terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Descoberta da Pólvora


Laerte Braga

O que querem os jovens árabes? Ocidentalizar seus países, jogar por terra uma cultura de milênios e instalar em cada esquina uma loja da cadeia MaDonalds substituindo seus valores por um hambúrguer e um monte de suas variedades?

Coca cola, tênis de marca, jeans que soa como liberdade?

Só é possível entender uma revolução contra regimes ditatoriais de figuras abjetas, caso do presidente do Egito o general Hosni Mubarak, ou o da Líbia, o coronel Muamar Gaddafi, o do Iêmen, do Barein, o rei saudita, se houver um propósito definido nessa ânsia de democracia.

Democracia tutelada pelos generais egípcios com Mubarak numa estação de veraneio?

Democracia na definição clássica “é o governo do povo, pelo povo e para o povo”. A intervenção norte-americana (por enquanto através de pressão e controle exercido sobre os militares do Egito) sepulta qualquer chance de democracia.

Aceitar passivamente a política terrorista do governo de Israel, ignorar o drama do povo palestino?
No final da semana passada os EUA vetaram uma resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU que condenava os assentamentos israelenses em terras palestinas. O direito de veto das chamadas grandes potências equivale ao de definir o mundo ao sabor dos seus interesses.

O governo egípcio de Hosni Mubarak vendia petróleo a Israel por preços abaixo dos do mercado internacional por conta de um acordo feito debaixo de fortes pressões norte-americanas e os generais continuam a honrar o desonroso acordo.

A passagem de navios da Marinha do Irã pelo Canal de Suez provocou protestos de Israel e o governo de Barack Obama disse que iria “monitorar” o canal. 

Uai! Quem manda no Egito? Os egípcios ou os norte-americanos E seus generais cheios de medalhas por ajudar velhinha a atravessar a rua, ou por cárceres cheios de opositores torturados?

As “preocupações” da comunidade internacional com as revoltas nos países árabes cingem-se aos “negócios”, aos seus interesses e a garantia da impunidade das práticas terroristas do governo de Israel.
Não existe nenhuma comoção com a vontade dos povos árabes de encontrar seu próprio caminho a partir de seus valores, suas vontades, pois na cabeça dos norte-americanos o que não é “made in USA” não presta.

As forças armadas desses países, em sua esmagadora maioria, está corrompida pelos ditadores e pelos EUA (não é o caso da Líbia, por enquanto).

Militares como Gadfafi promovem revoluções libertárias e nacionalistas e ao se instalar no poder jogam o ideário fora, criam verdadeiras aberrações em matéria de ditaduras, se ditadura, qualquer uma, por si só, não seja em si uma aberração.

A região é rica em petróleo. A guerra do Iraque foi montada em cima de uma farsa – armas químicas e biológicas – para que norte-americanos e suas colônias européias pudessem – como fizeram – ratear o petróleo.

São os povos árabes, só os povos árabes que devem decidir e definir os rumos que pretendem.
Quando o governo de extrema-direita da França fala em violência na Líbia, esquece-se da violência de franceses contra os argelinos na luta pela independência do País. Nem tão remota assim, nas décadas de 50 e 60 do século passado. Menos ou pouco mais de 50 anos.

Quando Barack Obama vai compungido para as redes de tevê no show do conglomerado EUA/ISREAL TERRORISMO S/A falar em liberdades e direitos humanos nem se lembra do campo de concentração de Guantánamo, das prisões no Iraque, ou de bombardeios – sábado houve outro – contra civis no Afeganistão e muito menos das revelações feitas pelo site WIKILEAKS sobre a barbárie norte-americana em cada canto do mundo.

Do massacre de civis na Colômbia, no Haiti (com a cumplicidade dócil e submissão do governo brasileiro).

Investem logo contra o Irã. O demônio preferido do momento. Os presidentes no Irã são eleitos pelo voto e após a revolução islâmica seis iranianos já presidiram o país.

A falta de lideranças de oposição nos países árabes acaba por permitir que velhos generais mantenham o poder, mantenham as estruturas das ditaduras e a submissão aos EUA. É o que está acontecendo no Egito.

Massacre! Existe na história da humanidade massacre maior que as bombas despejadas sobre Hiroshima e Nagazaki?

Ou o napalm sobre as florestas do Vietnã? O uso de balas de urânio empobrecido contra iraquianos pelos rapazes de Bush e Obama?

Só aos povos árabes cabe decidir o seu destino. 

Que diferença existe em Obama e Gaddafi exceto no fato de Obama dispor de Hollywood e bons diretores para sua farsa?

O que é Obama além de um pastel de vento na força predadora e estúpida de um conglomerado terrorista – EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A –.

A democracia e a liberdade, os direitos humanos do ponto de vista dos EUA terminam quando seus aliados são ameaçados, suas colônias na Ásia, na África, na Europa?

Há todo um processo de barbárie implementado a partir de Washington. De um poder imperial e sem entranhas, onde o próprio povo norte-americano começa a ser cada vez mais entorno do conglomerado que governa o país e dia a dia vai se tornando mais doente na doença do capitalismo, no fundamentalismo do deus mercado, no terror de arsenais nucleares.

No Brasil não é muito diferente. A democracia tem forma na Constituição, mas a Polícia Militar do Estado de São Paulo prende e algema uma professora que trazia em sua bolsa um tablete de rapadura achando que fosse uma droga.

Ou na escrivã, também São Paulo, que é despida por delegados para ser revistada numa brutal violência contra a mulher.

Esse tipo de violência é intrínseco ao poder totalitário entranhado na cultura dos povos do mundo inteiro por conta desse tentáculo terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Invadem uma favela e matam dois inocentes alegando que estavam travando tiroteio com traficantes. Quantos policiais não sobem aos morros para buscar a “gratificação”?

O que tem uma coisa a ver com a outra? A ditadura escancarada em muitos países a forma “suave” de barbárie que permeia todas as nações do mundo.

Ao apagar das luzes da ditadura militar no Brasil o general Octávio Medeiros, um dos mais influentes ministros de Figueiredo, disse a jornalistas que eleições diretas só em 1990, isso em plena campanha DIRETAS JÁ.

Medeiros foi um dos responsáveis pelo atentado fracassado do Riocentro.

O que ocorre nos países árabes é um preâmbulo do futuro de países latinos, asiáticos e africanos submetidos a democracias construídas sobre escombros de ditaduras, ou a ditaduras mesmo.
É um processo, é a história.

O que os árabes estão a fazer é a descoberta da pólvora. De uma forma ou de outra, mesmo que não saibam que caminho tomar numa eventual bifurcação, cabe a eles, só a eles decidir o destino de seus países.

O conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A quer apenas comprar borracha e vender pneu.

E controlar generais especialistas em ajudar velhinhas a atravessar a rua. Dá direito a medalha. 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

'Apropriação de terras' prejudica agricultores de países pobres

Fonte: Deutsche Welle

Investidores de países industrializados e emergentes compram cada vez mais terras em países em desenvolvimento. Agricultores locais são quem perdem com o fenômeno do Land-Grabbing.

Em 2008, o governo de Madagascar pretendia vender um quarto de toda a terra arável da ilha à multinacional sul-coreana Daewoo. No entanto, os governantes não contaram com os enfurecidos agricultores locais, que protestaram intensamente contra a medida. No ano seguinte, foram esses mesmos agricultores que derrubaram o governo de Madagascar.

Land-Grabbing (apropriação de terras, em inglês) é o termo utilizado para designar as compras de grandes porções de terras, seja por Estados ou por empresas, em países em desenvolvimento.

A fim de assegurar o abastecimento de alimentos em seus países, nações muito populosas ou que são pobres em fontes de água, como China, Índia, Coreia do Sul ou Estados do Golfo Pérsico, compram grandes porções de terra em países economicamente desfavorecidos, enchendo os bolsos dos governos desses países com bilhões de euros.

