Mostrando postagens com marcador movimentos sociais. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador movimentos sociais. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

50 líderes políticos colombianos mortos em 90 dias de governo Santos

Do portal "Vermelho"
O Partido Polo Democrático Alternativo (PDA) denunciou na quarta-feira (10) que ao menos 50 líderes políticos e sociais foram assassinados na Colômbia nos 90 primeiros dias do governo do presidente Juan Manuel Santos, sucessor do ultradireitista Álvaro Uribe. Segundo a legenda, as mortes são consequência da crise humanitária que vive a nação sul-americana.

A presidente do PDA, Clara Lopes, disse em comunicado apresentado ao Comitê Executivo Nacional (CEN) que as vítimas são políticos de esquerda, sindicalistas, dirigentes sociais, camponeses, indígenas e jovens, assim como defensores dos direitos humanos para a população homossexual e crianças. “Trata-se de uma crise humanitária com números verificáveis e casos constatados.”

De acordo com Clara, o PDA observa com preocupação esse “fenômeno de ameaças e assassinatos”, além de propor a fazer “um seguimento detalhado” sobre “a população vulnerável que não conta com as garantias suficientes por parte do Estado para proteger suas vidas”. Clara enfatizou que a Colômbia “vem sendo vítima de um plano de extermínio” contra os setores sociais e a população vulnerável, “sem que a cúpula do governo reaja” para dar “as suficientes garantias a vida, honra e bens das vítimas”.

Na última sexta, Elizabeth Silva Aguilar, presidente da Associação dos Sem-Teto e Refugiados de Bucaramanga, noroeste da Colômbia, foi assassinada por desconhecidos que invadiram sua casa em um bairro dessa cidade, informou o PDA, que assegurou que esse assassinato foi cometido por “paramilitares supostamente não mobilizados”. Para o PDA, “é um assassinato a mais que se soma a cadeia de crime e intimidações contra essa comunidade”.

Representantes de organizações de refugiados denunciaram que, nos últimos seis meses, ao menos cem líderes de direitos humanos foram assassinados na Colômbia. A guerra “se mantém sobre todo o sul da Colômbia”. Segundo o integrante da Associação de Afrocolombianos Desplazados (Afrodes), Roseliano Riascos, “primeiro chegaram panfletos ameaçadores e logo se deram os assassinatos”.

Riascos enfatizou que “a nova estratégia contra os líderes dos refugiados já não são massacres – e, sim, mortes seletivas e desapropriações”. Segundo a Consultoria para os Direitos Humanos e o Refúgio, desde de 2002 há registro de assassinatos de líderes refugiados na Colômbia.

A ONG colombiana Codhes afirmou nesta terça que 3,7 milhões de pessoas foram vítimas de refúgios forçados, consequência do conflito armado que assola a Colômbia há cinco décadas, transformando-a na nação com maior número de refugiados do mundo.

Com informações da Revista Fórum e da Tele Sur.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Brasil que sai das urnas

A seguir, um resumo de várias análises publicadas no website do Instituto Humanitas Unisinos sobre as eleições de 2010, a partir de entrevistas com gente como Walter Pinheiro, D. Luiz Demétrio Valentini, Ivana Bentes, Ivo Poletto, Emir Sader, Wladimir Safatle, Marcelo Neri e Francisco de Oliveira, além de trabalhos de outros intelectuais e frases de políticos após um dos processos eleitorais mais marcantes do pós-ditadura militar. Confira a apresentação e um sumário de todo o material reunido na seção Notícias do Dia, da página do IHU.

O balanço da sexta eleição presidencial pós-ditadura, e a quinta consecutiva disputada entre o PT e o PSDB, aos poucos vai sendo feito e vai revelando o Brasil que saiu das urnas. Ao mesmo tempo, ganha corpo o debate de como será e quais são os principais desafios que aguardam Dilma Rousseff – no primeiro governo pós-Lula.

Contribuir na interpretação dos principais fatos que fizeram parte da disputa eleitoral 2010 e seus desdobramentos, na análise das forças ganhadoras e perdedores, nas conjecturas de qual projeto sai fortalecido e nos desafios que se apresentam para um governo pós-Lula é o objetivo dessa análise. O ponto de referência de elaboração desta análise é o movimento social, mesmo tendo presente que a leitura e a interpretação dos movimentos sobre as eleições estão em curso e não são unitárias. A nossa análise, portanto, é uma entre outras que se oferece para o debate público.

No balanço preliminar das eleições 2010 algumas constatações ganharam destaque. Entre elas, a mais ouvida e citada, foi a de que Lula foi o grande vitorioso considerando que a sua aposta pessoal – Dilma Rousseff – se transformou em uma candidatura competitiva e vencedora. Ainda mais: Lula conseguiu algo pouco comum no mundo da política que é a transferência de votos.

Entre ganhadores e perdedores do processo eleitoral 2010, além da vitória pessoal de Lula, destacam-se outras afirmações: Marina Silva surpreendeu; o DEM foi fragorosamente derrotado; o PT saiu fortalecido, o PSDB enfraquecido, o PSB emergiu como nova força política; caciques políticos foram expelidos pelas urnas e pela Ficha Limpa; a esquerda programática teve desempenho pífio. Falou-se ainda muito do grau de tensão dessas eleições comparável apenas ao das eleições de 1989 e ao fato da agenda moral religiosa ter assumido uma proporção impensável no debate eleitoral.

Agreguem-se aos aspectos anteriores outros elementos menos comentados, mas nem por isso menos importantes: a ausência de um debate programático mais consistente; o ‘lulismo’ substituindo o debate programático; a confirmação do realinhamento eleitoral verificado em 2006 e o não comparecimento da agenda do movimento social nas discussões. As eleições de 2010 permitem ainda a análise de que o modelo neodesenvolvimentista, protagonizado pelo governo Lula, saiu vitorioso e tende a se consolidar no governo de Dilma Rousseff.

