quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

II FML: desafio do MinC e do midialivrismo é interiorizar Pontos de Mídia e Cultura


Encontro dos Pontos. À esquerda, Evandro Ouriques, professor da UFRJ, premiada com um Pontão de Cultura. Zonda Bez, do Minc, coordenou

Um dos momentos mais aguardados do II Fórum de Mídia Livre finalmente aconteceu no segundo dia de atividades, sábado, 5. Foi o encontro entre a equipe do Ministério da Cultura (MinC) responsável pelo projeto Cultura Viva e pelos editais de Pontos de Mídia Livre e Cultura Digital, e premiados com Pontos de Mídia Livre de várias regiões do Brasil - Pontos de Cultura Digital também estiveram representados no Prédio de Multimeios da Ufes. Representado por seu coordenador de Cultura Digital, José Murilo, e pelo jornalista Zonda Bez, o MinC aproveitou a oportunidade para divulgar, também a outros midialivristas, novas plataformas colaborativas e metas para o projeto Cultura Viva. A equipe do MinC prometeu atingir, até o final de 2010, 1.500 Pontos de Cultura e Mídia Livre (hoje o Cultura Viva se aproxima de 700 Pontos). Mas o desafio é mudar a cartografia dos Pontos, hoje concentrados em grande maioria no litoral do país. Ou seja, é preciso interiorizar a distribuição dos Pontos.

"É preciso interiorizar os Pontos, apesar de, como fato positivo, podermos comemorar o grande número de Pontos na região nordeste", observou Oona Castro, do Portal Overmundo e militante no Coletivo Intervozes, que também elogiou a descentralização da gestão dos Pontos. O maranhense radicado no Pará Guiné, militante na Rede Mocambos, uma convergência de comunidades de quilombolas, a maioria da Amazônia Legal brasileira, atribuiu aos problemas de comunicação e à pouca divulgação dos editais na região norte a baixa penetração do Cultura Viva naquele pedaço do Brasil. "Isso leva a um outro problema. Não basta licitar os Pontos. Se não tivermos banda larga universalizada e rede de comunicações digitalizada em todos os estados do país, nem todos os fazedores e formadores da mídia livre poderão concorrer aos prêmios", criticou.

Apesar dos ajustes ainda necessários, o projeto é um grande avanço em matéria de políticas públicas para a cultura e a comunicação. A nova menina dos olhos da jovem equipe do ministro Juca Ferreira é o portal Cultura Digital (articulado ao Fórum da Cultura Digital Brasileira, uma plataforma colaborativa multimídia, capaz de, gratuitamente, hospedar milhares de portais de Pontos de Cultura e Mídia Livre, redes sociais, blogs (o ministério comemora já ter chegado a 1.000 blogs hospedados no site), fotos e vídeos, estes últimos contando com ferramentas livres de edição. "Sobretudo, queremos possibilitar a existencia de uma ampla rede social plural, democrática e inteiramente construída com softwares livres", disse José Murilo, do MinC. "É preciso empoderar os atores sociais para a construção de novo ambiente de produção de conteúdo, digital e livre", defendeu Zonda Bez, que atuou na coordenação do primeiro edital para Pontos de Mídia Livre e mediou o encontro.

Uma nova mídia e uma nova economia
Os premiados com Pontos cobraram do Ministério e de outras instâncias do governo federal a adoção de novas formas de remuneração para a produção de conteúdo livre e a adoção de moedas alternativas que circulem neste novo mercado. Os presentes destacaram e comemoraram a notícia de que, semanas atrás, a diretoria do Banco Central começou a discutir a adoção de oito moedas sociais no país, destinadas a circular no ambiente de cultura livre e na aplicação dos programas da Secretaria Especial de Economia Solidária, ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego.

"Com a articulação entre o Cultura Viva e os programas de economia solidária, será possível também contribuirmos para uma nova economia, uma vez que já estamos construindo uma nova mídia", disse o pernambucano Pedro Jatobá, coordenador do portal iTEIA, reafirmando a necessidade de "remuneração direta do produtor de conteúdo livre, de forma alternativa ao sistema capitalista brasileiro, com seus bancos e sua moeda oficial". Para Jatobá, os Pontos de Cultura precisam deixar de ser pessoas jurídicas - lembrando que o edital obriga a que as empresas, instituições sócio-cultural-educativas sejam comprovadamente sem fins lucrativos. "O fazedor de mídia trabalha. É o trabalho e não o capital que gera renda", concluiu.

Representantes de Pontos, integrantes do Ministério da Cultura e outros desconferencistas e visitantes no II FML coincidiram na necessidade de o movimento das mídias livres desmistificar o uso de expressões como "mercado", "empresa" e "renda", já que muitos destes vocábulos já eram empregados nas línguas neolatinas antes da ascensão do capitalismo.

Espaços físicos de cultura livre e descentralização
Outra proposta, esta apresentada pelo professor do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), defende a adoção de espaços físicos para reunião dos Pontos e dialógo com a sociedade. "Precisamos colocar em pauta a organização de feiras de conteúdo livre em praças públicas. Seriam espaços dialógicos e destinados a oferecer cultura e comunicação livres", sugeriu Malini, que atua ainda na coordenação da Rede Cultura Jovem, Pontão de Cultura Digital sediado no Dep.Com da Ufes e responsável por articular os Pontos de Cultura do estado.

Também coordenador do Rede Cultura Jovem, Orlando Lopes, criticou a vinculação dos Pontos de Cultura capixabas à regional Rio de Janeiro-Espírito Santo, cujo epicentro foi instalado no estado vizinho. "Aqui no Espírito Santo temos dificuldades em articular as redes e os movimentos sociais, por causa do conservadorismo enraizado em nossa sociedade. É duro tentar driblar as resistências locais e ainda esbarrarmos no fato de que o Rio de Janeiro superconcentra estrutura e ativismo. Precisamos conquistar mais autonomia para termos mais mobilidade", disse Lopes.

Descentralizar e interiorizar. Esse é o segredo para o sucesso do Cultura Viva. E o desafio para MinC e fazedores de mídias livres. (R.B, Equipe do Blog EDUCOM)

Cultura Viva
Cultura Digital 

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Repostando. Diga presente!


Foi um sucesso

por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania e do Movimento dos Sem Mídia (MSM)

5/12/2009




Acima vocês vêem a imagem dos mais de 100 brasileiros que vieram se manifestar contra a Folha de São Paulo debaixo de chuva, de alarmismo e de boicote do ato.

Foi um sucesso. Veio gente da Paraíba, de Santa Catarina, do Rio, de Belo Horizonte, do interior de São Paulo...

Um jornalista da Folha cobriu o ato, conferiu a lista de assinaturas e me entrevistou e a outros presentes.

Além de falas minhas e leitura do manifesto, outras pessoas se manifestaram.

Muitas fotos serão espalhadas por aí. Eu só pude aproveitar esta, acima, de uma leitora.

As listas de presença, publico depois, quando tiver como escanear.

Missão cumprida e alma lavada. Perdeu quem não veio. Foi uma festa democrática.

Fórum Mídia Livre defende Conselho, política de Educom e apoio a blogs e radicom



Reunidos em Vitória, capital do Espírito Santo, na última semana, comunicadores da mídia livre de todas as regiões do país definiram um conjunto de propostas para a luta pelo direito à comunicação, estratégias da sociedade civil não-empresarial na I Conferência de Comunicação (Confecom) e os próximos passos do movimento, a partir de 2010. Entre os principais encaminhamentos do II FML estão o compromisso de se construir uma rede social de solidariedade - com assistência jurídica diante das perseguições e da repressão - aos blogs de conteúdo político e às rádios comunitárias, além da luta junto ao Ministério da Educação pelo reconhecimento da produção de informação como atividade de utilidade pública - possibilitando a criação de um fundo para as mídias livres e a Educomunicação. Por Rodrigo Brandão, da Equipe do Blog EDUCOM

Com uma tensa corrida eleitoral no horizonte, que definirá o futuro das transformações sociais deslanchadas nesta década em nosso país, é hora de aglutinar forças para seguir avançando e assegurar o que já foi conquistado. Esta é avaliação dos fazedores de mídias livres, que, no domingo, 6, último dia do 2º Fórum, decidiram construir uma rede de solidariedade ao midialivrismo e lutar para que a comunicação seja declarada direito universal e atividade de utilidade pública no Brasil. "Em 2010, ano eleitoral e sobretudo de sucessão presidencial, os ataques às rádios comunitárias e aos blogs que propagam discursos contra-hegemônicos se intensificarão", observou Renato Rovai, diretor da Revista Fórum, blogueiro e que coordenou um grupo de trabalho (com participação do jornalista-blogueiro Luis Nassif) reunindo responsáveis por blogs de todo o país em Vitória.

"Precisamos blindar essas atividades", defendeu Rovai, adiantando que o novo movimento deverá contar com apoio jurídico de advogados e juristas militantes da luta pela comunicação livre. O jornalista destacou ainda que o maior responsável pelo cerco aos blogs de forte teor político não é o Estado, mas sim a mídia corporativa. "Temos que apontar esta contradição da Veja, da Folha de S. Paulo e da Abert (associação das redes de TV e dos radiodifusores). Eles se dizem defensores da liberdade de imprensa, mas são os primeiros a recorrer à justiça para nos silenciar."

A Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), um dos movimentos mais atuantes no campo do midialivrismo, além de aprovar e defender a proposta conseguiu, junto ao plenário do FML, um compromisso das mídias livres em lutar por políticas públicas de resgate histórico da luta das Radicom e de reparação aos radialistas comunitários, que seguem sendo algumas das maiores vítimas da repressão à comunicação democrática no Brasil. "Queremos que nossa sofrida trajetória de luta seja recuperada, defendida e reivindicada por todos os nossos companheiros de outras mídias livres", defenderam o cearense Rômulo Gadelha, coordenador de pontos de cultura e radialista comunitário, além do mineiro José Guilherme Castro, desde 1995 atuando na Rádio Favela, de Belo Horizonte, cuja trajetória de pioneirismo foi homenageada no filme "Uma Onda No Ar", de Helvécio Ratton. "Nós sofremos com uma espécie de indústria da perseguição comandada por Anatel (agência reguladora das telecomunicações) e Polícia Federal. Defendo que os recursos gastos pelo Estado com a repressão ilegal das rádios comunitárias, para atender a interesses dos radiodifusores, seja investido na universalização dos meios e no apoio às mídias livres", disse José Guilherme.

Da coordenação nacional da Abraço, o gaúcho Josué Franco Lopes apresentou outras propostas incluídas no documento final do II FML, entre as quais o apoio do movimento pela Mídia Livre à criação do portal nacional de rádios comunitárias, liberação de propaganda nas Radicom e a permissão para a outorga de emissoras comunitárias operando em frequencia distinta de outra Radicom localizada em comunidade vizinha. "A publicidade é fundamental para a nossa sobrevivencia. Hoje a Anatel só nos permite aceitar apoios", argumentou Josué, que também integra o Grupo de Trabalho Executivo do Fórum Nacional de Mídia Livre. Explicando a necessidade de rever os critérios para outorgas de rádios operando em comunidades vizinhas, Rômulo Gadelha defendeu que "uma maior flexibilidade da legislação permitirá que mais comunidades possam fazer e ter acesso à mídia livre".

Sustentabilidade das mídias livres
Os fazedores de mídias livres trouxeram nos três dias de FML algumas propostas destinadas a pautar o movimento na luta pela sustentabilidade desse setor. Duas entraram no documento final, após aprovadas na plenária, e coincidem em um ponto: a necessidade de se lutar pela criação de um Fundo Nacional das Comunicações.

Uma das propostas, apresentada na etapa paulista da Confecom por Célio Turino, secretário de Programas e Projetos Culturais do Ministério da Cultura, defende que o Ministério da Educação defina a comunicação como um direito da cidadania, a educomunicação como item obrigatório no currículo das escolas desde o ensino fundamental e a atividade de fazedor de mídia livre como de utilidade pública. Seria então aberto um portal de editais públicos, cujas receitas da propaganda de União, estados e municípios seria destinada ao futuro FNC. "Esse fundo se destinaria a garantir sustentabilidade às mídias livres e compra de equipamentos da Educomunicação para doação a escolas de todo o país", defendeu o jornalista Renato Rovai, um dos maiores entusiastas do projeto.

Por outro lado, Marco Amarelo, do portal de mídias livres Soy Loco por Ti, apresentou uma proposta defendo a cobrança de impostos sobre aparelhos eletrônicos de luxo, como televisores acima de 29 polegadas, cujos dividendos possibilitariam a criação do FNC. "O fundo será de suma importância para o nosso setor, sobretudo porque nos garantirá autonomia", defendeu Marco.

Estratégias para a I Confecom
Vários delegados eleitos para a Conferência de Comunicação, que acontece entre os dias 14 e 17 em Brasília, estavam no campus da Universidade Federal do Espírito Santo para o FML. Ainda que o caderno de propostas tenha sido fechado com os encaminhamentos definidos nas etapas estaduais, a plenária final do Fórum sugeriu uma pauta mínima para ser defendida pelos ativistas do FML confirmados no Auditório Ulysses Guimarães a partir do dia 14. Foram propostos estes pontos para a estratégia da bancada da sociedade civil não-empresarial:
1. Apoio ao conceito das escolas livres de comunicação, em todos os níveis do ensino
2. Permissão para o aumento da potência nas transmissões das rádios comunitárias e criação de um conselho para o setor, destinado a garantir transparência na concessão de outorgas
3. Flexibilidade na concessão de Radicom para comunidades limítrofes
4. Criminalização do "Jabá", acarretando na perda da concessão pública de uma rádio que praticar esse tipo de comercialização da música
5. Que conteúdos produzidos com 100% de incentivos fiscais percam o direito autoral e sejam efetivamente mídia livre
6. Luta para democratizar os critérios de concessão de rádio e TV, por políticas públicas para a universalização da internet em banda larga e distribuição de verbas publicitárias do Estado também para a mídia livre
7. Que as novas concessões públicas tenham como critério o respeito, pelo concessionário, da igualdade de gênero, diversidades racial e cultural, além dos direitos de minorias como os gays, lésbicas e transgêneros
8. Reforçar a luta pela criação do Conselho Nacional de Comunicação Social - deliberativo, autônomo e nos moldes dos demais conselhos setoriais com participação do Poder Executivo da União

Está ainda no documento final aprovado no último domingo, 6, a ser divulgado na página do FML, um conjunto amplo de propostas divididas em três eixos temáticos, para os próximos passos do Fórum Mídia Livre. Aqui estão algumas delas:
Políticas públicas para fortalecimento, descentralização e sustentabilidade das mídias
- Que o MEC reconheça a atividade de mídia livre e possibilite a criação nas escolas e universidades de disciplinas de Educom, incluindo laboratórios para a formação de fazedores de mídias livres. Criação de cursos de Comunicação Social nas novas universidades abertas dentro do programa de expansão do ensino superior
- Vinculação das mídias livres na nova economia solidária, incluindo o emprego de moedas alternativas para a economia do midialivrismo
Fazedores de mídia
- Articular a conexão dos midialivristas aos produtores da cultura livre no Brasil e participação do moviemnto pela mídia livre no Fórum Internacional de Softwares Livres
Formação para a mídia livre
- Bolsas de extensão universitária para a Educom
- Incluir nos currículos dos cursos de comunicação social em nível superior e médio pedagogias de comunidades como as de quilombolas e indígenas
- Educação, desde o ensino fundamental, para a mídia digital, incluindo lógica e desenvolvimento de softwares livres
- Utilizar material da Educom para formação dentro das comunidades

Fórum teve Festival de Música Livre e Luis Nassif na abertura
Sob mediação da diretora da Escola de Comunicação da UFRJ e coordenadora do Pontão de Cultura sediado na mesma ECO, Ivana Bentes, a desconferência de abertura teve participação do jornalista Luis Nassif e do cientista político ítalo-brasileiro Giuseppe Cocco, co-autor, com Toni Negri, de "GlobAL: biopoder e lutas em uma América Latina globalizada". Entre outros pontos altos do debate, o jornalista-blogueiro Luis Nassif destacou que a mídia tradicional, capitalista, baseada em jornais de grande circulação e redes nacionais de TV, está condenada à extinção. A abertura do II FML foi realizada na Tenda Mídia Livre, erguida no campus da Ufes e palco do Festival Música Livre, que contou com apresentações de artistas-militantes do Movimento Música Para Baixar (MPB) e outros músicos que praticam o mercado livre da arte, baseado na adoção dos esquerdos autorais e na oposição à prática do Jabá, como Jards Macalé e BNegão.

"Esse modelo tradicional, que eu chamo de velha mídia, está sendo duramente questionado e vai cair em breve. Vai cair porque está apoiado em algumas pernas podres de legitimação. Uma delas é o IVC, Instituto Verificador de Circulação, que mede a tiragem e a circulação dos jornais. É um sistema declaratório: a editora Abril diz, mas em realidade mente, que imprime um número x de revistas e vende outro número y de revistas, e o IVC atesta indiscriminadamente esses dados", exemplificou Nassif, lembrando que as verbas publicitárias, inclusive as estatais, são drenadas para essa mídia com base em números maquiados.

Segundo o jornalista, "se for feita uma auditoria, vão verificar que muitos brasileiros recebem sem pedir, ou seja, irregularmente, assinaturas desses veículos. Assim como leitores mudam seus planos de assinatura da Folha de S. Paulo, por exemplo, para receber o jornal apenas nos finais de semana. Se o cliente interfere nessa relação comercial, o IVC não faz o registro dessas alterações. Podem ter certeza que o encalhe de exemplares da Veja e da Folha é muito maior que o registrado no IVC e que a queda da circulação está num ritmo brutal". Nassif garantiu à audiência que a tiragem da Veja caiu 20% nesta primeira década do século e que a circulação dessa revista e da Folha caiu 40% no mesmo período. "As receitas da Veja representam 55% do faturamento do Grupo Abril. O dia em que abrirem essa caixa preta, a editora dos Civita entra em colapso. Mas ai vem o pulo do gato: quem administra o IVC? Os próprios oligopólios da mídia!", pontuou Nassif.

Giuseppe Cocco e Ivana Bentes destacaram as conquistas do movimento midialivrista - como a realização do edital do Ministério da Cultura para os primeiros 82 Pontos de Mídia Livre - e a característica imaterial do trabalho em mídia livre, que se articula direta e indiretamente com a produção de conteúdo e bens culturais (veja II FML: desafio do MinC e do midialivrismo é expandir Pontos de Mídia e Cultura no interior, com os primeiros avanços no debate sobre a economia solidária para a mídia livre). Como atividade pós-Festival de Música Livre, o movimento "MPB" coordenou na Ufes o seminário "A Morte do Pop-Star", discutindo o novo ambiente do mercado da música em todo o mundo, marcado pela retração do faturamento das megagravadoras e a popularização dos sites P2P, espaços para compartilhamento gratuito de músicas na internet.


