*Ph.D e diretor do departamento de Fundamentos da Comunicação da ECO-UFRJ
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sábado, 27 de novembro de 2010
Segurança pra quem?
Por Silvana Sá*
Os acontecimentos dos últimos dias no Rio de Janeiro têm me levado a refletir especialmente sobre o papel da mídia nas ações e políticas de segurança do governo estadual. A todo o momento são veiculadas cenas de guerra. Em alguns pontos da cidade o caos está instalado. A Marinha e a polícia estão nas ruas com seus blindados. O primeiro pensamento gerado por intermédio da mídia é de que a violência está instalada em todo o estado. O que não é verdade. A vida acontece normalmente em diversas partes tanto da região metropolitana, como serrana, Baixada... enfim, são conflitos localizados em pontos da cidade.
O segundo pensamento – e esse destoante do discurso pasteurizado apontado e massificado pela mídia – é que a onda de violência foi produzida pelo próprio Estado, em suas diferentes esferas, por mais de 40 anos de omissão. O único braço que o Estado se dignou a estender às comunidades sempre esteve armado. Sempre foi a polícia de repressão e apenas ela a representar o Estado nas favelas cariocas. Então, é uma questão produzida por anos de omissão.
A onda de violência que já chega ao terceiro dia e prejudica milhares, ajuda especificamente a um: ao governo estadual que agora tem ao seu lado o clamor popular para que continue a fazer o que sempre fez. O que faltava a Sérgio Cabral era ser tratado como heroi, como redentor das populações tanto das favelas quanto do “asfalto”.
Na quarta-feira, na Avenida Brasil, altura da Maré (entre as comunidades da Nova Holanda e Parque União) a polícia interceptou uma tentativa de incendiarem um ônibus. Chegaram a tempo de salvarem o coletivo. Muito bom. Acho importante. Ocorre que a população dessas comunidades ficaram reféns de tiros disparados tanto pela polícia quanto por bandidos da facção que domina aquela região. Então, quem perdeu de fato?
No Facebook, uma jornalista amiga minha e moradora da Maré escreveu na manhã de quinta: “Depois de uma noite não dormida, tiros, bombas e gritos, amanheci em cárcere privado... policiais que tentavam invadir a casa do vizinho, usaram o meu portão de escudo... eu e minha família viramos o inimigo público...”.
Pergunto: alguma coisa justifica essa política de segurança pública? Respondo: a política que aí está é apenas de resposta a mídia (inclusive internacional) para dizer que por aqui as coisas são controladas na base do cacetete e que sim, os jogos mundiais estão garantidos.
É guerra?
Fala-se muito em guerra contra o narcotráfico. Será? E se sim, em que medida? Será mesmo que são os traficantes varejistas quem controlam os bilhões de reais anuais gerados na fabricação e venda de drogas? Esse montante vultuoso de dinheiro está na Rocinha, no Complexo do Alemão, na vila Cruzeiro? Está claro que é preciso, sim, dar um basta a essa situação. Não sou a favor de bandidos. Acho que é preciso que o Estado ocupe as comunidades, mas as comunidades não podem ser tratadas como caso de polícia! Não podem!!! Lá existem milhares de pessoas que trabalham, estudam, se dedicam a diversas atividades e que nada têm a ver com esse caos instalado. São cidadãos que, infelizmente, sempre foram tratados como “os outros”, como os que não têm direitos, como os que não podem ter acesso a bens e serviços, como se não fossem sociedade.
O que precisa é que as pessoas sejam tratadas como pessoas e não como animais que devem ser domesticados, marcados e controlados dentro de um curral. Não somos gado!
*é jornalista e atuou no Núcleo de Comunicação da Maré. Especial para o Blog EDUCOM - Aprenda a ler a mídia
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A crise no Rio e o pastiche midiático
Por Luiz Eduardo Soares*
Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.
(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?
(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises. Na crise, as perguntas recorrentes são: (a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência? (b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas? (c) Por que o governo não chama o Exército? (d) A imagem internacional do Rio foi maculada? (e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.
Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir.
Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:
Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamentemídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.
A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.
A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.
Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.
Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.
Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.
E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.
O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.
Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?
As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.
E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.
Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.
O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.
Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa.
*é cientista político, foi coordenador de segurança, justiça e cidadania do Rio de Janeiro (1999/2000) e secretário nacional de Segurança Pública (2003)
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Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.
(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?
(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises. Na crise, as perguntas recorrentes são: (a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência? (b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas? (c) Por que o governo não chama o Exército? (d) A imagem internacional do Rio foi maculada? (e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.
Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir.
Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:
(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a violência e resolver o desafio da insegurança?
Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia. Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamentemídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.
A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.
A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.
(b) O que as polícias fluminenses deveriam fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?
Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.
Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.
Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.
(c) O Exército deveria participar?
Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.
(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?
Claro. Mais uma vez.(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Sem dúvida. Somos ótimos em eventos. Nesses momentos, aparece dinheiro, surge o “espírito cooperativo”, ações racionais e planejadas impõem-se. Nosso calcanhar de Aquiles é a rotina. Copa e Olimpíadas serão um sucesso. O problema é o dia a dia.Palavras Finais
Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insustentável, economicamente, assim como social e politicamente. As UPPs, vale dizer mais uma vez, são um ótimo programa, que reedita com mais apoio político e fôlego administrativo o programa “Mutirões pela Paz”, que implantei com uma equipe em 1999, e que acabou soterrado pela política com “p” minúsculo, quando fui exonerado, em 2000, ainda que tenha sido ressuscitado, graças à liderança e à competência raras do ten.cel. Carballo Blanco, com o título GPAE, como reação à derrocada que se seguiu à minha saída do governo. A despeito de suas virtudes, valorizadas pela presença de Ricardo Henriques na secretaria estadual de assistência social --um dos melhores gestores do país--, elas não terão futuro se as polícias não forem profundamente transformadas. Afinal, para tornarem-se política pública terão de incluir duas qualidades indispensáveis: escala e sustentatibilidade, ou seja, terão de ser assumidas, na esfera da segurança, pela PM. Contudo, entregar as UPPs à condução da PM seria condená-las à liquidação, dada a degradação institucional já referida.O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.
Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?
As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.
E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.
Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.
O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.
Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa.
*é cientista político, foi coordenador de segurança, justiça e cidadania do Rio de Janeiro (1999/2000) e secretário nacional de Segurança Pública (2003)
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sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Marcelo Freixo: segurança pública reforça criminalização da pobreza
Do Terra Magazine
RIO - O deputado estadual no Rio de Janeiro Marcelo Freixo (PSol), conhecido pelo combate às milícias, afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez "a escolha política" de ir "à fonte do financiamento do tráfico". Segundo ele, a ação da polícia carioca nas favelas reforça "a criminalização da pobreza" e não enfrenta o crime organizado. Ele será enfrentado, diz Freixo, "onde há o lucro (com a ilegalidade), que não é na favela".
- A favela é a mão de obra barata. É a barbárie - diz o deputado, elencando a Baia da Guanabara e o Porto como locais onde há o tráfico de armas e onde lucra o crime organizado.
Crítico da política de segurança pública do Rio, Freixo afirma que as reclamações dos moradores dos morros questionam a presença da polícia, comparando à ausência de políticas sociais, postos de saúde e escolas. Para o deputado, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) visam atender as necessidades de uma cidade que será Olímpica em 2016:
- As UPPs representam um projeto de cidade e não de segurança pública. O mapa das UPPs é muito revelador: é o corredor da Zona Sul, os arredores do Maracanã, a zona portuária e Jacarepaguá, região de grande investimento imobiliário. Então, são áreas de muito interesses para o investidor privado. (...) A retomada é militar para permitir um projeto de cidade, que é a cidade Olímpica de 2016. Para toda cidade Olímpica tem cidades não-Olímpicas ao redor - afirma.
Freixo foi presidente da CPI das Milícias, que investiga a ligação de parlamentares com grupos paramilitares. Por conta disto, o deputado chegou a ser ameaçado de morte. Leia a íntegra da entrevista.
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RIO - O deputado estadual no Rio de Janeiro Marcelo Freixo (PSol), conhecido pelo combate às milícias, afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez "a escolha política" de ir "à fonte do financiamento do tráfico". Segundo ele, a ação da polícia carioca nas favelas reforça "a criminalização da pobreza" e não enfrenta o crime organizado. Ele será enfrentado, diz Freixo, "onde há o lucro (com a ilegalidade), que não é na favela".
- A favela é a mão de obra barata. É a barbárie - diz o deputado, elencando a Baia da Guanabara e o Porto como locais onde há o tráfico de armas e onde lucra o crime organizado.
Crítico da política de segurança pública do Rio, Freixo afirma que as reclamações dos moradores dos morros questionam a presença da polícia, comparando à ausência de políticas sociais, postos de saúde e escolas. Para o deputado, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) visam atender as necessidades de uma cidade que será Olímpica em 2016:
- As UPPs representam um projeto de cidade e não de segurança pública. O mapa das UPPs é muito revelador: é o corredor da Zona Sul, os arredores do Maracanã, a zona portuária e Jacarepaguá, região de grande investimento imobiliário. Então, são áreas de muito interesses para o investidor privado. (...) A retomada é militar para permitir um projeto de cidade, que é a cidade Olímpica de 2016. Para toda cidade Olímpica tem cidades não-Olímpicas ao redor - afirma.
Freixo foi presidente da CPI das Milícias, que investiga a ligação de parlamentares com grupos paramilitares. Por conta disto, o deputado chegou a ser ameaçado de morte. Leia a íntegra da entrevista.
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Agricultores do Semiárido terão linha emergencial de crédito do Pronaf
BRASÍLIA - Agricultores familiares da região semiárida dos estados do Nordeste e de Minas Gerais afetados pelas secas poderão contar com uma linha emergencial de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A medida foi aprovada nesta quinta-feira (25) em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). A estimativa é de que aproximadamente 80 mil agricultores poderão se beneficiar com a medida. Para esta linha, foram disponibilizados R$ 150 milhões.
O ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Guilherme Cassel, afirmou que a aprovação desta linha de crédito é importante porque permite ao agricultor familiar retomar o quanto antes sua atividade produtiva. “A decisão do CMN reforça uma política mais ampla do Governo Federal que, por meio do MDA, procura associar políticas públicas permanentes como a criação do Seguro Agrícola, o Programa de Garantia de Preços e o apoio na área de comercialização com medidas emergenciais necessárias em situações de calamidade, como a que ocorreu na safra 2009/2010.”
A linha emergencial é voltada para financiamentos de custeio pecuário. Cada agricultor poderá acessar R$ 2 mil por unidade familiar, em uma única operação. A taxa de juros é de 0,5% ao ano. Também será concedido ao agricultor familiar um bônus de adimplência de 25% sobre cada parcela da dívida paga até a data do vencimento. O prazo para pagar o financiamento é de até dois anos. Os agricultores têm até 15 de março de 2011 para a contratação da linha emergencial.
Poderão se beneficiar agricultores familiares que possuam Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) válida até 30 de setembro de 2010. Além disso, estes agricultores precisam atuar em municípios da região semiárida dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Minas Gerais que, em decorrência de estiagem, tenham decretado situação de emergência ou estado de calamidade pública entre 1º de janeiro e 30 de setembro de 2010.
Na safra 2009/2010, o fenômeno climático El Niño provocou uma grande estiagem em municípios do Semiárido brasileiro, ocasionando grande perda de produção agrícola e pecuária, o que comprometeu a capacidade de pagamento de seus financiamentos.
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O ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Guilherme Cassel, afirmou que a aprovação desta linha de crédito é importante porque permite ao agricultor familiar retomar o quanto antes sua atividade produtiva. “A decisão do CMN reforça uma política mais ampla do Governo Federal que, por meio do MDA, procura associar políticas públicas permanentes como a criação do Seguro Agrícola, o Programa de Garantia de Preços e o apoio na área de comercialização com medidas emergenciais necessárias em situações de calamidade, como a que ocorreu na safra 2009/2010.”
A linha emergencial é voltada para financiamentos de custeio pecuário. Cada agricultor poderá acessar R$ 2 mil por unidade familiar, em uma única operação. A taxa de juros é de 0,5% ao ano. Também será concedido ao agricultor familiar um bônus de adimplência de 25% sobre cada parcela da dívida paga até a data do vencimento. O prazo para pagar o financiamento é de até dois anos. Os agricultores têm até 15 de março de 2011 para a contratação da linha emergencial.
Poderão se beneficiar agricultores familiares que possuam Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) válida até 30 de setembro de 2010. Além disso, estes agricultores precisam atuar em municípios da região semiárida dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Minas Gerais que, em decorrência de estiagem, tenham decretado situação de emergência ou estado de calamidade pública entre 1º de janeiro e 30 de setembro de 2010.
Na safra 2009/2010, o fenômeno climático El Niño provocou uma grande estiagem em municípios do Semiárido brasileiro, ocasionando grande perda de produção agrícola e pecuária, o que comprometeu a capacidade de pagamento de seus financiamentos.
