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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um café com Bruno Miranda Neves


por Alessandra Bizoni, do blog Alebizoni. Publicado em 17/1/10

Professor da rede pública, pedagogo e ativista social, Bruno Miranda Neves, o Bruno Nareba, lança nesta semana o seu primeiro livro.

Fruto de seu trabalho de conclusão de curso, o livro "O ensino médio integrado no contexto da mundialização do capital" revela as preocupações do jovem autor com as discussões sobre trabalho e educação.

Por isso, nesta semana, Bruno toma café conosco e explica como surgiu seu interesse por essa discussão e também aponta caminhos para uma educação transformadora.

Ex-integrante do movimento estudantil, o pedagogo tece críticas ao sistema capitalista e aponta o investimento em tecnologias ecologicamente comprometidas como alternativa para os rumos do país.

Nesta segunda, dia 18, você lança o livro "O ensino médio integrado no contexto da mundialização do capital". Quais são as idéias apresentadas na obra?
No livro, tentei fazer uma análise da situação atual da sociedade brasileira para entender, principalmente, como os processos de trabalho atuais se relacionam com a educação escolar. Fiz uma reflexão sobre as possibilidades de unificação do ensino médio com a educação profissional numa perspectiva de garantia da formação humana, científica e tecnológica. Consideram que há uma separação perversa entre os tipos de trabalhos (manual e intelectual) com reflexos nos processos educativos.

Como sabemos os empresários estão interessados em profissionais adaptáveis as suas necessidades, e, não em contratar pessoas capazes de produzir ao mesmo tempo em que atuam para transformar as relações sociais mais humanas e solidárias.

Como foi o processo de elaboração do livro? Por que resolveu pesquisar esse tema?
Trabalho e educação são duas coisas fundamentais em nossas vidas. E por isso, tem recebido tanta atenção. Acontece que o pensamento hegemônico faz uma verdadeira pregação responsabilizando os trabalhadores desempregados e subempregados por suas próprias condições. Dizem sempre: "estude e conseguirá emprego" ou "estude e será promovido". Resta dizer como nessa sociedade excludente na qual vivemos garantirá emprego para todos que se qualificarem.

Quanto tempo durou e como foi feita a pesquisa?
O trabalho foi feito durante um ano e envolveu leitura, discussões, participações em seminários, debates, etc. Na verdade a pesquisa não tem fim, é parte das minhas preocupações e da minha vida. Tenho estabelecido diálogos com pesquisadores e educadores que estudam este tema. Sobre o livro em sim, ele é oriundo da minha monografia de conclusão de curso.

Quais são as principais diferenças entre o ensino médio integrado e o antigo ensino médio técnico, proposto, inclusive, pela lei 5.672/71?
Naquele período, buscava-se formar mão-de-obra de forma rápida ainda sob o ideário da Teoria do Capital Humano e ainda havia a preocupação com o conhecimento das ciências da natureza. Por outro lado, era sonegado o conhecimento das relações humanas. Aquela lei também tentou diminuir a pressão pelo ingresso no ensino superior das classes subalternas. Entre fazer um curso técnico para tentar trabalhar e buscar uma formação que desse alguma perspectiva de entrar numa universidade, obviamente, os trabalhadores tenderam a escolher os curso técnicos, o que daria alguma melhoria na chance de conseguir um emprego. O que é perverso.

Hoje, a educação como um todo está pautada na lógica das competências. Por ela, quem souber aprender, souber ser, souber estar, alcançará e manterá seu emprego. Balela! Estamos vendo a preocupação com a apropriação das ciências sociais e naturais, da filosofia e das artes irem por água abaixo. Quem se beneficia com os produtos das riquezas quer que nos enquadremos no "Comportamento geral" como denunciou Gonzaguinha.

A proposta de Ensino Médio Integrado busca, justamente, articular num todo estruturado os conhecimentos das culturas que nos constituem, dos modos de produzir e do desenvolvimento das ciências, para que possamos nos entender no mundo contemporâneo e termos mais opções de ajudar a melhorá-lo.

Após a lei 5.672/71, a maior parte das escolas de ensino médio oferecia uma formação profissional para os alunos. No entanto, a proposta não deu certo e, muitos críticos apontam esse como um dos aspectos que contribui para a perda da qualidade de ensino nas escolas públicas. Mais

sábado, 9 de janeiro de 2010

Alice ganha prêmio Ponto de Mídia Livre

A Alice é um buraco de fechadura. Por meio dela, os leitores podem espiar
a realidade de populações invisíveis na chamada grande mídia: moradores de rua, idosos, prostitutas, presidiárias. Trabalhando com estes grupos na produção de veículos de comunicação, a agência preenche uma falha histórica na documentação da realidade e contribui para o desenvolvimento da consciência crítica da população. Esta proposta - que inclui a coordenação do jornal Boca de Rua - rendeu à Ong o prêmio Pontos de Mídia Livre, conferido pelos programas Cultura Viva e Mais Cultura, ambos vinculados à Secretaria de Articulação Institucional do Ministério da Cultura. Criada há 10 anos, a Alice defende a idéia de que a comunicação é um direito humano e, portanto, precisa ser democrática. O mesmo conceito norteia o seu funcionamento. Todos os projetos são auto-gestionáveis e até mesmo a administração da instituição conta com a participação das equipes multidisciplinares de apoio técnico. Por este sistema incomum, a Alice já inspirou mais de 30 trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado nas áreas de comunicação, psicologia, educação, história e administração.

Conheça a Alice


Saudações educomunicativistas

sábado, 19 de dezembro de 2009

COP15 em debate quarta, 23, na TV Brasil. Participação de Zilda Ferreira, do Blog EDUCOM



O entrevistado do '3 a 1' é o cientista Luiz Carlos Molion, contrário às teses sobre o suposto aquecimento da Terra. Veja a chamada no site do "3 a 1" para o debate, que vai ao ar às 23 horas:

Entrevista com Luiz Carlos Molion

O polêmico e contestador cientista brasileiro, o doutor em meteorologia, Luiz Carlos Molion é o convidado do 3 a 1 desta quarta-feira, dia 23. Entrevistado por Luiz Carlos Azedo, e pelos jornalistas convidados Zilda Ferreira, especialista em educação ambiental, e Efraim Neto, coordenador da rede brasileira de jornalismo ambiental, ele defende a tese que não há aquecimento global e sim um resfriamento da terra.

"Ao invés de estarmos em Copenhague preocupados com a emissão de CO2 deveríamos era estar discutindo como melhorar a distribuição das riquezas e a previsão do tempo, isso sim é o mais importante.", afirma Molion.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

É oficial e histórico: Confecom aprova Conselho de Comunicação deliberativo


por Cristina Charão, direto de Brasília para o Observatório do Direito à Comunicação



Bandeiras históricas das organizações e movimentos sociais são aprovadas nos GTs

Dificuldades metodológicas superadas, os grupos de trabalho constituídos para debater as propostas inscritas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) aprovaram uma série de resoluções que respondem a bandeiras históricas das organizações e movimentos sociais ligados à luta pelo direito à comunicação e a democratização da mídia.

Estas propostas se tornaram resolução ao receber mais de 80% de aprovação dos delegados em algum dos GTs. Algumas aprovações chegam a surpreender, por serem pautas tradicionalmente rechaçadas pelo empresariado e mesmo por órgãos governamentais.

Por exemplo, foi aprovada a criação de um Conselho Nacional de Comunicação com funções de monitoramento e também de deliberação acerca das políticas públicas do setor. Também passou por consenso nos grupos uma proposta de divisão do espectro radioelétrico entre os sistemas público, privado e estatal numa proporção de 40-40-20.

Outra proposta aprovada nos GTs foi a positivação do direito à comunicação na Constituição Federal.

Veja algumas das propostas aprovadas:

- Divisão do espectro radioelétrico obedecendo a proporção de 40% para o sistema público, 40% para o sistema privado e 20% para o sistema estatal.

- Reconhecimento do direito humano à comunicação como direito fundamental na Constituição Federal.

- Criação do Conselho Nacional de Comunicação, bem como dos conselhos estaduais, distrital e municipais, que funcionem com instâncias de formulação, deliberação e monitoramento de políticas de comunicações no país. Conselhos serão formados com garantia de ampla participação de todos os setores.