Sumário

O Brasil que sai das urnas
Introdução
Eleições 2010. Surpresas ‘não esperadas’
Estado laico. Sociedade religiosa
Igreja e aborto – polêmica envolve a CNBB
Pronunciamento de Bento XVI, um reforço inesperado
Marina Silva. Onda verde ou onda conservadora?
Eleições despolitizadas?
O ‘lulismo’ substituiu os programas
Raízes sociais e ideológicas do lulismo
Lulismo. Um projeto sem rupturas e pluriclassista
Neodesenvolvimentismo. O conteúdo programático do lulismo
Estado financiador. As grandes transnacionais brasileiras
O Estado investidor. As grandes obras de infra-estrutura
O Estado Social. Mitigação e superação da pobreza
Lulismo + neodesenvolvimentismo = vitória de Dilma
A agenda esquecida
Gênero: forçando mudanças na política
Estereótipos de gênero
Dilma e as rupturas de concepções conservadoras
Desafios para o governo Dilma
Economia. Ventos de mau presságio?
A ‘sombra’ de Lula
Perfil do novo Congresso
Pós-eleição 2010 em frases

Clique aqui e leia a análise. Saudações educomunicativstas.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Desafios para a Presidenta Dilma Rousseff

Por Leonardo Boff*
Celebramos alegremente a vitória de Dilma Rousseff. E não deixamos de folgar também pela derrota de José Serra que não mereceu ganhar esta eleição dado o nível indecente de sua campanha, embora os excessos tenham ocorrido nos dois lados. Os bispos conservadores que, à revelia da CNBB, se colocaram fora do jogo democrático e que manipularam a questão da descriminalização do aborto, mobilizando até o Papa em Roma, bem como os pastores evangélicos raivosamente partidizados, saíram desmoralizados.

Post festum, cabe uma reflexão distanciada do que poderá ser o governo de Dilma Rousseff. Esposamos a tese daqueles analistas que viram no governo Lula uma transição de paradigma: de um Estado privatizante, inspirado nos dogmas neoliberais para um Estado republicano que colocou o social em seu centro para atender as demandas da população mais destituída. Toda transição possui um lado de continuidade e outro de ruptura. A continuidade foi a manutenção do projeto macroeconômico para fornecer a base para a estabilidade política e exorcizar os fantasmas do sistema. E a ruptura foi a inauguração de substantivas políticas sociais destinadas à integração de milhões de brasileiros pobres, bem representadas pela Bolsa Família, entre outras. Não se pode negar que, em parte, esta transição ocorreu pois, efetivamente, Lula incluiu socialmente uma França inteira dentro de uma situação d e decência. Mas desde o começo, analistas apontavam a inadequação entre projeto econômico e o projeto social. Enquanto aquele recebe do Estado alguns bilhões de reais por ano, em forma de juros, este, o social, tem que se contentar com bem menos.

Não obstante esta disparidade, o fosso entre ricos e pobres diminuiu, o que granjeou para Lula extraordinária aceitação.

Agora se coloca a questão: a Presidenta aprofundará a transição, deslocando o acento em favor do social onde estão as maiorias ou manterá a equação que preserva o econômico, de viés monetarista, com as contradições denunciadas pelos movimentos sociais e pelo melhor da inteligentzia brasileira?

Estimo que, Dilma deu sinais de que vai se vergar para o lado do social-popular. Mas alguns problemas novos como aquecimento global devem ser impreterivelmente enfrentados. Vejo que a nova Presidenta compreendeu a relevância da agenda ambiental, introduzida pela candidata Marina Silva. O PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) deve incorporar a nova consciência de que não seria responsável continuar as obras desconsiderando estes novos dados. E ainda no horizonte se anuncia nova crise econômica, pois os EUA resolveram exportar sua crise, desvalorizando o dólar e nos prejudicando sensivelmente.

Dilma Rousseff marcará seu governo com identidade própria se realizar mais fortemente a agenda que elegeu Lula: a ética e as reformas estruturais. A ética somente será resgatada se houver total transparência nas práticas políticas e não se repita a mercantilização das relações partidárias("mensalão").

As reformas estruturais é a dívida que o governo Lula nos deixou. Não teve condições, por falta de base parlamentar segura, de fazer nenhuma das reformas prometidas: a política, a fiscal e a agrária. Se quiser resgatar o perfil originário do PT, Dilma deverá implementar uma reforma política. Será difícil, devido os interesses corporativos dos partidos, em grande parte, vazios de ideologia e famintos de benefícios. A reforma fiscal deve estabelecer uma equidade mínima entre os contribuintes, pois até agora poupava os ricos e onerava pesadamente os assalariados. A reforma agrária não é satisfeita apenas com assentamentos. Deve ser integral e popular levando democracia para o campo e aliviando a favelização das cidades.

Estimo que o mais importante é o salto de consciência que a Presidenta deve dar, caso tomar a sério as consequências funestas e até letais da situação mudada da Terra em crise sócio-ecológica. O Brasil será chave na adaptação e no mitigamento pelo fato de deter os principais fatores ecológicos que podem equilibrar o sistema-Terra. Ele poderá ser a primeira potência mundial nos trópicos, não imperial mas cordial e corresponsável pelo destino comum. Esse pacote de questões constitui um desafio da maior gravidade, que a nova Presidenta irá enfrentar. Ela possui competência e coragem para estar à altura destes reptos. Que não lhe falte a iluminação e a força do Espírito Criador.
*Confira na seção Livros (ver 'Equipe do Blog EDUCOM recomenda', no pé da página) o lançamento da mais nova obra de Boff, 'Cuidar da Terra, proteger a vida: como evitar o fim do mundo'

Os desafios de Dilma - o Brasil e a ordem mundial

Por Laerte Braga, para o blog Brasil Mobilizado
As perspectivas de derrota eleitoral do Partido Democrata e por extensão do governo do presidente Barack Obama, há dois anos das eleições presidenciais nos EUA, são uma dificuldade de monta para a presidente eleita do Brasil Dilma Rousseff. Não que Obama signifique alguma coisa, mas pelo que Republicanos representam numa escala de gradação do terrorismo político, econômico e militar dos EUA.