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010
25 de Novembro: Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher
Da Agência Petroleira de Notícias
RIO - Sindicatos e movimentos sociais convocam os cariocas para manifestação hoje à tarde, a partir de 15h, contra a violência às mulheres. Concentração em frente à Central do Brasil.
A data de 25 de Novembro foi estabelecida no Primeiro Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe realizado em Bogotá, Colômbia, em 1981, em homenagem às irmãs Mirabal.
Las Mariposas, como eram conhecidas as irmãs Mirabal – Patria, Minerva e Maria Teresa – foram brutalmente assassinadas pelo ditador Trujillo em 25 de novembro de 1960 na República Dominicana. Neste dia, as três irmãs regressavam de Puerto Plata, onde seus maridos se encontravam presos. Elas foram detidas na estrada e foram assassinadas por agentes do governo militar. A ditadura tirânica simulou um acidente.
Minerva e Maria Teresa foram presas por diversas vezes no período de 1949 a 1960. Minerva usava o codinome “Mariposa” no exercício de sua militância política clandestina. Este horroroso assassinato provocou a repulsa da comunidade nacional e internacional, em relação ao governo dominicano, e acelerou a queda do ditador Rafael Leônidas Trujillo.
Em nosso país a violência contra a mulher é constante. Uma em cada cinco brasileiras declara espontaneamente já ter sofrido algum tipo de violência por parte de um homem. A cada 15 segundos uma mulher é espancada por um homem no Brasil, num total de cerca de 2 milhões por ano.
Essa violência atinge todas as mulheres, todas as etnias, mas é mais nítida nas mulheres trabalhadoras e jovens, especialmente as negras. No Rio de Janeiro, em pesquisa o “Dossiê Mulher 2010” mostra que as mulheres pretas e pardas (negras, na categoria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) são a maioria entre as vítimas de homicídio doloso, aquele em que há intenção de matar (55,2%), tentativa de homicídio (51%), lesão corporal (52,1%), além de estupro e atentado violento ao pudor (54%). As brancas só eram maioria nos crimes de ameaça (50,2%).
Estatísticas da violência
Ainda segundo o dossiê, em 2008, 20.216 mulheres sofreram ameaças, e, em 2009, esse mesmo índice saltou para 24.310. Em se tratando de lesão corporal, o ano de 2008 registrou 26.876 casos no Rio. Já em 2009, foram 30.103 casos. Os dados indicam também que o Rio é o terceiro estado com o maior número de agressões à mulher em todo o país. Perde para o Estado de São Paulo, com 47.107 casos, e a Bahia, com 32.358. E somente 2% dos agressores são punidos.
Esses dados mostram que a Lei Maria da Penha não tem sido eficaz. Apresenta inúmeras falhas e são necessárias a construção de casas-abrigos e de passagem, atendimento jurídico e psicológico às vítimas de violência, rápida e efetiva proteção a todas as mulheres que denunciam seus agressores.
Precisamos também de creches, salários e empregos dignos!
Total solidariedade às mulheres haitianas! Não à punição de Sakineh
Ashtiani! Mulheres em luta por autonomia e igualdade de direitos!
Acréscimo do Blog: adote hoje no Twitter a hashtag #FimDaViolenciaContraMulher
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RIO - Sindicatos e movimentos sociais convocam os cariocas para manifestação hoje à tarde, a partir de 15h, contra a violência às mulheres. Concentração em frente à Central do Brasil.
A data de 25 de Novembro foi estabelecida no Primeiro Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe realizado em Bogotá, Colômbia, em 1981, em homenagem às irmãs Mirabal.
Las Mariposas, como eram conhecidas as irmãs Mirabal – Patria, Minerva e Maria Teresa – foram brutalmente assassinadas pelo ditador Trujillo em 25 de novembro de 1960 na República Dominicana. Neste dia, as três irmãs regressavam de Puerto Plata, onde seus maridos se encontravam presos. Elas foram detidas na estrada e foram assassinadas por agentes do governo militar. A ditadura tirânica simulou um acidente.
Minerva e Maria Teresa foram presas por diversas vezes no período de 1949 a 1960. Minerva usava o codinome “Mariposa” no exercício de sua militância política clandestina. Este horroroso assassinato provocou a repulsa da comunidade nacional e internacional, em relação ao governo dominicano, e acelerou a queda do ditador Rafael Leônidas Trujillo.
Em nosso país a violência contra a mulher é constante. Uma em cada cinco brasileiras declara espontaneamente já ter sofrido algum tipo de violência por parte de um homem. A cada 15 segundos uma mulher é espancada por um homem no Brasil, num total de cerca de 2 milhões por ano.
Essa violência atinge todas as mulheres, todas as etnias, mas é mais nítida nas mulheres trabalhadoras e jovens, especialmente as negras. No Rio de Janeiro, em pesquisa o “Dossiê Mulher 2010” mostra que as mulheres pretas e pardas (negras, na categoria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) são a maioria entre as vítimas de homicídio doloso, aquele em que há intenção de matar (55,2%), tentativa de homicídio (51%), lesão corporal (52,1%), além de estupro e atentado violento ao pudor (54%). As brancas só eram maioria nos crimes de ameaça (50,2%).
Estatísticas da violência
Ainda segundo o dossiê, em 2008, 20.216 mulheres sofreram ameaças, e, em 2009, esse mesmo índice saltou para 24.310. Em se tratando de lesão corporal, o ano de 2008 registrou 26.876 casos no Rio. Já em 2009, foram 30.103 casos. Os dados indicam também que o Rio é o terceiro estado com o maior número de agressões à mulher em todo o país. Perde para o Estado de São Paulo, com 47.107 casos, e a Bahia, com 32.358. E somente 2% dos agressores são punidos.
Esses dados mostram que a Lei Maria da Penha não tem sido eficaz. Apresenta inúmeras falhas e são necessárias a construção de casas-abrigos e de passagem, atendimento jurídico e psicológico às vítimas de violência, rápida e efetiva proteção a todas as mulheres que denunciam seus agressores.
Precisamos também de creches, salários e empregos dignos!
Total solidariedade às mulheres haitianas! Não à punição de Sakineh
Ashtiani! Mulheres em luta por autonomia e igualdade de direitos!
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quarta-feira, 24 de novembro de 2010
O dia em que Lula e a blogosfera anunciaram novos tempos para a mídia brasileira
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Lula na coletiva com os blogueiros. Foto: Ricardo Stuckert/PR |
Escrevinhador: Lula diz que será blogueiro e tuiteiro
Conversa Afiada: Lula promete aos blogueiros concluir investigação sobre Dantas
Blog do Rovai: Uma entrevista para a história política brasileira
Alguns bastidores da entrevista com Lula.
Ao final da entrevista o presidente, com as câmeras e microfones já desligados, disse que queria se comprometer a já agendar uma próxima entrevista com aquele grupo para logo depois que deixasse a presidência. “Porque eu quero tratar com vocês do mensalão, quero falar longamente dessa história e mostrar a quantidade de equívocos que ela tem. Porque o Zé Dirceu pode ter todos os defeitos do mundo, mas…”
Quando o presidente ia completar a frase um dos fotógrafos pediu para que ele se ajeitasse para a foto e o pensamento ficou sem conclusão. Ficou claro que o presidente considera esse caso mal resolvido e que vai entrar em campo assim que sua residência oficial passar a ser em São Bernardo do Campo.
Em muitos momentos da entrevista Lula demonstrou que considera que o comportamento da imprensa brasileira foi mais do que parcial, foi irresponsável. Isso ficou evidente quando disse que a cobertura do acidente da TAM foi o momento mais triste do seu período presidencial. Lembrou que à época alguns jornais e revistas escreveram editoriais falando que o governo carregava nas costas 200 cadáveres.
Ele também introduziu na entrevista, sem que a blogosfera perguntasse, a questão da política internacional. E falou dos bastidores de sua ação na negociação com o Irã. Ao trazer uma negociação desse porte para a pauta da entrevista, o presidente pode ter sinalizado que o palco internacional faz parte do seu projeto futuro.
Lula não fala nada sem pensar e gratuitamente. Quando se está frente a frente com ele isso se torna ainda mais evidente. Lula é hoje um político preparadíssimo. E falou, por exemplo, que o PT do Acre errou e que por isso Dilma perdeu feio lá para mandar um recado aos irmãos Viana, que controlam o partido no estado.
Aliás, depois da entrevista ele fez questão de chamar o blogueiro Altino Machado de lado e voltou a tocar no assunto. Disse que vai ao Acre ainda no primeiro semestre de 2011. E que quer conversar com Altino quando for lá.
Ele também falou que vai tratar do caso Paulo Lacerda quando sair da presidência. Tudo indica que a sua melhor entrevista ainda está por vir. Será aquela em que ele vai poder falar de tudo sem o ritual do cargo.
Esse encontro com Lula ainda merecerá outros posts deste blogueiro, mas aproveito para contar um pouco dos bastidores que o antecederam. Em agosto, solicitei em nome da comissão do 1º Encontro da Blogosfera Progressista essa coletiva com o presidente. A resposta veio rápida. O presidente aceitava, bastava construir uma agenda. Mais
Veja a íntegra da entrevista coletiva.
E a cobertura do Blog do Planalto.
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Em entrevista inédita com blogueiros, Lula faz balanço do governo e promete levar boas ideias à América Latina
Por Rodrigo Brandão, da Equipe do EDUCOM
Terminou minutos atrás, no Palácio do Planalto, a primeira entrevista de um chefe de Estado exclusivamente a jornalistas da nova mídia, a internet. A bancada de entrevistadores foi composta de presentes ao 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em agosto deste ano. O presidente respondeu ainda a perguntas de internautas que participaram via Twitter.
Os seguintes blogueiros progressistas nos representaram em Brasília: Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), W. Barros - o Sr. Cloaca (Cloaca News), Eduardo Guimarães (Cidadania), Leandro Fortes (Brasília, Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador), Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna) e José Augusto Duarte (Os Amigos do Presidente Lula). Conceição Oliveira (Maria Frô) participou via Twitcam.
Lula destacou o significado histórico do evento, para o presidente "simbólico da atenção de seu mandato com os jornalistas e com as formas modernas de comunicação". Também citou avanços de seu governo no campo da comunicação, como a realização da I Confecom, embora tenha reconhecido que ainda restou muito por construir. Atribuindo as dificuldades de se avançar na democratização da mídia e da informação "à complicada correlação de forças" da política nacional, o presidente prometeu deixar para sua sucessora, Dilma Rousseff, projetos que apontem para um novo marco da mídia no país, a serem negociados no futuro governo e com o novo Congresso.
Sobraram críticas de Lula ao tratamento que recebeu da grande imprensa durante seus anos de governo. Interessou-se por uma lei, citada pelo blogueiro Eduardo Guimarães, do Cidadania.com, que prevê sanções a veículos midiáticos por fazer sensacionalismo com ocorrência de doenças na população, espalhando falsos alarmes de calamidade. O presidente prometeu examinar a possibilidade de regulamentação e aprimoramento do dispositivo. "No futuro, tenho medo que alguém queira se informar sobre meu governo pelos jornais. Espero que consulte os blogs e outras fontes da internet, porque senão verá um retrato feio e mentiroso do que foi minha administração", comentou.
Perguntado sobre seus planos para a partir de janeiro de 2011, quando deixar o Planalto, Lula adiantou que pretende percorrer alguns países da América Latina para divulgar projetos bem sucedidos em seus oito anos na administração do país e apoiar governos na execução destes. "Quero dizer em El Salvador, na Guatemala, no México que é possível garantir que as escolas públicas comprem 30% da merenda na agricultura familiar do município. Quero dizer que é possível ter política pública de renda mínima adotada em todo o país", disse o presidente. "Depois de alguns meses descansando, vou trabalhar a possibilidade de por no ar blog e Twitter", revelou Lula, para júbilo dos entrevistadores.
O presidente também encarou as críticas. Questionado por Leandro Fortes, do blog "Brasília, eu vi", sobre o porquê de seu governo não ter avançado na punição de torturas e outros crimes do regime militar (1964-85), o que estaria levando, segundo Fortes, a Corte Interamericana de Direitos Humanos a propor sanções ao Brasil, Lula reconheceu a timidez das ações do governo mas afirmou que sua administração "fez muito pela causa dos direitos humanos". "As mais recentes iniciativas de nossa parte são o PNDH-3 e a Campanha pela Memória e pela Verdade (esta última com o objetivo de localizar desaparecidos ou cadáveres de vítimas da ditadura), mas tem sido difícil avançar e há fortes resistências de certos setores da soiedade", ponderou.
Lula disse que nada o orgulha mais do que, sendo um ex-metalúrgico saído dos grotões do semi-árido nordestino, ter sido duas vezes eleito presidente e ainda haver contribuído para a eleição da sucessora que escolheu, uma mulher. "Era e é preciso vencer o preconceito ainda muito enraizado em nossa sociedade contra a mulher".