Os agricultores locais, que há gerações trabalham nessas terras, acabam ficando sem nada. Os sistemas tradicionais de uso dessas terras e a falta de cadastro dos agricultores fazem com que os governos as considerem como sem uso e as venda, ainda que milhares de famílias de agricultores vivam nessas propriedades, explica Martin Bröckelmann-Simon da Misereor, organização da Igreja Católica alemã para a ajuda ao desenvolvimento. Isso significa que esses agricultores terão que, muitas vezes em brevíssimo espaço de tempo, abandonar suas terras.

Fome, pobreza e êxodo rural

São justamente os países em desenvolvimento que dependem do capital internacional. Os governos desses países atraem, com concessões e estímulos, Estados e empresas ávidos por adquirir terras. Desses investimentos bilionários, os agricultores não veem sequer um centavo. Em vez disso, esse dinheiro é direcionado para projetos de prestígio. Por exemplo, no caso do Quênia, lá o Emirado do Catar cultiva frutas e verduras numa área de 40.000 hectares. Em contrapartida, o Catar deverá construir um porto no valor de 2,3 bilhões de euros.

Além disso, a crescente demanda de energia, tanto dos países industrializados quanto dos países emergentes, faz com que cada vez mais terras sejam compradas para produção de biodiesel. A China planeja na República Democrática do Congo a maior plantação de óleo de dendê do mundo. Estima-se que a área arrendada pelos chineses tenha uma superfície de 2,8 milhões de hectares.

A destruição da agricultura doméstica tem uma consequência dramática para os países em desenvolvimento. A soberania alimentar dos países que recebem esses investimentos estará severamente em risco, justamente por causa dessas aplicações", argumenta Bröckelmann-Simon da Misereor. Com isso crescem os problemas relativos à fome, à urbanização e à pobreza, explica.

Crise financeira fortaleceu fenômeno

Números confiáveis relativos à dimensão do Land-Grabbing não existem. A venda de grandes porções de terras acontece, na maioria das vezes, às escuras.

No entanto, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que, entre 2006 e 2009, países industrializados e emergentes compraram cerca de 33 milhões de hectares de terras em países em desenvolvimento, uma área que equivale quase ao território da Alemanha.

O Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar (International Food Policy Research Institute), em Washington, estima que o volume de investimentos é de 30 bilhões de dólares. Desde o início da crise financeira em 2008, o fenômeno de compra de terras em países em desenvolvimento cresce significativamente, diz Marita Wiggerthale da organização de ajuda humanitária Oxfam na Alemanha. A terra se tornou um investimento financeiro atraente e, por isso, ocorreu uma correspondente compra especulativa de terras, explica.

Legislação internacional

A FAO trabalha com governos e ONGs no sentido de estabelecer um arcabouço jurídico internacional, a fim de solucionar o problema da apreensão de terras.
Até o final do ano, tal legislação deverá ser aprovada. Esse código deve assegurar que os governos sejam obrigados a prestar contas à sua população, postula Marita Wiggerthale, da Oxfam. No final, eu acredito que a questão mais importante é se essa legislação será devidamente implementada ou se nós vamos ter apenas um mero pedaço de papel, que, de fato, ninguém realmente levará a sério, explica.

Autor: Christoph Ricking (pp)
Revisão: Carlos Albuquerque

Colômbia é líder mundial em deslocamento forçado


Por Helda Martinez, da IPS 

Bogotá, Colômbia, 18/2/2011 – “Queremos gritar ao mundo e ninguém poderá nos calar: o deslocamento forçado de pessoas continua na Colômbia e por isso pedimos solidariedade. Não somos terroristas, não somos criminosos, somos camponeses que tiveram roubados seus direitos e sua dignidade”. Assim disse à IPS, com raiva e tristeza, um líder popular do departamento de Tolima, que pediu para não ser identificado devido a ameaças, diante da Agência Presidencial para a Ação Social e a Cooperação Internacional, onde forças de segurança impediram, na semana passada, outro protesto de camponeses que perderam suas terras por causa dos enfrentamentos armados.

Cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre 1985 e 2010, foram tiradas das zonas rurais, segundo um informe, divulgado no dia 16, pela não governamental Consultoria para os Direitos Humanos e o Deslocamento (Codhes). Este número confirma que a Colômbia continua no topo da lista de países com maior quantidade de pessoas obrigadas a deixar suas casas e refugiadas pela violência política, como já havia indicado em 2009 o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

O estudo “Consolidação do que?. Um informe sobre deslocamento, conflito armado e direitos humanos na Colômbia em 2010” foi concluído no período de transição do governo de Álvaro Uribe (2002-2010) para o atual de Juan Manuel Santos, afirmaram os autores. “Ao contrário de seu antecessor, o presidente Santos promove o diálogo nacional e político, inclui a paz em sua agenda e reivindica o direito das vítimas”, ressaltaram.

Acrescentaram que “é cedo para saber se a virada se consolidará”, mas a esperança é conseguir uma “solução militar para o conflito armado que afeta o país” desde começo dos anos 1960. Esta guerra obrigou, nos últimos 25 anos, “11,4% da população colombiana a mudar de residência, porque sua vida, integridade física ou liberdade ficaram vulneráveis ou ameaçadas”, diz o documento de 140 páginas. Somente nos dois mandatos de Uribe aconteceu metade dos deslocamentos contabilizados.

A Ação Social Presidencial afirmou que 86.312 pessoas tiveram que abandonar suas casas em 2010, mas a Codhes elevou esse número para 280 mil, baseando-se no acompanhamento diário do fenômeno, na verificação de informação e adição de fontes secundárias. Estatísticas analisadas no contexto da violência e do deslocamento em regiões de execução do Plano Nacional de Consolidação Territorial indicam que 32,7% dos refugiados são oriundos de municípios incluídos nessa política de luta contra as guerrilhas esquerdistas.

Esse programa foi adotado por Uribe em 2007 com o pretexto de “cumprir os objetivos de consolidação da Segurança Democrática, manter a confiança dos investidores e avançar na política social efetiva”. Incluiu 86 dos 1.141 municípios em que se divide o país. Em 21 deles foram desenvolvidos projetos de prospecção, exploração ou exportação de minerais, e em outros 14 o plantio de forma intensiva da palma e substituição de cultivos agrícolas pelos destinados a produzir biocombustíveis. Todos são projetos produtivos relacionados com o despojo violento de terras, segundo a Codhes.

A Comissão de Acompanhamento da Política Pública sobre Deslocamento Forçado, formada como resultado de decisões da Corte Constitucional em 2004, assegura que entre 1980 e julho de 2010 foram confiscados mais de 6,6 milhões de hectares por ações violentas atribuídas a grupos armados ilegais. Os departamentos afetados coincidem com as regiões nas quais se desenvolve o Plano, com ênfase nos departamentos de Antioquia e Chocó, com 1,9 milhão de hectares alienados.

A Codhes informa que 44 municípios dos 86 incluídos no Plano fazem parte dos que registraram a maior expulsão de moradores no ano passado, com seis episódios que afetaram mais de 2.684 pessoas e onde foram cometidos 19 massacres nos quais morreram 92 pessoas. Acrescenta que nessa zona foram registrados 176 assassinatos, incluindo indígenas, funcionários públicos, líderes comunitários, um ativista pelos direitos humanos e um jornalista.

O processo de restituição de terras ou concessão se viu envolvido em outra violência extrema, que custou a vida, entre março de 2002 e janeiro de 2011, de 44 líderes de populações deslocadas. A isso se soma a pobreza na qual essas pessoas caem quando têm de se radicar longe de sua origem, com indicadores que chegam a até 70%.

“Meu marido criava animais, tínhamos mulas de arreio, também cultivávamos mandioca, banana, cacau e negociávamos nossa colheita em Norte de Santander. Eles o mataram e tudo ficou lá, enterrado, nas mãos de outros”, contou à IPS Miryam Rojas em 2009, durante a ocupação que refugiados mantiveram por três meses no parque central Tercer Milenio, em Bogotá. “Foi muito difícil. Olhava as escrituras das minhas terras e chorava”, acrescentou.

