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segunda-feira, 13 de junho de 2011

O negócio europeu das emissões perversas (II)



por Daan Bawens*, da IPS
1165 300x228 O negócio europeu das emissões perversas (II)Bruxelas, Bélgica, 13/6/2011 – Semanas antes da cúpula climática do ano passado, em Cancún, no México, a comissária europeia de Ação pelo Clima, Connie Hedegaard, propôs a proibição, a partir de 1º de janeiro de 2013, de todos os créditos de hidrofluorocarbonos (HFC) no Sistema Europeu de Comércio de Emissões Contaminantes. A base da proposta é que na época terá expirado a segunda fase desse Sistema, após o qual poderão ser aplicadas novas normas. Grupos de pressão da indústria e organizações empresariais resistiram à proibição.
O não governamental Observatório Corporativo Europeu, com sede em Bruxelas, fez uso das Regulações de Liberdade de Expressão e Informação para obter documentos e reconstruir a história completa. O BusinessEurope é o grupo de pressão mais influente em Bruxelas, e representa 40 federações de industriais e empregadores de 34 países europeus. Em outubro de 2010, seu diretor-geral, Philippe de Buck, enviou uma carta a Hedegaard e ao comissário de Indústria e Empreendimento, Antonio Tajani, na qual manifestava sua oposição a limitar o uso de créditos derivados do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
O MDL, previsto no Protocolo de Kyoto, permite às empresas de nações industrializadas “compensarem” seu excesso de emissões de gases-estufa comprando Certificados de Redução de Emissões (CRE) em países em desenvolvimento. O processo é controlado pelo Conselho Executivo do MDL, que funciona na órbita da Organização das Nações Unidas (ONU).
O BusinessEurope também fez uso de um novo empregado que acabava de encerrar três anos de trabalho na Comissão Europeia de Indústria e Empreendimento. Em um email enviado aos seus ex-colegas dessa Comissão, este funcionário se refere a um recente encontro de despedida com seus companheiros e expressa seu desejo de continuarem a trabalhar juntos com ele em sua nova função de lobby. Em um arquivo anexo à mensagem, envia o documento da BusinessEurope que se opõe à proibição.
O gigante italiano da energia Enel figura como investidor em sete dos 19 projetos de HFC que receberam CRE. Um terço da empresa é propriedade do governo italiano. Em novembro de 2010, o diretor de Relações Institucionais Europeias da Enel, Roberto Zangrandi, enviou uma carta a vários membros do Parlamento Europeu dizendo que “é crucial a confiança no sistema e nos procedimentos da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática e do MDL, a fim de garantir a integridade e a credibilidade deste mecanismo”.
Contudo, apenas duas semanas antes, Zangrandi enviara outra carta a Antonio Preto, membro do gabinete de Tajani, convidando-o para uma conversação amistosa sobre um problema sério: Zangrandi explica ali que, se for proibido o comércio de créditos de HFC em 1º de janeiro de 2013, sua empresa perderá, “pelo menos, 20 milhões de créditos com um valor significativo”.
Em entrevista publicada em novembro no site PointCarbon.com, que se dedica aos mercados de carbono, Simone Ruiz, diretora de Políticas Europeias na Associação Internacional de Comércio de Emissões, disse que a Direção-Geral de Empresa e Indústria tentaria adiar essa data. Segundo o PointCarbon.com, adiá-la por apenas quatro semanas significaria o ingresso de 30 milhões a 100 milhões extras de créditos de HFC no mercado europeu. Deste modo, as empresas poderiam fazer pleno uso dos créditos nos quais tivessem investido.
Para Eva Filzmoser, diretora de programa do não governamental CDM Watch, os lobistas se comportaram de maneira pouco ética. “O correto é insistir em uma investigação detalhada, esperar as conclusões e tomar uma decisão”, afirmou à IPS. “Muitos investidores decidiram pôr dinheiro nestes projetos só depois que a Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia) abriu a porta para possíveis restrições em 2008. Foi um risco calculado, e a maioria dos investidores já havia recebido créditos em abundância. Além disso, alguns investidores nos disseram informalmente que sabiam que fábricas indianas e chinesas estavam aumentando a produção de HFC para impulsionar os créditos”, acrescentou.
Em junho de 2010, a CDM Watch, com sede em Bonn, e a Agência de Investigação Ambiental (EIA), com escritórios em Washington e Londres, descobriram que os governos e as corporações europeias haviam feito um flagrante mau uso do MDL. De todos os CRE, 59% se originaram nos mesmos 19 projetos, embora houvesse 2.800 projetos registrados no MDL. Todas estas 19 iniciativas produziam HCFC-22, um gás refrigerante proibido nos Estados Unidos e na Europa no contexto do Protocolo de Montreal Relativo às Substâncias que Esgotam a Camada de Ozônio. Nos países em desenvolvimento, este gás deve ser eliminado até 2030.
Entretanto, a indústria acabou conseguindo o que pedia quando, em 21 de janeiro deste ano, a Comissão Europeia divulgou sua proposta final: a data para entrada em vigor da proibição foi adiada de 1º de janeiro para 30 de abril de 2013. Segundo estimativas, isto fará com que 53 milhões de CRE extras ingressem no mercado europeu, permitindo que as empresas lancem na atmosfera um volume desse gás equivalente ao que é emitido pela Bélgica por ano. Envolverde/IPS
* Esta é a segunda e última reportagem sobre a forma como corporações e governos europeus se beneficiam economicamente de um vazio legal do Protocolo de Kyoto.
(IPS)
Nota: veja a  primeira reportagem da série, que republicamos no dia 10 de junho de 2011.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O negócio europeu das emissões perversas ( I )