Bem, agora a editora do blog Zilda Ferreira e eu temos um compromisso urgente. Mais tarde detalhamos um pouco mais como foi a entrevista coletiva e trazemos a repercussão desse evento marcante na história das comunicações deste país. Viva a blogosfera!
Siga o Blog EDUCOM no Twitter, hoje trazendo toda a nossa cobertura em tempo real da entrevista.
Confira aqui vídeo com a íntegra da coletiva.
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Terminou minutos atrás, no Palácio do Planalto, a primeira entrevista de um chefe de Estado exclusivamente a jornalistas da nova mídia, a internet. A bancada de entrevistadores foi composta de presentes ao 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em agosto deste ano. O presidente respondeu ainda a perguntas de internautas que participaram via Twitter.
Os seguintes blogueiros progressistas nos representaram em Brasília: Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), W. Barros - o Sr. Cloaca (Cloaca News), Eduardo Guimarães (Cidadania), Leandro Fortes (Brasília, Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador), Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna) e José Augusto Duarte (Os Amigos do Presidente Lula). Conceição Oliveira (Maria Frô) participou via Twitcam.
Lula destacou o significado histórico do evento, para o presidente "simbólico da atenção de seu mandato com os jornalistas e com as formas modernas de comunicação". Também citou avanços de seu governo no campo da comunicação, como a realização da I Confecom, embora tenha reconhecido que ainda restou muito por construir. Atribuindo as dificuldades de se avançar na democratização da mídia e da informação "à complicada correlação de forças" da política nacional, o presidente prometeu deixar para sua sucessora, Dilma Rousseff, projetos que apontem para um novo marco da mídia no país, a serem negociados no futuro governo e com o novo Congresso.
Sobraram críticas de Lula ao tratamento que recebeu da grande imprensa durante seus anos de governo. Interessou-se por uma lei, citada pelo blogueiro Eduardo Guimarães, do Cidadania.com, que prevê sanções a veículos midiáticos por fazer sensacionalismo com ocorrência de doenças na população, espalhando falsos alarmes de calamidade. O presidente prometeu examinar a possibilidade de regulamentação e aprimoramento do dispositivo. "No futuro, tenho medo que alguém queira se informar sobre meu governo pelos jornais. Espero que consulte os blogs e outras fontes da internet, porque senão verá um retrato feio e mentiroso do que foi minha administração", comentou.
Perguntado sobre seus planos para a partir de janeiro de 2011, quando deixar o Planalto, Lula adiantou que pretende percorrer alguns países da América Latina para divulgar projetos bem sucedidos em seus oito anos na administração do país e apoiar governos na execução destes. "Quero dizer em El Salvador, na Guatemala, no México que é possível garantir que as escolas públicas comprem 30% da merenda na agricultura familiar do município. Quero dizer que é possível ter política pública de renda mínima adotada em todo o país", disse o presidente. "Depois de alguns meses descansando, vou trabalhar a possibilidade de por no ar blog e Twitter", revelou Lula, para júbilo dos entrevistadores.
O presidente também encarou as críticas. Questionado por Leandro Fortes, do blog "Brasília, eu vi", sobre o porquê de seu governo não ter avançado na punição de torturas e outros crimes do regime militar (1964-85), o que estaria levando, segundo Fortes, a Corte Interamericana de Direitos Humanos a propor sanções ao Brasil, Lula reconheceu a timidez das ações do governo mas afirmou que sua administração "fez muito pela causa dos direitos humanos". "As mais recentes iniciativas de nossa parte são o PNDH-3 e a Campanha pela Memória e pela Verdade (esta última com o objetivo de localizar desaparecidos ou cadáveres de vítimas da ditadura), mas tem sido difícil avançar e há fortes resistências de certos setores da soiedade", ponderou.
Lula disse que nada o orgulha mais do que, sendo um ex-metalúrgico saído dos grotões do semi-árido nordestino, ter sido duas vezes eleito presidente e ainda haver contribuído para a eleição da sucessora que escolheu, uma mulher. "Era e é preciso vencer o preconceito ainda muito enraizado em nossa sociedade contra a mulher".
Bem, agora a editora do blog Zilda Ferreira e eu temos um compromisso urgente. Mais tarde detalhamos um pouco mais como foi a entrevista coletiva e trazemos a repercussão desse evento marcante na história das comunicações deste país. Viva a blogosfera!
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O Petróleo Tem Que Ser Nosso: classificados nos concursos serão anunciados na próxima terça, dia 30
Da Agência Petroleira de Notícias
Os nomes dos estudantes premiados nos dois concursos promovidos pela Campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso serão divulgados na terça-feira, 30 de novembro, nas página eletrônicas www.apn.org.br e www.concursopetroleo.org.br. Mas a cerimônia de premiação está marcada para o início do próximo ano letivo, em 25 de fevereiro, no teatro do Clube de Engenharia, no Rio. Além dos prêmios já anunciados será lançado um livro, reunindo os melhores trabalhos.
Nos dois concursos, um para universitários e outro para alunos do pré-escolar ao ensino médio, os estudantes abordaram o mesmo tema, por meio de textos ou de imagens: Petróleo para quê e para quem? O futuro do Brasil em nossas mãos?.
Texto e Imagem: do pré-escolar ao ensino médio
Realizado em âmbito estadual, o concurso vai premiar 33 alunos. Por enquanto, a ordem de classificação não será divulgada. A surpresa ficará reservada para a festa de entrega dos prêmios e lançamento do livro, em fevereiro. A quase totalidade dos participantes é de escolas públicas, municipais e estaduais, de várias cidades fluminenses.
Os primeiros lugares receberão computadores; os classificados em segundo lugar, vales-livros no valor de R$ 500; os terceiros lugares vão receber vales-livros no valor de R$ 250. Todos os selecionados terão seus trabalhos publicados no livro. No total, serão 33 prêmiospara os estudantes. Mas também serão premiados os professores e as escolas dos vencedores. De acordo com o regulamento, a Campanha O Petróleo Tem Que Ser Nosso poderá fazer uso dos trabalhos, citando a autoria.
A banca examinadora dividiu os textos e imagens em várias categorias,selecionando os três melhores de cada modalidade: a)Educação infantil (modalidade imagem); b)1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental (nas modalidades texto e imagem); c) 4º e 5º anos do Ensino Fundamental (texto e imagem); d)6º e 7º anos do Ensino Fundamental (texto eimagem); e) 8º e 9º anos do Ensino Fundamental (texto e imagem); f)1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio (texto e imagem).
Universitários
O concurso destinado ao público universitário foi nacional. Os prêmios são computadores e vales-livros no valor de R$ 1 mil e R$500, respectivamente para os primeiros, segundos e terceiros lugares. Os trabalhos premiados também serão publicados em livro.
Na festa de premiação e lançamento do livro, a campanha O Petróleo Tem Que Ser Nosso, através do Sindipetro-RJ, apoiará o traslado dos estudantes, professores e familiares que quiserem prestigiar o evento.
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Os nomes dos estudantes premiados nos dois concursos promovidos pela Campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso serão divulgados na terça-feira, 30 de novembro, nas página eletrônicas www.apn.org.br e www.concursopetroleo.org.br. Mas a cerimônia de premiação está marcada para o início do próximo ano letivo, em 25 de fevereiro, no teatro do Clube de Engenharia, no Rio. Além dos prêmios já anunciados será lançado um livro, reunindo os melhores trabalhos.
Nos dois concursos, um para universitários e outro para alunos do pré-escolar ao ensino médio, os estudantes abordaram o mesmo tema, por meio de textos ou de imagens: Petróleo para quê e para quem? O futuro do Brasil em nossas mãos?.
Texto e Imagem: do pré-escolar ao ensino médio
Realizado em âmbito estadual, o concurso vai premiar 33 alunos. Por enquanto, a ordem de classificação não será divulgada. A surpresa ficará reservada para a festa de entrega dos prêmios e lançamento do livro, em fevereiro. A quase totalidade dos participantes é de escolas públicas, municipais e estaduais, de várias cidades fluminenses.
Os primeiros lugares receberão computadores; os classificados em segundo lugar, vales-livros no valor de R$ 500; os terceiros lugares vão receber vales-livros no valor de R$ 250. Todos os selecionados terão seus trabalhos publicados no livro. No total, serão 33 prêmiospara os estudantes. Mas também serão premiados os professores e as escolas dos vencedores. De acordo com o regulamento, a Campanha O Petróleo Tem Que Ser Nosso poderá fazer uso dos trabalhos, citando a autoria.
A banca examinadora dividiu os textos e imagens em várias categorias,selecionando os três melhores de cada modalidade: a)Educação infantil (modalidade imagem); b)1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental (nas modalidades texto e imagem); c) 4º e 5º anos do Ensino Fundamental (texto e imagem); d)6º e 7º anos do Ensino Fundamental (texto eimagem); e) 8º e 9º anos do Ensino Fundamental (texto e imagem); f)1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio (texto e imagem).
Universitários
O concurso destinado ao público universitário foi nacional. Os prêmios são computadores e vales-livros no valor de R$ 1 mil e R$500, respectivamente para os primeiros, segundos e terceiros lugares. Os trabalhos premiados também serão publicados em livro.
Na festa de premiação e lançamento do livro, a campanha O Petróleo Tem Que Ser Nosso, através do Sindipetro-RJ, apoiará o traslado dos estudantes, professores e familiares que quiserem prestigiar o evento.
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terça-feira, 23 de novembro de 2010
Campanha 'O Petróleo Tem que Ser Nosso' discute nova plenária nacional
Da Agência Petroleira de Notícias
Quando Dilma Rousseff colocar a faixa presidencial, em janeiro, a postura de grande parte dos movimentos sociais e sindicais que chegaram a apoiar a candidata, no segundo turno, começará a mudar. “É hora de cobrar as promessas de campanha” – já anunciaram representantes de diferentes campos, como movimentos contra a segregação étnica, de gênero e pelas reformas agrária e urbana. Com a campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso, o tom é o mesmo.
A campanha contra a privatização das riquezas naturais protagonizou, no Rio, o maior ato de rua realizado no segundo turno das eleições. Para muitos dos que se integraram à passeata contra “o retrocesso e as privatizações”, no dia 21 de outubro, o objetivo era rejeitar aquele candidato mais identificado com as propostas neoliberais e privatistas. Por outro lado, este gesto, por exclusão, também representou um voto de confiança na então candidata Dilma. Logo, passadas as eleições, o entendimento da maior parte dos movimentos sociais e sindicais é de que a organização e a resistência popular, em favor das suas bandeiras de luta, devem ser retomadas, imediatamente.
Na próxima semana, com o objetivo de retomar a unidade nacional em torno da campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso, haverá uma reunião em Brasília. A meta é convocar uma nova plenária nacional. O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), um dos mais importantes atores na construção da resistência popular, propõe que a nova plenária seja realizada no Rio, sede da Petrobrás, da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e palco dos principais confrontos, até agora, entre os privatistas e aqueles que defendem a reestatização da Petrobrás, em nome dos interesses da nação e do povo brasileiro.
Os desafios já estão colocados.
O primeiro deles é a iminência de uma nova rodada de leilão do petróleo. “Não aos leilões” é uma palavra de ordem que unifica os movimentos sociais e sindicais reunidos na campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso. Já os entreguistas pressionam pela realização de uma licitação, na área do pré-sal. O governo Dilma será o fiel da balança: para onde vai pender?
Caberá aos movimentos que integram a campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso fazer a sua parte. Organizar a resistência e ir para as ruas. As próximas semanas serão de intenso esforço, para que esta campanha, que tem potencial para construir unidade, se reestruture com força suficiente para derrotar os entreguistas. Por uma Petrobrás 100% pública e estatal! Não aos leilões do nosso petróleo e gás!
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Quando Dilma Rousseff colocar a faixa presidencial, em janeiro, a postura de grande parte dos movimentos sociais e sindicais que chegaram a apoiar a candidata, no segundo turno, começará a mudar. “É hora de cobrar as promessas de campanha” – já anunciaram representantes de diferentes campos, como movimentos contra a segregação étnica, de gênero e pelas reformas agrária e urbana. Com a campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso, o tom é o mesmo.
A campanha contra a privatização das riquezas naturais protagonizou, no Rio, o maior ato de rua realizado no segundo turno das eleições. Para muitos dos que se integraram à passeata contra “o retrocesso e as privatizações”, no dia 21 de outubro, o objetivo era rejeitar aquele candidato mais identificado com as propostas neoliberais e privatistas. Por outro lado, este gesto, por exclusão, também representou um voto de confiança na então candidata Dilma. Logo, passadas as eleições, o entendimento da maior parte dos movimentos sociais e sindicais é de que a organização e a resistência popular, em favor das suas bandeiras de luta, devem ser retomadas, imediatamente.