Se antes dos oito anos de Lula éramos figurantes no contexto da chamada Nova Ordem Mundial, hoje somos protagonistas dessa ordem. E a América Latina é decisiva em todo esse processo.

Mais que nunca vale a frase do ex-presidente Richard Nixon dita em plena ditadura militar, ao buscar encontrar justificativa para as notícias de sistemáticas violações de direitos humanos pelo regime dos generais. “É uma pena, mas o Médice é um bom aliado e para onde inclinar-se o Brasil, inclina-se a América Latina”.

Quer queiramos ou não o atoleiro que George Bush meteu o seu país diz respeito ao Brasil, ao mundo inteiro. A presença de governos independentes de Washington no continente político latino-americanos é um momento histórico de afirmação, mas pode vir a ser de queda.

A economia mundial globalizada faz com que um espirro no pólo norte seja sentido em qualquer canto do mundo, que dirá no Brasil, um país com dimensões continentais e agora, com um caminho aberto para um processo de integração latino-americana numa fase aguda.

Dilma Rousseff vai enfrentar de saída duas frentes de combate. Impedir que a crise econômica mundial (ainda forte e viva) afete esses anos Lula de prosperidade e segurança. Os olhos postos do grande irmão do norte sobre o Brasil e a importância, para eles, de domar essa onça que surge com um vigor impressionante.

Uma eventual vitória republicana em 2012 vai significar que à frente de uma situação de declínio a boçalidade suba de tom nos EUA.

Isso sinaliza para mais que a integração latino-americana. Ultrapassa esses limites e se estende a partes outras do mundo numa luta que se ainda não deixou claros esses contornos, é de sobrevivência das nações independentes ou que se pretendem assim.

No aspecto interno Dilma vai sofrer a feroz oposição das forças de extrema-direita (se mostraram com todas as garras nessa campanha eleitoral), aliadas incondicionais desse contexto internacional e subordinadas a interesses de nações que mais e mais vão se tornando grandes conglomerados empresariais. É o caso dos EUA.

É indiscutível que tem estatura para esse desafio, mas não é Lula e vai ter que construir seu próprio caminho, abrir sua picada em mata fechada e afirmar-se como líder desse espaço fundamental para o Brasil e imediatamente a América Latina.

Em todo o processo de destruição levado a cabo pelos EUA nos últimos anos, mesmo no período Clinton, onde a ALCA – ALIANÇA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – era a palavra de ordem para essa parte do mundo, se olharmos o resto do mundo, são poucos os países que conseguiram preservar-se intactos ou escapar incólumes do desvario neoliberal.

A morte de Néstor Kirchnner é outro complicador. O futuro da Argentina, país essencial para e como o Brasil para a América Latina, é incerto.

As cunhas do neoliberalismo e da estupidez militar dos EUA já estão plantadas por aqui. Colômbia e Chile.

Os desafios das elites econômicas no Brasil, latifundiários, banqueiros e grandes empresários tem um componente complicado. São forças de natureza golpista, agarradas a privilégios, o que significa que reformas são indispensáveis para que se possa mexer na infra-estrutura política e econômica do Pais, abrindo perspectivas para uma independência completa e real, consumando o processo iniciado no governo Lula.

Dilma vai ter que enfrentar essa batalha para além dos caminhos tradicionais da política brasileira.

Vai ter que lutá-la nas ruas ampliando os canais de participação popular e alcançar através dessas forças os objetivos que os brasileiros que a elegeram sonham e desejam.

A própria configuração de sua vitória mostra isso. Perdeu as eleições em estados onde predomina o agro-negócio e onde são fortes as elites de extrema-direita. Tem a seu desfavor a mídia privada que tece loas à liberdade de expressão para garantir o controle do processo que é alienante e o domínio de poucas famílias num modelo em que curiosamente essa liberdade de expressão tem mão única.

As eleições mostraram sem disfarces essa face perversa do modelo.

São desafios que combinam políticas de fortalecimento da integração latino-americana, de ampliação dos mercados brasileiros com nações de outras partes, modelo pacientemente construído pelo governo Lula através do chanceler Celso Amorim – um dos grandes brasileiros de sua geração e da história de nossa diplomacia – com a preservação dos níveis de crescimento econômico e políticas sociais que permitam as reformas necessárias a que essa infra-estrutura perversa que ainda habita entre nós, possa se transformar de fato num governo popular.

Onde o cidadão fale, onde o povo seja o principal ator.

É como matar uma onça por dia. Os adversários são fortes, já mostraram não ter escrúpulos e deixaram claros os seus interesses e objetivos.

De saída a política externa traz desafios que têm largos reflexos na política, na economia e no social. Enfrentar a ação golpista dos EUA via Colômbia e Chile contra Venezuela, Bolívia, Equador, Uruguai, Paraguai e o esforço que farão para recuperar a Argentina.

Não aceitar as imposições quanto ao Irã, opor-se às políticas terroristas no Afeganistão, no Iraque e na Palestina, ampliar a integração com países de língua portuguesa e buscar formas de relacionamento com países da Comunidade Européia (uma espécie de protetorado dos EUA) que impliquem em equilíbrio político e econômico sem concessões que não resultem de consenso que possam beneficiar a ambos.

européias começam a perceber a armadilha travestida para além da economia, seja em cerco militar, ou em reformas neoliberais.

Ampliar as relações com a Rússia, estabelecer premissas novas para com a China, enfim, afirmar-se como potência mundial que, a permanecerem os números, em breve terá ultrapassado Itália, França e estará nos calcanhares de um semi falido Reino Unido.