- Instalação de ouvidorias e serviços de atendimento ao cidadão por todos os concessionários.

- Incentivo à criação e manutenção de observatórios de mídia dentro das universidades públicas.

- Criação de fundo público para financiamento da produção independente, educacional e cultural.

- Definição de produção independente: é aquela produzida por micro e pequenas empresas, ONGs e outras entidades sem fins lucrativos.

- Garantia de neutralidade das redes.

- Estabelecimento de um marco civil da internet.

- Fundo de apoio às rádios comunitárias.

- Criminalização do “jabá”.

- Isenção das rádios comunitárias de pagamento de direitos autorais.

- Produção financiada com dinheiro público não poderá cobrar direitos autorais para exibição em escolas, fóruns e veículos da sociedade civil não-empresarial.

- Criação de um operador de rede digital para as emissoras públicas gerido pela EBC.

- Estabelecer mecanismos de gestão da EBC que contem com uma participação maior da sociedade.

- Limite para a participação das empresas no mercado publicitário: uma empresa só poderá ter até 50% das verbas de publicidade privada e pública.

- Proibição da publicidade dirigida a menores de 12 anos.

- Desburocratização dos processos de autorização para rádios comunitárias.

- Que a Empresa Brasileira de Correios ofereça tarifas diferenciadas para pequenas empresas de comunicação.

- Criar mecanismos menos onerosos para verificação de circulação e audiência de veículos de comunicação.

- Garantir emissoras públicas que estão na TV por assinatura em canais abertos.

- Criar mecanismos para a interatividade plena na TV digital.

- Fim dos pacotes fechados na TV por assinatura.

- Manutenção de cota de telas para filmes nacionais.

- Adoção de critérios de mídia técnica para a divisão da publicidade governamental nas três esferas.

- Promover campanha nos canais de rádio e TV, em horários nobres, divulgando documentos sobre direitos humanos.

- Inclusão digital como política pública de Estado, que garanta acesso universal.

- Buscar a volta da exigência do diploma para exercício de jornalismo.

- Garantir ações afirmativas nas empresas de comunicação. Criação de Observatório de Mídia da Igualdade Racial.

- Na renovação das concessões, considerar as questões raciais.

- Centro de pesquisa multidisciplinar sobre as questões da infância na mídia.

- Criação do Instituto de Estudos e Pesquisa de Comunicação Pública com ênfase no incentivo à pesquisa.

- Aperfeiçoar as regras da classificação indicativa.

Nunca é demais lembrar... veja o compromisso que Lula assumiu com o plenário da I Confecom, na abertura (minuto 7:10)



Saudações educomunicativistas

domingo, 13 de dezembro de 2009

II FML: Ivana Bentes comenta o Fórum de Vitória e a Confecom


Conversamos no campus da Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória, com Ivana Bentes, diretora da Escola de Comunicação da UFRJ e coordenadora do Pontão de Cultura Digital da ECO. (por Rodrigo Brandão, Equipe do Blog EDUCOM)


Blog EDUCOM - Ivana, que avaliação em linhas gerais você faz do 2º Fórum? Sobretudo, gostaríamos que nos apontasse o que ficou de positivo em termos de acúmulo de forças e estratégia para o futuro do movimento midialivrista?
Ivana Bentes - Vejo um grande amadurecimento na nossa luta e na nossa pauta. Já vencemos um dos maiores desafios da primeira etapa de FML: mapear o universo da mídia livre brasileira, encontrando e reunindo quem faz mídia livre. Agora estamos trabalhando a superação do discurso hegemônico na mídia e construindo nossa própria metodologia. Mas, principalmente, estamos articulando as redes sociais do midialivrismo e integrando-as aos Pontos de Cultura e Mídia Livre, inclusive com movimentos como os de software livre, radicom e música livre. Um novo discurso, assim como uma nova mídia, é também muito importante. Precisamos de um discurso conceituado, qualificado e livre definitivamente das velhas práticas da mídia, dos clichês e dos maniqueísmos. É hora de renovar e estamos fazendo nosso papel.

O GT de Políticas Públicas para o Fortalecimento da Mídia Livre prosseguiu mais um dia e foi integrado ao Encontro dos Pontos. Qual foi a importância, na sua opinião, de a organização do FML optar por essa dinâmica e o que a professora pensa sobre a estratégia e os próximos passos do projeto Cultura Viva?
Na minha visão, o ponto alto do II FML foi esse diálogo dos premiados com Pontos de Mídia e Cultura, com os movimentos sociais que fazem e defendem a mídia livre, além da própria equipe do MinC responsável pelo projeto Cultura Viva. Tudo isso integrado ao debate sobre a universalização da cultura digital. Assim como o projeto dos Pontos de Cultura contribuiu para renovar as políticas públicas de cultura no Brasil, os Pontos de Mídia Livre renovarão o discurso e a prática de comunicação, além de contribuir para um novo entendimento do Estado e da sociedade sobre o que são as novas mídias e como fazer de fato política para mídia livre. Os poderes públicos tem que investir ainda mais, abrir mais editais que possibilitem sustentabilidade e autonomia a quem quer fazer e tem projeto para mídias livres. O Brasil precisa reconhecer a atividade midialivrista. Na Confecom, será o momento de lutarmos por pautas como uma nova política de Estado para as comunicações, mais editais de mídia e cultura e democratização das verbas publicitárias. A infra-estrutura precisa melhorar. Será fundamental para o país a universalização do acesso a internet de banda larga. O momento é favorável.

Este segundo Fórum discutiu muito a necessidade de um novo mercado para as mídias livres, com a adoção inclusive de moedas sociais. Gostaríamos de conhecer sua opinião sobre a economia solidária da mídia livre.
Quando se fala de mercado, muitos dizem que só existe um modelo de mercado, aquele institucionalizado, das moedas oficiais. Nós, midialivristas, estamos construindo um novo mercado. Trabalhamos não só através de serviços tradicionais que podem ser vendidos, mas como trocas de serviços, dentro das redes sociais, com os demais midialivristas. Espero que o Banco Central libere mesmo as novas moedas sociais e que possamos contribuir não só com uma renovação das políticas públicas para cultura e comunicação, mas também no campo da economia.

Como é possível reformar os currículos de todos os níveis do ensino para levar a Educom às escolas e que horizonte você projeta para essa nova forma de educar e informar?
A Educomunicação (ou formação para a mídia livre), incluindo as ferramentas da cultura digital, precisa ser reconhecida como direito do cidadão e fazer parte da vida de qualquer brasileiro desde que põe pela primeira vez os pés numa sala de aula. Isso é estratégico e virá como política de Estado, a partir da nossa luta. A universidade continua e deve continuar relevante na formação para as mídias, mas é preciso ampliar, e não só para as escolas, os espaços da formação de fazedores de mídias.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fórum Mídia Livre defende Conselho, política de Educom e apoio a blogs e radicom



Reunidos em Vitória, capital do Espírito Santo, na última semana, comunicadores da mídia livre de todas as regiões do país definiram um conjunto de propostas para a luta pelo direito à comunicação, estratégias da sociedade civil não-empresarial na I Conferência de Comunicação (Confecom) e os próximos passos do movimento, a partir de 2010. Entre os principais encaminhamentos do II FML estão o compromisso de se construir uma rede social de solidariedade - com assistência jurídica diante das perseguições e da repressão - aos blogs de conteúdo político e às rádios comunitárias, além da luta junto ao Ministério da Educação pelo reconhecimento da produção de informação como atividade de utilidade pública - possibilitando a criação de um fundo para as mídias livres e a Educomunicação. Por Rodrigo Brandão, da Equipe do Blog EDUCOM

Com uma tensa corrida eleitoral no horizonte, que definirá o futuro das transformações sociais deslanchadas nesta década em nosso país, é hora de aglutinar forças para seguir avançando e assegurar o que já foi conquistado. Esta é avaliação dos fazedores de mídias livres, que, no domingo, 6, último dia do 2º Fórum, decidiram construir uma rede de solidariedade ao midialivrismo e lutar para que a comunicação seja declarada direito universal e atividade de utilidade pública no Brasil. "Em 2010, ano eleitoral e sobretudo de sucessão presidencial, os ataques às rádios comunitárias e aos blogs que propagam discursos contra-hegemônicos se intensificarão", observou Renato Rovai, diretor da Revista Fórum, blogueiro e que coordenou um grupo de trabalho (com participação do jornalista-blogueiro Luis Nassif) reunindo responsáveis por blogs de todo o país em Vitória.