O diretor da Codehs, Jorge Rojas, disse que o informe questiona a política de Uribe e seu Plano Nacional de Consolidação, porque “em seus primeiros três anos de execução há muitas dúvidas sobre sua efetividade”. Os 5,2 milhões de deslocados colocam este país em primeiro lugar no mundo nessa matéria, seguido de Sudão, Iraque e Afeganistão, segundo o informe da Codhes. Envolverde/IPS

FOTO
Crédito:
Helda Martínez/IPS
Legenda: Jorge Rojas, diretor da Codhes.

(IPS/Envolverde)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Chuvas, chamas e luz


*Cristovam Buarque

As dores não têm escala de medição. Mas algumas são mais profundas, outras mais extensas.

Nada pode ser comparado em profundidade à dor de recuperar o corpo sem vida de um filho soterrado. A extensão desta dor se amplia quando o número de mortos chega a centenas de corpos em uma mesma cidade, como vimos nestas últimas semanas na região montanhosa do Rio de Janeiro.

É de outra escala, mas também forte, a dor daqueles que, nestes últimos dias, viram seus sonhos de alegria incinerados pelas chamas.

Muito diferente é a dor, sem choros, mas extensa socialmente, daqueles que percebem a tragédia, nestes mesmos dias, da volta às aulas nas escolas do Brasil. As crianças voltam até com alegria pelo reencontro
de amigos, pela algazarra da convivência. Mas, olhando com mais cuidado, percebe-se que neste imenso movimento de quase 53 milhões de alunos, outros 50 milhões de pais, dois milhões de professores, em
cerca de 200 mil escolas, há um processo de soterramento e de incineração do futuro.

Ao longo da nossa história, nossas crianças têm sido matriculadas em escolas defasadas das exigências educacionais necessárias para o século XXI. Em conseqüência deste passado, apesar de esforços recentes, em pleno século XXI, cerca de 3% do total de nossas crianças não ingressarão na escola este ano. Parece pouco e muitos comemoram a diinuição desta exclusão em relação às últimas duas décadas, mas esquecem que esta pequena percentagem significa cerca de dois milhões de crianças.

Dos que se matricularão e voltarão à escola nesta semana, a maior parte ainda não a freqüentará todos os dias ou não assistirá todas as aulas, ou não permanecerá na escola todos os anos da infância e da adolescência.

Dentre os que superarem todas estas falhas, poucos adquirirão o conhecimento necessário para enfrentar os desafios do futuro. Não aprenderão a deslumbrar-se com a beleza das artes, não adquirirão a capacidade de indignar-se com as injustiças, nem o compromisso delutar por um Brasil melhor; nem a sensibilidade cidadã para uma convivência social mais respeitosa e democrática; nem o conhecimento científico necessário para a construção de uma sociedade mais eficiente, sintonizada com a modernidade do mundo.

Nas atuais condições, não mais de 20% terminarão um ensino médio de qualidade satisfatória. O que agrava ainda mais a situação é o fato de que o conhecimento se distribuirá de forma desigual, fazendo da escola o berço da desigualdade, no lugar da escada para a igualdade.

A continuidade deste passado histórico representará uma forma de soterramento do saber, de incineração de cérebros. Hoje não sentimos a dor desta perda, porque banalizamos e nos acostumamos com a tragédia
que acontece de forma indolor, sem chuvas, sem chamas, sem choros.

Mas amanhã, se continuarmos no ritmo do passado, estaremos amarrados a viver em um país com todas as conseqüências do descaso com a educação; com desigualdade, violência, pobreza, uma economia atrasada, mesmo que potente, e até insegurança nas encostas dos morros e nos barracões das escolas de samba.

Com sua repetição secular, a tragédia da deseducação deixa de ser sentida, perdemos consciência dela. Mas quem mergulha no futuro com sentimento patriótico, olhando o que ocorre ao redor, no mundo por vir, sente que falta fazer hoje uma revolução na educação, para assim, construirmos o amanhã.

Para os que têm esta consciência, a dor histórica não tem a profundidade da perda de entes queridos, mas é grande pela extensão de suas conseqüências: o risco da Nação ter seu futuro comprometido.

Felizmente, desperta no Brasil a dor e o sentimento com este risco. Diversas organizações lutam pela necessidade de mudanças na educação. Mas, sobretudo, a fala da presidenta Dilma em seu primeiro
pronunciamento em cadeia nacional traz esperança.

Pela primeira vez em nossa história, um governante nacional escolhe esta data e este tema para falar à Nação, ao invés de outros temas considerados mais importantes. Sobretudo, pela primeira vez ouve-se de
um Chefe de Estado a idéia de que "País rico é país sem pobreza", e o caminho para esse progresso é a educação.

Como a presidenta solicitou, cabe a nós alertarmos, sugerirmos, apoiarmos e cobrarmos tudo que é preciso fazer para realizar a Revolução na Educação que o Brasil precisa e pode fazer. A presidenta mostrou uma luz. Compromete-se com ações e convoca o país, cada cidadã e cidadão a cumprir sua parte na luta por uma revolução na Educação.

* É Professor da Universidade de Brasília e Senador pelo PDT/DF


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Velhos e corruptos generais

Laerte Braga

É uma ilusão vendida pela mídia privada em quase todo o mundo a neutralidade do exército egípcio na crise que vai levando de roldão a ditadura do general Hosni Mubarak. Os velhos generais que controlam as forças armadas são ligados ao ditador, aliados de Israel e corrompidos pelos trinta anos de poder e privilégios.

Se ainda não houve um massacre de revoltosos civis e desarmados é porquebuscam uma alternativa a Mubarak que não mude coisa alguma. E porque não querem chocar o mundo com um banho de sangue. É resultado da ação dos Estados Unidos e suas colônias européias e dos interesses do governo nazi/sionista de Israel. É necessário não deixar rastros da barbárie.

A mídia independente em países europeus, mesmo privada, já noticia que aviões israelenses desembarcaram no Cairo com armas especiais para dispersar protestos, manifestações, enfim, por fim à rebelião.

Em dois de setembro de 1945 Ho Chi Min proclamou a independência da República Democrática do Vietnã. Na derrota militar francesa em Dien Bien Phu, a partilha do Vietnã ficou consolidada até a expulsão dos  norte-americanos, no início da década de 70 do século passado.

Os norte-americanos ao perceberem a iminência da derrota dos franceses ofereceram duas bombas atômicas emprestadas para que Paris pudesse fim à guerra. Os franceses tiveram o bom senso de não aceitá-las.

Na década de 80 do século XX Israel colocou à disposição do presidente branco da África do Sul, Frederik Willem de Klerk, uma bomba atômica para acabar com a luta do povo negro e garantir a hegemonia da população branca, minoritária.

Era tarde. A mesma bomba foi oferecida a Pieter Willem  Botha. Em 1994, após anos na prisão, Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul e terminava o regime do apartheid.

São Tomás de Aquino entendia que a guerra pode ser justa desde que preencha condições como ser declarada por uma autoridade legítima, ser por uma causa justa e ser conduzida sem ódio e excluindo a mentira (Suma Teológica, II, 40.).

João XXIII na encíclica MATER ET MAGISTRA considera válidos os recursos da luta armada quando esgotados todos os demais. Essa posição não foi revista pelo papa Paulo VI e nem no breve período de João Paulo I, o cardeal Albino Luciani. Os dois “papas” seguintes, João Paulo II e o atual Bento XVI tiveram e têm o caráter fascista da igreja absolutista e medieval. Bárbara.

São criminosos.

Os egípcios vivem um dilema. Não querem a ditadura militar de Mubarak e seus generais. Não toleram Omar Suleiman, o vice-presidente, ligado aos EUA e a  Israel (responsável pelo massacre de milhares de palestinos que fugiam do genocídio do estado nazi/sionista, pela fronteira entre os dois países, Egito e Israel) e não acreditam que os velhos e corrompidos generais sejam capazes de restaurar a dignidade nacional e os direitos elementares do povo.

A neutralidade dos militares é apenas a impossibilidade de massacrar o povo, o temor de um conflito que se espalhe por todo o Oriente Médio e ponha em risco os interesses dos norte-americanos e de Israel.