Na próxima semana, com o objetivo de retomar a unidade nacional em torno da campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso, haverá uma reunião em Brasília. A meta é convocar uma nova plenária nacional. O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), um dos mais importantes atores na construção da resistência popular, propõe que a nova plenária seja realizada no Rio, sede da Petrobrás, da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e palco dos principais confrontos, até agora, entre os privatistas e aqueles que defendem a reestatização da Petrobrás, em nome dos interesses da nação e do povo brasileiro.
Os desafios já estão colocados.
O primeiro deles é a iminência de uma nova rodada de leilão do petróleo. “Não aos leilões” é uma palavra de ordem que unifica os movimentos sociais e sindicais reunidos na campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso. Já os entreguistas pressionam pela realização de uma licitação, na área do pré-sal. O governo Dilma será o fiel da balança: para onde vai pender?
Caberá aos movimentos que integram a campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso fazer a sua parte. Organizar a resistência e ir para as ruas. As próximas semanas serão de intenso esforço, para que esta campanha, que tem potencial para construir unidade, se reestruture com força suficiente para derrotar os entreguistas. Por uma Petrobrás 100% pública e estatal! Não aos leilões do nosso petróleo e gás!
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Lula concede nesta quarta primeira entrevista coletiva de um presidente a blogueiros
Do Blog do Rovai
Amanhã (quarta, 24) o presidente Lula concederá a primeira entrevista “da história deste país” à blogosfera. Solicitada por um grupo de blogueiros progressistas, ela já tem as presenças confirmadas de: Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), Cloaca (Cloaca News), Conceição Lemes (Viomundo), Eduardo Guimarães (Cidadania), Leandro Fortes (Brasilia Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna). Outros dois blogueiros buscam desmarcar compromissos para se integrar ao grupo.
O evento acontecerá às 9h, no Palácio do Planalto, e será transmitido ao vivo pelo Blog do Planalto, pelos blogs que participarão do encontro e por todos que tiverem interesse de fazê-lo. Ainda hoje vamos explicar como isso será possível.
Será uma entrevista coletiva, mas também é um momento de celebração da diversidade informativa. Ao abrir sua agenda à blogosfera o presidente demonstra estar atento às transformações que acontecem no espaço midiático e ao mesmo tempo atesta a importância dessa nova esfera pública da comunicação.
Como as coisas na blogosfera são diferentes e mais colaborativas, não serão só os presentes ao encontro que participarão. A coletiva será aberta ao público que poderá participar enviando perguntas pelo chat. O objetivo é garantir o maior grau possível de interatividade.
Por conta dos senões da agenda presidencial, só agora nos foi confirmado o evento e liberada a divulgação. Por isso temos pouco tempo para nos organizar e produzir a repercussão que a entrevista merece.
Contamos com vocês nessa tarefa: divulgando, transmitindo em seus blogs e fazendo perguntas pelo chat.
A blogosfera dá mais um passo importante.
Um passo “nunca dado na história deste país”.
Acréscimo do EDUCOM 1: ainda não temos o código para incorporar a tela de transmissão, mas você poderá enviar sua pergunta ao Lula, a partir das 9h desta quarta, escrevendo no Twitter a tag #lulablogs
Acréscimo do EDUCOM 2: veja como o Sr. Cloaca recebeu essa notícia histórica...
EXCLUSIVO: BLOGUEIROS SUJOS ENTREVISTARÃO LULA NO PLANALTO
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Amanhã (quarta, 24) o presidente Lula concederá a primeira entrevista “da história deste país” à blogosfera. Solicitada por um grupo de blogueiros progressistas, ela já tem as presenças confirmadas de: Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), Cloaca (Cloaca News), Conceição Lemes (Viomundo), Eduardo Guimarães (Cidadania), Leandro Fortes (Brasilia Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna). Outros dois blogueiros buscam desmarcar compromissos para se integrar ao grupo.
O evento acontecerá às 9h, no Palácio do Planalto, e será transmitido ao vivo pelo Blog do Planalto, pelos blogs que participarão do encontro e por todos que tiverem interesse de fazê-lo. Ainda hoje vamos explicar como isso será possível.
Será uma entrevista coletiva, mas também é um momento de celebração da diversidade informativa. Ao abrir sua agenda à blogosfera o presidente demonstra estar atento às transformações que acontecem no espaço midiático e ao mesmo tempo atesta a importância dessa nova esfera pública da comunicação.
Como as coisas na blogosfera são diferentes e mais colaborativas, não serão só os presentes ao encontro que participarão. A coletiva será aberta ao público que poderá participar enviando perguntas pelo chat. O objetivo é garantir o maior grau possível de interatividade.
Por conta dos senões da agenda presidencial, só agora nos foi confirmado o evento e liberada a divulgação. Por isso temos pouco tempo para nos organizar e produzir a repercussão que a entrevista merece.
Contamos com vocês nessa tarefa: divulgando, transmitindo em seus blogs e fazendo perguntas pelo chat.
A blogosfera dá mais um passo importante.
Um passo “nunca dado na história deste país”.
Acréscimo do EDUCOM 1: ainda não temos o código para incorporar a tela de transmissão, mas você poderá enviar sua pergunta ao Lula, a partir das 9h desta quarta, escrevendo no Twitter a tag #lulablogs
Acréscimo do EDUCOM 2: veja como o Sr. Cloaca recebeu essa notícia histórica...
EXCLUSIVO: BLOGUEIROS SUJOS ENTREVISTARÃO LULA NO PLANALTO
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Mário Augusto Jakobskind lança 'Cuba, Apesar do Bloqueio' dia 14, na ABI
O jornalista Mário Augusto Jakobskind lança seu novo livro-reportagem, "Cuba, Apesar do Bloqueio", dia 14 de dezembro, na ABI (Associação Brasileira de Imprensa, 11º andar), centro do Rio de Janeiro, a partir das 18 horas.
A idéia de escrever "Cuba, Apesar do Bloqueio" se deve, sobretudo, ao fato de o autor tentar analisar o cerco midiático que a ilha caribenha sofre desde o início de sua revolução, antes mesmo da declaração de que o país optou pelo socialismo.
Acompanhando os noticiários diários dos principais jornais do eixo Rio-São Paulo, Cuba só aparece como uma ditadura, como se o povo não tivesse o direito de escolher os seus dirigentes. Alguns veículos de imprensa chegam a se referir a Cuba como o país da “ditadura dos Castros”, em referência a Fidel e Raul, o atual Presidente.
Em termos jornalísticos há quase um total desconhecimento sobre o que acontece na ilha caribenha, para não falar em preconceito e o noticiário de um modo geral se basear em fontes que não têm interesse em mostrar os fatos como realmente são.
É dentro deste espírito que o autor decidiu escrever o livro, uma parte sobre os 25 anos da Revolução, ou seja, até 1984, e a outra relacionada com os últimos 26 anos a partir de 1984, ano em que a revolução cubana completava 25 anos, quando Jakobskind lançava "Apesar do Bloqueio, um repórter carioca em Cuba". A primeira parte daquele livro teve o prefácio de Henfil e o pósfácio de João Saldanha.
Em 2009, Mário Augusto Jakobskind lançou no Uruguai, pela Editora Tropicana, o livro "Apesar do Bloqueio, 50 anos de Revolução" (imagem ao lado; reprodução), em função do marco histórico representado pelo ano da comemoração. A edição atual apresentada pela Booklink está atualizada até 2010.
Para falar sobre Cuba, além de mostrar o cerco midiático, o autor lembra as previsões equivocadas de analistas ignorantes da realidade cubana sobre o fim do regime em vigor na ilha caribenha, depois da desintegração da URSS. Muitos desses analistas garantiam que o fim ocorreria em semanas ou meses. A realidade mostrou que as pitonisas falharam redondamente, como mostra o livro de Mário Augusto Jakobskind.
Mais do que adjetivos, "Cuba, Apesar do Bloqueio" apresenta fatos que falam por si só, como, por exemplo, a participação do então Presidente Fidel Castro num encontro de jornalistas latino-americanos, quando o dirigente máximo de Cuba mostrou o seu dom de jornalista.
Seguindo na trilha de que mais valem fatos presenciados do que adjetivos, Jakobskind conta fatos relevantes da vida cotidiana de um país socialista que observou durante algumas estadas em Cuba.
Como o caso ocorrido em 1987, na praia de Santa Maria Mayor, a poucos quilômetros de Alamar, quando o autor conheceu uma adolescente que portava um colar com uma imagem de San Lazaro, do qual ela era devota. Ela mostrou-se entusiasta de Fidel Castro e quando soube que Mario Augusto era brasileiro perguntou “quem era o comandante” do país do repórter.Como a resposta foi de que o Brasil não tinha propriamente um comandante, a adolescente disse que voltaria para casa, iria para a Igreja rezar para que “o seu país tenha um comandante”.
Numa retrospectiva sobre Cuba não poderia faltar a menção da batalha de Cuito Canavale, cujo resultado, segundo Nelson Mandela, que dispensa apresentação, representou o início do fim do odioso apartheid sul africano. E nesta batalha histórica estiveram presentes milhares de militares cubanos, uma forma que os cubanos encontraram para se penitenciarem do passado de escravidão dos negros.
Os tempos difíceis do Período Especial também são lembrados neste livro, da mesma forma que fatos econômicos que marcaram profundamente Cuba e isso numa linguagem acessível a todos os públicos.
Em suma, Cuba, Apesar do Bloqueio é uma vasta reportagem, com uma linguagem jornalística, que a mídia conservadora dos vários quadrantes latino-americanos se nega geralmente a fazer.
O lançamento do livro do conselheiro da ABI, Mário Augusto Jakobskind, tem o Apoio Cultural da Lidador e acontece no 11º andar do histórico edifício, localizado na rua Araújo Porto Alegre, 71.
Atualização do EDUCOM: além da retificação do post, com a nova data de lançamento, confira este comentário do documentarista Silvio Tendler, diretor do recente "Utopia e Barbárie" e de obras emblemáticas como "Jango" e "Os Anos JK":
"Êta Homem obstinado esse Mário Augusto. Caquinho por caquinho vai esculpindo uma catedral gótica de idéias iluminadas e corajosas. Provoca e afronta a mesmice com a tranquilidade de quem pede um simples copo d'água para beber. Escreve sobre sua crenças com ardorosa paixão.
Agora ele volta com a reedição de seu livro sobre Cuba trazendo uma boa dose de idealismo num mundo sem grandes Utopias. Recomendo a leitura do livro do Mario Augusto como uma forma de conhecimento da ilha sitiada pela mídia pero vencedora, no plano das Utopias da minha geração como a mais bem sucedida, junto com o Vietnam. Apesar do bloqueio que já dura mais de cinquenta anos imposto pelo desagradável e prepotente vizinho, Cuba resiste.
Imperdível o livro do Mário Augusto.
Silvio Tendler" (sobre 'Cuba, Apesar do Bloqueio')
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A idéia de escrever "Cuba, Apesar do Bloqueio" se deve, sobretudo, ao fato de o autor tentar analisar o cerco midiático que a ilha caribenha sofre desde o início de sua revolução, antes mesmo da declaração de que o país optou pelo socialismo.
Acompanhando os noticiários diários dos principais jornais do eixo Rio-São Paulo, Cuba só aparece como uma ditadura, como se o povo não tivesse o direito de escolher os seus dirigentes. Alguns veículos de imprensa chegam a se referir a Cuba como o país da “ditadura dos Castros”, em referência a Fidel e Raul, o atual Presidente.
Em termos jornalísticos há quase um total desconhecimento sobre o que acontece na ilha caribenha, para não falar em preconceito e o noticiário de um modo geral se basear em fontes que não têm interesse em mostrar os fatos como realmente são.
É dentro deste espírito que o autor decidiu escrever o livro, uma parte sobre os 25 anos da Revolução, ou seja, até 1984, e a outra relacionada com os últimos 26 anos a partir de 1984, ano em que a revolução cubana completava 25 anos, quando Jakobskind lançava "Apesar do Bloqueio, um repórter carioca em Cuba". A primeira parte daquele livro teve o prefácio de Henfil e o pósfácio de João Saldanha.
Em 2009, Mário Augusto Jakobskind lançou no Uruguai, pela Editora Tropicana, o livro "Apesar do Bloqueio, 50 anos de Revolução" (imagem ao lado; reprodução), em função do marco histórico representado pelo ano da comemoração. A edição atual apresentada pela Booklink está atualizada até 2010.
Para falar sobre Cuba, além de mostrar o cerco midiático, o autor lembra as previsões equivocadas de analistas ignorantes da realidade cubana sobre o fim do regime em vigor na ilha caribenha, depois da desintegração da URSS. Muitos desses analistas garantiam que o fim ocorreria em semanas ou meses. A realidade mostrou que as pitonisas falharam redondamente, como mostra o livro de Mário Augusto Jakobskind.