A vitória de Dilma tem esse sentido, esse significado. E a certa altura com certeza irá passar por um momento de união nacional das forças progressistas em torno dessas questões básicas (vai ser necessária a maturidade dessas forças), sob pena de nada do que foi conquistado valer.

Nossos adversários internos e externos jogam o jogo em estreito acordo e com objetivos bem claros.

Dilma não vai encontrar e nem pode pensar em tratar o governo como um clube de inimigos e amigos cordiais. É só olhar as dificuldades enfrentadas por Lula e perceber que a dimensão de estadista do atual presidente se deveu, entre erros e acertos, à coragem de resistir.

E uma resistência que o Brasil excluído percebeu com clareza tal que elegeu Dilma.

Se os primeiros passos foram dados, os próximos serão em terreno bem mais pantanoso, pois os inimigos do Brasil sabem que um descuido e vamos ao chão.

Abraçar os movimentos populares, reciclar o caráter corporativo de boa parte do movimento sindical, evitar aparelhamentos pelegos, abrir as portas do processo à participação popular.

Trazer ao debate temas como o monopólio da informação (decisivo) e não se deixar encantar pelo canto do jogo institucional montado sobre estruturas que atendem apenas aos interesses dos donos.

Aprofundar a reforma agrária é de tal ordem importante, diz respeito à própria soberania nacional em vários campos.

Se Dilma tem dimensão para isso? Claro que tem, vai ter que mostrá-la em cada dia de seu governo.

Existem momentos que enfrentar desafios se torna questão de sobrevivência. Esse é um deles. O nível da campanha eleitoral mostrou que é assim.

Atualização da Equipe do EDUCOM: depois de o jornalista Laerte Braga publicar este artigo (dia 1º), um de seus temores de materializou. Nas eleições legislativas do dia 2, o Partido Republicano conquistou significativa maioria na Câmara dos Representantes dos EUA. Mais desafios à vista para Dilma e outros líderes da AL.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Trabalhadores da cidade e do campo agitaram o Rio contra a volta ao poder do PSDB e suas privatizações


RIO - Milhares de trabalhadores do Rio de Janeiro e até de praças distantes, como São Paulo, saíram em caminhada pelas ruas do centro da cidade, na tarde desta quinta, para dizer um não à ameaça de retorno ao poder do projeto baseado na venda de empresas públicas estratégicas, arrocho salarial e perseguição aos movimentos sociais, representado pela candidatura de José Serra. A manifestação uniu os movimentos sociais em torno de Dilma Rousseff neste segundo turno.

Convocada pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela CUT, o ato teve participação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), da Via Campesina, da UNE e outras organizações do movimento estudantil, além de diversos sindicatos cutistas e ligados a outras centrais, movimentos sociais ligados à causa LGBT e da Igualdade Racial.

Duas categorias que sofreram duros ataques durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) estiveram forte presença na caminhada por Dilma: petroleiros, que tiveram seus sindicatos sob intervenção na greve de 1995, além de amargarem demissões e prisões de sindicalistas; e trabalhadores de estaleiros como Mauá, Verolme, Keppel e STX. Estes últimos viveram a triste realidade do desemprego em massa após o colapso da indústria naval fluminense, em consequência da política do Governo FHC de encomendar a construção de navios petroleiros e plataformas de prospecção de petróleo fora do país. Ao assumir, Lula cumpriu o que prometera a esses trabalhadores na campanha de 2002. Fez a Petrobras voltar a contratar os serviços dos estaleiros brasileiros.

Iniciando em frente à Igreja da Candelária, a caminhada cumpriu grande parte do tradicional percurso das manifestações políticas no Rio, mas em lugar de encerrar a manifestação na Cinelândia após a passagem pela Avenida Rio Branco, o Ato Público Contra o Retrocesso tomou o rumo da Avenida Chile, onde estão as sedes de empresas públicas como Caixa, BNDES e Petrobras. Os manifestantes terminaram o ato de campanha com um abraço ao prédio da Petrobras, como um símbolo do que essa empresa representa para o povo brasileiro e do patrimônio que nenhum de nós que ver mais uma vez ameaçado por José Serra, FHC e o programa entreguista do PSDB.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Censura à mídia livre: ministro do TSE suspende circulação de jornal da CUT

Durante a tarde desta segunda já circulava entre os blogueiros e tuiteiros a informação de que a coligação de José Serra havia pedido ao TSE a suspensão de circulação dos veículos impressos da CUT, acusando-os de propaganda em favor de Dilma. Infelizmente aconteceu o pior. É hora de os blogueiros sujos, a mídia livre, a imprensa não-comprometida com o PIG se levantarem e denunciarem esse absurdo. Censura nunca!

Da Band News
O ministro Joelson Dias, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), determinou nesta segunda-feira que jornais e revistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) sejam retirados de circulação por serem favoráveis a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.

Dias acatou pedido de liminar apresentado ao TSE pela coligação de José Serra (PSDB) contra Dilma, a Editora Gráfica Atitude Ltda., a CUT e seu presidente, Artur Henrique da Silva Santos.

Na representação, a coligação tucana afirmava que a CUT e outras entidades sindicais estariam patrocinando a produção de "farto material" impresso para promoção de candidata petista.

O ministro confirmou a existência de "conteúdo aparentemente eleitoral" nas publicações e determinou que entidade se abtenha de distribuir e reproduzir em seu site o "Jornal da CUT" e a "Revista do Brasil" do mês de setembro.

O PSDB também havia pedido a realização de busca e apreensão do material, o que foi negado pelo ministro.

Após maior greve em 20 anos, bancários conquistam aumento real e da participação nos lucros

Estávamos devendo esse post. Aí vai...

