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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Aos médicos cubanos: escárnio é o nome do jogo

17/02/2014 - O nome disso é escárnio - Saul Leblon - Carta Maior

Algo outrora inescapável do epíteto de um escárnio contra o povo brasileiro está em curso nos dias que correm.

O ruído que provoca - tanto das fileiras do governo, quanto nas de segmentos que se avocam à esquerda dele - é incompreensivelmente desproporcional a sua gravidade.

Que as sininhos não badalem e, igualmente, seus carrilhões silenciem, é ilustrativo do fosso existente entre o inflamável alarido anti-Copa bimbalhada nas ruas e a real preocupação com o futuro do país e a sorte da população.
   
A Associação Médica Brasileira [AMB], em sintonia com a embaixada dos EUA e aliada à coalizão demotucana, tendo respaldo e torcida da mídia, opera abertamente para destruir um programa de saúde pública emergencial voltado às regiões e contingentes mais vulneráveis do país.

Não há resguardo das intenções, nem pudor na propaganda da ação.

A entidade que se proclama representante da corporação médica brasileira acolhe e viabiliza deserções de profissionais cubanos fisgados  pelo redil conservador em diferentes regiões e municípios.

O Estado brasileiro  investirá este ano R$ 1,9 bi em recursos públicos nesse programa, para agregar 43 milhões de atendimentos/ano ao SUS a partir de abril, quando o Mais Médicos atingirá seu efetivo pleno, com mais de 13 mil profissionais em ação, sendo seis mil cubanos.

A embaixada dos EUA no Brasil - em sintonia com a Associação Médica e lideranças dos partidos conservadores - opera abertamente para que não seja assim.

O tripé orienta e encaminha pedidos de vistos especiais, a toque de caixa, para que o maior número de desistentes possa rumar a Miami, onde os espera a estrutura da ‘Solidariedade Sem Fronteiras’.

A ONG de fachada humanitária tem como principal negócio – financiado por recursos orçamentários que a bancada cubana assegura no Congresso - promover e operar deserções em convênios de saúde firmados entre Havana e 66 países nesse momento.


São mais de 43 mil médicos cubanos em ação na América Latina, Ásia e África. Devem atingir um recorde de 50 mil em dois meses, quando o convênio brasileiro estiver plenamente implantado.

Um aspecto da remuneração desses profissionais deliberadamente pouco divulgado é que nem todos os convênios internacionais de Havana são pagos.

Na verdade, dos 66 países assistidos nesse momento apenas 26 se enquadram no que se poderia chamar de prestação de serviços pagos.

Outros 40 países recebem contingentes médicos gratuitamente.

O mesmo ocorre com missões de educação ou esporte.

A ‘exportação’ de serviços rende a Havana, segundo a chancelaria cubana, cerca de US$ 6 bi/ano (três vezes mais que a segunda fonte de divisas do país, representada pelo turismo).

A exportação de serviços pagos - principalmente na área de saúde – financia as missões solidárias destinadas a países de extrema precariedade econômica e material ou focadas em situações de calamidade devastadora.

É assim desde 1960, quando Cuba enviou sua primeira missão de solidariedade ao Chile, vítima de um terremoto.

Eis a principal razão para a diferença entre o salário efetivamente recebido pelo profissional de uma missão e aquilo que o governo cubano arrecada pelo serviço prestado.

Uma parte do saldo financia as missões gratuitas que, repita-se, são a maioria.

Outra sustenta a Escola Latino-americana de Medicina, que possuía em 2013 cerca de 14 mil alunos estrangeiros, gratuitamente cursando ou com subsídio quase integral.

Com pouco mais de 11 milhões de habitantes, Cuba investe pesado em pesquisa na área de saúde e formação de médicos: são quase 83 mil (1/138 habitantes).

O investimento tem duplo objetivo: zelar pela população que tem a menor taxa de mortalidade infantil do mundo, e gerar receita numa economia asfixiada há 50 anos pelo embargo comercial norte-americano.

Também isso se financia através das missões remuneradas.

A ideia de que a doutora Ramona Rodriguez [foto] possa ter desembarcado no Brasil desinformada dessas particularidades acerca de seu salario, subestima a conhecida determinação de Havana, de ressaltar interna e externamente aquela que é a marca inegável de sua ação internacional: a solidariedade.

A mesma alegação de ignorância tampouco se pode conceder – neste aspecto -  ao colunismo isento, que cuida de festejar as deserções – por ora pontuais - como se fossem o preâmbulo de uma diáspora libertária, em marcha épica rumo a Miami.

A participação da embaixada norte-americana no jogo de aliciamento e hipocrisia é ainda mais grave.

Trata-se de uma tentativa de sabotagem de um programa soberano de saúde pública emergencial, cujo desmonte poderá agregar novas vítimas e mais sofrimento num universo de milhões de brasileiros desassistidos.