Mais do que adjetivos, "Cuba, Apesar do Bloqueio" apresenta fatos que falam por si só, como, por exemplo, a participação do então Presidente Fidel Castro num encontro de jornalistas latino-americanos, quando o dirigente máximo de Cuba mostrou o seu dom de jornalista.
Seguindo na trilha de que mais valem fatos presenciados do que adjetivos, Jakobskind conta fatos relevantes da vida cotidiana de um país socialista que observou durante algumas estadas em Cuba.
Como o caso ocorrido em 1987, na praia de Santa Maria Mayor, a poucos quilômetros de Alamar, quando o autor conheceu uma adolescente que portava um colar com uma imagem de San Lazaro, do qual ela era devota. Ela mostrou-se entusiasta de Fidel Castro e quando soube que Mario Augusto era brasileiro perguntou “quem era o comandante” do país do repórter.Como a resposta foi de que o Brasil não tinha propriamente um comandante, a adolescente disse que voltaria para casa, iria para a Igreja rezar para que “o seu país tenha um comandante”.
Numa retrospectiva sobre Cuba não poderia faltar a menção da batalha de Cuito Canavale, cujo resultado, segundo Nelson Mandela, que dispensa apresentação, representou o início do fim do odioso apartheid sul africano. E nesta batalha histórica estiveram presentes milhares de militares cubanos, uma forma que os cubanos encontraram para se penitenciarem do passado de escravidão dos negros.
Os tempos difíceis do Período Especial também são lembrados neste livro, da mesma forma que fatos econômicos que marcaram profundamente Cuba e isso numa linguagem acessível a todos os públicos.
Em suma, Cuba, Apesar do Bloqueio é uma vasta reportagem, com uma linguagem jornalística, que a mídia conservadora dos vários quadrantes latino-americanos se nega geralmente a fazer.
O lançamento do livro do conselheiro da ABI, Mário Augusto Jakobskind, tem o Apoio Cultural da Lidador e acontece no 11º andar do histórico edifício, localizado na rua Araújo Porto Alegre, 71.
Atualização do EDUCOM: além da retificação do post, com a nova data de lançamento, confira este comentário do documentarista Silvio Tendler, diretor do recente "Utopia e Barbárie" e de obras emblemáticas como "Jango" e "Os Anos JK":
"Êta Homem obstinado esse Mário Augusto. Caquinho por caquinho vai esculpindo uma catedral gótica de idéias iluminadas e corajosas. Provoca e afronta a mesmice com a tranquilidade de quem pede um simples copo d'água para beber. Escreve sobre sua crenças com ardorosa paixão.
Agora ele volta com a reedição de seu livro sobre Cuba trazendo uma boa dose de idealismo num mundo sem grandes Utopias. Recomendo a leitura do livro do Mario Augusto como uma forma de conhecimento da ilha sitiada pela mídia pero vencedora, no plano das Utopias da minha geração como a mais bem sucedida, junto com o Vietnam. Apesar do bloqueio que já dura mais de cinquenta anos imposto pelo desagradável e prepotente vizinho, Cuba resiste.
Imperdível o livro do Mário Augusto.
Silvio Tendler" (sobre 'Cuba, Apesar do Bloqueio')
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Polícia Federal mobiliza mais de 250 agentes para despejar famílias sem terra
Da Agência Petroleira de Notícias
Trabalhadores e trabalhadoras rurais do MST foram despejados e deixados na chuva na última quarta-feira (17), após ação de reintegração de posse na Fazenda Bom Jardim, em Córrego do Ouro, distrito de Macaé, região norte do estado do Rio de Janeiro. Neste dia, as polícias Federal e Militar, a Justiça e a Prefeitura de Macaé demonstraram a pior face da criminalização da pobreza e dos movimentos sociais por parte do poder público. As 180 famílias que ocupavam parte dos 1650 hectares da propriedade não emitiram nenhum tipo de resistência e foram obrigadas a passar uma noite chuvosa desabrigadas.
A ordem de despejo foi emitida pela Juíza Federal de Macaé Angelina de Siqueira Costa. A orientação da Juíza à Polícia Federal foi de retirar as famílias imediatamente e descartar seus pertences. O impasse só foi resolvido quando uma Igreja Católica de Macaé se propôs a receber as famílias por alguns dias. Já a prefeitura da cidade não permitiu, sequer, que mulheres e crianças dormissem naquela noite em um parque de exposições do município.
Desrespeito aos direitos humanos
Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Macaé foram destratados pelo delegado da Polícia Federal que chefiava a operação. Um assessor da comissão quase foi retirado à força da área pelos policiais por estar fotografando e filmando, sob acusação de que usaria as imagens contra os agentes da PF. A forma ríspida de tratamento se repetiu com representantes do Incra e da Comissão de Direitos Humanos da Alerj – Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Com as famílias o tratamento foi ainda mais grave. Os mais de 250 agentes da PF e PM exigiram que os acampados retirassem seus pertences em poucos minutos, sob ameaça de terem suas moradias destruídas e seus objetos pessoais incendiados. Os moradores, inclusive crianças, foram colocados em caminhonetes e transportados até a saída da fazenda, sem saber para onde seriam encaminhados. Alguns foram atacados por gás de pimenta.
O latifúndio avaliado como improdutivo pelo Incra, há mais de 2 anos, é de propriedade da Campos Difusora LTDA, empresa de Rádio e TV do norte fluminense que tem como um dos sócios o arrendatário da fazenda José Antônio Barbosa Lemos. Político influente, José Antônio já foi prefeito de um município da região e deputado estadual. De acordo com a Constituição Federal, a propriedade deve ser encaminhada para fins de Reforma Agrária. No dia 2 de setembro, o presidente Lula assinou o decreto de interesse na desapropriação, respaldando a decisão do Incra e a posição do MST em cobrar a reforma agrária daquelas terras. “Existe a avaliação do Incra, existe o decreto do presidente da República e agora vem a juíza descumprir e tomar uma decisão a favor do fazendeiro. Mas não vamos resistir, não queremos conflito”, declarou um coordenador do acampamento.
Solidariedade
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, vereador Danilo Funke (PT), tentou uma autorização do prefeito ou de algum responsável pelo parque para que as famílias pernoitassem junto a suas coisas, que haviam sido levadas para lá. “Esgotamos todas as tentativas. A prefeitura pode até ser contra o movimento, mas é obrigação zelar pela vida e o bem estar das pessoas. A proposta era apenas uma noite e foi negada com veemência”, declarou o único vereador de oposição da cidade.
Após articulação do vereador e sua assessoria, da comissão de Direitos Humanos da Alerj e da coordenação do MST, o padre Mauro ofereceu um espaço que, apesar de pequeno, foi a única saída para que o desfecho não fosse pior para as pessoas. “Fizemos a nossa parte de acolher aquelas famílias que foram negadas por todas as estruturas de governo. Crianças, idosos e gestantes não poderiam dormir na rua de forma alguma. Não temos o melhor espaço, mas somos solidários ao desespero e a luta das famílias por terra e justiça social”, declarou o padre Mauro.
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Trabalhadores e trabalhadoras rurais do MST foram despejados e deixados na chuva na última quarta-feira (17), após ação de reintegração de posse na Fazenda Bom Jardim, em Córrego do Ouro, distrito de Macaé, região norte do estado do Rio de Janeiro. Neste dia, as polícias Federal e Militar, a Justiça e a Prefeitura de Macaé demonstraram a pior face da criminalização da pobreza e dos movimentos sociais por parte do poder público. As 180 famílias que ocupavam parte dos 1650 hectares da propriedade não emitiram nenhum tipo de resistência e foram obrigadas a passar uma noite chuvosa desabrigadas.
A ordem de despejo foi emitida pela Juíza Federal de Macaé Angelina de Siqueira Costa. A orientação da Juíza à Polícia Federal foi de retirar as famílias imediatamente e descartar seus pertences. O impasse só foi resolvido quando uma Igreja Católica de Macaé se propôs a receber as famílias por alguns dias. Já a prefeitura da cidade não permitiu, sequer, que mulheres e crianças dormissem naquela noite em um parque de exposições do município.
Desrespeito aos direitos humanos
Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Macaé foram destratados pelo delegado da Polícia Federal que chefiava a operação. Um assessor da comissão quase foi retirado à força da área pelos policiais por estar fotografando e filmando, sob acusação de que usaria as imagens contra os agentes da PF. A forma ríspida de tratamento se repetiu com representantes do Incra e da Comissão de Direitos Humanos da Alerj – Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Com as famílias o tratamento foi ainda mais grave. Os mais de 250 agentes da PF e PM exigiram que os acampados retirassem seus pertences em poucos minutos, sob ameaça de terem suas moradias destruídas e seus objetos pessoais incendiados. Os moradores, inclusive crianças, foram colocados em caminhonetes e transportados até a saída da fazenda, sem saber para onde seriam encaminhados. Alguns foram atacados por gás de pimenta.
O latifúndio avaliado como improdutivo pelo Incra, há mais de 2 anos, é de propriedade da Campos Difusora LTDA, empresa de Rádio e TV do norte fluminense que tem como um dos sócios o arrendatário da fazenda José Antônio Barbosa Lemos. Político influente, José Antônio já foi prefeito de um município da região e deputado estadual. De acordo com a Constituição Federal, a propriedade deve ser encaminhada para fins de Reforma Agrária. No dia 2 de setembro, o presidente Lula assinou o decreto de interesse na desapropriação, respaldando a decisão do Incra e a posição do MST em cobrar a reforma agrária daquelas terras. “Existe a avaliação do Incra, existe o decreto do presidente da República e agora vem a juíza descumprir e tomar uma decisão a favor do fazendeiro. Mas não vamos resistir, não queremos conflito”, declarou um coordenador do acampamento.
Solidariedade
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, vereador Danilo Funke (PT), tentou uma autorização do prefeito ou de algum responsável pelo parque para que as famílias pernoitassem junto a suas coisas, que haviam sido levadas para lá. “Esgotamos todas as tentativas. A prefeitura pode até ser contra o movimento, mas é obrigação zelar pela vida e o bem estar das pessoas. A proposta era apenas uma noite e foi negada com veemência”, declarou o único vereador de oposição da cidade.
Após articulação do vereador e sua assessoria, da comissão de Direitos Humanos da Alerj e da coordenação do MST, o padre Mauro ofereceu um espaço que, apesar de pequeno, foi a única saída para que o desfecho não fosse pior para as pessoas. “Fizemos a nossa parte de acolher aquelas famílias que foram negadas por todas as estruturas de governo. Crianças, idosos e gestantes não poderiam dormir na rua de forma alguma. Não temos o melhor espaço, mas somos solidários ao desespero e a luta das famílias por terra e justiça social”, declarou o padre Mauro.
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Altercom: Mais uma vez, a mídia hegemônica tortura Dilma
Publicado no website da Altercom e distribuído via internet
A Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação (Altercom) reunida nesta sexta-feira (19), em São Paulo, além de tratar de interesses da entidade, decidiu divulgar uma nota oficial criticando a campanha ardilosa da grande mídia comercial em torno dos arquivos da ditadura militar sobre a presidente eleita Dilma Rousseff. A nota afirma:
"MAIS UMA VEZ, A MÍDIA HEGEMÔNICA TORTURA DILMA"
Passados 19 dias desde a vitória de Dilma Rousseff sobre Serra, por uma vantagem de 12 milhões de votos, a oposição e seu dispositivo midiático não recolheram as garras um só minuto.
Cinco dias após o revés nas urnas, o candidato derrotado estava em Biarritz levando um 'por que no te callas', em resposta a tentativa de armar o palanque da oposição em território francês.
O jornalismo que lhe dá apoio irrestrito não deixa por menos e cumpre escancaradamente uma agenda de terceiro turno. Dia sim, dia não, uma crise produzida e maquiada ganha as manchetes da mídia conservadora numa escalada ao mesmo tempo sôfrega e frívola.
Não escapa ao observador mais criterioso que os temas são apenas um ornamento do estandarte antecipadamente empunhado. A intenção, clara, é minar a autoridade da Presidente eleita antes mesmo de sua posse.
Agora, o dispositivo midiático da oposição reedita o "pau-de-arara" e empenha-se em dar legitimidade 'jornalística' a um relatório produzido pela ditadura militar sobre a militância revolucionária de Dilma Rousseff nos anos 70.
O que se promove nessa espiral é a reprodução simbólica das sessões de tortura perpetradas durante 22 dias seguidos contra uma jovem de 19 anos pelo regime de fato.
É aberrante do ponto de vista do fazer jornalístico emprestar credibilidade ao que foi transcrito por um Estado terrorista, concedendo força de prova ao que uma mulher declarou sob tortura.
Ademais, é um agravo à ética jornalística que uma mídia comercial ainda atue como aliada do extinto regime ditatorial, ao tomar seus documentos como válidos e legais.
Finalmente, constitui um escárnio em relação à história o fato de que a mesma mídia --os mesmos veículos-- que se esponjou em benefícios econômicos e políticos concedidos pela ditadura nunca ter demonstrado maior interesse em apurar e divulgar os crimes cometidos pelo regime. Todavia, empenha-se acintosamente em se associar novamenta à matéria pútrida urdida sob o regime do pau-de-arara para atacar a honra uma combatente da liberdade.