A maioria das assembleias de sindicatos de bancários realizadas na última semana aprovou as propostas apresentadas pela Fenaban (federação dos bancos), pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, que contemplam avanços importantes em relação às principais reivindicações da categoria na Campanha 2010: aumento real, valorização dos pisos salariais, melhoria na PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e inclusão na Convenção Coletiva de Trabalho de mecanismos de combate ao assédio moral e à falta de segurança bancária.

"O resultado da negociação é fruto do tamanho da greve. Fizemos a maior greve dos últimos 20 anos e faremos o melhor acordo desse período, pois a maioria já aprovou as propostas nas assembleias", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf (Confederação dos Bancários) e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

Cordeiro destacou que a participação dos funcionários de bancos privados foi fundamental na mobilização e na greve.
Com informações dos websites da CUT e do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sem nova proposta dos banqueiros, greve dos bancários completa uma semana

Em greve desde o dia 29 de setembro, bancários de todo o Brasil realizam logo mais rodada de assembleias para definir os próximos passos do movimento. A única proposta de reajuste até o momento apresentada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), no dia 22 de setembro, apenas repõe a inflação (4,29%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC), portanto sem ganho real, e segue sendo rejeitada pelos trabalhadores. Os bancários reivindicam 11% e participação nos lucros.

Com data-base em 1º de setembro, a categoria iniciou as negociações no dia 24 de agosto, mas após cinco rodadas da mesa, em pouco menos de 30 dias, não houve avanço. A Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) apresentou no dia 11 de agosto às instituições financeiras as seguintes reivindicações:
  • reajuste salarial de 11% (7% de aumento real, mais 4,29% de reposição da inflação medida pelo INPC) 
  • piso salarial de R$ 1,51 mil para portaria, R$ 2,15 mil para escriturário, R$ 2,91 mil para caixas, R$ 3,64 mil para primeiro-comissionado e R$ 4,85 mil para primeiro-gerente 
  • PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de três salários mínimos mais R$ 4 mil fixos, aumento para um salário mínimo do valor do auxílio-refeição, mais contratações, medidas de proteção à saúde do trabalhador e ao emprego 
Diante da recusa dos bancos em melhorar sua contra-proposta inicial, na semana anterior à deflagração da greve, no dia 23, o Comando Nacional da Contraf enviou carta à Fenaban solicitando que os bancos apresentassem até o dia 27 nova proposta que contemplasse as expectativas dos bancários. A Fenaban não respondeu a carta.

Para o Comando Nacional dos Bancários, essa intransigência é incompatível com a situação privilegiada dos bancos. O lucro líquido apenas dos cinco maiores (Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa) somou R$ 21,3 bilhões no primeiro semestre de 2010. É um crescimento do lucro líquido de 32% na média em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com informações do Jornal Bancário Rio e do site da Fundação Lauro Campos

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Escola Florestan Fernandes faz 5 anos e luta para continuar transformando o Brasil pela educação

Por Rodrigo Brandão, da equipe do Blog EDUCOM, de Guararema (SP)
Ao receber sábado, dia 6, centenas de sem terra, militantes de diversos movimentos sociais do Brasil e da América Latina, intelectuais, professores universitários, políticos de esquerda, juízes de direito, advogados, juristas, jornalistas e personalidades da sociedade brasileira para celebrar cinco anos de existência, a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) lançou um apelo, durante ato público (foto) na plenária de seu campus, em Guararema (SP): está lutando para continuar aberta e para isso precisa da ajuda de todos nós. Continuar funcionando, para a ENFF e para quem acredita em uma revolução socialista no Brasil, significa manter vivo o sonho da transformação, da verdadeira democracia e da emancipação do povo brasileiro.

Em dezembro, foi criada a Associação dos Amigos da ENFF, uma organização formada por dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ativistas de outros movimentos sociais, intelectuais e professores que hoje lecionam voluntariamente na Escola, mantida com sacrifício pelo MST e seus parceiros desde 2005. A Associação vai lutar durante todo o ano de 2010 para angariar apoio político e financeiro, na tentativa de permitir a continuidade do projeto. Sediada numa área de Mata Atlântica nativa de 12 hectares, a 65 quilômetros da cidade de São Paulo, a ENFF tem 2.400 metros quadrados de sua planta ocupados por edifícios pedagógicos, salas de aula para mais de 200 pessoas e biblioteca com 40.000 títulos. Mais de 1.000 sem terra e militantes de organizações do Brasil e do mundo já passaram por seus mais de 14 cursos superiores (como Agroecologia, Agronomia, Geografia, História, Letras e Administração), 8 de pós-graduação (entre os quais Filosofia, Educação de Jovens e Adultos e Mestrado em Sociologia Rural), além de 6 cursos técnicos e 8 cursos livres.

“Estamos interrompendo a tradição de continuidade da opressão, que se manifesta na mídia, na educação tradicional, de corte capitalista”, pontuou na cerimônia de aniversário Ademar Bogo, integrante da Direção Nacional do MST e diretor da Florestan Fernandes. Segundo Bogo, a educação do MST “não separa o dirigente, o militante e o formador de quadros. É a militância, a prática da luta de classes que apresenta as contradições e a necessidade da formação. Organizamos os trabalhadores para lutar pela superação dos problemas da sua vida cotidiana e despertamos em cada um a necessidade de estudar, de refletir, de se aprimorar. Porque a exigência diária do nosso direito à terra e à dignidade é que nos leva à necessidade de se formar. A ENFF permite que os militantes que aprendem na praxis e apenas ouviram falar de Marx, Lênin, Che Guevara e outros grandes revolucionários e pensadores comunistas possam se encontrar em nosso campus e aprender mais sobre eles”, disse Bogo.