Se a intrusão é desconcertante, não se pode dizer que surpreenda.

Quando o governo Lula decidiu quebrar a patente de anti-virais, em 2007, a embaixada norte-americana operou para sabotar a medida.

Agiu em contato direto com as múltis do setor farmacêutico, o Departamento de Estado do governo Bush e ‘amigos’ locais - não se sabe se os mesmos que hoje cerram fileiras com o duplo interesse de  implodir o ‘Mais Médicos’ e sangrar Havana.

Telegramas secretos da época, obtidos pela organização Knowledge Ecology International (KEI), revelam ameaças de represália enviadas então a Brasília:

“(...) uma licença compulsória pode fazer com que fabricantes de produtos farmacêuticos evitem introduzir novos remédios no mercado e seria mais difícil para o Brasil atrair os investimentos que tanto necessita", relatava um deles sobre o teor de reuniões com autoridades e políticos locais.

Lula oficializaria em maio de 2007 o licenciamento compulsório do anti-retroviral  Efavirenz, usado por 75 mil pacientes de Aids atendidos pelo SUS. Um genérico importado da Índia passou a ser usado ao preço de  US$ 0,45, contra US$ 1,59 cobrado pela multinacional norte-americana.  

Uma economia de US$ 30 milhões até 2012.

Volte-se um pouco mais no tempo, até as vésperas do golpe de 64, e lá estarão, de novo, os mesmos protagonistas, com idênticos propósitos.

O embaixador dos EUA, Lincoln Gordon, fileiras udenistas e lacerdistas, múltis do setor farmacêutico e sabujos da mídia, a ganir a pauta da estação.

Eram tempos de inflação galopante e dinheiro curto: a saúde corria risco.

O então ministro da Saúde, Souto Maior, lutava para obter uma redução de 50% sobre os preços de 70 medicamentos mais usados pela população.

Laboratórios das multinacionais abriram guerra contra o tabelamento.

Às favas a saúde: primeiro, os interesses das corporações.

Lembra algo do comportamento atual da embaixada que se orienta pelos mesmos valores e da Associação Médica Brasileira [AMB] que tanto quanto os abraça?

No famoso comício da Central do Brasil, sexta-feira, 13 de março de 1964, João Goulart decretou a expropriação de terras para fins de reforma agrária, encampou refinarias e anunciou estudos para fabricação estatal de medicamentos no país.

O conjunto era fiel aos preceitos do ‘sanitarismo-desenvolvimentista,’ abraçado então pelas fileiras progressistas da medicina brasileira.

Médicos como Samuel Pessoa, Mário Magalhães, Gentile de Melo e Josué de Castro – autor do clássico ‘Geografia da Fome‘ e primeiro secretário-geral da FAO, que faleceu no exílio, cassado pela ditadura e impedido de retornar ao Brasil mesmo para morrer – eram alguns de seus expoentes.

Profissionais que hoje seriam olhados com suspeita, enxergavam a luta pela saúde como indissociável da luta pela desenvolvimento econômico e humano do país.

Em setembro de 1963, Jango, com apoio deles, restringiu a remessa de lucros da indústria farmacêutica. Mister Lincoln Gordon foi à luta: a USAID retaliou no lombo da pobreza cortando a ajuda no combate à malária – que se destacava como uma das principais doenças tropicais na época.

A ofensiva apenas fortalecia as convicções dos sanitaristas-desenvolvimentistas.

Embora heterogêneos nas filiações ideológicas, seus  representantes entendiam que doença e pobreza caminhavam juntas.

Como tal deveriam ser enfrentadas em ações soberanas, abrangentes e desassombradas, que rompessem a fragmentária estrutura de uma sociedade retalhada por interesses que não eram os de seu povo. 

Compare-se isso com o sultanato de jaleco branco.

Esse que  hoje trata a saúde como um entreposto de camelos; alia-se ao conservadorismo mais retrógrado e tem na embaixada dos EUA um corredor de fuga em prontidão obsequiosa.

Bajulado pela mídia, o conjunto quer implodir o ‘Mais Médicos’.
  
O nome disso é escárnio.

E Brasília deveria dizê-lo claramente ao embaixador gringo, ao chamá-lo a prestar esclarecimentos sobre ingerência e sabotagem em assuntos internos.

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/O-nome-disso-e-escarnio/30275

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Mariel para Cuba, Brasil e o socialismo

29/01/2014 - Brasil, Cuba e o socialismo
- Por Beto Almeida (*), de Havana - Blogue do Miro

Tem sido extremamente educativo registrar, aqui em Havana, a reação do povo cubano diante da inauguração do Porto de Mariel.

Expressando um elevado nível cultural, uma mirada política aprofundada sobre os fenômenos destes tempos, especialmente sobre a reunião de Cúpula da Celac que se realiza por estes dias aqui na Ilha, tendo como meta central, a redução da pobreza, os cubanos revelam, nestas análises feitas com desembaraço e naturalidade, todo o esforço de 55 anos da Revolução Cubana feita na educação e na cultura deste povo.