por Daan Bawens, da IPS
1147 O negócio europeu das emissões perversas (I)Bruxelas, Bélgica, 10/6/2011 – Corporações e governos europeus aproveitam, há anos, um vazio legal do Protocolo de Kyoto sobre mudança climática para obter ganhos exorbitantes. Várias fontes indicam que esse lucrativo esquema causou mais contaminação do que nunca antes. O Protocolo de Kyoto (assinado em 1997 e em vigor desde 2005) permite às empresas europeias “compensarem” seu excesso de emissões de gás-estufa comprando redução de emissões em países pobres.
Esta disposição é o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Os requisitos para incluir nele projetos no exterior e a emissão de créditos de carbono – que neste caso se chamam certificados de redução de emissões (CRE) – são controlados pelo Conselho Executivo do MDL, que funciona na órbita da Organização das Nações Unidas (ONU).
Cada CRE equivale a uma tonelada de dióxido de carbono que não foi lançada na atmosfera. E é entregue ao responsável pelo projeto, após certificar que a redução realmente ocorreu. Estes CRE podem gerar instrumentos comercializáveis, sujeitos às leis da oferta e da demanda.
Em junho de 2010, duas organizações não governamentais ambientalistas – CDM Watch, com sede em Bonn, e a Agência de Pesquisa Ambiental (EIA), com escritórios em Washington e Londres – descobriram que governos e corporações europeias estavam fazendo um flagrante mau uso do MDL.
De todos os CRE, 59% se originaram nos mesmos 19 projetos, embora no MDL estejam registrados 2.800 projetos. Os 19 projetos produziam HCFC-22, um gás refrigerante proibido nos Estados Unidos e na Europa no contexto do Protocolo de Montreal Relativo às Substâncias que Esgotam a Camada de Ozônio. Nos países em desenvolvimento, este gás deverá estar eliminado até 2030.
HCFC é a sigla para os hidroclorofluorocarbonos, e também é um “supergás de efeito estufa”, 1.810 vezes mais potente do que o dióxido de carbono. Além disso, o HFC-23, subproduto da manufatura do HCFC-22, é 11.700 vezes mais prejudicial do que o dióxido de carbono.
Quando os produtores do gás refrigerante decidem queimar esse subproduto HFC-23 em lugar de liberá-lo na atmosfera, estão aptos a receberem numerosos créditos concedidos sob o MDL. A queima de uma tonelada de HFC-23 permite adquirir 11.700 créditos de emissão para a unidade que queima o gás. Este negócio se mostrou muito lucrativo. A queima do equivalente a uma tonelada de dióxido de carbono custa apenas US$ 0,25, enquanto os créditos podem ser vendidos no mercado europeu por não menos de US$ 19,00.
Estes projetos logo atraíram bancos investidores, que quiseram participar dos lucros: JP Morgan Chase, Citigroup, Goldman Sachs, Rabobank e Fortis. Junto a estes bancos, os governos italiano, holandês e britânico aparecem várias vezes nas listas de investidores. Grandes empresas de energia, entre elas E.ON e RWE (Alemanha), Nuon (Holanda), Enel (Itália) e Electrabel (Bélgica) também aparecem como participantes nestes projetos.