Dois intelectuais que lecionam na ENFF completaram a mesa de debates do seminário “O papel da formação política e ideológica no atual momento histórico: desafios e possibilidades”. Eles representaram simbolicamente os mais de 500 professores-voluntários dos cursos de graduação, pós-graduação e técnicos ministrados na Florestan. A filósofa e educadora cubana Isabel Monal fez um balanço atual e um histórico das lutas dos movimentos populares na América Latina. O educador e historiador Luiz Carlos de Freitas, da Unicamp, destacou a importância de a ENFF trazer um novo modelo de educação, que rompe com os espaços-salas de aula da escola capitalista. Freitas notabilizou-se por publicar estudos sobre a política pública de educação dos primeiros anos da Revolução Russa de 1917.

Participe da Associação de Amigos da ENFF
Após o seminário, o intelectual Paulo Arantes transmitiu o cargo de presidente da Associação dos Amigos da ENFF ao jornalista José Arbex Jr. Arbex fez um balanço dos primeiros movimentos da Associação e apresentou as metas do projeto, destacando que a ENFF buscará apoios em duas frentes: política e financeira. Cada um dos presentes recebeu dos representantes da Associação de Amigos este comunicado, com recomendação de que fosse distribuído e propagado ao máximo. Leia:

Participe da Associação de Amigos da Escola Florestan Fernandes

Prezado(a) companheiro(a),

Vivemos hoje um momento de festa e de luta.

Festa porque a Escola Nacional Florestan Fernandes completa o seu quinto ano de existência com um histórico pleno de realizações importantes que nos enchem de orgulho e alimentam nossa disposição de prosseguir na empreitada.

Luta porque os setores mais reacionários e conservadores do Brasil estão ampliando sua escalada de ataques aos movimentos sociais e às organizações dos trabalhadores, especialmente o MST. As críticas dos meios de comunicação de massa são constantes e cada vez mais violentas e virulentas. Refletem o ódio, o preconceito e a deliberada intenção das classes dominantes de impedir que os trabalhadores sejam autores soberanos do seu próprio caminho.

Precisamente neste momento de festa e de luta, resolvemos criar a Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes. Nossa ambição é conquistar o máximo de apoio junto aos setores da sociedade que se disponham a contribuir para o fortalecimento, ampliação e desenvolvimento das atividades de formação da nossa Escola. Este apoio é um ato político da mais alta relevância porque expressa o nosso repúdio à campanha de criminalização dos movimentos sociais orquestrada pela mídia em aliança com o grande capital, como também expressa a nossa mais profunda solidariedade às atividades da Escola, neste momento em que ela mais precisa de nós.

É com este espírito que nos dirigimos a você! Venha fazer parte da nossa associação! Você pode contribuir com uma taxa de R$ 20,00 (vinte reais) mensais e, se quiser assumir um encargo maior, pode aderir às contribuições solidárias. Aproveitamos para convidar todos os associados, especialmente os que já fazem parte do quadro de professores e de colaboradores da Escola, para que se integrem ativamente às atividades da nossa Associação; precisamos da sua ajuda para a elaboração de propostas, para a organização de eventos, de atividades de solidariedade, sugestões, críticas etc.

Nosso primeiro objetivo é conquistar 500 adesões até o final de fevereiro e acreditamos que vamos conseguir superar esse número, que é o mínimo necessário, embora longe de ser suficiente, para assegurar o desenvolvimento do nosso plano de trabalho ao longo de 2010.

Caso você concorde e queira se associar, por favor, procure a secretaria executiva através dos telefones: (11) 3105-0918, 9572-0185 e 6517-4780 ou do correio eletrônico: associacaoamigos@enff.org.br.

Contamos com você na Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes!
Venha nos ajudar a ampliar nossas forças e a aprofundar nossa frente de lutas e de festas.

Conselho de Coordenação
José Arbex Júnior
Maria Orlanda Pinassi
Carlos Duarte

Conselho Fiscal
Caio Boucinhas
Delmar Mattes
Carlos de Figueiredo

Secretaria Executiva
Magali Godoi

Rua da Abolição n° 167 - Bela Vista - São Paulo – SP – Brasil - CEP 01319-030 - Telefone: (55-11) 3105-0918 - Correio eletrônico: associacaoamigos@enff.org.br

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

FSM 10 Anos: em Porto Alegre e Salvador, movimentos sociais definem pauta para 2010

No RS, plenária do dia 29 estabeleceu calendário de lutas e temas prioritários para este ano

por Igor Ojeda, do Brasil de Fato
Os diversos movimentos sociais do Brasil e do mundo realizaram, na manhã desta sexta-feira (29), a sua já tradicional assembleia unificada no marco do Fórum Social Mundial (FSM). Segundo a organização, o evento reuniu cerca de mil pessoas no auditório da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre.

Durante o encontro, estabeleceu-se que as inúmeras pautas para 2010 que constarão do documento final dos movimentos reunidos no FSM – que será divulgado ainda hoje – estarão inseridas em quatro eixos fundamentais de lutas: contra os efeitos da crise do capitalismo sobre os trabalhadores, contra as políticas que causam danos ao meio ambiente, contra a militarização e pela soberania alimentar.

A ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, fez a leitura do documento preliminar elaborado pelos movimentos, que recebeu sugestões de itens a adicionar por parte da plenária. Segundo o texto, ficou definido que no dia 31 de maio ocorrerá, em São Paulo, uma assembleia nacional dos movimentos sociais, com o objetivo de estabelecer um calendário comum de lutas.

O documento afirma, ainda, que os 10 anos de FSM foram fundamentais para a construção de uma nova cultura política, baseada no multilateralismo, e que a atual crise econômica coloca os movimentos sociais em situação favorável para se travar a luta por um outro mundo.

Antes da leitura do texto preliminar, pelo menos dois importantes eventos foram anunciados. O primeiro, por Marcos Ibáñez, da Frente Social e Popular do Paraguai: o Fórum Social das Américas, que será realizado entre os dias 11 e 15 de agosto na capital paraguaia, Assunção.