Mariel, uma bofetada no bloqueio
Poderia citar muitas frases que colhi ao acaso, conversando com os mais diversos segmentos sociais, faixas etárias distintas, etc, mas, uma delas, merece ser difundida amplamente.

O marinheiro aposentado Jorge Luis, que já esteve nos portos de Santos e Rio de Janeiro, que vibra com o samba carioca, foi agudo na sua avaliação sobre o significado da parceria do Brasil com Cuba para construir o Complexo Portuário de Mariel [abaixo].

“Com Mariel, Brasil rompe concretamente o bloqueio imperialista contra Cuba”, disse.

E adverte: “Jamais os imperialistas vão perdoar Lula e Dilma”.

Ele não disse, mas, no contexto do diálogo com este marinheiro negro, atento ao noticiário de televisão, leitor diário de jornal, informado sobre o que ocorre no Brasil e no mundo, estava subentendido, por sua expressão facial, que ficava muito claro porque Dilma é alvo de espionagem dos EUA.

O tom da cobertura do oposicionismo impresso brasileiro, pré-pago, à inauguração do Porto de Mariel, não surpreende pela escassa informação que apresenta, muito menos pela abundante insinuação de que tratar-se-ia apenas de um gasto sem sentido, indefensável, indevido.

Ademais, sobram os rançosos preconceitos de sempre, afirmando que o Brasil estaria financiando a “ditadura comunista”, tal como este oposicionismo chegou a mencionar que seria esta a única razão para empreender um programa como o Mais Médicos, que salva vidas e que tem ampla aprovação da sociedade brasileira.

É necessário um jornalismo de integração
Informações objetivas sobre o significado e a transcendência do Complexo Portuário de Mariel certamente faltarão ao povo brasileiro.

Primeiramente, porque o oposicionismo midiático não permitirá sua difusão, numa evidente prática de censura.

E, por outro lado, nem o PT ou as forças que sustentam politicamente o governo Dilma e estas iniciativas robustas da política externa brasileira, com tangíveis repercussões sobre a economia brasileira, possuem uma mídia própria para esclarecer o significado de Mariel, ante um provável dilúvio de desinformações sobre a sociedade brasileira.

Primeiramente, deve-se informar que o financiamento feito pelo BNDES, algo em torno de um bilhão de reais na primeira fase, não se trata de uma doação a Cuba. É um empréstimo, que será pago. As relações bilaterais Brasil-Cuba registram crescimento contínuo nos últimos anos.

Além disso, está condicionado à contratação de bens e serviços na economia brasileira, além de envolver cerca de 400 empresas, sendo, portanto, um dos fatores a mais que explicam porque há contínua expansão no mercado de trabalho brasileiro, com uma taxa de desemprego das mais baixas de sua história.

Ao contrário do que ocorre, por exemplo, na Europa, onde aumenta o desemprego e há eliminação de direitos trabalhistas e sociais conquistados décadas atrás.

Dinamização das forças produtivas
Além disso, Mariel vai ser - por enquanto, Dilma inaugurou apenas a primeira fase - o maior porto do Caribe, com capacidade para atracar navios de calado superior a 18 metros, e também, podendo movimentar mais de 1 milhão de containers por ano.

Terá um impacto especial para o comércio marítimo também direcionado ao Pacífico, via Canal de Panamá. Para isto, vale lembrar da importância da participação da China, crescente, na economia latino-americana, em especial com o Brasil.

Tanto o gigante asiático como empresas brasileiras, já manifestaram interesse em instalarem-se na Zona Econômica Especial a ser implantada em Mariel, onde também já foi construída uma rodovia moderna, estando em construção, uma ferrovia.

De alguma maneira, Havana retoma uma posição de destaque no comércio marítimo internacional, pois já foi o maior porto da América Latina, ponto de conexão de várias rotas, tendo sido, por isso mesmo, uma cidade com mais de 70 por cento de habitantes portugueses, quando Portugal era um grande protagonista na marinha mercante internacional.

Havana já teve, também, uma das maiores indústrias navais do mundo.

Cuba sempre impulsionou a integração
O tirocínio do marinheiro negro Jorge Luis é perfeito.

Depois de suportar décadas de um bloqueio que impediu os cubanos a compra de uma simples aspirina no maior e mais próximo mercado do mundo, os EUA, a Revolução Cubana, tendo resistido a ventos e tempestades, sobretudo às agressões imperialistas, soube preparar-se para esta nova etapa da história, simbolizada pela existência de uma Celac que vai se consolidando, pouco a pouco.

Não sem enfrentar ações desestabilizadoras, lançadas contra os países mais empenhados na integração regional latino-americana, como Venezuela, Bolívia, Equador, e, também, pelas evidentes ações hostis contra Brasil e Argentina.