Os antecedentes recopilados pela CDM Watch e pela EIA indicam que os ganhos derivados desta compensação de gases acabaram estimulando a produção do nocivo HCFC-22. Segundo a EIA, o preço de uma tonelada desse gás oscila entre US$ 1 mil e US$ 2 mil, enquanto a mesma tonelada vale entre US$ 5 mil e US$ 5,8 mil em CRE quando se vende no mercado europeu. Em economia isto se chama “incentivo perverso”, e ocorre quando um incentivo apresenta um resultado não procurado e indesejável que vai contra o que propõe a política em questão.
No total, empresas e governos europeus financiaram estes projetos por pelo menos US$ 1,5 bilhão, enquanto o verdadeiro custo para reduzir este gás é de US$ 150 milhões. “Este dinheiro foi investido em falsas reduções de emissões”, afirmou Eva Filzmoser, diretora de programa na CDM Watch. “Segundo o MDL, os créditos obtidos representam reduções nas emissões. Mas, em lugar disso, houve mais gases-estufa enquanto as empresas ocidentais seguiam contaminando como antes. O dano ambiental é imenso”, disse à IPS.
Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), entre 2004 e 2009, indicam que a produção de HCFC-22 passou de 15 milhões para 28 milhões de toneladas. Depois das queixas da CDM Watch e da EIA, a ONU iniciou sua própria investigação, enquanto tentava frear a emissão de novos CRE. Esta pesquisa, que terminou em 16 de novembro de 2010, foi catalogada como “confidencial” pela ONU devido à “informação comercialmente delicada” que contém.
Entretanto, a IPS teve acesso a esse documento, que indica que algumas das unidades de produção investigadas estavam “maximizando os créditos em lugar de atender a demanda do produto”. Ainda assim, o informe propõe que são apenas “sinais” de incentivos perversos e que a evidência não é “concludente”. No dia 26 de novembro, o Conselho Executivo do MDL decidiu emitir mais 20 milhões de créditos para 12 projetos de HFC (hidrofluorocarbonos).
Jos Delbeke é o titular da Direção Geral de Ação pelo Clima na Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia), que foi criada no ano passado. Segundo ele, o órgão tinha conhecimento do problema antes que as organizações não governamentais iniciassem sua campanha. “Na ONU, nos queixávamos desse problema há vários anos. Não deveria se obter CRE com gases que estão proibidos na Europa”, afirmou Delbeke à IPS.
O principal problema, disse, não é o dano ambiental. “Estão sendo gerados ganhos a partir da usura, e isso é repugnante”, afirmou Delbeke. “Assim não podemos conseguir que nossa política climática funcione. Temos de perguntar se não poderíamos ter feito muito mais com a quantidade de dinheiro que se gastou”, acrescentou.
Quando ficou evidente que a ONU não tomaria medidas, a Direção Geral de Ação pelo Clima decidiu propor uma proibição dos créditos por produção de HFC. A comissária europeia de Ação pelo Clima, Connie Hedegaard, propôs 1º de janeiro de 2013 como data para a entrada em vigor dessa proibição. Mas a história não termina aí. IPS/Envolverde
* Esta é a primeira de duas reportagens sobre como corporações e governos europeus se beneficiam economicamente de um vazio legal no Protocolo de Kyoto.
(IPS)