O outro evento foi apresentado por Pablo Solón, embaixador da Bolívia perante à ONU. Segundo ele, ocorrerá em Cochabamba, na região central boliviana, entre 19 e 22 de abril, uma conferência dos povos sobre as mudanças climáticas. “Vinte e um países querem nos impor o acordo de Copenhague, que os libera das responsabilidades que têm por terem contaminado nosso planeta. Contra esses 21 países, estamos convocando uma conferência de todos os movimentos sociais e povos do mundo para
definirmos o que fazer para enfrentar essa agenda de cambio climático que nos afeta a todos”, disse Solón, antecipando que um dos objetivos é a elaboração de uma Declaração Universal dos Direitos da Mãe-Terra.

Cerca de 35 mil pessoas participaram da edição que comemorou os dez anos do Fórum Social Mundial na Grande Porto Alegre. Os dados foram divulgados sexta, 29, durante uma mesa de avaliação na Assembleia Legislativa gaúcha.

Fórum Social Temático da Bahia: movimentos apresentarão projeto de país em debate eleitoral

por Bia Barbosa, da Agência Carta Maior
Com o intuito de consolidar uma plataforma de bandeiras unitárias e um calendário de lutas para o ano de 2010, cerca de 300 militante, de 15 organizações nacionais, participaram da Assembleia dos Movimentos Sociais, no encerramento das atividades do Fórum Social Temático da Bahia, neste domingo (31), em Salvador. No centro do debate, a construção de um projeto de país, que será discutido e apresentado no bojo do debate eleitoral como forma de orientar a atuação dos movimentos na disputa política mais ampla.

Reconhecendo o FSM como um espaço importante para contagiar corações e mentes para a idéia de que é possível construir outro mundo, com justiça social e democracia, sem destruir o planeta e valorizando as culturas nacionais, a integração e a solidariedade entre os povos, os movimentos sociais apontaram, no documento resultante do encontro, os principais desafios para o próximo período.

"Essa crise abriu a possibilidade de se rediscutir o ordenamento mundial, os rumos da sociedade, o papel do Estado e um novo modelo de desenvolvimento. (...) Nosso continente, a América Latina, atrai os olhos de todo o planeta diante de sua onda transformadora. Por outro lado, a hegemonia mundial ainda é capitalista e as elites não entregarão o continente que sempre foi tido como o quintal do imperialismo de mão beijada", analisam.

Eles lembram que o povo estadunidense elegeu Barack Obama em um grande movimento de massas, mas mesmo com Obama o imperialismo continua sendo imperialismo. No Brasil, reconhecem os avanços do governo Lula, mas afirmam que as Reformas estruturais capazes de enraizar as conquistas democráticas não foram realizadas e a grave desigualdade social está longe de ser resolvida. "Por isso, devemos lutar pelo aprofundamento das conquistas nesse período de embate político que se aproxima", aponta a Assembleia.

Entre as bandeiras unitárias da plataforma estão a luta contra os monocultivos predatórios, os desmatamentos e o latifúndio e em defesa da biodiversidade e dos recursos naturais como forma de preservação do meio ambiente; o combate ao machismo, ao racismo e à homofobia; a defesa do Pré-sal 100% para o povo brasileiro; a luta contra o golpe de Estado em Honduras; a criminalização dos movimentos sociais e a solidariedade aos presos políticos do MST.

"A direita vai se aproveitar das eleições para justificar toda a repressão que faz contra os movimentos sociais. Precisamos estar unidos para este enfrentamento", avalia João Paulo Rodrigues, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

A solidariedade ao povo haitiano, diante do recente desastre ocorrido em virtude de uma seqüência de terremotos, também está entre as prioridades dos movimentos para o primeiro semestre. Além da ajuda solicitada ao governo federal pela Via Campesina, o objetivo é angariar apoio a ser entregue diretamente aos movimentos populares do país. "O Haiti foi a única revolução de ex-escravos que saiu vitoriosa. Por isso o imperialismo não a aceita. Já construímos a Frente dos Movimentos em Solidariedade ao Haiti e seguiremos reivindicando a retirada das tropas brasileiras do país, transformação a ação do Brasil em ajuda humanitária", explica Milton Barbosa, do Movimento Negro Unificado (MNU).

Um projeto soberano para o Brasil
A Assembleia dos Movimentos Sociais em Salvador aprovou ainda a construção de um projeto de desenvolvimento soberano, democrático e com distribuição de renda para o Brasil a ser apresentado pelos movimentos no bojo do processo de debate eleitoral deste ano. A idéia é fazer um grande mutirão de debates, envolvendo estados, municípios e segmentos sociais

"Não será um programa de governo, e sim uma plataforma dos movimentos sociais para uma disputa mais ampla, para que os movimentos influenciem nos rumos do nosso país", explica Rosane Silva, da Central Única dos Trabalhadores. "A Assembleia dos Movimentos Sociais foi importante para marcar a unidade dos movimentos neste ano eleitoral e enfrentar o debate para disputar hegemonia na sociedade", diz.

Já há consenso em relação a alguns pontos deste projeto, como a questão da reforma agrária, da redução da jornada de trabalho, e da legalização do aborto. Outros aspectos seguem divergentes, como o debate sobre o modelo energético do país e a reestatização de empresas como a Vale. O debate começa oficialmente no dia 31 de maio, em São Paulo, quando acontece uma Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais.