Cuba investiu parte de seus modestos recursos na solidariedade internacional.

Seja no envio de 400 mil homens e mulheres para derrotar o exército racista da África do Sul que havia invadido Angola, como também para promover, em vários quadrantes, com o envio de professores, métodos pedagógicos, médicos e vacinas, a eliminação do analfabetismo e o salvamento generalizado de vidas.

É o caso, por exemplo, do programa Mais Médicos [acima], não por acaso tão injustamente desprezado pela oligarquia midiática, que vocaliza os laboratórios farmacêuticos multinacionais.

Como defender que salvar vidas merece desprezo?

É certo que todas as economias caribenhas e latino-americanas serão dinamizadas com a entrada em funcionamento do Porto de Mariel, gerando mais empregos, possibilitando novas opções comerciais.

É emblemático que China esteja firmando um acordo estratégico de cooperação com a Celac.

Para uma economia cercada de restrições, sem capacidade de investimentos, sem engenharia nacional para fazer esta obra por conta própria, o Porto de Mariel, é um imenso descortinar de possibilidades para Cuba.

Os gigantescos navios chineses, de uma China que consolida sua posição como a segunda potência comercial mundial, não podiam mais aportar no velho Porto de Havana, o que resultava numa limitação operacional e logística, com impactos econômicos negativos de grande monta.

O Porto de Havana será readaptado para o turismo e a economia cubana, no seu conjunto, recebe, com Mariel um enorme impulso para a dinamização de suas forças produtivas.


A atendente do hotel onde estou instalado me confessava hoje o interesse de ir trabalhar em Mariel, porque, segundo disse, o futuro está por ali e são empregos mais promissores.

Mariel e seus impactos internacionais
Realmente, para um economia que perdeu a parceria que tinha com a União Soviética, que resistiu durante o período especial com as adaptações inevitáveis para salvar o essencial das conquistas da Revolução, o que Mariel significará é de extraordinária relevância.

E é exatamente na dinamização das forças produtivas da Revolução Cubana que se localizam as chaves para muitas portas que podem ser abertas para uma maior dedicação de meios, recursos e iniciativas visando a integração latino-americana.

E, neste quebra-cabeças, a política estratégica implantada por Lula, continuada por Dilma, é, inequivocamente, muito decisiva. 

Que outro país poderia fazer um financiamento deste porte para a construção de Mariel?

Por último, pode ser muito útil uma reflexão sobre os diversos pensadores, formuladores e também executores de políticas de integração.

Desde Marti, aquele analisou a importância da “nossa Grécia”, numa referência ao significado da civilização Inca, mas que também formulou o conceito de Nuestra América, até chegando ao pensamento de Getúlio Vargas, criador do BNDES, o banco estatal de fomento que está financiando a construção do Porto de Mariel [foto], uma estupenda ferramenta integradora.

Tudo converge para a abertura de uma nova avenida para dar trânsito à integração.

Seja pela sabedoria dos povos da região que estão sabendo apoiar, com o seu voto, os governos que mais impulsionam estas políticas, seja pelos avanços concretos que estas políticas integradoras têm registrados, apesar da insistência nada profissional do jornalismo de desintegração em reduzir tudo a zero.

Futuro socialista
A força e a necessidade histórica das ideias se vêm comprovadas nesta inauguração da primeira etapa do Porto de Mariel, em plena reunião da Celac, sem a presença de Estados Unidos e Canadá, patrocinadores históricos da desintegração entre os povos.

A simbologia da justeza histórica do pensamento martiniano, nos permite, agora, afirmar, também, que José Marti é um dos autores intelectuais de Mariel.

E, retomando o otimismo realista do marinheiro Jorge Luis, constatamos que a dinamização das forças produtivas da Revolução Cubana que a parceria entre Cuba e Brasil possibilita, foi estampada na frase final do discurso do presidente cubano, General Raul Castro:

“Mariel e a poderosa infraestrutura que o acompanha são uma mostra concreta do otimismo e da confiança com que os cubanos olham o futuro socialista e próspero da Pátria”.

O marinheiro negro captou o significado essencial destes dias.

Não por acaso, a Marcha das Tochas, que celebra com chamas que não se apagam, as ideias de Marti, em seu aniversário, ontem - com mais de 500 mil manifestantes, maioria esmagadora de jovens - teve, na primeira fila, além de Raul, os presidentes Evo Morales, Nicolás Maduro, Pepe Mujica, Daniel Ortega.

As ideias de Marti, materializadas nestes avanços produtivos e integradores, como Mariel, vão iluminando o futuro socialista de Cuba e, com isto, da integração latino-americana.