Jards Macalé (crédito ao site do II Fórum Mídia Livre) no Festival de Música Livre e a desconferência de abertura (em destaque na foto, Luis Nassif, Ivana Bentes e Giuseppe Cocco)















A Equipe do Blog EDUCOM cobriu os três dias do II Fórum de Mídia Livre. Aguarde nossos próximos posts.. Saudações midialivristas e educomunicativistas.

A disputa pela terra em Copenhague

por Zilda Ferreira, da Equipe do Blog EDUCOM
Começou segunda, 7 de dezembro, em Copenhague, a COP15 - 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Mais do que isso. Começou na última segunda e seguirá até o dia 18 o duelo entre os conservacionistas e os empresários do agronegócio. Os conservacionistas compram grandes extensões de terra em países ricos em biodiversidade para transformar em ativos ambientais. Os empresários do agronegócio compram solos férteis e ricos em água para produzir commodities.

Os dois grupos ameaçam a soberania dos países pobres e o equilíbrio do planeta. Veja como estão jogando e fique atento às grandes jogadas de ambos durante a Conferência de Copenhague. As mais sofisticadas podem ser as dos conservacionistas e as mais perigosas as do agronegócio.

Em 23 de abril de 2006, a Folha de S. Paulo destacava a compra de 160 mil hectares pelo milionário sueco-britânico Johan Eliasch para ajudar a preservar a Floresta Amazônica. O magnata, que é amigo do governador mineiro Aécio Neves (PSDB), disse na matéria que almejava modificar o Protocolo de Quioto, acordo internacional para reduzir a emissão de gases que causam o efeito estufa, de modo a permitir que proprietários de florestas preservadas possam também vender créditos de carbono.

Elizabeth Laville, uma francesa especialista em negócios verdes e que assessora grandes grupos econômicos, encerra assim sua entrevista à revista Veja, publicada nas páginas amarelas em setembro de 2009: "o ecossistema preservado pode ser trocado por créditos de carbono. Preservar a Amazônia pode ser ótimo negócio”.

A maior Organização Não-Governamental conservacionista do planeta, atualmente, é a Conservação Internacional (CI), presente em 40 países, criada e dirigida por Peter Seligman, que deixou em l987 a ONG estadunidense Nature Conservacy - especializada em compra de terras para instalação de reservas ecológicas. Dois anos mais tarde, em l989, Russell Mittermeier deixou a vice-presidência da World Wildlife Foundation (WWF) para integrar a CI, na ocasião modesta. A sede brasileira fica em Belo Horizonte e há escritórios estratégicos no mapa da biodiversidade brasileira. O Brasil é o primeiro país do mundo no ranking da megabiodiversidade.

A CI já identificou os 34 Jardins do Éden da biodiversidade mais importantes do planeta, com ajuda de seus executivos, que normalmente são cientistas com PhD em Harvard. É proprietária de várias publicações, incluindo a parceria com a revista Planeta. Alem disso, tem apoio de grandes empresas brasileiras e multinacionais, como Citibank, Intel, Bradesco, Banco Real e J.W Thompson entre outros.

No ranking das 17 áreas mais ricas em biodiversidade, os chamados paises de megabiodiversidade estão: em primeiro lugar o Brasil, campeão em água doce e terrestre; em segundo a Indonésia, graças ao grande número de ilhas, recifes e corais, que ganha em diversidade marinha. A seguir, nesta lista, vem Colômbia, México, Austrália, Filipinas, Madagascar, Peru, Equador, China, Índia e República Democrática do Congo (ex-Zaire). A CI recomenda investimentos nesses países em favor da natureza.

O agronegócio tem um jogo mais explícito, portanto mais visível, mas não menos perigoso, porque os danos podem ser irreversíveis.

Em 2004, empresários estadunidenses do agronegócio se reuniram, no estado do Texas, para cobrar do governo mais investimentos na compra de terras nos cerrados brasileiros, onde haveria o melhor solo e com equilibrada distribuição de recursos hídricos. Um jornalista brasileiro, que foi assessor de imprensa do consulado americano esteve presente, nessa reunião, e nos forneceu dados sobre o encontro.

Algum tempo depois, dessa reunião, uma surpresa: o todo poderoso Departamento de Defesa dos EUA permitia a divulgação de um estudo ao qual a revista Fortune teve acesso, sobre o Aquecimento Global. As previsões eram aterradoras.

Eis alguns trechos:

"(...) Milhões morrerão em consequência do superaquecimento do planeta. Outra parte será dizimada em conflitos na disputa por solos cultiváveis e reserva de água. As regiões do Nilo, Danúbio e Amazonas se tornarão zonas militarizadas... hordas de refugiados ambientais criarão êxodo jamais visto."

Provavelmente, esse estudo já era conhecido. Mas foi o alarme, tanto para os conservacionistas europeus como para os empresários estadunidenses de que era urgente a compra de terras em países ricos em recursos naturais, principalmente em água. E todos passaram a defender o desenvolvimento sustentável. Mas antes promoveram filmes e livros anunciando catástrofes iminentes. Em seguida, sequestraram o discurso dos ambientalistas e o imprimiram no marketing de suas corporações.

Em 2005, quando o Protocolo de Quioto entrou em vigor, o alerta foi reforçado. Porém, o maior barulho a respeito do assunto foi em 2007, quando o último Relatório do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas foi divulgado. Na época, a mídia anunciou com veemência a chegada de grandes desastres ambientais.

Agora, socioambientalistas, educadores, índios, quilombolas, comunidades tradicionais, pescadores, pequenos agricultores, sem terra e sem teto devem ficar atentos a esse grande jogo das nações hegemônicas em Copenhague. É preciso encontrar uma brecha que possa quebrar esse mecanismo de opressão cultural e econômica imposto aos pobres, principalmente aos africanos e latino-americanos. E assim, quem sabe, em 2012, quando forem realizadas mudanças no Protocolo de Quioto, viremos o jogo, priorizando realmente a defesa da terra e da vida e não os interesses econômicos dos países ricos.

confira esta reportagem do jornal "The New York Times", traduzida e publicada pelo blog Vi O Mundo...

Existe uma coisa chamada Agro-imperialismo?
22/11/2009
por Andrew Rice

O dr. Robert Zeigler, um eminente botânico estadunidense, voou para a Arábia Saudita em março para uma série de discussões de alto nível sobre o futuro do suprimento de alimentos do reino saudita. Os líderes sauditas estavam assustados: fortemente dependentes da importação de alimentos, eles tinham visto o preço do arroz e do trigo, base da dieta local, flutuarem violentamente no mercado internacional nos três anos anteriores, em um ponto dobrando de preço em apenas alguns meses. Os sauditas, ricos em dinheiro de petróleo mas pobres em terra arável, corriam atrás de uma estratégia para garantir que poderiam continuar a atender o apetite de uma população crescente, e queriam ouvir Zeigler.

Há duas formas básicas de aumentar a oferta de comida: encontrar novos campos para plantar ou inventar formas de multiplicar o que os campos existentes oferecem. Zeigler dirige o Instituto Internacional em Pesquisa do Arroz, que se dedica ao segundo modelo, usando a ciência para expandir o tamanho das colheitas. Durante a assim chamada Revolução Verde dos anos 60, os laboratórios do instituto desenvolveram o "arroz milagroso", uma variedade altamente produtiva que recebe crédito por ter salvo milhões de pessoas da fome. Zeigler foi à Arábia Saudita esperando que o reino milionário poderia oferecer dinheiro para a pesquisa básica necessária a novos saltos tecnológicos. Em vez disso, para surpresa dele, descobriu que os sauditas queriam atacar o problema de uma direção oposta. Estavam em busca de terra.

Em uma série de encontros, autoridades sauditas, banqueiros e executivos do agronegócio disseram a uma delegação do instituto liderado por Zeigler que queriam gastar bilhões de dólares para produzir arroz e outras culturas em nações africanas como o Mali, Senegal, Sudão e Etiópia. "Eles apresentaram esse plano incrível", Zeigler relembra. Ele ficou surpreso, não só pela escala dos projetos mas pela audácia da ideia. A África, o continente mais faminto do mundo, não consegue se alimentar atualmente, o que dizer de alimentar mercados estrangeiros...

O que o cientista norte-americano viu foi uma demonstração de um cenário emergente para os recursos alimentares do mundo, um cenário que começou a se formar no ano passado, longe do escrutínio internacional. Uma variedade de fatores -- alguns transitórios, como o aumento do preço dos alimentos, e outros intratáveis, como o crescimento da população global e a escassez de água -- criaram um mercado para terra arável, no momento em que países ricos mas sem recursos agrícolas, no Oriente Médio, na Ásia e em outros lugares procuram produzir seus alimentos em lugares onde há solo barato e abundante.

Uma vez que a maior parte da terra arável do mundo já está em uso - quase 90%, de acordo com uma estimativa, se você levar em conta as florestas e os ecossistemas frágeis - a busca levou a países menos tocados pelo desenvolvimento, na África. De acordo com um recente estudo do Banco Mundial e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) , uma das últimas grandes reservas de terras subutilizadas é a zona da savana da Guiné, com um bilhão de acres, uma porção de terra em forma de crescente que vai do leste da África até a Etiópia e em direção ao sul, passando pelo Congo e Angola.