"Precisamos blindar essas atividades", defendeu Rovai, adiantando que o novo movimento deverá contar com apoio jurídico de advogados e juristas militantes da luta pela comunicação livre. O jornalista destacou ainda que o maior responsável pelo cerco aos blogs de forte teor político não é o Estado, mas sim a mídia corporativa. "Temos que apontar esta contradição da Veja, da Folha de S. Paulo e da Abert (associação das redes de TV e dos radiodifusores). Eles se dizem defensores da liberdade de imprensa, mas são os primeiros a recorrer à justiça para nos silenciar."

A Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), um dos movimentos mais atuantes no campo do midialivrismo, além de aprovar e defender a proposta conseguiu, junto ao plenário do FML, um compromisso das mídias livres em lutar por políticas públicas de resgate histórico da luta das Radicom e de reparação aos radialistas comunitários, que seguem sendo algumas das maiores vítimas da repressão à comunicação democrática no Brasil. "Queremos que nossa sofrida trajetória de luta seja recuperada, defendida e reivindicada por todos os nossos companheiros de outras mídias livres", defenderam o cearense Rômulo Gadelha, coordenador de pontos de cultura e radialista comunitário, além do mineiro José Guilherme Castro, desde 1995 atuando na Rádio Favela, de Belo Horizonte, cuja trajetória de pioneirismo foi homenageada no filme "Uma Onda No Ar", de Helvécio Ratton. "Nós sofremos com uma espécie de indústria da perseguição comandada por Anatel (agência reguladora das telecomunicações) e Polícia Federal. Defendo que os recursos gastos pelo Estado com a repressão ilegal das rádios comunitárias, para atender a interesses dos radiodifusores, seja investido na universalização dos meios e no apoio às mídias livres", disse José Guilherme.

Da coordenação nacional da Abraço, o gaúcho Josué Franco Lopes apresentou outras propostas incluídas no documento final do II FML, entre as quais o apoio do movimento pela Mídia Livre à criação do portal nacional de rádios comunitárias, liberação de propaganda nas Radicom e a permissão para a outorga de emissoras comunitárias operando em frequencia distinta de outra Radicom localizada em comunidade vizinha. "A publicidade é fundamental para a nossa sobrevivencia. Hoje a Anatel só nos permite aceitar apoios", argumentou Josué, que também integra o Grupo de Trabalho Executivo do Fórum Nacional de Mídia Livre. Explicando a necessidade de rever os critérios para outorgas de rádios operando em comunidades vizinhas, Rômulo Gadelha defendeu que "uma maior flexibilidade da legislação permitirá que mais comunidades possam fazer e ter acesso à mídia livre".

Sustentabilidade das mídias livres
Os fazedores de mídias livres trouxeram nos três dias de FML algumas propostas destinadas a pautar o movimento na luta pela sustentabilidade desse setor. Duas entraram no documento final, após aprovadas na plenária, e coincidem em um ponto: a necessidade de se lutar pela criação de um Fundo Nacional das Comunicações.

Uma das propostas, apresentada na etapa paulista da Confecom por Célio Turino, secretário de Programas e Projetos Culturais do Ministério da Cultura, defende que o Ministério da Educação defina a comunicação como um direito da cidadania, a educomunicação como item obrigatório no currículo das escolas desde o ensino fundamental e a atividade de fazedor de mídia livre como de utilidade pública. Seria então aberto um portal de editais públicos, cujas receitas da propaganda de União, estados e municípios seria destinada ao futuro FNC. "Esse fundo se destinaria a garantir sustentabilidade às mídias livres e compra de equipamentos da Educomunicação para doação a escolas de todo o país", defendeu o jornalista Renato Rovai, um dos maiores entusiastas do projeto.

Por outro lado, Marco Amarelo, do portal de mídias livres Soy Loco por Ti, apresentou uma proposta defendo a cobrança de impostos sobre aparelhos eletrônicos de luxo, como televisores acima de 29 polegadas, cujos dividendos possibilitariam a criação do FNC. "O fundo será de suma importância para o nosso setor, sobretudo porque nos garantirá autonomia", defendeu Marco.

Estratégias para a I Confecom
Vários delegados eleitos para a Conferência de Comunicação, que acontece entre os dias 14 e 17 em Brasília, estavam no campus da Universidade Federal do Espírito Santo para o FML. Ainda que o caderno de propostas tenha sido fechado com os encaminhamentos definidos nas etapas estaduais, a plenária final do Fórum sugeriu uma pauta mínima para ser defendida pelos ativistas do FML confirmados no Auditório Ulysses Guimarães a partir do dia 14. Foram propostos estes pontos para a estratégia da bancada da sociedade civil não-empresarial:
1. Apoio ao conceito das escolas livres de comunicação, em todos os níveis do ensino
2. Permissão para o aumento da potência nas transmissões das rádios comunitárias e criação de um conselho para o setor, destinado a garantir transparência na concessão de outorgas
3. Flexibilidade na concessão de Radicom para comunidades limítrofes
4. Criminalização do "Jabá", acarretando na perda da concessão pública de uma rádio que praticar esse tipo de comercialização da música
5. Que conteúdos produzidos com 100% de incentivos fiscais percam o direito autoral e sejam efetivamente mídia livre
6. Luta para democratizar os critérios de concessão de rádio e TV, por políticas públicas para a universalização da internet em banda larga e distribuição de verbas publicitárias do Estado também para a mídia livre
7. Que as novas concessões públicas tenham como critério o respeito, pelo concessionário, da igualdade de gênero, diversidades racial e cultural, além dos direitos de minorias como os gays, lésbicas e transgêneros
8. Reforçar a luta pela criação do Conselho Nacional de Comunicação Social - deliberativo, autônomo e nos moldes dos demais conselhos setoriais com participação do Poder Executivo da União

Está ainda no documento final aprovado no último domingo, 6, a ser divulgado na página do FML, um conjunto amplo de propostas divididas em três eixos temáticos, para os próximos passos do Fórum Mídia Livre. Aqui estão algumas delas:
Políticas públicas para fortalecimento, descentralização e sustentabilidade das mídias
- Que o MEC reconheça a atividade de mídia livre e possibilite a criação nas escolas e universidades de disciplinas de Educom, incluindo laboratórios para a formação de fazedores de mídias livres. Criação de cursos de Comunicação Social nas novas universidades abertas dentro do programa de expansão do ensino superior
- Vinculação das mídias livres na nova economia solidária, incluindo o emprego de moedas alternativas para a economia do midialivrismo
Fazedores de mídia
- Articular a conexão dos midialivristas aos produtores da cultura livre no Brasil e participação do moviemnto pela mídia livre no Fórum Internacional de Softwares Livres
Formação para a mídia livre
- Bolsas de extensão universitária para a Educom
- Incluir nos currículos dos cursos de comunicação social em nível superior e médio pedagogias de comunidades como as de quilombolas e indígenas
- Educação, desde o ensino fundamental, para a mídia digital, incluindo lógica e desenvolvimento de softwares livres
- Utilizar material da Educom para formação dentro das comunidades

Fórum teve Festival de Música Livre e Luis Nassif na abertura
Sob mediação da diretora da Escola de Comunicação da UFRJ e coordenadora do Pontão de Cultura sediado na mesma ECO, Ivana Bentes, a desconferência de abertura teve participação do jornalista Luis Nassif e do cientista político ítalo-brasileiro Giuseppe Cocco, co-autor, com Toni Negri, de "GlobAL: biopoder e lutas em uma América Latina globalizada". Entre outros pontos altos do debate, o jornalista-blogueiro Luis Nassif destacou que a mídia tradicional, capitalista, baseada em jornais de grande circulação e redes nacionais de TV, está condenada à extinção. A abertura do II FML foi realizada na Tenda Mídia Livre, erguida no campus da Ufes e palco do Festival Música Livre, que contou com apresentações de artistas-militantes do Movimento Música Para Baixar (MPB) e outros músicos que praticam o mercado livre da arte, baseado na adoção dos esquerdos autorais e na oposição à prática do Jabá, como Jards Macalé e BNegão.