(*) Beto Almeida é membro do Diretório da Telesur

Fonte:
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/01/brasil-cuba-e-o-socialismo.html

Leituras afins:
- O Brasil de Davos e de Mariel - Mauro Santayana
- Yoani e a diplomacia da desintegração - Beto Almeida
- Cínica e inteligente - Antonio Fernando Araujo
- O bate-papo que desmascarou Yoani Sanchez - Salim Lamrani

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

O Brasil de Davos e de Mariel

31/01/2014 - Mauro Santayanna - Brasil 247


A presidente Dilma foi a Davos, na Suiça, para reunir-se, entre outras personalidades, com o presidente do país, Didier Burkhalter [foto], o do grupo SAAB - sócio brasileiro no projeto dos caças Gripen NG - Hakan Buskhe, o da FIFA, Joseph Blatter [abaixo] e CEOs de grandes multinacionais, como a UNILEVER e a NOVARTIS.  

E de lá, para Havana, Cuba, para se encontrar com líderes do continente, na reunião da CELAC - Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe, e participar, junto ao Presidente Raul Castro, de uma cerimônia emblemática:

A inauguração da primeira etapa do terminal de containers e da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel, junto ao porto do mesmo nome.

Financiado com dinheiro brasileiro e construído por empresas nacionais de engenharia - que geraram, com o projeto, 198.000 empregos no Brasil - em associação com firmas locais, no valor aproximado de um bilhão de dólares.

O objetivo do Brasil, no Fórum Econômico de Davos, foi esclarecer aos investidores que, com relação à economia, por aqui o diabo não está tão feito quanto aparenta ou querem fazer que pareça.

Nas conversas com investidores, os representantes brasileiros devem ter apresentado dados como a queda da inadimplência, o aumento da arrecadação, e a manutenção, no ano que passou, do Investimento Estrangeiro Direto em um patamar acima de 60 bilhões de dólares por ano, quase o mesmo,  portanto, que o de 2012.

Já, em Cuba, o papel do Brasil foi o de dar novo exemplo de seu “soft power” regional, exercido também por meio de grandes projetos de infra-estrutura, voltados para melhorar as condições de vida de nossos vizinhos e parceiros, e integrar, pelo desenvolvimento, a América Latina.

O que paraguaios, bolivianos, peruanos, equatorianos, e mexicanos viram, paralelamente à reunião da CELAC, quando tomaram conhecimento da dimensão do projeto de Mariel - onde devem se instalar empresas brasileiras a partir do ano que vem, para montar produtos destinados às Américas e ao Pacífico, aproveitando a vizinhança do Canal do Panamá - não é muito diferente do que o Brasil já faz em seus respectivos países. 

Basta lembrar o recém inaugurado
- linhão elétrico de 500 kV entre Itaipu e Assunção, que permitirá, finalmente, a industrialização do Paraguai;
- o gasoduto Bolívia-Brasil, que gera, com a exportação de gás, boa parte do PIB boliviano;
- os corredores ferroviários e rodoviários bioceânicos, em fase de implantação, que nos levarão ao Peru, Bolívia e Chile, e por meio deles, ao oceano Pacífico;
- as obras do metrô de Quito, no Equador, que também tem participação brasileira;
- ou o maior projeto petroquímico em construção no México, que está sendo tocado, em associação com empresas locais, pela Braskem.

Para muita gente, o Brasil de Mariel, que tem consciência de sua dimensão geopolítica na América Latina, é incompatível com o Brasil de Davos, que, muita gente também acredita, deveria se sujeitar aos Estados Unidos e à Europa, em troca de capitais, acordos e investimentos. 

Essa visão limitada, tacanha, defendida tanto por alguns setores da oposição, quanto por gente do próprio governo e da base aliada - já foi ultrapassada pelos fatos e deveria ser abandonada em benefício de um projeto de nação à altura de nosso destino e possibilidades.

Quanto mais poder tem um país, mais razões ele tem para ser pragmático, múltiplo, universal, no trato com as outras nações.

Não podemos fechar as portas para ninguém, nem deixar de ter contato ou de fazer negócios com quem quer que seja, desde que essa relação se faça em igualdade de condições. 

O que não deve impedir, nem limitar, nosso direito de eleger, estrategicamente, prioridades e alianças, específicas, no âmbito internacional, que nos permitam alcançar mais rapidamente nossas metas de fortalecimento do Brasil e de melhora das condições de vida da população brasileira.

Fonte:
http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/128726/O-Brasil-de-Davos-e-de-Mariel.htm

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Madiba está morto, voltemos a falar do oposto do Natal, o apartheid

19/12/2013 - Mandela morreu. Por que ocultar a verdade sobre o apartheid
- Fidel Castro Ruz, de Havana (**) - Correio do Brasil

A luta contra o apartheid foi longa, difícil e dolorosa e Cuba e os comunistas foram importantes aliados durante a Guerra Fria.

Talvez o império tenha acreditado que o nosso povo não honraria sua palavra quando, nos dias incertos do século passado, afirmamos que mesmo que a União Soviética desaparecesse, Cuba seguiria lutando.