Investidores estrangeiros - alguns representando governos, outros interesses privados - estão prometendo construir infraestrutura, trazer novas tecnologias, criar empregos e aumentar a produtividade para abastecer mercados estrangeiros, mas também alimentar mais africanos. (Mais de um terço da população do continente é subnutrida). Eles descobriram que governos empobrecidos estão dando boas vindas, oferecendo terras a preço de banana. Algumas transações receberam grande publicidade, como o aluguel de 100 mil acres feito pelo governo do Quênia ao governo de Qatar em troca do financiamento de um novo porto ou a decisão da Coréia do Sul de desenvolver quase 400 milhas quadradas na Tanzânia. Mas muitos outros negócios envolvendo terras, muitas vezes de tamanho sem precendentes, foram fechados sem fazer barulho.

Investidores que participam dessa corrida à terra estão confrontando um medo primitivo, uma situação na qual os alimentos se tornam escassos mesmo que se ofereça qualquer preço. Durante os 30 anos entre a metade dos anos 70 e a metade desta década, a oferta de grãos disparou e os preços cairam pela metade, uma tendência que levou muitos especialistas a acreditar que não havia limite para a capacidade humana de se alimentar.

Mas em 2006 a situação reverteu, acompanhando o boom mais geral das commodities. Os preços dos alimentos cresceram um pouco naquele ano, cresceram 25% em 2007 e dispararam em 2008. Países que produzem além do consumo, como a Argentina e o Vietnã, preocupados em alimentar a própria população, colocaram restrições nas exportações. Os consumidores estadunidenses, se notaram a crise alimentar, a viram nas contas de supermercado, especialmente nos preços das carnes e laticínios. Mas em muitos países -- não apenas no Oriente Médio mas em nações dependentes de importados como a Coréia do Sul e o Japão -- o espectro da hiperinflação e do desabastecimento representam uma ameaça existencial.

"Quando alguns governos deixam de exportar arroz ou trigo, o problema se torna real e sério para povos que não são autosuficientes", diz Al Arabi Mohammed Hamdi, um assessor econômico da Autoridade Árabe para Investimento e Desenvolvimento Agrícola. Sentado em seu escritório em Dubai, de olho nos barcos de madeira ancorados na cidade, Hamdi me falou de sua visão, de que a única forma de ter segurança alimentar é controlando os meios de produção. Mais

E a Bolívia preferiu as sandálias aos sapatos


Festa da vitória em La Paz. Bolivianos decidiram estender, por mais cinco anos, o profundo processo de transformação pelo qual passa o país



do Portal Vermelho*
Atílio Boron: Por que Evo ganhou?

Uma semana atrás celebrávamos o triunfo de Pepe Mujica no Uruguai. Hoje temos renovadas – e também mais profundas – razões para festejar a notável vitória de Evo Morales. Tal como assinala o analista político boliviano Hugo Moldiz Mercado, o rotundo veredito das urnas marca pelo menos três feitos importantíssimos na história da Bolívia.

a) É o primeiro presidente democraticamente eleito para dois mandatos sucessivos;

b) É o primeiro, também, a melhorar a percentagem de votos que obteve da primeira vez (53,7%);

c) É o primeiro a obter uma esmagadora representação parlamentar, na Assembleia Legislativa Plurinacional. Além do que, quando saírem os resultados definitivos, não disponíveis no momento, talvez concretize a obtenção de dois terços no Senado, o que lhe permitiria nomear autoridades judiciais e aplicar a nova Constituição sem oposição.

Tudo isso converte Evo Morales, do ponto de vista internacional, no presidente mais poderoso da convulsionada história da Bolívia. Mais
*tradução. Publicado originalmente no Página 12

recordando...
A Bolívia sumiu do noticiário da Globo, da Veja e dos jornalões. Entenda

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A 1ª Confecom e o olhar das mulheres

contribuição do nosso amigo Beto, administrador do grupo 3º Setor

Oi,

Envio abaixo o vídeo do contundente depoimento da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) sobre a importância da comunicação e da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom).

Tive o prazer de estar presente. A palestra foi realizada no Seminário Nacional "A Mulher e a Mídia", dia 8 de novembro, no Rio de Janeiro.

Sugiro ver e ouvir com muita atenção e divulgar ao máximo.

Um forte abraço,

Carlos R. S. Moreira (Beto)







E confira outros vídeos do Seminário Nacional "A Mulher e a Mídia"
www.youtube.com/user/agpatriciagalvao

Saudações educomunicativistas

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Jornalista convoca para o dia 5 protesto contra a falta de ética da Folha

Leia isto. É muito importante. Trata-se de definir de que lado estamos. É hora de dizer que mídia queremos para o Brasil

por Eduardo Guimarães, do blog Cidadania.com e do MSM - Movimento dos Sem Mídia


Protesto

Em defesa de todos nós

Atualizado às 20h46 de 27 de novembro de 2009

Comunico aos leitores deste blog que já me decidi: irei à porta da Folha de São Paulo ler um manifesto de repúdio contra o ataque insidioso à honra do presidente Lula praticado hoje pelo jornal. E irei nem que tenha que ir sozinho.

Mais: será no outro sábado, dia 5 de dezembro.

E por que irei? Por mim, por você, por todos nós. Essa afronta não ficará impune. Lula é o presidente da República. Se ele pode sofrer uma barbaridade dessas, qualquer um pode.

Você não quer ir? Tudo bem, fique onde está. Conforme-se. Pense "politicamente". Eu não aceito. Não perdi e jamais perderei a capacidade de me indignar. E nunca mais me omitirei.

Irei para diante da Folha nem que seja sozinho. Podem escrever aí.

Ah, os motivos de meu protesto estão no texto logo abaixo deste.


"FOLHA PUBLICA ACUSAÇÃO A LULA DE TENTATIVA DE ESTUPRO


Escrevo ainda perplexo pelo que acabo de ler. A Folha de São Paulo publicou uma “análise” de um ex-militante do PT acusando o presidente da República, senhor Luiz Inácio Lula da Silva, de lhe ter confessado que certa vez tentou estuprar um jovem.

Não vou reproduzir ou sequer “linkar” aquilo. Exala um mau cheiro só comparável ao de quem escreveu e ao de quem publicou. Mas é preciso denunciar. É preciso expor até onde a direita pensa em ir no ano que vem.

Que órgão de imprensa publicaria alguma coisa desse gênero contra um tucano. Uma mera pulada de cerca de FHC foi ocultada por 18 anos. Uma acusação dessas, contra ele, jamais seria publicada. Aliás, acho que não seria publicada contra ninguém, não dessa forma.

Diante da reação de Dilma Rousseff nas pesquisas, diante do fracasso rotundo do golpe do Apagão, esses meliantes que dirigem o jornal supra mencionado foram desencavar algum ressentido fraco dos miolos. Querem obrigar Lula a processá-lo, é claro – e, com sorte, até ao próprio jornal.

Essa é apenas uma amostra do que pretendem fazer em 2010. É evidente que tentarão dar asas a essa história imunda no ano que vem. Sem provas, a palavra de um contra a do outro, como fizeram com Lina Vieira.

Chegou a hora de os homens (e, quando digo homens, quero dizer homens e mulheres) dignos das calças que vestem começarem a pensar no maior ato público que este país já viu. Um ato de repúdio a essa ultrapassagem fétida de todos os limites da ética.


Post Scriptum : Vocês se lembram do que eu disse quando a Folha divulgou, com um pequeno atraso de 18 anos, a história do filho de FHC com a jornalista, e do que eu disse sobre aquela história do Claudio Humberto de falar sobre mais um filho bastardo do tucano?

Post Scriptum 2: Está explicada a divulgação da existência do(s) filho (s) bastardo (s) de FHC.

Post Scritptum 3: Estou aqui esperando que todos os comentaristas de São Paulo venham se prontificar a ir à porta da Folha dizer na cara desses vermes tudo o que pensamos deles. De novo.

Post Scriptum 4: E quem quer apostar que o tal jovem que teria sido "quase" estuprado por Lula irá "aparecer"?

Potencial da biodiversidade é tema de seminário nesta terça, em Brasília

Especialistas e pesquisadores se reúnem para discutir a agenda ambiental, que ganha destaque com a proximidade da COP 15. Seminário começa às 8h45, na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Transmissão ao vivo no site da autarquia
da página do Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) promove nesta terça, 1° de dezembro, o seminário Potencialidades Econômicas da Biodiversidade Amazônica: Desafios e Oportunidades. O evento será transmitido ao vivo nos sites do Ipea (www.ipea.gov.br e www.agencia.ipea.gov.br).

Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15), que será realizada entre os dias 7 e 18, na Dinamarca, especialistas e pesquisadores de universidades e de órgãos de governo discutirão temas como os programas e projetos voltados para a biodiversidade; as políticas públicas para a Amazônia; a concessão de florestas e distritos florestais sustentáveis; as alternativas sustentáveis para a geração de energia e a eficiência dos Fundos Constitucionais.

Participarão do seminário o presidente do Ipea, Marcio Pochmann; a diretora da Dirur, Liana Carleial; e o coordenador de Meio Ambiente, José Aroudo Mota, além de representantes da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e dos ministérios do Meio Ambiente; da Ciência e Tecnologia e dos Transportes.

O evento será realizado das 8h45 às 18 horas, no auditório do Ipea em Brasília (SBS, Quadra 1, Bloco J, Edifício BNDES, subsolo).