O enredo dessa trama está para o bom jornalismo, assim como o rio Tietê para a preservação do meio ambiente. A aposta em curso é a de que, uma vez Lula fora da cena política, não haverá força capaz de deter o trator oposicionista, cujas rodas em poucos meses pretendem transitar por cima do cadáver político do novo governo.
A mídia progressista repudia firmemente essa campanha ardilosa e coloca-se em prontidão para denunciá-la em respeito ä vontade soberana do povo brasileiro.
São Paulo, 19 de novembro de 2010
ALTERCOM
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A Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação (Altercom) reunida nesta sexta-feira (19), em São Paulo, além de tratar de interesses da entidade, decidiu divulgar uma nota oficial criticando a campanha ardilosa da grande mídia comercial em torno dos arquivos da ditadura militar sobre a presidente eleita Dilma Rousseff. A nota afirma:
"MAIS UMA VEZ, A MÍDIA HEGEMÔNICA TORTURA DILMA"
Passados 19 dias desde a vitória de Dilma Rousseff sobre Serra, por uma vantagem de 12 milhões de votos, a oposição e seu dispositivo midiático não recolheram as garras um só minuto.
Cinco dias após o revés nas urnas, o candidato derrotado estava em Biarritz levando um 'por que no te callas', em resposta a tentativa de armar o palanque da oposição em território francês.
O jornalismo que lhe dá apoio irrestrito não deixa por menos e cumpre escancaradamente uma agenda de terceiro turno. Dia sim, dia não, uma crise produzida e maquiada ganha as manchetes da mídia conservadora numa escalada ao mesmo tempo sôfrega e frívola.
Não escapa ao observador mais criterioso que os temas são apenas um ornamento do estandarte antecipadamente empunhado. A intenção, clara, é minar a autoridade da Presidente eleita antes mesmo de sua posse.
Agora, o dispositivo midiático da oposição reedita o "pau-de-arara" e empenha-se em dar legitimidade 'jornalística' a um relatório produzido pela ditadura militar sobre a militância revolucionária de Dilma Rousseff nos anos 70.
O que se promove nessa espiral é a reprodução simbólica das sessões de tortura perpetradas durante 22 dias seguidos contra uma jovem de 19 anos pelo regime de fato.
É aberrante do ponto de vista do fazer jornalístico emprestar credibilidade ao que foi transcrito por um Estado terrorista, concedendo força de prova ao que uma mulher declarou sob tortura.
Ademais, é um agravo à ética jornalística que uma mídia comercial ainda atue como aliada do extinto regime ditatorial, ao tomar seus documentos como válidos e legais.
Finalmente, constitui um escárnio em relação à história o fato de que a mesma mídia --os mesmos veículos-- que se esponjou em benefícios econômicos e políticos concedidos pela ditadura nunca ter demonstrado maior interesse em apurar e divulgar os crimes cometidos pelo regime. Todavia, empenha-se acintosamente em se associar novamenta à matéria pútrida urdida sob o regime do pau-de-arara para atacar a honra uma combatente da liberdade.
O enredo dessa trama está para o bom jornalismo, assim como o rio Tietê para a preservação do meio ambiente. A aposta em curso é a de que, uma vez Lula fora da cena política, não haverá força capaz de deter o trator oposicionista, cujas rodas em poucos meses pretendem transitar por cima do cadáver político do novo governo.
A mídia progressista repudia firmemente essa campanha ardilosa e coloca-se em prontidão para denunciá-la em respeito ä vontade soberana do povo brasileiro.
São Paulo, 19 de novembro de 2010
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Conferência do IPEA debate desenvolvimento do Brasil
Por Marco Aurélio Weissheimer, da Carta Maior
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) promove, entre os dias 24 e 26 de novembro, em Brasília, a 1ª Conferência do Desenvolvimento (Code), um encontro destinado a discutir planejamento e estratégias de desenvolvimento para o Brasil. Será uma conferência diferente das tradicionais lembrando um pouco o formato do Fórum Social Mundial. Um espaço de 10 mil metros quadrados foi construído no canteiro central da Esplanada dos Ministérios (em frente à Catedral de Brasília) para a Code.
Durante os três dias, serão nove painéis temáticos sobre o desenvolvimento, 88 oficinas, 50 lançamentos de livros, vídeos, exposições e shows artísticos e culturais. São esperados mais de 200 palestrantes e debatedores, entre conselheiros, diretores e técnicos de planejamento e pesquisa do instituto e acadêmicos de autoridades de todas as regiões do país. Até sexta-feira, já havia cerca de 4 mil inscritos para o encontro.
Possivelmente, será um dos maiores eventos sobre o tema já realizados no Brasil, diz Marcio Pochmann, presidente do IPEA (foto ao lado). A Code se assemelha às grandes conferências temáticas realizadas no governo Lula, explica Pochmann, com a diferença de que não tratará de apenas um tema. Ao tratar da questão do desenvolvimento, estaremos discutindo estratégias e políticas sobre saúde, educação, ciência e tecnologia, entre outras áreas.
O objetivo do encontro é criar um espaço nacional de debates no coração do Brasil, no momento em que o país volta a discutir planejamento e estratégias de desenvolvimento. Esses debates estarão organizados em torno de sete grandes eixos temáticos do desenvolvimento definidos pelo IPEA: inserção internacional soberana; macroeconomia para o desenvolvimento; fortalecimento do Estado, das instituições e da democracia; estrutura tecnoprodutiva integrada e regionalmente articulada; infraestrutura econômica, social e urbana; proteção social, garantia de direitos e geração de oportunidades; e sustentabilidade ambiental.
“Para nós do IPEA”, diz Pochmann, “é uma mudança institucional de grande porte”. “Até aqui, historicamente, os nossos debates sempre foram mais internos. Agora, estamos nos abrindo ao público e convidando representantes da sociedade a debater o presente e o futuro do país”. Essa novidade apareceu já na organização do evento, que conta com o apoio de 45 instituições da sociedade civil, entre sindicatos de trabalhadores e de empresários, entidades de classe, instituições de pesquisa e outras organizações.
O debate de fundo sobre o desenvolvimento do Brasil, observa o presidente do IPEA, ficou congelado durante cerca de 25 anos, a partir das crises que o país enfrentou nas décadas de 80 e de 90. Entre 1930 e 1980, assinala, o Brasil teve um grande salto de crescimento que não foi capaz, contudo, de enfrentar o problema da desigualdade social. A crise da dívida, a partir da década de 80, acabou por desfazer uma maioria política que até então governava o país. Nesse período, a economia brasileira que chegou a ser a oitava do mundo caiu para o 14° lugar. “A desigualdade, que já era grande, ficou congelada”, assinala Pochmann. E acrescenta:
“Agora, na primeira década do século 21, tivemos uma reorganização de uma maioria política em torno dos dois mandatos do presidente Lula. Com ela, abriu-se a possibilidade de um novo padrão de desenvolvimento capaz de combinar crescimento econômico, redução da desigualdade social e sustentabilidade ambiental”.
Os desafios e oportunidades colocados por esse novo padrão de desenvolvimento serão o tema central do encontro de três dias em Brasília. “Estaremos discutindo temas que representam gargalos e entraves ao nosso desenvolvimento. Alguns carregamos do passado, outros são temas do futuro”, resume Pochmann. Entre os temas do passado, destaca-se, por exemplo, o perfil da economia brasileira, ainda preso à produção e exportação de bens primários. “Já sabemos que esse modelo não é capaz de gerar empregos de qualidade, educação de qualidade e melhores salários. O Brasil precisa mudar sua relação com o mundo e isso passa, entre outras coisas, pela integração regional, por investimentos pesados em educação, epelo aprimoramento da nossa estrutura de Defesa que hoje não tem condições de defender todas as nossas fronteiras e recursos naturais”.
Em relação aos temas do futuro, Pochmann destaca a necessidade da refundação do Estado brasileiro, especialmente no que diz respeito ao seu funcionamento. Neste debate, a Reforma Tributária ocupa um lugar central. O Brasil precisa mudar o atual padrão regressivo de tributação, onde quem tem menos acaba pagando mais. Essa mudança é condição básica também para a implementação de investimentos massivos em educação, sem os quais o país não desatará os nós que ainda o amarram a um passado de desigualdades econômicas, sociais e regionais.
O presidente do IPEA também chama a atenção para a mudança do perfil demográfico brasileiro, registrada na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e que deve ser confirmada no Censo que está sendo realizado este ano. A partir de 2030, o Brasil deve ter regressão populacional, ou seja, o número de pessoas que vão nascer deve ser menor do que o número de pessoas que vão morrer. Essa tendência, destaca Pochmann, é diferente das previsões que eram feitas para o Brasil. “O cenário que temos pela frente é de redução da população jovem e de alteração radical da estrutura familiar. Em pouco tempo, teremos que discutir políticas de estímulo à natalidade”.
Outro ponto fundamental neste debate, destaca ainda Pochmann, é o da transição do trabalho material para o trabalho imaterial. “O conhecimento passa a ser cada vez mais estratégico, exigindo uma educação continuada, uma educação para toda a vida. As grandes empresas já perceberam isso e passaram a investir pesadamente em universidades corporativas”. O debate sobre a melhoria do sistema educacional brasileiro deverá enfrentar esse tema que hoje não está elaborado. Pochmann resume assim um dos principais problemas relacionados a esse tema:
Hoje, no Brasil, os filhos dos pobres estão condenados ao ingresso no mercado de trabalho muito cedo, o que implica, muitas vezes, o abandono da escola, quando não a combinação de brutais jornadas de atividades de 16 horas por dia (8 horas de trabalho, 2 a 4 horas de deslocamentos e 4 horas de freqüência escolar). A aprendizagem de qualidade torna-se muito distante nessas condições. Os filhos dos ricos, por sua vez, permanecem mais tempo na escola, ingressam mais tardiamente no mercado de trabalho e acabam ocupando os principais postos, com maior remuneração e status social, enquanto os filhos dos pobres seguem disputando a base da pirâmide do mercado de trabalho, transformado num mecanismo de reprodução das desigualdades no país.
Esse é um dos principais entraves para que o novo modelo de desenvolvimento que se quer implementar no Brasil alie crescimento econômico com justiça social. E esse será também um dos pontos centrais da conferência que ocorrerá esta semana em Brasília.
Maiores informações sobre a conferência, como a programação completa do encontro, podem ser acessadas no site do evento. As principais conferências serão transmitidas ao vivo pela internet.
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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) promove, entre os dias 24 e 26 de novembro, em Brasília, a 1ª Conferência do Desenvolvimento (Code), um encontro destinado a discutir planejamento e estratégias de desenvolvimento para o Brasil. Será uma conferência diferente das tradicionais lembrando um pouco o formato do Fórum Social Mundial. Um espaço de 10 mil metros quadrados foi construído no canteiro central da Esplanada dos Ministérios (em frente à Catedral de Brasília) para a Code.
Durante os três dias, serão nove painéis temáticos sobre o desenvolvimento, 88 oficinas, 50 lançamentos de livros, vídeos, exposições e shows artísticos e culturais. São esperados mais de 200 palestrantes e debatedores, entre conselheiros, diretores e técnicos de planejamento e pesquisa do instituto e acadêmicos de autoridades de todas as regiões do país. Até sexta-feira, já havia cerca de 4 mil inscritos para o encontro.
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Marcio Pochmann, presidente do Ipea |
O objetivo do encontro é criar um espaço nacional de debates no coração do Brasil, no momento em que o país volta a discutir planejamento e estratégias de desenvolvimento. Esses debates estarão organizados em torno de sete grandes eixos temáticos do desenvolvimento definidos pelo IPEA: inserção internacional soberana; macroeconomia para o desenvolvimento; fortalecimento do Estado, das instituições e da democracia; estrutura tecnoprodutiva integrada e regionalmente articulada; infraestrutura econômica, social e urbana; proteção social, garantia de direitos e geração de oportunidades; e sustentabilidade ambiental.
“Para nós do IPEA”, diz Pochmann, “é uma mudança institucional de grande porte”. “Até aqui, historicamente, os nossos debates sempre foram mais internos. Agora, estamos nos abrindo ao público e convidando representantes da sociedade a debater o presente e o futuro do país”. Essa novidade apareceu já na organização do evento, que conta com o apoio de 45 instituições da sociedade civil, entre sindicatos de trabalhadores e de empresários, entidades de classe, instituições de pesquisa e outras organizações.
