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sábado, 4 de janeiro de 2014

O paradoxo do progresso

12/12/13 - João Carlos Caribé
- em seu blog Entropia

Desde que me entendo por gente vejo a tecnologia mudar o mundo à minha volta, os homens foram a lua, satélites e mais satélites, robôs nas fábricas, computadores, inteligência artificial, e muita ficção científica.

Desde então a sociedade assistiu seu espaço ser invadido pela tecnologia. Tudo em nome do progresso que não poderia parar.

Tivemos de assistir nossos postos de trabalho serem aniquilados, profissões dizimadas, e a tecnologia pouco a pouco ganhar o centro das atenções.

Sindicatos, associações e outros representantes de coletivos foram a luta, mas sem sucesso, afinal o progresso não pode parar.

O progresso é aliado do capital, o trabalho é despesa, o objetivo é o lucro.

     Tínhamos de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
          Tínhamos de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
               Diziam: a fita cassete vai acabar com a indústria fonográfica!

Pela ótica do capital esta tudo correto, quem lembra da reengenharia, um conceito até interessante, mas que fora usado como artifício para provocar a maior onda de demissões de todos os tempos.

O capitalismo sempre foi focado no lucro, tanto que mão de obra até hoje é entendida como insumo, assim como os materiais, um orçamento sempre foi composto de insumos e lucro.

Lucro este desejado, a palavra de ordem é competitividade, temos de ser competitivos, afinal o capitalismo é selvagem, e somente os mais competitivos sobrevivem.

Entenda que não é nada pessoal, dizia o patrão ao demitir funcionários de longa data, é a busca pela competitividade e sobrevivência da empresa que esta em jogo, empresas não podem ter coração…

     Tínhamos de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
          Tínhamos de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
               Diziam: O video cassete vai acabar com a indústria cinematográfica!

A Arte da Guerra do Pai rico, que virou a própria mesa antes do Safari de Estratégias do Príncipe, na busca de um monge que virou executivo.

Até hoje não sabemos quem roubou meu queijo, e nem quem foi o Fora de Série que chegou no Ponto da Virada em Caminhos e Escolhas na busca de um Freakonomics.

Mesmo que o Marketing seja Lateral ou vá além do Buzz, ou gerenciamos a experiência do consumidor ou tentamos entender a cabeça do Brasileiro.

O líder do Futuro faz uma Liderança Radical, diz que Sobreviver não é o bastante e não gosta de Sundae de Almôndegas.

Tanta coisa fora sistematizada para alavancar o progresso, para girar a roda da fortuna em prol da competitividade e do lucro.

     Tínhamos de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
          Tínhamos de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
               Diziam: O CD vai acabar com o LP!

Meados dos anos noventa, o fim do mundo estava próximo, o bug do milênio que assombrava todo mundo, na verdade era apenas mais um mercado construído em cima de dúvidas e incertezas.

Estávamos sendo usados mais uma vez.

As profecias diziam: o fim do mundo esta próximo! A Internet chegou, uma nova parafernália eletrônica que chega para divertir os nerds e conectar os acadêmicos, um espaço de poucos.

A Internet chegou!

Como falavam em globalização!

O mundo como uma maravilhosa aldeia global, onde todos consumiriam alegremente, anunciavam o inevitável fim da cultura local, e enalteciam as maravilhas do mundo globalizado.

Na prática estavam alinhavando novos mercados, o progresso não pode parar!

Aquele tênis bacana é produzido no terceiro mundo por mão de obra escrava com uma marca registrada nos “Staites” que valia mais do que custava o sapato, que não valia nada.

Era o tal do insumo que ficou pequeno perto do lucro, a ciência do preço agora contava com um fator de subjetividade ainda não entendido, mas pouco importa, felizes consumidores pagavam lucros exorbitantes para ostentar seu mimo.

As corporações cresciam, cresciam como nunca…

     Tínhamos de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
          Tínhamos de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
               Diziam: Pirataria é crime!

B2B, B2C, G2B, G2C, A2Z; A2Z,G2B,B2C,G2C,B2B, e-learing, e-enterprise, e-commerce, e-gov, e-tudo, e-Siglas e letras 3 letras povoaram o vocabulário corporativo.

A Economia Digital ensinava a Vender seu Peixe na Internet e tudo Fazia Sentido.

Webonomics levou ao Net Gain, mas We the Media ainda não haviam estabelecido as Novas Regras da Comunidade.

O capitalismo virou bits, o free shop ficou à dois cliques de distância, que beleza!

Globalização!

O mundo agora ficou pequeno, e todo mundo achando tudo muito lindo, não percebiam a intenção latente, a nova ordem era transformar empresas em mega corporações, maiores e mais poderosas que as nações…

     Tínhamos de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
          Tínhamos de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
               Diziam: Agora quem manda são as corporações, afinal oferecemos aquilo que o fizemos desejar.

Descobriram o usuário, a Internet ficou popular, ficou fácil para qualquer um produzir, criar e compartilhar, deixem eles brincar diziam as novas nações-corporações, afinal o Culto dos Amadores não pode nos ameaçar.

Mas as Novas Regras da Comunidade mostravam o Valor das Redes que através de seus Trust Agents corriam em busca de Socialnomics, mas na verdade estavam muito mais interessados no Group Genius.

Esta sociedade conectada, alinhadas por ideologias eram vistas como excelentes oportunidades de negócios, afinal nichos e mega nichos sempre seduziram qualquer corporação em busca de novos mercados.

Eles “brincavam”, faziam mashups, blogs, e se conectavam através de redes sociais.

Excelente dizia o establishment, nosso plano de dominação vai de vento em popa…

     Eles vão ter de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
          Eles vão ter de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
               Diziam: O mundo de pontas esta se alinhando com o Manifesto Cluetrain.

Inteligência coletiva, cognição interativa, pensamento globalizado, juntos os usuários ficavam mais inteligentes, mais inteligentes que a soma das suas inteligências.

Inteligência coletiva, crowdsourcing, dinheiro P2P, mobilização coletiva e o povo foi para as ruas sem um líder específico, sem uma pauta específica, a indignação mostrou sua cara.

Era a crise da representatividade que estava em jogo, era o modelo atual do mundo que estava em jogo, como diz Rushkoff, eles querem trocar o sistema operacional do establishment e dar um reboot geral.

     Eles vão ter de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
          Eles vão ter de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
               Diziam: O povo unido jamais será vencido!

Precisamos parar este trem diz o establishment preocupado, vamos estudar esta tal de Internet que agora quer nos pegar, vamos mudar a regra do jogo, vamos controlar as informações, basta dizer que pobres velhinhos são roubados na Internet, ou falar de pedofilia, ou ainda de gente pelada na rede, o velho discurso da pirataria não colava mais, mas TPP vem ai para nos vingar.

Enquanto isto vamos dominar a infra-estrutura dizendo que Internet é telecomunicações, dizendo que Internet é um espaço de negócios e que deve seguir as regras do mercado, assim calamos nossos inimigos, e voltamos a lucrar como nunca.

     Eles vão ter de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
          Eles vão ter de aceitar, afinal o progresso não pode parar…
               Diziam: Quem manda no seu país somos nós seus otários!!!

Fonte:
http://entropia.blog.br/2013/12/12/o-paradoxo-do-progresso/

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.