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

DEM e PSDB com telhados de vidro

Vai ser difícil para o sr. José Serra falar em temas como ética, moralidade e probidade administrativa nas eleições de 2010. Além de Yeda Crusius, governadora do PSDB que vive às voltas com CPIs e pedidos de impeachment no Rio Grande do Sul, agora também o governador DEMOcrata do Distrito Federal, José Roberto Arruda, parceiro de ACM na violação do painel de votações do Senado em 2001 está na berlinda. Para resumir, ele foi flagrado por uma câmera recebendo dinheiro de propina recolhida por um secretário. A seguir, a cobertura do escândalo pela mídia

segunda, 30 de novembro de 2009

Blog do João Bosco Rabello
É só o começo. O escândalo que decretou a morte política do governador José Roberto Arruda tem aspectos que o diferenciam de tantos outros de mesma gênese.O acervo de vídeos e escutas do ex-policial Durval Barbosa é suficiente para comprometer quase uma centena de atores desse processo. Um desses vídeos é especialmente chocante: parlamentares agradecem a Deus pela propina, numa cena inacreditável
blogs.estadao.com.br/joao-bosco/e-so-o-comeco

Luis Nassif
Desdobramentos do caso Arruda. Arruda e integrantes do esquema souberam da investigação. Temendo pela vida, Durval desistiu de prosseguir com grampos
colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/11/30/desdobramentos-do-caso-arruda/

domingo, 29 de novembro de 2009

Está na Folha Online e no You Tube
Vídeo mostra governador do DF recebendo dinheiro. São cinco DVDs, entre os quais um que mostra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), recebendo dinheiro. O vídeo foi feito pelo então presidente da Codeplan (empresa do DF), Durval Barbosa, que era, até sexta-feira, secretário de Relações Institucionais de Arruda
www.youtube.com/watch?v=BwoascUeti0

sábado, 28 de novembro de 2009

O Estado de S. Paulo
Polícia Federal investiga "mensalão do DEM" no governo Arruda. O próprio governador aparece nos papéis da PF, orientando secretário a entregar R$ 400 mil para pagar a aliados
www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091128/not_imp473424,0.php
"Temos confiança no Arruda", diz Rodrigo Maia
www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091128/not_imp473439,0.php

Conversa Afiada
Polícia Federal estoura mensalão dos demos. O que dirá o Heráclito? O Agripino? O Rodrigo Maia? O Kassab?
www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=23229

Reuters
A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira operação de busca e apreensão com o objetivo de "coletar provas sobre suposta distribuição de recursos ilegais à 'base aliada'" do governo do Distrito Federal, segundo nota divulgada pelo Superior Tribunal de Justiça
br.reuters.com/article/domesticNews/idBRSPE5AQ0S420091127?sp=true

Jornal da Tarde
"Homem grampo" revela mensalão do DEM. PF apura esquema de propina para deputados na gestão de José Roberto Arruda no DF
txt.jt.com.br/editorias/2009/11/28/pol-1.94.9.20091128.1.1.xml

sexta, 27 de novembro de 2009

TV Globo
Governo do DF é suspeito de comprar apoio de deputados. O governador Arruda pode estar envolvido. O secretário Durval Barbosa colaborou com a PF por redução da pena em caso de condenação. Ele, secretários e assessores envolvidos foram exonerados
jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1395539-10406,00-GOVERNO+DO+DF+E+SUSPEITO+DE+COMPRAR+APOIO+DE+DEPUTADOS.html

Acréscimo: conversando com um amigo hoje, me dei conta de um detalhe impressionante. O leitor reparou que nenhum destes jornais, sites ou TVs com matérias citadas é de Brasília? Saudações educomunicativistas (R.B, Equipe do Blog EDUCOM - 1/12/09)

Uruguai e Honduras: o contraste entre duas eleições

da Carta Maior
No Uruguai, a jornada eleitoral foi uma festa cívica exemplar na qual o candidato apresentado pela Frente Ampla, José Mujica, venceu o segundo turno sem qualquer dúvida ou impugnação, derrotando o ex-presidente direitista Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional (Branco). No país centroamericano, em troca, ocorreu uma farsa, desprovida de credibilidade e de legitimidade, onde as vontades determinantes não foram as dos cidadãos hondurenhos, mas sim as da reduzida oligarquia local e a do governo dos Estados Unidos. O editorial é do jornal La Jornada, do México.

Neste domingo ocorreram eleições presidenciais no Uruguai e em Honduras, em contextos radicalmente diferentes. No primeiro caso, a jornada eleitoral foi uma festa cívica exemplar na qual o candidato progressista apresentado pela Frente Ampla, no governo, José Mujica, venceu o segundo turno sem qualquer dúvida ou impugnação, derrotando o ex-presidente direitista Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional (Branco). No país centroamericano, em troca, ocorreu uma farsa, desprovida de credibilidade e de legitimidade, onde as vontades determinantes não foram as dos cidadãos hondurenhos, mas sim as da reduzida oligarquia local e a do governo dos Estados Unidos.

No país sulamericano, a eleição presidencial de domingo colocava em jogo a continuidade ou interrupção do programa social e econômica aplicado pela Frente Ampla desde 2005, quando a esquerda estreou seu primeiro governo nacional, encabeçado por Tabaré Vázquez. Programa este que, no passado, conseguiu reduzir a pobreza em 5,5 pontos percentuais (a 20,5% da população) e que, em 2009, evitou a queda do país na recessão, obtendo inclusive um moderado crescimento – em meio à crise econômica mundial – de 1,2%.

Já nas eleições em Honduras, realizadas por um poder golpista e usurpador, respaldado solitariamente por Washington e desdenhado pela maior parte da cidadania, podem ser vistas como uma tentativa do poder oligárquico de legitimar sua tomada de assalto das instituições, no final de junho deste ano, a expulsão ilegal do país do presidente constitucional, Manuel Zelaya, e a posterior conformação de uma presidência usurpada, repressiva e antipopular, em torno de Roberto Micheletti. Em tais circunstâncias, a vitória do candidato Porfírio Lobo (Partido Nacional) sobre Elvin Santos (Partido Liberal) carece de relevância. De fato, a principal inquietude internacional não era a conseqüência formal da eleição, mas sim a materialização do perigo de confrontações massivas entre o difuso, mas perseverante, movimento de resistência contra o golpe de Estado de junho, e as forças políticas e militares.

Assim como cabe felicitar o desenrolar e os resultados do segundo turno das eleições presidenciais celebradas ontem no Uruguai, é inevitável duvidar da perspectiva que a farsa ocorrida em Honduras conduza a uma normalização democrática e constitua uma saída da crise política que persiste neste país, como esboçaram os golpistas hondurenhos e a presidência de Barack Obama.

Em contraste com Washington e com o presidente da Costa Rica, Oscar Arias, cuja subserviência aos gorilas hondurenhos chegou a graus deploráveis, a maior parte dos governos latinoamericanos, encabeçados pelo Brasil, anunciaram sua determinação, correta e ética, de não reconhecer como autoridade legítima de Honduras a quem quer que fosse declarado ganhador da farsa efetuada ontem. Devemos pedir ao governo do México para que se some sem reservas a essa postura continental majoritária e se abstenha de conceder o menor gesto de reconhecimento diplomático a quem, em Tegucigalpa, dê continuidade e consumação ao golpismo. Para finalizar, os setores mais lúcidos e conscientes da sociedade hondurenha tenham diante de si a perspectiva amarga de uma luta prolongada para restituir a ordem constitucional atingida pelo golpe de junho. Essa tarefa será tanto menos árdua e dolorosa quando menor for a margem de manobra internacional que se outorgue ao governante que substitua Micheletti no cargo.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Nota da Equipe do Blog EDUCOM: A luta continua. Siga os blogs da resistência (links em nossa barra lateral). Saudações educomunicativistas

Médicos do povo para o povo

do Blog do Emir
Há 10 anos que se estão formando as primeiras gerações de médicos de origem pobre na América Latina. Não estão sendo formados pelas excelentes universidades publicas latinoamericanas, que têm os melhores cursos tradicionais de medicina do continente. Nem falar das universidades privadas.

Eles estão sendo formados pelas Escolas Latinoamericanas de Medicina, projeto iniciado há 10 anos em Cuba e que agora já conta com uma Escola similar na Venezuela e tem projeto de ampliar-se para países como Bolívia e Equador. São selecionados estudantes por cotas de movimentos sociais - originários do movimento camponês, do movimento negro, do movimento sindical, do movimento indígena e de outros movimentos sociais -, se tornam alunos do melhor curso de medicina social do mundo e retornam a seus países para praticar os conhecimentos adquiridos não na medicina privada, mas na medicina social, pública, nos lugares que os nossos países mais precisam, sem contar normalmente com os médicos formados nas universidades tradicionais.

Cuba transformou uma antiga instalação militar – a Academia Naval Granma – em uma universidade médica latinoamericana, para que milhares de jovens privados de estudar medicina nos seus países, possam ter acesso a esse curso em Cuba e retornem a seus países para atender necessidades que não são contempladas pela medicina tradicional.

Além da melhor medicina social que se pode dispor hoje no mundo, os alunos recebem formação histórica sobre o nosso continente, respeitando-se as convicções – políticas, religiosas – de cada aluno. “Médicos dispostos a trabalharem onde for preciso, nos mais remotos cantos do mundo, onde outros não estão dispostos a ir. Esse é o médico que vai ser formar nesta Escola” – dizia Fidel na inauguração da Escola.

A primeira turma se formou em 2005. Formar um médico nos EUA custa não menos de 300 mil dólares. Cuba está formando atualmente mais de 12 mil médicos para países do Terceiro Mundo, em uma contribuição inestimável para os povos desses países. Mesmo passando dificuldades econômicas nas duas ultimas décadas, Cuba não diminuiu nenhuma vaga na Escola Latinoamericana de Medicina – como, aliás, nenhuma vaga nas escolas cubanas, nem nenhum leito em hospital.