A Segunda Guerra Mundial eclodiu quando, no dia 1 de setembro de 1939, o nazi-fascismo invadiu a Polônia e caiu como um raio sobre o povo heroico da União Soviética, que deu 27 milhões de vidas para preservar a humanidade daquela brutal matança que pôs fim à vida de mais de 50 milhões de pessoas.

A guerra é, por outro lado, a única atividade no curso da história que o gênero humano nunca foi capaz de evitar; o que levou Einstein a responder que não sabia como seria a Terceira Guerra Mundial, mas a Quarta seria a paus e pedras.

Somados os meios disponíveis, as duas potências mais poderosas, Estados Unidos e Rússia, dispõem de mais de 20 mil – vinte mil – ogivas nucleares.

A humanidade deveria saber bem que, três dias depois de ascensão de John F. Kennedy à presidência de seu país, no dia 20 de janeiro de 1961, um bombardeiro B-52 dos Estados Unidos, em um voo de rotina, que transportava duas bombas atômicas com uma capacidade destrutiva 260 vezes maior que a utilizada em Hiroshima, sofreu um acidente que precipitou o aparato em direção ao chão.

Em tais casos, equipamentos automáticos sofisticados aplicam medidas que impedem a explosão das bombas.

A primeira atingiu o chão sem risco algum; três dos quatro mecanismos da segunda falharam, e o quarto, em estado crítico, funcionou por pouco; a bomba não explodiu por acaso.

Nenhum acontecimento presente ou passado do qual eu me lembre ou tenha ouvido falar impactou tanto a opinião pública mundial como a morte de Mandela; e não por suas riquezas, mas pela qualidade humana e a nobreza de seus sentimentos e ideias.

Ao longo da história, até apenas um século e meio atrás, e antes que as máquinas e robôs, a um custo mínimo de energia, se ocupassem de nossas tarefas, não existiriam nenhum dos fenômenos que hoje comovem a humanidade e regem inexoravelmente cada uma das pessoas: homens ou mulheres, crianças ou idosos, jovens e adultos, agricultores e trabalhadores fabris, manuais ou intelectuais.

A tendência dominante é a de se instalar nas cidades, onde a criação de empregos, transporte e as condições elementares de vida demandam enormes investimentos em detrimento da produção de alimentos e outras formas de vida mais razoáveis.

Três potências fizeram artefatos aterrissarem na Lua do nosso planeta.

No mesmo dia em que Nelson Mandela, envolto na bandeira de sua pátria, foi enterrado no pátio da humilde casa onde nasceu 95 anos atrás, um módulo sofisticado da República Popular da China descia em um espaço iluminado da nossa Lua.

A coincidência de ambos os acontecimentos foi absolutamente casual.

Milhões de cientistas investigam materiais e radiações na Terra e no espaço; por meio deles sabe-se que Titã, uma das luas de Saturno, acumulou 40 — quarenta — vezes mais petróleo que o existente no nosso planeta quando começou a exploração do mesmo há apenas 125 anos, e, no ritmo atual de consumo, durará apenas mais um século.

Os fraternais sentimentos de irmandade profunda entre o povo cubano e a pátria de Nelson Mandela nasceram de um fato que nem sequer foi mencionado, e do qual não tínhamos dito uma palavra ao longo de muitos anos.

Mandela porque era um apóstolo da paz e não desejava ferir ninguém; Cuba porque jamais realizou ação alguma em busca de glória ou prestígio.

Quando a Revolução triunfou em Cuba fomos solidários com as colônias portuguesas na África, desde os primeiros anos.

Os Movimentos de Libertação desse continente punham em xeque o colonialismo e o imperialismo, depois da Segunda Guerra Mundial e da libertação da República Popular da China — o país mais povoado do mundo —, depois do triunfo glorioso da Revolução Socialista Russa.

As revoluções sociais sacudiam as fundações da velha ordem. Os povoadores do planeta, em 1960, chegavam a 3 bilhões de habitantes.

Paralelamente, cresceu o poder das grandes empresas transnacionais, quase todas nas mãos dos Estados Unidos, cuja moeda, apoiada no monopólio do ouro, e a indústria intacta pela distância das frentes de batalha, se fez dona da economia mundial.

(O então presidente dos Estados Unidos), Richard Nixon, revogou unilateralmente o respaldo da sua moeda no ouro, e as empresas de seu país se apoderaram dos principais recursos e matérias-primas do planeta, que adquiriram com papéis.

Até aqui nada que não se conheça.

Mas, por que tentam esconder que o regime do apartheid, que tanto fez a África sofrer e indignou a imensa maioria das nações no mundo, era fruto da Europa colonial e foi transformado em potência nuclear pelos Estados Unidos e por Israel, regime que Cuba, um país que apoiava as colônias portuguesas na África que lutavam por sua independência condenou abertamente?

Nosso povo, que tinha sido cedido pela Espanha para os Estados Unidos depois da heroica luta de mais de 30 anos, nunca se resignou ao regime escravocrata que lhe foi imposto durante quase 500 anos.