Quando os EUA ofereceram à França duas bombas atômicas para por fim à guerra da antiga Indochina nem por um instante se preocuparam com os milhares de mortos caso o governo de Paris tivesse aceito a oferta.

Não tiveram essa preocupação nem em Hiroshima e nem em Nagazaki quando a guerra já estava ganha e as duas bombas foram manifestações estúpidas de força e terrorismo.

Nem Israel se preocupou com os negros africanos quando ofereceu uma bomba nuclear ao governo racista da África do Sul.

O que importava ali, nas duas ocasiões, como o que importa hoje, são os “negócios”.

A Europa Ocidental é uma região do mundo colonizada pelos Estados Unidos. Países como a Grã Bretanha, Suécia, Itália, Alemanha não têm autonomia alguma diante de Washington.

Os povos africanos, asiáticos, latino-americanos e o povo muçulmano são os alvos do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Na década de 60 assumiram o controle das forças armadas dos países latino-americanos (a exceção de Cuba) e impuseram ditaduras cruéis e um poder militar sem entranhas. No Brasil inclusive.

Despejam na Somália lixo atômico e consideram os somalis piratas por se revoltarem contra essa violação clara de sua soberania.

Controlam a mídia privada em boa parte do mundo e se sustentam tanto no espetáculo como no terror dos seqüestros, assassinatos seletivos, campos de concentração, guerras contínuas onde a vitória não importa, importam os negócios.

Os velhos generais egípcios e toda a sua arrogância – Mubarak é um deles –foram derrotados em todas as ações militares que tentaram empreender contra Israel e acabaram aceitando a tutela norte-americana (e o dinheiro lógico). São podres, estão carcomidos pela incompetência, pela corrupção e pela absoluta ausência de compromisso com o Egito.

Não são diferentes da maioria esmagadora das forças armadas em todo o mundo, inclusive a nossa (não aceita a história real da ditadura, prefere manter oculta toda a barbárie do período).

O indicativo de todo esse preconceito veio no discurso do primeiro-ministro britânico, David Cameron, moleque de recados dos EUA, ao anunciar que o multiculturalismo fracassou. Não é bem assim. Não interessa aos “donos” que o multiculturalismo seja uma realidade à medida que atrapalha os negócios e
tanto a guerra como o terrorismo são grandes negócios.

A revolução egípcia não se resume à queda de Hosni Mubarak, um velho corrupto general/ditador. Omar Suleiman é inaceitável para o povo.

Reformas constitucionais não vão garantir aos egípcios que suas vontades e aspirações se materializem. A constituição é autoritária, resulta de um regime ilegítimo.

Estamos assistindo ao começo do fim de um grande império, o norte-americano. O presidente que cava mais fundo a cova desse império é um branco engraxado com graxa preta.

Esse tempo é o tempo da história, não é o tempo cronológico que quase sempre temos como referência.

A revolução egípcia, como antes a revolução islâmica no Irã, transcendem ao Egito, estão para além das fronteiras do Irã e não diz respeito apenas aos muçulmanos.

Mas a todos os africanos, a todos os asiáticos, a todos os latino-americanos. Aos povos do leste europeu onde as hordas de bárbaros dos EUA tentam chegar das mais variadas formas.

É mais ou menos como disse um cidadão comum da Ucrânia. “Estamos ficando cansados de ver nossas mulheres prostituídas pelo Ocidente e os nossos povos escravizados pelo imperialismo dos americanos”.

É bem mais amplo o espectro da revolta de egípcios.

Querem nos fazer crer, através da mídia privada e podre, que muçulmanos são bárbaros, são cruéis, atrasados, para que aceitemos a realidade de assassinos que matam professores e colegas em escolas por conta de uma nota baixa. Querem nos tornar obesos em todos os sentidos com os sanduíches Mcdonalds e toda a parafernália hollywoodiana que exportam.

O império está em declínio e a sociedade norte-americana está doente.

EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, a despeito dos discursos de paz e democracia, neste momento, se tornam bem mais perigosos, pois estão começando a perceber que não basta dar os anéis, terão que dar os dedos também.

E não há ódio no coração dos egípcios. Maomé não revelou o ódio. A misericórdia sim. Mas a passividade diante dos inumanos não. Norte-americanos e nazi/sionistas não são humanos e o próprio povo de Israel
começa a perceber essa realidade.

O mundo não se encerra em minúsculas doença Faustão ou BBB, mas na grandeza do ser humano como tal.

É o que começa a ser mostrada no Egito, uma nação que traz consigo o germe de uma cultura extraordinária e uma história que não comporta nem gente como os velhos e corruptos generais Mubarak, muito menos Suleiman.

Alto Comando Militar Egípcio tem sede em Washington

Laerte Braga


O marechal Mohamed Hussein Tantawi, presidente do Supremo Conselho Militar do Egito e sucessor de Hosni Mubarak é parte da brutal ditadura contra a qual os egípcios se levantaram e obedece a Washington.

O ex-ditador não renunciou à “presidência da república”. Nem ele e nem o general Omar Suleiman, o “vice-presidente”. Na quinta-feira Mubarak discursou em rede nacional de televisão dizendo que permaneceria no poder até as eleições de setembro e na sexta, surpreendendo aos próprios revoltosos deixou o poder.

Entre quinta e sexta-feira o marechal Tantawi conversou cinco vezes por telefone com o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates. A última conversa foi após o pronunciamento de Mubarak e Gates disse ao marechal Tantawi que para manter a “ordem” e evitar o “caos” era necessário que Mubarak e Suleiman saíssem.

Quando se extrai um tumor maligno, ou a cirurgia remove o tumor e seu entorno, ou o tumor permanece vivo. Nada muda, apenas a sensação de mudança. É o que está acontecendo no Egito.

O governo provisório (pelo menos por enquanto, pode virar definitivo) vai afrouxar aqui e ali, mas só nos adereços, e as mudanças pretendidas pelos egípcios vai depender das ruas e da oficialidade jovem das forças armadas, fator decisivo na decisão dos EUA que determinaram ao marechal Tantawi o afastamento de Mubarak e Suleiman.

O alto comando militar egípcio tem sede em Washington e os velhos generais e marechais que comandam as forças armadas não diferem em nada de Hosni Mubarak, ele próprio, um marechal.

De uma certa forma o que vai acontecer é uma incógnita. Os próximos dias serão decisivos para a luta popular e a oficialidade jovem (muitos aderiram aos rebeldes na Praça da Libertação e isso foi vital para a decisão dos norte-americanos, o temor de uma rebelião dentro das forças armadas, o medo de perder o controle).

E transcendem ao Egito. Manifestações contra o governo ditatorial da Argélia estão sendo reprimidas de maneira violenta pela ditadura naquele país. No Iêmen o povo se levanta contra o governo e há indícios claros de insatisfação na Jordânia.

Chegam até a Israel, onde parte da população começa a perceber que os governos que sucederam a Rabin (assassinado por um fanático judeu logo após o acordo de paz assinado com Yasser Arafat) têm um caráter ditatorial e colocam em risco a segurança do país. Em Tel Aviv já acontecem manifestações pela paz com os palestinos, tanto quanto, líderes de movimentos de direitos humanos e pela paz são presos e condenados. Silenciados.

Se você acerta um lobo com um golpe não fatal o lobo se torna muito mais perigoso e apavorante que antes do golpe. É o caso dos EUA e toda a sua extensa rede de terror espalhada pelo mundo.

Imerso numa crise na qual se percebe o declínio do império, escora-se num arsenal bélico capaz de destruir o mundo quantas vezes for preciso para manter a democracia cristã e ocidental do deus mercado.

Não é uma nação, apenas um conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. E cada vez mais os norte-americanos vão se revelando um povo doente e fanático em sua imensa maioria.

Em Bruxelas, Bélgica, discutem um sistema antimísseis que cria um escudo protetor em toda a Europa e pretendem obter a concordância da Rússia, vale dizer, sua capitulação à OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE – braço terrorista do conglomerado na Europa.