Desde a formação da primeira turma, em 2005, graduaram-se médicos de 45 países e de cerca de 84 povos originários. Formaram-se 1496 médicos em 2005, 1419 em 2006, 1545 em 2007, 1500 em 2008, 1296 em 2009. Os três países que tiveram mais médicos formados na Escola são Honduras, com 569, Guatemala, com 556 e Haiti, com 543. Atualmente mais de 2 mil alunos estudam na Escola. A procedência social deles é em sua maioria operários e camponeses. As religiões predominantes são a católica e a evangélica.

A Escola em Cuba – em uma cidade contigua a Havana – é integrada por 28 edificações numa área de mais de um milhão de metros quadrados, onde os estudantes recebem o curso pré-medico e os dois primeiros anos do curso de medicina, de ciências básicas. Depois os alunos recebem o “ciclo clínico” nas 13 universidades médicas existentes em Cuba. O corpo geral de professores é de mais de 12 mil.

O Brasil também já conta com cinco gerações de médicos, formados na melhor medicina social, sem que possam exercer a profissão, propiciada pela generosidade de Cuba. Os Colégios Médicos tem conseguido bloquear esse beneficio extraordinário para o povo brasileiro, alegando que o currículo em que se formara, não corresponde exatamente ao das universidades brasileiras – uma forma corporativa de defender seus privilégios.

As nossas universidades públicas costumam ter as vagas ocupadas por alunos que se preparam muito melhor que a grande maioria, por dispor de recursos econômicos que lhes possibilitam ter formação muito superior às dos outros. Assim, em geral tem origem na classe média alta e na burguesia, que desfrutam da melhor formação que as universidades públicas possuem, gratuitamente, sem que a isso corresponda a contrapartida de exercer medicina social, nas regiões em que o país mais necessita.

Essas instituições corporativas não devem se preocupar, as centenas de médicos formados na Escola Latinoamericana de Medicina não abrirão consultórios nos Jardins de São Paulo, na zona sul do Rio ou em outras regiões ricas das capitais brasileiras. Eles irão fazer a medicina social que o Brasil precisa, atendendo a demandas que não são atendidas pelos médicos formados nas melhores universidades públicas brasileiras, mas que derivam seus conhecimentos para atender a clientelas privadas, em condições de pagar consultas e tratamentos caros.

As negociações para o reconhecimento dos diplomas dos jovens médicos solidários formados em Cuba estão em desenvolvimento, com apoio do governo brasileiro, mas ainda não chegaram a uma solução que permita o aporte dessas primeiras gerações de médicos brasileiros de origem popular.

domingo, 29 de novembro de 2009

Essas eleições não serão reconhecidas e não calam a resistência de Honduras



Infelizmente para a causa da democracia e das liberdades, para a luta pela América Latina livre, unida e soberana, infelizmente para Honduras, dentro de algumas horas serão realizadas eleições em um país sem Judiciário independente, sem imprensa livre, com censura, assassinatos e outras perseguições. É injusto, absurdo. Ainda que os Estados Unidos de Obama e dona Hillary Clinton apoiem este verdadeiro crime, ainda que a Organização dos Estados Americanos esteja tentadíssima a ceder ao bajulador de Washington no poder em San José, é preciso resistir. Não basta o povo boicotar as "eleições". Não basta o Brasil e mais alguns pouquíssimos países se recusarem a aceitar o inaceitável. A luta precisa continuar dentro e fora de Honduras. Veja a seguir, em textos e vídeos, a história de um golpe de Estado covarde, chamado por alguns, reivindicando-se "imprensa livre", de crise constitucional...

HONDURAS – AMÉRICA LATINA LIVRE*

BOLETIM DE LUTA – 28/11/2009

Tirzo Tarriuz e Marco Fonseca, membros da RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA, estão desaparecidos desde a noite de sexta-feira, dia 27. Estavam hospedados no Hotel Caribe, na Costa Norte de Honduras.

Movimentos internacionais pelos direitos humanos começam a se mobilizar para evitar que, tal e qual tem acontecido sistematicamente desde o golpe de julho que depôs o presidente constitucional do país Manuel Zelaya, seja torturados e assassinados pelo regime golpista controlado pelos Estados Unidos.

As prisões em Honduras, às vésperas das eleições de cartas marcadas, para legitimar o golpes, estão sendo marcadas por intensa e violenta ação dos militares hondurenhos, agentes da CIA lotados na base norte-americana em Tegucigalpa e agentes israelenses do MOSSAD, muitos deles no cerco à embaixada do Brasil, onde está o presidente Zelaya.

Um acidente com um caminhão militar que transportava urnas e cédulas já muitas delas preenchidas com o nome do candidato oficial, Porfírio Lobo, incendiou-se e morreram soldados que estavam no veículo.

A população está sendo coagida a comparecer amanhã aos locais de votação e as ameaças vão desde perda de emprego, prisões, confisco de bens e pequenas propriedades.

Em todo o país o regime de terror é coordenado a partir do comandante da base militar norte-americana na capital hondurenha, que é também o comandante em chefe das forças armadas do país, inteiramente subordinadas às políticas golpistas dos EUA e com militares ligados ao tráfico de drogas.

A base militar dos Estados Unidos em Honduras existe desde a formação de grupos no governo Reagan para lutar contra a revolução sandinista na Nicarágua e agora treina militares de todos os países latino-americanos com capital em Washington e sob comando do Pentágono para golpes preventivos, como o presidente Obama chama a derrubada ou tentativa de presidentes que contrariem interesses do seu país, mesmo que sejam eleitos pela vontade popular.

Brasil, Venezuela, Paraguai, Argentina, Equador, Bolívia, Nicarágua, Guatemala e Uruguai já anunciaram que não vão reconhecer as eleições em Honduras. Há todo um esforço do governo dos EUA para fazer parecer que se exerce a democracia ali.

É a mesma democracia da prisão de Guantánamo (que Obama disse que fecharia e mentiroso contumaz não fechou), ou dos crimes contra o povo afegão e o saque do petróleo iraquiano, além de ameaças ao Irã.

O poder imperial se espalhando pelo mundo.

O povo hondurenho resiste e continua a luta pela refundação do país sem norte-americanos, sem sionistas de Israel e pela vontade dos hondurenhos.

O PODER É DO POVO – ZELAYA É O PRESIDENTE

RESISTIMOS À BRUTALIDADE MILITAR E DOS EUA
*movimento hondurenho de resistência ao Golpe de Estado

"Os EUA não cumpriram com sua palavra", diz Zelaya
do Portal Vermelho

A cinco dias das eleições, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, culpou, na última terça-feira (24), os Estados Unidos por sua mudança de posição com os golpistas. "Obama não só não priorizou a democracia em Honduras, mas também não priorizou a democracia na América Latina", disse ele nesta entrevista publicada no Página 12.

Manuel Zelaya tem todas as razões para estar irritado, mas não o demonstra. Atende o telefone da embaixada brasileira em Tegucigalpa com um tom amável, obliterado só pelo cansaço de quem vive preso e assediado há dois meses.

O presidente hondurenho derrubado perdeu a disputa e sabe disso. Quanto mais se aproximam as eleições de domingo, mais patente se torna a sua impotência. "Estamos na luta do mais forte, e na verdade não sabemos o que vai acontecer", reconheceu ontem pela tarde.

Ele não quer adiantar seus próximos passos, mas deixa todas as portas abertas. Nesta conversa com o jornal Página/12, ele não descartou o exílio, nem a negociação com o próximo presidente hondurenho. "Minhas diferenças são políticas, não pessoais", defendeu-se.

Minutos depois da entrevista, as organizações de direitos humanos hondurenhas confirmaram um novo assassinato, a cinco dias dos comícios. "A ditadura continua reprimindo a resistência. Hoje [terça-feira], um professor que havia sido preso pela polícia na segunda-feira apareceu morto. Como podem se chamar de líderes democráticos aqueles que calam e apoiam esse terrorismo de Estado?", sentenciou Bertha Oliva, veterana dirigente.

Segundo seus cálculos, Gradis Espinal, aposentado de 58 anos e pai de três filhos, é a vítima número 26 da ditadura. Nenhum dos principais meios de comunicação hondurenhos repercutiram a notícia, e a ditadura nem se pronunciou. "Nem todos têm as mesmas possibilidades nestas eleições", lembrou Zelaya. Confira a entrevista:

Página 12 - Finalmente, chegou-se ao pior cenário político: eleições sob a ditadura. Por que não se conseguiu a restituição? O que faltou?
Manuel Zelaya - Há um mandato da OEA, outro da ONU e o Plano Arias. Todos pediam a restituição para poder fazer eleições democráticas, em igualdade de condições. Todos pediam isso, mas não aconteceu. Não aconteceu porque os Estados Unidos renunciaram à sua posição, mudaram a sua prioridade, apoiaram as eleições sem restituição, e isso eliminou as possibilidades de restaurar a democracia hondurenha. Não só não priorizaram a democracia em Honduras, mas também não priorizaram a democracia na América Latina.

Página 12 - Eles cometeram erros nos últimos cinco meses?
MZ - As negociações avançavam, mas quando os Estados Unidos mudaram sua posição com relação à ditadura, tudo caiu. Foi isso que aconteceu.

Página 12 - O senhor acredita que o boicote eleitoral será suficiente para fazer com que o próximo governo se desequilibre?
MZ - É preciso se pronunciar contra o processo, que tem uma raiz ilegal, e nem todos temos as mesmas possibilidades. A democracia deve ser um acordo político para que todos possamos competir em igualdade de condições.