"Esse modelo tradicional, que eu chamo de velha mídia, está sendo duramente questionado e vai cair em breve. Vai cair porque está apoiado em algumas pernas podres de legitimação. Uma delas é o IVC, Instituto Verificador de Circulação, que mede a tiragem e a circulação dos jornais. É um sistema declaratório: a editora Abril diz, mas em realidade mente, que imprime um número x de revistas e vende outro número y de revistas, e o IVC atesta indiscriminadamente esses dados", exemplificou Nassif, lembrando que as verbas publicitárias, inclusive as estatais, são drenadas para essa mídia com base em números maquiados.

Segundo o jornalista, "se for feita uma auditoria, vão verificar que muitos brasileiros recebem sem pedir, ou seja, irregularmente, assinaturas desses veículos. Assim como leitores mudam seus planos de assinatura da Folha de S. Paulo, por exemplo, para receber o jornal apenas nos finais de semana. Se o cliente interfere nessa relação comercial, o IVC não faz o registro dessas alterações. Podem ter certeza que o encalhe de exemplares da Veja e da Folha é muito maior que o registrado no IVC e que a queda da circulação está num ritmo brutal". Nassif garantiu à audiência que a tiragem da Veja caiu 20% nesta primeira década do século e que a circulação dessa revista e da Folha caiu 40% no mesmo período. "As receitas da Veja representam 55% do faturamento do Grupo Abril. O dia em que abrirem essa caixa preta, a editora dos Civita entra em colapso. Mas ai vem o pulo do gato: quem administra o IVC? Os próprios oligopólios da mídia!", pontuou Nassif.

Giuseppe Cocco e Ivana Bentes destacaram as conquistas do movimento midialivrista - como a realização do edital do Ministério da Cultura para os primeiros 82 Pontos de Mídia Livre - e a característica imaterial do trabalho em mídia livre, que se articula direta e indiretamente com a produção de conteúdo e bens culturais (veja II FML: desafio do MinC e do midialivrismo é expandir Pontos de Mídia e Cultura no interior, com os primeiros avanços no debate sobre a economia solidária para a mídia livre). Como atividade pós-Festival de Música Livre, o movimento "MPB" coordenou na Ufes o seminário "A Morte do Pop-Star", discutindo o novo ambiente do mercado da música em todo o mundo, marcado pela retração do faturamento das megagravadoras e a popularização dos sites P2P, espaços para compartilhamento gratuito de músicas na internet.


Jards Macalé (crédito ao site do II Fórum Mídia Livre) no Festival de Música Livre e a desconferência de abertura (em destaque na foto, Luis Nassif, Ivana Bentes e Giuseppe Cocco)















A Equipe do Blog EDUCOM cobriu os três dias do II Fórum de Mídia Livre. Aguarde nossos próximos posts.. Saudações midialivristas e educomunicativistas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ele tem 16 anos e é jornalista comunitário

Aos 16 anos, René Silva é o idealizador e há cinco anos organizador de um jornal produzido exclusivamente por jovens da favela carioca do Adeus, no Complexo do Alemão. Começando cedo, com apenas onze anos, mostrou à familia e aos amigos que não lhe davam crédito, que com dedicação e perseverança algo como um jornalzinho de pequena circulação pode se tornar um processo de transformação social. Entre algumas realizações do "Voz da Comunidade", além da publicação de matérias de interesse da maioria dos moradores do Adeus, notícias e receitas, está a participação em campanhas, como as de arrecadação de alimentos. "Voz da Comunidade" é um jornal independente, que conta com uma equipe de organizadores, realizadores, patrocinadores e anunciantes. Conheça o jovem jornalista René Silva




Nota da Equipe do Blog: se você quiser entrar em contato com René e apoiar essa iniciativa, deixe seu e-mail em nossa caixinha de comentários. Obrigado e saudações educomunicativistas

Os comunicadores e os Pontos de Cultura

publicado por Thereza Dantas no Ponto por Ponto, Espaço de Comunicação Compartilhada

Não é incomum observar oficinas de comunicação na grade da programação das oficinas de diversas Organizações Não-governamentais (ONG), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e instituições de caráter social, públicas e privadas. Ao fazer uma reportagem sobre o trabalho de uma ONG na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, encontrei uma oficina de "Jornalismo" e como jornalista resolvi pesquisar mais sobre essa nova onda.

Afinal o que é Jornalismo e o que é Comunicação?
Essa definição é consensual e pública: Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, fatos e a divulgação dessas informações. Também define-se o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais. Jornalismo é uma atividade da área da Comunicação, e dentro da Universidade, é o campo de conhecimento que forma publicitários, jornalistas ou relações públicas.

Mas a Comunicação é um conceito mais amplo, uma qualidade intrínseca do ser humano. Para Flávia Ferreira, jornalista que ministra as oficinas na Rede Enraizados, Ponto de Cultura da baixada fluminense que conta hoje com participação da militância do Hip-Hop de 16 organizações no Brasil e de outros países como Colômbia, Espanha, Bélgica, Portugal, Finlândia, França, Angola, Moçambique e Japão, a Comunicação é "tudo que envolve a sociedade, independente de ser mídia, pois tudo que fazemos precisa da comunicação". Flávia completa a sua ideia: "costumamos falar que um ser desprovido da comunicação se torna um animal, pois não conseguindo articular seus pensamentos com outros seres, ele não consegue pensar criticamente sobre si e sobre o mundo que o cerca, mundo este que só existe por que a comunicação o dotou de significados e signos". E a Flávia tem razão porque através da Comunicação nos relacionamos, dividimos e trocamos experiências, idéias, sentimentos, informações, e juntos modificamos a sociedade onde estamos inseridos.

A coordenadora de Comunicação do Ponto de Cultura Viva Favela, Mayra Jucá, explica o que são as oficinas de Comunicação da ONG carioca: "basicamente, nós capacitamos jovens moradores de comunidades de baixa renda para atuarem como 'Correspondentes Comunitários', termo que criamos no projeto Viva Favela para nomear os comunicadores que reportam sobre suas comunidades". Além desse trabalho formador de comunicadores existe uma grande preocupação com a forma, a maneira como essas comunidades serão retratadas “a proposta é a de construir uma imagem sem estigmas e sem o foco em questões sempre negativas como a violência e a pobreza, que é como a mídia em geral aborda esses espaços”, explica Mayra. É realmente difícil imaginar o ser humano que não se relaciona com outro, que não ame um outro, que não compre e que não venda para outro, enfim que não se comunique com outro ser humano. E a partir da afirmativa da Mayra Jucá podemos antever que para cada grupo social existe uma forma de se comunicar.

Quem são os comunicadores?
Na sua grande maioria são jovens, entre 16 a 25 nos, participantes das oficinas e atividades ligadas à comunicação dos eventos e problemas de suas comunidades. Mas para a carioca Gizele Martins, os jovens carecem de mais informações sobre o tema, "principalmente para quem não estuda na área de jornalismo". Gizele é uma virajovem, participa da redação da Revista Viração, projeto que nasceu em 2003 em São Paulo, e que conta hoje com a participação de jovens de escolas públicas e particulares nos conselhos editoriais nos 21 estados brasileiros para a produção da revista. Além da revista Viração ela também escreve no jornal "O Cidadão" produzido há 10 anos pela comunidade da Maré, no Rio de Janeiro. O bacana é que a jovem Viviane Oliveira também faz parte da equipe de colaboradores deste mesmo jornal só que participa via ONG Viva Favela, extensão do trabalho de políticas públicas da ONG Viva Rio. "Lá somos um total de oito pessoas. Duas delas são jornalistas formadas pela PUC-RJ, um é formado em publicidade, e todos os outros estudam Comunicação Social com habilitação em jornalismo", explica Viviane.