A ressurreição do nazismo foi anunciada pelo primeiro-ministro da principal colônia do conglomerado no velho mundo, David Cameron. Falou em fim do multiculturalismo. A existência, coexistência e convivência entre diferentes. Pacífica e harmoniosa.

O que se viu na Praça da Libertação foi um povo sem preconceitos, cristãos e muçulmanos lutando e rezando em comum pelo fim da barbárie.

E a barbárie está em Washington, em Tel Aviv, em países árabes governados por ditadores, na Europa colonizada e cercada de bases militares do conglomerado terrorista por todos os lados.

Neste sábado, em Roma e várias cidades italianas, milhares de cidadãos vão às ruas para mostrar sua indignação com o primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, uma reedição esfarrapada do Duce. A grande chacota do mundo, mas que cumpre à risca o papel que lhe cabe nesse espetáculo determinado pelos EUA. Não por outra razão é um dos donos de um império midiático.

Quem pensa que GLOBO, FOLHA, VEJA, etc. existem só no Brasil se engana. Os terroristas do conglomerado, desde a derrota militar no Vietnã aperfeiçoaram e aumentaram o controle da mídia em quase todos os países do mundo. É o arsenal da mentira repetida à exaustão até que vire “verdade”.

Em Argel o ditador colocou nas ruas policiais (via de regra recrutados entre assassinos como fazia Mubarak) e militares (que em quase todo o mundo, Brasil inclusive, se atribuem o monopólio do patriotismo na versão de Samuel Jackson, “o último refúgio dos canalhas.” 

O Comitê de Segurança Nacional da Câmara de Deputados do conglomerado EUA/ISAREL TERRORISMO S/A, numa audiência na quarta-feira, nove de fevereiro, deu seu aval à ordem do presidente branco – disfarçado de negro – Barack Obama, para que o imã Anwar al-Awlaki, seja assassinado pelos “serviços secretos”. É acusado de pertencer a Al Qaeda e ser “mais perigoso que Osama bin Laden.

O imã nasceu no Novo México, nos EUA, é filho do atual ministro da Agricultura do Iêmen e acusado de vários “crimes de terrrorismo”. O espírito democrático, cristão e ocidental de Obama entende que deva ser assassinado em nome da liberdade e outras coisas mais, no fundo, para não atrapalhar os “negócios”.

O deus mercado exige sacrifício de mortais comuns que se oponham ao uso de tênis de marca, ao consumo de sanduíches Mcdonalds, se recusem a assistir as tevês do grande irmão, ou ouvir a suas rádios e ler seus jornais e revistas. A aceitar a ordem suprema e despirem-se da condição de humanos. Mortos vivos.

O que egípcios – cristãos e muçulmanos – mostraram ao mundo é que é possível sair da escuridão e enxergar o sol. É claro que a luta não termina na saída de Mubarak, é mais ampla e estende-se às nações de todo o mundo.

No terceiro dia do julgamento do pedido de extradição de Julian Assange feito pela antiga Suécia – importante base do conglomerado na Europa – o juiz Howard Ridlle pediu mais tempo para decidir se aceita ou não o pedido.

A falta de provas dos crimes imputados a Assange, responsável por revelar através do WIKILEAKS toda a podridão e terror do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, deve ter sido o motivo. Vão tentar encontrar formas de entregar Assange a Suécia para que no curso normal de uma ação criminosa ele possa ser levado aos EUA e julgado. Corre o risco da pena de morte. De qualquer forma, para extraditá-lo vão precisar de muitos coelhos e muitas cartolas.

O último ministro das Relações Exteriores do Brasil (o atual é funcionário do Departamento de Estado do conglomerado), Celso Amorim, em entrevista telefônica a CARTA MAIOR – mídia limpa, sadia – afirmou que “as revoluções populares que o mundo assiste agora especialmente na Tunísia e no Egito, acontecem em países considerados amigos do Ocidente que não eram alvo de nenhum tipo de sanção por parte da comunidade internacional”. E fulminou – “isso mostra que a posição daqueles que defendem sanções contra o Irã é equivocada”.

O que chamam de chanceler brasileiro atualmente, Antônio Patriota, prepara-se para um encontro com Hilary Clinton no dia vinte e três. Vai sem sapatos e submisso, doido para ganhar uma cadeira permanente num conselho denominado de segurança. A instância maior das Nações Unidas, onde cinco países têm o direito de veto a qualquer proposta que contrarie seus interesses.

Quer o status e o direito de dizer amém. 

Mohamed Hussein Tantawi, o marechal egípcio que assumiu o governo daquele país é só um nome. Poderia ser David Cameron, Sílvio Berlusconi, o primeiro-ministro sueco, Antônio Patriota, poderia ser José Sarney, por exemplo, que guarda com Hosni Mubarak e Omar Suleiman os mesmos cabelos pintados, provavelmente com tintura importada/doada pelo conglomerado (percepção do deputado Chico Alencar).

É por aí que o Egito e os egípcios transcendem a si próprios e se estendem por todo o mundo.

A luta pela sobrevivência do ser humano não será ganha em shoppings e nem diante da telinha inebriado com o BBB. Mas nas praças e ainda não terminou para os egípcios e nem começou para muitos povos.

É de sobrevivência. A suástica está em marcha, viva e feroz, no conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, no discurso de David Cameron, um dos porta-vozes da barbárie.

Por trás daquele discurso vazio e sem sentido de Obama na sexta-feira após a saída de Mubarak, o que existe de fato é o cinismo da estupidez e da violência do conglomerado. Palavras ocas para fora e ordens de assassinato para dentro.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Atlas revira entranhas do trabalho escravo no Maranhão

Elaborado pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos (CDVDH) de Açailândia (MA), Atlas Político-Jurídico do Trabalho Escravo Contemporâneo no Maranhão reúne informações e análises preciosas para entender o fenômeno

Bianca Pyl, do Repórter Brasil
Apreendidos durante as fiscalizações, os cadernos com anotações de débitos servem normalmente para comprovar sistemas de servidão por dívidas existentes nos casos de trabalho escravo contemporâneo. Não foi diferente na operação trabalhista que libertou 27 pessoas submetidas à escravidão na Fazenda Sagrisa, em Codó (MA), que pertence ao Grupo Maratá, com sede em Lagarto (SE). Em novembro de 2005, os auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que estiveram no local encontraram oito cadernos na cantina da propriedade no interior do Maranhão.

Além dos registros de dívidas relativas a itens de alimentação, de higiene e até de ferramentas de trabalho, um dos cadernos trazia uma anotação diferente: "um dia de deixação de comer". Desesperado com a situação de endividamento a qual estava submetido, um dos trabalhadores preferiu cortar a própria alimentação para tentar "poupar" recursos e minimizar o tamanho da mordida dos "descontos" no fim do mês.

Entre os libertados, quatro eram adolescentes com idade inferior a 18 anos e uma criança de apenas 11 anos foi também flagrada trabalhando no local. Em depoimento, uma das vítimas declarou que nada recebeu pelo trabalho na Fazenda Sagrisa. Os próprios administradores da propriedade fiscalizada afirmaram na ocasião que os filhos do empresário José Augusto Vieira, dono do Grupo Maratá, administram parte do patrimônio do conglomerado, mas o próprio José Augusto "mantém o controle das decisões".

À Justiça, o "gato" (aliciador de mão de obra) Raimundo Nonato Pereira chegou ainda a confirmar que, quando necessário, comprava ferramentas aos trabalhadores e depois descontava dos salários dos mesmos, ratificando a prática de servidão por dívida. Segundo Raimundo, a água dos empregados realmente era a mesma utilizada pelo gado.

Mesmo com todas essas evidências colhidas pela fiscalização e compiladas pelo Ministério Público Federal do Maranhão (MPF/MA), o fazendeiro José Augusto Vieira e o "gato" Raimundo, conhecido como "Anão", foram absolvidos da acusação de crime de trabalho escravo. De acordo com a sentença da 1a Vara Federal de São Luís (confira histórico do processo) publicada em 2009, "a instrução processual não logrou demonstrar com grau de certeza necessária para estribar uma sentença condenatória".