Página 12 - Não parece suficiente para desestabilizar o próximo governo...
MZ - Veja, estas eleições têm três elementos que as tornam únicas. Primeiro, é a primeira vez na América Latina que se realizam eleições depois de uma ditadura, sem um pacto social prévio. Segundo, as eleições foram convocadas sob um estado de repressão. E, terceiro, existe um grande temor de uma fraude eleitoral. São eleições frágeis e delas sairá um governo frágil.

Página 12 - Como continuará sua vida depois das eleições? Continuará na embaixada?
MZ - Estamos lutando por uma causa que não tem limites de tempo nem de espaço. Trata-se de sacrifícios e de continuar lutando pela liberdade, aqui ou onde quer que seja. Quando se perde o sistema democrático, perde-se o destino do país inteiro. Estamos lutando a luta do mais forte, e na verdade não sabemos o que vai acontecer.

Página 12 - Tentará dialogar com quem ganhar as eleições?
MZ - Eu me afastei politicamente deles porque apoiaram o golpe, não saíram em defesa da democracia e dos direitos humanos, como nós. Temos diferenças políticas, mas não pessoais.

Página 12 -Está pensando em exilar-se ou imagina continuar vivendo em Honduras?
MZ - Minha vida está sim nas mãos do general Romeo Vázquez Velázquez. Eu não me preocupo com isso. Ele decidirá o que eu posso fazer.

Página 12 - Mas o senhor está considerando o fato de se exilar?
MZ - Minha vida está ligada ao povo hondurenho e está orientada a lutar por uma causa, a da democracia e da liberdade hondurenha. Essa causa não tem um tempo, uma forma ou um lugar determinado. Isso não é importante.

Página 12 - Como ficou sua relação com o governo norte-americano depois de sua mudança em favor das eleições hondurenhas?
MZ - Todo o direito internacional dita que os Estados Unidos podem tomar a decisão que quiserem. Nós não questionamos sua soberania. Mas quando esse governo faz um trato comigo, eu tenho direito de reclamar. Sempre guardarei um respeito por essa nação livre, mas os Estados Unidos não cumpriram com sua palavra.

Página 12 - Obama havia lhe colocado condições para apoiar sua restituição?
MZ - Não, nenhuma. Prometeu a reenquadramento do sistema democrático antes das eleições, nada mais.

Página 12: - por que o senhor acredita que os Estados Unidos mudaram de opinião?
MZ - O senador De Mint disse isso muito claro. Eu não faço juízos, ele disse. Ele veio, como muitos outros republicanos, e falou com Micheletti. Depois, voltou para Washington e fez um acordo com o presidente Obama. Não é preciso especular muito.

Página 12 - Como os países latino-americanos deveriam agir com o próximo governo?
MZ - Além de impugnar as eleições, vamos pedir que sejam anuladas. Os países que se unirem não vão estar defendendo somente os direitos dos hondurenhos, mas também os de todos os latino-americanos.

Página 12 - Muito se discutiu sobre a polarização política que existia em Honduras antes do golpe. Se o senhor pudesse fazer alguma recomendação aos presidentes vizinhos para evitar uma situação similar, qual seria?
MZ - Quando um presidente quer corrigir a economia e torná-la mais justa, precisa fazer reformas que não são do agrado das transnacionais financeiras, de serviços e industriais. Minha recomendação para os presidentes que queiram bem, de verdade, os seus povos é que eles se mantenham firmes, mesmo que as velhas castas militares se mostrem ameaçadoras.

Democracia “a la Obama”
por Ernesto Germano Parés

No domingo, dia 22 de novembro, Barack Obama enviou uma carta ao presidente Lula. O jornal New York Times publicou parte da carta e ficamos sabendo que o governo estadunidense está apoiando as eleições do próximo domingo, em Honduras. Nas palavras de Obama, “a situação deverá começar de zero após a eleição”!

A pergunta que deveríamos estar fazendo é: começar de zero, como? Esquecer que houve um golpe que derrubou um presidente legitimamente eleito? Esquecer que os golpistas estabeleceram um Estado de terrorismo dentro do país, prendendo milhares de opositores e matando centenas de pessoas? Passando uma borracha no fato de os golpistas desprezarem e desconsiderarem todas as instituições internacionais que condenaram o golpe? Afinal de contas, não é o governo estadunidense o primeiro a gritar – quando é de seu interesse – que as instituições devem ser respeitadas?

Interessante é que nossa imprensa parece já ter esquecido os motivos do golpe em Honduras. Os golpistas alegavam que Manuel Zelaya estava tentando um golpe para se reeleger, o que não é verdade, como já demonstramos em artigo anterior. Mas a mesma imprensa não toca no golpe dado por Álvaro Uribe, na Colômbia, para concorrer a um terceiro mandato, quando não poderia ter disputado nem o segundo!

Democracia “a la Obama” é assim. Para o aliado que deixa montar sete bases militares em seu território é democrático rasgar a Constituição para concorrer a novo mandato!

Democracia “a la Obama” é assim. O presidente que foi eleito com uma expectativa mundial em torno do fato de ser negro retirou a delegação estadunidense do encontro da ONU contra o racismo porque não podia deixar seu aliado Israel ser julgado por crimes de racismo contra o povo palestino!

Democracia “a la Obama” é assim. O país que mais polui o planeta, responsável pelas maiores emissões de gás na atmosfera, retirou seus representantes do encontro sobre o aquecimento do planeta e, até hoje, não assinou o Protocolo de Quioto!

Democracia “a la Obama” é assim. Vende armas para Israel, concorda com o arsenal atômico daquele país, mas pretende impedir o Irã de desenvolver tecnologia nuclear para geração de energia!

Por fim, hoje tomamos conhecimento de mais um exemplo da democracia “a la Obama”. O voto nas eleições hondurenhas, domingo, não será secreto!

Isto mesmo! Segundo nota divulgada pelo Tribunal Eleitoral dos golpistas, cada eleitor hondurenho, ao chegar ao local de votação, receberá uma cédula numerada e codificada eletronicamente. A cada eleitor corresponde apenas um número e código! Depois, na apuração, poderão ser identificados todos os votos, inclusive quem votou branco, nulo ou escreveu alguma mensagem de protesto!

Isto é “democracia a la Obama”. E ele ainda diz que vai “começar do zero”? Talvez seja democracia-zero...

Veja este Dossiê do Golpe Oligárquico-Militar e as eleições espúrias em Honduras...




... este artigo publicado na página da Fundação Lauro Campos, que detalha as origens do golpe...
Ex-secretária de Allende: golpe é advertência para América Latina

... e apoie a luta do povo hondurenho pela volta do presidente constitucional, Manuel Zelaya, ao poder participando nestes blogs
Frente Nacional Contra el Golpe de Estado
Honduras en lucha!

2º FÓRUM DE MÍDIA LIVRE - Vitória 2009. Tá chegando a hora!


da página do FML
Neste ano, o Fórum de Mídia Livre acontece nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória.

O evento ocorre no hiato entre o período das conferências estaduais e a nacional de comunicação. E terá a participação de ativistas, artistas, intelectuais, profissionais de comunicação, gestores públicos, empreendedores, estudantes, que debaterão uma agenda comum para os realizadores de mídia independente no país.

O FML contará com desconferências temáticas, mesas de debate (propostas pelos convidados através da internet), oficinas de produção de mídia (propostas pelos próprios convidados através da internet), transmissão ao vivo de palestras e oficinas pela internet, encontro nacional dos pontos de mídia (ligados ao Ministério da Cultura), encontro nacional de blogs políticos, colóquios de mídias sociais nas organizações e movimentos, lançamentos de livros, revistas e sites.

Você pode conferir aqui a programação. E fazer INSCRIÇÃO pelo site.

Nota da Equipe do Blog: o FML será oficialmente aberto dia 4 de dezembro, mas para o dia 3 está prevista uma extensa programação pré-Fórum, que você confere ao ser direcionado para a página. Saudações midialivristas

sábado, 28 de novembro de 2009

Seminário sobre comunicações no BNDES esquenta baterias para a Confecom

por Rodrigo Brandão, da Equipe do Blog EDUCOM
O Seminário "Comunicações e Desenvolvimento em Tempos de Convergência de Mídias" reuniu em seu painel de encerramento, na sede do BNDES, na quarta, 25, alguns dos mais importantes ativistas pela democratização dos meios de comunicação no Brasil. Estavam na mesa de debates Orlando Guilhon, superintendente de Rádio da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e um dos fundadores do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Adilson Cabral, professor do curso de Comunicação Social e também pioneiro em diversos movimentos de comunicadores e Oona Castro, jornalista e militante nos portais Overmundo e Intervozes. Todos esses, por assim dizer, atores da luta pelo direito à comunicação estarão na 1ª Confecom. O que fez com que a conferência estivesse em foco no painel “Movimentos Sociais na Comunicação”. Aliás, também o coordenador do Seminário, o professor da UFRJ Marcos Dantas, é presença provável em Brasília.

“Direito à comunicação é tão importante quanto os três direitos vitais: a terra, trabalho e liberdade. É preciso que as pessoas entendam isso, que a sociedade civil não-empresarial (ou movimentos sociais) lute por isso”, resumiu Orlando Guilhon, da EBC, a empresa criada em 2007 pelo governo federal e responsável pela rede de TVs e rádios públicas do país, cuja menina dos olhos é a TV Brasil. “Estamos todos empolgados e ansiosos com a Confecom, que é um fato novo no cenário nacional e tem cumprido um extraordinário papel em matéria de politização e democratização Brasil afora”, disse Guilhon, que está na comissão organizadora, para em seguida alertar que “a Confecom tem limites. Não irá representar a solução de todos os nossos problemas e imediatamente significar um novo marco regulatório para o setor”.