O debate de fundo sobre o desenvolvimento do Brasil, observa o presidente do IPEA, ficou congelado durante cerca de 25 anos, a partir das crises que o país enfrentou nas décadas de 80 e de 90. Entre 1930 e 1980, assinala, o Brasil teve um grande salto de crescimento que não foi capaz, contudo, de enfrentar o problema da desigualdade social. A crise da dívida, a partir da década de 80, acabou por desfazer uma maioria política que até então governava o país. Nesse período, a economia brasileira que chegou a ser a oitava do mundo caiu para o 14° lugar. “A desigualdade, que já era grande, ficou congelada”, assinala Pochmann. E acrescenta:
“Agora, na primeira década do século 21, tivemos uma reorganização de uma maioria política em torno dos dois mandatos do presidente Lula. Com ela, abriu-se a possibilidade de um novo padrão de desenvolvimento capaz de combinar crescimento econômico, redução da desigualdade social e sustentabilidade ambiental”.
Os desafios e oportunidades colocados por esse novo padrão de desenvolvimento serão o tema central do encontro de três dias em Brasília. “Estaremos discutindo temas que representam gargalos e entraves ao nosso desenvolvimento. Alguns carregamos do passado, outros são temas do futuro”, resume Pochmann. Entre os temas do passado, destaca-se, por exemplo, o perfil da economia brasileira, ainda preso à produção e exportação de bens primários. “Já sabemos que esse modelo não é capaz de gerar empregos de qualidade, educação de qualidade e melhores salários. O Brasil precisa mudar sua relação com o mundo e isso passa, entre outras coisas, pela integração regional, por investimentos pesados em educação, epelo aprimoramento da nossa estrutura de Defesa que hoje não tem condições de defender todas as nossas fronteiras e recursos naturais”.
Em relação aos temas do futuro, Pochmann destaca a necessidade da refundação do Estado brasileiro, especialmente no que diz respeito ao seu funcionamento. Neste debate, a Reforma Tributária ocupa um lugar central. O Brasil precisa mudar o atual padrão regressivo de tributação, onde quem tem menos acaba pagando mais. Essa mudança é condição básica também para a implementação de investimentos massivos em educação, sem os quais o país não desatará os nós que ainda o amarram a um passado de desigualdades econômicas, sociais e regionais.
O presidente do IPEA também chama a atenção para a mudança do perfil demográfico brasileiro, registrada na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e que deve ser confirmada no Censo que está sendo realizado este ano. A partir de 2030, o Brasil deve ter regressão populacional, ou seja, o número de pessoas que vão nascer deve ser menor do que o número de pessoas que vão morrer. Essa tendência, destaca Pochmann, é diferente das previsões que eram feitas para o Brasil. “O cenário que temos pela frente é de redução da população jovem e de alteração radical da estrutura familiar. Em pouco tempo, teremos que discutir políticas de estímulo à natalidade”.
Outro ponto fundamental neste debate, destaca ainda Pochmann, é o da transição do trabalho material para o trabalho imaterial. “O conhecimento passa a ser cada vez mais estratégico, exigindo uma educação continuada, uma educação para toda a vida. As grandes empresas já perceberam isso e passaram a investir pesadamente em universidades corporativas”. O debate sobre a melhoria do sistema educacional brasileiro deverá enfrentar esse tema que hoje não está elaborado. Pochmann resume assim um dos principais problemas relacionados a esse tema:
Hoje, no Brasil, os filhos dos pobres estão condenados ao ingresso no mercado de trabalho muito cedo, o que implica, muitas vezes, o abandono da escola, quando não a combinação de brutais jornadas de atividades de 16 horas por dia (8 horas de trabalho, 2 a 4 horas de deslocamentos e 4 horas de freqüência escolar). A aprendizagem de qualidade torna-se muito distante nessas condições. Os filhos dos ricos, por sua vez, permanecem mais tempo na escola, ingressam mais tardiamente no mercado de trabalho e acabam ocupando os principais postos, com maior remuneração e status social, enquanto os filhos dos pobres seguem disputando a base da pirâmide do mercado de trabalho, transformado num mecanismo de reprodução das desigualdades no país.
Esse é um dos principais entraves para que o novo modelo de desenvolvimento que se quer implementar no Brasil alie crescimento econômico com justiça social. E esse será também um dos pontos centrais da conferência que ocorrerá esta semana em Brasília.
Maiores informações sobre a conferência, como a programação completa do encontro, podem ser acessadas no site do evento. As principais conferências serão transmitidas ao vivo pela internet.
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Seminário Políticas de Telecomunicações
A revista Teletime e o Centro de Políticas, Direito, Economia e Tecnologias das Comunicações da Universidade de Brasília (CCOM-UnB) promovem em fevereiro de 2011 o Seminário Políticas de (Tele) comunicações. Confira aqui o material de divulgação do evento.
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domingo, 21 de novembro de 2010
1º Encontro Regional de Blogueiros Progressistas - Blogs: A Revolução da Informação
O 1º Encontro Regional de Blogueiros Progressistas, desdobramento do Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, realizado em setembro, em São Paulo, acontece nos próximos dias 26, 26 e 27 de novembro, em Juiz de Fora com eventos que vão desde a exibição do filme UTOPIA E BARBÁRIE do cineasta Sílvio Tendler a palestras e debates, além de do show SERTÃO NA PALAVRA.
O 1º Encontro Regional de Blogueiros Progressistas deve reunir blogueiros de várias cidades da região e acontece num momento em que a Internet vê confirmada sua importância no processo de comunicação. Pesquisa realizada logo após as eleições presidenciais de outubro mostrou que a rede mundial de computadores foi o segundo veículo de comunicação mais usado entre partidos, candidatos e eleitores. Um dos pontos mais importantes do Encontro será a exemplo que vem acontecendo em todo o País, manifestar repúdio ao projeto de lei do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) que tenta criar mecanismos de censura na rede. O encontro está sendo organizado pela CASA DA AMÉRICA LATINA.
UTOPIA E BARBÁRIE
Um dos mais renomados cineastas brasileiros, com vários prêmios no País e no exterior, o cineasta Sílvio Tendler estará em Juiz de Fora no dia 25 para a um debate com os participantes do 1º Encontro Regional de Blogueiros Progressistas, logo após a exibição de seu filme UTOPIA E BARBÁRIE. O evento acontecerá no anfiteatro João Carriço (FUNALFA), na sede da antiga Prefeitura (Parque Halfeld), a partir das 19 horas.
Tendler entre outros filmes dirigiu ANOS JK, JANGO, MARIGHELLA e é considerado um humanista dentre os cineastas brasileiros. Já produziu mais de 40 filmes entre curtas, médias e longas metragens.
Seus filmes são um resgate da memória brasileira e buscam levar o espectador a refletir sobre a realidade do País e da América Latina, essencialmente. É detentor da maior bilheteria de documentários do cinema nacional. Um milhão e oitocentos mil espectadores em O MUNDO MÁGICO DOS TRAPALHÕES.
Entre os prêmios recebidos está o PRÊMIO SALVADOR ALLENDE do Festival de Trieste, Itália, em 2005, pelo documentário ENCONTRO COM MÍLTON SANTOS, o célebre geógrafo brasileiro, eleito também melhor filme do Júri Popular na última edição do Festival de Brasília.
O SERTÃO DA PALAVRA
Na sexta-feira, dia 26, a partir das 21 horas, no MESCLA, acontece o show o SERTÃO DA PALAVRA, com Aliciane Rodrigues, Marcos Marinho e banda. Música popular brasileira, latino-americana, onde a palavra e a poesia têm grande destaque. Os ingressos poderão comprados antecipadamente no próprio MESCLA.
Um dos objetivos do espetáculo é demonstrar a importância da integração latino-americana, a riqueza cultural dessa parte do mundo e o papel da comunicação, sobretudo a internet aliando teatro, música, poesia e literatura e buscar a confraternização solidária entre os participantes e presentes.
PALESTRAS E DEBATES
No sábado, último dia do encontro, acontecerão as palestras e debates na UNIVERSIDADE UNIVERSO, a partir das oito horas da manhã.
O primeiro tema será AS NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO – SEUS IMPACTOS NA ALDEIA GLOBAL e AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E A INTEGRAÇÃO LATINO AMERICANA.
Os temas serão expostos pelo historiador Alex Lombelo, o professor de filosofia Tiago Adão Lara e o jornalista Laerte Braga.
Às 12 horas, após um breve intervalo para o almoço, o tema será INTERNET, O FUTURO DA COMUNICAÇÃO, RELAÇÕES HUMANAS E DIREITOS e os expositores serão Edmilson Costa, pós doutor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, o ex-prefeito e ex-deputado Tarcísio Delgado e a professora Maria Helena Falcão.
Todas as palestras serão seguidas de debates entre os participantes e ás 15 horas serão formados os grupos de trabalho para a elaboração da CARTA DE PRINCÍPIOS do 1º ENCONTRO REGIONAL DE BLOGUEIROS PROGRESSISTAS.
O término do encontro está previsto para as 18 horas e será conferido certificado de participação aos presentes. Não há taxa de inscrição.
O 1º ENCONTRO REGIONAL DE BLOGUEIROS PROGRESSISTAS está sendo organizado pela CASA DA AMÉRICA DA LATINA e seu principal objetivo, além dos debates e da confraternização entre blogueiros é integrar o movimento nacional que dá novas formas ao jornalismo e já desponta como o principal veículo de comunicação do futuro. Neste momento a rede mundial de computadores só é superada, no Brasil, pela televisão. Mesmo em regiões mais afastadas e longínquas do País a internet já consegue espaço semelhante ao do rádio.
As conclusões serão incorporadas aos documentos do I ENCONTRO NACIONAL DE BLOGUEIROS PROGRESSISTAS, através do blog BARÃO DE ITARARÉ – São Paulo e servirão de temas preparatórios para o IV FÓRUM SOCIAL MINEIRO a realizar-se no próximo ano em Belo Horizonte.
Blog do Encontro:
1encontroblogueirosjf.blogspot.com
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O 1º Encontro Regional de Blogueiros Progressistas deve reunir blogueiros de várias cidades da região e acontece num momento em que a Internet vê confirmada sua importância no processo de comunicação. Pesquisa realizada logo após as eleições presidenciais de outubro mostrou que a rede mundial de computadores foi o segundo veículo de comunicação mais usado entre partidos, candidatos e eleitores. Um dos pontos mais importantes do Encontro será a exemplo que vem acontecendo em todo o País, manifestar repúdio ao projeto de lei do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) que tenta criar mecanismos de censura na rede. O encontro está sendo organizado pela CASA DA AMÉRICA LATINA.
UTOPIA E BARBÁRIE
Um dos mais renomados cineastas brasileiros, com vários prêmios no País e no exterior, o cineasta Sílvio Tendler estará em Juiz de Fora no dia 25 para a um debate com os participantes do 1º Encontro Regional de Blogueiros Progressistas, logo após a exibição de seu filme UTOPIA E BARBÁRIE. O evento acontecerá no anfiteatro João Carriço (FUNALFA), na sede da antiga Prefeitura (Parque Halfeld), a partir das 19 horas.
Tendler entre outros filmes dirigiu ANOS JK, JANGO, MARIGHELLA e é considerado um humanista dentre os cineastas brasileiros. Já produziu mais de 40 filmes entre curtas, médias e longas metragens.
Seus filmes são um resgate da memória brasileira e buscam levar o espectador a refletir sobre a realidade do País e da América Latina, essencialmente. É detentor da maior bilheteria de documentários do cinema nacional. Um milhão e oitocentos mil espectadores em O MUNDO MÁGICO DOS TRAPALHÕES.
Entre os prêmios recebidos está o PRÊMIO SALVADOR ALLENDE do Festival de Trieste, Itália, em 2005, pelo documentário ENCONTRO COM MÍLTON SANTOS, o célebre geógrafo brasileiro, eleito também melhor filme do Júri Popular na última edição do Festival de Brasília.
O SERTÃO DA PALAVRA
Na sexta-feira, dia 26, a partir das 21 horas, no MESCLA, acontece o show o SERTÃO DA PALAVRA, com Aliciane Rodrigues, Marcos Marinho e banda. Música popular brasileira, latino-americana, onde a palavra e a poesia têm grande destaque. Os ingressos poderão comprados antecipadamente no próprio MESCLA.
Um dos objetivos do espetáculo é demonstrar a importância da integração latino-americana, a riqueza cultural dessa parte do mundo e o papel da comunicação, sobretudo a internet aliando teatro, música, poesia e literatura e buscar a confraternização solidária entre os participantes e presentes.
PALESTRAS E DEBATES
No sábado, último dia do encontro, acontecerão as palestras e debates na UNIVERSIDADE UNIVERSO, a partir das oito horas da manhã.
O primeiro tema será AS NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO – SEUS IMPACTOS NA ALDEIA GLOBAL e AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E A INTEGRAÇÃO LATINO AMERICANA.
Os temas serão expostos pelo historiador Alex Lombelo, o professor de filosofia Tiago Adão Lara e o jornalista Laerte Braga.
Às 12 horas, após um breve intervalo para o almoço, o tema será INTERNET, O FUTURO DA COMUNICAÇÃO, RELAÇÕES HUMANAS E DIREITOS e os expositores serão Edmilson Costa, pós doutor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, o ex-prefeito e ex-deputado Tarcísio Delgado e a professora Maria Helena Falcão.