Essa  reportagem é muito importante para entender os malefícios dos Créditos de Carbono ao Meio Ambiente e os benefícios ao capitalismo, principalmente europeu, além de afetar  a soberania dos países pobres. Em 2007, recebemos a primeira denúncia. No final de 2009, inauguramos este Blog, denunciando jogo perigoso dos Créditos de Carbono.(Zilda Ferreira).

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Já temos a resposta, senadora Marina

No dia 13 de novembro de 2009, quase um ano atrás, fizemos um post provocativo que perguntava a você, leitor, se a senadora Marina Silva seria em seu novo partido uma Graúna, aquela personagem desconfiada e inconformada de Henfil, ou alguém que legitimaria o discurso neoliberal, pró-mercado da cúpula do PV. Leia esta análise do jornalista Carlos Tautz, publicada em 11 de outubro passado, oito dias após aqueles quase 20 milhões de votos destinados à presidenciável verde ajudarem a impedir a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno. Não reproduzimos antes para não polemizar o assunto em meio ao processo eleitoral do segundo turno, que estava muito tenso.


Depois de verde, direita


Por Carlos Tautz, jornalista*
Marina Silva foi ovacionada por milhares de pessoas no Fórum Social Mundial de Porto Alegre em janeiro de 2003. Nem Lula fora tão aplaudido naquele encontro da esquerda mundial. Ela era a expressão viva da mudança que muita gente esperava do Brasil. Intelectuais como o austríaco Fritjof Capra e a indiana Vandana Shiva até se dispuseram a ajudá-la a buscar, a partir do Brasil, um novo paradigma de desenvolvimento baseado na justiça social e ambiental.

A vida real, entretanto, foi bem diferente. Marina perdeu todas as principais batalhas que travou dentro do seu próprio governo, deixou o PT e passou a concordar com muitos temas contra os quais se opusera anteriormente: sementes transgênicas (ainda no Senado, pediu moratória para os organismos geneticamente modificados), transposição do rio São Francisco, usinas no rio Madeira e Xingu.

Ao escolher o PV para concorrer à Presidência, e abraçar um programa macroeconômico tipicamente tucano, ficou evidente que a Neomarina nada mais tinha a ver com a Marina de janeiro de 2003. E que o PV havia sido escolhido justamente devido ao fato de nessa legenda caber qualquer pessoa e qualquer ideia. Cabe, inclusive, o esquema que a ex-ministra vem montando com agentes econômicos, nacionais e internacionais, para viabilizar um novo bloco de poder no Brasil.

O bloco de poder que Marina começa a representar envolve setores do mercado financeiro que apoiou o PSDB e empresas agroextrativistas e de base que se aproximaram do PT. A estratégia de Marina e do PV é pinçar velhos agentes econômicos, já atuantes em governos passados, que agora querem aproveitar as oportunidades econômicas abertas pela alteração do clima no planeta.

Compõem este novo bloco, entre outros, os setores canavieiro, de mineração, de papel e celulose e o agronegócio. Arcaicos em sua essência, porque mantêm as práticas de séculos atrás, vestiram roupa nova para entrar na festa da economia da crise climática e passaram a defender conceitos vazios de conteúdo e cheios de segundas intenções, como mercado de baixo carbono.

É por esta razão que não falta dinheiro para pesquisas universitárias e seminários sobre REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), um suposto mecanismo anti-emissões que tem feito mais sucesso na Avenida Paulista do que no meio rural, onde o modelo de desenvolvimento baseado na extração intensa de recursos naturais para exportação ainda vigora e se aprofunda.

Todo negócio agrícola do Brasil se eriça só de pensar na montanha de dinheiro envolvida nessas tenebrosas transações. Vislumbram inclusive aproveitar o ufanismo criado em torno do etanol como combustível verde para imaginar a substituição da petroquímica pela alcoolquímica, em um cenário futuro de esgotamento comercial das reservas de petróleo. Só por conta dessa possibilidade já é possível imaginar os interesses que se articulam a uma candidatura presidencial que se propõe justamente a desenvolver uma economia “ambiental”.

Os apoiadores da ex-candidata, boa parte deles oriundos do PSDB, falam em desenvolver uma economia fundamentada no mercado de carbono, ainda que pouquíssima gente saiba o que de fato isto significa. O Banco Mundial e consultorias internacionais, pais e mães da nova terminologia, sabem muito bem. Na prática, toda a “economia de baixo carbono” significa diferentes esquemas para privatizar territórios, ar, água, diversidade biológica, minerais. São propostas que se escoram no argumento de que o mercado é a única saída possível para tratar a crise climática e que encontram enorme eco na equipe de Marina.