Para se ter uma ideia da importância do trabalho dos comunicadores, só o jornal "O Cidadão" cobre 16 bairros no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. São 20 mil exemplares distribuídos gratuitamente a cada três meses "nas escolas, nas associações de moradores, nos comércio, em lugares públicos da favela", explica a vira-midiadora (nome dos comunicadores da Revista Viração) Gizele Martins. E as mídias utilizadas por esses comunicadores são variadas. Podem ser jornais impressos, webrádios, rádios comunitárias, fanzines, blogs, sites, rádio poste, youtube, ou seja, eles podem ser impressos, áudios e vídeos produzidos de forma alternativa, mas não menos eficientes e muito mais próximos das reais necessidades de seus ouvintes, leitores e espectadores. Mas o comunicador tem uma característica curiosa: ele trabalha para várias redes sociais e de comunicação. O exemplo da correspondente comunitária Viviane Oliveira é muito comum: ela colabora com os blogs "O Cotidiano", "Foto&Jornalismo Maré" e "O CIDADÃO". Mais

USP cria Licenciatura em Educomunicação

Projeto da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) destinado à criação de uma Licenciatura em Educomunicação foi aprovado pelo Conselho Universitário na última terça, dia 17. A Licenciatura destina-se a preparar profissionais para atender demandas provenientes do campo do magistério e da prática social, que prevê o uso das tecnologias da informação e das linguagens da comunicação das artes em projetos voltados para a comunicação educativa.

O profissional a ser formado encontrará espaço de atuação na docência,
especialmente nos cursos profissionalizantes de nível médio voltados
para a comunicação e as tecnologias da informação. Terá atuação,
ainda, no desenvolvimento de projetos destinados a qualificar a
expressão comunicativa da comunidade escolar, fazendo uso das
linguagens da comunicação, das artes, assim como das tecnologias da
informação, tanto no ensino básico quanto no superior. No caso, o
educomunicador agirá como um assessor a serviço das secretarias de
comunicação, das diretorias de ensino e das próprias escolas.

A presença do educomunicador já é visível em escolas de redes
públicas, bem como em projetos de organizações não governamentais que,
na área do terceiro setor, empregam a mídia em programas educativos. O
novo curso pretende potencializar as ações destes profissionais, assim
como as práticas dos que, nos meios de comunicação, especialmente
jornais, emissoras de rádio e de TV, se dedicam à comunicação
educativa.

A iniciativa foi precedida, ao longo das últimas duas décadas, por
pesquisas de mestrado e doutorado sobre a inter-relação
Comunicação/Educação em programas de Pós-Graduação da USP,
especialmente na ECA e na Faculdade de Educação. Por sua vez, o
conceito da Educomunicação vem sendo aplicado, especialmente na última
década, à ação profissional na interface entre os dois campos através
de uma série de experiências de formação em serviço, em todo o país,
mediante projetos de extensão, tanto presenciais quanto a distância,
implementados por docentes e núcleos de pesquisa vinculados ao
Departamento de Comunicações e Artes da ECA.

O novo curso, com 2.800 horas e duração de quatro anos, será oferecido
no período noturno, a partir de fevereiro de 2011. Uma equipe
multidisciplinar de 19 professores doutores, especialistas em teorias,
linguagens e gestão da comunicação, educação, teoria e crítica das
artes e tecnologias da informação assumirá as disciplinas e a direção
do novo programa. De acordo com o Prof. Ismar de Oliveira Soares,
chefe do CCA-USP, a aprovação do novo curso é uma vitória de um
esforço coletivo de uma equipe de pesquisadores e professores da ECA
muitos dos quais aposentados, que identificaram o potencial da ECA
para o atendimento das demandas que a sociedade da informação está
colocando para o ensino da comunicação e da educação no mundo
contemporâneo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

EDUCOM e Educação Ambiental...

Você já percebeu que, além de Educom, meio ambiente e Educação Ambiental são os temas dominantes neste blog. Mas talvez você se pergunte: qual a relação entre Educom (ou Educomunicação) e Educação Ambiental? Leia este trecho da proposta para o Sub-Programa de Educomunicação Socioambiental do Ministério do Meio Ambiente.

"Ministério do Meio Ambiente
Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental
Departamento de Educação Ambiental
Programa Nacional de Educação Ambiental


Sub-Programa Educomunicação Socioambiental


2008

(...)

2 - Por que um Sub-Programa de Educomunicação?

(...)

Em resumo, qual o papel da Educomunicação no campo da Educação Ambiental?

• Mobilizar e manter mobilizadas comunidades aprendentes (incluindo grupos, associações, escolas, círculos de aprendizagem, coletivos educadores, redes e demais estruturas educadoras ) com ação educativa permanente de caráter socioambientalista e transformador;
• Promover a formação de educomunicadores para atuação em coletivos e estruturas e espaços educadores, com base no favorecimento do diálogo e da participação em toda o processo da educação ambiental;
• Possibilitar à totalidade da população o acesso à informação socioambiental, qualificada pelos educomunicadores;
• Promover, em comunidades aprendentes, a produção interativa / participativa de conteúdos para a mídia massiva

(...)"

Baixe a íntegra do Sub-Programa Educomunicação Socioambiental do MMA

Saudações educomunicativistas,

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Especial Educomunicação Ambiental - Entrevista: Heitor Queiroz de Medeiros

Por Sucena Shkrada Resk

Em entrevista, HEITOR QUEIROZ DE MEDEIROS fala sobre os caminhos da EDUCOMUNICAÇÃO AMBIENTAL no Brasil. O historiador e Doutor em Ecologia e Recursos Naturais é um dos fundadores da Revista Brasileira de Educação Ambiental. Também atua como professor-visitante na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), na área de Mestrado em Ciências Ambientais, Departamento de Ciências Biológicas e Departamento de Agronomia.

Confira os principais trechos:

BLOG CIDADÃOS DO MUNDO - Qual é o papel da Educomunicação e a sua importância no processo de empoderamento da sociedade?
HEITOR MEDEIROS - ... a educomunicação é importante pela capacidade de poder potencializar as informações em educação ambiental, principalmente com relação ao eixo não-escolarizado. É evidente, que dentro das escolas, também esse tipo de comunicação tem valor, mas é um locus específico de trabalho de professores e alunos.

Um dos grandes desafios da educação ambiental é no campo difuso e não-formal. É a capacidade de aprender a utilizar com eficiência veículos de comunicação, das mais diversas formas, sabendo que hoje no Brasil, existe um esforço muito grande na área de EA em trabalhar com o conceito Educomunicação.

Uma coisa é trabalhar a educação dentro dos veículos de comunicação de massa e utilizar a capacidade de capilaridade que eles têm. Outra coisa é você ter a capacidade de fazer com que as pessoas possam produzir os seus próprios materiais educacionais e que isso se transforme em um projeto pedagógico, desde os sinais de fumaça ou rufar de tambores aos potenciais da Internet.

O objetivo é que as pessoas conquistem autonomia, para não ficarem dependentes dos veículos de massa, que são importantes, mas também têm suas dificuldades com as linhas editoriais. Muitas vezes, estão compromissadas com o Capital e com os capitalistas, mais do que com a transformação necessária para um novo modelo de sociedade. Mas isso não significa que a gente não possa usar esse instrumento, por causa disso.

CIDADÃOS – Quem são os principais atores no processo de Educomunicação e como acontece a capacitação?

HM - A Educomunicação, na verdade, é a capacidade que você tem de utilizar as informações. Isso quer dizer utilizar a comunicação no processo do fazer pedagógico, de trabalhar na formação das pessoas, para que tenham autonomia. Daí você passa pela discussão da democratização, inclusive, dos veículos de comunicação, o que é fundamental.

Eu considero que cresce hoje no Brasil uma demanda de jovens e educadores ambientais pela melhoria da condição de trabalhar, a partir dessa proposta. É um desafio muito grande entender o que é, e como a gente faz isso.

Quanto ao aspecto de capacitação, quando se fala de política pública, não está só se tratando do Governo, mas do controle social por parte da sociedade civil. Existe uma proposta metodológica de trabalhar isso, e que o órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental vem trabalhando há algum tempo. Eu acredito que isso está razoavelmente consolidado no espaço das educadoras e educadores ambientais, o que possibilita a autonomia da sociedade.

CIDADÃOS – Empoderar os cidadãos significa substituir o papel do poder público na EA?