Da Namíbia, ocupada pela África do Sul, partiram em 1975 as tropas racistas, apoiadas por tanques rápidos com canhões de 90 milímetros, que penetraram mais de mil quilômetros até as proximidades de Luanda, onde um Batalhão de Tropas Especiais cubanas — enviadas pelo ar — e várias tripulações também cubanas em tanques soviéticos que estavam lá sem efetivos, puderam contê-las.

Isso aconteceu em novembro de 1975, 13 anos antes da Batalha de Cuito Cuanavale.

Já disse que não fazíamos nada em busca de prestígio ou qualquer benefício.

Mas é um fato muito real que Mandela foi um homem íntegro, profundo e radicalmente socialista, que, com grande estoicismo, suportou 27 anos de prisão solitária.

Eu sempre admirei sua honra, sua modéstia e seu enorme mérito.

Cuba cumpria com seus deveres internacionais rigorosamente. Defendia pontos-chave e treinava a cada ano milhares de combatentes angolanos no manejo das armas.

A União Soviética fornecia as armas.

No entanto, naquela época, não compartilhávamos da ideia do assessor principal da parte dos fornecedores de equipamento militar.

Milhares de angolanos jovens e saudáveis ingressavam constantemente nas unidades de seu incipiente exército.

O assessor principal não era, contudo, um (Georgui) Jukov (comandante-em-chefe das Forças Armadas Soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial), um (Konstantin) Rokossovsky (comandante da União Soviética e posterior ministro de Defesa da Polônia), um (Rodion) Malinosvky (sargento durante a Segunda Guerra Mundial e posterior ministro da Defesa da União Soviética) ou outros muitos que encheram de glória a estratégia militar soviética.

Sua ideia obsessiva era enviar brigadas angolanas com as melhores armas ao território onde supostamente residia o governo tribal de (Jonas) Savimbi, um mercenário a serviço dos Estados Unidos e da África do Sul, que era o mesmo que enviar as forças que combatiam em Stalingrado à fronteira da Espanha falangista que tinha enviado mais de 100 mil soldados para lutarem contra a União Soviética.

Naquele ano estava sendo produzida uma operação desse tipo.

O inimigo avançava sobre as forças de várias brigadas angolanas, atingidas nas proximidades do local para onde eram enviadas, a 1,5 mil quilômetros, aproximadamente, de Luanda.

Dali, vinham perseguidas pelas forças da África do Sul em direção a Cuito Cuanavale, antiga base militar da OTAN, a cerca de 100 quilômetros da primeira Brigada de Tanques cubana.

Nesse instante crítico, o presidente de Angola [Agostinho Neto, foto acima] solicitou o apoio das tropas cubanas.

O chefe das nossas forças no sul, general Leopoldo Cintra Frías [foto], nos comunicou o pedido, algo que era habitual.

Nossa resposta firme foi que prestaríamos esse apoio se todas as forças e equipes angolanos dessa frente se subordinassem às ordens cubanas no sul de Angola.

Todo mundo compreendia que nosso pedido era um requisito para transformar a antiga base no campo ideal para atingir as forças racistas da África do Sul.

Em menos de 24 horas, chegou de Angola a resposta positiva.

Decidiu-se pelo envio imediato de uma Brigada de Tanques cubana até esse ponto.

Várias outras estavam na mesma linha em sentido oeste.

O obstáculo principal foi a lama e a umidade da terra em época de chuva, que deveria ser checada metro a metro para evitar minas terrestres.

Foi igualmente enviado a Cuito o efetivo para operar os tanques sem tripulação e os canhões que necessitavam dele.

A base estava separada do território que se situa ao leste pelo caudaloso e rápido rio Cuito, sobre o qual havia uma única ponte.

O exército racista a atacava desesperadamente; um avião teleguiado repleto de explosivos conseguiu acertá-la e inutilizá-la.

Os tanques angolanos em retirada, que podiam se mover, cruzaram por um ponto mais ao norte.

Os que não estavam em condições adequadas foram enterrados, com suas armas apontando para o leste; uma densa faixa de minas terrestres e antitanques transformaram a linha em uma armadilha mortal do outro lado do rio.

Quando as forças racistas reiniciaram a investida e se chocaram contra aquela muralha, todas as peças de artilharia e os tanques das brigadas revolucionárias disparavam de seus pontos de localização na região de Cuito.

Um papel especial foi reservado para os caças Mig-23 [foto] que, a cerca de mil quilômetros por hora e a 100 — cem — metros de altura, eram capazes de distinguir se os artilheiros eram negros ou brancos, e disparavam incessantemente contra eles.

Quando o inimigo desgastado e imobilizado iniciou a retirada, as forças revolucionárias se prepararam para os combates finais.