Para a Justiça Federal do Maranhão, "os depoimentos prestados em juízo pelos fiscais [que atuaram nas libertações da Sagrisa] também não apresentam aptidão para darem ensejo a uma condenação, pois apenas confirmam o teor do relatório, o qual não é suficiente para demonstrar a efetiva existência das supostas condições aviltantes de trabalhos".

Uma das justificativas complementares apresentadas pelo Judiciário para absolver o empresário José Augusto foi a extensão do grupo. "O fazendeiro reside no estado de Sergipe e tem mais de doze fazendas no Maranhão o que torna quase impossível a sua presença constante em todas elas", salienta a sentença. O Grupo Maratá mantém empreendimentos nos setores agropecuário (pecuária, sucos, café e tabaco), alimentício, de embalagens e também de educação (Faculdade e Colégio José Augusto Vieira). Só a Fazenda Sagrisa tem cerca de 20 mil hectares.

O MPF/MA recorreu da decisão. Para o órgão, "a decisão de primeiro grau desprezou completamente a palavra das vítimas, que é essencial nessa espécie de delito, bem como a palavra dos fiscais que confirmaram em juízo todo um teor das autuações que lavaram". Por conta da operação, José Augusto Vieira entrou para a chamada "lista suja" do trabalho escravo, cadastro de infratores mantido pelo MTE, em dezembro de 2006. O nome do empresário do Grupo Maratá permaneceu até dezembro de 2007, quando o Judiciário concedeu liminar judicial para a retirada da relação.

Realidades, como a acima retratada, fazem parte do Atlas Político-Jurídico do Trabalho Escravo Contemporâneo no Maranhão, elaborado pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos (CDVDH) de Açailândia (MA). O documento foi lançado na última quinta-feira (27), como parte dos diversos eventos da Semana Nacional de mobilizações, por ocasião do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo (28 de janeiro).

Inédito, o Atlas traz sete capítulos que partem do histórico da região sudoeste do Maranhão até avaliações críticas das políticas direcionadas ao combate à escravidão. A obra contém estudos específicos sobre as vítimas, sobre os empregadores proprietários das terras e sobre os "gatos" intermediários. Há ainda análises das fiscalizações, de processos em andamento no Poder Judiciário e de conexões existentes entre a escravidão e o poder político.

O Atlas compila dados e informações (que constam no acervo do CDVDH e que foram captadas junto a diferentes órgãos públicos), bem como depoimentos de vítimas da escravidão contemporânea que procuraram a entidade.

"Nós entendemos que esse material não deve estar restrito aos militantes de direitos humanos. É preciso divulgar, expor que o Judiciário, o Legislativo e o Executivo deixam a desejar no combate ao trabalho escravo", explica Nonato Masson, advogado do CDVDH e um dos autores do trabalho.

A comparação entre a quantidade de trabalhadores libertados do trabalho escravo nos últimos anos com o baixíssimo número de condenações criminais aparece com destaque no documento. O Atlas Político-Jurídico radiografou apenas 11 sentenças judiciais, com apenas 4 condenações, sendo duas de "prestação de serviço à comunidade". "Essa comparação ilustra bem a morosidade da Justiça. E quando há sentença, ela não é executada porque tramita em primeiro grau", emenda Nonato.

A radiografia da escravidão identificou ainda diversas ameaças aos defensores de direitos humanos e descaso em relação às medidas judiciais por parte dos réus. As vítimas do trabalho escravo, por seu turno, relataram ter medo de se apresentar aos tribunais para confirmar seus depoimentos, em função das ameaças e violências que sofreram.

"A conclusão que chegamos é que não há política de Estado e de governo que de fato mude a vida dos peões. Não há um enfrentamento concreto", opina o advogado do CDVDH. "O Judiciário precisa ser mais rápido e efetivo na eliminação de entraves judiciais para a aplicação da lei com mais celeridade, por se tratar de um crime contra a humanidade; o Executivo precisa ser mais operacional no sentido de fazer avançar a construção de políticas publicas fazendo com que seus planos ganhem efetividade prática. Estes não podem ser apenas intenções políticas", aponta o documento. Leia o post completo e fique antento aos links

Presidente da Câmara diz que reforma do Código Florestal será votada em março

Nota do EDUCOM: a mudança no Código Florestal pode significar mais tragédias, na cidade e no campo, como a que atinge a Região Serrana do Rio de Janeiro. O que é preciso é respeitar este Código. (Z.F., editora política)

O novo Código Florestal brasileiro será colocado em votação na Câmara dos Deputados em março deste ano, segundo informou na última quarta-feira o novo presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), na primeira entrevista coletiva concedida após a eleição da Mesa Diretora da Casa, na noite de terça. Segundo Maia, a discussão sobre o novo Código será feita durante o mês de fevereiro.

"Há, na Câmara, acordo sobre boa parte das matérias e elas serão tratadas no devido tempo. O Código Florestal, por exemplo, temos acordo para a votação, vamos discutir durante todo o mês de fevereiro e colocá-lo na pauta de votações em março", disse.

Maia, novo presidente. Foto: Ag. Câmara
O presidente da Casa, que foi acusado durante a campanha de que, caso eleito, não manteria independência do Legislativo em relação ao Executivo, prometeu construir uma agenda de votações com prioridade para a demanda dos parlamentares.

"Vamos trabalhar para construir uma agenda do parlamento, responder demandas da sociedade a partir da representação dos deputados, essa será nossa prioridade. Mas não estamos descartando a importância de votar matérias do Executivo. Cabe a nós dar condições ao Executivo de executar, mas vamos continuar fazendo nosso trabalho com independência, autonomia e respeitando iniciativas propostas pelos deputados", afirmou.

Segundo Maia, a Câmara vai continuar uma tradição adotada há dois anos de apreciar as medidas provisórias (que trancam a pauta de votações) em sessões ordinárias e os demais projetos de lei em sessões extraordinárias. "Esta é uma prática que funciona bem no parlamento, tanto que em 2010 batemos recorde de votação de proposições nos últimos 20 anos. Foram quase 300, entre elas 20 medidas provisórias", disse.

O presidente da Câmara voltou a defender a votação da reforma política, mas ainda sem prometer prazos. "Não gosto de fazer promessas pro futuro. Se dissermos que vamos fazer uma ampla e irrestrita reforma política vamos chegar ao fim do ano frustrados. Prefiro dizer que vamos fazer ampla discussão e vamos avançar naquilo que for possível", afirmou.

Construção de anexos
Maia defendeu a construção de um novo anexo ao prédio da Câmara dos Deputados, alegando que a ampliação do espaço "para receber o povo" é necessária. Segundo o presidente da Câmara, a Casa sofre com a falta de espaço.

"Temos uma realidade na Câmara muito dura em relação aos espaços, são gabinetes pequenos, não temos salas de reuniões. No ano passado, recebemos mais de um milhão de cidadãos que passaram pelo parlamento. Temos que dar as condições para que sejam bem atendidos quando vierem", disse.

Marco Maia afirmou, ainda, que os recursos para a ampliação do anexo 4 e construção de um quinto anexo já estão garantidos. Segundo ele, R$ 220 milhões estão depositados em uma conta da Câmara dos Deputados, o que não traria despesas adicionais aos cofres públicos.
Fonte: portal Terra

Battisti: leia editorial do 'Brasil de Fato' que está nas bancas

Senhores Giorgio Napolitano e Silvio Berlusconi,

Brasília não é Addis Abeba

Brasil de Fato 414

03 de fevereiro de 2011

Finda a guerra fria, “o perigo comunista” já não mais funcionava como instrumento de submissão dos povos aos EUA. Logo, porém, fabricou-se um novo flagelo, o “terrorismo internacional”, cujo lançamento envolveu grande pirotecnia: no dia 11 de setembro de 2001, o Mundo amanheceu sob o impacto da derrubada das Torres Gêmeas, o que permitiu, já no mês seguinte, a invasão do Afeganistão; do Iraque, em 2003; as atuais ameaças ao Irã e uma série infindável de desmandos dos EUA mundo afora.