HM - Empoderar os cidadãos não significa que o poder público não deva liderar o processo de EA. O que quero dizer é que quando o governo não tiver condições, interesse, política, vontade e dinheiro, a gente tem de ter capacidade de fazer, enquanto sociedade. Esse é o grande ‘barato’ da Educomunicação. Não pode se atrelar a uma dependência institucional do poder público, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que lançou a proposta conceitual para ser adotada no Brasil no ano passado (o conceito proposto hoje pela educomunicação vem amadurecendo, pelo o menos há três décadas, na América Latina, com educadores como Paulo Freire e se estruturando com mais ênfase, a partir da Rio 92). Não podemos esquecer que a pasta tem o menor orçamento da Esplanada dos Ministérios, o que implica um contexto complexo.

Existe recurso para destruir a natureza, para a agricultura, para fazer (péssima) política na área da saúde, que são áreas que dão visibilidade aos políticos, mas no segmento ambiental, os recursos são muito poucos. Acredito que hoje, no MMA, teremos muita dificuldade para potencializar as políticas anteriores. Em contrapartida, acho que temos um conceito estabelecido e experiências no país, que mostram que isso é possível a sociedade se apropriar disso, e dar continuidade no processo.

CIDADÃOS – Pode citar algum exemplo?

HM - Os Coletivos Jovens (CJs) do Meio Ambiente, articulados pelo órgão gestor e principalmente pelo Ministério da Educação (MEC), hoje têm capilaridade no Brasil inteiro. Eu venho da velha militância do Movimento Ecológico e sempre faço uma autocrítica, dizendo que um dos maiores erros nossos foi não investir intencionalmente em novas lideranças.

Os CJs são essas novas lideranças...trabalhando com uma lógica muito bacana, pois não querem tutela para agir. O repertório e práticas de Educomunicação estão no repertório deles. Isso é um dos exemplos concretos. A proposta desses jovens é “meio anárquica”, pois se já se envelhece e vira burocrata, quando é jovem, não há salvação para o planeta.

CIDADÃOS – Fale sobre a proposta da Revista Brasileira da Educação Ambiental.

HM - Em 2004, eu e a professora Michelle Sato (bióloga, mestre em Filosofia e pós-doutora em Educação), por meio da Rede Matogrossense de Educação Ambiental, chegamos à conclusão, que uma das contribuições que poderíamos dar à REBEA, seria editar uma revista específica de EA, que não tivesse proposta de ser só acadêmica, porque diversas universidades já mantêm esse trabalho. Assim, surgiu a Revista Brasileira de Educação Ambiental, da REBEA, com proposta de publicar experiências de EA no Brasil inteiro, para dar visibilidade a essas publicações, sem excluir trabalhos científicos. Temos cinco exemplares até agora, sendo que o quinto foi lançado no VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental.

A ideia é que a revista não tenha ‘dono’, pois queremos trabalhar com a cultura de rede e horizontalidade. Achamos por bem, que a cada ano do Fórum se mude a coordenação editorial, que agora passará a dois professores-doutores - José Vicente de Freitas e Maria do Carmo Galiazzi- ambos da Universidade do Rio Grande (FURG), que tem mestrado em EA. Com isso, eu e Michelle passamos para o Conselho Editorial. Essa proposta de alterações na coordenação editorial deve prosseguir a cada Fórum, como forma de democratizar o processo de construção da publicação.


* a entrevista de Heitor Queiróz de Medeiros sobre Educomunicação Ambiental foi concedida ao Blog Cidadãos do Mundo (www.cidadaodomundo.blogse.com.br), durante o VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, realizado no Rio de Janeiro, em julho de 2009.

Fonte: Blog Cidadãos do Mundo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Bolívia sumiu do noticiário da Globo, da Veja e dos jornalões. Entenda

Por sinal já está acontecendo o mesmo com Honduras, à medida que as pressões internacionais e as negociações para a superação do golpe de Estado (chamado de "crise" por alguns...) apontam para o retorno do presidente constitucional ao poder, o que não interessa nem um pouco aos arautos da violência antidemocrática e antipovo encastelados nas redações. Agora a ordem é falar da classificação hondurenha à Copa do Mundo e dizer que esse fato "está eclipsando o noticiário da crise". Voltando à Bolívia, veja neste artigo de Emir Sader como o governo de Evo Morales (foto) venceu o separatismo golpista e as direitas retrógradas e começa a mudar - literalmente - a cara da Bolívia

Sapatos ou sandálias
publicado em 13/10/2009 no Blog do Emir

“Melhor um mafioso de sapato que um ignorante de sandália.” O comentário preconceituoso foi feito por uma mulher branca, no vôo de Santa Cruz de la Sierra a Cochabamba. Dá uma idéia do sentimento dessa minoria branca, que sempre governou a Bolívia, durante séculos, ao sentir que o país lhes tinha sido expropriado pelas mãos da grande maioria de povos indígenas – 64% da população se reconhecem como de origem indígena – aymaras, quéchuas, guaranis ou de outras nacionalidades -, mas nunca tinham governo o país.

Na época da campanha eleitoral havia uma charge em um jornal boliviano, em que quatro mulheres brancas jogavam baralho, quando uma delas pergunta:

- Mas um índio pode ser presidente?

Ao que respondeu uma outra:

- Sim, da Índia.


A forma usual de se dirigir a Evo Morales, presidente da república, é chamá-lo de “esse índio de merda”. No ano passado, na praça central de Cochabamba, estudantes brancos submeteram índias e índios a vexames públicos, violentamente. O racismo da direita, da imprensa e dos governos da região oriental é extremado.

Esse sentimento se aguçou quando as pesquisas eleitorais confirmam o que as eleições do ano passado já haviam revelado: o governo de Evo Morales goza de ampla maioria no país e desta vez deve conseguir não apenas a reeleição e repetir a maioria na Câmara de Deputados, mas conquistar a maioria do Senado, talvez até com 2/3 dos parlamentares. A oposição, derrotada politicamente, concorre com vários candidatos, sempre muito atrás – mesmo somados – da votação prevista para Evo.


Um deles, candidato também nas eleições passadas, Samuel Doria, é quem detêm a marca da Burger King na Bolívia. Seu lema, pintado nas paredes daqui de Cochabamba: “Fazer Bolívia voltar a trabalhar”. Expressa outro preconceito: o de que a região ocidental do país, em que está La Paz e os estados de maioria esmagadora de indígenas, vivem do Estado, de políticas sociais, de subsídios, etc., enquanto o dinamismo e o trabalho ficariam por conta da região majoritariamente branca – a região oriental.

Depois de tentativas de deslegitimação do governo, promovendo projetos autonômicos nas províncias, de forma violenta, a direita se viu derrotada na consulta sobre confirmação de mandatos em agosto do ano passado. Diante dos resultados, promoveu atos violentos de ocupação de prédios do governo federal, agressão a fucnionarios públicos, até que um dos governadores da região oriental, do estado de Pando -, reprimiu uma mobilização de camponeses, matando a vários deles. Isso por si só já gerou seu isolamento, mas o governo passou a atuar, com a prisão do governador e uma grande mobilização de 100 mil pessoas dirigidas por Evo Morales em La Paz. A oposição passou à defensiva, derrotada politicamente. Um dos reflexos dessa derrota é não ter conseguido se unificar e lançar vários candidatos.

A vitória de Evo Morales, com maioria – com a possibilidade de chegar a 2/3 no Senado – permitirá que todo o processo, recém iniciado, de refundação do Estado boliviano, com todo o novo embasamento legal que isso requer, poderá ser feito conforme as orientações do governo. A direita ainda não está derrotada economicamente, dispõe de grande poder econômico – ainda que enfraquecido – e do poder midiático, graças ao monopólio que exerce, tal como acontece nos outros países do continente.

Mas, a três anos e meio da sua primeira eleição, o governo boliviano caminha, seguro, para a sua consolidação. Elabora neste momento uma lei de gestão pública do novo Estado multinacional e autonômico, avançando no projeto de refundação do Estado boliviano. O ex-presidente Sanchez de Losada, refugiado nos EUA, com pedido de extradição pelo governo boliviano para responder na Justiça pelas dezenas de mortes de responsabilidade do seu governo, quando tentava evitar sua queda, representa bem o “mafioso com sapato”. Evo, de sandálias, a saberia indígena, camponesa, popular, que para os preconceitos racistas aparece como “ignorância”.

sábado, 10 de outubro de 2009

Seminário na ABI discute dias 14 e 15 papel da mídia no debate da igualdade racial



Que causa poderia unir o arquiteto Oscar Niemeyer, o cineasta Nelson Pereira dos Santos, os antropólogos Roberto da Matta e Otávio Velho, o jurista Fábio Konder Comparato, os ministros do STF Marco Aurélio Mello, Joaquim Barbosa Gomes, Celso Mello e Carlos Ayres Britto, os jornalistas Miriam Leitão, Elio Gaspari e Ancelmo Góis, os atores Lázaro Ramos, Wagner Moura e Taís Araújo, os compositores e cantores Gilberto Gil e Martinho da Vila?