Antes disso, as organizações já sairão às ruas na Jornada de comemoração dos 100 anos do Dia Internacional da Mulher, no dia 8 de março, num calendário que seguirá em abril com a Jornada de mobilizações em defesa da Reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais; em maio com a celebração do Dia do Trabalhador; e em 1 de junho com a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora. Continue lendo e confira a íntegra do documento aprovado no FSM baiano

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

sábado, 28 de novembro de 2009

Seminário sobre comunicações no BNDES esquenta baterias para a Confecom

por Rodrigo Brandão, da Equipe do Blog EDUCOM
O Seminário "Comunicações e Desenvolvimento em Tempos de Convergência de Mídias" reuniu em seu painel de encerramento, na sede do BNDES, na quarta, 25, alguns dos mais importantes ativistas pela democratização dos meios de comunicação no Brasil. Estavam na mesa de debates Orlando Guilhon, superintendente de Rádio da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e um dos fundadores do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Adilson Cabral, professor do curso de Comunicação Social e também pioneiro em diversos movimentos de comunicadores e Oona Castro, jornalista e militante nos portais Overmundo e Intervozes. Todos esses, por assim dizer, atores da luta pelo direito à comunicação estarão na 1ª Confecom. O que fez com que a conferência estivesse em foco no painel “Movimentos Sociais na Comunicação”. Aliás, também o coordenador do Seminário, o professor da UFRJ Marcos Dantas, é presença provável em Brasília.

“Direito à comunicação é tão importante quanto os três direitos vitais: a terra, trabalho e liberdade. É preciso que as pessoas entendam isso, que a sociedade civil não-empresarial (ou movimentos sociais) lute por isso”, resumiu Orlando Guilhon, da EBC, a empresa criada em 2007 pelo governo federal e responsável pela rede de TVs e rádios públicas do país, cuja menina dos olhos é a TV Brasil. “Estamos todos empolgados e ansiosos com a Confecom, que é um fato novo no cenário nacional e tem cumprido um extraordinário papel em matéria de politização e democratização Brasil afora”, disse Guilhon, que está na comissão organizadora, para em seguida alertar que “a Confecom tem limites. Não irá representar a solução de todos os nossos problemas e imediatamente significar um novo marco regulatório para o setor”.

Vamos mais longe, amigo leitor: o setor empresarial, representado em 40% dos delegados à Confecom e da própria comissão organizadora conseguiu impor alguns de seus pleitos. Responsável pela definição do regimento e dos temas, a comissão organizadora aprovou duas propostas polêmicas: o caráter apenas consultivo da Confecom e a exclusão do eixo temático “Sistemas”, onde seriam debatidas novas propostas para as regras de concessão de outorgas, regulação e o papel do Estado na comunicação. “Mas o fato é que a Confecom está aí. O governo enfim a convocou e que assuma as consequências políticas do que virá a partir da conferência”, completou Guilhon, destacando que a conferência dará bons resultados se discutir: a necessidade do fortalecimento da comunicação comunitária, a importância da regionalização parcial da produção jornalística e cultural, políticas públicas anti-monopólio e o controle amplo e democrático da sociedade sobre a mídia. “Precisamos popularizar o tema da democratização da comunicação e elevar o nível de organização de nosso povo na luta por esse direito”, finalizou Guilhon.

O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e militante no movimento Comunicativistas Adilson Cabral trouxe uma polêmica para o debate, precisamente sobre um dos últimos pontos levantados por Guilhon: o controle social da mídia. “Precisamos reformular essa bandeira de luta. Quando falamos em controle, possibilitamos que a mídia corporativa, a chamada grande imprensa, nos acuse de querer atacar a liberdade de imprensa”. Para Adilson, é preciso cobrar “participação social nas mídias”. “Os sites dos grandes jornais já não gostam de nos estimular a interagir com o conteúdo? Não nos pedem para enviar vídeos, para ser o ‘repórter cidadão’? Temos que dizer a eles que não queremos somente ajudar a escrever algumas linhas, mas definir coletivamente as políticas, a linha editorial dos meios”, defendeu.

Cabral foi outro a destacar a importância da discussão sobre comunicação na pauta dos movimentos sociais. “O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e outras entidades de luta são diariamente criminalizados pela mídia. Para eles, democratizar a mídia significa sobrevivência”, já que, segundo o professor Adilson Cabral, “avançar na democratização da mídia significa avançar na democratização do país”. Sobre a Confecom, Cabral disse que o principal desafio é propor uma regulamentação da lei de telecomunicações, que estabelece o sistema em três segmentos: estatal, público e privado.

Oona Castro, do Coletivo Intervozes e do Portal Overmundo, centrou sua intervenção na discussão sobre o avanço da internet e a polêmica sobre a legislação ultrapassada no campo dos direitos autorais versus necessidade de veiculação ampla do conhecimento. Ao citar números que constatam a queda na venda de mídias musicais em todo o mundo, Oona também mostrou outros números que atestam o avanço do faturamento dos artistas com shows, propaganda e comercialização de direitos. “Nossa legislação sobre direito autoral precisa mudar com urgência. Não é possível que uma obra só caia em domínio público setenta anos depois da morte do autor. Vejam o caso da literatura: como as editoras donas dos direitos não os perdem, mesmo se não relançarem suas obras com todas as edições esgotadas, configura-se uma retenção da informação”, classificou. “Milhares de livros mofam em prateleiras Brasil afora, prejudicando a juventude, o educando com sede de conhecimento.”

Perguntada sobre os riscos da verticalização do controle sobre a internet e a necessidade de lutarmos por quebrar essa caixa preta, garantindo soberania aos países, a jornalista disse ser muito mais preocupante a ausência de políticas de ampliação do acesso em banda larga. “Em lugar de massificar acessos ruins, a lógica do mercado, é preciso universalizar a banda larga. O Brasil já tem 1 mil pontos de cultura e pontões de cultura digital, muitos no Nordeste, o que é bom, mas pouquíssimos no Norte e no Centro-Oeste”, observou, cobrando mais descentralização.

Bem, companheiros e amigos, nos veremos no 2º Fórum de Mídia Livre e na 1ª Conferência Nacional de Comunicação.

E ainda...
Empresários da mídia alternativa podem criar entidade nacional
Confecom: última rodada de conferências estaduais reúne mais de 2 mil em 12 estados
O que o Brasil tem a ganhar com a Confecom
Pelo Fim do Monopólio das Comunicações no Brasil