Esta opção conservadora é do mesmo tipo daquelas feitas pelos partidos verdes europeus, matrizes ideológicas do PV brasileiro. Depois de se proclamarem além da esquerda e da direita, eles terminaram gostosamente nos braços da direita, a começar pela Alemanha, onde surgiram. Por aqui, o PV vai pelo mesmo caminho e procura uma maneira de apoiar o candidato tucano no segundo turno. A se confirmar essa tática, Marina, que saiu da esquerda formal representada pelo PT, iria de roldão. E, depois dos verdes, terminaria na direita.
*postado originalmente em 11.10.10 no Blog do Noblat

Veja ainda:
A disputa pela terra em Copenhague

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

CO2, o novo tráfico de indulgências

Uma interessante análise sobre a propalada questão do “efeito-estufa” (ou "efecto-invernadero", em espanhol) e a demonização do CO2. Analisa também a questão do surreal sistema de créditos de carbono. Em programa de televisão recente, ouvi cientistas europeus e americanos afirmarem que, em verdade, o aquecimento global se deve principalmente a um fenômeno astronômico cíclico que provoca aumento da inclinação do eixo da terra, produzindo verões muito quentes no hemisfério Sul e invernos extremamente frios no hemisfério Norte, bem como ciclos de frio e calor. Sustentavam, basicamente, que estudos realizados por paleontólogos e astrônomos confirmam esses ciclos, que duram cerca de 16.000 anos para se completar. Como a terra e a Via Láctea circulam ao redor de outra galáxia maior, sendo a órbita elíptica, a cada 8.000 anos haveria um momento de maior proximidade e de aumento da força atrativa exercida sobre nosso planeta, causando aumento da inclinação e distúrbios climáticos. Esses fatos não são explicitados no artigo, mas o mesmo é muito interessante por apontar causas políticas e econômicas para atribuírem culpa ao CO2 por tudo.
Abraço,
Flávio Prieto

CO2: El nuevo tráfico de indulgencias

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A agenda oculta de Copenhague

Mais uma fonte, agora um blog (veja só!) dos Estados Unidos denuncia os verdadeiros objetivos por trás da COP15. O mais pernicioso: legitimar e oficializar o lucrativo mercado de créditos de carbono, negociata mundial às custas de uma suposta agenda de conservação do meio ambiente. Baixe aqui a tradução do post originalmente publicado no Washington's Blog.

Saudações educomunicativistas

domingo, 11 de outubro de 2009

A Terra está doente

Alterações Climáticas
Colaboração de Zilda Ferreira, ex-representante da Associação Brasileira de Imprensa no Comitê Assessor do órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (Min. do Meio Ambiente/MEC). Zilda Ferreira é editora política deste blog

Esta matéria foi escrita no auge do frisson da mídia sobre as conclusões do relatório do IPCC-Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. O relatório foi divulgado em fevereiro de 2007. Na época, a Europa, liderada pela França queria criar uma Agência Internacional para fiscalizar os países que não respeitassem o meio ambiente. Em seguida, os mesmos europeus tentaram impor um tratado de intervenção aos países que desrespeitassem o meio ambiente. E sempre defendendo a internacionalização da Amazônia, mas não de maneira explícita.
Agora, fiquemos em alerta. Os países hegemônicos vão tentar, em Copenhague, aprovar este tratado intervencionista. (Z.F)

22/3/2007 - publicado originalmente no Jornal da ABI
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro... ou forma uma aliança global para cuidar da terra e uns dos outros, ou arrisca a nossa destruição e a diversidade da vida”, texto de abertura da Carta da Terra.

O maior desafio deste século é o aquecimento global e a mais grave ameaça é a nossa destruição e a diversidade da vida. Os cientistas e os ambientalistas defendem que para resolver o problema do aquecimento global seria necessária uma profunda transformação na economia e no modo de vida das pessoas.

É muito difícil que isso ocorra. As nações hegemônicas, principalmente os EUA, privilegiam uma perspectiva neoconservacionista para economizar o planeta, não para evitar, mas para retardar a catástrofe. Bombardeiam com a idéia de escassez, a fim de que o medo molde a cultura dos países subdesenvolvidos, e assim, possam promover um neocolonialismo tranqüilo, mantendo os mesmos mecanismos de produção e consumo, aumentando as desigualdades e, conseqüentemente, o desequilíbrio da Terra. Os EUA apostam em novas tecnologias para poluir menos sem mudar a matriz energética, sem sair do petróleo e do gás. E com isso, ganham mais com a inovação de tecnologias descontaminantes.

A Europa também apostou nesse filão, porém foi mais esperta; de maneira muito sofisticada, seqüestrou o discurso dos ambientalistas para lucrar com o seqüestro, o do carbono. Parece um absurdo, mas acompanhe a implantação do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) e depois a cronologia da esperteza.