Numerosas brigadas angolanas e cubanas se moveram rapidamente numa distância adequada até o oeste, onde estavam as únicas vias amplas por onde sempre os sul-africanos começavam suas ações contra Angola.

O aeroporto, entretanto, estava aproximadamente a 300 — trezentos —
quilômetros da fronteira com a Namíbia, ocupada tolamente pelo exército do apartheid.

Enquanto as tropas se reorganizavam e se reequipavam, decidiu-se com toda urgência construir uma pista de aterrissagem para os Mig-23.

Nossos pilotos estava usando os equipamentos aéreos entregues pela União Soviética para Angola, cujos pilotos não tinham tido o tempo necessário para sua adequada instrução.

Vários equipamentos aéreos estavam de fora devido a baixas que, às vezes, eram causadas por nossos próprios artilheiros ou operadores de meios antiaéreos.

Os sul-africanos ocupavam ainda uma parte da rodovia principal que leva da borda do planalto de Angola até a Namíbia.

Nas pontes sobre o caudaloso rio Cunene, entre o sul de Angola e o norte da Namíbia, começaram nesse momento com o joguinho de disparos de canhões de 14 milímetros que davam a seus projéteis um alcance de cerca de 40 quilômetros.

O problema principal estava no fato de que os racistas sul-africanos possuíam, segundo nossos cálculos, de 10 a 12 armas nucleares. Tinham realizado testes inclusive nos mares e nas áreas congeladas do sul.

O presidente Ronald Reagan tinha dado sua autorização, e entre os equipamentos entregues por Israel estava o dispositivo necessário pra fazer explodir a carga nuclear.

Nossa resposta foi organizar o efetivo em grupos de combate de não mais de 1000 — mil — homens, que tinham de marchar à noite por uma grande extensão de terreno e dotados de carros de combate antiaéreos.

As armas nucleares da África do Sul, de acordo com relatos fidedignos, não podiam ser carregadas por aviões Mirage, requeriam bombardeiros pesados tipo Canberra.

Mas, em todo caso, a defesa antiaérea de nossas forças dispunha de numerosos tipos de foguetes que podiam atingir e destruir alvos aéreos a até centenas de quilômetros de nossas tropas.

Adicionalmente, uma represa de 80 milhões de metros cúbicos de água, situada no território angolano, tinha sido ocupada e minada por combatentes cubanos e angolanos.

A explosão daquela represa teria sido equivalente a várias armas nucleares.

Não obstante, uma hidrelétrica que usava as fortes correntes do rio Cunene, antes de chegar à fronteira com a Namíbia, estava sendo utilizada por um destacamento do exército sul-africano.

Quando, em seu novo teatro de operações, os racistas começaram a disparar os canhões de 140 milímetros, os Mig-23 atacaram com força aquele destacamento de soldados brancos, e os sobreviventes abandonaram o lugar deixando inclusive algumas posições críticas à revelia do próprio comando.

Tal era a situação quando as forças cubanas e angolanas avançavam em direção às linhas inimigas.

Soube que Katiuska Blanco [foto], autora de vários relatos históricos, junto a outros jornalistas e fotojornalistas, estava ali.

A situação era tensa, mas ninguém perdeu a calma.

Foi então que chegaram notícias de que o inimigo estava disposto a negociar.

Tinha-se conseguido pôr fim à aventura imperialista e racista; em um continente que em 30 anos terá a população superior à da China e da Índia juntas.

O papel da delegação de Cuba, com o falecimento de nosso irmão e amigo Nelson Mandela, será inesquecível.

Felicito o companheiro Raúl (Castro, presidente de Cuba) por seu brilhante desempenho e, em especial, pela firmeza e dignidade quando, com gesto amável, mas firme, cumprimentou o chefe de governo dos Estados Unidos e lhe disse, em inglês: “Senhor presidente, eu sou Castro” [foto acima].

Quando a minha própria saúde colocou um limite para a minha capacidade física, não vacilei um minuto em expressar minha opinião sobre quem eu acredito que poderia assumir a responsabilidade.

Uma vida é um minuto na história dos povos, e penso que quem assume hoje tal responsabilidade requer a experiência e autoridade necessárias para optar entre um número crescente, quase infinito, de variantes.

O imperialismo sempre reservará várias cartas para subjugar nossa ilha ainda que tenha que despovoá-la, privando-a de homens e de mulheres jovens, oferecendo-lhe migalhas dos bens e recursos naturais que saqueia do mundo.

Que falem agora os porta-vozes do império sobre como e porque surgiu o apartheid.

(*) Fidel Castro Ruz é advogado, líder revolucionário, ex-presidente de Cuba e militante do Partido Comunista Cubano.

(**) Publicado, originariamente, no site cubano de notícias Cuba Debate.

Fonte:
http://correiodobrasil.com.br/noticias/opiniao/mandela-morreu-por-que-ocultar-a-verdade-sobre-o-apartheid/671844/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20131220

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.