Resposta: as políticas de ação afirmativa, que incluem as polêmicas cotas para negros nas universidades.

Por que, então, essas personalidades tão importantes não costumam ser entrevistadas sobre esse tema? Seria isso produto de uma ação deliberada de grande parte da mídia brasileira, possivelmente interessada em fabricar uma opinião pública contrária a essas políticas?

Esse é o tema central do seminário Comunicação e Ação Afirmativa: O Papel da Mídia no Debate sobre Igualdade Racial, que será realizado nos dias 14 e 15 de outubro na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

Com a presença de grandes nomes da mídia brasileira, ao lado de especialistas acadêmicos e ativistas do movimento social, o seminário – fruto da parceria entre a ABI, o Conselho Municipal dos Direitos do Negro (Comdedine) e a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira), com apoio da Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial do Município do Rio de Janeiro (CEPIR) – pretende suscitar um debate que vai além dos limites de seu tema, pois envolve o papel da mídia numa sociedade democrática, suas responsabilidades e limites.


Se você quiser conhecer a história do brasileiro que está na foto acima (e que também apóia os programas de ação afirmativa) clique aqui


SEMINÁRIO COMUNICAÇÃO E AÇÃO AFIRMATIVA:
O PAPEL DA MÍDIA NO DEBATE SOBRE IGUALDADE RACIAL

Realização: ABI, Comdedine, Cojira, Seppir, Cepir

Local: Associação Brasileira de Imprensa – Rua Araújo Porto Alegre, 71 - CENTRO - Rio de Janeiro - RJ

PROGRAMAÇÃO

Dia 14 de outubro

14h – Mesa de Abertura com representantes das entidades organizadoras, Sindicato dos Jornalistas

15h30 – Cobertura da Ação Afirmativa no Brasil

Ancelmo Gois (O Globo)
Kássio Motta (autor de pesquisa acadêmica sobre a cobertura do tema pelo Globo)
João Feres (IUPERJ)

Dia 15 de outubro

13h30 – A Responsabilidade Social da Mídia e o Debate sobre Raça

Muniz Sodré (professor da ECO/UFRJ e presidente da Biblioteca Nacional)
Maurício Pestana (revista Raça)
Márcia Neder (revista Cláudia)

15h30min - Da Opinião Publicada à Opinião Pública: A Fabricação de um Consenso Anticotas no Brasil

Miriam Leitão (O Globo)
Rosângela Malachias (Ceert)
Carlos Alberto Medeiros (Cepir)
www.abi.org.br

MEC inclui educomunicação como conteúdo para curso na área de Comunicação e Artes

Pela primeira vez, a área responsável pelo ensino superior do Ministério da Educação reconhece e legitima a Educomunicação incluindo-a como possível conteúdo para a formação na área de Comunicação e Artes. No caso específico, o conceito está presente entre os conteúdos de formação previstos para os bacharéis em cinema, como parte da proposta de consulta pública para estabelecer os Referenciais Nacionais dos Cursos de Graduação (Licenciatura e Bacharelado), na subárea Cinema e Audiovisual. Sugerimos que tal disposição se estenda a todos os cursos da área da Comunicação Social, assim como aos estudantes de Pedagogia de todo o país.

Lembramos que o MEC, ao incluir o conceito como possível conteúdo disciplinar para a formação do cineasta, está, primeiramente, legitimando uma reflexão recentemente produzida pela prática social que identifica a educomunicação como própria da interface representada pelas ações na inter-relação Comunicação/Educação, não sendo, pois, adequado, que seja apoderado exclusiva ou preferencialmente por um ou outro campo.

Nesse sentido é de se supor que a educomunicação seja, para o MEC, um conteúdo que deve ser compartilhado com profissionais voltados ao campo tanto da produção e organização, quanto para o do magistério. No caso da área voltada para o magistério, a Secretaria do Ensino Básico e o segmento de projetos especiais - como o da educação ambiental - já o vêm trabalhando com o conceito em diferentes ocasiões. No caso do bacharelado em cinema, de acordo com o MEC, o profissional atuará como “produtor”.

Concluimos, daí, que para o MEC o conceito da Educomunicação, além de identificar ações no campo da educação escolar, já vem sendo aceito como definidor de um conjunto de atividades externas ao mundo da educação não formal, como a que envolve a produção cinematográfica.


Conceito complexo
O conceito da educomunicação vem sendo usado, na proposta do Departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP, para designar o conjunto das ações voltadas para a criação e administração de processos e de produtos geradores de ecossistemas comunicativos abertos e criativos, envolvendo atores sociais em inter-relação mediante o favorecimento das distintas formas de expressão. Para tanto, tem como característica a concepção e desenvolvimento de planos, programas e projetos que assegurem ao maior número possível de sujeitos sociais articulados em torno de propostas educativas - independentemente de sua condição econômica e social - a acessibilidade aos recursos da informação e às linguagem da comunicação. 



Pressupõe, como condição necessária e indispensável, a gestão democrática e participativa das tecnologias e processos necessários à consecução dos fins propostos. Nesse sentido, o conceito não se confunde, na educação, com “tecnologia educativa” e não se reduz a uma modernização didática através do emprego das linguagens dos meios introduzidas no âmbito escolar tradicional. Nem, tão pouco, no âmbito da comunicação, se resume à produção suplementar direcionada ao ensino.



Trata-se, antes de tudo, de um paradigma ou referencial que vem sustentando o trabalho de numerosas ONGs que desenvolvem propostas de mídia e educação, estando, também, na pauta de veículos de comunicação que desenvolvem projetos com a participação de suas audiências. Na última década, passou a ser pensada como possibilidade junto aos sistemas educativos, permitindo a professores e alunos o planejamento e uso conjunto dos recursos da comunicação, como as linguagens cênica, musical, impressa, radiofônica, videográfica ou cinematrográfica, na prática escolar, hoje facilitadas pelas ferramentas digitais. Notícias sobre o sucesso destes empreendimentos estão presentes constantemente na mídia.


Licenciatura em Educomunicação
A Escola de Comunicações e Artes, que conta com um Curso Superior do Audiovisual, voltado para formar radialistas, cineastas e profissionais de televisão, acaba de aprovar uma Licenciatura em Educomunicação. Com suas disciplinas abertas aos alunos dos demais cursos da Escola e da Universidade, com um todo, a nova licenciatura terá como missão formar um profissional que possa atender as duas ordens de demandas previstas pelo uso do conceito pelo MEC: de um lado, a demanda de interface Comunicação/Educação na área da produção midiática e, de outro, a demanda proveniente do mundo educacional, tanto no âmbito do ensino básico (fundamental e médio) quando no superior.


Por outro lado, os responsáveis pelo projeto da Licenciatura em Educomunicação entendem que a iniciativa do MEC de propor o conceito e a prática educomunicativa como parte do conteúdo destinado à formação de um graduado de uma subárea específica (no caso a do Cinema e Audiovisual), seja igualmente aplicada a todos os projetos didáticos direcionados à formação de estudantes da área de Comunicação e Artes e das Humanidades, especialmente os de Pedagogia. Trata-se, enfim, do reconhecimento de que para além da formação de um profissional específico, previsto pela Licenciatura, tenhamos profissionais da pesquisa, da produção e do magistério em condições de iniciar um diálogo mais profundo sobre a complexa missão de produzir cultura e desenvolver uma educação em consonância com as exigências do mundo contemporâneo. (Ismar de Oliveira Soares. São Paulo, 5 de outubro de 2009)
Veja esta e outras notícias da Educom na página do Núcleo de Comunicação e Educação da USP






Carta aos educadores ambientais do Brasil e dos países de línguas hispânica e portuguesa

O documento que publicamos a seguir foi construído a partir da IV Conferência Internacional de Educação Ambiental, realizada na Índia em 2007, 30 anos após a primeira Conferência, em Tbilisi, Geórgia. A Carta aos educadores ambientais do Brasil e do mundo luso-hispânico foi produzida por, entre outros membros da delegação brasileira, Marcos Sorrentino, então diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Raquel Trajber, coordenadora geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação


Aos educadores e educadoras ambientais do Brasil e dos países de

línguas hispânica e portuguesa,

Poucos de nós conseguiram acompanhar a IV Conferência Mundial de
Educação Ambiental para um Futuro Sustentável, Tbilisi+30, no contexto
da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, que se
realizou em Ahmedabad, Índia, nos dias 26 a 28/11.