Todas as palestras serão seguidas de debates entre os participantes e ás 15 horas serão formados os grupos de trabalho para a elaboração da CARTA DE PRINCÍPIOS do 1º ENCONTRO REGIONAL DE BLOGUEIROS PROGRESSISTAS.
O término do encontro está previsto para as 18 horas e será conferido certificado de participação aos presentes. Não há taxa de inscrição.
O 1º ENCONTRO REGIONAL DE BLOGUEIROS PROGRESSISTAS está sendo organizado pela CASA DA AMÉRICA DA LATINA e seu principal objetivo, além dos debates e da confraternização entre blogueiros é integrar o movimento nacional que dá novas formas ao jornalismo e já desponta como o principal veículo de comunicação do futuro. Neste momento a rede mundial de computadores só é superada, no Brasil, pela televisão. Mesmo em regiões mais afastadas e longínquas do País a internet já consegue espaço semelhante ao do rádio.
As conclusões serão incorporadas aos documentos do I ENCONTRO NACIONAL DE BLOGUEIROS PROGRESSISTAS, através do blog BARÃO DE ITARARÉ – São Paulo e servirão de temas preparatórios para o IV FÓRUM SOCIAL MINEIRO a realizar-se no próximo ano em Belo Horizonte.
Blog do Encontro:
1encontroblogueirosjf.blogspot.com
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Mais uma do PIG e seus 'arquivos' da ditadura: A vingança póstuma de Octavio Frias de Oliveira
"Que credibilidade tem informações produzidas por torturadores? A baixaria continua..."
(comentário de leitor da Folha de S. Paulo diante disto)
Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania
O homem fardado e a declaração na foto acima correspondem a Octavio Frias de Oliveira, o falecido fundador do jornal Folha de São Paulo. Imagem e palavras pertencem a momentos distintos de sua vida. Todavia, unidas explicam por que seu herdeiro Otavio Frias Filho, o "Otavinho", foi resgatar em arquivos dos órgãos de repressão da ditadura militar as desculpas usadas por esta para prender e torturar Dilma Vana Rousseff, a presidente eleita do Brasil.
Frias de Oliveira lutou na Revolução Constitucionalista de 1932, que tentou dar um golpe de Estado contra Getúlio Vargas. Coerente com seu apreço pelo militarismo e pela derrubada de governos dos quais não gostava, apoiou o golpe militar de 1964. Nesse período, a Folha de São Paulo serviu de voz e pernas para os ditadores que se sucederiam no poder ao exaltá-los e ao transportar para eles seus presos políticos até os centros de tortura do regime.
No dia 21 de setembro de 1971, a Ação Libertadora Nacional (ALN) incendiou camionetes da Folha que eram utilizadas para entregar jornais. Os responsáveis acusavam o dono do jornal de emprestar os veículos para transporte de presos políticos. Frias de Oliveira respondeu ao atentado publicando um editorial na primeira página no dia seguinte, sob o título “Banditismo”.
Eis um trecho do texto:
“Os ataques do terrorismo não alterarão a nossa linha de conduta. Como o pior cego é o que não quer ver, o pior do terrorismo é não compreender que no Brasil não há lugar para ele. Nunca houve. E de maneira especial não há hoje, quando um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social-realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama. [...] Um país, enfim, de onde a subversão - que se alimenta do ódio e cultiva a violência – está sendo definitivamente erradicada, com o decidido apoio do povo e da imprensa, que reflete os sentimentos deste. Essa mesma imprensa que os remanescentes do terror querem golpear.”
O presidente da República de então era Emílio Garrastazu Médici. Nomeado presidente pelos militares, comandou o período mais duro da ditadura militar. Foi a época do auge das prisões, torturas e assassinatos de militantes políticos de esquerda pelo regime.
Apesar dos elogios de Frias de Oliveira à ditadura, segundo a Fundação Getúlio Vargas foi no governo Médici que a miséria e a concentração de renda ganharam impulso. O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo no período, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas.
O uso político que o jornal Folha de São Paulo começou a fazer neste sábado das desculpas da ditadura para prender e torturar impiedosamente uma garota de 19 anos que lutava para libertar seu país do regime de exceção constitui-se, portanto, em uma vingança póstuma de um homem que dedicou sua vida a uma luta incessante contra a democracia, obviamente por acreditar que o povo não sabia votar.
Luis Nassif Online: Comentando os documentos sobre Dilma Rousseff
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(comentário de leitor da Folha de S. Paulo diante disto)
Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania
O homem fardado e a declaração na foto acima correspondem a Octavio Frias de Oliveira, o falecido fundador do jornal Folha de São Paulo. Imagem e palavras pertencem a momentos distintos de sua vida. Todavia, unidas explicam por que seu herdeiro Otavio Frias Filho, o "Otavinho", foi resgatar em arquivos dos órgãos de repressão da ditadura militar as desculpas usadas por esta para prender e torturar Dilma Vana Rousseff, a presidente eleita do Brasil.
Frias de Oliveira lutou na Revolução Constitucionalista de 1932, que tentou dar um golpe de Estado contra Getúlio Vargas. Coerente com seu apreço pelo militarismo e pela derrubada de governos dos quais não gostava, apoiou o golpe militar de 1964. Nesse período, a Folha de São Paulo serviu de voz e pernas para os ditadores que se sucederiam no poder ao exaltá-los e ao transportar para eles seus presos políticos até os centros de tortura do regime.
No dia 21 de setembro de 1971, a Ação Libertadora Nacional (ALN) incendiou camionetes da Folha que eram utilizadas para entregar jornais. Os responsáveis acusavam o dono do jornal de emprestar os veículos para transporte de presos políticos. Frias de Oliveira respondeu ao atentado publicando um editorial na primeira página no dia seguinte, sob o título “Banditismo”.
Eis um trecho do texto:
“Os ataques do terrorismo não alterarão a nossa linha de conduta. Como o pior cego é o que não quer ver, o pior do terrorismo é não compreender que no Brasil não há lugar para ele. Nunca houve. E de maneira especial não há hoje, quando um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social-realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama. [...] Um país, enfim, de onde a subversão - que se alimenta do ódio e cultiva a violência – está sendo definitivamente erradicada, com o decidido apoio do povo e da imprensa, que reflete os sentimentos deste. Essa mesma imprensa que os remanescentes do terror querem golpear.”
O presidente da República de então era Emílio Garrastazu Médici. Nomeado presidente pelos militares, comandou o período mais duro da ditadura militar. Foi a época do auge das prisões, torturas e assassinatos de militantes políticos de esquerda pelo regime.
Apesar dos elogios de Frias de Oliveira à ditadura, segundo a Fundação Getúlio Vargas foi no governo Médici que a miséria e a concentração de renda ganharam impulso. O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo no período, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas.
O uso político que o jornal Folha de São Paulo começou a fazer neste sábado das desculpas da ditadura para prender e torturar impiedosamente uma garota de 19 anos que lutava para libertar seu país do regime de exceção constitui-se, portanto, em uma vingança póstuma de um homem que dedicou sua vida a uma luta incessante contra a democracia, obviamente por acreditar que o povo não sabia votar.
Luis Nassif Online: Comentando os documentos sobre Dilma Rousseff
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sábado, 20 de novembro de 2010
Um Herói Chamado Zumbi
Cordel de Antônio Héliton de Santana
- Você conhece Zumbi?
Zumbi, o grande guerreiro
Liderança de Palmares
Comandante derradeiro
Defensor da liberdade
Herói negro brasileiro?
- Zumbi herói nasceu livre
No Quilombo dos Palmares
Como pássaro na mata
Como golfinho nos mares
Como a voz que livre voa
Atingindo céu e ares
Num ataque ao Quilombo
O menino foi levado
Para o lugar Porto Calvo
A um padre foi doado
Ao padre Antônio Melo
Que o criou com cuidado
4- Batizou logo o menino
Com o nome de Francisco
Conto a história ligeiro
Nem pestanejo, nem pisco
Se penetrar nos meus olhos
Qualquer poeira ou cisco
6- Zumbi aprendeu a ler
Tornou-se até coroinha
O Português e o latim
Na memória ele tinha
Menino inteligente
- Zumbi herói nasceu livre
No Quilombo dos Palmares
Como pássaro na mata
Como golfinho nos mares
Como a voz que livre voa
Atingindo céu e ares
- Num ataque ao Quilombo
O menino foi levado
Para o lugar Porto Calvo
A um padre foi doado
Ao padre Antônio Melo
Que o criou com cuidado
Batizou logo o menino
Com o nome de Francisco
Conto a história ligeiro
Nem pestanejo, nem pisco
Se penetrar nos meus olhos
Qualquer poeira ou cisco
Ao completar quinze anos
Retornou para o seu povo
Voltando para o Quilombo
Quebrou a casca do ovo
Pra lutar por liberdade
Construir um mundo novo
Ele foi reconhecido
Francisco, era Zumbi
Menino, há muitos anos
Levado longe daqui
A esperança voltou
O fato de ter voltado
Para a sua comunidade
Em nada atrapalhou
A relação de amizade
Com o tal de padre Melo
Seu amigo de verdade
Zumbi tornou-se guerreiro
Defensor da liberdade
Por isso ele foi morto
Esta é a pura verdade
Porém, continua vivo
Em todo que tem vontade
tem vontade e luta
Pelo bem desta nação
Para que haja justiça,
Emprego, casa e pão;
Terra para quem trabalha
Pra ter fim a servidão
O primeiro passo é
Com o povo se juntar
Se uma mão lava a outra
Comece a organizar
Mesmo o sal quando é pouco
Ajuda a temperar
O exemplo de Zumbi
Não é só pra ser lembrado
Ele continua vivo
Se você tem o cuidado
De defender bem a vida
Já lhe dei o meu recado
Comunique-se com grupos
Procure informação
Leia o que for possível
Importante a formação
Quem tem boca vai à Roma
Diga-me se é ou não
Agora é começar
Você é novo Zumbi
Essa idéia não morreu
Vive mexendo aqui
Dentro do meu coração
E mexe no seu aí.
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- Você conhece Zumbi?
Zumbi, o grande guerreiro
Liderança de Palmares
Comandante derradeiro
Defensor da liberdade
Herói negro brasileiro?
- Zumbi herói nasceu livre
No Quilombo dos Palmares
Como pássaro na mata
Como golfinho nos mares
Como a voz que livre voa
Atingindo céu e ares
Num ataque ao Quilombo
O menino foi levado
Para o lugar Porto Calvo
A um padre foi doado
Ao padre Antônio Melo
Que o criou com cuidado
4- Batizou logo o menino
Com o nome de Francisco
Conto a história ligeiro
Nem pestanejo, nem pisco
Se penetrar nos meus olhos
Qualquer poeira ou cisco
6- Zumbi aprendeu a ler
Tornou-se até coroinha
O Português e o latim
Na memória ele tinha
Menino inteligente
- Zumbi herói nasceu livre
No Quilombo dos Palmares
Como pássaro na mata
Como golfinho nos mares
Como a voz que livre voa
Atingindo céu e ares
- Num ataque ao Quilombo
O menino foi levado
Para o lugar Porto Calvo
A um padre foi doado
Ao padre Antônio Melo
Que o criou com cuidado
Batizou logo o menino
Com o nome de Francisco
Conto a história ligeiro
Nem pestanejo, nem pisco
Se penetrar nos meus olhos
Qualquer poeira ou cisco
Ao completar quinze anos
Retornou para o seu povo
Voltando para o Quilombo
Quebrou a casca do ovo
Pra lutar por liberdade
Construir um mundo novo
Ele foi reconhecido
Francisco, era Zumbi
Menino, há muitos anos
Levado longe daqui
A esperança voltou
O fato de ter voltado
Para a sua comunidade
Em nada atrapalhou
A relação de amizade
Com o tal de padre Melo
Seu amigo de verdade
Zumbi tornou-se guerreiro
Defensor da liberdade
Por isso ele foi morto
Esta é a pura verdade
Porém, continua vivo
Em todo que tem vontade
tem vontade e luta
Pelo bem desta nação
Para que haja justiça,
Emprego, casa e pão;
Terra para quem trabalha
Pra ter fim a servidão
O primeiro passo é
Com o povo se juntar
Se uma mão lava a outra
Comece a organizar
Mesmo o sal quando é pouco
Ajuda a temperar
O exemplo de Zumbi
Não é só pra ser lembrado
Ele continua vivo
Se você tem o cuidado
De defender bem a vida
Já lhe dei o meu recado
Comunique-se com grupos
Procure informação
Leia o que for possível
Importante a formação
Quem tem boca vai à Roma
Diga-me se é ou não
Agora é começar
Você é novo Zumbi
Essa idéia não morreu
Vive mexendo aqui
Dentro do meu coração
E mexe no seu aí.
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