Toda a diplomacia desenvolvida pela chefa do Departamento de Estado Condoleezza Rice, e hoje levada adiante pela senhora Hillary Clinton, tem como alicerce e jogo de cena “o combate ao terrorismo”.

São considerados terroristas todos os que se oponham às regras do grande capital. Em nosso país, os desdobramentos mais visíveis dessa política são: a criminalização e massacre dos movimentos sociais e dos pobres em geral, e a ofensiva contra aqueles que resistiram ao golpe de 1964 e ao regime por ele implantado, antes que os liberais – na segunda metade dos anos 1970 – resolvessem desmontar a ditadura que eles próprios haviam construído.

Sim, somos todos “terroristas”.

Sobre Cesare Battisti

Em termos legais, as acusações contra Battisti e o pedido de sua extradição, já tiveram sua improcedência suficientemente comprovada. Battisti não cometeu os atos pelos quais Roma tenta condena-lo e execra-lo enquanto exemplo para todo o povo italiano e o mundo.

Está mais que certo, também, que nos anos 1960-1970 a Itália não era sequer uma democracia conforme entende e diz propor oficialmente o establishment capitalista – exceto se quisermos criar ad hoc o estatuto das “democracias excepcionais”, ou das “democracias emergenciais”.

No entanto, Battisti não é um inocente. É fundamental ficar claro: Battisti era sujeito de um projeto político que – com erros e/ou acertos – se batia contra as injustiças sociais, e no qual a igualdade entre os homens não se subordinava à liberdade. Toda sociedade em que a liberdade se construa às custas da negação da igualdade, será sempre uma sociedade onde a exploração e opressão dos mais fracos pelos mais fortes serão os alicerces da sua legalidade.

Ou seja, do nosso ponto de vista, mais que ilegal, é ilegítima a entrega de Battisti à Itália dos senhores Giorgio Napolitano e Silvio Berlusconi que, hoje, incapazes de invadir Addis Abeba, como o fizeram seus ancestrais políticos em 1935, tentam sitiar Brasília.

As condenações de Cesare Battisti, Alfred Dreyfus (1894), Mata Hari (1917), Ethel e Julius Rosenberg (1951) pertencem todas a uma mesma estirpe de crimes: a criação de bodes expiatórios (seguida de “punição exemplar”) que justifiquem os fracassos das políticas da direita. Os resultados perseguidos e induzidos são sempre as nacional-patriotagens, as ondas de xenofobia, de fascismos etc.

Battisti não é apenas Battisti

Battisti nunca foi apenas Battisti.

Sua condenação e extradição, mais que necessidade do neofascismo italiano, será marco da ascensão da ultradireita em todo o mundo, espetáculo capaz de unificar e fazer crescer essa ultradireita que emerge dos escombros do neoliberalismo.

Extraditar Battisti ou não lhe conceder sua condição plena de asilado (com direito, portanto, à garantia da sua segurança), será mais um modo de legitimar todo esse vergar-se radicalmente para a direita que experimentamos hoje, e que nos traz sempre à lembrança, os anos 1930.

A xenofobia varre a Europa e os EUA, assumindo expressões aparentemente diferenciadas: seja através da aprovação pelo Parlamento italiano de rondas de cidadãos (milícias paramilitares) para denunciar e seqüestrar estrangeiros com entrada ou permanência ilegal no país e entrega-los em seguida à polícia; seja pelas medidas decididas na França, que permitem (ordenam e consumam) a expulsão dos ciganos; ou o muro construído pelos EUA em sua fronteira com o México. Em Portugal, Espanha, Grécia – como na Itália e em toda a Europa Meridional e EUA, a progressiva perda de postos de trabalho e de direitos sociais dos assalariados tem como contrapartida o ódio aos imigrados.

Mas não apenas de xenofobia se alimenta o neofascismo: há poucos anos, o Congresso dos EUA “flexibilizou” o conceito de tortura, e passou a indicar seu uso em “determinadas circunstâncias”.

Nas eleições suecas de 2010, pela primeira vez desde 1945, a ultradireita elegeu representação no Parlamento e, na Holanda, a mesma ultradireita ameaça formar maioria entre os parlamentares. A Itália, no entanto, segue na vanguarda: o Parlamento de Roma fez o senhor Silvio Berlusconi primeiro-ministro, provando que a Liga Norte, famosa pela sua origem fascista, mas hoje considerada de centro-direita (!), retoma seu antigo prestígio e rumo.

Na América Latina, apesar da euforia que despertam governos de centro-esquerda, o Haiti permanece ocupado há quatro anos; o golpe contra o presidente Manuel Zelaya, de Honduras, foi absorvido e naturalizado pela comunidade internacional, do mesmo modo que a não distante invasão do território do Equador por tropas do narco-estado colombiano; as tentativas de golpes contra os governos da Venezuela, Bolívia, Paraguai em anos recentes e, este ano, no Equador. Também a nova política de militarização da Zona do Canal, no Panamá, é “natural”.

Battisti não é apenas Battisti.

E só não enxerga quem não quer.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Hosni Mubarak - acabou

Laerte Braga, jornalista e analista político
Mubarak era um dos comandantes da força aérea egípcia na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Os radares do Egito eram fixos e voltados para Israel. Os comandantes, entre eles Mubarak, não foram capazes de perceber a manobra dos militares de Israel. Como os radares não cobriam 360 graus, os aviões israelenses contornaram-nos e destruíram toda a aviação egípcia em terra.

Nos planos do então presidente Gamal Abdel Nasser um ataque aéreo a Israel equilibraria a guerra e permitiria às forças de seu país e da Jordânia ocuparem parte do território inimigo e principalmente toda a cidade de Jerusalém.

Deu tudo errado. Em seis dias as tropas de Israel sob o comando do nazi/sionista Moshe Dayan tomaram inclusive o canal de Suez.

Nasser foi um dos principais líderes do que se conhecia como países do Terceiro Mundo e desenvolvia intensa colaboração política e econômica com a antiga União Soviética. A monumental represa de Assuan foi construída com financiamento e participação direta de técnicos soviéticos.

Tentou de todas as formas unir os governos do Oriente Médio e chegou a criar a REPÚBLICA ÁRABE UNIDA (Egito e Síria) para enfrentar o que pressentiu desde o primeiro momento. O expansionismo israelense.

Foi Nasser que à frente de um movimento militar – era coronel – derrubou a monarquia no país.

Mubarak virou vice-presidente de Anwar El Sadat, sucessor de Nasser (o presidente morreu no exercício do governo). Sadat foi o responsável pela retomada do canal de Suez na guerra do Yom Kyppur e, na euforia da primeira vitória seus generais cometeram erros primários permitindo ao comandante israelense Ariel Sharon cercar as forças egípcias e alcançar um acordo de paz. Se a guerra prosseguisse teriam perdido Suez outra vez.

A entrada em cena dos EUA se deu após Sadat negociar a devolução do Sinai ao Egito e aceitar um acordo de paz com Israel. O presidente rompeu os acordos com a União Soviética, expulsou os técnicos daquela nação e começa aí a história do Egito como aliado dos EUA.

Num outro momento, no final da década de 50, franceses e ingleses tentaram se contrapor à nacionalização do Canal de Suez e sem o apoio dos EUA (de olho na perspectiva de negócios futuros que acabaram se materializando) saíram do Egito. Naquele momento ingleses e franceses começaram a perceber que não eram mais um império e dependiam, como dependem visceralmente dos EUA (no caso da França, a ascensão de De Gaulle após a queda de René Coty e a fuga do primeiro-ministro de extrema direita George Bidault para o Brasil, a guerra da Argélia, esse país permaneceu durante o período em que foi governado pelo general – Charles Andre Joseph Marie De Gaulle – longe da OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE).