Vamos mais longe, amigo leitor: o setor empresarial, representado em 40% dos delegados à Confecom e da própria comissão organizadora conseguiu impor alguns de seus pleitos. Responsável pela definição do regimento e dos temas, a comissão organizadora aprovou duas propostas polêmicas: o caráter apenas consultivo da Confecom e a exclusão do eixo temático “Sistemas”, onde seriam debatidas novas propostas para as regras de concessão de outorgas, regulação e o papel do Estado na comunicação. “Mas o fato é que a Confecom está aí. O governo enfim a convocou e que assuma as consequências políticas do que virá a partir da conferência”, completou Guilhon, destacando que a conferência dará bons resultados se discutir: a necessidade do fortalecimento da comunicação comunitária, a importância da regionalização parcial da produção jornalística e cultural, políticas públicas anti-monopólio e o controle amplo e democrático da sociedade sobre a mídia. “Precisamos popularizar o tema da democratização da comunicação e elevar o nível de organização de nosso povo na luta por esse direito”, finalizou Guilhon.

O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e militante no movimento Comunicativistas Adilson Cabral trouxe uma polêmica para o debate, precisamente sobre um dos últimos pontos levantados por Guilhon: o controle social da mídia. “Precisamos reformular essa bandeira de luta. Quando falamos em controle, possibilitamos que a mídia corporativa, a chamada grande imprensa, nos acuse de querer atacar a liberdade de imprensa”. Para Adilson, é preciso cobrar “participação social nas mídias”. “Os sites dos grandes jornais já não gostam de nos estimular a interagir com o conteúdo? Não nos pedem para enviar vídeos, para ser o ‘repórter cidadão’? Temos que dizer a eles que não queremos somente ajudar a escrever algumas linhas, mas definir coletivamente as políticas, a linha editorial dos meios”, defendeu.

Cabral foi outro a destacar a importância da discussão sobre comunicação na pauta dos movimentos sociais. “O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e outras entidades de luta são diariamente criminalizados pela mídia. Para eles, democratizar a mídia significa sobrevivência”, já que, segundo o professor Adilson Cabral, “avançar na democratização da mídia significa avançar na democratização do país”. Sobre a Confecom, Cabral disse que o principal desafio é propor uma regulamentação da lei de telecomunicações, que estabelece o sistema em três segmentos: estatal, público e privado.

Oona Castro, do Coletivo Intervozes e do Portal Overmundo, centrou sua intervenção na discussão sobre o avanço da internet e a polêmica sobre a legislação ultrapassada no campo dos direitos autorais versus necessidade de veiculação ampla do conhecimento. Ao citar números que constatam a queda na venda de mídias musicais em todo o mundo, Oona também mostrou outros números que atestam o avanço do faturamento dos artistas com shows, propaganda e comercialização de direitos. “Nossa legislação sobre direito autoral precisa mudar com urgência. Não é possível que uma obra só caia em domínio público setenta anos depois da morte do autor. Vejam o caso da literatura: como as editoras donas dos direitos não os perdem, mesmo se não relançarem suas obras com todas as edições esgotadas, configura-se uma retenção da informação”, classificou. “Milhares de livros mofam em prateleiras Brasil afora, prejudicando a juventude, o educando com sede de conhecimento.”

Perguntada sobre os riscos da verticalização do controle sobre a internet e a necessidade de lutarmos por quebrar essa caixa preta, garantindo soberania aos países, a jornalista disse ser muito mais preocupante a ausência de políticas de ampliação do acesso em banda larga. “Em lugar de massificar acessos ruins, a lógica do mercado, é preciso universalizar a banda larga. O Brasil já tem 1 mil pontos de cultura e pontões de cultura digital, muitos no Nordeste, o que é bom, mas pouquíssimos no Norte e no Centro-Oeste”, observou, cobrando mais descentralização.

Bem, companheiros e amigos, nos veremos no 2º Fórum de Mídia Livre e na 1ª Conferência Nacional de Comunicação.

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Da luta do povo ninguém se cansa


Curso de Jornalismo Prático: O manual do colunista

do Blog do Sakamoto
Agora que a obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão caiu, o Blog do Sakamoto reforça o seu "Curso de Jornalismo Prático". Já em sua terceira aula (a primeira e a segunda, sobre o Disk-Fonte: O Jornalismo Papagaio de Repetição, foram um sucesso), o Curso é elaborado em conjunto com amigos que são grandes repórteres e conhecem como ninguém o universo das redações. Para esta aula, um deles foi certeiro na análise do problema, criando um manual que será de grande utilidade aos recém-formados, mas também àqueles com mais quilometragem que querem “chegar lá”.

Quer virar colunista ou editorialista de jornalão impresso, de um telejornal noturno ou de uma revista semanal de grande circulação? Fácil. Basta seguir esse manual. Para cada tema polêmico da atualidade, há um repertório de cinco argumentos que devem ser repetidos ad nauseum, sem margem para hesitação. Pintou o tema, escolha um dos cinco argumentos abaixo e tasque na sua coluna. Se quiser, use mais de um. Você é a estrela.

Uma dica: para sua coluna parecer diversificada, democrática, procure colocar alguns dos argumentos abaixo na boca de “especialistas”. Veja a lista de nossos especialistas no Disk -Fonte e escolha livremente. Se já estiver na hora do fechamento e ninguém atender, ligue para o Demétrio Magnolli, pois esse está sempre à disposição e discorre sobre qualquer assunto. Ele é fera.

E atenção: não se preocupe se o seu concorrente direto anda usando exatamente esses mesmos argumentos há anos. Não importa também se quase todos esses argumentos já foram aniquilados pelos fatos. O importante, em todos os casos, não é citar fatos. O que conta é dar ênfase no argumento. Se você estiver apresentando um telejornal, faça cara de compenetrado. Se for uma coluna, um editorial, carregue no título.

Além da segurança, da facilidade e da comodidade, há várias outras razões para você usar esse manual: 1) você vai parecer erudito; 2) você vai gastar pouco tempo para fechar a coluna; e 3) seu texto irá repercutir muito bem junto ao dono do(a) jornal/revista/TV que você trabalha.

Ao manual:

Se o assunto é: Cotas nas universidades, ação afirmativa, Estatuto da Igualdade Racial

Seus argumentos devem ser:
“Para a biologia, a raça humana é uma só. Logo, não faz sentido dividir as pessoas por raças”
“A política de cotas é perigosa. Irá criar conflitos que não existem hoje no Brasil”
“É uma ameaça à qualidade do ensino, pois os beneficiários não conseguirão acompanhar as aulas”
“Essas iniciativas representam uma ameaça ao princípio de que todos são iguais perante a lei”
“Cotas são ruins para os próprios negros, pois eles sempre se sentirão discriminados na faculdade”

Se o assunto é: Reforma agrária, MST, agricultura familiar

Seus argumentos devem ser:
“Não faz mais sentido fazer reforma agrária no século 21”
“O agronegócio é muito mais produtivo, eficiente, rentável, moderno e lucrativo”
“O Fernando Henrique já fez a reforma agrária no Brasil”
“Se você distribui lotes, o agricultor pega a terra e a vende para terceiros depois”
“O MST é bandido”

Se o assunto é: Bolsa Família

Seus argumentos devem ser:
“O pobre vai usar o dinheiro para comprar TV, geladeira, sofá e outros artigos de luxo”
“O pobre não terá incentivo para trabalhar. Vai se acostumar na pobreza”
“Não adianta dar o peixe, tem de ensinar a pescar”
“O programa não tem porta de saída” (não tente explicar o que é isso)
“O governo só sabe criar gastos”

Se o assunto é: Mortos e desaparecidos políticos, abertura de arquivos da ditadura, revisão da Lei de Anistia

Seus argumentos devem ser:
“Não é hora de mexer nesse assunto”
“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”
“Não é hora de mexer nesse assunto”
“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”
“Não é hora de mexer nesse assunto”

Se o assunto é: Confecom, democratização da comunicação, classificação indicativa

Seus argumentos devem ser:
“Qualquer regulamentação é ruim, o mercado regula”
“É um atentado à liberdade de imprensa”
“Querem acabar com o seu direito de escolha”
“Já tentaram expulsar até o repórter do New York Times, sabia?”
“A classificação indicativa é censura. Os pais é que têm que regular o que seus filhos assistem”

Se o assunto é:
A política econômica

Seus argumentos devem ser:
“O governo deveria aproveitar esse período de vacas gordas para fazer as reformas que o Brasil precisa, cortando custos”
“Os gastos e a contratação de pessoal estão completamente fora de controle”
“O país precisa fazer a lição de casa e cortar postos de trabalho”
“Quem produz sofre muito com o Custo Brasil, é necessário cortar custos e investir em infra-estrutura”
“Só dá certo porque é continuidade do governo FHC”

Se o assunto é:
Trabalho e capital

Seus argumentos devem ser:
“O que os sindicatos não entendem é que, nesta hora, todos têm que dar sua cota de sacrifício”
“Os grevistas não pensam na população, apenas neles mesmos”
“Sem uma reforma trabalhista que desonere o capital, o Brasil está fadado ao fracasso”
“A CLT é uma amarra que impede a economia de crescer”
“É um absurdo os sindicatos terem tanta liberdade”