O MDL foi uma das peças chaves para o protocolo de Quioto ser ratificado em 2005. A idéia central do MDL (está no artigo 12 do Protocolo) é a possibilidade de mitigar, de combater o efeito estufa por meio de projetos. Para um projeto ser certificado pelo MDL tem que provar que foi pensado para reduzir as emissões ou para seqüestrar carbono. E é muito difícil provar. Normalmente, só grandes empresas conseguem, porque o processo é sofisticado: é preciso provar, por intermédio, de fotos feitas por satélites que a área escolhida para reflorestamento já estava desmatada, em l989, um ano antes, do primeiro Relatório do IPCC, em 1990.

Agora, no início de 2007, quando o último Relatório do IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas foi anunciado, a mídia divulgou com veemência o conteúdo e uma catástrofe iminente, como novidade, o quê já era conhecido e amplamente divulgado, em 2005, quando o Protocolo de Quioto entrou em vigor. Isso porque o medo molda profundamente a sociedade e a cultura. E a Europa aposta muito mais do que os EUA nesse comportamento. Isto porque ela tem apenas 3,8% de água, manipula mais de 70% do mercado d’água global, base de custeio de sua mídia e de seu mercado editorial, principalmente o da França, segundo panorama traçado no livro “Ouro Azul”, de Maude Barlow e Tony Clarke. É bom lembrar que os países pobres da América do Sul têm mais de um terço d’água do Planeta, só a região amazônica tem mais de 20%. Além disso, a Europa está apostando no mercado de carbono, mesmo antes do Protocolo de Quioto entrar em vigor. Veja o resumo dessa cronologia:

Em 2004, estava no site da Fundação Getúlio Vargas o seguinte: - “Embora o Protocolo de Quioto ainda não tenha entrado em vigor, observa-se no mercado internacional, uma crescente demanda por reduções de Gases do Efeito Estufa – GEE não só por parte dos fundos de investimentos, constituídos especificamente para essa proposta, como por parte da empresas, investidores estrangeiros que visem aproveitar os baixos preços atuais da tonelada evitada de carbono equivalente para formar seus estoques de reduções passíveis de virem a ser certificados e posteriormente registrados pelo Executive Board.”

A União Européia estabeleceu para seus membros um esquema de Negociações de Emissões conhecido como European Union Emissions Trading Scheme — EU UTS — a partir do estabelecimento de metas para seus membros, vinculados ao sistema de negociações conhecido, em inglês, como Cap and Trade System. No âmbito do Protocolo de Quioto, a União Européia, sem dúvida, é o maior expoente nesse mercado, registra o mesmo site da FGV, em 2004, um ano antes do Protocolo entrar em vigor. E assim, os países do Bloco I podem continuar poluindo, investindo nos Créditos de Carbono.

Apesar de tudo, não resta dúvida a importância do Protocolo de Quioto que regulamentou a Convenção de Mudanças Climáticas e demonstrou que há um processo de alterações climáticas e que, de fato, existe uma participação humana nele, ou seja, somos culpados. Além disso, estabelece regras para que os países cumpram. As discussões e os debates das propostas do Protocolo tiveram um papel importante na conscientização de que a maior ameaça à humanidade são as mudanças climáticas e que os padrões de produção e de consumo são os principais responsáveis pelo estado da Terra.

“A Terra grita. A Lógica que explora as classes e submete os povos aos interesses de uns poucos países ricos e poderosos é a mesma que depreda a Terra e espolia suas riquezas sem solidariedade com o restante da humanidade e para com as gerações futuras”, de Leonardo Boff, no livro Ecologia: Grito da Terra; Grito dos Pobres.

Cada ano, desde 1984, o Worldwatch Institute, dos EUA, publica um relatório sobre o “estado da Terra”. Este estado é cada vez mais assustador. A Terra está enferma e ameaçada.

ilustrando...
Mercado de emissão de gases bate US$ 30 bi

A dimensão do mercado mundial de licenças para a emissão de gases geradores do efeito estufa mais do que dobrou, passando a 22,5 bilhões de euros (US$ 30 bilhões) no ano passado, disse a Point Carbon, editora e empresa de pesquisa de Oslo, na Noruega. Os volumes negociados podem disparar 50% este ano. Fonte: DCI (09/03/2007)