Sadat foi assassinado por um militar muçulmano durante um desfile em comemoração à recuperação de Suez e do Sinai. O general Anwar El Sadat, logo após o acordo mediado pelos EUA visitou Israel duas vezes e encontrou-se com o primeiro-ministro Menaguem Begin (Einstein e todas as pessoas bem informadas o consideravam terrorista, foi responsável pela explosão de um hotel antes da criação de Israel matando centenas de pessoas).

A vitória na verdade, era outra baita derrota e Hosni Mubarak, o então vice-presidente, em 1971, assume o governo.

A perspectiva de eleições livres e gerais no Egito assustava aos norte-americanos, a Israel e aos donos do poder no pós-Nasser. Em eleições regionais os partidos islâmicos haviam ganho com larga maioria. Por isso Mubarak os tornou proscritos.

O regime de Hosni Mubarak é de barbárie pura e absoluta. De subserviência total aos interesses norte-americanos e colaboração estreita com Israel, inclusive contra palestinos (muitos foram expulsos de campos de refugiados no país, como na Jordânia, outro aliado de Israel).

O descontentamento popular vem de longa data. A revolta na Tunísia serviu para acender o rastilho da indignação dos egípcios contra um governo totalitário, corrupto e que transformou o país numa colônia de interesses dos EUA e de Israel.

Os serviços secretos egípcios trabalham em estreita colaboração com a MOSSAD – organização terrorista que Israel chama de serviço de inteligência –.

Mubarak acabou. Só fica no poder se os militares promoverem um massacre para que isso se torne possível.

O que acontece neste momento no Cairo é uma tentativa de ceder os anéis e salvar os dedos, tudo mediado e dirigido pelos EUA e por Israel, no receio de perder o mais importante aliado na região. Isso poderia significa a curto prazo mudanças na Jordânia (já existem protestos no país), na Arábia Saudita, outros aliados norte-americanos.

O de buscar um governo que pareça restabelecer a democracia, só pareça, mas mantenha intactos os laços com o governo terrorista de Israel.

O grande vencedor dessa encrenca toda é o Irã. A revolução islâmica se sustenta em eleições livres, diretas e ampla participação popular nas questões de governo, a despeito do noticiário contrário da mídia podre e venal do Ocidente.

O longo período de aliança com os EUA transformou o Egito em potência militar quase equivalente a Israel (só não dispõe de armas nucleares como o estado sionista). A idéia de um governo popular que ponha fim à subserviência em relação aos EUA aterroriza Washington. E deixa Tel Aviv de orelhas em pé, temerosos, ambos, que uma espécie de efeito dominó mude a correlação de forças no Oriente Médio.

Não importa que isso não aconteça agora, cedo ou tarde acontecerá.

A luta contra Mubarak diz respeito a todos os povos muçulmanos e do Oriente Médio. O ditador acabou. Milhões de egípcios estão nas ruas exigindo o fim do regime opressivo e colonizado.

E um detalhe sintomático que os EUA estão procurando alternativas confiáveis para suceder Mubarak. A REDE GLOBO, no Brasil, até as 18 horas de segunda-feira e em seus noticiários (no caso do Egito o que for autorizado pelo Departamento de Estado), referia-se a Mubarak como “presidente”. A partir daquele horário virou ditador. É outro sintoma. Foi jogado às feras.

Qualquer que seja a solução que encontrem EUA e Israel sabem que a revolta árabe, do povo muçulmano irá prosseguir. Até que haja uma solução digna para as questões que dizem respeito aos países e povos da região e principalmente para os palestinos. Saqueados, torturados, violados em seus direitos pelo estado terrorista de Israel, parte do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

O maior e mais perigoso conglomerado de violência e barbárie em todo o mundo.

Tony Blair apareceu para falar sobre o assunto e buscar a paz? Claro, é o boy da Casa Branca que afirmou ser indispensável a guerra contra o Iraque para destruir armas químicas e biológicas que não existiam (ele mesmo admitiu isso há meses atrás).

Hosni Mubarak acabou. Não tem mais serventia para seus patrões. Se ficar vai ser por conta da barbárie, o mais lógico, no entanto, é que vá viver num paraíso qualquer cercado de um harém, como acontece com o regime brutal da Arábia Saudita.

Comandante militar de fancaria, medalha por tortura, assassinato a sangue frio, traição, tal e qual qualquer militar em qualquer ditadura, inclusive a que nos escravizou no Brasil de 1964 a 1984. Não foi capaz de perceber a fragilidade do sistema de radares de sua força e nem levantou vôo.

Massacrou seu povo por trinta anos.

Sergio Amadeu: 'Ana de Holanda e ECAD atacam política de Lula'

O movimento de software livre, de recursos educacionais abertos e os defensores da liberdade e diversidade cultural votaram em Dilma pelos compromissos que ela afirmou em defesa do bem comum. No mesmo dia que a Ministra Ana de Holanda atacou o Creative Commons retirando a licença do site, a Ministra do Planejamento Miriam Belquior publicou a normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo. É indiscutível o descompasso que a Ministra da Cultura tem em relação à política de compartilhamento do governo Dilma.

Sergio Amadeu, na Carta Maior*
Os defensores da indústria de intermediação e advogados do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, em resumo, o órgão que arrecada direitos autorais no Brasil) lançam um ataque à política de compartilhamento de conhecimento e bens culturais lançada pelo presidente Lula. Na sua jornada contra a criatividade e em defesa dos velhos esquemas de controle da cultura, chegam aos absurdos da desinformação ou da mentira.

Primeiro é preciso esclarecer que as licenças Creative Commons surgiram a partir do exemplo bem sucedido do movimento do software livre e das licenças GPL (General Public Licence). O software livre também inspirou uma das maiores obras intelectuais do século XXI, a enciclopédia livre chamada Wikipedia. Lamentavelmente, os lobistas do ECAD chegam a dizer que a Microsoft apóia o software livre e o movimento de compartilhamento do conhecimento.

Segundo, o argumento do ECAD de que defender o Cretaive Commons é defender grandes corporações internacionais é completamente falso. As grandes corporações de intermediação da cultura se organizam e apóiam a INTERNATIONAL INTELLECTUAL PROPERTY ALLIANCE® (IIPA, Associação internacional de Propriedade Internacional) e que é um grande combatente do software livre e do Creative Commons. O Relatório da IIPA de fevereiro de 2010 ataca o Brasil, a Malásia e outros países que usam licenças mais flexíveis e propõem que o governo norte-americano promova retaliações a estes países.

Terceiro, a turma do ECAD desconsidera a política histórica da diplomacia brasileira de luta pela flexibilização dos acordos de propriedade intelectual que visam simplesmente bloquear o caminho do desenvolvimento de países como o Brasil. Os argumentos contra as licenças Creative Commons são tão rídiculos como afirmar que a Internet e a Wikipedia é uma conspiração contra as enciclopédias proprietárias, como a Encarta da Microsoft ou a Enciclopédia Britânica.

Quarto, o texto do maestro Marco Venicio Andrade é falso até quando parabeniza a presidente Dilma por ter "restabelecido a soberania de nossa gestão cultural, anulando as medidas subservientes tomadas pelos que, embora parecendo modernos e libertários, só queriam mesmo é dobrar a espinha aos interesses das grandes corporações que buscam monopolizar a cultura". O blog do Planalto lançado pelo presidente Lula e mantido pela presidente Dilma continua com as licenças Creative Commons. Desse modo, os ataques que o defensor do ECAD fez a política dos commons lançada por Gilberto Gil, no MINC, também valem para a Presidência da República.

Quinto, o movimento de software livre, de recursos educacionais abertos e os defensores da liberdade e diversidade cultural votaram em Dilma pelos compromissos que ela afirmou em defesa do bem comum. No mesmo dia que a Ministra Ana de Holanda atacou o Creative Commons retirando a licença do site, a Ministra do Planejamento Miriam Belquior publicou a normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo. É indiscutível o descompasso que a Ministra da Cultura tem em relação à política de compartilhamento do governo Dilma.

*Sergio Amadeu da Silveira é professor da UFABC e doutor em Ciência Política. Foi o primeiro coordenador do Comitê Técnico de Implementação do Software Livre no Governo Lula