As causas podem ser atribuídas à fraca divulgação do evento e à falta
de apoio das agências internacionais para lá estarem representantes
destes países, tendo em vista o custo do deslocamento, ou devido ao
motivo de todo evento ter o inglês como única língua oficial, ou pelo
fato de na América Latina existir um forte movimento de resistência à
substituição do nome Educação Ambiental (EA) por Educação para o
Desenvolvimento Sustentável (EDS).

A delegação de três representantes do governo brasileiro que lá
esteve, envia-lhes a seguir um pequeno relato sobre o ali vivenciado,
com alguns documentos e referências para a nossa análise reflexão,
debates e mobilização.

Mobilização que nos anima há mais de três décadas, enfatizada pelas
mudanças socioambientais globais relacionadas ao Aquecimento do
Planeta: fazer uma educação ambiental que contribua para a melhoria da
qualidade de vida de todos e para a recuperação e conservação do meio
ambiente em toda a sua beleza e diversidade.

Mobilização para que a perspectiva de EA que vem sendo construída na
resistência e na luta por liberdades democráticas e pelos direitos
humanos fundamentais (e na compreensão de que não haverá sobrevivência
possível para a nossa espécie e para todas as demais, se não
estivermos profundamente comprometidos com a melhoria da qualidade de
vida de cada humano que habita ou habitará este planeta, num
exercício constante de solidariedade sincrônica e diacrônica que vai
do mais próximo ao mais distante no espaço e no tempo), não seja
excluída dos acordos que vão se estabelecendo entre países de língua
inglesa e do seu campo de influência e países da Ásia e da Europa que
aderiram mais rapidamente ao conceito de Educação para o
Desenvolvimento Sustentável.

Mobilização para explicitarmos que a EA e todos os seus aprendizados,
também quer contribuir para a construção de uma EDS que seja também um
compromisso com a construção de Sociedades Sustentáveis.

Mobilização para que a urgência do momento não seja pretexto para uma
EA/EDS Pragmática que esquece princípios, valores, história e
objetivos e os substitui por metas aparentemente operacionais e
eficientes, mas que podem não ser eficazes e duradouras, contribuindo
para a caminhada na direção de sociedades humanas sustentáveis.

Por fim, mobilização que promova o diálogo includente na diversidade
para que as mudanças sejam sócio-culturais, econômicas, políticas,
éticas e ambientais na direção de possibilitar a todos e a cada um a
enunciação de seus sonhos e utopias e a negociação dos mesmos nos
espaços políticos que os alimentam e por eles são alimentados. Não
queremos mais, do mesmo modo de produção e consumo. Não queremos
modificar para permanecer no mesmo lugar (de desigualdades
fundamentadas em heranças, preconceitos, exploração, degradação humana
e ambiental).

A oportunidade que esta crise coloca é a de enfrentarmos
transformando todas as mazelas e iniqüidades produzidas pelo atual
modelo de desenvolvimento e de vida. Ou fazemos isto, temos disposição
para fazer isto ou não conseguiremos o compromisso, responsabilidade e
engajamento de todos com os cuidados que o planeta exige.
Portanto, vamos convidar as agências das Nações Unidas em nossos
países e região, para debaterem conosco todas as nossas expectativas
em relação a Década.

Já que não pudemos fazer o balanço dos 30 anos de Tbilisi, em cada
país, região e comunidade lingüística. Já que o próprio evento de
Ahmedabad não dedicou tempo a isto, propomos que alguns eventos nos
próximos anos, façam esta avaliação e que possamos, no balanço de meio
termo da Década, em 2009, em Bonn ( segundo anunciaram na IV
Conferência), ter um panorama do estado da arte no planeta e apontar
alternativas para a Educação Ambiental seguir avante sua vocação de
evocar as nossas melhores esperanças e ações por um mundo melhor.

Sugerimos os eventos abaixo, como referência para esses debates:

  • Foro de Ministros da AL e Caribe (janeiro/2008 debatendo o PLACEA);
  • Foro Global de Ministros de Meio Ambiente (fevereiro de 2008, Mônaco);
  • VI Fórum Brasileiro de EA (Rio de Janeiro, 2008);
  • III Conferência Nacional de Meio Ambiente, adultos e infanto-juvenil (2008/Brasil);
  • Jornada de Avaliação do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (fevereiro de 2009/Brasil);
  • Avaliação de Metade da Década (Bonn/2009);
  • II Conferência de EA dos Países de Língua Portuguesa e da Galícia (Cabo Verde/2009) debatendo o Programa CPLP de Educação Ambiental;
  • VI Congresso Ibero Americano de Educação Ambiental (2008 ou 2009/Argentina);
  • Conferência Internacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (2010/Brasil);
  • Rio mais 20 (2012)

Nelas precisamos debater a democratização da Gestão Ambiental no
Planeta e em cada região/país, criando condições de informação, tomada
de decisão e educação para que todas possam participar e se
comprometer com suas decisões.

Vamos imprimir, disponibilizar eletronicamente e debater os vários
documentos de subsídios para o aprimoramento das políticas públicas de
Educação Ambiental.

Vamos criar e/ou aprimorar as Sistemas Nacionais de Educação
Ambiental e suas leis, programas, planos e estratégias Nacionais de
Educação Ambiental, bem como regionais e locais, estabelecendo pactos
de realização entre os seus distintos atores.

Vamos dar continuidade às estratégias inclusivas pautadas pela
perspectiva de uma Educação Ambiental permanente, continuada,
articulada e com a totalidade dos humanos de cada base territorial de
nossos países.

No Brasil estamos diante do desafio de formarmos aproximadamente um
milhão de educadores ambientais populares e de engajarmos a totalidade
das escolas em processos de educação ambiental.

Um milhão de EAP que precisam de apoio continuado em seu próprio
processo de formação. Apoio descentralizado e incrementado por
aproximadamente 300 Coletivos Educadores comprometidos com a formação,
cada um de 200 educadores ambientais. Estes 60 mil educadores
ambientais se responsabilizam pela formação de círculos (ou
comunidades) de aprendizagem participativa sobre Meio Ambiente e
Qualidade de Vida, envolvendo, entorno de 20 pessoas, cada um.

As 170 mil escolas de ensino fundamental e médio, bem como as IES são
convidadas, pelo processo das Conferências Nacionais Infanto-Juvenil
pelo Meio Ambiente e por meio de outras atividades, a participarem
para iniciarem e/ou fortalecerem as Comissões de Meio Ambiente e
Qualidade de Vida (Com-Vidas) em cada Escola, realizando agendas XXI e
ações diversas de EA.

Certamente os estados e municípios, as ONGs, associações de cidadania
e movimento sociais, os sindicatos de trabalhadores e as instituições
empresariais, desenvolvem inúmeros e bons projetos de EA. Todos
precisam ser valorizados e apoiados para termos condições de fazer
frente aos desafios que batem as nossas portas. Para isto precisamos
das articulações locais, com as Comissões Organizadoras das Agenda
XXI, com os Municípios Educadores Sustentáveis , com as CIEAs e os
Programas Estaduais, regionais e setoriais de EA, com os Coletivos
Educadores e as Convidas, com as Redes de EA, para todos cooperarem na
elaboração de projetos políticos e pedagógicos que potencializem as
suas capacidades.

Ahmedabad torna mais claro do que nunca que precisamos promover uma
EA enraizada, capilarizada, comprometida e com o compromisso de todos
e de cada uma das pessoas e ao mesmo tempo articulada regionalmente e
com todos os países do Planeta.